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Garantia esta de sujeição ao tribunal popular, nos crimes dolosos contra a vida, para o
atendimento do devido processo legal, bem como direito, conferido de forma ampla, de a
sociedade participar das atividades do judiciário, na condição de jurados/juízes leigos/juízes
de fato.
A CF/88 não apenas prevê tal garantia, mas também positivou os princípios a qual
deve tal garantia estarem atrelados, dispostos no art. 5º, XXXVIII, verbis:
a) A plenitude de defesa;
b) O sigilo das votações
c) A soberania dos veredictos
d) A competência para julgamento dos crimes dolosos
contra a vida”.
Tal princípio revela-se com natureza dúplice, posto que a defesa apresenta-se
segmentada de duas formas, a defesa técnica e autodefesa. A defesa técnica, obrigatória, é
aquela apresentada por advogado, na qual apresentam-se as descrições fáticas e exposição
1NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução Penal. 3. Ed. São Paulo: RT 2007. P.667
jurídica em prol do acusado. A autodefesa, faculdade do acusado, é a possibilidade deste
trazer a sua versão dos fatos e/ou utilizar-se do direito de silêncio, posto que, no júri, há a
possibilidade de argumentação de natureza sentimental, social, ou mesmo acerca da política
criminal, objetivando o convencimento dos jurados.
O júri popular é composto por 25 jurados ( art. 433 do CPP com nova redação
determinada pela lei nº. 11.689/2008), dos quais apenas 07 compõem o conselho de sentença.
Aos jurados cabe a decisão de fato, e, tendo esta sido proferida, cabe ao
magistrado a aplicação do direito de acordo com a decisão fática produzida. Sobre o juiz de
direito não cabe a soberania dos veredictos, posto que o tribunal pode reformar sua sentença,
majorando ou minorando a pena aplicada.
O rito do júri é bifásico, ou seja, basicamente é composto por duas fases processuais, a
fase do juízo de admissibilidade/sumário da culpa/juízo de acusação (judicium accusationis)
composto pelas seguintes etapas:
- Oferecimento da denuncia/queixa
- Recebimento da denúncia/queixa
- Citação
- Resposta escrita
- Audiência de instrução
Por conseguinte, o rito supracitado é seguido pela fase do juízo da causa (judicium
causae), composto pelas seguintes etapas:
- Sessão plenária.
Tal fase é iniciada pela apresentação de denúncia ou queixa, podendo esta ser
recebida ou rejeitada. Destaque-se que a acusação poderá arrolar até 08 testemunhas.
Citado, o acusado deverá apresentar resposta escrita. Poderá arguir tudo aquilo
que interessar em sua defesa, sejam preliminares, juntada de documentos, justificações,
especificação de provas, arrolamento de testemunhas e demais instrumentos probatórios que
se fizerem necessários.
- Pronunciar o réu
- Impronunciar o réu
- Desclassificar o crime
4.1.2. - Pronúncia
De forma objetiva, pronúncia é a decisão do magistrado que remete o caso à
apreciação do Tribunal do Júri. Trata-se de decisão interlocutória com a mesma estrutura de
uma sentença comum, devendo conter relatório, fundamentação e dispositivo.
Ainda sobre o tema, deve o magistrado atentar para que não haja na pronúncia
a imputação duplicada, ou seja, a menção, contra o mesmo réu, tanto da autoria quanto da
participação. Trata-se de erro grave que também pode gerar nulidade absoluta pois fere a
plenitude de defesa.
∆ Conferir decisão do STJ no HC 4.021-MG, 5.ª T., rel. Laurita Vaz, 11.04.2006, m.v..
isso não será mais possível, o que é a regra. Contudo, nos termos do art. 421, § 1.º do CPP, o
surgimento de circunstância que altere a classificação do crime é razão para modificar a
pronúncia.
4.1.3. - Impronúncia
A impronúncia, por sua vez, é a decisão oposta à pronúncia, ocorrendo quando o
magistrado julga inadmissível a acusação feita pelo
Ministério Público, quando entender que não há provas da existência de um delito e/ou indícios
suficientes de sua autoria, encerrando a primeira fase do procedimento dos crimes dolosos contra vida.
Encerra-se, assim, a persecução criminal.
Por fim, sobre a impronúncia, pertinente ainda esclarecer que nos casos em que
houver a conexão com outro fato delituoso de competência do juiz singular, sendo impronunciado o
réu, deverão ser remetidos os autos para a Vara competente em julgar os crimes diversos do Tribunal
do Júri, caso não seja a mesma Vara (jurisdição cumulativa), dependendo da comarca onde está
tramitando o processo-crime, em razão de cessar a competência do Tribunal popular que apreciaria o
outro delito por força da conexão conforme os artigos 76 e 78, I do Código de Processo Penal.
* O STF entende que: “Desclassificada pelo tribunal do júri, a tentativa de homicídio para lesões corporais, a
competência para julgamento, tanto desse crime remanescente quanto do conexo de cárcere privado, se desloca
para o juiz presidente...” (RTJ, 101/1997).
5 - LEI 11.689/08: NOVAS REGRAS NO TRIBUNAL DO JÚRI
Outras alterações foram significativas para o Direito Processual Penal, como o tempo
para a defesa e acusação, pois antes as partes tinham duas horas cada para sustentar suas teses, após, o
promotor tinha 30 minutos para fazer a réplica e a defesa o mesmo tempo para a tréplica, agora a
sustentação é feita em uma hora e meia cada, e réplica e tréplica em uma hora cada. Com a nova lei,
houve mudanças também nos quesitos de avaliação feitos pelos jurados nos julgamentos, agora foram
reservados a eles apenas as questões que efetivamente lhes dizem respeito, excluindo quesitos como
atenuantes e agravantes, que só dizem respeito ao juiz.
A audiência unificada foi outra novidade trazida pela Lei 11.689, em que o juiz ouve,
no mesmo dia, o réu e as testemunhas e depois decide se o acusado deve ou não ser levado a júri. A
partir das mudanças nas audiências realizadas antes da sessão do Tribunal do Júri, ouve-se primeiro as
testemunhas e depois o réu. Pela regra anterior, o juiz ouvia primeiro o réu e depois as testemunhas.
Agora, o magistrado terá oportunidade de ouvir todas as versões antes de confrontá-las com a do réu.
O alistamento para ser jurado, também foi inovado, houve a redução da idade mínima
para os jurados, que antes da nova lei era de 21 anos e passou a ser de 18 anos, o que deve aumentar o
número de interessados, principalmente universitários, pois passou a se tratar de direito de preferência,
para pessoas em igualdade de condições, em concursos e em licitações públicas, como redigido no
artigo 440. O número de jurados que compõem o Tribunal do Júri também foi alterado, passou de 21
para 25.
1. Capez, Fernando. Curso de processo penal. 17. ed. São Paulo: , 2010.
2. Nucci, Guilherme de Souza. Tribunal do júri. São Paulo: RT, 2008.