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1 – FUNDAMENTOS DO TRIBUNAL DO JÚRI

O tribunal do júri, consolidado com o advento da CF/88, foi definitivamente


positivado como direito e garantia fundamental.

Garantia esta de sujeição ao tribunal popular, nos crimes dolosos contra a vida, para o
atendimento do devido processo legal, bem como direito, conferido de forma ampla, de a
sociedade participar das atividades do judiciário, na condição de jurados/juízes leigos/juízes
de fato.

Nas palavras de Guilherme de Souza Nucci, verbis:

“Não deixamos de visualizar no júri, em segundo plano, mas não


menos importante, um direito individual, consistente na possibilidade
que o cidadão de bem possui de participar, diretamente, dos julgados
do Poder Judiciário. Em síntese: o júri é uma garantia individual,
precipuamente, mas também um direito individual. Constitui
clausula pétrea na Constituição Federal (CF. art. 60, §4º, IV)” 1.

2 – PRINCÍPIOS NORTEADORES DO TRIBUNAL DO JÚRI

A CF/88 não apenas prevê tal garantia, mas também positivou os princípios a qual
deve tal garantia estarem atrelados, dispostos no art. 5º, XXXVIII, verbis:

“XXXVIII – É reconhecida a instituição do júri, com a


organização que lhe der a lei, assegurados:

a) A plenitude de defesa;
b) O sigilo das votações
c) A soberania dos veredictos
d) A competência para julgamento dos crimes dolosos
contra a vida”.

2.a – Plenitude de Defesa

Tal princípio revela-se com natureza dúplice, posto que a defesa apresenta-se
segmentada de duas formas, a defesa técnica e autodefesa. A defesa técnica, obrigatória, é
aquela apresentada por advogado, na qual apresentam-se as descrições fáticas e exposição

1NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução Penal. 3. Ed. São Paulo: RT 2007. P.667
jurídica em prol do acusado. A autodefesa, faculdade do acusado, é a possibilidade deste
trazer a sua versão dos fatos e/ou utilizar-se do direito de silêncio, posto que, no júri, há a
possibilidade de argumentação de natureza sentimental, social, ou mesmo acerca da política
criminal, objetivando o convencimento dos jurados.

A lei 11.689/2008, em recente reforma do procedimento do júri, instituiu um


novo quesito complementar aos já conhecidos materialidade do crime e da autoria do fato,
sendo tal quesito obrigatório. Este novo quesito versa sobre a possibilidade de o réu ser
absolvido. Não obstante ao supracitado, a lei acima acolheu as teses do acusado e de seu
patrono, separadamente, fulcrando-se, sobretudo, no disposto no art. 483 do CPP.

2.b – Sigilo das votações

O sigilo das votações envolve tanto o local da votação quanto o voto. As


votações ocorrem em sala especial, com a presença apenas das pessoas indispensáveis ao ato
processual, quais sejam: o juiz, os jurados, o membro do Ministério Público, o advogado e os
auxiliares de justiça.

Não havendo sala especial, o juiz determinará o esvaziamento do plenário,


permanecendo na sala de julgamento apenas as pessoas supracitadas.

Para garantir o sigilo do voto, o magistrado deve suspender a divulgação dos


votos que se fizerem “excedentes” à decisão dos jurados acerca de cada quesito, de modo a
evitar que o sigilo dos votos seja violado por eventual votação unânime.

2.c – Soberania dos Veredictos

A soberania dos veredictos versa sobre o julgamento dos fatos. Conforme


procedimento do tribunal do júri, aos jurados e apenas a estes compete o julgamento dos fatos,
não podendo o magistrado ou o tribunal modificar esta decisão. Em hipótese de julgamento
manifestamente contrario à prova dos autos, eventual recurso objetivará a nulificação do
julgamento, de modo que o acusado poderá sujeitar-se a novo júri. É defeso ao tribunal alterar
o julgado fático proferido pelo júri.
2.d – Competência para julgamento dos crimes dolosos contra a vida

Trata-se da competência mínima do tribunal do júri, qual seja, a de julgar tais


crimes, e, como “competência mínima”, esta pode ser ampliada, dependendo da vontade do
legislador.

3 – CARACTERÍSTICAS DO TRIBUNAL DO JÚRI

O tribunal do júri, assim como os demais órgãos decisores, é dotado de certas


características, visando a melhor organização e aplicação do direito em prol da sociedade, tais
características estão dispostas abaixo.

3.a – Órgão heterogêneo

O júri popular é composto por 25 jurados ( art. 433 do CPP com nova redação
determinada pela lei nº. 11.689/2008), dos quais apenas 07 compõem o conselho de sentença.

Aos jurados cabe a decisão de fato, e, tendo esta sido proferida, cabe ao
magistrado a aplicação do direito de acordo com a decisão fática produzida. Sobre o juiz de
direito não cabe a soberania dos veredictos, posto que o tribunal pode reformar sua sentença,
majorando ou minorando a pena aplicada.

3.b– Órgão horizontal

Não há que se falar em hierarquia entre o magistrado e os jurados, sendo estes


distintos apenas pela função exercida.

3.c – Órgão temporário

O tribunal funcionará apenas por alguns períodos do ano, e, sendo assim, a


reunião do júri é o período do ano em que este opera, bem como em que a sessão do júri
concentra a realização do julgamento. Os períodos do ano em que ocorre a reunião do júri é
disposta pela lei de organização judiciária (LOJE) de cada estado, conforme disposto pelo art.
453 do CPP.

3.d – Decisões por maioria de votos

Não se faz necessário que haja unanimidade na votação, basta a obtenção de


mais de 03 votos em determinado quesito, no mesmo sentido, para que se tenha a
majoritariedade na votação. Conforme já exposto acima, tal característica visa garantir o
sigilo das votações, que certamente inexistiria na hipótese de eventual votação unânime. Isto
posto, a lei 11.689/2008 manifesta-se sobre o tema, através da nova redação que impôs ao art.
483, §§ 1º e 2º do CPP.

4 – RITO ESPECIAL DO JÚRI

O rito do júri é bifásico, ou seja, basicamente é composto por duas fases processuais, a
fase do juízo de admissibilidade/sumário da culpa/juízo de acusação (judicium accusationis)
composto pelas seguintes etapas:

- Oferecimento da denuncia/queixa

- Recebimento da denúncia/queixa

- Citação

- Resposta escrita

- Oitiva do Ministério Público ou querelante

- Audiência de instrução

Por conseguinte, o rito supracitado é seguido pela fase do juízo da causa (judicium
causae), composto pelas seguintes etapas:

- Requerimento de diligências/rol de testemunha

- Relatório e designação de julgamento

- Sessão plenária.

4.1 – DAS MODIFICAÇÕES DE RITO PROCEDIDAS PELA LEI


11.689/2008

4.1.1 – Da fase de acusação

Tal fase é iniciada pela apresentação de denúncia ou queixa, podendo esta ser
recebida ou rejeitada. Destaque-se que a acusação poderá arrolar até 08 testemunhas.

Recebida a denúncia, o juiz ordenará a citação do acusado para responder a


acusação, por escrito, no prazo de 10 dias, este, a ser contado a partir do cumprimento do
mandado e não da juntada deste aos autos. Diferentemente do que ocorria no antigo rito, pelo
qual o juiz citava o acusado para interrogatório e posterior manifestação/requerimento de
diligências do ministério público, sendo o interrogatório, de acordo com o novo processo
penal, o último ato instrutório, antes apenas dos debates/alegações finais.

Citado, o acusado deverá apresentar resposta escrita. Poderá arguir tudo aquilo
que interessar em sua defesa, sejam preliminares, juntada de documentos, justificações,
especificação de provas, arrolamento de testemunhas e demais instrumentos probatórios que
se fizerem necessários.

Não se manifestando no prazo estabelecido, o juiz nomeará defensor público


para fazê-lo também por meio de resposta escrita, em igual prazo de 10 dias.

Oferecida a resposta escrita, o ministério público ou o querelante será ouvido


sobre eventuais preliminares e documentos acostados, no prazo de 05 dias, conforme
disciplina o art. 409 do CPP.

Ademais, após o ato supra, o juiz ordenará a intimação das testemunhas


arroladas e a realização das diligências requeridas, tendo 10 dias para deliberar a respeito,
conforme disposto no art. 410 do CPP.

Em seguida, o juiz intimará as partes e o MP para audiência de instrução,


momento em que serão colhidas as declarações do ofendido, se possível, e serão inquiridas as
testemunhas de acusação e defesa(nesta ordem). As diligências e perícias deverão estar
concluídas no momento da realização desta audiência, posto que, por força do princípio da
concentração dos atos processuais, será a audiência de instrução o momento de
esclarecimento dos peritos, acareações, e reconhecimento das pessoas e coisas. Ato contínuo,
será interrogado o acusado, e, por conseguinte, ocorrerá a realização dos debates orais ao final
desta.

Na audiência instrutória, após ouvido o ofendido, a oitiva das testemunhas,


prestado o esclarecimento pericial, as acareações e o reconhecimento das pessoas e coisas, e,
ouvido o acusado, ocorrerão, por conseguinte, os debates.

Neste debate, a acusação e a defesa terão 20 minutos, prorrogáveis por mais


10, para apresentar suas alegações orais, e, havendo assistente de acusação, este terá o prazo
de 10 minutos para manifestar-se, após a manifestação do Ministério Público.
Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para acusação e defesa de cada
um deles será individual.

Encerrados os debates, o juiz poderá proferir sua decisão imediatamente ou no


prazo de 10 dias, ordenando a conclusão dos autos. Importante ressaltar que o procedimento
deve ser concluído no prazo máximo de 90 dias, conforme disciplina o art. 412 do CPP.

Ao final da fase de acusação, na decisão que encerra a primeira fase do rito do


júri, o magistrado poderá adotar as seguintes posturas:

- Pronunciar o réu

- Impronunciar o réu

- Absolver o réu sumariamente

- Desclassificar o crime

Pronunciando o réu, iniciará, por conseguinte, a segunda fase do rito do júri,


contudo, nas demais hipóteses, abrevia-se o rito, não havendo juízo meritório pelo tribunal
popular do júri.

4.1.2. - Pronúncia
De forma objetiva, pronúncia é a decisão do magistrado que remete o caso à
apreciação do Tribunal do Júri. Trata-se de decisão interlocutória com a mesma estrutura de
uma sentença comum, devendo conter relatório, fundamentação e dispositivo.

Há dois requisitos indispensáveis para que o magistrado decida pela pronúncia


do acusado: prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria, estes, no dizer de
Nucci, “indicativos, ainda que indiretos, porém seguros, de que foi o réu o agente da infração
penal” (2008, p.61).

A esse respeito, ressalta o nobre processualista que “ é preciso cessar, de uma


vez por todas, ao menos em nome do Estado Democrático de Direito, a atuação jurisdicional
frágil e insensível que prefere pronunciar o acusado, sem provas firmes e livres de risco”
(2008, p.61).

No que tange aos delitos conexos, o entendimento da doutrina e da


jurisprudência* é de que a decisão de pronúncia também deve abarcá-los, remetendo-os, por
conseguinte, a julgamento pelo Tribunal do Júri.

No que toca ao elemento subjetivo do delito, não deve o magistrado fazer


referências de forma contundente. Assim, “a análise da atuação dolosa do acusado, na decisão
de pronúncia, deve ser genérica, sem conclusão categórica[...]. Não é demais insistir que não
se insere o elemento subjetivo genérico (dolo) no questionário.” (NUCCI, 2008, p.75).

Havendo concurso de pessoas, o ideal – e mais justo - é que o juiz fixe, de


forma clara, quem é autor e quem é partícipe, em respeito ao princípio da ampla defesa, pois é
necessária a “exata noção de qual é o teor da imputação, sob pena de cerceamento.” (NUCCI,
2008, p.76). Esse cuidado tem o propósito de fazer com que a quesitação se faça para cada
agente em separado; caso contrário, pode gerar nulidade absoluta∆.

Ainda sobre o tema, deve o magistrado atentar para que não haja na pronúncia
a imputação duplicada, ou seja, a menção, contra o mesmo réu, tanto da autoria quanto da
participação. Trata-se de erro grave que também pode gerar nulidade absoluta pois fere a
plenitude de defesa.

Destarte, nas palavras de Nucci, verbis:

“ O acusado é co-autor ou partícipe, quando houver concurso de


pessoas. Os dois, certamente, ele não pode ser. Se houver dúvida, é
preferível inserir na pronúncia a forma da participação, o mesmo se
fazendo no questionário. Afinal, participar do delito é mais amplo do
que executá-lo diretamente (co-autor).” (2008, p.77).

Em se tratando de prisão cautelar na decisão de pronúncia, atualmente, não é


mais obrigatória, visto que o art. 413, § 3.º, do CPP, veio disciplinar o tema. A necessidade da
decretação de prisão cautelar baseia-se agora nos requisitos da prisão preventiva, quais sejam,
a garantia da ordem pública, a garantia da ordem econômica, conveniência da instrução,
garantia da lei penal.

Acerca de alterações na decisão de pronúncia, após seu trânsito em julgado,


* Decisão do TJSP: “[...] Por oportunidade da pronúncia, o magistrado deve examinar a certeza da
materialidade do delito doloso contra a vida e a existência de indícios suficientes de autoria. Não lhe é dado,
no entanto, o poder de absolver ou condenar o réu pelo delito conexo, que necessariamente, deverá ser
julgado pelo Tribunal do Júri” (RSE 01091551.3/8, 9ª C, rel. René Nunes, 19.09.2007, v. u.).

∆ Conferir decisão do STJ no HC 4.021-MG, 5.ª T., rel. Laurita Vaz, 11.04.2006, m.v..
isso não será mais possível, o que é a regra. Contudo, nos termos do art. 421, § 1.º do CPP, o
surgimento de circunstância que altere a classificação do crime é razão para modificar a
pronúncia.

Surgindo tal circunstância deve o magistrado determinar a remessa dos autos


ao representante do Ministério Público para proceder ao aditamento da denúncia. Feito isto,
instaura-se o contraditório, ouvindo-se a defesa, permitindo-se a produção de provas e até um
novo interrogatório. Por conseguinte, proferirá o juiz a nova decisão de pronúncia, fazendo,
por exemplo, a inclusão de qualificadoras ou, o que é comum ocorrer, nos casos de tentativa
de homicídio (art. 121, caput, c.c. Art. 14, II, CP) em que a morte da vítima se dá antes do
julgamento em plenário. Nessa situação, na nova pronúncia, agora, o réu estará incurso no art.
121, caput, do CP).

4.1.3. - Impronúncia
A impronúncia, por sua vez, é a decisão oposta à pronúncia, ocorrendo quando o
magistrado julga inadmissível a acusação feita pelo
Ministério Público, quando entender que não há provas da existência de um delito e/ou indícios
suficientes de sua autoria, encerrando a primeira fase do procedimento dos crimes dolosos contra vida.
Encerra-se, assim, a persecução criminal.

Por fim, sobre a impronúncia, pertinente ainda esclarecer que nos casos em que
houver a conexão com outro fato delituoso de competência do juiz singular, sendo impronunciado o
réu, deverão ser remetidos os autos para a Vara competente em julgar os crimes diversos do Tribunal
do Júri, caso não seja a mesma Vara (jurisdição cumulativa), dependendo da comarca onde está
tramitando o processo-crime, em razão de cessar a competência do Tribunal popular que apreciaria o
outro delito por força da conexão conforme os artigos 76 e 78, I do Código de Processo Penal.

4.1.4. - Absolvição Sumária

A absolvição sumária é decisão de mérito, onde o juiz julga improcedente o


pedido do Ministério Público, formulado na denúncia, com consequente absolvição do
acusado, face à presença de uma excludente, seja de ilicitude ou de culpabilidade.
Caberá absolvição sumária nos casos elencados no art. 415, I a IV do CPP,
cabendo ao juiz fundamentar a sua decisão. Essa espécie de absolvição é mais benéfica ao réu
do que a impronúncia, pois nela fica patente a inocência, não pairando dúvidas como na
impronúncia que se assemelha à absolvição por falta de provas.
Para a absolvição sumária deve o Juiz contar com prova incontroversa da
inocência (existência de causas excludentes). A mera dúvida não basta, devendo o caso seguir
para o júri que decide soberanamente. No caso de falta de provas pode ocorrer, no máximo, a
impronúncia.
Da decisão que absolve sumariamente o agente cabe o recurso de apelação,
com exceção da hipótese prevista no inciso IV (decisão que decreta a extinção da
punibilidade), da qual cabe o recurso em sentido estrito de acordo com o art. 581, VIII CPP.

4.1.5. - Desclassificação do crime pelo Júri

Existem duas formas de desclassificação pelo júri: a) desclassificação própria:


é aquela em que os jurados desclassificam o crime para não doloso contra a vida, sem, no
entanto afirmar qual o novo delito; b) e a imprópria: é aquela em que os jurados
desclassificam o crime, afirmando qual o delito não doloso contra a vida que foi pra ticado.
No caso da desclassificação própria, o juiz pode julgar com ampla liberdade,
podendo; no caso da imprópria, o juiz está vinculado à definição legal dada pelo Júri.
No que tange à desclassificação e crimes conexos, em havendo desclassificação
de uma infração para outra, de competência do juiz singular, imediatamente estará
interrompida a votação, deslocando-se a competência para o juiz-presidente do Tribunal do
Júri, a quem caberá proferir sentença em seguida, aplicando-se, quando o delito resultante da
nova tipificação for considerado infração penal de menor potencial ofensivo, o disposto no
art. 69 e seguintes da lei n. 9099, de 26 de setembro de 1995. A competência para julgamento
da infração passa, portanto, para o juiz-presidente, que terá de proferir a decisão naquela
mesma sessão. Caso haja crimes conexos não dolosos contra a vida, a desclassificação
também desloca para o juiz-presidente* a competência para seu julgamento de acordo com o
art. 492, § 2º do CPP. Se o Júri entende que não tem competência para julgar o crime
principal, implicitamente estará abrindo mão de sua competência para os crimes conexos, não
havendo que invocar a regra da perpetuario jurisdictionis, prevista no art. 81, caput, pois ela
somente faz referência à decisão de juiz ou tribunal togado.
Se, no entanto, o Júri absolver o réu da imputação principal, continuará
competente para julgar os crimes conexos, pois, se absolveu, é porque entendeu que tinha
competência para o julgamento do crime doloso contra a vida.

* O STF entende que: “Desclassificada pelo tribunal do júri, a tentativa de homicídio para lesões corporais, a
competência para julgamento, tanto desse crime remanescente quanto do conexo de cárcere privado, se desloca
para o juiz presidente...” (RTJ, 101/1997).
5 - LEI 11.689/08: NOVAS REGRAS NO TRIBUNAL DO JÚRI

Com a vigência da Lei 11.689/08, recentemente instituída, foram trazidas diversas


mudanças nos processos de competência do Tribunal do Júri, que tratam-se de importantes inovações,
pelo fato do Código de Processo Penal Brasileiro, instituído em 03 de outubro de 1941, ser
ultrapassado em alguns quesitos, devido a realidade atual que vivemos. Entre as mudanças, uma se
destaca para a agilidade do julgamento, que é a não necessidade da leitura das peças processuais, o que
gerava um cansaço excessivo nos jurados e até mesmo nas partes do processo.

Outras alterações foram significativas para o Direito Processual Penal, como o tempo
para a defesa e acusação, pois antes as partes tinham duas horas cada para sustentar suas teses, após, o
promotor tinha 30 minutos para fazer a réplica e a defesa o mesmo tempo para a tréplica, agora a
sustentação é feita em uma hora e meia cada, e réplica e tréplica em uma hora cada. Com a nova lei,
houve mudanças também nos quesitos de avaliação feitos pelos jurados nos julgamentos, agora foram
reservados a eles apenas as questões que efetivamente lhes dizem respeito, excluindo quesitos como
atenuantes e agravantes, que só dizem respeito ao juiz.

A audiência unificada foi outra novidade trazida pela Lei 11.689, em que o juiz ouve,
no mesmo dia, o réu e as testemunhas e depois decide se o acusado deve ou não ser levado a júri. A
partir das mudanças nas audiências realizadas antes da sessão do Tribunal do Júri, ouve-se primeiro as
testemunhas e depois o réu. Pela regra anterior, o juiz ouvia primeiro o réu e depois as testemunhas.
Agora, o magistrado terá oportunidade de ouvir todas as versões antes de confrontá-las com a do réu.

O alistamento para ser jurado, também foi inovado, houve a redução da idade mínima
para os jurados, que antes da nova lei era de 21 anos e passou a ser de 18 anos, o que deve aumentar o
número de interessados, principalmente universitários, pois passou a se tratar de direito de preferência,
para pessoas em igualdade de condições, em concursos e em licitações públicas, como redigido no
artigo 440. O número de jurados que compõem o Tribunal do Júri também foi alterado, passou de 21
para 25.

Houve também o fim do segundo julgamento automático, para os condenados a mais


de 20 anos, o que talvez tenha sido uma das mais significativas mudanças, pois acaba com os
contrastes nas decisões, como ocorrido no julgamento do fazendeiro acusado de matar a missionária
inglesa Dorothy Stang, em Anapu, no Pará, que havia sido condenado no primeiro julgamento, e foi
absolvido recentemente em seu segundo julgamento obrigatório, ocorrido nos moldes da lei anterior,
pois ele havia sido condenado a mais de 20 anos.
BIBLIOGRAFIA:

1. Capez, Fernando. Curso de processo penal. 17. ed. São Paulo: , 2010.
2. Nucci, Guilherme de Souza. Tribunal do júri. São Paulo: RT, 2008.

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