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Mitos Modernos Sobre Batalhas Espírituais,

Continuamos este capítulo considerando mais alguns ensinos errados, mas populares a respeito de
Satanás e batalhas espirituais. Na conclusão, consideraremos o que as Escrituras realmente dizem a
respeito de batalhas espirituais que cada crente deve praticar.

Mito no 5: “ Podemos acabar com fortalezas demoníacas na atmosfera


através da batalha espiritual”.
De acordo com as Escrituras, não há dúvida de que Satanás reina sobre uma hierarquia de espíritos
malignos que habitam na atmosfera da Terra e que o ajudam a governar o reino das trevas. Que esses
espíritos malignos são “territoriais”, governando sobre certas áreas geográficas, é um conceito também
encontrado na Bíblia (veja Dn. 10:13, 20-21; Mc. 5:9-10); como também é bíblico que cristãos têm
autoridade para expulsar demônios de outras pessoas e a responsabilidade de resistir ao demônio (veja
Mc. 16:17; Tg. 4:7; 1 Pd. 5:8-9). Mas, podem os cristãos derrubar os espíritos malignos que reinam
sobre cidades? A resposta é não; e tentar fazer isso é uma perca de tempo.

Só porque podemos expulsar demônios de pessoas, não devemos assumir que podemos derrubar os
espíritos malignos que reinam sobre cidades. Existem vários exemplos nos evangelhos e no livro de
Atos de expulsão de demônios das pessoas, mas você pode pensar em pelo menos um exemplo, nos
evangelhos ou no livro de Atos, de alguém ter derrubado um espírito maligno que reinava sobre uma
cidade ou região geográfica? Não pode, porque não existem tais exemplos. Você pode pensar em uma
instrução em alguma epístola sobre nossa responsabilidade de derrubar espíritos malignos da
atmosfera? Não, porque não existe. Por esse motivo, não temos base bíblica para crer que podemos ou
devemos nos engajar em “batalhas espirituais” contra espíritos malignos na atmosfera.

Aprofundando Demasiadamente nas Parábolas (Pushing Parables Too Far)


Encontrar mais sentido na Bíblia do que Deus intencionou é um erro que cristãos cometem com grande
frequência quando leem passagens que contêm linguagem metafórica. Um exemplo clássico de má
interpretação de linguagem metafórica tem como base as palavras de Paulo sobre “derrubar fortalezas”:

Pois embora vivamos como homens, não lutamos segundo os padrões humanos. As armas com as
quais lutamos não são humanas; ao contrário, são poderosas em Deus para destruir fortalezas.
Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos
cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo. E estaremos prontos para punir todo ato de
desobediência, uma vez estando completa a obediência de vocês (2 Co. 10:3-6).

Ao invés de dizer “destruímos argumentos”, a versão King James* diz que estamos “destruindo
fortalezas”. Desta única frase metafórica, praticamente uma teologia inteira foi criada para defender a
ideia de fazer “batalhas espirituais” para “destruir fortalezas” que consistem de espíritos malignos na
atmosfera. Mas como a New American Standard Version* deixa claro, Paulo não está falando de
espíritos malignos na atmosfera, mas de fortalezas de falsas crenças que existem nas mentes das
pessoas. Argumentos é o que Paulo está destruindo, não espíritos malignos nos lugares altos.

Isso fica ainda mais claro quando lemos o contexto. Paulo disse: “Destruímos argumentos e toda
pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para
torná-lo obediente a Cristo” (ênfase adicionada). A batalha da qual Paulo escreveu simbolicamente é
uma batalha contra pensamentos ou ideias que são contra o verdadeiro conhecimento de Deus.

Usando metáforas militares, Paulo explica que estamos em uma batalha, uma batalha pelas mentes das
pessoas que acreditam nas mentiras de Satanás. Nossa arma principal nessa batalha é a Verdade, que
é o porquê de termos sido enviados ao mundo inteiro para pregar o evangelho, invadindo o território
inimigo com uma mensagem que pode libertar os cativos. Os fortes que temos destruído foram
construídos com tijolos de mentiras unidos pelo cimento da decepção.

Toda a Armadura de Deus (The Whole Armor of God)


Outra passagem de Paulo que muitas vezes é mal interpretada encontrada-se em Efésios 6:10-17, onde
escreveu sobre nossa responsabilidade de colocar a armadura de Deus. Mesmo que essa passagem
seja definitivamente sobre nossa luta contra o demônio e espíritos malignos, não há menção de
derrubar espíritos malignos que estão sobre as cidades. Quando estudamos a passagem de perto,
torna-se claro que Paulo estava escrevendo principalmente sobre a responsabilidade de cada indivíduo
de resistir ao esquemas de Satanás em sua vida pessoal aplicando a verdade da Palavra de Deus.

Quando lemos essa passagem em particular, notamos também a linguagem metafórica evidente.
Obviamente, Paulo não falava literalmente sobre uma armadura material que os cristãos devem vestir.
A armadura sobre a qual escreveu é figurativa. Esses pedaços de armadura representam as várias
verdades bíblicas que os cristãos devem usar como proteção contra o demônio e espíritos malignos.
Por saber, crer e agir de acordo com a Palavra de Deus, os cristãos estão, figurativamente falando,
vestidos da armadura de Deus.

Vamos examinar essa passagem em Efésios versículo por versículo, enquanto nos perguntamos, o que
Paulo realmente queria nos transmitir?

A Fonte de Nossa Força Espiritual (The Source of Our Spiritual Strength)


Primeiramente, Paulo nos diz: “fortaleçam-se no Senhor e no seu forte poder” (Ef. 6:10). A ênfase está
no fato de que não devemos tirar nossa força de nós mesmos, mas de Deus. Isso se torna mais claro
na próxima afirmação de Paulo: “Vistam toda a armadura de Deus” (Ef. 6:11a). Essa armadura é de
Deus, não nossa. Paulo não está dizendo que o próprio Deus usa armadura, mas que precisamos da
armadura que Deus providenciou.

Por que precisamos dessa armadura que Deus providenciou?A resposta é: “para poderem ficar firmes
contra as ciladas do Diabo” (Ef. 6:11b). Essa armadura é principalmente para uso defensivo, não
ofensivo. Não é para que possamos sair e derrubar espíritos malignos que estão sobre cidades; é para
que possamos ficar firmes contra as ciladas do Diabo.

Aprendemos que o Diabo tem planos para nos atacar, e a menos que estejamos usando a armadura
que Deus providenciou, estaremos vulneráveis. Note também que a responsabilidade de colocar a
armadura é nossa, não de Deus.

Vamos continuar:

Pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os
dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais (Ef.
6:12).

Aqui, torna-se claro como cristal que Paulo não está falando sobre uma batalha física ou material, mas
espiritual. Estamos lutando contra os planos de várias hierarquias de espíritos malignos os quais foram
listados por Paulo. A maioria de leitores assume que Paulo os listou em ordem de autoridade, de baixo
para cima; “poderes” sendo a classe mais baixa e “forças espirituais do mal nas regiões celestiais”
sendo a classe mais alta.

Como podemos lutar contra seres espirituais? Essa pergunta pode ser respondida se perguntarmos:
Como os seres espirituais podem nos atacar? Eles nos atacam principalmente com tentações,
pensamentos, sugestões e ideias que contradizem a Palavra e a vontade de Deus. Portanto, nossa
defesa é saber, crer e obedecer a Palavra de Deus.

Por isso, vistam toda a armadura de Deus, para que possam resistir no dia mau e permanecer
inabaláveis, depois de terem feito tudo (Ef. 6:13).

Note mais uma vez que o propósito de Paulo é nos equipar para resistir aos ataques de Satanás e
permanecer. Seu propósito não é nos equipar para atacarmos Satanás e derrubar espíritos malignos da
atmosfera. Paulo nos diz para permanecermos inabaláveis três vezes. Nossa posição é a defesa, não o
ataque.

Verdade — Nossa Defesa Principal (Truth — Our Primary Defense)


Assim, mantenham-se firmes, cingindo-se com o cinto da verdade (Ef. 6:14a).

A verdade é o que mantém nossa armadura no lugar. O que é a verdade? Jesus disse ao Seu Pai: “A
tua palavra é a verdade” (Jo. 17:17). Não podemos permanecer firmes contra Satanás a menos que
conheçamos a verdade com a qual podemos combater suas mentiras. Jesus demonstrou isso
maravilhosamente quando foi tentado no deserto e respondia a todas as sugestões de Satanás com:
“Está escrito”.

Paulo continuou:

Vestindo a couraça da justiça (Ef. 4:14b).

Como cristãos, devemos ser familiares com dois tipos de justiça. A primeira, recebemos como um
presente, a justiça de Cristo (veja 2 Co. 5:21). Sua justiça tem sido implantada naqueles que creem em
Jesus, aos que deixaram seus pecados na cruz. Essa justiça nos libertou dos domínios de Satanás.

Segunda, devemos viver em justiça, obedecendo os mandamentos de Jesus, e isso é provavelmente o


que Paulo tinha em mente a respeito da couraça da justiça. Através da obediência a Cristo, não damos
lugar ao Diabo (veja Ef. 4:26-27).

Pés Firmes nos Sapatos do Evangelho (Firm Footing in Gospel Shoes)


E tendo os pés calçados com a prontidão do evangelho da paz (Ef. 6:15).

Conhecer, crer e agir de acordo com a verdade do evangelho nos dá pés firmes para prevalecermos
contra os ataques de Satanás. Os sapatos que os soldados romanos usavam tinham travas nas solas
que lhes davam firmeza no campo de batalha. Quando Jesus é nosso Senhor, temos pés firmes para
prevalecermos contra as mentiras de Satanás.

Além disso, usem o escudo da fé com o qual vocês poderão apagar todas as setas inflamadas do
Maligno (Ef. 6:16).

Note novamente a ênfase de Paulo em nossa postura defensiva. Ele não está falando de derrubarmos
os demônios de sobre as cidades. Está falando sobre o uso da nossa fé na Palavra de Deus para
resistir às mentiras do Diabo. Quando cremos e agimos de acordo com o que a Palavra de Deus diz, é
como ter um escudo que nos protege das mentiras de Satanás, representadas figuradamente como
“setas inflamadas do Maligno”.

Nossa Espada Espiritual — A Palavra de Deus (Our Spiritual Sword —


God’s Word)
Usem o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus (Ef. 6:17).

A salvação, como a Bíblia a descreve, inclui nossa libertação do cativeiro de Satanás. Deus nos
“resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado” (Cl. 1:13). Saber
isso é como ter um capacete que guarda nossas mentes de acreditar na mentira de Satanás de que
ainda estamos em seu domínio. Satanás não é mais nosso mestre — Jesus é.

Além do mais, devemos pegar a “espada do Espírito” que, como Paulo explica, é uma figura para a
Palavra de Deus. Como já mencionei, Jesus foi o exemplo perfeito de um guerreiro espiritual que
manejou habilmente Sua espada espiritual. Durante Sua tentação no deserto Ele respondeu cada vez a
Satanás, citando diretamente a Palavra de Deus. Da mesma forma, se formos derrotar o Diabo em um
combate espiritual, devemos conhecer e crer no que Deus disse, se não, sucumbiremos a suas
mentiras.

Note também que Jesus usou a “espada do Espírito” defensivamente. Alguns gostam de ressaltar para
os que mantém a postura de que a armadura que Paulo escreveu é principalmente defensiva, que
definitivamente a espada é uma arma ofensiva. Portanto, com um argumento fraco, tentam justificar sua
teoria de que a passagem em Efésios 6:10-12 é aplicável a nossa suposta responsabilidade de
“derrubar fortalezas” de espíritos malignos nos lugares celestiais.

Obviamente, depois de ler o motivo de Paulo do porquê os cristãos devem vestir a armadura de Deus
(para que possam “ficar firmes contra as ciladas do Diabo”), sabemos que ele está falando
principalmente de um uso defensivo da armadura. Além do mais, mesmo que pensem em uma espada
como uma arma ofensiva, também podemos vê-la como defensiva, já que protege dos ataques da
espada do inimigo e os bloqueia.

Além do mais, devemos ter cuidado para não deformarmos a metáfora, enquanto tentamos retirar das
várias partes da armadura, significados que nem existem. Quando começamos a discutir sobre a
natureza defensiva e ofensiva da espada, tendemos a “ir longe de mais nas parábolas”, por quanto
desmontamos os pedaços de uma simples metáfora que nunca foi planejada para ser tão dissecada.

Mas Deus não nos Instruiu a “Amarrar o Homem Forte”? (But Didn’t
Jesus Instruct Us to “Bind the Strong Man”?)
Encontramos três vezes nos evangelhos Jesus mencionando “amarrar o homem forte”. Contudo, em
nenhum dos três casos Ele disse aos Seus seguidores que “amarrar o homem forte” era algo que
devessem praticar. Vamos examinar exatamente o que Jesus disse, e vamos ler dentro do contexto:

E os mestres da lei que haviam descido de Jerusalém diziam: “Ele está com Belzebu! Pelo príncipe dos
demônios é que ele expulsa demônios”. Então Jesus os chamou e lhes falou por parábolas: “Como
pode Satanás expulsar Satanás?Se um reino estiver dividido contra si mesmo, não poderá subsistir. Se
uma casa estiver dividida contra si mesma, também não poderá subsistir. E se Satanás se opuser a si
mesmo e estiver dividido, não poderá subsistir; chegou o seu fim. De fato, ninguém pode entrar na casa
do homem forte e levar dali os seus bens, sem que antes o amarre. Só então poderá roubar a casa
dele. Eu lhes asseguro que todos os pecados e blasfêmias dos homens lhes serão perdoados, mas
quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão: é culpado de pecado eterno”. Jesus falou
isso porque eles estavam dizendo: “Ele está com um espírito imundo”. (Mc. 3:23-30).

Note que Jesus não estava ensinando Seus seguidores a amarrarem nenhum homem forte. Ele estava
respondendo às críticas dos escribas de Jerusalém com lógica indiscutível e uma metáfora clara.

Eles O acusaram de expulsar demônios usando poder demoníaco. Ele respondeu dizendo que Satanás
seria insano de trabalhar contra si mesmo. Ninguém pode inteligentemente argumentar contra isso.

Se não foi o poder de Satanás que Jesus estava usando para expulsar demônios, de quem era o
poder?Tinha que ser um poder maior que o de Satanás. Tinha que ser o poder de Deus, o poder do
Espírito Santo. Portanto, Jesus falou metaforicamente de Satanás, comparando-o a um homem forte
guardando suas posses. O único capaz de tirar as posses do homem forte seria alguém ainda mais
forte, o próprio Deus. Essa foi a verdadeira explicação de como Ele expulsava demônios.

Essa passagem que menciona o homem forte, assim como as similares encontradas em Mateus e
Lucas, não podem ser usadas para justificar “amarrar o homem forte” sobre cidades. Adicionalmente,
quando examinamos o resto do Novo Testamento, não encontramos exemplo algum de uma pessoa
“amarrando o homem forte” sobre cidades, ou qualquer instrução para que assim o façam. Portanto,
podemos concluir seguramente que não é bíblico que qualquer cristão tente amarrar e render um
suposto “homem forte - espírito maligno” sobre uma cidade ou área geográfica.

Mas e Sobre “Amarrar no Céus e na Terra”? (What About “Binding on


Earth and in Heaven”?)
Só encontramos duas vezes nos evangelhos as palavras de Jesus: “O que você amarrar na terra será
[ou ‘terá sido’] amarrado nos céus, e o que você liberar na terra será [ou ‘terá sido’] liberado nos céus”*.
Ambas estão registradas no evangelho de Mateus.

Jesus estava nos ensinando que podemos e devemos “amarrar” espíritos demoníacos na atmosfera?

Primeiro, vamos considerar Suas palavras amarrar e liberar. O uso dessas palavras por Jesus é
obviamente figurativo, já que, com certeza, Ele não quis dizer que Seus seguidores pegariam cordas e
literalmente amarrariam algo ou libertariam algo que estava amarrado com cordas. Então, o que Jesus
quis dizer?

Para encontrarmos a resposta devemos olhar ao Seu uso das palavras amarrar e liberar dentro do
contexto do que estava falando naquela hora. Ele estava falando sobre espíritos malignos? Se sim,
podemos concluir que Sua palavra sobre amarrar tem aplicação ao amarrar de espíritos malignos.

Vamos examinar a primeira passagem em que Jesus menciona amarrar e liberar:

“E vocês?”, perguntou ele [Jesus]. “Quem vocês dizem que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “Tu és o
Cristo, o Filho do Deus vivo”. Respondeu Jesus: “Feliz é você Simão, filho de Jonas! Porque isto não lhe
foi revelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus. E eu lhe digo que você é Pedro,
e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não poderão vencê-la. Eu lhe darei
as chaves do Reino dos céus; o que você amarrar na terra terá sido amarrado nos céus, e o que você
liberar na terra terá sido liberado nos céus” (Mt. 16:15-19, ênfase adicionada).

Sem dúvida a razão dessa passagem ter sido interpretada de tantas maneiras diferentes é que ela
contém pelo menos cinco expressões metafóricas: (1) “carne ou sangue”, (2) “pedra”, (3) “portas do
Hades”, (4) “chaves do Reino dos céus” e (5) “amarrar/liberar”. Todas essas expressões são figurativas,
ou seja, falam de outra coisa.

Portas do Hades (Hades’ Gates)


Mesmo sem considerar o significado preciso das metáforas, podemos ver que, nessa passagem, Jesus
não estava falando de espíritos malignos. O mais perto que chegou foi quando mencionou “as portas do
Hades”, que são obviamente simbólicas, já que não é possível que as portas do Hades façam algo para
prejudicar a Igreja.

O que “as portas do Hades” representam? Talvez simbolizam o poder de Satanás, e Jesus quis dizer
que o poder de Satanás não impediria que Sua Igreja fosse construída. Ou talvez, quis dizer que a
Igreja que Ele construiria salvaria as pessoas para que não fossem aprisionadas “atrás” das portas do
Hades.

Note que, na verdade, Jesus mencionou duas portas: as portas do Hades e as portas para o céu,
implícitas quando Ele deu a Pedro as “chaves dos céus”. Esse contraste suporta ainda mais a ideia de
que a afirmação de Jesus representa o papel da Igreja de salvar as pessoas que estão indo para o
Hades.

Mesmo que Jesus tenha dito que “todo o poder de Satanás não pararia Sua Igreja”, não podemos pular
para a conclusão que Seus comentários sobre amarrar e liberar são instruções para o que devemos
fazer com espíritos malignos que pairam sobre cidades, pela simples razão de que não podemos
encontrar exemplos nos evangelhos ou em Atos de alguém amarrando tais espíritos malignos, nem
podemos encontrar instruções nas epístolas para que façamos tal coisa. De qualquer forma que
interpretarmos as palavras de Cristo sobre amarrar e liberar, nossa interpretação deve ser baseada
contextualmente com o resto do Novo Testamento.

Já que não há exemplo bíblico algum, é incrível a frequência com que cristãos dizem coisas como: “Eu
amarro o Diabo no nome de Jesus” ou “Eu libero os anjos sobre aquela pessoa” e assim por diante. Não
encontramos ninguém dizendo tais coisas no Novo Testamento. A ênfase de Atos e das epístolas não é
em falar com o Diabo ou amarrar e liberar espíritos malignos, mas em pregar o evangelho e orar a
Deus. Por exemplo, quando Paulo estava sendo continuamente atormentado por um mensageiro
(literalmente “anjo”) de Satanás, ele não tentou “amarrá-lo”. Ele orou a Deus sobre isso (veja 2 Co. 12:7-
10).

As Chaves para o Céu (The Keys to Heaven)


Vamos olhar mais profundamente o contexto imediato das palavras de Jesus sobre amarrar e liberar.
Note que logo após ter mencionado amarrar e liberar, Jesus disse que daria a Pedro “as chaves do
Reino dos céus”. Pedro nunca recebeu chaves de verdade para as portas do céu, e portanto, as
palavras de Jesus devem ser interpretadas figuradamente. O que as “chaves”representam?
Representam um meio de acessar algo que está trancado. Quem tem a chave, tem meios que os outros
não têm para abrir certas portas.

Enquanto consideramos o ministério de Pedro como registrado no livro de Atos, o que ele está fazendo
que poderia ser considerado comparável a abrir portas que estão trancadas a outros?

Acima de tudo, o encontramos proclamando o evangelho; o evangelho que abre as portas do céu para
todos os que creem (e o evangelho que fecha as portas do Hades). Nesse sentido, todos nós
recebemos as chaves para o Reino dos céus, já que somos todos embaixadores de Cristo. As chaves
para o Reino dos céus só podem ser o evangelho de Jesus Cristo, a mensagem que pode abrir as
portas do céu.

E Agora, Amarrar e Liberar (And Now, Binding and Loosing)


Finalmente, depois de prometer dar a Pedro as chaves para o Reino dos céus, Jesus faz Sua afirmação
sobre amarrar e liberar; Sua quinta expressão figurativa na passagem sob consideração.

Dentro do contexto das afirmações que já examinamos, o que Jesus quis dizer? Que ligação há entre:
Pedro amarrar e liberar, Jesus construir Sua Igreja, a salvação de pessoas do Hades e a proclamação
do evangelho?

Realmente só há uma possibilidade. Jesus quis dizer: “Estou autorizando você a ser o representante do
céu. Cumpra sua responsabilidade na terra, e o céu irá te apoiar”.

Se um patrão dissesse ao seu vendedor : “O que você fizer na filial em Bangcoc será feito na matriz”,
como o vendedor interpretaria as palavras de seu chefe? Ele entenderia que estava autorizado a
representar sua companhia em Bangcoc. Tudo o que Jesus quis dizer é que Pedro, na terra, estava
autorizado a representar Deus no céu. Essa promessa a Pedro seria um reforço para a sua confiança
quando começasse a proclamar a mensagem de Deus em Jerusalém sob os olhos críticos dos escribas
e fariseus — pessoas que se consideravam representantes autorizados de Deus e pessoas a quem
Pedro antes reverenciava como tais.

Essa interpretação das palavras de Jesus está em harmonia com Seu segundo uso, encontrado dois
capítulos à frente no evangelho de Mateus:

Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir você ganhou
seu irmão. Mas se ele não o ouvir, leve consigo mais um ou dois outros, de modo que qualquer
acusação seja confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas. Se ele se recusar a ouvi-los,
conte à igreja; e se ele se recusar a ouvir também a igreja, trate-o como pagão ou publicano. Digo-lhes
a verdade: Tudo o que vocês amarrarem na terra terá sido amarrado no céu, e tudo o que vocês
liberarem na terra terá sido liberado no céu. Também lhes digo que se dois de vocês concordarem na
terra em qualquer assunto sobre o qual pedirem, isso lhes será feito por meu Pai que está nos céus.
Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles (Mt. 18:15-20, ênfase
adicionada).*

Nessa segunda passagem, não há absolutamente nada dentro do contexto que nos levaria a crer que
Jesus estava falando de amarrar espíritos malignos. Aqui, Cristo falou sobre amarrar e liberar
imediatamente depois de falar sobre disciplina da Igreja.

Isso pareceria indicar que a respeito de amarrar e liberar nessa passagem, Jesus quis dizer algo como:
“Estou dando a você a responsabilidade de determinar quem deve estar na Igreja e quem não deve. É
seu trabalho. Enquanto você cumpre suas responsabilidades, o céu te apoiará”.

Em uma aplicação mais abrangente, Jesus estava simplesmente dizendo: “Vocês são representantes
autorizados do céu na terra. Vocês têm responsabilidades e enquanto cumprirem suas
responsabilidades na terra, o céu sempre lhes apoiará”.

Amarrar e Liberar no Contexto (Binding and Loosing in Context)


Essa interpretação se encaixa bem no contexto imediato, assim como no contexto mais remoto do Novo
Testamento.

A respeito do contexto imediato, notamos que, imediatamente depois de Sua afirmação sobre amarrar e
liberar, Jesus disse: “Também lhes digo que se dois de vocês concordarem na terra em qualquer
assunto sobre o qual pedirem isso lhes será feito por meu Pai que está nos céus” (Mt. 18:19, ênfase
adicionada).

Aqui está novamente o tema “o que você fizer na terra será apoiado no céu”. Nós, na terra, estamos
autorizados a orar e somos responsáveis por essa tarefa. Quando assim o fizermos, o céu responderá.
As palavras de Jesus, “Também lhes digo…” parecem indicar que Ele está expandindo Sua afirmação
anterior sobre amarrar e liberar.

A afirmação final de Jesus nessa passagem: “Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu
estou no meio deles”, também suporta o tema “o céu lhes apoiará”. Quando crentes se reúnem em Seu
nome, Ele, que mora no céu, aparece.

Mesmo que você discorde completamente da minha interpretação das passagens sob consideração,
você será colocado contra a parede para apresentar um argumento bíblico e forte provando que Jesus
estava falando sobre amarrar e liberar espíritos malignos que pairam sobre cidades.

O Plano Divino de Deus Inclui Satanás (God’s Divine Plan Includes


Satan)
Satanás e seus anjos são um exército rebelde, mas não um exército que está além do controle de
Deus. Esse exército rebelde foi criado por Deus (mesmo que não fosse rebelde quando criado). Paulo
escreveu:

Pois nele [Cristo] foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam
tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele (Cl.
1:16, ênfase adicionada).

Jesus criou todos os espíritos angelicais de todos os postos, incluindo Satanás. Ele sabia que alguns
iriam se rebelar? É claro que sim. Então, por que os criou? Porque usaria aqueles espíritos rebeldes
para ajudá-lo a cumprir Seu plano. Se Ele não tivesse um plano para eles, simplesmente os teria
encarcerado, como sabemos que já fez com alguns anjos rebeldes (veja 2 Pd. 2:4) e como fará um dia
com Satanás (veja Ap. 20:2).

Deus tem motivos para permitir que Satanás e todos os espíritos malignos operem na terra. Se não
tivesse, estariam completamente fora de serviço. Quais são os motivos de Deus para permitir que
Satanás opere na terra?Acho que ninguém entende todos os motivos; mesmo assim, Deus revelou
alguns deles em Sua Palavra.

Primeiro, Deus permite que Satanás opere limitadamente na terra para cumprir Seu plano de testar os
humanos. Satanás é a escolha alternativa para a fidelidade humana. Percebendo ou não, as pessoas
estão sujeitas a Deus ou a Satanás. Deus permitiu que Satanás tentasse Adão e Eva, duas pessoas
que tinham o livre arbítrio dado por Deus, para testá-los. Todos os que possuem livre arbítrio devem ser
testados para que seja revelado o que realmente está em seus corações: obediência ou desobediência.
[1]

Segundo, Deus permite que Satanás opere limitadamente na terra como um agente de Sua ira sobre os
malfeitores. Já provei isso anteriormente, mostrando vários exemplos específicos nas Escrituras, onde
Deus trouxe julgamento sobre as pessoas que mereciam através de espíritos malignos. O fato de Deus
ter permitido que Satanás reinasse sobre as pessoas incrédulas do mundo é uma indicação de Sua ira
sobre elas. Deus julga grupos de pessoas corruptas permitindo que humanos perversos reinem sobre
elas, assim também como espíritos malignos, tornando suas vidas ainda mais miseráveis.

Terceiro, Deus permite que Satanás opere limitadamente na terra para glorificar a Si mesmo. “Para isso
o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo (1 Jo. 3:8). Cada vez que Deus destrói
um dos trabalhos de Satanás, Seu poder e sabedoria são glorificados.

Jesus é o Cabeça Sobre os Poderes e Principados (Jesus is the Head


Over Principalities and Powers)
Como cristãos, nossa responsabilidade bíblica para lidar com Satanás e espíritos malignos é dupla:
resistir a eles em nossas próprias vidas (Tg. 4:7) e expulsá-los da vida de quem quer ser liberto (Mc.
16:17). Qualquer cristão que tenha experiência em expulsar demônios de pessoas sabe que, como
regra geral, ele não será capaz de expulsar o demônio a menos que a pessoa endemoninhada queira
ser liberta. [2] Deus honra o livre arbítrio de cada pessoa e se alguém quiser permanecer possesso,
Deus não o impedirá.

Esse é outro motivo do porquê não podermos derrubar espíritos territoriais de sobre áreas geográficas.
Aqueles espíritos estão segurando pessoas enlaçadas porque é isso que elas escolheram. Através da
proclamação do evangelho a elas, oferecemos uma escolha. Se fizerem a escolha certa, o resultado
será sua libertação de Satanás e dos espíritos malignos. Se fizerem a escolha errada, escolhendo não
se arrependerem, Deus continuará permitindo que Satanás os mantenha cativos.

Jesus é mencionado nas Escrituras como “o Cabeça de todo poder e autoridade” (Cl. 2:10). Mesmo que
as palavras gregas para poder (arche) e autoridade (exousia) sejam, às vezes, usadas para descrever
líderes políticos humanos, também são usadas no Novo Testamento como títulos para governadores
espirituais demoníacos. A passagem clássica sobre a luta dos cristãos contra poderes (arche) e
autoridades (exousia) em Efésios 6:12 é um exemplo.

Quando lemos dentro do contexto o que Paulo escreveu sobre Jesus ser o Cabeça de todo poder e
autoridade em Colossenses 2:10, parece claro que está falando de poderes espirituais. Por exemplo, na
mesma passagem, somente quatro versículos depois, Paulo escreve sobre Jesus: “E, tendo despojado
os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz” (Cl. 2:15,
ênfase adicionada).

Se Jesus é o Cabeça dos poderes e autoridades espirituais, Ele é soberano sobre eles. Essa é uma
maravilhosa revelação aos cristãos que vivem em culturas pagãs e animistas e que gastaram parte de
suas vidas adorando ídolos com medo dos espíritos malignos que sabiam, reinavam sobre eles.

O Único Meio de Fuga (The Only Way of Escape)


A única maneira de escapar do cativeiro de espíritos malignos é se arrepender e crer no evangelho.
Esse é o escape que Deus providenciou. Ninguém pode amarrar as forças demoníacas que pairam
sobre cidades e se libertar completamente ou parcialmente. Até que uma pessoa se arrependa e creia
no evangelho, ela permanecerá na ira de Deus (veja Jo. 3:36), que inclui estar presa por poderes
demoníacos.

É por isso que não há mudanças mensuráveis nas cidades onde as grandes conferências sobre
batalhas espirituais acontecem, porque nada aconteceu que tenha realmente afetado as hierarquias
demoníacas que reinam sobre essas áreas. Os cristãos podem gritar com os poderes e principados dia
e noite; podem tentar atormentar o Diabo com o que chamam de “línguas guerreiras”; podem dizer “eu
vos amarro, espíritos malignos de sobre essa cidade” um milhão de vezes; podem até fazer todas essas
coisas de aviões ou do andar mais alto dos arranhacéus (como alguns fazem); mas a única coisa que
provocarão nos espíritos malignos é fazê-los rir muito dos cristãos tolos.

Vamos prosseguir para o sexto mito moderno sobre batalhas espirituais.

Mito no6: “Batalhas espirituais contra espíritos territoriais abrem as


portas para evangelismo efetivo”. (Myth #6: “Spiritual warfare against
territorial spirits opens the door for effective evangelism.”)
A motivação de muitos cristãos que estão grandemente envolvidos em batalhas espirituais contra
espíritos territoriais é seu desejo de ver o Reino de Deus crescer. Por isso devem ser elogiados. Todos
os cristãos devem desejar ver mais pessoas escaparem das garras de Satanás.

Contudo, é importante que usemos os métodos de Deus para construirmos Seu Reino. Deus sabe o
que funciona e o que é perca de tempo. Ele tem nos falado exatamente quais são nossas
responsabilidades a respeito da expansão de Seu Reino. Pensar que podemos fazer algo que
multiplicará a efetividade de nosso evangelismo, algo que não está nas Escrituras ou que Jesus, Pedro
ou Paulo nunca praticaram em seus ministérios, é besteira.

Por que tantos cristãos pensam que batalhas espirituais podem abrir as portas para o evangelismo
efetivo?Sua linha de raciocínio é algo parecido com isso: “Satanás tem cegado as mentes dos
pecadores; portanto, precisamos fazer batalhas espirituais contra ele para impedir que faça isso. Uma
vez que os tapa-olhos sejam retirados, mais pessoas crerão no evangelho”. Isso é verdade?

Com certeza, não há dúvida de que Satanás tem cegado as mentes dos descrentes. Paulo escreveu:

Mas se o nosso evangelho está encoberto, para os que estão perecendo é que está encoberto. O deus
desta era cegou o entendimento dos descrentes. Para que não vejam a luz do evangelho da glória de
Cristo, que é a imagem de Deus (2 Co. 4:3-4).

A questão é, Paulo deu essa informação aos crentes de Corínto com a intenção de motivá-los a
fazerem batalhas espirituais e derrubar espíritos territoriais, para que pessoas incrédulas se tornassem
mais receptivas?

A resposta é não por vários motivos óbvios.

Primeiro, porque Paulo não continuou dizendo: “Portanto coríntios, porque Satanás tem cegado as
mentes dos ímpios, quero que vocês façam batalhas espirituais e derrubem espíritos territoriais para
que os tapa-olhos sejam removidos”. Em vez disso, a próxima coisa que mencionou foi sua pregação de
Cristo, que é a maneira de remover a cegueira espiritual.

Segundo, em nenhuma de suas cartas Paulo instruiu qualquer crente a se envolver em derrubar
fortalezas de sobre suas cidades para que o evangelismo crescesse.

Terceiro, depois de ler todas as cartas de Paulo sabemos que ele não acreditava que os tapa-olhos de
Satanás eram o motivo principal do porquê os descrentes continuavam a não crer. Os tapa-olhos de
Satanás contribuem, mas não são o único ou principal fator. O principal fator que mantém as pessoas
incrédulas é a dureza de seus corações. Isso é óbvio pelo simples motivo de que Satanás não é capaz
de manter todos cegos. Algumas pessoas, quando ouvem a verdade, creem e, portanto, rejeitam
qualquer mentira em que acreditavam. Não é que os tapa-olhos de Satanás causam a falta de crença,
mas sim a falta de crença que permite os tapa-olhos de Satanás.

Corações Duros (Callous Hearts)


Em sua carta aos efésios, o apóstolo Paulo explicou exatamente porque os ímpios permanecem na falta
de crença:

Assim, eu lhes digo, e no Senhor insisto, que não vivam mais como os gentios, que vivem na inutilidade
dos seus pensamentos. Eles estão obscurecidos no entendimento [talvez uma referência aos tapa-olhos
de Satanás] e separados da vida de Deus por causa da ignorância em que estão, devido ao
endurecimento do seu coração. Tendo perdido toda a sensibilidade, eles se entregaram à depravação,
cometendo com avidez toda espécie de impureza (Ef. 4:17-19, ênfase adicionada).

Paulo disse que os incrédulos estão excluídos da vida de Deus “por causa da ignorância em que estão”.
Mas por que são ignorantes?Por que foram “obscurecidos no entendimento”?A resposta é: “devido ao
endurecimento do seu coração”. Eles perderam a “sensibilidade”. Essa é a razão principal do porquê as
pessoas continuarem descrentes. [3] Elas são as culpadas. Satanás só fornece as mentiras que querem
acreditar.

A parábola de Jesus do semeador e do solo ilustra esse conceito perfeitamente:

O semeador saiu a semear. Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho; foi
pisada, e as aves do céu a comeram… Este é o significado da parábola: A semente é a palavra de
Deus. As que caíram à beira do caminho são os que ouvem, e então vem o Diabo e tira a palavra do
seu coração, para que não creiam e não sejam salvos (Lc. 8:5, 11-12).

Note que a semente, que representa o evangelho, caiu na beira da estrada e foi pisada. Ela não pôde
penetrar no solo duro onde as pessoas andavam com frequência. Portanto, foi fácil para que pássaros,
que representam o Diabo, a roubassem.

O objetivo da parábola é comparar a condição dos corações das pessoas (e sua receptividade à
Palavra de Deus) a vários tipos de solo. Jesus estava explicando por que algumas pessoas creem e
outras não: tudo depende delas.

Como Satanás aparece nessa imagem? Ele só é capaz de roubar a Palavra daqueles que estão com o
coração duro. Os pássaros da parábola só foram uma causa secundária do porquê as sementes não
germinaram. O problema principal era o solo; na verdade, foi a dureza do solo que tornou possível que
os pássaros pegassem as sementes.

Isso também se aplica ao evangelho. O problema real é a dureza dos corações dos agentes morais.
Quando as pessoas rejeitam o evangelho, elas tomam a decisão de continuarem cegas. Elas preferem
acreditar em mentiras do que na verdade. Como Jesus disse: “A luz veio ao mundo, mas os homens
amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más” (Jo. 3:19, ênfase adicionada).

A Bíblia não nos leva a acreditar que as pessoas são sinceras e de bom coração e que certamente
acreditariam no evangelho, se Satanás simplesmente parasse de cegá-las. Pelo contrário, ela nos dá
uma imagem bem escura do caráter humano, e Deus cobrará cada um por suas escolhas pecaminosas.
Sentado em Seu trono de julgamento, Ele não aceitará a desculpa: “o Diabo me fez fazer isso”.

Como Satanás Cega as Mentes das Pessoas (How Satan Blinds


People’s Minds)
Como exatamente Satanás cega as mentes das pessoas?Ele tem algum poder espiritual místico que
derrama sobre a cabeça das pessoas para entorpecer seu entendimento?Um demônio enfia suas
garras em seus cérebros, causando um curto-circuito em seu pensamento racional?Não, Satanás cega
as pessoas fornecendo-lhes mentiras em que acreditem.

Obviamente, se as pessoas realmente acreditassem na verdade que Jesus é o Filho de Deus que
morreu por seus pecados, se realmente acreditassem que um dia terão que comparecer diante dEle
para prestar contas de suas vidas, então se arrependeriam e se tornariam seguidoras dEle. Mas não
acreditam nessas coisas; porém, acreditam em algo. Podem acreditar que não há um Deus ou que não
há vida após a morte. Podem acreditar em reencarnação ou que Deus nunca mandaria alguém para o
inferno. Podem acreditar que suas obras as levarão ao céu. Mas não importa no que acreditam, se não
for no evangelho, pode ser resumido em um palavra: mentiras. Elas não acreditam na verdade e,
portanto, Satanás as mantém cegas através de mentiras. Se, contudo, elas se humilharem e
acreditarem na verdade, Satanás não será capaz de cegá-las mais.

As Mentiras das Trevas (The Lies of Darkness)


O reino de Satanás é mencionado nas Escrituras como o “domínio das trevas” (Cl. 1:13). As trevas, é
claro, representam a ausência da verdade — a ausência de luz ou claridade. Quando você está nas
trevas, caminha de acordo com a sua imaginação e normalmente acaba ferido. É assim no reino de
trevas de Satanás. Os que estão lá levam suas vidas de acordo com suas imaginações e estas foram
contaminadas pelas mentiras de Satanás. Estão em trevas espirituais.

Portanto, o reino de Satanás é melhor definido, não como um reino geográfico com fronteiras definidas,
mas como um reino de crença — isto é, de mentiras. O reino das trevas está localizado no mesmo lugar
que o reino de luz. Os que acreditam na verdade vivem entre os que acreditam em mentiras. [4] Nosso
trabalho principal é proclamar a verdade às pessoas que já acreditam em mentiras. Quando alguém crê
na verdade, Satanás perde outro servo, pois não é mais capaz de enganá-lo.

Portanto, libertamos os pecadores das mãos de Satanás, não por “amarrar” os espíritos que estão
sobre eles, mas por proclamar a verdade. Jesus disse: “E conhecerão a verdade, e a verdade os
libertará” (Jo. 8:32, ênfase adicionada). A verdade cura a cegueira espiritual.

Dentro dessa mesma passagem das Escrituras no evangelho de João, Jesus disse a uma multidão de
ímpios:

Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o
princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria
língua, pois é mentiroso e pai da mentira. No entanto, vocês não crêem em mim, porque lhes digo a
verdade (Jo. 8:44-45, ênfase adicionada).

Note o contraste que Jesus fez entre Ele e o Diabo. Ele fala a verdade; Satanás é o primeiro mentiroso.

Note também que mesmo Jesus tendo falado a Seus ouvintes que tinham como pai o Diabo, e mesmo
tendo exposto Satanás como mentiroso, ainda colocou sobre eles a responsabilidade de crerem na
verdade que falava. Não era por culpa do Diabo que eles estavam cegos — a culpa era deles. Jesus os
considerou responsáveis. Satanás ajuda as pessoas que “amam as trevas” a permanecerem nas trevas
fornecendo a elas mentiras nas quais acreditem. Mas Satanás não pode enganar ninguém que crê na
verdade.

Tudo isso sendo verdade, a principal maneira de atrapalharmos o reino das trevas é espalhando a luz
— a verdade da Palavra de Deus. É por isso que Jesus não falou: “Vão a todo o mundo e amarrem o
Diabo”, mas: “Vão a todo o mundo e preguem o evangelho”. Jesus disse a Paulo que o objetivo de sua
pregação seria “abrir-lhes os olhos e convertê-los das trevas para a luz, e do poder de Satanás para
Deus” (At. 26:18, ênfase adicionada). Isso deixa claro que as pessoas fogem do domínio de Satanás
quando são expostas à verdade do evangelho e tomam a decisão de saírem das trevas e irem para a
luz, crendo na verdade ao invés de em uma mentira. As únicas fortalezas que estamos “derrubando”
são fortalezas de mentiras construídas nas mentes das pessoas.

Este é o Plano de Deus (This is God’s Plan)


Não se esqueça que foi Deus quem lançou Satanás do céu para a terra. Ele poderia ter colocado
Satanás em qualquer lugar do universo ou tê-lo encarcerado para sempre. Mas não fez isso. Por quê?
Porque Deus queria usar Satanás para alcançar Seu objetivo final — o objetivo de, um dia, ter uma
grande família de agentes morais livres que O amem, tendo escolhido servi-Lo.

Se Deus queria uma família de filhos que O amassem, duas coisas eram necessárias. Primeiro, teria
que criar pessoas com o livre arbítrio, pois a base do amor é o livre arbítrio. Robôs e máquinas não
podem amar.

Segundo, teria que testá-los em um ambiente onde teriam que enfrentar a escolha de obedecer ou
desobedecer; amá-Lo ou odiá-Lo. Agentes morais livres devem ser testados. E se haverá um teste de
fidelidade, deverá existir uma tentação à infidelidade. Assim, começamos a entender porque Deus
colocou Satanás na terra. Satanás serviria como a escolha alternativa para a fidelidade humana; sendo-
lhe permitido (com algumas limitações) influenciar qualquer um receptivo às suas mentiras. Todos
enfrentariam uma escolha: Acreditarei em Deus ou em Satanás? Servirei a Deus ou a Satanás?
Percebendo ou não, todos já fizeram uma escolha. Nosso trabalho é encorajar as pessoas que tomaram
a decisão errada a se arrependerem e acreditarem no evangelho, tomando a decisão certa.

Não foi isso o que aconteceu no Jardim do Éden? Deus colocou a árvore do conhecimento do bem e do
mal ali e então proibiu que Adão e Eva comessem dela. Se Deus não queria que comessem dela, por
que a colocou ali? A resposta é que ela servia como um teste.

Também notamos que Satanás recebeu permissão de Deus para tentar Eva. Novamente, se a
fidelidade precisa ser testada, deve existir a tentação para ser infiel. Satanás mentiu para Eva e ela
acreditou nele; portanto, ao mesmo tempo decidiu não acreditar no que Deus lhe tinha dito. O
resultado? Os primeiros agentes morais revelaram a deslealdade que estava em seus corações.

De maneira similar, todos os agentes morais livres são testados no decorrer de suas vidas. Deus se
revelou através de Sua criação e, portanto, todos podem ver que existe um Deus incrível (veja Rm.
1:19-20). Deus deu a cada um de nós uma consciência, e em nossos corações, distinguímos o errado
do certo (veja Rm. 2:14-16). Foi permitido a Satanás e a seus espíritos malignos que, de maneira
limitada, mentissem e tentassem as pessoas. O resultado é que todos os agentes morais livres são
testados.

A triste verdade é que todos os agentes morais livres se rebelaram e “trocaram a verdade de Deus pela
mentira” (Rm. 1:25). Contudo, podemos agradecer a Deus por ter providenciado para nós um resgate
de nossos pecados e uma maneira de nascermos em Sua família. A morte sacrificial de Jesus é o único
caminho e a resposta suficiente para o nosso problema.

A Decepção de Satanás, Agora e Mais Tarde (Satan’s Deception, Now


and Later)
Então, entendemos pelo menos uma razão do porquê é permitido que o Diabo e seu exército rebelde
trabalhem neste planeta: para enganar aqueles que amam as trevas.

Essa verdade é comprovada quando consideramos que, de acordo com o livro de Apocalipse, um dia
Satanás será preso por um anjo e encarcerado por mil anos. O motivo desse aprisionamento? “Para
assim impedi-lo de enganar as nações” (Ap. 20:3). Durante esse Milênio, Jesus reinará o mundo
pessoalmente de Jerusalém.

Mas depois desse mil anos, Satanás será solto por um curto período de tempo. O resultado? Ele “sairá
para enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra”(Ap. 20:8).

Se Deus não quer que Satanás engane as pessoas naquele tempo, por que Ele o libertará?
Especialmente sob a luz de que Deus originalmente encarcerou Satanás “para impedi-lo de enganar as
nações”?

É claro que Deus preferiria que Satanás nunca enganasse alguém. Mas Ele sabe que as únicas
pessoas a quem Satanás pode enganar são aquelas que rejeitam a verdade, e é por isso que Deus
permite que ele opere agora, e permitirá que opere depois. Enquanto Satanás engana as pessoas, a
condição dos corações delas é aparente, e então, Deus pode separar o “trigo do joio” (veja Mt. 13:24-
30).

Isso é exatamente o que acontecerá no fim do Milênio quando Satanás for solto. Ele enganará todos os
que amam as trevas, e então reunirá seus exércitos ao redor de Jerusalém em uma tentativa de acabar
com o reinado de Cristo. Deus saberá exatamente quem O ama e quem O odeia, e imediatamente
mandará fogo do céu que os devorará (veja Ap. 20:9). Satanás servirá aos propósitos de Deus, assim
como faz agora. Por esse motivo, entre outros, é besteira pensar que podemos “derrubar espíritos
territoriais”. Deus permite que operem, pois tem Seus motivos.

Evangelismo Bíblico (Biblical Evangelism)


O fato é que nem Jesus nem qualquer um dos apóstolos do Novo Testamento praticaram o tipo de
batalha espiritual que alguns dizem ser a chave perdida para o evangelismo efetivo de hoje. Nunca
encontramos Jesus, Pedro, João, Estevão, Filipe ou Paulo “derrubando fortalezas” ou “amarrando o
homem forte” de sobre as cidades onde pregavam. Ao invés disso, vemos que seguiam o Espírito Santo
a respeito de onde deveriam pregar; encontramos esse homens proclamando o evangelho simples —
chamando as pessoas ao arrependimento e fé em Cristo — e os encontramos aproveitando os
resultados maravilhosos. E nos casos em que pregaram a pessoas não-receptivas que rejeitaram o
evangelho, não os vemos “fazendo batalhas espirituais para que Satanás não fosse capaz de continuar
cegando suas mentes”. Contudo, os encontramos sacudindo o pó de seus pés, como Jesus mandou e
indo para a próxima cidade (veja Mt. 10:14; At. 13:5).

É incrível que alguém possa dizer que “derrubar fortalezas” e “amarrar o homem forte” sejam pré-
requisitos ao evangelismo com sucesso, quando existem milhares de exemplos de grandes
reavivamentos na história da Igreja onde “batalhas espirituais” nunca foram praticadas.

“Mas nossas técnicas funcionam!”, alguns dizem. “Desde que começamos a fazer esse tipo de batalha
espiritual, mais pessoas têm sido salvas que antes”.

Se isso for verdade, lhe direi porquê. Porque têm havido mais orações de acordo com a Bíblia e mais
evangelismo feitos ao mesmo tempo, ou porque um grupo de pessoas se tornou repentinamente
receptível ao evangelho.
O que você diria se um evangelista lhe dissesse: “Hoje, antes de pregar no culto de reavivamento, comi
três bananas. E quando preguei, dezesseis pessoas foram salvas! Finalmente encontrei o segredo do
evangelismo efetivo! De agora em diante, sempre comerei três bananas antes de pregar!”?

Com certeza, você diria ao evangelista: “O fato de você ter comido três bananas não influenciou em
nada com o fato das dezesseis pessoas terem sido salvas. A chave para o seu sucesso é que você
pregou o evangelho e havia dezesseis ouvintes receptivos”.

Deus honra Sua Palavra. Se Ele fizer uma promessa e alguém se encaixar naquela promessa em
particular, manterá Sua promessa, mesmo que essa pessoa esteja fazendo outras coisas não-bíblicas.

Isso se aplica às atuais práticas de batalhas espirituais. Se você começar a evangelizar e a “amarrar o
homem forte” que está sobre sua cidade, certa porcentagem de pessoas será salva. E se começar a
evangelizar sem amarrar o homem forte, a mesma porcentagem de pessoas será salva.

Como Orar Biblicamente por uma Colheita Espiritual (How to Pray


Scripturally for a Spiritual Harvest)
Como devemos orar por pessoas incrédulas? Primeiro, devemos entender que não há instrução no
Novo Testamento que nos diga como orar para que Deus salve pessoas, nem há registros dos
primeiros cristãos orando dessa forma. A razão é que do ponto de vista de Deus, Ele já fez todo o
necessário para que todos sejam salvos. Ele deseja tanto que sejam salvos que deu Seu Filho para
morrer na cruz.

Mas por que não estão todos salvos ainda? Porque nem todos creem no evangelho. E por que não
creem? Só existem dois motivos: (1) Nunca ouviram o evangelho ou (2) ouviram o evangelho e o
rejeitaram.

É por isso que a maneira bíblica de orar pelos incrédulos é orar para que tenham oportunidades de
ouvir o evangelho. Por exemplo, Jesus nos disse: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são
poucos. Portanto, peçam ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para a sua colheita” (Lc. 10:2,
ênfase adicionada). Para que as pessoas ouçam o evangelho e sejam salvas, alguém precisa pregar a
elas. É por isso que devemos orar para que Deus mande pessoas a elas.

Quando a Igreja primitiva orava a respeito de uma colheita espiritual, oravam: “Capacita os teus servos
para anunciarem a tua palavra corajosamente. Estende a tua mão para curar e realizar sinais e
maravilhas por meio do nome do teu santo servo Jesus” (At. 4:29-10, ênfase adicionada).

Eles estavam pedindo por (1) oportunidades de proclamar o evangelho corajosamente ou (2) coragem
para proclamar o evangelho nas oportunidades que sabiam que teriam. Também esperavam que Deus
confirmasse o evangelho com curas, sinais e maravilhas. Essas são orações bíblicas, e note que o
objetivo era dar às pessoas a oportunidade de ouvir o evangelho. Deus respondeu às suas orações:
“Depois de orarem, tremeu o lugar em que estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e
anunciavam corajosamente a palavra de Deus” (At. 4:31).

Como Paulo pensou que os cristãos deveriam orar a respeito de produzir uma colheita espiritual? Ele os
instruiu a pedir a Deus que salvasse mais pessoas? Não, vamos ler o que ele disse:

Finalmente, irmãos, orem por nós, para que a palavra do Senhor se propague rapidamente e receba a
honra merecida, como aconteceu entre vocês (2 Ts. 3:1, ênfase adicionada).
Orem também por mim, para que, quando eu falar, seja-me dada a mensagem a fim de que,
destemidamente, torne conhecido o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador preso em
correntes. Orem para que, permanecendo nele, eu fale com coragem, como me cumpre fazer (Ef. 6:19-
20, ênfase adicionada).

Agora, se as pessoas serão salvas ou não, depende mais delas que de Deus e, portanto, nossas
orações devem ser para que as pessoas ouçam o evangelho e para que Deus nos ajude a proclamá-lo.
Deus responderá nossas orações, mas isso ainda não garante que alguém seja salvo, pois Deus dá às
pessoas o direito de tomarem suas próprias decisões. Sua salvação depende de sua resposta ao
evangelho.

Mito no7: “Quando um cristão peca, ele abre a porta para que um
demônio entre e more nele”. (Myth #7: “When a Christian sins, he opens
the door for a demon to come and live in him.”)
É verdade que quando um cristão peca, pode ser porque tenha dado lugar à tentação de um espírito
maligno. Contudo, dar lugar a sugestões de um espírito maligno não significa que o espírito maligno é
capaz de entrar no crente. Como cristãos, quebramos nossa comunhão com Deus quando pecamos
porque O desobedecemos (veja 1 Jo. 1:5-6). Sentimo-nos culpados; contudo, não quebramos nosso
relacionamento com Ele, sendo que somos Seus filhos.

“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar
de toda a injustiça” (1 Jo. 1:9). Então, nossa comunhão com Ele é restaurada. Note que João não disse
que precisamos ser purificados de qualquer demônio quando somos culpados de algum pecado.

Todos os cristãos enfrentam tentações diárias do mundo, da carne e do Diabo. Paulo escreveu que
realmente temos uma luta contra vários espíritos malignos (veja Ef. 6:12). Portanto, até certo ponto,
todos os cristãos são perturbados por espíritos demoníacos. Isso é normal, e é nossa responsabilidade
resistir ao Diabo e aos demônios pela fé na Palavra de Deus (veja 1 Pd. 5:8-9). Quando cremos e
agimos de acordo com o que Deus disse, estamos resistindo ao Diabo.

Por exemplo, se Satanás trouxer pensamentos de depressão, devemos pensar em uma passagem que
vai contra a depressão e obedecer a Palavra de Deus de sempre nos alegrarmos (veja 1 Ts. 5:18). É
nossa responsabilidade agir de acordo com a Palavra de Deus e trocar os pensamentos de Satanás
pelos de Deus.

Devemos reconhecer que, como agentes morais livres, podemos pensar no que quisermos. Se um
crente continuamente escolhe ouvir e dar lugar às sugestões de espíritos malignos, ele com certeza
pode abrir sua mente para se tornar oprimido, que é simplesmente um estado em que se está mais
receptivo e mais dominado por pensamentos errados. Se ele escolher dar ainda mais lugar, pode se
tornar obsecado por certo tipo de pensamento errado, o que é muito raro para um cristão, mas pode
acontecer. Ainda assim, se o cristão desejar ser liberto, tudo o que precisa fazer é decidir pensar e dar
lugar à Palavra de Deus, ou seja, resistir ao Diabo.

Mas ele pode ser possesso? Somente se decidir por vontade própria, sem ser pressionado, a rejeitar a
Cristo e se virar completamente contra Ele. Então, é claro, não seria mais cristão [5] e poderia ser
possesso — se se rendesse ainda mais ao espírito maligno que o oprimia. Mas isso está muito longe de
abrir a porta para um espírito maligno habitar em você através de um pecado cometido.

É um fato que não há sequer um exemplo no Novo Testamento de qualquer cristão sendo possesso por
um demônio. Também não há aviso aos cristãos sobre a perigosa possibilidade de serem habitados por
demônios ou instrução a respeito de como expulsar demônios de companheiros cristãos.

A verdade é que, como cristãos, não precisamos expulsar demônios de nós mesmos — o que
precisamos é renovar nossas mentes na Palavra de Deus. Isso é bíblico! Paulo escreveu:

Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que
sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm. 12:2).

Uma vez que nossas mentes tenham sido purificadas dos antigos padrões de pensamento e renovadas
com a verdade da Palavra de Deus, ganhamos vitória sobre hábitos pecaminosos e vivemos de maneira
cristã consistente. É a verdade que nos liberta (veja Jo. 8:32). Somos transformados enquanto
renovamos nossas mentes, não enquanto exorcizamos demônios.

Então, por que existem tantos cristãos que testificam que já tiveram um demônio (ou mais) expulso
deles? Uma possibilidade é terem imaginado que tinham um demônio que já havia sido retirado. Muitos
cristãos são ingênuos e não têm conhecimento da Palavra de Deus e, portanto, são presas fáceis para
os “ministradores de libertação”, que manipulam psicologicamente as pessoas para pensarem que têm
demônios. Uma vez que as pessoas são convencidas disso, irão cooperar naturalmente com qualquer
um que pareça ser confiante de sua habilidade de expulsar o demônio.

Outra possibilidade real é as pessoas terem sido libertas de demônios por não serem verdadeiras
cristãs. O evangelho moderno, que contrasta completamente o evangelho bíblico, tem enganado a
muitos, fazendo-os pensar que são cristãos, mesmo sendo indistinguíveis de ímpios e mesmo não
tendo Jesus como Senhor. Nas Escrituras, vemos que quando as pessoas criam no evangelho e
renasciam, os demônios que viviam nelas saíam automaticamente (veja At. 8:5-7). Os demônios não
podem possuir as pessoas que são habitadas pelo Espírito Santo e o Espírito Santo habita nas pessoas
que nascem de novo.

Mito no 8: “Através da história de uma cidade, podemos determinar


quais espíritos demoníacos a dominam e, portanto, a batalha espiritual e
consequentemente o evangelismo serão mais efetivos”. (Myth 8:
“Through studying the history of a city, we can determine which evil
spirits are dominating it, and thus be more effective in spiritual warfare
and ultimately in evangelization.”)
Esse mito é fundado em várias ideias que não podem ser sustentadas pelas Escrituras. Uma delas é
que espíritos territoriais permanecem por muito tempo. Isto é, os que viveram em uma região há
centenas de anos, supostamente ainda estarão lá. Portanto, se encontrarmos uma cidade que foi
fundada por pessoas ambiciosas, podemos concluir que existem espíritos de ambição dominando a
cidade hoje. Se a cidade foi um dia uma aldeia indígena, podemos concluir que espíritos de xamanismo
e bruxaria dominam a cidade hoje. E por aí vai.

Mas é verdade que os mesmos poderes e principados malignos que viveram sobre uma área geográfica
há centenas de anos ainda estão lá? Talvez, mas não necessariamente.

Considere a história que lemos anteriormente do décimo capítulo do livro de Daniel. O anjo sem nome
que recebia ajuda de Miguel para lutar contra “o príncipe da Pérsia” disse a Daniel: “Tenho que voltar
para lutar contra o príncipe da Pérsia e, logo que eu for, chegará o príncipe da Grécia” (Dn. 10:20,
ênfase adicionada). A história nos diz que o Império Persa sucumbiu aos gregos através das conquistas
de Alexandre, o Grande. Mesmo assim, esse anjo sem nome sabia das mudanças correspondentes que
aconteceriam no reino espiritual — o “príncipe da Grécia” estava chegando.

Quando o príncipe da Grécia chegou, ele governou o reino espiritual sobre o Império Romano, assim
como o príncipe da Pérsia governou o reino espiritual sobre o Império Persa? Essa conclusão parece
razoável e, assim, alguns espíritos malignos de alto escalão mudaram de área geográfica, já que o
Império Grego incluía praticamente todo o território do Império Persa. Quando há mudanças políticas na
terra, é possível que haja mudanças no reino das trevas. Contudo, o fato é que não sabemos, a menos
que Deus revele a nós.

Apesar disso, faz pouca diferença quais espíritos malignos reinam sobre qual região, já que nada
podemos fazer a respeito disso através de “batalha espiritual”, como já provado.

Categorizando demais Espíritos Malignos (Over-Categorizing Evil


Spirits)
Além do mais, é uma mera suposição pensar que existam espíritos governadores especializados
em certos pecados. Todo o conceito de existirem “espíritos de ambição”, “espíritos de cobiça”,
“espíritos religiosos” e assim por diante, não pode ser sustentado pelas Escrituras, muito menos a
ideia de que esses diferentes tipos de espíritos existam e reinem nas posições mais altas no reino
das trevas.

Por mais impressionante que seja, para os que nunca estudaram os quatro evangelhos de perto, só
existem três tipos específicos de demônios que Jesus expulsou: É mencionado uma vez, um “demônio
que era mudo” (Lc. 11:14); outra vez, lemos sobre um “espírito mudo e surdo” (Mc. 9:25); e mais de
uma vez encontramos referência a “espíritos imundos”, que parece incluir todos os demônios que Jesus
expulsou, incluindo o “surdo e mudo” (veja Mc. 9:25).

Não é possível que o espírito “surdo e mudo” fosse capaz de fazer outra coisa além de deixar alguém
surdo e mudo?Com certeza, sim; pois também fez com que o menino de Marcos 9 tivesse convulsões
horríveis. Portanto, “surdo e mudo” pode não ser uma referência ao tipo específico que era, mas uma
simples referência a como estava prejudicando certa pessoa. Alguns de nós se tornaram “loucos por
categorias” a respeito de demônios, indo além da revelação bíblica.

Em todo o Velho Testamento, os únicos espíritos específicos que são mencionados, e talvez
considerados espíritos malignos, são: um “espírito mentiroso” (1 Rs. 22:22-23); um espírito de
desorientação (veja Is. 19:14); e um “espírito de prostituição” (Os. 4:12; 5:4). A respeito dos dois
primeiros, todos os espíritos malignos podem ser chamados de espíritos de mentira e de desorientação.
A respeito do terceiro, a frase “espírito de prostituição” não é necessariamente uma referência a um
espírito maligno, mas a uma atitude predominante. [6]

Em todo o livro de Atos, a única menção de um espírito maligno específico é em Atos 16:16, onde
lemos a respeito de uma jovem que tinha um “espírito pelo qual predizia o futuro”. E em todas as
epístolas, o único tipo de espírito maligno específico que é mencionado é “espírito enganador” (1 Tm.
4:1) que, novamente, pode ser a descrição de qualquer espírito maligno.

À luz de algumas referências a tipos específicos de demônios na Bíblia, é incrível ler algumas das listas
modernas que contém centenas de vários tipos de demônios que podem habitar pessoas ou controlar
cidades.

Não devemos presumir, portanto, que haja categorização, por pecado específico, de qualquer nível
elevado de espíritos malignos. É uma inferência dizer: “Por haver tantas apostas naquela cidade, deve
haver espíritos de apostas sobre ela”.

Espíritos do Fumo? (Smoking Spirits?)


Pense como alguém pareceria tolo se dissesse: “Deve haver muitos espíritos do fumo sobre aquela
cidade, porque tantas pessoas lá fumam cigarros”. O que esses espíritos do fumo estavam fazendo
antes daquelas cidades existirem? O que eles eram? O que faziam antes do tabaco ser usado como
fumo? A razão de menos pessoas fumarem agora é porque alguns desses velhos “demônios do fumo”
estão morrendo ou mudando para novos territórios?

É possível ver a tolice de dizer coisas como: “Aquela cidade é controlada pelos espíritos de cobiça, e é
por isso que existem tantos prostíbulos lá”? A verdade é que onde as pessoas não servem a Cristo,
existe um reino de trevas. Muitos espíritos malignos operam no domínio das trevas que incita seus
subordinados a pecar e continuar em sua rebeldia contra Deus. Esses espíritos tentarão as pessoas em
todas as áreas para que pequem; em alguns lugares, as pessoas cederão mais a um tipo de pecado
que a outro. Sua única esperança é o evangelho, o qual fomos chamados para proclamar.

Mesmo que houvesse tipos específicos de espíritos malignos especializados em certos pecados e que
reinavam sobre certas áreas geográficas, tal conhecimento não nos ajudaria, pois não há nada que
possamos fazer para removê-los. Nossa responsabilidade é orar (de maneira bíblica) pelas pessoas
que estão enganadas e lhes anunciar o evangelho.

A única vantagem em saber quais são os pecados predominantes de certa cidade seria para pregarmos
mensagens mais condenadoras aos pecadores que moram lá — nomeando especificamente os
pecados dos quais são culpados diante de Deus. Mas não há necessidade de pesquisarmos a história
de uma cidade para determinar isso. Os pecados predominantes logo se tornam evidentes.

Por último, não há exemplo no Novo Testamento de alguém fazendo “mapeamento espiritual” como
meio de preparo para batalhas espirituais e evangelismo. Também não há instruções nas epístolas para
que façamos isso. No Novo Testamento, os apóstolos obedeciam o Espírito Santo a respeito de onde
deveriam pregar; proclamavam fielmente o evangelho, chamavam as pessoas ao arrependimento, e
dependiam do Senhor para confirmar a palavra com sinais. O método deles funcionava bem.

Mito no 9: “Alguns cristãos precisam ser libertos de maldições familiares


e satânicas”. (Myth 9: “Some Christians need to be set free from
generational or satanic curses.”)
Toda a ideia de “maldições familiares” vem de quatro passagens das Escrituras encontradas no Velho
Testamento que dizem, basicamente, a mesma coisa. Elas são Êxodo 20:5; 34:7; Números 14:18 e
Deuteronômio 5:9. Vamos considerar Números 14:18

O Senhor é muito paciente e grande em fidelidade, e perdoa a iniqüidade e a rebelião, se bem que não
deixa o pecado sem punição, e castiga os filhos pela iniqüidade dos pais até a terceira e quarta geração
(ênfase adicionada).

Como devemos interpretar essa passagem das Escrituras?Significa que Deus porá uma maldição ou
punirá alguém pelos pecados de seus pais, avós, bisavós ou tataravós?Devemos acreditar que Deus
pode perdoar alguém pelos seus pecados, uma vez que creu em Jesus, mas ainda o castigará pelos
pecados de seus tataravós?

Com certeza não; caso contrário, Deus poderia ser acusado justamente de ser grandemente injusto e
hipócrita. Ele mesmo disse que castigar alguém pelos pecados de seus pais é moralmente errado:

“Contudo, vocês [israelitas] perguntam: ‘Por que o filho não partilha da culpa de seu pai?’ Uma vez que
o filho fez o que é justo e direito e teve o cuidado de obedecer a todos os meus decretos, com certeza
ele viverá. Aquele que pecar é que morrerá. O filho não levará a culpa do pai, nem o pai levará a culpa
do filho. A justiça do justo lhe será creditada, e a impiedade do ímpio lhe será cobrada” (Ez. 18:19-20,
ênfase adicionada).

Mais adiante, debaixo da Lei de Moisés, Deus ordenou que nem pai nem filho deve carregar o castigo
pelo pecado do outro:

Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos em lugar dos pais; cada um morrerá pelo
seu próprio pecado (Dt. 24:16).

Não há possibilidade que um Deus de amor e justiça possa amaldiçoar ou punir alguém pelo pecado de
seu ancestral. [7] Então, o que a Bíblia quer que entendamos quando diz que Deus “não deixa o pecado
sem punição, e castiga os filhos pela iniqüidade dos pais até a terceira e quarta geração”?

Só pode significar que Deus responsabiliza as pessoas pelos exemplos pecaminosos que dão aos
filhos, e responsabiliza-os parcialmente pelos pecados de seus filhos cometidos por sua influência.
Deus as responsabiliza parcialmente por sua má influência, pelos pecados de seus tataranetos! Deus é
assim. E ninguém pode dizer que Ele é injusto por fazer isso.

Note que a passagem sob consideração diz que Deus “castiga os filhos pela iniqüidade dos pais”. É a
iniquidade dos pais em seus filhos que está sendo castigada.

Portanto, a ideia de “maldição familiar” é uma superstição, e uma má superstição, já que faz Deus
parecer injusto.

Maldições Satânicas? (Satanic Curses?)


Mas e as “maldições satânicas”?

Em primeiro lugar, a Bíblia nunca diz que Satanás é capaz de “colocar maldições” em alguém, e
também não dá exemplos nos quais o faça. Com certeza, encontramos Satanás afligindo as pessoas na
Bíblia, mas nunca o encontramos “colocando maldições” sobre uma família que resulte em má sorte
sobre eles e sobre as gerações sequentes.

Todos os cristãos são afligidos por Satanás e por espíritos malignos (até certo ponto) durante toda a
vida, mas isso não quer dizer que precisemos “quebrar as maldições satânicas” que foram passadas
para nós através de nossos pais. O que precisamos fazer é permanecer na Palavra de Deus e resistir
ao Diabo pela fé, como somos instruídos pelas Escrituras (veja 1 Pd. 5:8-9).

Na Bíblia, Deus é quem tem poder para abençoar e amaldiçoar (veja Gn. 3:17; 4:11; 5:29; 8:21; 12:3;
Nm. 23:8; Dt. 11:26; 28:20; 29:27; 30:7; 2 Cr. 34:24; Sl. 37:22; Pv. 3:33; 22:14; Lm. 3:65; Ml. 2:2; 4:6).
As pessoas podem nos amaldiçoar com sua bocas, mas suas maldições são inofensivas a nós:

Como o pardal que voa em fuga, e a andorinha que esvoaça veloz, assim a maldição sem motivo justo
não pega (Pv. 26:2).

Balaão estava certo quando, depois de ser contratado por Balaque para amaldiçoar os filhos de Israel,
disse: “Como posso amaldiçoar a quem Deus, não amaldiçoou?Como posso pronunciar ameaças
contra quem o Senhor não quis ameaçar?” (Nm. 23:8).

Alguns crentes se empolgam com a ideia de pessoas amaldiçoando outras, baseadas nas palavras de
Jesus em Marcos 11:23: “Eu lhes asseguro que se alguém disser a este monte: ‘Levante-se e atire-se
ao mar’, e não duvidar em seu coração, mas crer que acontecerá o que diz, assim lhe será feito”.

Note, contudo, que não há poder em simplesmente falar as palavras, mas em acreditar de coração nas
palavras. De forma alguma uma pessoa pode acreditar que sua maldição possa prejudicar alguém, pois
fé é a certeza (Hb. 11:1), e a fé só vem por ouvir a Palavra de Deus (veja Rm. 10:17). Uma pessoa pode
esperar que sua maldição contra alguém traga à pessoa amaldiçoada desgraça, mas nunca pode crer
nisso, pois Deus não deu uma promessa que sustente a fé de amaldiçoar as pessoas.

A única exceção a isso seria se Deus desse a alguém o “dom de fé” juntamente com o “dom de
profecia” (dois dos nove dons do Espírito), que seria usado como forma de abençoar ou amaldiçoar,
como vemos que Ele fazia, às vezes, nas vidas de alguns personagens do Novo Testamento (veja Gn.
27:27-29, 38-41; 49:1-27; Js. 6:26 com 1 Rs. 16:34; Jz. 9:7-20, 57; 2 Rs. 2:23-24). Mesmo nesses
casos, as bênçãos ou maldições vinham de Deus, não de homens. Portanto, a ideia de alguém ser
capaz de “amaldiçoar” outra pessoa é somente uma superstição. É por isso que Jesus não nos instruiu
a “quebrar maldições que foram feitas contra nós”, mas simplesmente a “amaldiçoar aqueles que nos
amaldiçoam”.Não devemos temer as maldições das pessoas. Ter medo das maldições de alguém é
mostrar falta de fé em Deus. Infelizmente, sempre encontro pastores que parecem ter mais fé no poder
de Satanás que no poder de Deus. Mesmo que eu viaje para diferentes países todos os meses
causando muito dano ao reino de Satanás, não tenho o menor medo dele ou de qualquer maldição que
alguém tenha colocado em mim. Não há razão para temer.

Maldições Ocultas? (Occult Curses?)


É possível ter alguma maldição satânica sobre nós por causa de um envolvimento oculto no passado?

Não devemos nos esquecer de que quando renascemos, somos libertos do poder de Satanás e do
reino das trevas (veja At. 26:18; Cl. 1:13). Satanás não tem mais poder sobre nós a menos que o
permitamos. Mesmo que a Bíblia indique que os cristãos de Éfeso eram bastante envolvidos com magia
antes de sua conversão (veja At. 19:18-19), não há menção de Paulo quebrando “maldições satânicas”
ou amarrando o poder de Satanás que os oprimia depois de terem renascido. O motivo é que foram
automaticamente libertos do domínio de Satanás no momento em que creram em Jesus.

Além do mais, quando Paulo escreveu para os cristãos de Éfeso, não deu instruções a respeito de
libertar alguém de maldições satânicas ou familiares. Tudo o que disse foi: “não dêem lugar ao Diabo”
(Ef. 4:27), e “vistam toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do Diabo”
(Ef. 6:11). Essas são responsabilidades de todos os cristãos.

Mas por que, em alguns casos, os cristãos aparentemente foram ajudados quando alguém quebrou
uma “maldição familiar” ou “satânica” que estava sobre eles? Provavelmente porque o indivíduo que
precisava de ajuda tinha fé que o Diabo fugiria, uma vez que a “maldição” fosse quebrada. É a fé que
faz o Diabo fugir, e todos os cristãos podem e devem ter fé que, se resistirem ao Diabo, ele fugirá.
Contudo, não há necessidade de chamar um “especialista de libertação” para fazer com que o Diabo
fuja.

Finalmente, a Bíblia nos diz que Cristo “se tornou maldição em nosso lugar” e fazendo isso, “nos
redimiu da maldição da Lei” (Gl. 3:13, ênfase adicionada). Todos estávamos debaixo da maldição de
Deus, pois todos pecamos, mas quando Jesus assumiu nosso castigo, fomos libertos dessa maldição.
Glórias a Deus! Não mais amaldiçoados, podemos nos alegrar, pois agora somos abençoados “com
todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo” (Ef. 1:3).

Batalha Espiritual Bíblica (Scriptural Spiritual Warfare)


Falamos de vários mitos modernos a respeito de batalhas espirituais. Mas existe uma forma de batalha
espiritual que seja bíblica?Sim, e esse será nosso foco principal.

Talvez o primeiro fato que precisamos saber sobre batalha espiritual é que ela não deve ser nosso foco
na vida cristã. Devemos estar focados em Cristo, em seguir e obedecê-Lo, enquanto nos tornamos cada
vez mais semelhantes a Ele. Somente uma pequena porção do Novo Testamento se dirige ao assunto
de batalha espiritual, nos indicando que deve ter um papel pequeno na vida cristã.

O segundo fato que precisamos saber sobre batalhas espirituais é que a Bíblia nos diz o que
precisamos saber. Não precisamos de discernimento especial (ou de um pregador que diz ter
discernimento especial) nas “profundezas de Satanás”. Batalha espiritual bíblica é simples. As
estratégias de Satanás estão claramente reveladas nas Escrituras. Nossas responsabilidades estão
marcadas de forma direta. Uma vez que você conhece e crê no que Deus disse, tem garantia de ser
vitorioso na batalha espiritual.

De Volta ao Início (Back to the Beginning)


Vamos voltar ao livro de Gênesis, onde somos apresentados ao Diabo pela primeira vez. Nos primeiros
capítulos, Satanás aparece na forma de uma serpente. Se houver alguma dúvida de que essa serpente
é o Diabo, Apocalipse 20:2 a retira: “Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo, Satanás”
(ênfase adicionada).

Gênesis 3:1 diz: “Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens que o Senhor Deus
tinha feito”. Quando paramos para pensar em como algumas das criaturas de Deus são astutas quando
competem para sobreviver e buscar sua presa, entendemos o quanto Satanás deve ser astuto. Por
outro lado, ele não é onisciente como Deus, e não devemos assumir que temos uma desvantagem
mental em nossa luta contra ele. Jesus nos instruiu a sermos “astutos como as serpentes” (Mt. 10:16,
ênfase adicionada). Paulo disse que não era ignorante das estratégias de Satanás (veja 2 Co. 2:11) e
que temos a “mente de Cristo” (1 Co. 2:16).

Satanás lançou seu primeiro dardo de fogo registrado, questionando Eva sobre o que Deus disse. Sua
resposta revelaria se ele teria a chance de enganá-la para que desobedecesse a Deus. Satanás não
tem jeito de enganar ninguém que crê e obedece o que Deus diz, razão porque toda a estratégia gira ao
redor de ideias que contradizem a Palavra de Deus.

Satanás perguntou a ela: “Foi isso mesmo que Deus disse: ‘Não comam de nenhum fruto das árvores
do jardim’?” (Gn. 3:1). Quase parece uma pergunta inocente de um inquiridor casual, mas Satanás
sabia exatamente qual era seu objetivo.

Eva respondeu: “Podemos comer do fruto das árvores do jardim, mas Deus disse: ‘Não comam do fruto
da árvore que está no meio do jardim, nem toquem nele; do contrário vocês morrerão’” (Gn. 3:2-3).

Eva quase acertou. Na verdade, Deus nunca os proibiu de tocar no fruto do conhecimento do bem e do
mal, mas somente os proibiu de comê-lo.

Com certeza, Eva conhecia a verdade o suficiente para reconhecer a mentira da resposta de Satanás:
“Certamente não morrerão!” (Gn. 3:4). Isso, é claro, é uma contradição óbvia do que Deus disse, e é
improvável que Eva teria acreditado sem hesitação. Então Satanás disfarçou sua mentira com alguma
verdade, como normalmente faz, fazendo mais fácil engoli-la. Ele continuou: “Deus sabe que, no dia em
que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês, como Deus, serão conhecedores do bem e do mal”
(Gn. 3:5).

Na verdade, Satanás disse três verdades depois de ter mentido. Sabemos que depois de terem comido
do fruto proibido, os olhos de Adão e Eva foram abertos (veja Gn. 3:7) como Satanás disse. Depois,
Deus disse que o homem tinha se tornado como Deus e que tinha vindo a conhecer o bem e o mal (veja
Gn. 3:22). Note: Muitas vezes, Satanás mistura a verdade com o erro para enganar as pessoas.

Note também que Satanás falou mal do caráter de Deus. Deus não queria que Adão e Eva comessem
do fruto proibido para o próprio bem e felicidade deles, mas Satanás fez parecer que Ele estava
mantendo algo bom afastado deles. A maioria das mentiras de Satanás falam mal a respeito do caráter,
vontade e motivos de Deus.

Infelizmente, o primeiro casal da Terra rejeitou a verdade para acreditar em uma mentira e sofreram as
consequências. Mas note todos os elementos de batalha espiritual em sua história: a única mentira de
Satanás estava cercada de verdades. Os humanos foram confrontados com a escolha de acreditar no
que Deus disse ou no que Satanás dizia. Acreditar na verdade teria sido seu “escudo da verdade”, mas
eles nunca o levantaram.

A Batalha Espiritual de Jesus (Jesus’ Spiritual Warfare)


Quando lemos a respeito do encontro de Jesus com Satanás durante sua tentação no deserto, vemos
rapidamente que Satanás não mudou seus métodos por mais de mil anos. Seu meio de ataque era
desacreditar o que Deus tinha dito, sabendo que o único meio de derrotar seu inimigo era convencê-Lo
a não acreditar na verdade ou desobedecê-La. A Palavra de Deus está novamente no centro da
batalha. Satanás lançava suas mentiras e Jesus as devolvia com a verdade. Jesus acreditou no que
Deus disse e O obedeceu. Isso é batalha espiritual bíblica.

Jesus foi confrontado da mesma forma que Eva, Adão e o resto de nós. Ele teve que decidir se ouviria a
Deus ou a Satanás. Jesus lutou sua batalha espiritual com a “espada do Espírito”, a Palavra de Deus.
Vamos ver o que podemos aprender com Jesus sobre batalha espiritual.

Recontando a segunda tentação de Jesus, Mateus nos diz:

Então o Diabo o levou à cidade santa, colocou-o na parte mais alta do templo e lhe disse: “Se és o Filho
de Deus, joga-te daqui para baixo. Pois está escrito: “‘Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, e
com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra’”. Jesus lhe respondeu:
“Também está escrito: ‘Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus’” (Mt. 4:5-7).

Novamente, o assunto central é o que Deus disse. Satanás até citou o salmo 91, mas o torceu em uma
tentativa de fazê-lo significar algo que Deus não intencionou.

Jesus respondeu citando uma passagem que trouxe balanceamento ao entendimento da promessa de
proteção de Deus encontrada no salmo 91. Deus nos protegerá, mas não se agirmos mal, “colocando-O
à prova”, como diz a nota de margem na minha Bíblia.

Por isso, é tão importante que não tiremos os versículos do contexto do resto da Bíblia. Cada passagem
deve ser balanceada com o que o resto das Escrituras dizem.

Torcer as Escrituras é uma das táticas mais comuns de Satanás em batalhas espirituais, e infelizmente,
ele tem se saído muito bem ao usá-la contra muitos cristãos envolvidos no movimento moderno de
batalha espiritual. Um exemplo clássico disso é a frase “derrubar fortalezas” para sustentar a ideia de
derrubar espíritos malignos da atmosfera. Como mostrei mais cedo, essa frase, quando dentro do
contexto, não tem aplicação alguma em derrubar espíritos malignos da atmosfera. Mesmo assim, o
Diabo adoraria que pensássemos assim, para que perdêssemos nosso tempo gritando com os poderes
e potestades do céu.

No relato de Mateus da terceira tentação de Jesus, lemos:

Depois, o Diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu
esplendor. E lhe disse: “Tudo isso te darei, se te prostrares e me adorares”. Jesus lhe disse: “Retire-se,
Satanás! Pois está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto’” (Mt. 4:8-10).

Essa foi uma tentação por poder. Se Jesus tivesse adorado Satanás, e se Satanás tivesse, então,
mantido sua promessa, Jesus teria ganhado a segunda posição de comando sobre o reino das trevas.
Ele teria reinado sobre todos os seres humanos incrédulos e sobre todos os espíritos malignos, tendo
autoridade sobre o mundo como somente Satanás tinha. Só podemos imaginar em nossos pesadelos o
que aconteceria se Jesus tivesse cedido àquela tentação.

Note novamente que Jesus refutou a sugestão de Satanás com a Palavra escrita de Deus. Jesus
superou as três tentações dizendo: “Está escrito”. Nós também devemos conhecer a Palavra de Deus e
crer nEla se quisermos evitar sermos enganados e pegos nas armadilhas de Satanás. Isso é batalha
espiritual.

O Campo de Batalha (The Battle Ground)


Em grande parte, o único poder que Satanás e seus demônios têm é de colocar pensamentos nas
mentes e corações das pessoas (e mesmo isso é limitado por Deus; veja 1 Coríntios 10:13). Com isso
em mente, considere as seguintes passagens:

Então perguntou Pedro: “Ananias, como você permitiu que Satanás enchesse o seu coração, ao ponto
de você mentir ao Espírito Santo e guardar para si uma parte do dinheiro que recebeu pela
propriedade?” (At. 5:3, ênfase adicionada).

Estava sendo servido o jantar, e o Diabo já havia induzido Judas Iscariotes, filho de Simão, a trair
Jesus... (Jo. 13:2, ênfase adicionada).

O Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a fé e seguirão espíritos
enganadores e doutrinas de demônios (1 Tm. 4:1, ênfase adicionada).

O que receio, e quero evitar, é que assim como a serpente enganou Eva com astúcia, a mente de
vocês seja corrompida e se desvie da sua sincera e pura devoção a Cristo (2 Co. 11:3, ênfase
adicionada).

Não se recusem um ao outro, exceto por mútuo consentimento e durante certo tempo, para se
dedicarem à oração. Depois, unam-se de novo, para que Satanás não os tente por não terem domínio
próprio (1 Co. 7:5, ênfase adicionada).

Por essa razão, não suportando mais, enviei Timóteo para saber a respeito da fé que vocês têm, a fim
de que o tentador não os seduzisse, tornando inútil o nosso esforço (1 Ts. 3:5, ênfase adicionada).

O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho da
glória de Cristo, que é a imagem de Deus (2 Co. 4:4, ênfase adicionada).

O grande dragão foi lançado fora. Ele é a antiga serpente chamada Diabo ou Satanás que engana o
mundo todo. Ele e os seus anjos foram lançados à terra (Ap. 12:9, ênfase adicionada).

Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o
princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria
língua, pois é mentiroso e pai da mentira (Jo. 8:44, ênfase adicionada).

Essas e outras passagens deixam claro que o principal campo das batalhas espirituais bíblicas é nossa
mente e nossos corações. Satanás nos ataca através do pensamento — sugestões más, ideias erradas,
falsas filosofias, tentações, várias mentiras e assim por diante. Nosso meio de defesa é conhecer a
Palavra de Deus, acreditar nEla e agir de acordo com ela.

É de vital importância que você entenda que nem todos os seus pensamentos originam
necessariamente de você mesmo. Satanás tem muitos porta-vozes que o ajudam a plantar seus
pensamentos nas mentes das pessoas. Ele trabalha para nos influenciar através de jornais, livros,
televisão, revistas, rádio; através de amigos, vizinhos, e até mesmo pregadores. Mesmo o apóstolo
Pedro foi uma vez inconscientemente usado como porta-voz de Satanás, sugerindo a Jesus que não
era da vontade de Deus que Ele morresse (veja Mt. 16:23).

Mas Satanás e os espíritos malignos também trabalham diretamente na mente humana, sem qualquer
mediador humano, e todos os cristãos se encontrarão, às vezes, sob ataque direto. É aí que a batalha
começa.

Lembro-me de uma querida mulher cristã que uma vez veio a mim confessar um problema. Disse que
sempre que orava, pensamentos blasfemos e palavrões vinham a sua mente. Ela era uma das
mulheres mais doces, gentis, queridas e dedicadas de minha igreja, mesmo assim, tinha esse problema
com pensamentos horríveis.

Expliquei a ela que aqueles pensamentos não originavam de dentro dela, mas que estava sendo
atacada por Satanás, que estava tentando arruinar sua vida de oração. Então ela me disse que tinha
parado de orar todos os dias, pois tinha medo de ter aqueles pensamentos novamente. Satanás obteve
sucesso.

Então eu lhe pedi para recomeçar a orar, e se os pensamentos blasfemos voltassem, ela deveria refutá-
los com a verdade da Palavra de Deus. Se um pensamento lhe viesse como: “Jesus foi só um... ,” ela
deveria dizer: “Não, Jesus foi e é o Filho divino de Deus”. Se viesse um pensamento que fosse um
palavrão, ela o recolocaria com um pensamento de louvor a Jesus, e assim por diante.

Também lhe disse que, por ter medo de ter pensamentos errados, ela estava, na verdade, os
convidando, já que medo é, de certa forma, o contrário de fé — ou fé no Diabo. Quando tentamos não
pensar em algo devemos nos esforçar para pensar em outra coisa.

Por exemplo, se eu lhe disser: “Não pense em sua mão direita,” você pensará imediatamente nela
enquanto tenta me obedecer. Quanto mais tentar, mais difícil ficará. A única forma de não pensar na
mão direita é pensar conscientemente em outra coisa, por exemplo, em seus sapatos. Uma vez que
ocupar sua mente com os sapatos, não pensará mais em sua mão.

Encorajei aquela querida mulher a “não temer”, assim como a Bíblia diz. E sempre que reconhecesse
um pensamento contrário à Palavra de Deus, ela o substituiria por outro com o qual concordasse.
Estou feliz em dizer que ela seguiu meu conselho e, mesmo tendo sido atacada mais algumas vezes
durante suas orações, ela recebeu a vitória completa sobre seu problema. Ela triunfou sobre a batalha
espiritual.

Também foi interessante descobrir, ao pesquisar várias igrejas, que seu problema era bem comum.
Normalmente, mais da metade dos cristãos que avalio dizem que, em certo ponto, tiveram pensamentos
blasfemos enquanto oravam. Satanás não é muito original.

“Considerem Atentamente o que Vocês estão Ouvindo” (“Take Care What


You Listen To”)
Não podemos impedir que Satanás e espíritos malignos ataquem nossas mentes, mas não precisamos
permitir que seus pensamentos se tornem nossos; isto é, não precisamos nos ater a ideias e sugestões
demoníacas, tomando posse delas. Como foi dito: “Você não pode impedir que os pássaros voem sobre
sua cabeça, mas pode impedi-los de fazer ninho em seu cabelo”.

Além do mais, devemos ter cuidado para não sujeitarmos nossas mentes a influências profanas sempre
que tivermos o controle. Quando nos sentamos na frente da televisão por uma hora ou lemos o jornal,
estamos dando as boas vindas para sermos influenciados por pensamentos que podem ser satânicos.
Logo após contar a parábola do semeador e dos solos, Jesus avisou: “Considerem atentamente o que
vocês estão ouvindo” (Mc. 4:24). Jesus sabia os efeitos destrutivos de ouvir mentiras, permitindo que
Satanás plante “sementes” em nossas mentes e corações. Essas sementes podem virar “espinhos” que
no fim sufocarão a Palavra de Deus em nossas vidas (veja Mc. 4:7, 18-18).

Pedro na Batalha Espiritual (Peter on Spiritual Warfare)


O apóstolo Pedro entendia sobre a verdadeira batalha espiritual bíblica. Em lugar algum de suas
epístolas ele instruiu os cristãos a derrubarem poderes e principados de sobre as cidades. Contudo, ele
nos instruiu a resistir aos ataques de Satanás contra nossas vidas pessoais, e nos disse exatamente
como devemos resistir:

Estejam alertas e vigiem. O Diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando
a quem possa devorar. Resistam-lhe, permanecendo firmes na fé, sabendo que os irmãos que vocês
têm em todo o mundo estão passando pelos mesmos sofrimentos (1 Pd. 5:8-9).

Note primeiro que Pedro indicou nossa posição como de defesa, não de ataque. Satanás é quem está
andando ao redor, não nós. Ele está procurando por nós, não nós por ele. Nosso trabalho não é atacar,
mas resistir.

Em segundo lugar, note que Satanás, como um leão, está procurando alguém para devorar. Pedro quis
dizer que Satanás poderia literalmente comer sua carne como um leão comeria?Obviamente, não. A
única maneira que Satanás poderia devorar um cristão seria enganando-o; fazendo-o acreditar em uma
mentira que destrói sua fé.

Terceiro, note que Pedro nos diz para resistir ao Diabo através de nossa fé. Nossa luta não é uma
batalha física, e não podemos lutar contra Satanás balançando nossos punhos no ar. Ele nos ataca com
mentiras e resistimos a essas mentiras permanecendo firmes em nossa fé na Palavra de Deus.
Novamente, isso é batalha espiritual bíblica.

Os cristãos a quem Pedro estava escrevendo estavam sofrendo grande perseguição e, portanto,
estavam sendo tentados a renunciar sua fé em Cristo. Muitas vezes quando estamos no meio de
circunstâncias adversas é que Satanás nos atacará com dúvidas e mentiras. Essa é a hora de
permanecermos firmes em nossa fé. Esse é o “dia terrível” do qual Paulo escreveu quando precisamos
vestir “toda a armadura de Deus, para” podermos “ficar firmes contra as ciladas do Diabo” (Ef. 6:11,
ênfase adicionada).

Tiago na Batalha Espiritual (James on Spiritual Warfare)


O apóstolo Tiago também mencionou algo sobre batalha espiritual em sua epístola. Será que ele disse
aos cristãos que suas orações poderiam determinar o resultado das batalhas angelicais?Não. Ele lhes
mandou que derrubassem fortalezas de espíritos de cobiça, apatia e bebedeira de sobre suas cidades?
Não. Mandou que estudassem a história de suas cidades para que pudessem determinar que tipos de
espíritos malignos estão lá desde o início?Não.

Tiago cria na batalha espiritual bíblica e, portanto, escreveu:

Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês (Tg. 4:7, ênfase adicionada).

Novamente, note que a postura dos cristãos é defensiva — devemos resistir; não atacar. Quando assim
o fazemos, Tiago nos promete que Satanás fugirá. Ele não tem motivo para permanecer ao redor de um
cristão que não será convencido a acreditar em suas mentiras, seguir suas sugestões ou ceder às suas
tentações.

Note também que Tiago nos instruiu a primeiramente nos submetermos a Deus. Submetemo-nos a
Deus aos nos submetermos a Sua Palavra. Nossa resistência ao Diabo é determinada por nossa
submissão à Palavra de Deus.

João na Batalha Espiritual (John on Spiritual Warfare)


O apóstolo João também escreveu sobre batalha espiritual em sua primeira epístola. Será que ele nos
mandou ir aos lugares altos para destruirmos as fortalezas do Diabo? Não. Mandou que expulsássemos
demônios de raiva dos cristãos que, às vezes, ficam com raiva? Não.

Ao invés disso, João, assim como Pedro e Tiago, só acreditava na batalha espiritual bíblica e, portanto,
suas instruções são as mesmas:

Amados, não creiam em qualquer espírito, mas examinem os espíritos para ver se eles procedem de
Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo. Vocês podem reconhecer o Espírito de
Deus deste modo: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne procede de Deus; mas
todo espírito que não confessa Jesus não procede de Deus. Esse é o espírito do anticristo, acerca do
qual vocês ouviram que está vindo, e agora já está no mundo. Filhinhos, vocês são de Deus e os
venceram, porque aquele que está em vocês é maior do que aquele que está no mundo. Eles vêm do
mundo. Por isso, o que falam procede do mundo, e o mundo os ouve. Nós viemos de Deus, e todo
aquele que conhece a Deus nos ouve; mas quem não vem de Deus não nos ouve. Dessa forma
reconhecemos o Espírito da verdade e o espírito do erro (1 Jo. 4:1-6).

Note que todo o discurso de João nesses versículos revolve nas mentiras de Satanás e na verdade de
Deus. Devemos testar os espíritos para ver se são de Deus; e o teste é baseado na verdade. Espíritos
malignos não admitirão que Jesus Cristo veio em carne. São mentirosos.

João também nos disse que vencemos os espíritos malignos. Isso é, como cidadãos do reino da luz,
não estamos mais debaixo do domínio deles. O maior, Jesus, vive em nós. As pessoas que têm Cristo
morando nelas não devem temer os demônios.

João também disse que o mundo ouve os espíritos malignos, o que indica que eles devem estar
falando. Sabemos que não estão falando audivelmente, mas estão plantando mentiras nas mentes das
pessoas.

Como seguidores de Cristo, não devemos ouvir as mentiras dos espíritos malignos; João também diz
que aqueles que conhecem a Deus nos escutam, pois temos a Verdade; temos a Palavra de Deus.

Novamente, note que a estratégia de Satanás é persuadir as pessoas a acreditarem em suas mentiras.
Satanás não pode nos derrotar se conhecemos e acreditamos na verdade. Essa é a batalha espiritual.

A Fé é a Chave (Faith is the Key)


Conhecer a Palavra de Deus não é suficiente para vencer uma batalha espiritual. A chave é crer
verdadeiramente no que Deus disse. Isso se aplica tanto a resistir ao Diabo quanto a expulsar
demônios. Por exemplo, considere novamente um exemplo que vimos anteriormente, quando Jesus deu
aos doze discípulos “autoridade para expulsar espíritos imundos” (Mt. 10:1). Sete capítulos depois, os
encontramos impossibilitados de expulsar um demônio de um garoto epilético. [8] Quando Jesus soube
de seu fracasso, lamentou:

“Ó geração incrédula e perversa, até quando estarei com vocês?Até quando terei que suportá-los?” (Mt.
17:17, ênfase adicionada).

Foi a incredulidade deles que Jesus reprovou. Mais tarde, quando Seus discípulos o interrogaram sobre
por que não conseguiram expulsar o demônio, Ele respondeu: “Porque a fé que vocês têm é pequena”
(Mt. 17:20). Portanto, vemos que a autoridade para expulsar demônios não funcionou longe da fé.

Nosso êxito em expulsar demônios e resistir ao Diabo depende de nossa fé na Palavra de Deus. Se
realmente acreditamos no que Deus disse, nossa palavras e ações estarão de acordo. Os cães seguem
as pessoas que correm deles e o mesmo acontece com o Diabo. Se você correr, ele o seguirá; contudo,
se permanecer em sua fé, ele fugirá de você (veja Tg. 4:7).

Sem dúvida, a falta de fé dos apóstolos teria sido evidente a qualquer observador, enquanto tentavam e
não conseguiam libertar aquele menino de um demônio. Se aquele demônio para Jesus fez o mesmo
show que havia feito para os discípulos, lançando o menino em “convulsão” (Lc. 9:42) e fazendo-o
espumar pela boca (veja Mc. 9:20), é possível que a fé dos discípulos tenha virado medo. Talvez
tenham ficado paralisados perante o que presenciaram.

Contudo, aquele que tem fé não é movido pelo que vê, mas somente pelo que Deus diz. “Porque
vivemos por fé, e não pelo que vemos” (2 Co. 5:7, ênfase adicionada). Deus não pode mentir (veja Tt.
1:2); então, mesmo que pareça que as circunstâncias contradizem o que Deus disse, devemos
permanecer na fé.

Note que Jesus libertou o menino em apenas alguns segundos. Ele fez isso através da fé. Ele não
perdeu tempo conduzindo uma “seção de libertação”. Os que têm fé em sua autoridade dada por Deus
não precisam gastar horas para expulsar um demônio.

Além do mais, não há registro que Jesus tenha gritado com o demônio; os que têm fé não precisam
gritar. Jesus também não mandou repetidamente que o demônio saísse; uma vez foi o suficiente. Uma
segunda vez teria sido uma confissão de dúvida.
Resumindo (In Summary)
O discipulador ensina batalha espiritual bíblica através de seu exemplo e de suas palavras, para que
seus discípulos sejam capazes de permanecer contra as artimanhas de Satanás e andar em obediência
aos mandamentos de Cristo. Ele não leva seus discípulos a seguirem “ventos de doutrina” atuais que
promovem métodos não-bíblicos de batalha espiritual, sabendo que aqueles que praticam tais métodos
têm o foco errado e estão, na verdade, sendo enganados por Satanás, a quem pensam confrontar
vitoriosamente.

* Nota do tradutor: versões em inglês sem correspondentes em português.

* Nota do tradutor: versículo traduzido do inglês.

* Nota do tradutor: versículo traduzido do inglês.

[1] Esse conceito é discutido de forma mais abrangente em meu livro God’s Tests (Os Testes de Deus),
disponíveis para a leitura em inglês em nosse site, www.shepherdserve.org

[2] A exceção a essa regra seria nos casos em que as pessoas estão tão controladas por demônios que
é impossível comunicarem seu desejo de libertação. Nesses casos, seriam necessários dons especiais
do Espírito para trazer libertação, que operam como o Espírito deseja.

[3] A descrição de Paulo dos ímpios em Romanos 1:18-32 também suporta esse mesmo conceito.

[4] É claro que em várias regiões geográficas existem porcentagens maiores ou menores de pessoas
em um dos reinos.

[5] Os que mantêm a posição “uma vez salvo, sempre salvo” com certeza descordarão. Gostaria de
encorajá-los a lerem Romanos 11:22; 1 Coríntios 15:1-2; Filipenses 3:18-19; Colossenses 1:21-23 e
Hebreus 3:12-14, prestando atenção especial à palavra “se” sempre que aparecer.

[6] O “espírito de ciúmes” mencionado em Números 5:14-30 e o “espírito altivo”, em Provérbios 16:18
são bons exemplos dessa palavra sendo usada para expressar certo tipo de atitude, e não para se
referir a um demônio. Em Números 14:24, lemos que Calebe tinha “outro espírito”, que obviamente se
refere à boa atitude de Calebe.

[7] Isso não quer dizer que crianças não sofram por causa dos pecados de seus pais, pois muitas vezes
sofrem. Contudo, quando isso acontece, não quer dizer que Deus as está punindo pelos pecados de
seus pais, mas é uma indicação de que as pessoas são tão más que cometem pecados que sabem que
fará seus próprios filhos sofrerem. As Escrituras também deixam claro que Deus pode
misericordiosamente reter julgamento sobre um indivíduo e que mais tarde a liberará sobre filhos tão
merecedores - ou ainda mais. Da mesma forma, Ele pode misericordiosamente reter julgamento sobre
uma geração perversa e liberá-la sobre outra ainda mais merecedora (veja Jr. 16:11-12). Isso é muito
diferente de punir alguém pelos pecados de seus avós.

[8] Devemos ter muito cuidado para não assumir que toda epilepsia é causada por um epírito maligno.

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