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Silvio Kurzlop
Mudando o Amanhã
2ª Edição
Capa:
Detalhe do afresco pintado por Michelangelo em 1508
no teto da Capela Sistina, Roma.
Revisão:
Fátima Maria Casselato
(Professora de Língua Portuguesa)
Otávio Schimieguel
(Professor de Língua Portuguesa Literatura)
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Ilustrações:
Silvio Kurzlop
In memoriam
Paulo Henrique Brito
E para Rosi
“Minha vida”.
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Capítulo 1
tir.
Possuído pela cólera, seguindo um estímulo im-
ponderado, o rapaz apanhou sob o banco um chicote e
descendo do carro atacou o mendigo, que se encolheu
tentando proteger o rosto com os braços.
Capítulo 2
mais confuso.
─ Tenha piedade, eu não agüento mais ─ insiste
Agenor gesticulando como o mendigo a se encolher,
com a voz em falsete e um largo sorriso escancarado no
rosto.
Comecei a compreender porque me identifiquei
tanto com o mendigo: Na maior parte de minha vida
reagi como um indigente, sempre reclamando da misé-
ria.
─ Você está pedindo esmolas para a vida, por isso
não reclame e contente-se com as migalhas ─ falou A-
genor solenemente.
Subitamente comecei a entender o que o velho
tentava me mostrar esse tempo todo.
Era mais do que entender, parecia que meu corpo
todo assimilava, de uma só vez, tudo que Agenor ten-
tara me ensinar nos últimos meses. Compreendi que
fora passivo a vida inteira. Como uma marionete, sem-
pre manipulado pelas circunstâncias. Jogado de um
lado para outro pelos ventos da miséria e do medo da
pobreza.
─ Você se entrega a um autoflagelo, usando o di-
nheiro como chicote, sendo o seu próprio carrasco ─
disse o velho.
─ Que absurdo, eu nunca procurei o sofrimento.
─ Quem não procura melhorar de forma conscien-
te, é arrastado inconscientemente, levado pelos infor-
túnios da vida ─ falou Agenor de forma séria e pausa-
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da.
mangas da camisa.
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
nho.
Desta vez falei mais compassado, frisando bem
cada palavra, e disse a última frase encarando o jovem
fanático, que flagrei esta manhã olhando furtivamente
a namorada do Índio tomando banho de sol.
Agora era o velho que sorria e Índio estava sério.
Esperavam que os três jovens revidassem para conti-
nuar a discussão. Mas o orador da turma estava mudo.
O que eu acabara de falar embaralhara seus pensamen-
tos.
A chuva recomeçou apagando a fogueira, esfrian-
do os ânimos e colocando um ponto final naquela dis-
cussão constrangedora.
Capítulo 8
perguntou ele.
─ Não. Sempre quis aprender a tocar violão, mas
nunca tive tempo de me dedicar ─ respondi estra-
nhando a mudança de assunto.
─ E você fala alguma outra língua além do portu-
guês?
─ Não.
Agora além de curioso, eu ficava também preocu-
pado com o rumo da conversa. Se fosse algum empre-
go que ele tentava me arrumar, pensei, eu acabara de
perder por falta de qualificação. Quase não domino o
português, como iria falar um idioma estrangeiro?
─ Ganhar dinheiro é tão fácil quanto aprender a
tocar violão ou falar fluentemente outra língua.
Fiquei calado sem entender direito o que ele aca-
bara de dizer.
─ É necessário, em primeiro lugar, que você esteja
realmente disposto a se dedicar ─ continuou a falar
Agenor. ─ Depois é só você entender como funcionam
as leis que regem o assunto, que técnicas foram desen-
volvidas e mais utilizadas para atingir os mesmos ob-
jetivos que você almeja. E, por fim, é só persistir com
determinação, praticando por tempo suficiente para:
Dominando as palavras e seus segredos, se tornar um
poliglota. Ou, conhecendo as partituras e seus acordes,
virar músico. Ou ainda, aprender a controlar seus pen-
samentos e sentimentos que focalizados e direciona-
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Capítulo 9
amanhã à tarde.
Ele saiu do rio parando bem à minha frente me
encarando. A água a escorrer pelo seu rosto com ex-
pressão séria e olhar firme. Fiquei paralisado, não con-
seguia raciocinar direito, meus pensamentos ficaram
confusos.
─ Você fez a sua escolha ─ disse o velho, ─ deu o
primeiro passo. Agora é preciso que mude a sua atitu-
de e aprenda a confiar.
─ Eu não tenho comida para ficar mais um dia.
─ Lá vem você com medo de passar fome. O com-
promisso que você assumiu lá em cima não foi comigo,
foi com você mesmo. Aprenda a confiar na sua intui-
ção.
─ Que intuição? Eu nem acredito nisso. Sempre
sigo o meu raciocínio, e ele me diz que se não conse-
guir pegar aquele trem hoje, eu terei de acampar aqui
novamente e passar fome até amanhã.
─ Você poderia estar comodamente sentado na es-
tação com seus amigos, comendo um saboroso sanduí-
che e tomando um refrigerante bem gelado ─ falou
Agenor, dando uma pausa para torturar-me com a i-
déia. ─ Mas a sua intuição o fez deixar que eles partis-
sem, e optar por ficar com um velho que mal conhece.
Foi por isso que lhe fiz aquela proposta lá em cima na
cachoeira. Mas você é livre para escolher.
Dizendo isso, o velho se afastou caminhando pela
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quinze metros.
A sensação de alegria pelo sucesso da travessia
logo se dissipou.
Durante minha vida toda, tive sempre que brigar
sozinho. Aprendi a confiar somente na minha capaci-
dade de raciocínio e discernimento, talvez por isso te-
nha crescido assim meio amargo e rabugento. Agora
que a vida colocou um completo estranho a me ofere-
cer ajuda, eu lhe dei as costas.
Olho para o outro lado e vejo um trecho raso do
rio. Era só terminar de atravessá-lo, subir alguns minu-
tos pela estrada e estaria na estação a tempo de pegar o
trem, que me levaria de volta à minha difícil, porém
conhecida realidade.
Lembrei do que Agenor falou na cachoeira: “Se
continuar adotando as atitudes que sempre tomou,
continuará obtendo os mesmos resultados”.
Agindo por impulso, entrei novamente na corren-
teza e fiz o caminho contrário. Dançando mais uma vez
com a água, voltei para a outra margem do rio.
Aproximando-me de Agenor, subo na pedra ti-
rando a mochila.
─ Desculpe-me ─ digo simplesmente.
Após me olhar por alguns instantes, ele me abraça
forte.
Um sentimento que eu não conhecia me invadiu o
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Capítulo 10
Então foi essa a mágica que você usou para chegar até a
cachoeira na minha frente?
Capítulo 11
Capítulo 12
lidade.
Realidade?
Aquela sensação de ser parte de tudo, entender
tudo, aceitar tudo, passou. Mas jamais vai se apagar da
minha mente. Tento lembrar-me daquela situação co-
mo sendo a realidade. A força do sentimento de comu-
nhão com o universo fez o resto da minha vida parecer
um sonho num sono profundo.
Retornando ao local onde Agenor rabiscou o chão,
perplexo percebi instantaneamente a palavra “sonho”
a saltar do meio do desenho. O que parecia impossível
decifrar a princípio, tornara-se agora claro e transpa-
rente, não importando o lado que eu olhasse.
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Capítulo 15
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lhe as lágrimas.
Juntei-me a eles sentando na cama. Ao perceber-
mos que papai iria tentar falar algo, fizemos silêncio.
Minha mãe afastou a máscara que segurava junto ao
rosto dele.
─ Filho, agora é com você. Cuide de sua mãe e ir-
mã.
As palavras vieram separadas pelo visível sofri-
mento ao respirar. A frase, formada assim aos poucos,
lançou uma enorme responsabilidade sobre meus om-
bros. Peso demais para um menino de doze anos.
─ Deus o ajudará ─ disse papai, abrindo minha
mão e colocando nela uma pequena cruz de prata que
sempre o acompanhou.
─ Não pai... ─ foi só o que consegui dizer. Um
choro convulsivo atropelou o resto da frase.
─ Não chore filho, isso só faz aumentar meu pa-
decimento ─ falou meu sofrido pai com muito esforço.
Apertei com todas as minhas forças, aquela cruz
na palma da mão, tentando segurar o choro.
─ Pelo amor de Deus, chega ─ diz meu pai em-
purrando a máscara de oxigênio, que mamãe tentava
recolocar em seu rosto.
Vendo meu pai decidido a desistir da vida, com
seus olhos, apesar de tristes e cansados, revelando toda
sua lucidez e firmeza, não tive coragem de lhe pedir
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num mosteiro.
─ O apartamento não é meu ─ diz o velho ─ mas,
minha família insiste em que eu more aqui. Mantenho
essa decoração simples para não esquecer o que real-
mente é importante.
Ensaiei algumas perguntas com o intento de reve-
lar seus indecifráveis mistérios: Você mora sozinho?
Você é ou foi casado? Você tem filhos? Mas o silêncio
sorridente do velho não sucumbiu às minhas diligên-
cias.
─ Minha família é rica, mas eu prefiro viver com
austeridade ─ fala por fim Agenor. E como se com esse
comentário respondesse minhas perguntas, muda de
assunto sem saciar a minha curiosidade.
Estirados num monte de almofadas, conversamos
até o final da tarde, ouvindo a chuva fustigar os vidros
das enormes janelas. Os relâmpagos, vez por outra,
iluminavam a ampla sala.
Discutimos a evolução dos meus negócios a partir
de alguns gráficos que desenhei seguindo os seus con-
selhos. Agenor comentou que minha visão do mundo
estava mudando, ao ver as últimas fotos que tirei. Mas
passamos a maior parte do tempo rindo, enquanto con-
tava ao velho as trapalhadas do rapaz que eu contrata-
ra para me ajudar com a iluminação em minhas foto-
grafias.
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tentável.
─ Está na hora de você se aceitar como é. Conce-
der-se o tempo necessário para seu próprio crescimen-
to. Seja mais amável, tolerante e paciente consigo
mesmo, e, principalmente, acredite no ser humano que
você pode vir a se tornar ─ disse o velho.
Uma lágrima cintilava no olho refletido. Eu que
achava a vida injusta, percebo agora que sempre fui
meu próprio carrasco.
─ Você precisa aprender a se gostar, e deixar fluir
o que tem de melhor em seu coração ─ sentenciou A-
genor. ─ Só assim estará preparado para aprender a
amar os outros e ajudá-los também a externar o que
eles têm de melhor.
Quando Agenor tirou o espelho da minha frente,
a cruz continuava lá atrás pendurada imóvel na parede
a me observar.
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de forma tranqüila.
─ Construa a sua vida sobre pilares ─ falou Age-
nor.
Ele explicou que para viver tranqüilo é necessário
equilíbrio. Sugeriu considerar a vida como uma cons-
trução, sustentada por quatro pilares: amor, família,
trabalho e religião. O sonho seria o quinto pilar, que
além de estepe serviria também para impulsionar a
pessoa.
Esclareceu que amor deveria ser a grande paixão
de nossa vida, uma mulher que inspire todo nosso ro-
mantismo. Trabalho tem que ser algo feito com prazer.
Família são também os amigos, não só os parentes. Re-
ligião não é só freqüentar uma igreja, é necessário sen-
tir Deus no coração. O sonho não deve ser uma fanta-
sia intangível, e sim algo concreto que sirva de motiva-
ção para a luta diária, e assim que você consiga realizá-
lo, deverá ser substituído por outro. É importante ter
sempre um objetivo na vida.
O velho exemplificou sua teoria me pedindo para
imaginar uma pessoa que centrasse sua existência so-
bre um único pilar. O apaixonado que perdesse sua
companheira cometeria uma loucura. O viciado em
trabalho ficaria neurótico quando desempregado. O
religioso se tornaria um fanático insuportável. Quem
vive somente em função da família, quando ficar sozi-
nho se sentirá rejeitado. Contudo se você perder a
grande paixão de sua vida, mas tiver seu trabalho, seus
amigos e um sonho para realizar, com Deus em seu
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meu apetite.
─ Agora jogue fora ─ ordenou o velho.
Parei com a boca aberta quando já estava pronto
para abocanhar o presente. Olhei para Agenor sem na-
da entender. Não consegui fechar a boca, que salivava
com o desejo despertado pelo meu chocolate predileto.
─ Vamos, jogue fora ─ insistiu Agenor me apon-
tando um cesto de lixo à nossa direita.
Atordoado com a inesperada e incoerente imposi-
ção do velho, eu fiquei parado e quieto.
─ O que existe de melhor no ser humano está no
sentimento e não no intelecto ─ explicou Agenor. ─
Você precisa superar o apego com a matéria, para co-
nhecer seus sentimentos mais nobres.
─ Eu não consigo entender a razão para esse des-
perdício ─ falei.
─ Para você se conhecer melhor não adianta usar
somente seu raciocínio. Jogue o chocolate no lixo, e
observe o seu sentimento. É em situações extremas que
manifestamos o que realmente somos ─ falou Agenor.
Mesmo contrariado, levantei e caminhei até o ces-
to de lixo. Um enorme desconforto me impedia de jo-
gar o chocolate fora. Agenor assistia meu impasse, sen-
tado no banco da praça, sem falar nada. Se fosse uma
outra coisa qualquer talvez conseguisse, mas desperdi-
çar comida era contra meus princípios.
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me calei.
─ As pessoas vivem baseadas simplesmente na fé.
Você teve uma oportunidade única de constatar pesso-
almente, a possibilidade de a consciência existir fora
do corpo. Use os poucos minutos que durou sua expe-
riência para desviar sua vida na direção certa.
─ E qual é a direção certa?
Agenor olhou firme em meus olhos, e depois de
um longo silêncio respondeu:
─ Você já sabe o caminho. Conversamos sobre is-
so em todos os nossos encontros. Procure conhecer
seus sentimentos, descubra os seus defeitos, aprenda o
máximo que puder, tente ser uma pessoa melhor.
Agenor explicou que o homem alcançou enormes
avanços intelectuais e tecnológicos, mas não evoluiu
como ser humano na mesma proporção. O desenvol-
vimento conquistado aproximou o homem dele mesmo
e o afastou de Deus. Apesar de todo o progresso, con-
tinuamos os mesmos bárbaros de sempre.
─ São muitas informações e às vezes me sinto
perdido ─ reclamei.
─ Siga a voz de sua consciência.
─ Isso parece meio... abstrato.
Agenor tornou a olhar em meus olhos, procuran-
do algo.
─ Se isso lhe parece abstrato, o que afinal é real
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para você?
─ Minha frágil realidade foi questionada muitas
vezes. Os fragmentos que sobraram não se sustentam
sozinhos. Já não sei mais o que é verdade.
─ A verdade é individual. Cada um tem a sua ─
falou Agenor, distraindo-se a olhar o horizonte.
Joguei a fita na água que passava apressada à nos-
sa direita, despencando precipício abaixo. Misturando-
se à espuma branca, ela sumiu em meio ao barulho da
cachoeira deixando uma incômoda tristeza em seu lu-
gar.
─ A experiência desta noite foi o segundo desafi-
o? ─ perguntei, me referindo ao comentário que Age-
nor fizera no começo de nossa viagem.
─ Não! Ainda não ─ respondeu o misterioso Age-
nor.
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darias.
Encostado em meu carro, enquanto esperava Age-
nor, acompanhei o vôo de um pombo e acabei fixando
o olhar na cruz no alto da torre.
Depois de um longo e rigoroso inverno chuvoso,
uma manhã ensolarada de primavera como essa, pare-
cia uma dádiva celestial que combinava com aquela
bela igreja.
─ Bom dia! Você é o Marcelo? ─ ouvi de repente.
Duas freiras baixinhas e risonhas me olhavam es-
perando uma confirmação.
─ Sim! Sou eu. Estou aguardando um amigo ─
respondi retribuindo o sorriso.
─ Nós lhe devemos toda nossa gratidão! ─ falou a
menor delas, segurando minha mão entre as suas, e
inclinando a cabeça para o lado, o que valorizava ainda
mais o doce sorriso e o olhar brilhante daquele simpá-
tico rosto enrugado.
Desconcertado, olhei para a outra freira a seu lado
tentando entender o que acontecia.
─ Agenor nos contou que você salvou a vida dele
─ disse ela.
─ Deve haver um mal entendido, Agenor é que
salvou a minha vida ─ falei tentando esclarecer a situ-
ação.
─ Venha! Você está atrasado.
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pre.
─ Ele me contava em suas cartas sobre mosteiros...
Peregrinações... Ordens místicas...
─ Até que um conflito com sua fé abalou Agenor.
─ Ele desistiu de tudo...
Subindo a escadaria, fiquei perplexo e meio tonto,
tentando processar em meu cérebro tudo o que acabara
de ouvir.
─ Mas felizmente você conseguiu trazer ele de
volta para nós ─ falou por fim a freirinha, baixando o
tom de voz enquanto entrávamos na igreja.
Uma belíssima música era cantada em coro pela
igreja lotada. O sol forte da manhã turvara meus olhos.
Eu vislumbrei pessoas embaçadas em pé cantando,
enquanto caminhava no corredor central puxado pela
mão da freira.
Quando minha visão se acostumou com a ilumi-
nação do ambiente, e comecei a enxergar com mais cla-
reza, minhas pernas afrouxaram quase sem conseguir
sustentar o meu peso.
A freirinha, notando o que acontecia, largou mi-
nha mão e, depois de me olhar por alguns instantes,
seguiu em frente me deixando no meio da igreja.
Não pude acreditar no que vi. No altar, com os
braços abertos e as mãos voltadas para cima, o padre
vestido de branco era Agenor.
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que ele fez por mim, mal podia crer que algo que eu
falei tivesse força para influenciar a sua vida.
─ Por que você não me falou que era padre?
─ Comecei como um padre. Mas um dia achei que
era pouco. Busquei muito mais. Aprendi muito mais.
Porém, cheguei a um ponto em que nada mais fazia
sentido...
─ E eu, estabanado, dizendo justo para você que a
religião era apenas uma muleta ─ comentei envergo-
nhado.
─ Mas foi você, Marcelo, que me fez perceber que
a religião, a vontade de me “religar” com Deus, é que
me motivou a tentar crescer como ser humano. Você
conhece outra forma para despertar as pessoas?
Não sabia o que responder. Ao falar em religião
eu sempre me lembrava que a maioria das guerras a-
contece por divergências religiosas. Entretanto, se eu
ainda não dei um passo sequer na busca de minha
possível evolução, não posso criticar os que se organi-
zam tentando melhorar o mundo. Não tenho o direito
de sair por aí chutando a “muleta” dos que tentam en-
contrar o caminho.
─ Um dia conseguiremos andar com nossas pró-
prias pernas. Uma alma pura não precisa de livros de
regras e códigos de ética. Mas, por enquanto, ainda
precisamos da religião que serve como um freio para a
maldade humana. Precisamos de uma religião que in-
dique o caminho para o crescimento individual, e não
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ATENÇÃO!
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