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Módulo Inovador para o Ensino de Física – Curso de Metodologia do Ensino de Física I FE-USP

Bloco: Criminalística
A Física Ajudando a Polícia a Resolver Crimes

Datação por C-14

QUADRO SINTÉTICO

ATIVIDADE MOMENTOS TEMPO


Introdução e contextualização
Entendendo o que Atividade 1- Decaimento do C-14
é o decaimento Resolução de questões 2 aulas
radioativo TEXTO 1 - Isótopos radioativos,
decaimento e meia-vida
Modelização
Matemática
Atividade 2 – Escolhendo a Função 1 aula
Leitura do Texto 2
Interpolação Atividade 3 – Montando a Função de 1 aula
Decaimento

Objetivos gerais: desenvolver senso de utilização da matemática na física; entender como se


processa o método de datação por carbono 14.
Tema: Datação por carbono 14
Conteúdo Físico: fenômeno de decaimento nuclear e dos métodos de datação; Interpolação;.

Recursos utilizados:
Texto 1 - Isótopos radioativos, decaimento e meia-vida.
Atividade 1 – Modelando o fenômeno do decaimento.
Multimídia 1 – Decaimento
Atividade 2 – Modelagem Algébrica
Atividade 3 – Montando a Função
Questões Aula 1
TEXTO 1 - Isótopos radioativos, decaimento e meia-vida
TEXTO 2 - O processo de medição e algumas aplicações da datação por carbono-14
NOTÍCIA 1

Motivação: Contextualização dos métodos datação com a criminalística [os casos e o nosso
caso; aplicabilidade do método/validade]; Formação e datação do C14; característica
probabilística do decaimento nuclear.
Formulação de hipóteses: decaimento radioativo do C14 na cena do crime [sequência de
decaimento]; Formulação de hipótese sobre a quantidade de C14 na amostra conforme o tempo
passa;
Validação: Apresentação do experimento (Atividade 1) [relacionar o fenômeno probabilístico
da face do cubo com o decaimento]; Execução do experimento [tomada de dados; tabela;
gráfico].
Enunciado: Comparação do modelo formulado com o dados experimentais [diminui a
quantidade de C-14? Como diminui? Linearmente?]; apresentação da interpolação para o

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fenômeno [ajuste da função no gráfico]; (Atividade 2) apresentação da lei do decaimento


exponencial; extrapolação algébrica dos gráficos [através dos dados os alunos devem descobrir
a lei para seus próprios dados].
Resultados dos exames periciais: Conclusão sobre o artefato roubado; possíveis causas
do assassinato; Fechamento [ligação com a contextualização inicial e demais provas];

Aulas 1 e 2

1º momento
Contextualização das técnicas de datação com a criminalística; utilização do recurso
Notícia 1
Tempo 20 min.

2º momento
Proponha a Atividade 1- Decaimento do C-14
Tempo 50 min.

3º momento
Resolução das Questões da aula 1
Tempo 15 min.

4º momento
Distribuição e rápida leitura do TEXTO 1 - Isótopos radioativos, decaimento e meia-
vida
Tempo 15 min.

Dinâmica da aula:

Para o primeiro momento, sugerimos ao professor iniciar a aula com a contextualização


do crime apresentando sua aplicação na verificação de fraudes de obras de arte e arqueologia.
Utilize o recurso Notícia 1 como apoio. Seria interessante se este texto já tivesse sido lido pelos
alunos com antecedência, mas se não for o caso, de algumas pinceladas nele e deixe-o para
leitura posterior. Apresente o método de datação propriamente dito iniciando pela estrutura e
instabilidade nuclear enfatizando sua característica probabilística.
Distribua o roteiro e o material da Atividade 1 e aplique-a compartilhando a leitura do
roteiro com os alunos. Procure discutir o roteiro fazendo ligação com o fenômeno de
decaimento. Peça a eles que respondam as questões conforme executam a atividade. Discuta as
perguntas e respostas dessa Atividade assim como os gráficos e tabelas. Os resultados desta
atividade serão utilizados em atividades posteriores e o professor deverá solicitar aos alunos
que os mantenham disponíveis durante as aulas subseqüentes.
Finalmente sugerimos distribuir o TEXTO 1 - Isótopos radioativos, decaimento e meia-
vida e fazer uma rápida leitura. A essa altura os alunos devem reconhecer no texto o que
aprenderam em sala.

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Aula 3

1º momento
Recordação dos conceitos do TEXTO 1;
Tempo 10 min.

2º momento
Propor a Parte I da Atividade 2 – Escolhendo a Função
Tempo 10 min.

3º momento
Parte II da Atividade 2 – Escolhendo a Função
Explicação e discussão sobre as funções
Tempo 30 min.

Dinâmica da aula:
Para esta aula espera-se que os alunos tenham tido contato com o Texto 1 entregue no
final da aula anterior. Sugerimos uma breve recordação das aulas anteriores para iniciar a
Atividade 2. Nessa atividade os alunos deverão ter em mãos as folhas da Atividade 1
preenchidas.
A Atividade 2 procura moldar o senso matemático dos alunos e se divide em duas partes. Na
primeira, os alunos escolhem a função matemática que a eles parece mais correta e entregam
ao professor suas respostas. Depois, sugerimos ao professor discutir cada função e suas
inconsistências com os dados obtidos concluindo com os alunos que a exponencial é a melhor
escolha. Procure incluir na discussão a utilização da matemática para previsão dos fenômenos e
o caminho que vai da realidade empírica para a realidade idealizada explicitando suas
limitações.
Novamente os alunos respondem e entregam suas anotações ao professor para análise
do curso.

Aula 4

1º momento
Leitura do Texto 2
Tempo 20 min.

2º momento
Propor Atividade 3 – Montando a Função de Decaimento
Tempo 30 min.

Dinâmica da aula:
Sugerimos o desenvolvimento da leitura do Texto 2 enfatizando o caráter matemático da
equação de decaimento. Faça uma analogia entre as jogadas da Atividade 1 com o tempo de
decaimento explicitando principalmente o significado de tempo de meia vida.
Aplique a atividade 3 lendo o roteiro com os alunos.

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Atividade 1- Decaimento do C-14

Materiais para cada grupo

· 30 balas cúbicas
· 30 Etiquetas ou canetas com tinta que fixe na embalagem da bala
· 1 caixa de sapatos ou similar
· Folha de papel milimetrado ou quadriculado
· Canetas hidrográficas coloridas

Montagem / Aplicação

Primeiramente os alunos irão etiquetar duas faces de cada cubo. A caixa


representa a amostra do crânio encontrado na cena do crime.

As jogadas deverão ser da forma mais aleatória possível. Após cada jogada, o
aluno deverá retirar os “átomos” que “decaíram”, simbolizando a transformação do C-14
em nitrogênio.

As jogadas sucessivas deverão ser feitas da mesma forma até que se acabem os cubos.

Esse procedimento deverá ser feito três vezes para que se construa um gráfico
com qualidade suficiente para as atividades subseqüentes. A tabela abaixo foi preenchida
com dados reais de um dos ensaios.

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TABELA 1 Átomos de C-14 que persistem na amostra após


cada jogada
Jogada 1ª coleta de dados 2ª coleta de dados 3ª coleta de dados
Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3
0 30 30 30
1 17 16 22
2 11 9 11
3 9 5 5
4 6 4 2
5 3 3 1
6 3 0 1
7 2 1
8 1 0
9 1
10 1
11 1

Os alunos provavelmente precisarão de ajuda na montagem do gráfico. Abaixo segue um


modelo possível abastecido com os dados acima. É interessante utilizar canetas coloridas para
separar os grupos de dados no gráfico.
Não se esqueça de pedir aos alunos que mantenham todo o material disponibilizado e resolvido
em mãos todas as aulas.

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Decaimento do C-14
Objetivo: articular o conhecimento físico em linguagem matemática e compreender o fenômeno
de decaimento do C-14 através de analogias.

Roteiro
· Formem grupos com o máximo de 4 alunos.

· Marquem duas das seis faces de cada cubo.


A marcação pode ser feita com etiqueta ou alguma caneta na qual a tinta
fixe no cubo.

O decaimento de um núcleo atômico é um processo estatístico e,


portanto, nunca poderemos saber quando este ou aquele átomo irá se
transformar. Porém podemos saber com um grande grupo de átomos irá se
comportar como um todo.

A regra do jogo é a seguinte: cada cubo representa um átomo de C-14


que é o carbono radioativo; a caixa representa nossa amostra que contém C-
14. Quando forem lançados, os cubos que ficarem com a face marcada para
cima serão os átomos de carbono que se transformaram nos de nitrogênio.
Note que nunca podemos saber se um determinado cubo vai ou não decair na
jogada, mas descobriremos que podemos estimar como todo o grupo de átomos
irá se transformar.

· Juntem todos os “átomos” dentro da caixa, chacoalhem um pouco e


virem-na sobre a mesa.

· Separem os átomos que decaíram e transformaram-se em nitrogênio dos


demais. Conte quantos átomos de C-14 restaram e anotem na tabela
abaixo.
No nosso experimento, os átomos de C-12 e nitrogênio não são
representados. É por isso que devemos tirá-los após a jogada.

· Retorne à caixa somente os “átomos de C-14” e jogue novamente


repetindo os passos a cima até que todos decaiam.
Cada chacoalhada que damos na caixa representa um certo tempo
decorrido. “Durante” esse tempo alguns átomos decaem na amostra. Quando
contamos quantos cubos ainda restam na caixa, estaremos na verdade
verificado a quantidade de C-14 que ainda persiste na amostra.

· Repita tudo três vezes!!!


Cada sequência de jogadas representa uma amostra retirada do crânio
encontrado com a vítima.

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TABELA 1 Átomos de C-14 que persistem na amostra após


cada jogada
Jogada 1ª coleta de dados 2ª coleta de dados 3ª coleta de dados
Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12

· Agora monte um gráfico para cada seqüência de jogadas no papel


quadriculado.
Primeiramente escolha o tamanho dos eixos. No eixo X coloque a
identificação da jogada. No eixo Y, a quantidade de C-14 anotada na tabela. Os
eixos devem ter um bom tamanho para que se caibam os dados no gráfico.

· Marquem todos os pontos da tabela no gráfico.

· De todos os pontos, montem um gráfico idealizado, ou seja, um gráfico


represente melhor as três sequências. Uma espécie de média visual.
Note que o gráfico idealizado pode não representar alguns pontos que
foram extraídos das experiências. Não há problema nisso, pois o gráfico estará
o mais próximo possível de todos os pontos.

Esta curva será a curva de decaimento da sua amostra. Com ela você terá
uma boa estimativa de quantos átomos de C-14 restarão após a quinta jogada,
por exemplo.

ATENÇÃO: Esta atividade e suas resoluções deverão permanecer com os alunos


para uso nas aulas posteriores.

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Atividade 2 – Escolhendo a Função


Nesta atividade, os alunos irão criar a idéia física de interpolação. Deverão escolher
dentre as funções disponibilizadas, a que melhor se encaixa em seus dados. Essa primeira
escolha deve ser escrita em duas vias sendo que uma delas deverá ser entregue ao professor.
Nesse momento o professor guiará os alunos explanando e discutindo sobre as funções
escolhidas e suas possíveis discordâncias.
Os gráficos estão disponíveis caso o professor deseje utilizá-los em uma apresentação
em slides.

Escolhendo a Função
Objetivo: desenvolver princípios do conceito de interpolação; criar ponte e senso entre o mundo
físico e o matemático.

Roteiro
· Mantenham o grupo da última aula. Tenham em mãos a Atividade 1 –
Decaimento do C-14 e seus resultados.

Na atividade anterior montamos uma tabela e um gráfico que representa


como a quantidade de C-14 diminui a cada jogada. Contudo, não montamos
uma expressão algébrica que represente este gráfico. A representação
algébrica é muito importante na manipulação e previsão desses fenômenos
físicos.

· Escolha dentre as seis equações generalizadas abaixo qual representa


melhor seus dados.

Como não sabemos como as duas variáveis físicas do nosso gráfico se


relacionam, é comum procurarmos funções matemáticas que melhor
representam nossos dados.

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· Escreva no espaço abaixo qual função vocês escolheram para representar seus dados.
Descrevam também o motivo da escolha. Preencham o campo no fim da folha da mesma
forma e entreguem ao professor.
I)

· Resposta Final. Aguarde o professor para preencher esse espaço.


F)

· Escreva no espaço abaixo sua escolha FINAL, destaque e entregue.


F)

Atividade 2 – Escolhendo a Função Escolha Final

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· Escreva no espaço abaixo sua escolha INICIAL, destaque e entregue.


I)

Atividade 2 – Escolhendo a Função Escolha Inicial

Atividade 3 – Montando a Função

Esta é a atividade final da parte de datação.


Nela os alunos sistematizarão e aplicarão o
conhecimento adquirido para modelar algebricamente
a função decaimento exponencial de suas
“amostras”. Faça uma leitura com os alunos do
roteiro desta atividade e explicite que estamos
modelando a função do decaimento a partir dos
dados e escolhas que fizeram. A idéia é desmistificar
o uso da matemática na física. Diferentemente do
formato da atividade anterior, possui questões que
deverão ser construídas somente ao final da
atividade. O professor deverá recolher as respostas
para análise posterior nos espaços reservados para
serem destacados na folha da atividade.
É importante salientar a transformação do eixo
das jogadas em eixo dos tempos. Verifique com os
alunos que o tempo de meia vida pode ser obtido
tomando como ponto de partida qualquer ponto do
gráfico.
É sugerido buscar o fechamento de quaisquer
pendências no andamento do curso nesse momento.

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Montando a Função
Objetivo: desenvolver capacidade preditiva; consolidar o conceito físico sobre o decaimento
exponencial.

Roteiro
· Mantenham os grupos anteriores.
· Tenham em mãos as atividades e resoluções anteriores.

Já sabemos que a o decaimento radioativo ocorre de forma exponencial e que sua lei
algébrica é: .Pois bem, vamos agora modificar aquele primeiro gráfico que fizemos.
Abaixo do eixo das jogadas vamos traçar outro eixo: o eixo dos tempos, que é o verdadeiro
eixo. Vamos supor que nossa amostra possuía, quando morreu, apenas 30 átomos de C-14 e
que hoje conta com apenas 6 átomos. Isso na realidade nunca aconteceria, pois mesmo sendo
relativamente pequena a quantidade de C-14 em relação ao C-12, o número de átomos de C-14
seria absurdamente grande tanto no passado como hoje!

· Trace um eixo paralelo e abaixo do eixo das jogadas. Nomeie-o com tempo em anos.
Agora vamos iniciar a modelagem. Temos que saber quem é e l para determinar equação
do decaimento.

· Descubra o valor de .
Para descobrir é simples: basta saber que quando

· Localize no eixo do tempo o tempo de meia vida (Onde ). Marque o eixo com um
risco.
Se você não se lembra do texto, o tempo de meia vida do C-14 é de 5730 anos. Talvez
vocês precisem destes dados: e

· Descubra o valor de l.
Utilize o gráfico que vocês fizeram.

· Marque, no eixo dos tempos, o valor de meia vida do C-14.

· Respondam a questão em “duas vias”: uma para você e outra para o professor

1) Se hoje, o número de átomos de C-14 existente no crânio é 6 átomos (valor fictício,


lembre-se), qual é a idade da amostra? Marque a idade no gráfico.

2) Responda: Se este crânio for encontrado daqui a 1000 anos, em quanto podemos
estimar a quantidade de C-14 existente na amostra?

3) O Que significa tempo de meia vida?

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Folha de Respostas
Primeira Via dos Professores

Resposta da questão 1

Resposta da questão 2

Resposta da questão 1

Segunda Via - dos Professores - Atividade 3 – Montando a Função

Resposta da questão 1

Resposta da questão 2

Resposta da questão 1

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Texto 1 Para começar, a escala não


corresponde à realidade: se o núcleo tivesse o
Isótopos radioativos, decaimento tamanho mostrado nessa figura, os elétrons
e meia-vida. estariam tão distantes que sairiam da tela de
seu computador. Além disso, nenhum desenho
Olá futuro peritos. A verificação de pode mostrar um próton ou um elétron pois
todas as evidências do crime é importante. A eles não têm forma definida. Mas, enfim,
presença de um crânio aparentemente antigo rendo-me ao costume dos livros e digo que o
na cena do crime deve ser investigada. Caso o desenho da parte de baixo pretende mostrar o
crânio seja realmente um objeto arqueológico núcleo de um átomo de carbono (me recuso a
possivelmente estaremos frente a um caso de querer mostrar os elétrons). O átomo normal
contrabando de artefatos. Possivelmente de carbono tem um núcleo com 6 prótons e 6
nossa vítima seja um entregador ou nêutrons. Mas, nem todo carbono é assim.
receptador; talvez tenha exposto demais a Para começar, temos uma dificuldade.
operação e tenha sido eliminado! Ou ainda, Se os prótons são cargas positivas e estão
quem sabe tenha vendido um crânio falso. espremidos no núcleo, como é que as forças
São muitas especulações aqui no de repulsão entre eles (a força de Coulomb)
departamento, mas ainda não temos pistas não arrebenta o núcleo? A força de atração
sobre o artefato. Sabemos que são gravitacional é ridiculamente pequena para
novatos e por isso procuramos uma grande contrabalançar essa repulsão. Pois bem,
perita, Dona Fafa, para auxiliá-los com estes acontece que existe outra força, a "força
estudos e ela nos enviou os textos abaixo. nuclear", também chamada pleonasticamente
Leiam com atenção. As ferramentas que Dona de "força forte", que atúa tanto nos prótons
Fafa nos ensina normalmente são de grande quanto nos neutrons dentro do núcleo, e que
valia. é fortemente atrativa, desde que as partículas
estejam bem próximas umas das outras.
Email de Dona Fafa. Normalmente, em um núcleo, essas
forças contrabalançam as forças elétricas de
Boa tarde senhores. Devido a urgência repulsão e o núcleo fica estável. Contudo,
do momento procurei um texto que escrevi e alguns núcleos não são tão estáveis assim
está no site abaixo. Boa sorte no caso da possuindo grande probabilidade de que seu
“caveira”. núcleo se despedace. Átomos deste tipo são
http://www.seara.ufc.br/donafifi/donafifi.htm radioativos!
Quem determina as propriedades
Os isótopos e a estabilidade do núcleo. químicas do elemento é o número atômico.
Como todos sabem, um átomo é Portanto, todo átomo de carbono tem de ter
constituído de um núcleo onde moram os Z=6 (nº de prótons), senão não é carbono. No
prótons, cargas elétricas positivas, e os entanto, nem todo átomo de carbono tem
neutrons, que são eletricamente neutros, A=12(nº de massa). Isto é, existem átomos
como o nome já diz. Fora do núcleo, longe de carbono que têm mais de 6 neutrons no
dele, moram os elétrons, cargas elétricas núcleo. Átomos que têm o mesmo número
negativas de massa minúscula. Sendo o atômico Z e diferentes números de massa A,
número de prótons igual ao de elétrons, um são chamados de isótopos. Esse nome indica
que esses átomos ocupam a mesma posição
na tabela periódica dos elementos, já que
pertencem ao mesmo elemento. O carbono
com A=12 (ou carbono-12) é o isótopo natural
do carbono: 99,9% dos átomos de carbono na
Terra são carbono-12. Mas, uma fração
pequenininha dos átomos de carbono tem dois
neutrons a mais no núcleo. É o chamado
carbono-14, importante na datação de
material biológico, assunto que nos interessa
átomo normal tem carga nula.
muito hoje.
Saiba que detesto figuras como essa a
baixo que pretendem mostrar um átomo. Esse
O método de datação por carbono-14
tipo de figura é um desastre, completamente
errada.

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O elemento carbono faz parte de toda a constante, quantidade de C-14, na mesma


matéria viva. As plantas "respiram" CO2 (gás proporção que ele existe na atmosfera. Os
carbônico) da atmosfera. Os animais comem animais, nós inclusive, comem as plantas e
as plantas e nós, monstros de escuridão e absorvem a mesma proporção de C-14.
rutilância, comemos plantas, animais e Acontece que o carbono-14 é
respiramos o ar atmosférico. radioativo. Sua radioatividade consiste na
O carbono que existe na Terra, emissão de uma partícula beta (elétron vindo
presente no ar, nas rochas e nos seres vivos, do núcleo), fazendo com que o carbono se
tem três isótopos. O mais abundante é o transforme novamente em nitrogênio,
carbono-12 (C-12): 99% do carbono na Terra segundo a reação:
é C-12. Depois vem o carbono-13, com
praticamente 1% de abundância. Não sobra
quase nada para o outro isótopo, o carbono-
14, que é extremamente raro (apenas
Foi aí que Libby teve a grande idéia de
0,001%), mas será o herói na resolução deste
sua vida, que lhe rendeu o prêmio Nobel,
caso. O C-14 é muito raro mas tem uma
alguns anos depois. Como descrevemos
vantagem: dos três isótopos do carbono é o
acima, enquanto o animal ou planta está vivo
único radioativo. Antes de explicar como é a
seu organismo contém uma pequena
radioatividade do C-14, vamos contar de onde
quantidade de carbono-14, na mesma
ele vem. O processo de formação do C-14
proporção que existe em equilíbrio na
aqui na Terra foi explicado em 1946 pelo
atmosfera. E o que acontece quando o ser
americano Willard Libby e acontece do
vivo morre (e passa a ser ser morto)?
seguinte modo. A atmosfera da Terra é
Ao morrer, o ser deixa de respirar. Por
constantemente bombardeada por partículas
conseguinte, pára de absorver carbono, tanto
sub-atômicas vindas do exterior, os chamados
na forma de carbono-12 quanto na de
"raios cósmicos". Boa parte desses raios
carbono-14. Ora, o carbono-14 é radioativo e
cósmicos são prótons de alta velocidade,
o carbono-12 não é. Portanto, depois que a
vindos do Sol ou de locais mais ermos do
planta ou animal morre, o carbono-14
universo. Esses prótons, quando atingem as
presente em seu corpo vai gradualmente
camadas mais altas da nossa atmosfera, se
virando nitrogênio-14, que não é radioativo.
chocam com os átomos que vão encontrando
Desse modo, surgiu o método de datação por
e, nas colisões, arrancam neutrons dos
carbono-14, bolado por Libby.
núcleos desses átomos. Os neutrons
Sabemos com precisão qual é a
arrancados, por sua vez, se chocam com os
proporção de carbono-14 em um ser vivo,
núcleos dos átomos de nitrogênio da
planta ou animal. É a mesma que existe em
atmosfera. Lembre que o nitrogênio é o
equilíbrio na atmosfera. Essa proporção, no
elemento mais comum da atmosfera terreste
entanto, começa a mudar a partir do
(79%); o oxigênio vem em modesto segundo
momento em que o organismo morre. Nesse
lugar (21%). A reação entre o núcleo de
instante, é acionado um relógio nuclear que
nitrogênio (N-14) e o neutron forma o isótopo
consiste na percentagem decrescente de
carbono-14 do seguinte modo:
carbono-14 no organismo que morreu. Para
saber há quanto tempo ele bateu as botas
basta medir, de alguma forma, quanto
carbono-14 resta em seu corpo ou parte dele.
em português: o neutron reage com o A meia-vida do carbono-14 é de 5730
nitrogênio-14 (que é natural na atmosfera) anos. Se tivermos uma amostra do crânio
formando um átomo do isótopo carbono-14 e encontrado na cena do crime, compararemos
um átomo de hidrogênio. Observe o correto a proporção de C-14 nesse osso com a
balanceamento dessa equação. proporção de C-14 em ossos atuais, usando
O carbono-14 resultante dessa reação um gráfico exponencial como o que veremos
logo se combina com o oxigênio do ar e forma depois, saberemos quantos anos se passaram
uma molécula de gás carbônico . desde que o crânio morreu.
O radioativo se dispersa no ar e, Mandarei algumas explicações aos seus
eventualmente, é absorvido pelas plantas, no tutores que as transmitirão no tempo certo.
processo de fotossíntese. Portanto, as plantas
absorvem uma pequeníssima, porém Até mais. Dona Fafa

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Texto 2

O processo de medição e N0 átomos e tem meia-vida t.


algumas aplicações da datação por
carbono-14 É bom você se acostumar a interpretar
gráficos. Esse aí em cima mostra que, a cada
Bom dia novamente caros amigos. tempo t (meia-vida), o número de átomos da
Dona Fafa pediu que eu repassasse a segunda
amostra cai para metade. Essa curva, se você
parte de suas explicações. Pois bem ai vai.
não sabe, é uma exponencial. Ela é
representada pela equação:
Email de Dona Fafa:
Conversei com seus tutores e fiquei
sabendo que está tudo dando certo na
datação do fóssil. Parabéns a todos. Contudo
ele me disse que faltavam algumas Esse l que aparece no expoente está
informações mais técnicas para a datação e relacionado com a meia-vida t do seguinte
resolvi ajudá-los. Segue algumas explicações modo:
interessantes que complementam o texto
anterior. Leiam atentamente e resolvam o
caso de uma vez por todas.

Suponha que você tem uma amostra


com N átomos de carbono-14. N normalmente Se você é bom em matemática,
é um número muito grande. Toda vez que um verifique que isso é verdade.
núcleo do C-14 de sua amostra emite uma De qualquer modo, é importante
radiação β, você perde um átomo de carbono entender o seguinte: se a gente conhece a
e ganha outro de nitrogênio. Pois bem: quanto meia vida de uma substância radioativa e
tempo você terá de esperar até que metade sabe quanto átomos dessa substância existem
dos seus átomos de carbono desapareça, na amostra em um dado instante, sabe
virando nitrogênio? Resposta: t = 5730 mil também quantos existirão em qualquer tempo
anos! Haja paciência. futuro. Basta traçar uma curva como essa aí
A figura ilustra o decaimento de uma amostra em cima com os valores conhecidos.
radioativa que começa, no instante t=0, com

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Na verdade, o método de Libby não consiste em contar, diretamente, quantos átomos de


C-14 permanecem na amostra. Em vez disso, mede-se a radioatividade da amostra.
Em vez de medir a proporção de carbono-14, o método experimental se baseia na
atividade da amostra. Ao se desintegrar, o núcleo do carbono-14 emite uma partícula beta.
Essa partícula beta, que não passa de nosso velho conhecido, o elétron, pode ser detectada por
um contador Geiger. Esse tipo de contador todo mundo conhece do cinema: é aquele que emite
um barulhinho que fica intenso quando se aproxima de alguma coisa radioativa. Cada tique
daqueles é uma contagem. Na verdade, os contadores não precisam emitir nenhum som,
apenas mostram um número que indica quantas partículas foram detectadas. Pois bem,
verifica-se que 1 grama de carbono retirada de um ser vivo ou da atmosfera provoca, em
média, 13,6 contagens por minuto. É um número pequeno de contagens mas suficiente para
uma medida de boa precisão, dentro de limites que veremos a seguir. Se uma amostra, tirada
de um velho pedaço de osso, só dá 6,8 contagens por minuto, saberemos de imediato que já se
passaram 5730 anos (uma meia-vida t) desde que a árvore de onde veio essa madeira foi
cortada.
Como a atividade normal do carbono-14 é muito fraca e vai diminuindo com o tempo,
caindo para a metade a cada 5730 anos, o método só é confiável para tempos equivalentes a,
no máximo, umas 10 meias-vidas. Isto é, para medidas até uns 50.000 anos. Para tempos mais
distantes existem outros métodos que usam outros elementos.
Os primeiros testes da confiabilidade do método de datação por carbono-14 foram feitos
pelo próprio Libby e seus colaboradores. Eles mediram a idade de uma amostra tirada da
madeira de um caixão mortuário egípcio da época do faraó Zoser. Documentos históricos
informavam que esse faraó viveu
2000 anos antes de Cristo. O
carbono-14 forneceu um resultado
em excelente concordância com o
valor histórico. Outras medidas
feitas pelo grupo utilizaram
amostras tiradas de árvores
milenares. A idade dessas árvores
pode ser estimada contando o
número de anéis em seus troncos.
Cada anel indica um ano.
Novamente, os valores obtidos
com o método do carbono-14
concordaram muito bem com os
valores obtidos pela contagem de
anéis. A figura ao lado foi
adaptada de uma publicação de
Libby e seus colegas.
Em 1947, jovens pastores beduínos, procurando por um bode extraviado, entraram em
uma caverna no deserto da Judéia e acharam alguns potes cheios de velhos pergaminhos. Os
arqueólogos, colegas do Indiana Jones, logo correram para o local e encontraram, nas
imediações, milhares de outros fragmentos. Os pergaminhos ficaram conhecidos como os
"Manuscritos do Mar Morto", pois a região onde estavam fica perto desse mar. É óbvio que o
método de datação com carbono-14 foi usado para estimar a idade desses documentos. As
medidas indicaram que eles foram preparados há cerca de 2000 anos atrás, no tempo em que
Cristo andava por essas paragens. O erro das medidas puxa esse tempo de uns 200 anos para
frente ou para trás.

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Módulo Inovador para o Ensino de Física – Curso de Metodologia do Ensino de Física I FE-USP

Fragmento de um manuscrito do Mar Morto.

O que dizem esses manuscritos, que estão escritos em hebreu,


aramaico e grego? Na minha opinião, só papo furado. São preceitos
piedosos, como fazer penitência e cânticos religiosos. Mas, como
foram encontrados na região sagrada de várias religiões e datam do
tempo em que, supostamente, Jesus pregava por aquelas bandas,
despertaram, e ainda despertam, muita curiosidade dos especialistas e
do público em geral.
Mais recentemente, foi feita a datação do famoso "Sudário de
Turim". Um sudário é um pano para limpar o suor. Mas, no caso, o
Sudário de Turim, ou Santo Sudário, é uma peça longa de tecido
contendo um intrigante padrão de manchas que mostram uma figura
muito assemelhada com a imagem de Jesus - ou, pelo menos, com o
ícone convencional associado a Jesus.
Esse sudário apareceu na Europa no século 13 e, desde essa
época, tem sido objeto de muita controvérsia. Já naquele tempo, um
bispo encarregado pelo Papa de investigar a autenticidade da peça
opinou que era uma fraude. Esse bispo chegou a descobrir um artista
que confessou ter pintado a imagem. Assim mesmo, o sudário foi
preservado e muita gente acreditava, e ainda acredita, que ele foi a
mortalha de Jesus, após ser descido da cruz. No fim do século 19, com
os recursos da fotografia, observou-se que um negativo da imagem
era uma imagem positiva detalhada e fiel de um corpo humano,
inclusive com marcas de feridas nas mãos e nos pés. Isso reforçou a
crença dos fiéis, com o argumento de que um falsário não teria o
cuidado de produzir uma imagem negativa.
É claro que, desde que surgiu o método do carbono-14, cogitou-se de
fazer uma datação de uma amostra tirada do tecido do sudário. A
Igreja relutou um bocado em conceder um pedacinho do pano para
análise até que, em 1988, forneceu amostras para três laboratórios,
na Alemanha, na Suiça e nos Estados Unidos. Os três testes obtiveram
valores de datação muito coerentes, todos entre 1250 e 1400,
exatamente a época em que o sudário surgiu na Europa.
Portanto, a datação por carbono-14 comprovou que o tecido
não tem 2000 anos, como deveria ter se tivesse servido de mortalha
para Jesus. Aliás, quem acredita nisso está pondo em dúvida a própria
Bíblia. O Evangelho de São João diz que o corpo de Jesus foi envolvido
por várias peças de tecido, sendo uma delas um lenço que lhe cobria o
rosto. Além disso, os judeus costumavam lavar o corpo de seus
mortos e não deveria haver manchas de sangue no tecido, se ele fosse
autêntico. Na minha opinião, depois que a datação demonstrou que o pano era do século 13,
não há mais razão para acreditar que esse sudário foi mortalha de Cristo. O próprio Cristo,
certamente, dispensaria esse tipo de evidência duvidosa de sua passagem pela Terra.

Um abraço, amigos espero que minhas informações os ajudem no caso. Dona


Fafa.

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Questões aula 1

1. Podemos saber quanto tempo demora até que um átomo com núcleo instável (por
exemplo o Carbono-14) decaia? Se sim, quanto tempo? Se não, porquê?

2. Como a Terra anda pelo espaço da mesma forma que andava a milhares de anos atrás e
a composição atmosférica não mudou muito de lá para cá1, os cientistas acreditam que a
quantidade relativa entre C-14 e C-12 na atmosfera continua praticamente a mesma. Se
o C-14 é radioativo e aos poucos se transforma em Nitrogênio, porque a quantidade
relativa continua a mesma? Como é produzido o C-14 na atmosfera?

3. Átomos com núcleos instáveis são radioativos, pois ao se desestabilizarem, emitem


diversos tipos de partículas (radiação) e decaem para um outro elemento químico. Ao
decair, o C-14 libera uma partícula β (elétron). Este elétron vem da eletrosfera? Se não,
de onde vem? Existem outras partículas que podem ser emitidas durante o decaimento
de um átomo?

4. Suponha que o eixo das jogadas no gráfico de decaimento que vocês montaram fosse
um eixo de tempo. Se um antepassado do homem morresse no momento 0 quanto
tempo passaria até que a quantidade de C-14 (e consequentemente a atividade
radioativa) presente em seus ossos caísse pela metade?

Use o verso se necessário.

1
Através de outros métodos, como, por exemplo, estudo de bolhas de ar presas sob camadas de gelo no pólo antártico, os
cientistas conseguem verificar a composição atmosférica de milhares de anos atrás.

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Noticia I
Bom dia, jovens peritos. Meus agentes identificaram o corpo e se trata de um estudante de
Rondônia. Como encontramos aquele crânio que aparenta ser um achado arqueológico,
pesquisamos os acontecimentos locais e chegamos a esta notícia. Possivelmente isso tem a ver
com nosso caso.

Devastação apaga pistas do econômicas de Rondônia, a agro-pecuária, a


indústria madeireira, a garimpagem, e a
homem primitivo em construção de usinas hidrelétricas, destroem
os sítios arqueológicos que contém os
Rondônia elementos para uma reviravolta no mistério do
homem primitivo americano.
Arqueólogos brasileiros descobriram Urnas funerárias com ossadas
nas matas de Rondônia evidências de que o humanas, ferramentas feitas com pedra –
povoamento do continente americano pilões, afiadores, setas e machados –
começou na América do Sul e não na América compondo “oficinas líticas”, tudo com
do Norte. Esta seria a solução de um dos supostamente mais de 12 mil anos de
maiores mistérios da ciência: a origem do existência, além de “geoglifos” – gravuras
homem primitivo americano. Mas, a chave humanas, de animais ou geométricas em
desse enigma está ameaçada por um novo rochas e no solo – tão ou mais antigos, estão
crime ambiental: a destruição do patrimônio sendo pisoteados pelo gado, destruídos por
histórico e cultural. tratores em fazendas da região central do
Estão sendo apagadas por um novo Estado, ou carbonizadas durante as
tipo de crime ambiental em Rondônia as queimadas de matas.
provas que colocarão Rondônia no centro No distrito de Riachuelo, município de
mundial das discussões de arqueólogos, Presidente Médici, cerca de 500 quilômetros a
lingüistas, antropólogos físicos e sociais, sudeste de Porto Velho, peças que podem
biólogos e geólogos sobre a evolução da provar que o homem é mais antigo do que a
espécie humana. Desde seu surgimento, na floresta amazônica, quando não são
África, entre 200 mil e 100 mil anos, e sua destruídas, são recolhidas por moradores para
dispersão territorial pelo planeta com a decoração de suas casas, ou são vendidas – e
colonização de continentes, e a adaptação a reproduzidas por comerciantes locais – como
novas regiões de clima e recursos naturais “souvenirs” para viajantes.
variados. Essa destruição foi documentada por uma
expedição da Faculdade Unipec de Porto Velho
e da Escola do Legislativo de Rondônia,
integrada por arqueólogos, geólogos e
estudantes de História e dirigida pelos
professores Solano Low Lopes e Josuel Ângelo
Ravani.
Um antigo secretário da Cultura de
Rondônia relatou que viu garimpeiros do rio
Madeira jogando futebol com um crânio pré-
histórico encontrado quando procuravam ouro.
O problema é que até agora nenhum
dos sítios arqueológicos já descobertos em
Rondônia foi oficialmente catalogado por
As mais importantes atividades qualquer instância governamental.

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Desrespeita-se integralmente a legislação que daqui. Mas, por falta de verbas públicas e
determina que, além de licença ambiental interesse governamental para pesquisa
para iniciar qualquer obra, todo arqueológica e ante a inexistência de uma
empreendimento que intervenha no meio política de preservação do patrimônio histórico
ambiente (abertura de pasto, de estradas, e cultural, nenhum dos vestígios humanos
campo de pouso, construção de hidrelétricas encontrados em Rondônia foi submetido ao
etc.) deve fazer, entre outros, um estudo de teste de radiação com carbono 14 para
impacto patrimonial. É o que os especialistas confirmar cientificamente a idade presumida
definem como “avaliação do risco de impacto pelos arqueólogos.
que o sítio arqueológico poderá sofrer durante A datação com base na radiação do
ou depois das obras”. carbono 14 é a única certidão de nascimento
Eles explicam que para haver esta sobre os seres vivos, humanos ou não da pré-
avaliação é preciso, antes de tudo, localizar o histórica aceito pela comunidade internacional.
sítio, observar suas características, grau de Consiste em medir a proporção entre dois
preservação e sua importância histórica tipos diferentes de carbono acumulados nos
regional. Todos os arqueólogos e historiadores seres vivos --o carbono-12 e seu primo
ouvidos pelo repórter em Porto Velho, nesta radioativo, o carbono-14.
semana, disseram duvidar que alguma O carbono-14 está presente na
autoridade governamental tenha interesse em atmosfera e é absorvido pelos seres vivos até
solucionar esse problema. a data em que morrem. Após a morte, o
“Pelo contrário, dirão que preservação volume carbono-14 absorvido diminui, ou se
histórica é prejuízo e obstáculo ao progresso” transforma em outro elemento (no caso,
– disse um pesquisador. nitrogênio). Sabendo-se que a cada 5.700
Em Rondônia, com a exceção dos anos a quantidade de carbono-14 cai pela
salvamentos arqueológicos feitos pela metade, é possível medir a idade contando a
Eletrobrás/ Eletronorte antes da formação da quantidade do elemento radioativo que sobrou
barragem de Samuel e de projeto semelhante na amostra de material orgânico. Existem
nas discussões sobre as usinas de Furnas, muitas teorias sobre a origem do homem
desconhece-se que alguma outra instituição primitivo americano. Até que a presumida
pública ou privada tenha feito avaliação de existência do “Homem de Rondônia” seja
impacto ambiental patrimonial em todo o oficialmente confirmada, prevalece a tese de
Estado.. que o ser humano entrou no continente
No entanto, “a chave do enigma do procedente da Ásia, atravessando uma
povoamento das Américas pode estar nos “ponte” de gelo que existia onde hoje é o
vestígios dos primeiros seres humanos que Estreito de Bering, entre a Sibéria e o Alasca,
habitaram a atual região de Rondônia, nas há pouco mais de 9 mil anos. Essa era a
oficinas líticas (de pedra) e obras de arte idade, até 1975, do fóssil humano mais velho
feitas na pedra e na terra encontrados nos da América do Norte. Seria membro de uma
sítios arqueológicos espalhados por todo o civilização avançada procedente da Ásia.
Estado” – como diz a arqueóloga Maria Lúcia A teoria sofreu um grande abalo
Pardi, da Gerência de Arqueologia do quando, naquele ano, foi desenterrado o
Departamento de Patrimônio Material e crânio de uma mulher no Brasil, em Minas
Fiscalização do Iphan (Instituto do Patrimônio Gerais, na Lapa Vermelha, nos arredores de
Histórico e Artístico Nacional), vinculado ao Belo Horizonte, com cerca de 12 mil anos.
Ministério da Cultura. Apelidada de Luzia, era considerada o mais
Maria Lúcia acredita que estão em antigo fóssil humano encontrado no
Rondônia vestígios mais antigos das Três continente. A reconstituição computadorizada
Américas e isso confirmará a tese de que a de sua face de mostrou que ela tinha traços
corrente migratória que povoou o Norte partiu negróides, fazendo os estudiosos suporem que

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o povoamento começou no Brasil, por uma comparação com a arte rupestre dos EUA
africanos que atravessaram o Atlântico. Os e Canadá: pobre, reduzida.” “Depois
norte-americanos, porém, nunca aceitaram a podemos analisar a técnica arquitetural dos
mineira Luzia como o ser humano mais antigo índios da Amazônia que faziam ocas
das Américas. Dizem que o título é de uma fantásticas, obras primas de engenharia, com
mulher, cujo crânio foi encontrado há cerca de luz zenital, teto altíssimo, frescas e
cem anos na Cidade do México, mas somente agradáveis.”“Geoglifos” – gravuras em pedra
em 2002 foi datado e divulgado. É a Mulher de – descobertos no Distrito de Riachuelo, em
Peñon 3, com 12.700 anos. Presidente Médici, em Rondônia, só podem ter
Porém Luzia com 13.155 anos, sido feito por humanos com cultura mais
continua sendo a mais antiga - e outros sofisticada. Há indícios também de que as
crânios encontrados no mesmo sítio onde terras rondonienses faziam parte de uma das
Luzia foi descoberta, em MG, podem ser mais mais extraordinárias civilizações da
velhos do que o mexicano - e vários vestígios antiguidade, o Império Inca, ou Tawantinsuyu.
humanos encontradas em Rondônia são A presença da civilização inca no Brasil
presumidamente mais antigos ainda. pode ser outra descoberta arqueológica a
Os norte-americanos sustentam ainda que o colocar Rondônia no topo do mundo. Isso
povoamento além de ter começado na mostra quanto é a grave o novo tipo de crime
América do Norte foi feito por povos asiáticos ambiental em Rondônia. O modelo que tenta
evoluídos. Segundo se divulgou, o estudo das explicar o povoamento americano também foi
características dos ossos do crânio descoberto construído com base em dados biológicos,
no México sugere que ela descende de um antropológicos, genéticos e até lingüísticos. “O
povo que viveu onde atualmente onde é o ponto-chave inicial era a existência de uma
Japão e que teria alcançado o continente pelas grande diversidade morfológica”. Em Rondônia
ilhas do Pacífico. estão sendo estudadas a origem de dez
Os historiadores norte-americanos línguas diferentes.
estão equivocados quanto à qualidade de seu
povoamento, afirma uma arqueóloga que
defende a origem do americano no Brasil. Ela
lembra que o mar esteve, durante certas
épocas do último glacial, até 150m abaixo do
nível atual. Assim sendo havia muito mais
ilhas entre os continentes e a passagem da
África para o litoral nordeste do Brasil e para o
Caribe não representava grandes problemas.
Homo sapiens já existia na África há 190.000
anos, por isso é normal que possa ter chegado
até as costas americanas antes de 100.000
anos atrás. “Considerando o número de sítios
aqui na região, a qualidade das pinturas
rupestres, a tecnologia avançada desses
povos que aqui viveram há 100.000 anos até
a chegada dos brancos, podemos pensar em

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Instruções Finais e Referências


Este conjunto de atividades foi elaborado para ser dado em quatro aulas.
É fortemente sugerido que as duas primeiras sejam dadas na seqüência. Já as
duas últimas podem ser dadas em dias diferentes.

Todos os textos e atividades reproduzidas neste arquivo possuem


formatação diferente dos arquivos próprios para impressão que são parte
integrante deste módulo.

O recurso Multimídia 1 é uma produção da RIVED onde o texto


inicialmente apresentado foi modificado para se encaixar nos propósitos deste
módulo. A proposta original deste plugin se encontra no site:

http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/handle/mec/1650

Este recurso é um aplicativo em Java e requer o plugin Java para seu


browser de internet instalado.

Os recursos Texto 1 e Texto 2 são adaptações dos originais Apostilas de


Dona Fifi, disponíveis no site: http://www.seara.ufc.br/donafifi/donafifi.htm

O recurso Notícia 1 foi adaptado do texto do jornalista NELSON TOWNES


postada no site: http://nelson-news.blogspot.com/2006/10/devastao-apaga-
pistas-do-homem.html

A atividade 1 foi inspirada na atividade disponibilizada pelo grupo PBS no


site: http://www.pbs.org/wgbh/aso/resources/guide/earthact4index.html

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