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Jean Bergés e Gabriel Balbo A atualidade das teorias sexuais infantis My EDITORA Porto Alegre, 2001 Capitulo 1 A teoria sexual infantil: sera que a cri- anca a inventa, ou ela participa da hip6- tese que a mae faz sobre o saber de sua crianga? J. Bergés: Comecaremos com 0 assunto que Gabriel Balbo e eu consideramos conveniente para este ano, ou seja, a atualidade das teorias sexuais in- fantis. Vou Ihes dar um pequeno ponto clinico que data de muito tempo, que é o seguinte: uma senhora sonha que est4 com um homem e sente-se atraida por ele; nesse momento, ela dé-se conta de que é um meio- irmio pelo lado de seu pai. O que ela conclui disso? Que todas as criangas depois dela, que é a tltima, poderiam-lhe ter sido feitas pelas costas.? Isso lhe permite demonstrar que todo homem pode ser um. meio-irmio. Assim, vocés véem que a teoria que ela colocou em jogo, levando-se em conta que tinha pais muito idosos e que era a tiltima, era a de que qualquer crianga que viesse depois dela pudesse ser seu meio- irmio. Haveria 0 risco de que, de fato, todo homem pudesse ser seu meio-irmio e, de acordo com isso, era-lhe extremamente dificil encontrar um homem com © qual ela pudesse fazer uma crianga. E 0 primeiro ponto. Oo segundo ponto é retirado de um estudo sobre uma povoacao do sudoeste da China, os Mossos, dos quais lhes dou alguns detalhes, Qs nativos relataram- NOs a procriac&o por meio de alguns cont eae nr ot oeooeaaeay Jean Bergés e Gabriel Balbo 1) Nos tempos antigos, Abaoudgou, um. bom es. pirito, tinha decidido que o homem levaria a Crianga em sua panturrilha, mas © peso era grande demais quando ia buscar a crianga nas montanhas. Tomoy também a decisao de fazer a mulher carregar a crian- gaem seu ventre. 2) Abaoudgou deposita o feto no ventre da mulher aos cinco meses depois do nascimento’ deste tiltimo e nutre o feto durante a gravidez. 3) Hd muito tempo, colocar-se na garganta de uma montanha, abrindo a vagina para que 0 vento nela entrasse, bastava para que a mulher engravidasse. Eis como isso se passa na China. Essa atualidade das teorias sexuais infantis, que se segue ao que se pOde dizer do saber da criancae da psicandlise, parece-nos interessante, porque a encon- tramos na clinica e nos tratamentos. Em particular, esse saber que a mie supGe 4 crianga, é sempre da teoria sexual infantil que ela nos da a conhecer. questdo que eu coloco de safda: essa teoria sexual! infantil, seré que a crianga a inventa, ou ela participa da hipdtese que a mae faz sobre o saber de sua crian-) ga? G. Balbo: O que eu poderia dizer concerne a Freud, quando ele coloca a questio, a propésito da crianga, de saber qual é, para ela, a representacdo que ela se faz, a teoria que ela tem da maneira pela qual as criangas so concébidas, Porém, a questo, da crianga e até do adulto, coloca-se, pois, no semi- nario O ato psicanalitico, em que Lacan nos diz que Sobressai aquilo de que se trata, a saber “o caréter irredutivel do ato sexual a toda organizago veridi- a pene da questao relativa ao que est4em jog na relagao sexual, que é uma questiio que Lacan reto- es bine - determinar aquilo que concerne a questo do tae Vers © psicanalitico. O que responde a isso? “Se- chamare de® ,4iz ele, “e aquilo que um paciente rade a mulher de néio receber” 5 Questio, pois, nao re! ato psi¢ compre tuto. J.B veraci¢ me cha nos Tré em seu sament verdad pulso « pulsde: dosea frente isso né de out pulsios 4 erotiza te é qu pulsao “dé pul saber comu to nao mais, ¢ Tetom POnsal 0u tod do lad Telagd disso: Aatualidade das teorias sexuals infantis mas algo que se assinala no do caso, a partir dela pode-se me a esse esta- nao relativa as criangas fs fe to ato psicanalitico. Em tod compreender algo daquilo que concel “ Bergés: Quando vocé falou da verificagao, da i izagio veridi outro dia, vocé idade, da realizagao veridica, no mel passagem de Freud, amou a atencao para uma ae Ensaios$ ‘bmn Pee ele sublinha que a crianga, em seu enfoque da teoria sexual infantil, toca preci- samente uma parte de verdade. Hé um fragmento de verdade na teoria sexual infantil, como 0 mostra Fréud. Volto 4 questo: a crianga inventa a teorla se- xual infantil, ow ésta tem algo a ver com a hipotese " qué'a mae faz sobré o saber da crianga? Ele diz: “Nao é,em absoluto, como se tratasse de uma necessidade inata de causalidade que desperta, nesse caso do im- pulso de saber das criangas, mas sob 0 acicate das pulsées egoistas (diz 0 tradutor) que o dominam quan- do se acha, digamos, no término de seu segundo ano, frente 4 chegada de uma segunda crianga’’.’.De fato, isso nao é em absoluto espontaneo, diz Freud. Dito de outro modo, ela no o inventa, ha algo que a im- pulsiona. Entao, aquilo que a impulsiona é 0 corpo exotizado. - G. Balbo: ... o que hd nelas de corretoe pertinen- te € que encontram sua origem nos componentes da pulsao sexual ja “dé pulsional que saber veridi que Vii ‘certamente vn I nto, mas esse desconhecimen- bd, fed suficiente Para que tal saber nao se elabore a € ee cea que esse desconhecimento seja ret lo Outro. Esse fato indica o qu: : ponsabilidade daqueles que “sabem" (oa sabes ou todo aquelé que tem valor de aut ieee valor de autoridade) é Fi 2 eye do lado do desconhecimento. E preciso ate. aes to. ¢ Sa ente, quase pulsional, como que er, telagao do saber nase: di ) 0 outro no quer nada sab. Jean Bergés e Gabriel Balbo J. Bergés: Esse desconhecimento articula-se ag fato de que é justamente do COIpo que se trata. E 9 corpo erotizado que estd em jogo e que vem colocar a questa com sua especificidade particular de ser jus. tamente um monumento dé desconhecimento, De qual- quer modo, essa erotizacdo que Freudavaiica nao é uma erotizagao que eu chamaria de abstrata; é uma erotizagéo que concerne ao que é desconhecido: O corpo, que é 0 proprio teatro do desconhecimento, Ha nisso uma articulagao interessante para falar da teoria. Porque, precisamente necessdrio para que haja teoria, € preciso que esse fragmento de veracidade, para retomar 0 termo de Lacan, seja ligado ao corpo enquanto desconhecido. Eis 0 que parece brutalmen- te importante para a seqiiéncia das operagoes. G. Balbo: E na segunda lig&o de O ato psicanalt- tico que Lacan fala da babaquice (connerie), ou seja, quando se dizem disparates se desconhece’, nao se conhece mais. E nessa li¢do que elé fala da realiza- ¢ao veridica e da babaquice que é propria a prépria verdade. O que é interessante em Freud é ter aponta- * doo quanto um certo conhecimento éxato procede do | pulsional, é desse lado que, para ele, pode-se encon- | tar a origem daquilo que € 0 fragmento de verdade. E interessante, porque isso reconduz 0 corpo... isso me lembra uma intervengao de Melman, em que ele dizia “oinconsciente é 0 organico”? Isso inquietou todo o mundo e inquietaria talvez Freud também, de uma certa maneira, pois ele dizia putes Pauivocamos a0 nao nos ocuparmos do ara ane vez que ali ha fragmentos de verdade tigode Fen on Eo que é muito interessante no ar- Bulsio progr oo ele mostra como a crianga, coma _ saber exato que S obstieul ae avansa em um CUISO do outro. Parag: sezadto soi SS ian Que se trabathade fees que isso se'Tefere-aquilo Ctlanga. De fato, esses a pean ie core 7 momentos de dificuldade que 18 a criangé do discu lado de : sua prop anga que dado que J. Be meu ente falar das nis, nom toner ca das t vocé sub! ria sexua nao dé to se a impr ¢4o, mas mesmo 61 “ so a sua t ESSE aSSUI | seguinte: I de valor t l feitas a el declarar q verdadeir, Paul Valé: co import caro que | teorias se; + Bal de cada u também ~ Origina to, deito. Dito =, COMA mer \" verdades{ { Péito dar —~| a 's infantis | i i ua | Aatualidade das teorias sex! io sa is ao que € \ acrianga encontra nao sao devidos ae me 7 do discurso do outro, ov seja, tambem » do . i mente rf 4 af em questao, concel 3 i Jado de sua me, esta al q 1? Essa cri- 6pri rrelagao sexua! | gua propria verdade sobre arelagao SoRN { ee ae la tem, como € que faz para té-la? Nao est4 \ do que ela 0 saiba..- a Bergis: Eo que vem temperar um pouco, em meu entender, o modo pelo qual Freud prende-se para falar das teorias sexuais infantis: t ligada ao pe- ce nis, no menino, e teoria cloacal, teoria sédica do coi- wiina, Trata-se dé uma generalizagao genéti- ca das teorias sexuais infantis. Ora, creio que 0 que vocé sublinhou h4 pouco permite conceber que a teo- ‘ ria sexual infantil é a teoria sexual infantil de um, nao dé todos. Quando se Ié o artigo de Sigmund, tem- se a impressdo de que cada um est4 na mesma situa- Gao, mas a experiéncia mostra, nos tratamentos, que, mesmo 60 anos mais tarde, cada um est4 sempre pre- so a sua teoria sexual infantil, mas é a sua... Sobre { @€assunto, encontrei uma pequena citag’o, que é a ‘ seguinte: “A verdade é que as teorias nao tém nada de valor universal. Sio teorias para um, titeis a um, feitas a ele, para ele e por ele. Falta 4 propria teoria declarar que ela nao é verdadeira de forma geral, mas Se rere ee ee | co anor po See teorias na arte, mas pou- f caro que pai a Faas ee boa maneira de ata- | ano, Ou seja, que essas teorias sexuais infantis nao sio uma nebulosa v: | ! nebulosa valida | ~G. Balbo: } | i | ao Nao € apenas de cada vez nem do lado Moe m gue ‘ precise mensurar o valor, mas é mbem — € Freud bem o mostra — aqui! : origina todo um proce; auto do origina todc Sso de pensamento en igi ento em Jeito. Dito de outra forma, a Telag3o com a verde) ic, essidade de recalcar certi aqueles que mentem > as ( Jean Bergés e Gabriel Balbo mentem e que possuem sua propria verdade, da qual estiio seguros) € algo que se encontra com bastante freqiiéncia na propria atividade dé pensamento, Nem sempre foi facil poder sustentar e dizer exatamente 0 que se pensa. Também ha nisso algo da ordem da davida que Freud introduz e que creio ser absoluta- mente importante na prépria atividade de pensamen- to: €mesmo preciso que tenhamos algumas diividas, em certos momentos, para continuar a pensar com os outros; do contrario, se esté em uma certeza absolu- ta, sem condic&o nem limite, encontra-se do lado pa- randico. J. Bergés: Esta _alternativa: ou ela a inventae_ constata que nao é isso, ou ela lhe €-de alguma forma imposta pelo corpo pulsional (Freud dé evidentemer te o exemplo das GféG5es NO Meénino). Sea mae ndoé _ toda nem sabe tudo, é capaz de formular a hipétese de que seu menino conhece um pouco disso.e de the dar carta branca para fazer uma teoria. Como vem 4 luz essa carta branca para a teoria? Qual é a compulsio que sofre a mae, para deixar a sua crian- gaa margem de conhecer um pedaco disso, dessa teo- nia ou de uma outra? Para que a crianga possa fazer_¢, uma teoria,€ preciso que, em um momento dado, sua. ha capaz de fazer uma. que supée, também, que ela sejaca- paz de se supor desconhecendo algo, que haja desco- nhecimento nela e que ela delegue a seu filhoa possi- bilidade de the dizer uma ponta disso. do ele quiser. Pelo lado do des-conhecer, ou, como = Lacan, se a mie é capaz de dizer um pouco de po agens (dé-conner), de uma certa maneira € por a eer @ crianga pode conhecer algo. Talvez haja, ed ne do lado daquilo que faz buraco para 4 if hipteey © que Ihe falta, algo que solicite também a poses pte el8 pode fazer, ou seja, de quea-ctiat” ©, Sabe come nat the um pedaco: do contrario, nao se 10 a crian¢a poderia articular algo de um sa 20, A ber que P Como ens esta amedic fazer hip labre para ise de que J. Ber Ele nao : sional”, 0 que have! isso. Esto siste em ¢ corpo, ist menina st ses.A prc menino q uma espé riamente bia se era era proibi quanto m seu contet Isso €| sar que 0 partir par: bastante i de sonho, Permitido baleia Po mais. G. Ba menina ay vontade d fixa os m, cular sons quanto se velmente ual nte co da ita~ LOS Aatualidade di ja ser seu. er que poderia sé . Como dizia Piera Aulagnier, gens esté sempre mal Bamedida que a mae fazer hipdteses sobre i 0: abre para si mesma a Pp i se de que essa crianga saberia algo disso. F : océ estd ultrapassando_ J. Bergés: Mas atv Itrapassa Ele nao avanca tudo isso, ele diz: é 0 “corp s ou meno: Es 4a crianga a po eee ie nao sabe, que ela ssibilidade de fazer a hipote- as teorias sexual o que a mi sional”, ou seja, para ele € porque ulsa TBO que haverd hipéteses. Teno dificuldade de avalizar isso. Estou mais do seu lado do que do lado que con- siste em dizer que, com efeito, porque ha pulsiono _ is infantis o saber sobre as On- s na origem do saber. ibilidade de reud. ) pul- hd pulsao no corpo corpo, isto é, porque o menino tenha uma ere¢ao oua menina sé toque, é isso que os obriga a fazer hipdte- ses. A propésito, isso me faz pensar no sonho de um menino que recebi h4 muito tempo: ele sonhara com uma espécie de baleia cuja pele estava extraordina- riamente esticada sobre o corpo, do qual ela no sa- bia se era a cabega ou o rabo, e era nessa pele que lhe era proibido tocar, porque era frégil demais. Essa pele, quanto mais era esticada, mais arriscava deixar sair seu contetido. Isso € bastante pr6-freudiano: torna Possivel pen- Sar que 0 corpo pulsional em questiio Permitia-lhe partir para hipéteses bastante inclinado a de sonho, é preciso, permitido fazer hipé baleia pode se dila mais, G. Balbo: velmente 0 ac, ilabas, le nisso eSSO a0 i A propésit menina autista d Pdsito de um Vontade de arti fixa os Movimer cular sons de Si quanto se sent e sete anos, obsery, cular algo; quand 2 lo ntos da boca da m: ela olha sua mie, tc., 0 quanto © corpo em discurso pa que eu esqueci. Mas eu estaria trabalho de uma ‘© O quanto ela tem ae, comeca a arti. © pulsional ¢ ° a¢40 € inconte. SS por af. Ela; vi Jean Bergés e Gabriel Balbo mente em contato com uma mae que é muito gentil, que vem, mas que fica impressionada por sua filha, a ponto de olhé-la como se ela Propria fosse autista. E muito dificil, porque se sente bem af aarti- culagdo que falha na mae para que a menina Possa ter esse pulsional, esse corpo que se ponha verdadei- ramente a articular um discurso. , E por isso que subscrevo a hipotese freudiana quando ele diz que € no pulsional que se’ saber. Creio que essa é uma contribuigao p: ca incontornavel: do contrario, podemos nos conten- tar com 0 cognitivismo, etc., etc. J. Moulin: E nesse nivel que ele emprega o termo urgéncia? G. Balbo: Lebensnot?" Sim, mas isso é insufi- ciente: vé-se bem af como, algo do discurso materno é_ necessdrio. Nela, o que é que responde de pulsional 4 pulsao que 0 corpo exprime do lado de sua filha? Em outras palavras, em que ela nao responde a demanda que a pulsdo em sua filha Ihe formula? Ela nao che- 8a, em absoluto, a fazer a hipdtese ela me pede para the dizer algo. Ela poderia lhe dizer no importa 0 qué, mas nao diz nada. Fala, lhe diz ela, e ai ela arti- cula fonemas, silabas. E preciso que vocé ponha or- dem nisso, mas ai ela pGe a barra muito alto, a meni- na ainda nao pode chegar até ai. Posicao freudiana sustenta-se porqu dooutro veri também imp Cri igualmene ai a : sreabalho ‘tranquil mente, cle di Iho pode ser fei Partir desse discurso que tal traba” boa post: ‘Ou de acordo, mas pela metade, 4 cé fala de pulsio, falemos pulsio, € POSto que voos mos in v "7 . fala de palavras, falemos boca, volte- simples! mida, Quand x a mie fornece o objeto de necessidade, iss Ihedgonyeelt boca e, a0 mesmo tempo em que ela Ieto da necessidade, ela Ihe diz o objeto de 2» Aa seu desejo: aquilo que’ ra conclusa de oferecer: demanda. 4 na realidad po pulsiona corpo pulsic temem se al ademanda d seja uma de’ corpo pulsio manda. _ G. Balbo so ler 0 que ndo come tet Ihe dé de con entao te alim nesse caso, { Porque a tinic ta que teni-p realidadé um: dade é uma __pulsional na J. Bergis: SO.que ela trar ciso “$0 que ela It G. Balbo: a0 objeto da ; Supe que a ¢ due ela the dg ir deprimir-s¢ a Aspect Nao fa: T teor Tetino normal | itd depriminse. Aatualidade das teorias sexuals Inkanere Ao ti re ; «5: deixe-se nutrir. Que conclusao tirar sob seu ra debatemos? Ou, pelo menos, uma oe aquilo gee on ; fi i ‘almente, a oferta, o fato -a conclusio é a de que, Hina” "so passa de uma delesecer ocho dee eo aa neessidade da. A mae, ‘ 5 Ms ce idade The pede para se deixar nutrir. hid °O a po pulsional, na pulsdo oral, no nivel da boca, € corpo pulsional da mae, na pulsdo invocante, mee temem se articular entre um_ objeto da necessiaa ademanda da mie, em outros termos, que toda oferta seja uma demanda, evidentemente se ve bem que _O_ corpo pulsional & a ver com a de- manda. . “G. Balbo: Para responder 4 sua questao, é preci- so ler 0 que escrevemos juntos. Se ela nao Ihe diz ndo come teu dasein", ao mesmo tempo em que ela lhe dé de comer, se ela nao lhe articula algo, isso ser entio te alimenta, e sabe-se 0 quanto o te alimenta, nesse caso, pode ser mortal. Ele é mortal por qué? Porque a tinica resposta 4 necessidade é uma respos- ta que tem por destino calar_a pulsio, ou seja, na tealidade uma mie que responde somente a necessi- dade € uma mie que tem por désignio asfixiar o pulsional na crianga. J. Bergés: Sim, mas, para a . so que ela transforme sua oferta em dem ny © preci- ciso que ela the demande, no basta tagarclar G. Balb Certamente é preciso gi a a0 objeto da necessidade que el: re ela articule, SupOe que a crianga Ihe diz, foe da, 0 que ela que ela Ihe dé. Se nao, trata-se de a fale o alimento le uma crianca que J. Bergés: ...9 diz, mas 4 -© que ela supde : auietanessaarn ee su, He ‘algo ouunsa Ihe Seguinte aspecto: rane da teoria sexual j ie me in- nao fazer teoria? By Compulsao? Por. que til pelo ctetino normal que 1 poderia também ; Nao posso que nao faz nenhuma teoria et nar um ’. Acontian.. Jean Bergés e Gabriel Balbo que esse nfo é 0 caso. Eu pergunto, por exemplo, 4 mulher que encon- tro: Vocé me ama? Isso nao tem nenhum sentido, mas quando faco essa pergunta terei “o-somente jogado minha grande cartada, porque pode me ser dito nao, A grande aposta em questdo, ou seja, essa espécie de compulsao na qual eu me ponho a fazer uma deman- da, penso que a teoria sexual infantil deriva de uma compulsao dessa ordem. Em suma, Pergunto-me se essa compulsao vem de meu corpo pulsional, isto é, sou um animal que de fato deve fazer uma teoria ou, entio, se sou forgado a fazer uma teoria, porque isso me € pedido? Isso nao Tegula a questdo, mas mesmo assim desloca um pouco as coisas. G. Balbo: Essa teoria, que eu a faga porque me é Pedida, serei tentado a Tesponder que é justamente Porque me pedem que a fago. Mas, mesmo que eu diga isso, nao faz as coisas avancarem muito. Acho vinda do outro. Porém, essa demanda vinda do outro ndo pode ser como tal demanda do outro, a nao ser que ela se encontre em agdo numa divisio, no nivel do sujeito que formula esea demanda, no caso a mie. A crlanga responderd 4 mie que Ihe diz eu te peco ‘pplicitamente para me fazeres uma teoria sexual Talvez, mas cteio que € preciso haver algo “ que-eta Ihe form lustamente para que, a demanda ile de respomtee je etumnea tenha uma certa liber ‘S20, em Ten Dito de outro modo, é essa divi- Pelo contrétig: ooh We é importante e sobre a qual, 0. Ao contrarie 10580 Freud nao insiste em absolu- Psicanaliticg, jar saa, a segunda ligdo de O ato tem 0 Outro, nists Nisso de uma certa maneira: ele - Berges: ‘MO conceito, A sua disposigao. Saber se anys * Pergunta que me faco nao é tanto ae ama i an natu; © vai lhe pedir isso, mas antes qual € Sez daquil qual ~ Te-GUE Nos leva - Freud diz que € 3- oy pulsa infant fantil, te até mente é que | fazer t porque suma, ¢ mas ap numa te de cast situar a G.B na demo ~ que 0 pu bem, por Mode sa €interess © que nac vocé diz. Para ele, f que voce Chéoriser do lado da 4coluna, a que se seg O que | Maticas ou Nao se Fique Léa i is infantis A atualidade das teorlas sexuais infan' ional — uma teoria sexual pulsio, 0 corre pul aE ee teoria sexual in- infantil? O aoe Como yoo’ diz, ligado mortalmen- fant qua ev fazer asneiras absoluta- Ee ie ee a me obriga a isso? O que limes, : tae com que eu seja absolutamente obrigado a fazer teorias? Que eu seja obrigado a fazer teorias porque meu corpo possui orificios & porque... em suma, 0 que diz Freud, nao vejo nissO inconveniente, mas apenas que isso nao se traduz obrigatoriamente numa teoria, isso pode traduzir-se por uma angustia de castracio, por sintomas, etc., ¢ entdéo nao posso situar a teoria sexual infantil desse modo. G. Balbo: Nao, visto que 0 que se tem a ressaltar nstracao freudiana é que parece ser evidente semboca em teoria. Por qué? Pois to de saber como as criangas vém ao mundo. O que € interessante é que isso parece evidente. Com efeito, © que no é necessariamente 0 caso para nés, como vocé diz. Simplesmente, o que é que faz com que, para ele, fosse tio simples, essa é tambéma pergunta que vocé faz. O que é que nos leva a teorizar (théoriser), a estar do lado deusa (théa) ou deus (théo), do lado daquilo que, alids nao é deus, é a fila (ph ile : acoluna, a fila que vai Para o templo, fila de a que he seguem e que vao para o templo. sie niger que se facam teorias, sexuais, tras? O que faz c ama ne a fique naquilo que é puramente so? E é ai que eu creio que Jean Bergés & Gabriel Balbo cae fale, é porque ela est4 esperan- . e essa crianga cre: ee ee lea poraue erie do que algum dia é ele on kis O porqué nao é interrogativo, é uma causa. Tenho um pequeno exemplo que merece ° porqué. E uma jovem que conta por que ela nao po- dia dormir quando era crianga: a noite, ela nao ouvia nada e achava isso anormal. Ela nao podia dormir e entio era obrigada a fazer vir os ruidos do dia e eu néo devia deixar faltar nenhum, ou seja, os barulhos no quarto ao lado teriam sido 0 alicerce de sua teoria. Ela justamente tentava nao dormir se nao ouvisse nada e, entdo, era obrigada a se lembrar dos barulhos. Ti- nha como imperativo ~ e é por isso que eu falava da compulsao — reparar em todos os barulhos durante o dia, esperando nao deixar escapar nenhum, porque seria justamente aquele que teria constituido 0 por- qué. G. Balbo: Hé uma bela anilise clinica da teoria sexual infantil em um texto de Roland Barthes sobre Racine, editado pela Point: é interessante, porque oa i ae de Racine é sempre um impossivel, uma cul telacao Sexual, e cada tragédia é a teoria disso. Bae Rergés: A ins6nia dessa Jovem é barthesiana. tragédia pea le enfermagem e sua ins6nia é uma Posta a isso Ee Parece-me que a teoria é uma res- consiste em aa tae sobre um modo obsessivo que baruthos, a '0 deixar passar nada, a fazer vir OS mesmo asimodenn a teoria sexual infantil . de Freud est ae inferior. O menino de 2 ee ue tem 19 oy 20 eoricamente abaixo dessa jove! _ Em vez de pa anos... . . - tancia da masty ace € preciso lembrar a Ud i dizer, Porque rane em tudo o que se acaba i Tula as delicia, enfim, essa masturbagfio, que cons! 1.28 das noites de Viena, fala-se pouco dela. Telacdo ae cvando-se em conta 0 fato de gue ‘tlanga conhece com sua mie é um mi lad pér bre con con éaq tout ber. diale sere ser fc estrui que cy Chega © que forcly Pai insistic quiga « dade a to) na t ques" J.B nao Po- 10 ouvia lormir e dia e eu Darulhos ja teoria, isse nada thos. Ti- alava da lurante o , porque lo 0 por- da teoria nes sobre >, porque fvel, uma ria disso. thesiana. ia € uma ; uma Tes= ssivo que et vit OS infantil © de 2 anos ssa jovem lu ‘A atualidade das teorias sexuais infantis relacio, a tinica pederasta que existe verdadeiramen- te éa mie, a nica que tem com sua crianga um CcOo- mércio sexual tolerado, é 0 que diz Freud. J. Berges: E a pedéfila tipica... - G. Balbo: E, por conseqiiéncia, elaaacaricia, ela Ihe ensina assim o amor, diz Freud. E, para mim, des- sas caricias e dessa pederastia deve bem restar algo do lado da masturba¢io... J. Bergés: Para Freud, em todo caso, isso é certo, mas essa questo da masturbacao nas teorias sexuais infantis é muito importante. Freud comega por ai: pelo lado do menino, a mae nao pode deixar de ter um pénis, porquanto eu encontro prazer com o meu. So- bretudo nos psicéticos, que tém muitas dificuldades comas teorias sexuais infantis, esté sempre em a¢ao como instrumento. G. Balbo: Neles, o engendramento é um buraco, € aquilo que foi forcluido. Nesse ponto, vocé levan- tou uma outra questdo para a préxima vez, que é sa- ber o que péde muito bem ter sido forclufdo na do engendramet q nto, no que concerne a eles, € absolutamente fundamental e ‘ega, na maioria das vezes, ao auto-engendramento, que permite continuar sobre a i, na foshdae doe a questao do pai, na J. Bergés: Talvez f rges: nessa forclusio' Pai, a mae faz uma dei eae Pai, a manda. Talvez ni insistido o bastante nesse assunto aoe Pergunta? E es”... au a quest&o do interdito, “nio te to. J. Berges: ‘gés: Um Tepresamento, algo que impont nha Jean Bergés e Gabriel Balbo uma pausa A questo do corpo erotizado? Freud fala isso, € verdade. . _— a Balbo: O interdito e a questao da sublimacao. J. Bergés: A ser elaborado em contraponto da mentalizacio. A mentalizagao e a sublimacao, nao é impossfvel que o fragmento de veracidade tenha algo a ver com um corte, uma pontuacao, um momento em que o significante inverte-se. Antes que um inter- dito, um ponto que nao venha ao caso. Isso estaria mais préximo daquilo que corresponde 4 instalagao de uma teoria da compulsao em questio. O interdito, ao contrdrio, é uma aceleragao formidavel. G. Balbo: Ha a teoria e, pois, o que é que, da sublimagao, entra em jogo ou nao nessa teoria, o que pode ser conflitual: Verdrdngung € traduzido por recalcamento, é uma barragem. M. Dokhan: Acesso dificil da mulher & teoria... J. Bergés: E evidente que a mae nao pressupée a mesma coisa, em sua teoria sexual infantil, conforme se trate de um menino ou de uma menina. A cultura de que falei h4 pouco é matrilinear, nao h4 nenhum pai. M. Dokhan: Ela espera que ele lhe traga uma res- Posta 4 questo de por que ele nasceu... J. Bergés: Pensa-se que é a crianga que faz as Perguntas ¢ que 0 adulto responde, ao Passo que, se aly mae responde a tudo, é a catdstrofe, mas se ela é_/ interrogativa, admite sua falta: a pale: E uma béigao para a crianga. Lacan, Pais reomitferéncia, diz isso. Do contrdrio, ndo se tese pe ne a0 que faltou a questo de aa de pal aa ‘ando a cadeia, é“eu devia morrer ante: buraen iquciimento’ » enquanto se hd no outro ees anterion Permite que nao se remonte a um bura ump ait Duault: Sobre a questio da sublimagio: Sua crian, que nao quer que se toque nela, que am: £4, Com a condigéio de que ela nao a toque: cada pal G.B quando M. A venha pi ¢do. G.B mie de z J. Be mie faz com uma The que | demanida alimenta © que fal da pelo f, G.Ba te demar que por sea me ura jum 235 aco ga” gma ue: ul ie amamenta como es: A mie qu aoe que qual ; __ Borges: Pyoca: parece-me 4 eg aE nhO, scrita ue m0 Sa ‘a mae, 0 Suporte escrever SO re C : nho clinico dis- nho e 0 tocar. pensamento? corpo de mi- ser colo- mG. Balbo: Encontra-se um ae so nas tatuagens. Misturam-se oe ea J. Berges: Seria a sublimaga Done Quando escrevo, eu penso, mas sate nha mie? A questao da sublima¢ itivistas. , cada para os cognitivis| ee Balbo: Em Totem e Tabu, muda-se de reg: indo se cessa de tocar. OM Arnoux: A mae nado tem falta de nada que venha preencher algo que seria da ordem da castra- ‘Go. 5 é i G. Balbo: Aquela a quem nao falta nada € uma mie de autista. . J. Bergés: O que dizes pressupde que, quando a mie faz sua demanda, ao mesmo tempo ela a tapa com uma oferta: quando ela Ihe dé um pedindo- Ihe que coma, éla tem faltade“algo, pois faz uma demanda. Mas, ao mesmo tempo, ela diz “deixa-te alimentar”, ou Seja, “te falta algo”. Ela vem obturar oque falta a crianga por uma demanda que é obtura- da pelo fato de a crianca nao ter falta de nada. G. Balbo: Na maneira de colocar o problema en- tre demanda e oferta, é o impasse, o que responde & uma outra demanda; conflito das demandas entre mae rananeas, Jamais de ofertas. Quem dé sofre Por isso. aa Go A transferéncia, descarta a oferta, , |. A.: Como vocé se posici i: J.Bergis: Q Posiciona, Jean? sidade, ine teal Tad ante dai um objeto da neces- demanda algo ~ e depoj smo tempo em que ela POis de té-lo escutado — Posto ‘Ampa sua propria 0, ela de i ; demanda ao pree; eee np utr. Se elg falte, manda ncher a bo objeto, é Porque ela supde fe tie Jean Bergés € Gabriel Balbo G. Balbo: Nao estou de acordo, insisto: ela lhe d4 ada. . J. Berges: Ela lhe da um pedago de péra, pedin- do-lhe para que 0 coma: ela sup6e que isso lhe falte. G. Balbo: Ela lhe demanda a demanda... falare- mos de novo sobre isso. J. Bergés: Com a péra na mao... Pergunta? Sobre o tempo légico. (Aula de 7 de outubro de 1997) a af.

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