Segundo a mitologia iorubana ou jeje, os orixás eram deuses antropomórficos,
isto é, divindades com atributos e qualidades humanas. Assim, eram deuses e homens ao mesmo tempo. Cópia das mitologias de outros países? Pode ser, pois há certa aproximação entre deuses de outras terras e orixás africanos. Mas na essência, seria o orixá um espírito diferente de nós? Porventura, teria Deus criado seres de origem, evolução, características e atividades diferentes? Ou seja, várias espécies distintas de espíritos? Porque, consoante a fonte e a crença africanas, orixá é um “espírito da natureza”, um “encantado”. Pelo que sabemos, o minério, o vegetal, a substância material, um lugar natural, os fenômenos meteorológicos não possuem espírito, embora o vegetal possua o princípio vital e o animal uma psique ainda em formação. No folclore da totalidade dos países, consta a existência - lenda ou não - de fadas, gênios, sereias, elementos, “espíritos” da água, ar, terra e fogo (ondinas, silfos, gnomos e salamandras); entre os índios tupis haviam as lendas do saci-pererê, caapora, iara, boitatá, curupira, anhangá e outros, entidades habitantes de matas, cemitérios, rios, lagos, cachoeiras; na Idade Média, foi muito difundida a crendice nos íncubos e súcubos, demônios que tentavam homens e mulheres, materializando-se à noite e mantendo relações sexuais com os humanos. Mas o que seriam os orixás? Sabemos que por constituírem “espíritos da natureza” não incorporam médiuns nos cultos de nações nem nos deles oriundos: os candomblés. É como dizem “Santo não baixa em terreiro”. Na Umbanda, embora se adotem nomes de orixás por sincretismo, conhecemos nossos guias e protetores, sabendo serem almas de humanos como nós, porém sem o corpo físico. Não havendo incorporação nos candomblés, o médium apenas recebe as vibrações de seu orixá de cabeça e, empolgado, “hipnotizado”, extasiado, dança em homenagem a ele, ostentando seus fetiches: roupas, armas e símbolos. Orixá, no nosso entendimento, parece ser energias vibratórias irradiadas dos elementos que compõem um ambiente, fenômeno ou local, forças manipuladas por uma inteligência que as dirige, em consonância com os objetivos a que pretende alcançar. Reforça a nossa tese a origem de Exu. Exu é deturpação da palavra hebraica “IESHUA” significando ponto de encontro. Circulando o globo terrestre existem linhas de forças magnéticas movimentando-se em diversas direções e estas linhas se cruzam em alguns pontos da Terra. Esse fenômeno já era do conhecimento de sábios e povos antigos, inclusive dos hebreus, os quais ofereciam holocaustos e oferendas nesses pontos de cruzamento. Como o povo hebreu esteve cativo no Egito e este país situa-se no norte da África, de algum modo passou para os africanos que, desconhecendo o fundamento do ritual, passaram a ofertas sacrifícios nos cruzamentos de estradas e caminhos em louvor de “Ieshua”, mais tarde exu. Não é preciso dizer que tal prática veio com eles ao Brasil. Pois bem, cada energia tem sua faixa de vibração própria, sendo manipuladas por serem inteligentes a ela ligados, que as dirigem para uma finalidade. Assim, a vibração dos mares seria controlada por uma entidade denominada Iemanjá; a dos minérios, Ogum; a das pedras, raios e trovões, Xangô; a dos vegetais, Oxossi; as vibrações religiosas, Oxalá; etc. Isto posto, como há espíritos que dirigem fenômenos naturais e respectiva energia, devem ser eles que as governam, pois a lógica e o bom senso não nos aconselham a crer que a energia possua inteligência mas somente força a vibração, porque inteligência é atributo dos seres psíquicos já evoluídos na escala espiritual. Daí, nossa opinião de que orixá seja um espírito igual a nós, presidindo as forças naturais (energias), de sua competência, formando ambos uma só unidade simbólica.
AS 7 LINHAS DE UMBANDA
Encontramos em vários livros diversas maneiras que se formam as 7 linhas de
Umbanda. De acordo com nossa hierarquia, descriminamos abaixo aquelas nas quais nossa casa trabalha e desenvolve na mediunidade de seus filhos. Lembramos que todos os médiuns, independentes de sexo ou linhagem trazidas de outras hierarquias, devem desenvolver (dar passividade) a todos sem distinção, pois somente assim conseguiremos formar uma corrente mediúnica interligada desde o Comandante Chefe de Terreiro até os iniciantes. As 7 linhas da Umbanda: 1) Oxalá 2) Xangô 3) Ogum 4) Oxosse 5) Iemanjá 6) Cosme, Damião e Doum 7) Mista
OS CABOCLOS
A denominação “caboclo”, embora comumente designe o mestiço de branco
com índio ou mulato de cor bronzeada com cabelos escorridos, tem, na Umbanda, significado um pouco diferente. Caboclo, para os umbandistas, são almas de índios que se incorporam no “cavalo”, como denominam o médium que lhe dá passividade. Os índios que baixam nos terreiros são os mesmos habitantes das terras brasileiras, antes e depois de seu descobrimento até nossos dias. Constituem o braço forte da Umbanda, muito utilizados nas sessões de desenvolvimento de médiuns, curas através de ervas e simpatias, desobsessões, solução de problemas psíquicos e materiais, repressão a espíritos malévolos, principalmente eguns (espíritos errantes ou almas penadas), demandas materiais e espirituais e uma série de outros serviços e atividades executados nas tendas. Muitos que hoje vêm aos terreiros, foram pajés, velhos curandeiros ou magos, tanto que são utilizados em trabalhos de curas através de ervas, demandas espirituais - pois foram hábeis guerreiros - proteção espiritual a pessoa e tendas e desenvolvimento de médiuns, porque possuem fluídos mais grosseiros, adaptando-se perfeitamente à aura do médium principiante, por sua essência mais primitiva. Acresce, ainda, que sob a estrutura fluídica de um índio, se esconde muitas vezes um padre, um missionário, um pacificador indígena, um bandeirante ou um médico, cujas primeiras existências humanas, foram como silvícolas. Isso explica, porque para o espírito a forma não é nada, dando mais valor ao conteúdo divino do trabalho de caridade. Quando baixados nos terreiros, são enérgicos e autoritários, mostrando-se intolerantes com a hipocrisia e fraquezas dos filhos de fé. Conservam os mesmos hábitos e costumes adotados na Terra, razão por que se lhes dão o arco, a flecha, a tanga de penas, o cocar, o charuto e outros apetrechos que lhes são familiares.
FALANGES
Esta palavra tem duplo entendimento quando a usamos no nosso cotidiano.
Entendemos que falange no sentido forte da palavra, significa a 1ª. Ramificação de um maioral. Em outras palavras seria o agrupamentos de espíritos afins que possuem a mesma vibração. Exemplificando, temos a Linha de Ogum, e dentro da linha existem falanges, onde os caboclos com determinadas afinidades trabalham, sendo as Falanges: Ogum Megê, Ogum Rompe Mato, Ogum Beira Mar, Ogum Iara, Ogum Matinata, Ogum de Lei (Delê) e etc. Cada um desses caboclos traz um nome e este nome “corresponde a sua falange”. Na linha de Oxossi podemos encontrar um caboclo da Falange de Seu Pena Branca, ele pode trazer um nome como "Pena Verde" e temos também caboclos que trazem o nome do dono da falange, mas com sua própria “indicação” como: Caboclo Pena Branca Caçador; Na falange da Jurema, Cabocla Jurema do Rio e etc. Em todas as linhas existem suas subdivisões, mais um exemplo é a “falange” de Preto-Velho, que pertence a 7ª. Linha de Umbanda, dentro desta “falange” existem suas subdivisões, suas características, “os agrupamentos” dos espíritos por afinidades, por local onde viveram em Terra ou então ainda o que os ligam sejam experiências idênticas ou parecidas em que os fizeram então pertencer a tal falange, como: Angola, Congo, Almas e etc.