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AO MERITÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DO ____ JUIZADO ESPECIAL DE

FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DA CAPITAL / RJ

Prioridade na tramitação (Estatuto do Idoso)

ANA DA CONCEIÇÃO PINTO DE ALMEIDA, brasileira, viúva,


aposentada, portadora da identidade nº 04858529-3 SSP/RJ, inscrita no CPF sob o
nº 903.535.877-53, residente e domiciliada na Praça Nossa Senhora das Dores, nº
25, apto 101, Pavuna, CEP: 21520-300, Rio de Janeiro – RJ, por intermédio de seus
advogados signatários, com procuração anexa, vem, respeitosamente, perante
Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA CUMULADA COM REPETIÇÃO


DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO
(Com pedido de Antecipação de Tutela)

em face de ESTADO DO RIO DE JANEIRO, pessoa jurídica de direito público,


inscrita no CNPJ sob o n° 42.498.600/0001-71, com endereço na Rua do Carmo,
27/13º andar, – Rio de Janeiro – RJ. CEP: 20.011-900, pelos fatos e fundamentos
jurídicos a seguir aduzidos:
I - DA TRAMITAÇÃO PREFERENCIAL PESSOA IDOSA
Conforme documentos pessoais da Autora anexados à inicial, esta
possui 90 anos de idade, fazendo jus, por isso, ao benefício da prioridade na
tramitação de procedimentos judiciais, nos termos do art. 1.048, I, do Código de
Processo Civil.

II – DOS FATOS
A Autora é consumidora de energia elétrica da fornecedora
concessionária LIGHT, possuindo como código de cliente o n°30546721,
conforme documentos anexos.
Atualmente, o ICMS exigido pelo Réu é manifestamente
excessivo e INCONSTITUCIONAL, tendo em vista a cobrança superior ao
percentual de 18%, chegando a alíquotas de 31%, conforme se comprova em
tabela anexa.
Nos termos da Arguição de Inconstitucionalidade nº 27/2005 e nº
21/2008, o E. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, através de seu
Órgão Especial, declarou a inconstitucionalidade dos artigos 14, VI, item 2 e
VIII, item 7 do Decreto Estadual nº 24.427/00, e 14, VI, b, da Lei Estadual nº
2.657/96, no que se referem à cobrança do ICMS pela alíquota de 25%.
Desta forma, como a decisão proferida pelo Órgão Especial é
observância obrigatória, deve ser reconhecida a inconstitucionalidade de tarifas
superiores a 18%, por nítida violação ao princípio da seletividade.
III - DO DIREITO
III.I – DA INCONSTITUCIONALIDADE DA ALÍQUOTA PREVISTA NA
LEGISLAÇÃO ESTADUAL
Como já informado, fora declarada a inconstitucionalidade dos
artigos 14, VI, item 2 e VIII, item 7 do Decreto Estadual nº 24.427/00, e 14, VI, b,
da Lei Estadual nº 2.657/96, consoante observa-se na ementa dos seguintes
julgados, a saber:

2008.004.01053 - MANDADO DE SEGURANCA


DES. HENRIQUE DE ANDRADE FIGUEIRA -
Julgamento: 08/10/2008 - DECIMA SETIMA
CAMARA CIVELTRIBUTÁRIO. MANDADO DE
SEGURANÇA. ICMS. ENERGIA ELÉTRICA E
TELECOMUNICAÇÕES. ALÍQUOTA. Mandado de
Segurança impetrado para afastar a exigibilidade do
pagamento de ICMS sobre serviços de energia elétrica e
telecomunicações com a incidência de alíquota de 30%
(trinta por cento). O C. Órgão Especial desta Alta Corte
proclamou a inconstitucionalidade do artigo 14, VI, item
2, VIII, item 7, do Decreto Estadual nº 27.427/00 na
Argüição de Inconstitucionalidade nº 27/05, que
instituiu a cobrança do ICMS com alíquota de 30%
(trinta por cento).O contribuinte tem o direito líquido e
certo de recolher o ICMS sobre operações de energia
elétrica e serviços de telecomunicações com a incidência
da alíquota de 18% (dezoito por cento) mais 5% (cinco
por cento) destinados ao Fundo de Combate à Pobreza,
além do direito à compensação em consonância com o
verbete 213 da súmula do E. Superior Tribunal de
Justiça. Ordem concedida.
2008.004.00199 - MANDADO DE SEGURANCA
DES. DENISE LEVY TREDLER - Julgamento:
30/09/2008 - DECIMA NONA CAMARA CIVEL
Agravo Regimental interposto contra decisão que defere
medida liminar em mandado de segurança. Direito
Tributário. Liminar deferida para o fim de determinar a
cobrança de ICMS incidente sobre os serviços de energia
elétrica e de telecomunicação, com base na alíquota de
18% (dezoito por cento). Legitimidade ativa do
consumidor dos referidos serviços para impetrar a ação
mandamental em tela. Ilegitimidade passiva do Secretário
de Fazenda do Estado do Rio de Janeiro afastada, na
medida em que se trata da autoridade vinculada à pessoa
jurídica de direito público responsável pela cobrança do
imposto e pela correção de eventual irregularidade.
Decisão proferida pelo Órgão Especial desta Corte
estadual, no julgamento da Argüição de
Inconstitucionalidade nº. 2005.017.00027, pela qual foi
declarada, por unanimidade, a inconstitucionalidade dos
dispositivos legais do Decreto estadual nº. 27.427, de
2000, que permitiam a exação do ICMS incidente sobre os
serviços de energia elétrica e de telecomunicação, com
base em alíquota de 25%. Pretensão de reconsideração do
decisum, que nada acrescenta possa modificar a decisão
em tela. Recurso desprovido.
Assim, extrai-se de os julgamentos supracitados ser cristalino que
a Autora possui o direito de recolher ICMS sobre operações de energia elétrica
com a incidência de alíquota geral de 18%, porquanto já considerando a
inconstitucionalidade declarada.

III.2 – DOS PRINCÍPIOS JURÍDICOS


Importante mencionar os princípios consagrados no texto
constitucional, a saber, o princípio da seletividade e o da essencialidade,
previstos no art. 155, § 2º, III, os quais devem ser rigorosamente seguidos pelo
legislador infraconstitucional.
De acordo com os princípios mencionados, a tributação deve ser
diferenciada em razão da essencialidade do produto sujeito, já que parte do
pressuposto de que os bens essenciais são menos dispensáveis do que os bens
supérfluos, podendo, portanto, sofrer uma maior tributação, restando,
consequentemente, atendido o princípio da capacidade contributiva.
Nota-se que, as normas legais declaradas inconstitucionais não
atendem aos princípios constitucionais da seletividade e da essencialidade,
visto que preveem a incidência de alíquotas menores sobre operações com
produtos rigorosamente supérfluos, ao passo que a energia elétrica, bem
essencial, sofre uma alta carga tributária.
Desta forma, é evidente que acertadamente foram declaradas
inconstitucionais as normas por violarem os princípios constitucionais da
essencialidade, da seletividade e da capacidade contributiva, uma vez que
preveem uma exacerbada carga tributária às operações de energia elétrica,
conforme decido por esse E. Tribunal de Justiça.

III.4 - PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA SELETIVIDADE


A lei maior determina a obrigação de se instituir igualdade entre
todos os cidadãos e apresenta também diversas maneiras de fazê-lo. O esforço
para garantir a isonomia não deve ser entendido como algo facultativo mas sim
uma obrigação dirigida ao magistrado, bem como aplicável em todas as
ramificações dos poderes executivo, legislativo e judiciário.
Um dos princípios constitucionais que possui este viés de
paridade entre indivíduos e que afeta diretamente a dinâmica do direito
tributário é o da seletividade, que celebra a estipulação de alíquotas
diferenciadas para determinados produtos e/ou serviços com base em sua
função ou essencialidade. Conforme se retira do texto constitucional:
Art. 155. [...]
§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
[...]
III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das
mercadorias e dos serviços.
O princípio da seletividade possibilita, por exemplo, que pessoas
menos privilegiadas financeiramente devam ter maior acessibilidade para
adquirir produtos ou serviços de caráter essencial pois a Constituição entende
não ser justo que determinados cidadãos sejam privados de ter condições
idênticas ou similares em razão de sua condição social/financeira menos
favorecida. Na verdade a lógica da essencialidade permite uma tributação
diferenciada em razão da maior ou menor importância de um bem, produto ou
serviço para alguém.
Deste modo, vide a manifesta importância de distribuição de
energia elétrica para cada cidadão brasileiro, há de se concluir pela aplicação do
princípio da seletividade no presente caso da Autora e a cobrança de ICMS em
alíquota superior a 18%, já demonstrada inconstitucional, é inequivocamente
um descumprimento da tal princípio constitucional.

III.5 - DA VEDAÇÃO AO CONFISCO

Em face à afirmação acima, há de se mencionar o princípio


constitucional da vedação ao confisco, conforme disciplina o art. 150, IV da
CF/88, vejamos:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias


asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;

Resta clara a caracterização do confisco por parte do Réu, ficando


evidente na efetiva cobrança de alíquota superior a 18% de ICMS sobre a
energia elétrica, este sendo ESSENCIAL, enquanto impõe 18% de alíquota aos
demais serviços e produtos, alguns supérfluos, inclusive.
A Carta Magna em seu art. 155, §2º, III atribuiu ao ICMS a
aplicação do Princípio da Seletividade, pelo qual as respectivas alíquotas devem
ser estabelecidas de forma menos gravosa quanto às mercadorias e serviços de
caráter essencial, reservando a tributação majorada aos itens menos relevantes
e/ou até supérfluos
Portanto, conforme se percebe evidenciado acima, o valor cobrado
pelo Réu a título de ICMS e repassado para a Autora é evidentemente
incoerente com o ordenamento jurídico, podendo ser considerado confiscatório.
Cabe à Autora a restituição dos valores por ela pagos que tenham excedido o
percentual de 18%, durante o período de 2015 a 2020.

IV– DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO


A Autora requer a repetição de indébito dos pagamentos de ICMS
inseridos em suas contas de luz dos últimos 5 anos, limitadas às contas nas
quais a alíquota cobrada tenha sido superior a 18%, conforme tabela anexa.

V – DA TUTELA DE URGÊNCIA
A concessão da tutela de urgência antecipada visa salvaguardar a
Autora de danos maiores. Conforme se verifica, nas faturas da Autora estão
sendo inseridas alíquotas que superam 30%, valor recolhido mensalmente aos
cofres públicos e exacerbadamente maior que o constitucional devido, qual seja,
18%.
Nos termos do art. 300, do CPC/15 e § 3º do art. 84 do CDC.
"Art. 300. "A tutela de urgência será concedida
quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo. ”
Desta forma, não há a menor probabilidade de perigo de
irreversibilidade do provimento que será antecipado, causando prejuízo apenas
à Autora, caso indefira o pedido. É certo que todas as provas acostadas aos
autos evidenciam a inequívoca probabilidade do direito, como também refletem
o perigo de danos maiores ao jurisdicionado.
Portanto, inquestionável o dano irreparável ou de difícil reparação
que está exposto a parte Autora, e dúvida não poderá existir quanto ao pleno
atendimento dos pressupostos do art. 300, parágrafo 2º, do CPC e
consequentemente, verifica-se estarem presentes todos os requisitos que
autorizam a concessão da tutela de urgência em caráter liminar, do direito
postulado na presente.
Por tais razões, requer seja concedida a suspensão da
exigibilidade do excesso da alíquota de 18%, consoante já declarada
inconstitucional cobrança superior ao cobrado atualmente.
VI – DO DANO MORAL
O dano moral decorre da cobrança superior ao percentual de 18%,
exação que deveria seguir as diretrizes estabelecidas nos princípios
constitucionais. In casu, em razão da prática abusiva do Estado, tendo em vista
a aplicação da Teoria do Desvio Produtivo do consumidor, deve ser apto a
configurar os danos morais.
A Autora é pessoa idosa – 90 anos - e, há pelo menos 05 anos,
sofre com a cobrança de uma alíquota de ICMS que compromete a parca
remuneração que recebe como aposentada. O simples fato de a Autora ter que
se socorrer ao Judiciário não pode ser tratado de mero aborrecimento do
cotidiano.
A indenização, em tais casos, além de servir como compensação
pelo sofrimento experimentado, deve ter caráter pedagógico-punitivo, de modo
a desestimular condutas semelhantes.
Merece destaque, nesse ponto, que o desperdício do tempo vital
do consumidor, suporte implícito da existência humana, bem jurídico-
constitucional, demonstra de modo inequívoco não só a lesão ao seu direito da
personalidade, como também a obrigação de a Ré reparar o dano temporal,
especialmente quando se constata que a Autora, pessoa idosa de 90 anos,
deixou de desempenhar suas atividades existenciais, descansar ou cuidar de
si mesma (direitos fundamentais), em razão do ato lesivo cometido.
Como salienta o professor, Marcos Dessaune:
(...) o “desvio produtivo do consumidor”, que é o fato
o evento danoso que se consuma quando o
consumidor, sentindo-se prejudicado, gasta o seu
tempo vital – que é um recurso produtivo –e se
desvia das suas atividades cotidianas – que
geralmente são existenciais. Por sua vez, a
esquiva abusiva do fornecedor de se responsabilizar
pelo referido problema, que causa diretamente o
evento de desvio produtivo do consumidor,
evidencia a relação de causalidade existente
entre a prática abusiva do fornecedor e o
evento danoso dela resultante”
Desta forma, verifica-se que a Autora suportou a inserção
indevida de uma alíquota superior à 18% em sua fatura de consumo, devendo
ser objurgada a cobrança abusiva, além de ser o Réu condenado na reparação
no dano suportado pela Autora.

VI - DO PEDIDO:

Face ao exposto, a Autora requer a Vossa Excelência:

a) seja concedido o efeito da TUTELA DE URGÊNCIA, na forma do aludido art.


300 do CPC, para sustar a cobrança de alíquota do ICMS em um percentual
superior a 18%, nos termos supracitados, sob pena de multa pecuniária;

b) ordenar a citação do Réu no endereço inicialmente indicado, quanto à


presente ação, para que apresente a defesa sob pena de confissão e revelia;
c) a repetição do indébito no valor de R$ 1.256,87, nos termos do art. 165 a 169
do CTN;
d) seja ao final julgado procedente o presente pedido para sustar a aplicação de
alíquota superior a 18% referente ao ICMS sobre a energia elétrica consumida
pela Autora, pelos fundamentos jurídicos acima aduzidos;
f) seja o Réu condenado ao pagamento, a título de danos morais, no valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais), tendo em vista a aplicação do critério da
razoabilidade, já que a situação econômica do Réu enseja dever de indenizar
muito superior, o que talvez evitaria a prática reiterada destes atos.

Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito


admitidos, em especial documental superveniente.
Atribui-se à causa o valor de R$ 6.256,87 (seis mil, duzentos e
cinquenta e seis e oitenta e sete centavos).
Nestes Termos,
Pede Deferimento.

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