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Introdução ao Estudo do Direito – ISMAI / Solicitadoria – 2006/07 Carlos Patoilo

Hierarquia das leis / Hierarquia das fontes:

Hierarquia das fontes


O que importa?
Hierarquia das leis

A polémica surge devido a desconformidade entre D. Internacional e D. Interno


(estadual) // relação de primazia entre eles.
Por consequência haveriam que ser estudada a hierarquia das fontes
internacionais, destas face às nacionais e só então definir a relação hierárquica
no plano interno. Afastada a hipótese de colisão entre fontes externas e
internas, não faz sentido que se questione sequer...

Porém, atendendo a que estamos a considerar as fontes de direito em sentido


técnico jurídico, isto é no sentido em que nos obrigam e nos vinculam, ou seja
são ipso facto leis em sentido lato, normas que vigoram no nosso ordenamento
jurídico. Logo estabelecer a hierarquia de umas corresponde automaticamente
a hierarquizar as outras. Podemos dizer que a questão apenas pode ter relevo
no plano da querela académica.

.....................

Hierarquia das Normas:

Leis
Fontes imediatas:
Normas corporativas - art.1 CC (subordinadas às leis)

Fontes mediatas: Usos e costumes, apenas atendíveis quando a lei o


determine.

A hierarquia das normas fica pois resumida à prevalência das leis.

Lei 74/89, de 11/11 – Publicação, identificação e formulário dos diplomas;


refere 19 designações de leis.

A regra geral encontra-se no art. 112 da CRP: “são actos legislativos as leis, os
decretos-lei e os decretos legislativos regionais”.

Do nº 2 do art. 112 tira-se que “as leis e os decretos-leis têm valor igual, sem
prejuízo da subordinação às correspondentes leis dos decretos-leis publicados
no uso de autorização legislativa e dos que desenvolvam as bases gerais dos
regimes jurídicos”.

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Do nº 3 do art. 112 tira-se ainda “ têm valor reforçado, além das leis orgânicas,
as leis que carecem de aprovação por maioria de dois terços, bem como
aquelas que, por força da Constituição, sejam pressuposto normativo
necessário de outras leis ou que por outras devam ser respeitadas”.

Por outro lado, o art. 277 da CRP afirma “são inconstitucionais as normas que
infrinjam o disposto na constituição ou nos princípios nela consignados”.

De conjugação do exposto, surge a seguinte hierarquia:

1. Leis constitucionais, as quais integram o texto da Constituição;

2. Em equivalência:

• Leis orgânicas;
• Leis que careçam de aprovação por maioria de dois terços;
• Leis que sejam pressuposto normativo de outras leis ou por elas
devam ser respeitadas (valor reforçado, conforme nº3 do art.112)

3. Em igualdade:

• leis (AR)
• decretos-lei (Governo)

4. decretos-lei publicados no uso de autorização legislativa e os que


desenvolvam as bases gerais dos regimes jurídicos previstos em lei;

5. decretos legislativos regionais

6. As demais normas, nomeadamente as que decorrem do poder


regulamentar (Governo, Regiões Autónomas), qualquer que seja a forma
que assumam (decreto regulamentar, portaria,...) na estreita das
dependência normas que visem regulamentar.

Matérias de reserva de competência absoluta da AR – art. 164 da CRP;

Matérias de reserva de competência relativa da AR – art. 165 da CRP, pelo que


também sobre elas o Governo pode legislar desde que munido da competente
lei de autorização emanada pela AR.

As demais matérias, por exclusão de partes são de competência repartida.

Vigência da lei: Início e termo:

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A constante evolução das sociedades origina a substituição e actualização do


corpo legislativo. Como consequência o denominado direito vigente é renovado
diariamente.

Entrada em vigor: nos termos do nº1 artigo 5º do CC, “a lei só se torna


obrigatória depois de publicada no jornal oficial” (actualmente o D.
República).

Porém, nos termos do nº2 do artigo 5º do CC, “entre a publicação e a vigência


da lei decorrerá o tempo que a própria lei fixar ou, na falta de fixação, o que for
determinado em legislação especial”.

Resumindo: para sabermos a data em que determinada lei se torna obrigatória


teremos, de:

• Verificar se ela própria a indica, ou se nada diz;


• Caso nada diga, valerá então o que estiver determinado em legislação
especial (Lei nº 74/98 de 11 de Novembro, alterada pela Lei nº 2/2005
de 24 de Janeiro e pela Lei nº 26/2006 de 30 de Junho)

Vacatio legis: intervalo de tempo entre a publicação da lei e a sua


obrigatoriedade, para que seja acautelada a sua divulgação e permitir o seu
conhecimento pelos destinatários. De acordo com a referida legislação, na
falta de determinação incluída na própria lei, a entrada em vigor acontecerá
em todo o território nacional e no estrangeiro, no quinto dia após a
publicação, contado a partir do dia imediato ao da sua disponibilização na
versão electrónica do Diário da República.

Cessação da vigência:

A cessação de vigência de uma lei pode ocorrer por caducidade ou por


revogação.

o Caducidade da lei: a lei caduca quando deixa de vigorar por força de


quaisquer circunstâncias que não sejam uma nova manifestação de
vontade do legislador. Em conformidade com o artigo 7º – 1 do CC
“ quando se não destine a ter vigência temporária, a lei só deixa de
vigorar se for revogada por outra lei”, o que nos permite concluir que em
principio só caducam as leis que se destinem a vigorar por certo tempo.
A lei poderá ter vigência temporária porque:

 Do seu texto conste, expressamente, o prazo durante o qual se


mantém em vigor, caducado logo que o prazo se esgote (lei
temporária);
 Se destine a valer apenas durante o tempo em que se mantenha
uma determinada situação, caducando mal essa situação se
modifique (lei transitória);

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 Se justifica para a realização de uma concreta finalidade, caducando


no momento em que essa finalidade se atinge ou se manifesta
inatingível.

Ainda que invulgarmente, situações existem, em que a lei, até por 2não
se destinar a ter vigência temporária”, não caduca objectivamente, mas
acaba por cair em desuso, e, desse modo, caducar, deixando de se
aplicar e tornando-se numa espécie de “lei morta” (tal acontece algumas
vezes por evolução dos costumes sociais, quando comportamentos tidos
por ilícitos evoluem no sentido do consentimento da sociedade).

o Revogação da lei: Do referido nº 1 do artigo 7º do CC, “...a lei só


deixa de vigorar se for revogada por outra lei”. Portanto, a revogação
de uma lei opera-se por força de uma nova manifestação de vontade
do legislador, isto é, quando a produção e uma nova norma coloque
em causa a que esteja em vigor. Tal revogação só poderá acontecer
caso a nova norma tenha na hierarquia normativa um valor igual ou
superior à norma que visa revogar.
A revogação pode ocorrer das seguintes formas (nº 2 do art. 7 do
CC):
 Revogação expressa, por declaração expressa;

 Revogação tácita (implícita), por incompatibilidade entre as


novas disposições e as regras precedentes, ou pela
circunstância de a nova lei regular toda a matéria da lei
anterior.

Quanto à amplitude do revogado, podemos dizer que a revogação


pode ser:

 Total, chamando-se “ab-rogação”;


 Parcial, designando-se “derrogação”

Em conformidade com nº 3 do artigo 7º do CC, “a lei geral não


revoga a lei especial, excepto se outra for a intenção inequívoca do
legislador” – registe-se que esta questão só se coloca se a
revogação for tácita, pois que sendo expressa, a intenção do
legislador não deixará margem para dúvidas. No caso da revogação
de uma lei especial não ser expressa, teremos então que descortinar
qual possa ter sido a “intenção do legislador”.

Perante o referido nº 3 do artigo 7º, interpretando a contrario senso,


será que uma lei especial pode revogar uma lei geral? Claro que sim,
mas apenas no domínio em que a lei seja aplicável, ou seja no
âmbito da restrição especial que a lei regula.

Em conformidade com o nº 4 do artigo 7 do CC, “ a revogação da lei


revogatória não importa o renascimento da lei que esta revogara” –
ou seja não se verifica a repristinação da norma primeiramente

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revogada. Há porém que ter em conta a ressalva “excepto se outra


for a intenção do legislador”, o que faz acreditar que, sendo essa a
vontade do legislador, nada impede que a revogação da norma
revogatória, venha a repor em vigor a norma inicialmente revogada.

Aplicação da lei no tempo:

Este problema coloca-se sobretudo quando uma relação jurídica convive


no tempo com duas ou mais leis que a regulam em moldes diferentes.
Na maioria dos casos o legislador socorre-se do chamado “direito
transitório”, o qual resolve o problema em termos formais ou materiais.

Direito transitório formal: quando o legislador, na norma que cria,


explicitamente selecciona a que deve ser aplicada às relações jurídicas
subsistentes (formalmente é escolhida a lei a ser utilizada);

Direito transitório material: quando o legislador subordina a aplicação da


nova lei a algum acontecimento a ocorrer intercalarmente.

Retroactividade: a regra geral do nosso ordenamento jurídico é que a da


não retroactividade da lei 8art. 12 do CC) – “a lei só dispõe para o futuro”
(melhor se diria “a lei é de aplicação imediata”. O principio da não
retroactividade funda-se em razões de segurança e de previsibilidade do
viver social (se eventos passados pudessem ser postos em causa por
nova legislação, como poderíamos estar seguros dos nossos
comportamentos presentes?).

O artigo 12º do CC, distingue entre validade formal dos factos e


conteúdo da relação jurídica. No que respeito diga a questões de
validade formal, a nova lei não implica nova regulação, já no que
concerne ao conteúdo da relação a nova lei aplica-se imediatamente
apesar de anteriormente essa relação ser regulada de outra forma.

Casos especiais: a lei interpretativa (art. 13 do CC), integrando-se na lei


interpretada, é retroactiva (porque a interpretação autêntica produzida
atinge os casos ainda em aberto, logo regula sobre o passado). Porém o
legislador sabiamente ressalva com o nº 1 do artigo 13º os casos
transitados em julgado ainda que não homologados.

Movimento de codificação:

Noção de código: em termos jurídicos é, antes de mais, uma lei (seja


publicado em anexo, ou integrando o texto da norma, tem foca de lei). É
uma pluralidade de regras que obedecem a um critério de concentração
do regime jurídico num dado sector da vida em sociedade.

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A palavra código aparece associada a textos bastante antigos, como por


exemplo o Código de Hamurábi – Babilónia. Porém, estamos aqui a
referir-nos aos diplomas que emergiram da tendência que se revelou a
partir dos fins do século XVIII, e a que chamamos movimento de
codificação.

A noção moderna de código implica que ele regule de forma unitária um


certo ramo de direito, contenha a sua disciplina fundamental e seja
organizado em termos sistemáticos e científicos, garantindo uma
ordenação criteriosa das suas matérias.

Causas do movimento de codificação:

• Motivos de natureza política (aboliçaõ de situações de


excepção à lei);
• Motivos de matriz ideológica (o advennto do racionalismo;
• Razões técnico jurídicas e práticas (pressão doutrinária no
sentido de uma visão técnica do direito).

Foi aberto caminho para uma visão de conjunto, científica e


sistemática de cada ramo do direito representa e que a realidade
caótica em que se encontravam as fontes de direito tornou oportuna.

Vantagens da codificação:

 Consente melhor o aprofundamento do teor e dos valores


fundamentais que enformam cada ramo de direito;
 Minora indesejáveis desconformidades entre as diversas
fontes aplicáveis, tornando o direito mais preciso e mais certo;
 Facilita o exercício da actividade de todos os agentes ligados
à aplicação do direito;
 Permite que o direito seja facilmente conhecido, não só pelos
juristas mas, sobretudo, pelos cidadãos, cuja existência visa
regular e disciplinar.

Desvantagens da codificação:

 Não ser facilmente adaptável à constante evolução da vida


social, resultando num obstáculo à desejável contínua
adequação da ordem jurídica (tal apenas é consequência da
tendência de o legislador ficar paralisado à espera da última
inovação social ou na ponderação sobre a regra mais
conveniente, e não por dificuldades técnicas); aliás a rigidez
que se pode apontar aos códigos não é diferente da que
contempla a demais legislação;

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