Klee, o Clérigo de Nimb

Por Gabriel “Klee” de Siqueira

História: Até hoje ele acredita terem tomado-o por morto, ou

mesmo terem lhe poupado a vida por puro sadismo,
Uma noite seu pai chegou em casa um pouco
mas sobreviveu. Acordou com uma chuva fina que
mais tarde do que era o habitual. A mãe parecia
anunciava as primeiras horas do dia. A cabeça latejava.
a cada minuto que passava ficar mais afoita.
O ombro, que amorteceu a queda da carroça, doía
Andava de um lado para o outro em silêncio,
muito. Aos poucos foi se restabelecendo. Esfregou os
totalmente inquieta. Quando o pai deu suas três
olhos e pôde então contemplar a cena que nunca lhe
batidas na porta sua mãe se iluminou e correu
sairia da memória. A mãe ao seu lado pálida, estendida
imediatamente para atender. Encontrou-o um
no chão, de bruços, uma larga poça de sangue se
tanto pálido, visivelmente preocupado. Uma
estendia ao seu redor. A carroça tombada, Rufon caído,
sombra pairava pela sala. Ele não disse muito,
com as pontas das lanças ainda fincadas em seu peito.
anunciou que estavam indo embora, que
Corpos de três homens desconhecidos, vestindo trapos
juntassem tudo que pudessem carregar na
ensangüentados. O corpo de seu pai fincado a uma
carroça. Partiriam na mesma noite.
estaca, sem a cabeça.
Sua mãe sabia quais momentos eram os momentos
A dor foi tanta que lhe secou a garganta, soluçava,
de se calar, não disse nada, apenas obedeceu.
chorava, pedia aos deuses que lhe levassem dali e
Conhecia-o bem o bastante para saber
acabassem com seu martírio. Não obteve resposta.
definitivamente que ele falava sério e se não contou
Ficou imóvel, sem ação por uns quarenta minutos. Por
o verdadeiro motivo é por que tem suas razões. O
seu rosto escorriam lágrimas, lavavam o sangue que
filho, então com onze anos, ficou assustado com
havia respingado em sua face. A cabeça baixa, evitando
tudo, sentia o clima tenso da casa. Sua mãe recolheu
encarar a realidade. Reuni as forças que me restaram e
seus pertences, lhe ordenando que se apressasse de
me levantei. No meio da nossa bagagem encontrei
tempos em tempos.
panos limpos, com que limpei as feridas da mãe e do
Três horas depois partiam. Era madrugada e as ruas
pai. Demorei quinze horas para enterrá-los, em covas
estavam desertas. Não havia luzes, somente
rasas e mal feitas, com forças que não tinha.
algumas tochas esparsas traziam alguma luz
Quando tudo estava terminado dei uma última olhada
bruxuleante à cidade. Havia algumas esferas
em volta, como a fotografar o lugar mentalmente, e me
voadoras, flutuando em meio à escuridão, bem
virei. Thomas prometeu a si mesmo que nunca mais
distantes. A cada vulto que percebia nas sombras o
voltaria para aquela cidade. Nunca mais pisaria nas
garoto se aconchegava mais perto de sua mãe,
terras de Triunphus novamente. Lá sua vida havia
evitava encará-los.
morrido, se quisesse sobreviver teria de ser outra
Já haviam cruzado os portões da cidade e
pessoa. Foi assim que eu surgi. Meu nome é Klee. Só
percorriam a estrada num ritmo forte, imposto pelo
isso. Sem firulas e sobrenomes, sem complicações e
pai, quando aconteceu. De lugar algum saltaram
títulos, seria apenas Klee.
cerca de seis assaltantes. O pai não pareceu
Thomas Gage não suportaria o fardo sozinho. Eu sim.
surpreso, tanto que enterrou o facão – que veio a
Sempre fui teimoso. Tinha apenas onze anos, mas me
viagem inteira carregando – no peito do primeiro
virei e fui embora para nunca mais voltar. Caminhei
homem. O cavalo Rufon, companheiro de longas
sem rumo, com poucas rações de viagem que consegui
viagens por mais de sete anos da família, ameaçou
carregar de meus pertences na carroça. Thomas teria
correr, lhes arrastando junto, mas foi trespassado
sucumbido àquela prova, eu sei. Mas fui forte. Aquele
por duas lanças e caiu pesadamente no solo frio.
garoto fraco não conseguiria sem mim.
Logo no primeiro ataque a mãe pulou para o lado,
Ele precisa de mim por que eu sou sua força. Eu sou o
levando o filho com ela. Thomas caiu
espírito guerreiro, ele é só o garoto amargurado e
doloridamente no chão. Sua visão embaçou com a
assustado, o pobrezinho abandonado. Patético. Fui eu
queda, mas pôde ver uma lâmina sendo sacada, e
quem o levou até uma vila chamada de Trulin, a oeste
riscando o ar num brilho branco, sua mãe caindo no
de Triunphus. Lá ele descansou pela caridade das
chão em seguida, degolada. Não chegou a lamentar
pessoas. Ao que parece as pessoas têm dó dele, sempre
isso, desmaiou antes.

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que ele vem é com uma melancolia e apatia quase e confesso que me espantei com os poderes daquele
mortiça. Alma miserável! Lamenta até hoje ter clérigo. Fui aos poucos me interessando mais por suas
sobrevivido ao assalto. palavras. Sua narrativa era confusa, mas pude
Arranjaram-lhe roupas novas, secas e limpas. compreender seus motivos.
Ofereceram estadia temporária, que recusei. Não Nossa jornada durou três meses. Ziguezagueamos
podíamos ficar ali. Não com tanto mundo a ser muito, mas chegamos finalmente a Valkaria. A cidade
explorado. mais imponente do mundo. Ali Tzen fez questão de me
Pois forcei o garoto a partir daquela vila. Se eu comprar vestes apropriadas, me armar e me fazer um
contar ninguém acredita, mas ele tentou o suicídio! clérigo. Por cerca de cinco anos fomos ensinados por
No quarto da estalagem onde estávamos Tzen. Devemos muito a ele. Até mesmo Thomas
confortavelmente instalados ele juntou um longo aprendeu alguma coisa sobre combate. Eu me dediquei
pedaço de corda que encontrei na carroça e tentou mais ao combate, mas Thomas aprendeu muito sobre o
se enforcar. Mas sempre o vigiei bem. Ele pode de mundo de livros que havia lá. Depois de todo esse
repente ter essas recaídas. Sempre o tive por perto. tempo Tzen acordou um dia e se foi. Falou algo como:
Impedi aquela insanidade, claro. Saí dali e percorri “Fez-se a hora!” e partiu sem voltar. Decidi então
longas horas na escuridão. Fui para bem longe da vender a casa que morávamos e seguir meu curso de
vila. O mais longe que pude. exploração do mundo.
Quando Thomas deu por si não sabia onde estava,
viu-se novamente afastado e num lugar distante. Manifesto Em Defesa Do Caos:
Sussurrei-lhe que não me desafiasse e seguisse em
Fogo e água. Terra e ar. Trevas e luz. Os
frente. O fraco não teve remédio senão aceitar!
caminhos da magia tratam de elementos opostos. O
Se foi o acaso que preparou para Thomas essa
belo e o horrendo, a razão e a loucura. A ordem e o
difícil prova, então ele mesmo tratou de desfazer o
caos, o bem e o mal. Não há um substantivo que
problema. Nessa nova peregrinação sem rumo
prevaleça sobre seu antônimo. Toda a realidade se
Thomas encontrou um desafio além de suas forças.
baseia em opostos. O universo se organiza com opostos,
De uma região escura do bosque surgiram três
no equilíbrio de opostos, se anulando mutuamente.
criaturas. Um arrepio percorreu a espinha dele.
Até mesmo os deuses estão sujeitos a essa balança
Reconheci o perigo. Eram zumbis. E pareciam
universal. Khalmyr não é nada sem a injustiça e dela é
famintos. Incrível, mas mesmo eu cometo erros de
totalmente dependente. Não pode haver justiça sem
vez em quando, na ânsia de sair daquela vila tinha
injustiça. Não só Khalmyr nunca vencerá totalmente a
me esquecido de trazer alguma arma. Não poderia
injustiça, como não pode efetivamente derrotá-la, não
contra as trevas sem ao menos uma adaga. Mas não
sem desaparecer deste mundo. Só se conhece a justiça
precisei realmente, Thomas viu quando um homem
por que há uma injustiça. Se só houver justiça, por que
surgiu de lugar algum e com uma agilidade
se precisa do deus? Pelo quê lutarão seus clérigos e
impressionante liquidou os seres putrefatos. O tolo
paladinos? Sem a injustiça Khalmyr não é nada.
agradeceu eternamente o homem de vestes
Tenebra e Azgher estão sujeitos a uma guerra eterna. Na
coloridas. Mas havia algo mais naquele homem. Ele
guerra entre os céus e o inferno não há vitoriosos. A
olhou nos olhos de Thomas e me viu. Depois abriu
vida se completa com a morte, é preciso haver morte
um sorriso e nos convidou a acompanhá-lo em sua
para que haja a vida. Algum ser vivo sempre morre para
viagem.
que dele outro se alimente e cresça. A própria vida se
Saindo daquele bosque e com a luz da lua pude
alimenta da morte.
entender seus motivos. Havia desenhos de dados
Os opostos são necessários. Todos os seres se fazem
nas roupas do homem. Tzen Farman era seu nome.
com pitadas de cada um dos sentimentos. O mais
Era um clérigo de Nimb. Acompanhei sua viagem.
perfeito paladino não é imune ao mal. Nele o mal
Ele ia citando frases desconexas, mais pela beleza
também habita, por maior que seja sua pureza. Todo o
do som que por sentido, e cantarolando musiquinhas
universo é regido por uma ordem imutável. A matéria
divertidas, mas incompreensíveis. A inconstância
organizada de determinada forma gera todos os seres
era um de seus atributos. Mudava a direção para
vivos. Nada somos além de matéria organizada.
onde caminhava e não suportava ficar muito tempo
O universo é uma composição organizada da matéria. E
quieto.
para toda ordem, meu amigo, há uma desordem. Eu
Falava o tempo todo, quando não murmurava suas
digo que o universo é ordem e movimento. Esse
músicas nos contava detalhes sobre sua crença.
movimento é natural, inerente ás coisas que existem. E
Houve outras oportunidades de combate na viagem
esse movimento é o que causa a desordem. O

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movimento desarranja a ordem. E pela contagem e
fluência de movimentos é possível criar o conceito
de tempo.
A ordem em movimento se desgasta. É a ação do
tempo. A velhice nada mais é do que a vida
tendendo à desordem. Tudo enfim está sobre a ação
da desordem. E meu deus Nimb é o senhor da
desordem, do caos, da entropia universal. Nada
escapa da ação da desordem; sua ação.
Assim sendo, Nimb é meu deus e regente das leis
universais, o maior dos deuses. Sou Klee, seu
clérigo e devoto.
Manifesto Em Defesa Da
Loucura:
“A loucura tem razões que a sensatez desconhece.”
Igor Telorius, clérigo de Tanna-toh.
O que há talvez de mais fascinante na
loucura é justamente o fato dela desafiar qualquer
entendimento. Eu digo que é totalmente impossível
àqueles que são normais entender o que se passa na
cabeça de um louco. Por isso mesmo toda narrativa
sobre a loucura não passa de suposição e falsidade.
Não me levem, pois, a sério. Só seria verossímil se
um louco resolvesse explicar sua condição. Ainda
que ele seja um exímio escritor, conseguiria ele
explicar-se usando as palavras e língua racional?
Creio que não. Não seríamos capazes de
compreender sua explicação tampouco. Pelo menos
não em sua plenitude.
Mas como determinar quando o sujeito deixa a
razão e chega ao status da loucura? Onde fica a
linha divisória entre as duas condições? O que faz
uma pessoa ser louca e outra “normal”? O que é ser
normal? Sim, meus amigos, a loucura vive em todos
nós. Quem nunca agiu impensadamente e depois se
arrependeu? Quem nunca agiu impensadamente e
teve um dos melhores dias de sua vida? Quem
nunca se entregou e se deixou levar pela música que
ás vezes a vida sopra em nossos ouvidos?
“Corra em direção à parede e abra caminho. Oh,
como cantam no andar de cima! Há um andar em
cima nesta casa, com outras pessoas. Há um andar
em cima onde moram pessoas que não percebem
seu andar de baixo, e estamos todos dentro do tijolo
de cristal. Quando abrir a porta e assomar à
escada, saberei que lá embaixo começa a rua; não
a norma já aceita. A rua, a floresta viva onde cada
instante pode jogar-se em cima de mim como uma
magnólia. Rostos vão nascer quando eu os olhar e
quando avançar mais um pouco. Quando me
arrebentar todo com os cotovelos e as pestanas e as
unhas contra a pasta do tijolo de cristal, e arriscar a
minha vida passo a passo para caminhar à fonte
apanhar água.”
Tzen Farman, clérigo de Nimb
“Cada objeto contém em si a ordem e a desordem, o
potencial de desordem. Todas as coisas podem vir um
dia a se desordenar e se desintegrar, quando isso ocorre,
elas se deixam levar pela desordem. A loucura é uma
música que se toca em todas as coisas. E desde
pequenos aprendemos a não ouvir essa música.
Tapamos nossos ouvidos. Sequer olhamos para as
coisas! Uma vez que determinamos em nossas cabeças
que isto em nossa frente é uma cadeira, deixamos de
olhá-la. Os nomes se dão ás coisas para que deixemos
de conhecê-las.
E custa resistir ao chamado do mundo à desordem. É
preciso que sejamos mecânicos. Em cada movimento há
uma possibilidade de transformação, em tudo que nos
cerca. A cada ato, mesmo o mais delicado, devemos
resistir de todas as forças, para que ele se cumpra com a
fria eficácia de um reflexo cotidiano. Até logo, querida.
Passe bem. É a doutrina do hábito.
O mundo parece gritar aos meus ouvidos: “Desvenda-
me!” Aos seus também as coisas gritam o mesmo. É
que não ouvem. A colher com que se alimentam lateja
em seus dedos, adverte sua mente. Como custa negar ao
pedido da colherinha, negar uma porta, negar tudo que
o hábito lambe até dar-lhe uma suavidade satisfatória. É
muito mais simples aceitar a solicitação do hábito, com
a colher mexer sua bebida.
Romper caminho é castigar os olhos olhando para isso
que no céu anda, que aceita astuciosamente o nome de
nuvem, o nome catalogado na memória. Não é apenas
fitando as coisas que elas se revelarão. Por que
haveriam de fazê-lo? Vocês conseguirão somente aquilo
que já tem de preparado e resolvido, o triste reflexo de
sua esperança. Tamanha é sua vontade de resistir. Sua
mente trava uma luta eterna contra a loucura. Recusa-se
a ouvir.
Tenho pena de vocês. Não ouvem a música que toca no
mundo. Não conhecem verdadeiramente o mundo e
suas belezas. Por isso que se sentem incompletos. Por
isso buscam febrilmente formas de possuir a tudo. A
ânsia de tudo possuir nasce da ânsia de tudo entender. O
desejo de tudo entender é o desejo de a tudo
DOMINAR! Sim, classificar esse novo objeto, para que
ele ganhe um nome e não mais desafie sua mente
tentando entendê-lo. E assim dominá-lo e vencer mais
uma vez a loucura que o possui quando vê o
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desconhecido. O desconhecido fascina e horroriza a
muitos por conter uma música nova, que seus
ouvidos não aprenderam a ignorar. Os demônios da
Tormenta são o desconhecido. Eles são temidos por
que desafiam a razão de vocês, pobres ingênuos.
Tolos são aqueles que buscam febrilmente o
conhecimento, como se isso aplacasse seu vazio.
Tolos são aqueles que lutam como forma de tudo
ter. Destruir a tudo é também uma forma de tudo
dominar. A ambição nada mais é que a ânsia por
respostas. O que vocês buscam, inconscientemente,
são respostas do mundo, é ouvir finalmente. Mas
vocês não sabem disso. Enganam-se adquirindo
bens e mais bens. Enganam-se adquirindo mais e
mais conhecimentos. Enganam-se enfrentando a
tudo para se provarem mais fortes. Ter as coisas é
ouvi-las cantar sua música mais verdadeira. Quando
destamparem seus ouvidos e escutarem a música
que o mundo toca deixarão de desejar, terão
compreendido. Saberão que sou eu, o louco, quem
está com a razão.”
Klee, clérigo de Nimb
Algumas Considerações:
Os pais de Thomas eram mercadores de
Triunphus. Por pressão das guildas eles foram
ameaçados de morte e obrigados a fugir. Sua morte
em emboscada não foi mero acidente. A cabeça de
seu pai foi tomada como prova de cumprimento do
contrato de assassinos.
A família de Thomas agora vive de novo, graças à
benção/maldição que paira sobre a cidade. A cabeça
do pai de Thomas foi encontrada num beco,
permitindo sua ressurreição. A mãe recuperou-se
alguns dias antes, iniciando imediatamente a
procura por seu filho e pela cabeça de seu marido.
Ela conseguiu trazer de volta somente o marido,
desde então procura em toda parte seu filho.
Infelizmente não pode sair da cidade, por isso
acredita que seu filho está vivo (ela é mãe, elas se
recusam a acreditar nas mortes dos próprios filhos)
e em alguma parte do mundo. Atualmente vivem
escondidos em Triunphus, não mantêm contato com
nenhuma das guildas, por não saberem qual ordenou
sua morte. O pai abandonou a antiga função e está
procurando algum emprego novo. Não tem muito
dinheiro, mesmo assim a mulher paga boas quantias
para quem tiver notícias de fora da cidade sobre o
paradeiro de seu filho.
Thomas agora tem 16 anos e não sabe nada sobre a
benção/maldição da cidade de Triunphus, nem ao
menos cogita a possibilidade de seus pais estarem
vivos. Além do mais prometeu a si mesmo nunca voltar
para aquela terra.
Klee por coincidência também nunca ouviu falar da
bênção/maldição da cidade. Caso venha a descobrir,
fará tudo para impedir que Thomas saiba. Nesse
momento, Klee temerá que Thomas reencontre os pais,
superando seu trauma, pois isso poderia causar o fim da
dupla-personalidade, de uma certa forma condenando-o
a morte. Se Thomas se curar Klee desaparecerá.
Os Personagens:
Thomas veste roupas brancas ou cinza claro. Não
carrega adereços junto ao corpo, apenas uma espada
curta que usa para se defender quando necessário.
Mas raramente a usa, já que Thomas é obcecado por
tirar a própria vida, apenas há algumas formas de
morrer de que ele não gostaria, nesses casos se
defende. Caso considere a morte um fim digno e
indolor, não irá resistir ao inimigo. Ele não
encontrou uma razão para estar vivo depois de tudo
que sofreu. Não vê nada de interessante no mundo e
é sempre melancólico e ressentido, ás vezes têm
pesadelos e grita muito durante seus sonhos.
Durante todo o tempo que esteve aos cuidados de
Tzen Farman ele se preocupou muito em estudar
sobre o mundo e é um grande conhecedor das
ciências em geral. Tem uma grande cultura geral.
Isso é também uma obsessão dele, procura um
sentido para sua vida, procura algo no mundo que
valha a pena todo o sofrimento que passou. Thomas
apenas evita qualquer assunto que o lembre de
Triumphus e por isso seus estudos não lhe revelaram
a existência da bênção/maldição da cidade.
Klee é uma criação da mente perturbada de Thomas. É
uma segunda personalidade, que se caracteriza por tudo
aquilo que Thomas não é. Ele é bravo, persistente e
determinado. Usa roupas coloridas e justas. A face seis
do dado está estampada no seu peito, revelando que é
um clérigo de Nimb. Ele escolheu a face Seis por que
de todas é o maior número e, portanto, “o mais forte”.
Carrega consigo uma espada, que usa habilmente; e um
escudo quadrado com a face seis do dado gravada no
metal.
Um acessório comum para os dois é uma mochila.
Como têm personalidades diferentes é comum que
optem por vestimentas diferentes, assim quando Klee
assume o controle se livra das roupas de Thomas,
vestindo uma mais apropriada. Da mesma forma,
quando Thomas volta, pragueja algo sobre o mau gosto
de Klee para roupas e se troca. Essa confusão só foi
amenizada com uma mochila que ganharam de presente
de Tzen. Um ponto em que os dois concordam é na
necessidade dessa mochila. Klee e Thomas não se
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sentem prontos para viajar se antes a mochila não
estiver em suas costas.
Nela ficam as trocas de roupa dos dois. A espada
que usam é a mesma, o escudo de Klee não é muito
maior que um livro aberto, cabendo sem dificuldade
na mochila.
As Fichas:
O clérigo de Nimb tem como característica
uma magia caótica. Resultado par na rolagem do
dado significa sucesso e efeito automático na magia;
resultado impar significa falha ou efeito mínimo.
Deve-se lançar um dado a cada magia proferida
pelo clérigo.
Ele ainda tem como poder uma habilidade de extrair
poderes de sua loucura. Pode a cada luta invocar seu
poder especial, o que leva um turno. Nessas
condições ganha um bônus de +2 pontos para pôr
ou em força, ou em habilidade, ou em resistência.
Esse poder só pode ser evocado durante a luta, não
antes. Os bônus desaparecem após o combate.
O único que louva Nimb é Klee. Thomas embora
bem traumatizado com o assassinato de sua família,
não cultua nenhum deus, todos o abandonaram
quando precisou. Uma constante fixação dele é tirar
a própria vida. Thomas vai tentar se matar quando a
chance aparecer, cabendo a Klee impedir. Isso pode
ser feito com Klee assumindo o corpo totalmente ou
influindo no psicológico de Thomas, que é bastante
suscetível.
Por sua crença em Nimb, Klee sempre acredita que
mesmo a pior das situações pode de repente se
tornar favorável, pois tudo é regido pelo caos. Então
ele nunca abandona uma aventura, não desiste, indo
até o fim sempre.
3D&T
Thomas Gage
F1 (corte) H2 R2 A1 PdF0, PVs8.
Vantagens e Desvantagens: Insano (maníaco
depressivo, dupla personalidade: Klee), aparência
inofensiva, mestre (Tzen Farman), ciências.
Focus: Água 1 Ar 1
Klee
F1 (corte) H2 R2 A1 PdF0, PVs8.
Vantagens e Desvantagens: Clérigo de Nimb
(poder oculto 2), insano (dupla personalidade:
Thomas Gage), clericato, mestre (Tzen Farman),
sobrevivência.
Focus: Água 1
D&D 3oed.
Thomas Gage
Humano masculino Feiticeiro 3º; ND 3; Humanóide
Médio; DV 3d4; PV 21;
Iniciativa +2; Deslocamento: 9m; CA 12 (destreza),
Toque 12, Flanqueado 8; Ataque +1 corpo-a-corpo
(espada curta 1d6); QE dupla-personalidade,
magias; Alinhamento: Neutro;
Res Fort +3, Reflex +3, Vont +0;
For 11, Des 14, Con 15, Int 14, Sab 4*, Car 14;
Perícias e Talentos: Conhecimento (geografia) +6,
Conhecimento (religião) +6, Conhecimento
(história) menos qualquer coisa relacionada a
Triunphus +6, Conhecimento (heráldica) +4,
Conhecimento (nobreza e realeza) +4,
Conhecimento (engenharia) +4, Cavalgar +3,
Observar -2, Ouvir -2, Procurar +3, Concentração
+4; Usar Arma Marcial (espada curta), Prece para
os Mortos (regional), 2x Vitalidade (+3PVs).
Qualidades Especiais:
Dupla Personalidade (Extraordinária): Graças ao
trauma Thomas desenvolveu uma segunda
personalidade (Klee), ambos dividem o mesmo
corpo mas são pessoas diferentes. Qualquer uma das
personalidades pode tentar assumir o controle do
corpo (com um teste resistido de sabedoria). Por
Thomas ter a mente mais fraca devido ao trauma,
Klee normalmente ganha em uma disputa pelo
controle (que pode ser direto ou indireto). No caso
de uma personalidade ceder voluntariamente o
controle, a outra assume o corpo automaticamente.
Essa é uma qualidade muito interpretativa,
funcionando como a insanidade mental do
personagem.
Pertences: Mochila, escudo pequeno, roupas e uma
espada.
Magias por Dia: truques 6, 1º 5
Magias Conhecidas: truques: Detectar Magia, Ler
Magia, Luz; 1º nível: Queda Suave, Identificar,
Servo Invisível.
* A sabedoria de Thomas está reduzida
permanentemente em 11 como decorrência do
trauma. Em adicional aos métodos convencionais de
recuperação de perda permanente de atributos é
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possível recuperá-la se ele vier a superar o trauma
(o que causaria o desaparecimento de sua dupla
personalidade: Klee). Essa perda de sabedoria
representa sua suscetibilidade a sugestões de Klee e
sua falta de vontade de viver.
Klee
Humano masculino Clérigo 3º (Nimb); ND 3;
Humanóide Médio; DV 3d8; PV 27;
Iniciativa +2; Deslocamento 9m; CA 16 (destreza +
corselete de couro batido + escudo pequeno), Toque
12, Flanqueado 14; Ataque +3 corpo-a-corpo
(espada curta 1d6); QE: dupla personalidade, magia
caótica, magias, poderes concedidos; Alinhamento:
Neutro e Caótico;
Res Fort +4, Reflex +3, Vont +5;
For 11, Des 14, Con 15, Int 14, Sab 15, Car 14;
Perícias e Talentos: Conhecimento (religião) visão
dos clérigos de Nimb +8, Sobrevivência +5,
Cavalgar +3, Observar +3, Ouvir +3, Procurar +3,
Atuação (trovador) +5, Concentração +4/+8; Foco
em Arma (espada curta), Magias em Combate, Usar
Arma Marcial (espada curta), Prece para os Mortos
(regional), Poder Oculto (divino).
Qualidades Especiais:
Magia Caótica (Extraordinária): Todos os Clérigos
de Nimb possuem esse poder. Ao lançar uma
magia, existe 50% de chance de que a magia
funcione com efeitos máximos (como se tivesse
sido preparada com o talento Maximizar Magia) e
50% de chance de que ela funcione com efeitos
mínimos (como o talento Maximizar Magia, só que
com efeito mínimo).
Domínios Efetivos: Sorte e Guerra.
Magias por Dia: preces 4; 1º 3+1; 2º 2+1
Magias Normalmente Decoradas: preces:
Detectar Veneno, Criar Água, Purificar Alimentos,
Infligir Ferimentos Menores; 1º: Causar Medo,
Arma Mágica, Ação Aleatória + Escudo de
Entropia; 2º: Escuridão, Achar Armadilhas + Arma
Espiritual.
Homenagens:
Quero agradecer àqueles que comentaram,
criticaram e elogiaram meu RC, que foram muitos e
eu seria injusto com alguém se acabasse esquecendo
de mencioná-lo. Por isso deixo em aberto. Um
sincero obrigado.
Agradeço ao meu pai que me explicou o que é entropia,
e me fez bolar essa coisa louca aí.
Fazendo justiça: a frase que expus como sendo do
clérigo de Tanna-Toh é na verdade de Millôr Fernandes.
Para compor o manifesto à loucura, me baseei no livro:
“Histórias de Cronópios e de Famas” de Julio Cortazar,
autor de um livro cuja escrita é meio surreal, mas muito
profunda. A fala de Tzen Farman é retirada do livro,
com pequenas modificações que me julguei no direito
de fazer.
Obrigado especial ao Pedro Henrique Silveira e ao
Lendinoriarentallas, O Jovem Ente, pela disposição em
ajudar, pela força e pelas adaptações dos personagens
para D20.

Dupla Personalidade (Extraordinária): Graças ao

trauma Thomas desenvolveu uma segunda
personalidade (Klee), ambos dividem o mesmo
corpo, mas são pessoas diferentes. Qualquer uma
das personalidades pode tentar assumir o controle
do corpo (com um teste resistido de sabedoria). Por
Thomas ter a mente mais fraca devido ao trauma,
Klee normalmente ganha em uma disputa pelo
controle (que pode ser direto ou indireto). No caso
de uma personalidade ceder voluntariamente o
controle a outra assume o corpo automaticamente.
Essa é uma qualidade muito interpretativa,
funcionando como a insanidade mental do
personagem.

Pertences: Mochila, escudo pequeno, roupas e uma

espada.
Domínios Aleatórios: Guerra, Água, Viagem, Cura.

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