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CON GR E SS O DA
REDE
L AT I N OA M E R I C ANA
D E A N T ROP O LO G I A
J U R Í DI C A
S O C I EDAD ES
P LU R A I S E ES TAD OS
N AC I O N A I S
l i m i te s e d es afio s
p a ra a e fet i vi da d e
d e di re i tos
Profº Dr. Carlos Frederico Marés de Souza Filho (PUC/PR), Profª Drª Rebecca Forattini Altino Machado
Lemos Igreja (UnB) Profº Dr. Fernando Antônio de Carvalho Dantas (UFG).
CO M I T Ê O R G A N I Z A D O R ( B R A S I L )
Aline Furtado (CEPPAC/UnB), Cesar Baldi (NEP/UnB), Clarissa Bueno Wandscheer, Erika Macedo
(UFG), Estevão Fernandes, Guadalupe Irene Juarez (CIESAS; FLAD - México), Joaquim Shiraishi
Neto (UFMA), José Luis Solazzi (UFG), Liliana Salvo, Lívia Gimenes Dias da Fonseca (FD/UnB), Maria
Cristina Vidotte Blanco Tarrega (UFG), Renata Albuquerque (DAN/UnB), Rita Segatto (UnB), Ricardo
Verdum (PPGAS/UFSC), Rosane Lacerda (UFG), Sandra Nascimento (CEPPAC/UnB), Talita Rampin
(FD/UnB), Vanderlei Luiz Weber (UFG), Wellinton Caixeta Maciel (CAJU/DAN/UnB e FLAD - Brasil),
Wildes Andrade.
CO N S E L H O CO N S U LT I V O I N T E R N A C I O N A L
Carlos Frederico Marés de Souza Filho (Brasil), Esther Sánchez (Colombia), Fernando Antônio de
Carvalho Dantas (Brasil), Fernando García (Equador), Laura Valladares (México), Rachel Sieder (Mé-
xico), Magdalena Gómes (México), Milka Castro (Chile), Morita Carrasco (Argentina), Ramiro Molina
(Bolívia), Raquel Yrigoyen Fajardo (Perú), Rebecca Lemos Igreja (Brasil), Sarela Paz (Bolívia), Silvina
Ramírez (Argentina), Teresa Sierra (México).
P R O J E TO G R Á F I CO E D I A G R A M A Ç Ã O
Alanna Oliva
383 p.
CDU 572:340.12
Catalogação na fonte: Carminda de Aguiar Pereira CRB1 2974 e Natalia Rocha CRB1 3054
Organização Apoio Financiadores
SU M Á R I O
7 1. Apresentação
12 2. Resumos
12 2.1 – Eixo 1
79 2.2 – Eixo 2
158 2.3 – Eixo 3
240 2.4 – Eixo 4
270 2.5 – Eixo 5
332 3. Posters
7
“Constitucionalismos, Estados Plurinacionais e Direitos Fundamentais”; “Direitos Territoriais,
Meio-Ambiente e Alternativas de Desenvolvimento da região”; “Identidades e Diversidade a
partir das novas condições de Estatalidade” e, por último, “Aceso à Justiça, Reformas Judiciais e
Pluralismos Jurídicos”.
O principal objetivo do Congresso foi o de promover um amplo debate inter, trans e,
também, antidisciplinar entre antropólogos, sociólogos, juristas, ativistas e outros profissionais
que desenvolvam pesquisas afins, que problematizem esses temas e tragam à discussão, alter-
nativas teóricas e práticas, como possíveis fundamentos de maiores alcances em termo de uma
justiça efetiva plural e democrática na América Latina.
Além disso, com a finalidade de ampliar e enriquecer o debate, o Congresso abrirá
espaço para a discussão dos avanços teóricos e metodológicos da antropologia jurídica e do
direito latino-americana, abordando também uma diversidade de temas relacionados ao siste-
ma de justiça, como estudos sobre as práticas, instituições e representações vinculadas às buro-
cracias estatais e organizações sociais em áreas como segurança pública, promoção e proteção
de direitos e processos de administração de justiça.
O primeiro eixo temático, denominado “Reflexões sobre a Antropologia Jurídica e
do Direito Latino-americana”, organizado pela Universidade de Brasília, por meio do Cen-
tro de Pesquisa e Pós-graduação sobre as Américas e do Laboratório de Estudos interdiscipli-
nares sobre Justiça e Direito nas Américas e pelo Foro Latino-Americano de Antropologia do
Direito (FLAD). Coordenado por Rebecca Lemos Igreja, Guadalupe Irene Juarez, Maria José
Sarrabayrouse Oliveira e Wellinton Caixeta Maciel teve como objetivo constituir um espaço
de reflexão e intercâmbio entre pesquisadores que tem como campo o estudo das práticas,
instituições e representações vinculadas às burocracias estatais e organizações sociais em áreas
como segurança pública, promoção e proteção de direitos e processos de administração de
justiça. Desse modo, busca-se estimular as reflexões sobre a forma como a articulação entre
os atores institucionais, as linguagens, rotinas, hierarquias, moralidades, sensibilidades jurídicas
e noções de legalidade e justiça geram práticas e representações.
O eixo teve oito mesas aprobadas com os seguintes temas: ENTRE O “ACESSO” E A “IM-
PARTICIÓN” DE JUSTIÇA NA AMÉRICA LATINA: ANÁLISES COMPARADAS DE SISTEMAS DE
JUSTIÇA LATINO-AMERICANOS; VIOLÊNCIA URBANA E ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS
PELAS AGÊNCIAS SÓCIO-PENAIS NA AMÉRICA LATINA: PARA ALÉM DOS PROCESSOS INS-
TITUCIONAIS LEGÍTIMOS/LEGITIMADOS; DERECHO A LA VIDA Y DERECHO A LA MUERTE:
DEBATES Y REFLEXIONES DESDE LATINOAMERICA; ANTROPOLOGÍA POLÍTICA Y JURÍDICA:
ETNOGRAFÍAS DE LAS BUROCRACIAS ESTATALES, LOS PROCESOS DE DEMANDAS DE DE-
RECHOS Y LAS POLÍTICAS PÚBLICAS EN SEGURIDAD Y JUSTICIA; MIRADAS ETNOGRÁFICAS
ENTORNO A LAS PRÁCTICAS DE JUSTICIAS EN LATINOAMERICA. JUSTICIAS PENALES, LOS
DERECHOS HUMANOS Y NUEVAS PRÁCTICAS DE JUSTICIA-GOBIERNO; DROGAS, CÁRCE-
RE E ILEGALISMOS: UMA PROPOSTA PARA OS ESTUDOS DE ANTROPOLOGIA JURÍDICA NA
AMÉRICA LATINA e TEORIAS LATINO-AMERICANAS PARA A PROTEÇÃO DOS DIREI-
TOS HUMANOS
O segundo, denominado “Constitucionalismos, Estados Plurinacionais e Direitos Fun-
damentais” organizado pela Universidade Federal de Goiás, por meio do Programa de Pós-gra-
duação em Direito Agrário, teve como coordenadores e coordenadoras Fernando Antonio de
2.1 – EIXO 1
Ementa: Este Grupo de Trabajo se propone como un espacio para el debate e intercambio
entre investigadores que tienen por campo de investigación ámbitos e instituciones en los que
se gestan políticas ligadas a la seguridad pública y a los procesos de administración de justicia y
de promoción y protección de derechos. Interesa especialmente convocar a pesquisadores que,
desde una perspectiva etnográfica, indaguen en este campo con atención a las formas específicas
en que se articulan -más o menos conflictivamente- diversas modalidades de ejercicio de la
violencia institucional, de administración de conflictos y de demanda de derechos. A su vez
esta propuesta busca reflexionar sobre cómo en las interacciones entre los agentes estatales –en
sus múltiples jerarquías, funciones y papeles- y las personas o grupos sociales que con ellos
se relacionan, son puestas de manifiesto y se construyen distintas moralidades, y cómo ellas
inciden en las prácticas burocráticas más allá de su dimensión legal (o ilegal).
En tal sentido, se priorizará la recepción de trabajos que, elaborados desde una pers-
pectiva etnográfica, permitan dar cuenta y problematizar las prácticas, lenguajes, rutinas, tradi-
ciones, estilos, representaciones, formas de sociabilidad que –con sus marcas locales- pueden
entenderse como formas de hacer el Estado (entendido como campo de disputas, de alianzas,
de acuerdos, de consensos parciales y también de desacuerdos centrales y fundantes) y de pro-
ducir estatalidad. De esta forma, se procura avanzar en el análisis de las interacciones concretas
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entre diferentes actores y de las formas en que esas interacciones –en las que se despliegan
distintas estrategias y esquemas interpretativos- pueden producir o reflejar la convergencia,
tensión o disputa entre las moralidades que orientan los procesos de decisión burocrática y
los modos en que se interpretan y se dota de sentido a los derechos, con el fin de comprender
cómo se producen formas legítimas o ilegítimas de “hacer justicia”, de administrar determi-
nados “problemas sociales”, y también de las formas que asumen, en esos procesos, distintas
“sensibilidades legales”.
Coordenadoras:
María Victoria Pita (Universidad de Buenos Aires – UBA - Argentina), Ana Paula Mendes de
Miranda (NUFEP/UFF e INCT-InEAC - Brasil) e María José Sarrabayrouse Oliveira (EAPJ-UBA/
FLAD-Argentina)
Resumen: Este trabajo tiene la intención de generar algunas líneas de reflexión en torno a
los avances investigativos sobre la relación entre la identidad contemporánea de los pueblos
indígenas en medio urbano y la política pública orientada a los mismos. Lo anterior, en el
contexto de un un proyecto Fondecyt – Chile (Nº 11130384) sobre imaginarios sociales de
la identidad mapuche en el Gran Concepción, Región del Biobío, Chile, que tiene entre sus
objetivos definir cuáles han sido los efectos visibles de la política pública en los imaginarios
sociales de la identidad mapuche en la región del Biobío, Chile. Dicho análisis se realiza
a partir de datos que han sido sistemáticamente capturados y analizados de entrevistas a
funcionarios públicos de distintas reparticiones del Estado encargados de aplicar la política
indígena en la región y revisión de material facilitado por dichas entidades. Utilizando éstos
como material de base, se trabaja desde la llamada “hermenéutica de segundo orden”, es
decir, a partir de clasificaciones e interpretaciones del discurso social construido, que es en sí
discurso social interpretado.
Resumen: Este trabajo tiene por objetivo indagar sobre la identificación de los grupos y
facciones que conformaron el aparato de la justicia nacional durante la última dictadura
militar en la Argentina para, desde allí, reflexionar sobre la actual discusión centrada en la
complicidad civil para con el terrorismo de estado, tomando como eje el rol desempeñado
por el poder judicial.
Resumo: O presente artigo trata da primeira fase de minha pesquisa de mestrado acerca
dos espaços dos fóruns judiciais denominados cartórios na cidade de São Paulo. Nestes
espaços ocorre a circulação dos processos judiciais e seu cumprimento até a decisão final
do magistrado, pelos funcionários que ali trabalham, bem como atendimento ao público,
em especial advogados e estagiários em direito. Estes atendimentos, repletos de tensões e
disputas, são o objeto de minha pesquisa etnográfica. A entrada neste campo e os desafios de
etnografar o judiciário paulista são o tema específico deste texto.
Resumo: Não é novidade que a produção de artefatos com o uso de penas de pássaros é
uma das tradições mais antigas e difundidas entre os povos indígenas. Seja nas flechas, nos
cocares ou em indumentárias cerimoniais, o uso de penas esteve sempre presente na estética
e na arte indígenas. São artefatos que, frequentemente, simbolizam identidades, padrões
de grupos, hierarquias e posições sociais, além de demonstrar a habilidade e as técnicas
de seus produtores. Neste contexto, o presente artigo visa, primordialmente, refletir sobre
a aplicação pelo Estado brasileiro de uma política pública que coíbe – através de multa,
apreensão e criminalização – a produção e comercialização de todo tipo de artesanato que
utilize partes de animais silvestres, tais como ossos, dentes e, principalmente, penas. Essa
política pública, baseada na lei de crimes ambientais (Lei nº 9.605/1998) e na regulamentação
das sanções administrativas e penais ambientais (Decreto nº 6.514/2008), não contempla
a diversidade indígena e tem sido aplicada sem a observação de outras leis de conteúdo
contrário, dentre elas a Constituição Federal e o Estatuto do Índio. A reflexão será feita a
partir do estudo de três casos: i) o de uma indígena Xukuru multada em 220 mil reais; ii) de
uma indígena Kariri-xocó multada em 470 mil reais e iii) de um indígena Wai Wai multado
em quase três milhões de reais. Todos eles multados por venda de artesanato, em feiras de
artesanato. Ressalta-se que, de acordo com as entrevistas, nenhum dos indígenas foi alvo
de campanhas informativas ou de conscientização por parte do Estado, e que estavam, no
momento da abordagem e apreensão a que foram submetidos, certos da legalidade de sua
conduta. A análise indica também que as esferas governamentais que executam essas ações,
especialmente o IBAMA, falham em garantir direitos indígenas especialmente formulados para
a justiça criminal, tais como a utilização de perícia antropológica e a consideração de noções
como as do conhecimento do ilícito e do erro culturalmente condicionado.
Palavras chave: direitos indígenas, arte plumária, violação de direitos, artesanato indígena,
antropologia jurídica.
Resumo: Este artigo visa discutir a forma de produção da verdade processual penal na
sistemática policial e judicial brasileira, para isto apresenta um breve histórico da legislação
processual penal atual. Assim como, a partir de dois modelos de formação sociais distintos
(paralelepípedo e piramidal) analisa-se institutos desigualadores presentes no processo
brasileiro que têm o intuito de “assegurar direitos”. Paralelamente, verifica-se que a forma
de organização social está presente também nos institutos que permeiam o Código de
Processo Penal Brasileiro e o modo de busca da verdade penal; refletindo nos mecanismos
de justiça que impossibilitam a composição de litígios. A título ilustrativo compara-se as
sociedades brasileira e norte-americana e seus mecanismos de busca pela verdade dos fatos
e de composição de justiça, de forma a melhor ilustrar como formações sociais diferentes
levam a processos penais distintos e a outra forma de administração de justiça.
Autores: Luciana Silva Garcia; Camila Dias Cavalcanti; Fernanda Calderaro da Silva
Resumo: Nossa reflexão parte de duas etnografias – uma ligada aos quilombos da região
do Imbé, Norte Fluminense, outra ao Quilombo Sacopã, no bairro da Lagoa Rodrigo de
Freitas, zona urbana extremamente valorizada pela especulação imobiliária na cidade do
Rio de Janeiro. Propomos uma reflexão sobre a confluência entre acesso a direitos, acesso
a recursos, reprodução econômica e cultural do que viemos a constituir no Brasil como
comunidades remanescentes de quilombos. Neste sentido, problematizamos nosso papel,
enquanto antropólogos, como mediadores na captação e no direcionamento de recursos
tendo em vista duas chamadas públicas, uma veiculada pela União Europeia e outra pelo
Estado brasileiro, onde nossa participação foi requisitada pelas lideranças comunitárias. Tanto
a União Europeia, na qualidade de agência de fomento internacional, quanto a Secretaria
Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) buscavam propostas voltadas
à defesa dos direitos humanos no Brasil. Propomos pensar como a categoria comunidade é
acionada, em determinados contextos, para a mobilização de grupos na demanda de direitos
de cidadania, através de mecanismos de autonomização destes agentes comunitários enquanto
protagonistas de políticas públicas ou, no sentido de mobilizar recursos para garantia de
direitos da comunidade, atribuindo a elas exclusivamente o papel de público-alvo. Neste
sentido, discutimos o papel da universidade na mobilização destes recursos e na construção de
gramáticas que conformam e são conformadas na vida social destas comunidades, refletindo
sobre o papel do Estado brasileiro e de agências internacionais na garantia de direitos a partir
do direcionamento destes recursos. Assim, refletimos sobre a forma de captação de recursos
através de projetos, na interface entre o acesso a direitos através destes e a moldagem da
tradição através das relações políticas com estados nacionais e suas burocracias, que informam
as relações institucionais com estes grupos. A conformação de tradições através dos vínculos
sociais que as possibilitam também constituem uma competição com o Estado pela sua
definição para além dos moldes generalizados e padronizados assim impostos.
Resumo: Este texto se enquadra nos debates sobre a gestão dos conflitos sociais no Brasil,
abordando as conexões entre os deslizamentos conceituais da Política Nacional de Assistência
Social e suas dinâmicas de implementação. A referência empírica que dá subsídios à análise
realizada neste texto, a partir de uma investigação de natureza etnográfica, se baseia nos
micro detalhes cotidianos de uma unidade do CRAS – Centro de Referência da Assistência
Social, localizado na zona sul da cidade de São Paulo. Tomo um caso familiar classificado
como “vulnerável” pela equipe técnica desta unidade e que requer mobilização de número
significativo de dispositivos que compõem a rede socioassistencial de serviços da cidade. Nas
Palavras-chave: vulnerabilidade social; risco social; politica social; assistência social; CRAS.
12. ATUAÇÃO DA GUARDA MUNICIPAL DE SÃO GONÇALO (RJ): UMA ANÁLISE DAS FORMAS
DE ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS NO TRÂNSITO.
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar como os guardas municipais de
São Gonçalo (RJ) administram os conflitos cotidianos durante o seu trabalho de organização
do trânsito da cidade. Para isso, foi realizado um trabalho de campo entre novembro de 2013
e novembro de 2014, buscando, por meio da observação direta, compreender a atuação
profissional dos guardas municipais, em um contexto no qual o trânsito é representado como
caótico e desorganizado. Durante a pesquisa, a exemplo do que foi observado por outros
pesquisadores, o bom senso apareceu enquanto uma categoria chave para entender a maneira
como eles agem, o que, por vezes, tem como base o plano formal e, em outras ocasiões, o
plano informal. Por isso, almeja-se apresentar algumas situações que nos permitem entender
de que maneira eles classificam seus atendimentos, como, por exemplo: o que é preciso para
fazer o trânsito fluir; quais os aspectos que devem ser levados em conta para saber quando
multar e quando não; por que o porte de arma de fogo continua sendo exigida por alguns
guardas; e, não menos importante, como são estabelecidas as relações de reciprocidade no
trânsito. Ao longo do trabalho será enfatizado que as atuações dos guardas municipais de
São Gonçalo são informadas por cada situação específica, levando em conta os valores e
recursos presentes em cada caso. Por fim, assinala-se que o contexto sociocultural em que a
instituição está inserida influencia na maneira como se dão as ações dos guardas municipais,
levando-os a construir um saber prático e localmente estabelecido a partir de suas práticas
cotidianas.
Resumen: En este trabajo, a partir de partir de la realización de dos etnografías - una relativa
a la administración judicial de casos “comunes” y de “derechos humanos” en los Tribunales
Federales de la ciudad de Rosario y otra acerca de la administración estatal de pedidos
de residencia realizados por migrantes ante la Dirección Nacional de Migraciones en la
ciudad de Buenos Aires - y del diálogo con otras etnografías del campo de la antropología
jurídica y política me propongo realizar una reflexión teórico-metodológica acerca de qué
nos permite comprender de la realidad estudiada el análisis de casos paradigmáticos, casos
comunes, prácticas ordinarias y prácticas excepcionales. De forma particular, a partir de estas
investigaciones mencionadas y de la interlocución con otros autores busco dar cuenta del
lugar de lo “excepcional” y de lo “habitual” en la comprensión de la definición y clasificación
de los casos judiciales y administrativos y de las prácticas de administración estatal y judicial
de conflictos y pedidos de residencias.
Resumo: Este artigo tem como referencial empírico a decisão proferida pelo Supremo
Tribunal Federal envolvendo a demarcação da Terra Indígena Serra do Sol. Pretende-
se mostrar como os ministros absorveram um ordenamento de orientação multiétnica
e multicultural, que assegura os direitos originários das comunidades indígenas, mas
também as pressões político-econômicas que buscavam relativizá-los. O acoplamento de
condicionantes à decisão principal significou uma inovação do STF, elas não existem no
ordenamento jurídico nem mesmo como salvaguardas institucionais, como se pretendeu
estabelecer. Algumas delas criavam direito novo, fato que pode gerar, inclusive, uma discussão
sobre ativismo judicial. Assim, embora o resultado final tenha sido favorável à TIRSS, o
acolhimento das condicionantes pela maioria dos ministros sinalizou o quanto esse direito
ainda está sob disputa. A partir delas, categorias como nação e território, particularizaram
os direitos indígenas, localizando-os como uma espécie de interesse público de segunda
categoria na medida em que os subordinou ao que seria o “verdadeiro” interesse público.
Algumas condicionantes aplicadas à decisão do caso Raposa, mais do que reafirmar direitos,
deveres e, inclusive, legislar, num claro exemplo de apropriação de poderes, pretenderam
neutralizar/acalmar setores da sociedade que não queriam aquela decisão. Nesse sentido,
juntamente com a Súmula 650 e com o Decreto 1775/96, as condicionantes integram o
que chamamos de racionalidade da injustiça, baseada na ideia do poder que juristas e juízes
detêm na exploração da multiplicidade de normas jurídicas, convertendo-as em decisões
judiciais que confirmam a separação entre direito e justiça.
Resumo: Esta pesquisa se propôs a observar as interações do campo e do corpo nos rituais
jurídicos, cujos símbolos fornecem mecanismos necessários para (re)conhecer nossa própria
cultura - além de propor a imersão da antropologia jurídica nas faculdades de direito. A
partir de uma etnografia realizada nos quatro tribunais do júri e em algumas varas criminais
do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, busco refletir como o corpo insere-se
enquanto elemento privilegiado para analisar os rituais jurídicos e vice-versa, assumindo
a compreensão do direito como um domínio da cultura. A corporalidade, destacada na
vestimenta, tatuagens, nas expressões dos sentimentos, falas e silêncios, além dos espaços
ocupados e a forma como interagem entre si, surgiram como focos principais da minha
observação, em especial sobre a figura dos acusados nos processos, bem como o próprio
Ementa: Nos últimos anos estudos empíricos têm sido desenvolvidos na área do direito, com
objetivo de conhecer os diferentes sistemas de justiça na América Latina. Nesse movimento,
o diálogo entre Direito e Antropologia tem sido profícuo e ocupado lugar de destaque nas
pesquisas acadêmicas. No entanto, pouco se tem discutido sobre a interpretação da justiça,
incluindo as noções de “acesso” e “impartición” de justiça nos diferentes contextos. A
proposta de mesa assume como objeto o estudo sobre a administração da justiça na América
Latina, a partir de uma perspectiva empírica e comparada. O objetivo principal é debater, a
partir de casos específicos, os diferentes sistemas de justiça latinoamericanos. Os debates terão
como horizonte analítico as especificidades dos casos e as possibilidades de generalizações e
intercâmbios de experiências entre diferentes sistemas de justiça e abordagens metodológicas.
Busca-se, a partir dessas problematizações, verificar como esses estudos podem contribuir
para o aperfeiçoamento dos mecanismos e garantias de efetivação de direitos.
Resumo: A exclusão social em que vive a população migrante é resultado de uma construção
social e política do sujeito migrante, da qual destaca-se a cultural ligada à formação do
México enquanto Estado-nação moderno e a exploração inerente ao próprio modelo
capitalista de produção com a utilização de vulnerabilidades diversas para o seu sustento. Na
medida em que essas duas origens influenciam toda a construção do poder e do saber dentro
dos Estados Latino-americanos e, por conseguinte, toda a base epistemológica utilizada por
suas instituições para significar os conceitos e categorias de suas ações junto à população.
A partir do estudo de caso sobre a discriminação contra imigrantes centro-americanos no
México, o trabalho irá analisar como são pensadas, elaboradas e executadas as políticas
antidiscriminatórias anunciadas pelo Estado Mexicano.
Resumen: Las democracias liberales modernas han articulado cuatro instituciones para
materializar las obligaciones del Estado y los juristas respecto del derecho que tienen todos
los miembros de la comunidad política de acceder a un abogado: la defensoría pública, la
abogacía de oficio, los consultorios jurídicos y el trabajo pro bono. Estas instituciones tienen
como fin eliminar el déficit de acceso a la justicia que existe en todas las democracias liberales
modernas en distintos grados. Este artículo examina solo una de estas estrategias: el trabajo
jurídico pro bono. El objetivo del texto es a la vez general y particular. Por un lado, busca
describir y analizar la arquitectura conceptual que sostiene al trabajo pro bono. Por el otro,
tiene como fin hacer uso de estas herramientas teóricas para describir y analizar el discurso y
prácticas pro bono que se han articulado en Argentina, Colombia y Chile. El escrito se divide
en dos partes para cumplir con este objetivo. En la primera parte, presento los elementos
que componen el concepto global estándar de trabajo pro bono, analizo las ideas de sujeto,
tiempo y espacio que crea este concepto y examino las oposiciones conceptuales que las
estructuran. En la segunda parte del artículo, argumento que el discurso y prácticas pro
bono en Argentina, Chile y Colombia son un transplante jurídico entre las élites jurídicas de
América del Norte y Suramérica. Asimismo, argumento que este es un transplante jurídico
que no ha logrado enraizarse en las órbitas privadas de los estados liberales importadores y
que ha tenido un impacto menor en la materialización del derecho al acceso a la justicia de
los ciudadanos de bajos recursos socioeconómicos que los habitan.
Palabras-claves: Trabajo PRO BONO, arquitectura conceptual, análisis cultural del Derecho
Resumo: En la presente ponencia se pretende mostrar al sistema penal uruguayo, más allá
de la cuestión procesal formal, desde el lugar de sus víctimas más vulnerables: los usuarios
de pasta base de cocaína. Para ellos, el sistema penal uruguayo imparte “justicia” en formas
casi sumarias. En menos de 48 horas se decide la suerte de quien ha sido detenido. En ese
breve lapso puede dictaminarse el procesamiento del sujeto, que, en casi todos los casos, no
es asistido, más que formalmente, por ninguna defensa. Luego de ser procesado, el sujeto es
inmediatamente depositado en una cárcel a la espera del transcurso de un proceso en el cual
los “escritos” atraviesan oficinas y aguardan ferias judiciales. Sumidos en un estigma que los
hace, más allá de sus acciones, actores culpables, los “pastosos” vagan entre el sistema penal,
las violencias del mercado ilícito y los bordes del sistema de protección social.
Palabras claves: procesos judiciales, sistema penal uruguayo, usuários de cocaína, justicia
penal.
Resumo: En la presente ponencia se pretende mostrar al sistema penal uruguayo, más allá
de la cuestión procesal formal, desde el lugar de sus víctimas más vulnerables: los usuarios
de pasta base de cocaína. Para ellos, el sistema penal uruguayo imparte “justicia” en formas
casi sumarias. En menos de 48 horas se decide la suerte de quien ha sido detenido. En ese
breve lapso puede dictaminarse el procesamiento del sujeto, que, en casi todos los casos, no
es asistido, más que formalmente, por ninguna defensa. Luego de ser procesado, el sujeto es
inmediatamente depositado en una cárcel a la espera del transcurso de un proceso en el cual
los “escritos” atraviesan oficinas y aguardan ferias judiciales. Sumidos en un estigma que los
hace, más allá de sus acciones, actores culpables, los “pastosos” vagan entre el sistema penal,
las violencias del mercado ilícito y los bordes del sistema de protección social.
Palabras claves: procesos judiciales, sistema penal uruguayo, usuários de cocaína, justicia
penal.
Resumen: No hay duda alguna de que los Estados deben resguardar su seguridad interior
y que sus ciudadanos deben contar con las condiciones mínimas de seguridad en las cuales
puedan ejercer libremente sus derechos y libertades reconocidas constitucionalmente. Dentro
de los mecanismos que el Estado tiene a disposición para garantizar la seguridad de sus
ciudades, se encuentra el uso de la videovigilancia como mecanismo importante para este
cometido. Sin embargo, el uso generalizado e indiscriminado de este instrumento, puede
llegar a afectar y vulnerar antidemocráticamente derechos fundamentales de los ciudadanos,
siendo necesario que estos ciudadanos cuenten con las debidas garantías para proteger sus
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar e analisar o Programa Territórios
da Cidadania, com ênfase ao Território do Vale do Ribeira, no estado do Paraná, sob a
perspectiva dos princípios fundamentais e direitos sociais fundados na Constituição Federal de
1988. O Programa tem o intuito de promover o desenvolvimento econômico e universalizar
programas de cidadania por meio de uma estratégia de desenvolvimento territorial sustentável,
em ações sociais e integradas entre o governo federal, estados e municípios. Tendo como
premissa básica o art. 3º, III, da Constituição Federal, temos por objetivo analisar o referido
Programa, demonstrando a eficácia deste no tocante à efetivação de direitos sociais, com
imprescindível vinculação com a noção de Constituição e Estado Democrático de Direito.
Outrossim, gostaríamos de afirmar que, por meio destas políticas públicas, o governo federal
está submetido ao caráter da força normativa, vinculativa e obrigatória da Carta Magna.
11. ACESSO E IMPARTICIÓN DE JUSTIÇA NAS AMÉRICAS: UMA ANÁLISE DAS POLÍTICAS DE
ESTADO PARA A PROMOÇÃO DE JUSTIÇA
Resumo: O estudo propõe uma análise para uma Geopolítica da Justiça nas Américas, onde
as relações hegemônicas no continente definem agendas e políticas de segurança especificas,
em diferentes momentos e espaços, que inevitavelmente afetam as praticas e agendas das
Justiças Latino-americanas. Frente as particularidades de cada localidade e de cada realidade
nacional, o acesso / impartición de Justiça também serão afetados, modificando-se conforme
as diversas doutrinas de segurança e a criação de inimigos a combater. Numa perspectiva
histórica, desde o final do século XIX encontramos diferentes doutrinas de segurança
elaboradas pela Hegemonia que, de uma forma ou outra, afetam as distintas realidades do
continente. Desde o binómio de Integração e Segurança encontramos: Panamericanismo-Big
Stick; Interamericanismo-Boa Vizinhança; Interamericanismo-Contrainsurgencia; Aliança
p/ Progresso-Anticomunismo; Neoliberalismo-Antinarco-terrorismo. Estas Doutrinas de
Segurança marcam agendas propias, com inimigos específicos a combater, gerando uma
geopolitica hegemônica que também encontra ramificações nas praticas e sentidos de
Justiça. A partir desta ideia, o acesso / impartición de Justiça terão vínculos estritos com
as concepções de segurança e com os momentos acima mencionados, onde a lógica da
criminalização de determinados setores das sociedades, em diferentes momentos, apontam
uma geopolítica da Justiça. Evidentemente que cada país e cada localidade apresentam suas
particularidades, mas encontram-se elementos para uma observação de contexto geopolítico
que, em cada momento, também indicam centralidades comuns ao conjunto de países da
América latina e Caribe. Chama atenção que aqueles que foram “deshumanizados” durante o
encobrimento do continente, que foram traídos durante as emancipações do continente, que
foram sub-incorporados à moderno-colonialidade, conformam os mesmos grupos sociais de
ontem e hoje. Indigenas, negros, mestiços, ciganos, mulheres, jovens, camponeses, operarios
entre outros, marcam uma continua criminalização das diferentes formas de pensamento,
alternativas de mundo e de sentidos de futuro.
Ementa: A presente proposta de mesa visa refletir sobre as representações e práticas acerca
dos dilemas envolvendo mercados e consumos de substâncias psicoativas postas na ilicitude
em países da América Latina, bem como os respectivos mecanismos de controle e repressão
de tais práticas, especialmente envolvendo políticas de encarceramento. Nesse sentido,
privilegiaremos debates e trabalhos relacionados a: etnografias sobre práticas de consumo
de substâncias que recebem a denominação de “drogas”; análise de Políticas Públicas de
Coordenadores
Frederico Policarpo (UFF e INCT-InEAC - Brasil), Florencia Corbelle (Universidade de
Buenos Aires – UBA - Argentina) e Izabella Pimenta (INCT-InEAC - Brasil)
Resumo: A presente proposta tem por objetivo abordar práticas da Polícia Civil do Rio de
Janeiro responsáveis pelo aumento do contingente de prisões não definitivas no estado. Nesse
sentido, o trabalho dará ênfase às classificações construídas nas delegacias, especialmente no
que se refere às figuras de uso e ao tráfico de entorpecentes. A produção desse texto é baseada
nos trabalhos de campo dos autores. O primeiro trabalho, elaborado para fins de escrita da
dissertação de mestrado em antropologia já defendida, onde se observou, por via direta,
durante o período de oito meses, as práticas policiais em uma Delegacia da PCERJ. Já o
segundo, objeto de uma dissertação de mestrado em direito ainda em curso, cuja temática é
resultado de uma pesquisa desenvolvida no ano de 2012 tendo por objetivo avaliar os critérios
determinantes no enquadramento de indivíduos como usuários e/ou traficantes. No aspecto
legal no que tange à repressão ao uso e ao tráfico de entorpecentes, o Brasil vivenciou uma
lei que perdurou por aproximadamente trinta anos, sendo substancialmente alterada pela Lei
11.343/06. O reconhecimento da substancial mudança limita-se à pessoa do consumidor, na
medida em que estes passaram a ser classificados pela condição de vítima dentro do contexto
e, portanto, dedicou-se políticas direcionadas à reparação dos danos decorrentes do consumo
de drogas. Por outro lado, a nova legislação acerca do assunto reiterou a posição do Estado
quanto à repressão ao tráfico de entorpecentes, reprimindo tal conduta com penas ainda
mais duras. A Lei 11.343/2006 que instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre
drogas alterou o antigo texto da Lei 6.368/1976 que até então regulamentava o assunto. A
nova lei, por sua vez, é mais tolerante em relação ao usuário, deixando o tema a cargo da
área da saúde pública, instituindo uma despenalização neste sentido, embora o uso continue
proibido, não há uma punição a termos de privação de liberdade para isso. Entretanto,
esta lei apresenta uma lacuna peculiar, que oferece a Delegados, Promotores e Magistrados
imensa discricionariedade no que tange ao enquadramento do indivíduo como usuário ou
traficante, uma vez que são elencados critérios meramente formais para que tal distinção
seja enquadrada na prática, posto que a legislação não estabelece uma diferenciação objetiva
capaz de diferenciar uso de tráfico. Neste sentido, o presente trabalho visa, a partir das
observações empíricas apontadas, compreender de que forma o sistema, através desta lacuna
legal, possibilita a classificação de indivíduos a partir dos mais variados critérios. Para isso
far-se-á uma análise das práticas policiais empregadas nesses casos em específico. Para tanto,
parte-se da ideia tomada de Simoni Lahud Guedes (2008) que o sistema classificatório,
classifica, ordena e hierarquiza, ao mesmo tempo, ações policiais e situações sociais. Ele
dirige o olhar para determinadas direções, hierarquiza e valoriza eventos, desvaloriza
outros e obriga à construção de liames entre o vivido e o registrado. Toda prática conjuga
5. BASEADO EM FATOS
Resumo: O presente artigo tem por objetivo discutir discursos e conhecimentos sobre o
uso de cocaína a partir de usuários. A pesquisa empírica foi iniciada em um bar, situado
em um bairro da região norte da cidade de Niterói – RJ, que reúne grande quantidade de
usuários de cocaína e outras drogas. A escolha desse bar justifica-se pelo fato de frequentá-lo
antes da pesquisa e conhecer os donos, funcionários e frequentadores (muitos desses usuários
de drogas), possibilitando boa entrada a esse universo de consumo da substância. Nesse texto,
pretendo analisar como são construídos saberes e práticas sobre o uso de cocaína e como são
classificados os diferentes usuários nesse espaço. Acho importante ressaltar que não pretendo
assumir qualquer postura que leve a uma visão denuncista ou arbitral sobre os procedimentos
adotados pelos usuários. Nem pretendo trazer explicações etiológicas sobre o porquê de
tais atores agirem de uma forma e não de outra. Minha preocupação se resume em tentar
acessar as esferas de sentido dessas pessoas e grupos que conformam o público assíduo do bar
e entender como consideram coerentes e legítimas suas concepções sobre a substância e seu
uso a partir dos diferentes usuários.
Resumo: O presente artigo abre caminho para a reflexão acerca do problema relacionado
às políticas públicas responsáveis por analisar e tratar o uso e abuso das substâncias psicoativas
ilícitas, mais conhecidas como “drogas”, a partir da perspectiva da redução de danos. Esta
estratégia de tratamento do uso e abuso de substâncias psicoativas tem por finalidade mitigar
os sintomas nocivos da ingestão da droga sem que necessariamente conduza a abstinência da
substância utilizada. Para ter a eficácia que pretende, ela deve ser operada em interações que
promovem o aumento de superfície de contato, criando pontos de referência, viabilizando
o acesso e o acolhimento, multiplicando as possibilidades de enfrentamento ao problema da
dependência no uso do álcool e outras drogas a partir da interação do paciente com a droga da
forma menos danosa possível, diminuindo o risco inerente a determinados usos e contextos
que devem ser evitados. Ocorre que, a política de redução de danos encontra como entrave
os tipos penais previstos na Lei 12.343/06, a qual define como crimes condutas inerentes
ao tratamento, o que conduz o usuário/dependente à uma situação de risco iminente de
confronto com a polícia, tendo em vista que o mesmo assume, concomitantemente, o
papel de paciente e criminoso, na medida em que, por conta do próprio tratamento acaba
incorrendo nas condutas proibidas pela Lei de Drogas.
Coordenadore(a)s:
Patrice Schuch (UFRGS – Brasil); Irene Juárez Ortiz (CIESAS-DF e FLAD – México) y Juliana
Gonçalves Melo (UFRN/DAN-UnB).
Abstract: While Ecuador has always been a legally pluralistic country1 where national law
andindigenous legal systems (ILS)2 have co-existed even before independence from Spain, theway
Keywords: Legal Pluralism, Ecuador, Criminal Justice, Fair Trial, Due Process, Selfincrimination
Resumo: O presente artigo analisa as diferentes perspectivas acerca das chamadas medidas
socioeducativas em meio aberto – que, no Distrito Federal, são executadas em unidades
específicas para esse tipo de medida – a partir de discursos de profissionais do sistema
socioeducativo, responsáveis legais de adolescentes autores de atos infracionais e de um
ex-socioeducando, A implementação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA -
Lei no 8.069/1990), no Brasil, pôs o adolescente na condição de “sujeito de direitos” e
o serviço de proteção social destinado aos adolescentes em cumprimento de medidas em
meio aberto preconizou o desenvolvimento de sua autonomia. Entretanto, evidencia-se que
existem diferentes entendimentos acerca do que devem ser as práticas de administração de
Resumo: Segundo dados do DEPEN (2013) houve um aumento expressivo das taxas
de encarceramento feminino no Brasil. Se estamos diante do fortalecimento do Estado
Penal, a realidade também é desafiadora. Afinal, a relação entre mulheres e criminalidade
é um tema ainda de pouca visibilidade acadêmica e costuma ser compreendida de forma
reducionista. O debate é marcado por um conteúdo sexista, no qual as mulheres seriam
“menos tendentes” às atividades criminais. Apesar de estudos etnográficos demonstrarem
como essa visão é simplista, ainda há a prevalência dessa visão, na qual as mulheres criminosas
são vistas como uma espécie de anomalia. A proposta é justamente refletir sobre esse quadro,
focando especificamente os sentidos de justiça, criminalidade e punição a partir de narrativas
de mulheres na prisão. Além de referenciais bibliográficos, fundamento-me em trabalho
etnográfico no Presídio Feminino do Distrito Federal, onde, por meio de encontros e de
entrevistas, trago à tona suas vozes e trajetórias de vida. A pesquisa trata de tema atual, de
relevância social e convida à reflexão sobre o ofício de pesquisa nesses contextos.
5. “PORQUE ATÉ PRA SER ERRADO TEM QUE SER CERTO”: REFLEXÕES SOBRE A MORAL
DO CRIME
Resumo: Hasta antes de 2011 los derechos humanos no existían como tal en el sistema
jurídico mexicano pues no fue sino hasta ese año que el primer capítulo de la Constitución
Federal cambió su denominación a “De los derechos humanos y sus garantías”, y en la nueva
redacción del artículo primero los introdujo vinculados de tal forma al derecho internacional
que parece marcar el fin del paradigma dominante de la supremacía constitucional.
Sin embargo, sabemos que una reforma constitucional no tiene la fuerza suficiente
como para cambiar de tajo “una forma de hacer las cosas” que se ha venido construyendo
durante décadas, y esta situación ha llevado a muchos analistas a hablar de una Corte que pese
a la reforma aludida continúa manteniendo a la Constitución Federal por encima de todo
(incluidos desde luego los tratados internacionales).
Pero saliendo del campo del derecho o de la ciencia política, desde donde usualmente
se llega a la conclusión referida, con base en el trabajo de campo que realicé en la Suprema
Corte de Justicia de la Nación en México en esta ponencia me pregunto por lo que son los
derechos humanos en este espacio, y en particular frente a una técnica jurídica dominante,
naturalizada y que es al menos uno de los pilares que sostiene al paradigma de la supremacía
constitucional según mi observación etnográfica: la del juicio de amparo.
Así, en esta ponencia desarrollaré cuáles son las prácticas, relaciones y dinámicas que la
técnica de amparo genera en la Suprema Corte mexicana, y cómo se introducen los derechos
humanos en este contexto.
Resumo: La oleada de reformas en México que desde 2008 elevó los Medios Alternos
de Resolución de Conflictos (MARC) a rango constitucional contenidos en el artículo 17
permite que todos los Poderes Judiciales de los Estados y las Procuradurías Generales de
Justicia regulen sobre ellos. Esto ha ocasionado una lenta pero progresiva burocratización
de los MARC que pone en riesgo su naturaleza y su efectividad. Es el caso de la Mediación
y Conciliación que, en el marco de los procesos de reforma constitucional, enfrentan
numerosos desafíos ante la emergencia de nuevas transformaciones sociales que son fuente de
numerosos conflictos: disputas ciudadanas y comunitarias, confrontaciones entre particulares,
crisis estructurales de la familia. El aumento y la diversidad de situaciones exige un abordaje
interdisciplinario que incluya a juristas y científicos sociales (antropólogos, sociólogos,
psicólogos, pedagogos…) a fin de otorgar una mejor respuesta a la ciudadanía que supere
los discursos paliativos judicializados, una respuesta contextualizada que no ponga en riesgo
la legitimidad y el reconocimiento de las y los actores que demandan espacios alternativos
de acceso a la justicia. Es en este escenario donde el análisis integral del conflicto desde
la Antropología del derecho se vuelve pertinente. El propósito de la ponencia es,
a partir del estudio de casos y del trabajo etnográfico, contribuir a la reflexión sobre la
actual efectividad y transcendencia de los Medios Alternativos de Resolución de Conflictos.
El análisis partirá de la experiencia personal como mediadora en sede judicial del Estado
de Querétaro, México, que fue la primera ciudad en establecer un Centro de Mediación
(1999), hoy conocido como Centro de Justicia Alternativa.
Resumo: En el trabajo nos proponemos desarrollar una reflexión en torno a los trágicos
acontecimientos ocurridos en Ayotzinapa, Estado de Guerrero (México) los días 26 y 27 de
septiembre de 2014 que tuvieron lugar al ser reprimida una protesta estudiantil pacífica, en
Palabras clave: verdad histórica, insulto moral, derechos humanos, activismo político,
ciudadanía.
Resumo: A partir de mi etnografía sobre las formas de trabajo y las intervenciones de una
secretaría tutelar de un juzgado penal de menores, en la ciudad de Buenos Ares, en esta
ponencia me centro en lo que identifiqué como la segunda etapa del proceso de trabajo propio
de esa secretaría: el tratamiento. Identifico cuál es la serie de indicadores que a las profesionales
que allí trabajan les permite interpretar que existe en los jóvenes la voluntad de cambiar sus
comportamientos. Busco mostrar, etnográficamente, la importancia que adquiere, en esta
etapa, la demostración del cambio que los jóvenes y sus familias puedan expresar y no tanto,
o no sólo, la búsqueda o expectativa de alcanzar o probar un cambio “real”. Mi objetivo es
deconstruir ciertas imágenes cristalizadas sobre las formas de intervenir de estas profesionales,
buscando, específicamente, entender los sentidos atribuidos a las nociones de “resocialización”
y “transformación” de los jóvenes que pasan por la “justicia de menores”, enunciados como
objetivos manifiestos de esa “justicia”. Busco evidenciar y analizar qué significan esas nociones,
entendidas como categorías nativas, en la práctica, proponiendo un entendimiento distinto de
estos procesos que, al menos en el contexto investigado, están vinculados a sentidos locales que
registran modos particulares de control social y de formación de subjetividades.
Resumo: Ciertas comprensiones críticas de los derechos humanos, desde los estudios
decoloniales y de la liberación, cuestionan el énfasis que puso la tradición liberal positivista
en aquella categoría. La antropología constituye una disciplina valiosa para replantear la
concepción puramente formalista-legalista de los derechos humanos. El cuestionamiento
sobre la pretendida universalidad de las nociones asociadas a la justicia, a los derechos
fundamentales de los pueblos, se fortalece desde la interdisciplinariedad y aporta elementos
para una comprensión más compleja. De este modo, la antropología jurídica urbana enriquece
las discusiones actuales sobre el fundamento y defensa de los derechos humanos.
El litigio estratégico es un mecanismo de postulación de casos relevantes que recurre a
una instrumentación interdisciplinaria, a diversos medios para no solo orientar el juicio a favor
de un cliente particular, sino que busca sentar precedentes que contribuyan a paliar las omisio-
nes legales o incluso a modificar las normas jurídicas, y más aún, a orientar políticas de atención
específica al campo en el que se dirime la controversia, o la vulneración de un derecho.
Palabras clave: Reforma judicial, dimensión simbólica, antropología del derecho, proceso
judicial, justicia para adolescentes.
Coordenadores:
Analía Soria Batista (SOL/UnB), Bárbara Gomes Lupetti (FD/UFF e INCT-InEAC) e Welliton
Caixeta Maciel (FD/UnB e FLAD – Brasil)
Resumo: A violência contra mulheres faz parte da agenda feminista desde a década de setenta,
quando grupos feministas denunciaram os homicídios de mulheres em defesa da suposta honra
Resumo: Apresento para este evento alguns dos principais achados da minha dissertação que
acredito contribuir com a proposta apresentada pela mesa “violência urbana e administração de
conflitos pelas agências sócio-penais na América latina: para além dos processos institucionais
legítimos/legitimados”. Na pesquisa constatei ocasiões em que o mercado ilegal das drogas
na Grande Goiânia possibilitou a produção de mercadorias políticas (MISSE, 2007), que estão
relacionadas diretamente com o emprego da violência, seja por meio da expropriação de
recursos do Estado por alguns de seus agentes ou sem a sua mediação, como o uso de armas
por grupos de tráfico. Nesse sentido, por algumas dinâmicas desse mercado se territorializar,
o tráfico de drogas precisa criar dispositivos em que o uso da violência acaba se tornando
frequente e, por isso, há uma grande necessidade de se armar. As armas, segundo os resultados
de campo, são utilizadas para: a) resguardar a própria segurança dos indivíduos; b) resguardar o
Autores: Lucas Ferreira Cruvinel; Gustavo Rocha Caldas; Nilson Ribeiro dos Santos
Junior; Renato Fernandes Neto
Resumo: Este trabalho é resultado das discussões realizadas no grupo de estudos sobre a Lei
de Drogas, desenvolvido no 1.º semestre de 2015, na Faculdade de Direito da Universidade
de Brasília. A partir de pesquisa bibliográfica sobre a Lei de Drogas e pesquisa de campo junto
às quatro Varas de Entorpecentes do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios,
bem como do aporte teórico-metodológico da Teoria das Representações Sociais, buscou-se
7. UMA ABORDAGEM EMPÍRICA ACERCA DOS DIFERENTES USOS DAS MEDIDAS PROTETIVAS
DE URGÊNCIA PREVISTAS NA LEI MARIA DA PENHA
Resumo: A presente pesquisa versa sobre a reflexão do aparato Estatal acerca da ressocialização
como um dos pilares fundamentais do Estado democrático de Direito e de eficácia de
direitos humanos, segurança jurídica e social e (des) envolvimento do Estado e sociedade.
Dessa forma, tem-se como problematização as questões sociais difusas que combinadas com
o aparato rígido das agências sócio-penais faz com que as dinâmicas legítimas e legitimadas
colocadas em prática pelos funcionários, usuários e sociedade como formas de proteção social
Ementa: Esta mesa propone reunir trabajos concluidos o en desarrollo que aborden teórica
o metodológicamente la temática del derecho a la vida y a la muerte en distintos contextos
sociales latinoamericanos. Los debates y reflexiones buscan centrarse en las tensiones sobre las
definiciones, significados, valoraciones y construcciones (estatales, legales y culturales) de la
vida, la muerte, la dignidad humana, la humanización/deshumanización y sus correlatos. Se
proponen discusiones tales como: los límites de la noción de “humano” y de la dignidad de
la persona humana como principios (bio) éticos y jurídicos; las diferentes maneras de morir
y cómo entran en el espacio de control del saber y del poder del Estado; el efecto mimético
de la violencia y las fábricas de (re) producción de la subjetividad; las cárceles como máquina
antropológicas productoras de una humanidad (des) humanizada, entre otras discusiones que
puedan alimentar esta reflexión.
Coordenadoras:
Livia Vitenti (DAN/UnB – Brasil) e Laura Ordóñez (Universidad del Rosario, Bogotá,
Colombia)
Resumo: Quando falamos em remoções de áreas de risco nos referimos a uma postura dos
Governos na América Latina de movimentação de grupos sociais vulnerabilizados pela falta
de acesso aos direitos sociais, residentes em áreas geograficamente acidentadas que podem
se submeter a algum evento extremo, produzindo um desastre socioambiental. O desastre
deve ser analisado como um fenômeno de injustiça ambiental provocado pelo modelo de
desenvolvimento econômico latinoamericano, que gerou uma desigualdade socioambiental e
vulnerabilizou grupos sociais empobrecidos que tiveram negado o direito à moradia, à saúde,
ao desenvolvimento, ao saneamento básico, à educação, à cidade. O desastre é a expressão
da miséria vivenciada por inúmeras pessoas em decorrência da ausência de direitos sociais.
A negativa desses direitos produz vulnerabilidades socioambientais que serão potencializadas
por um evento natural (chuva, seca, escorregamento). No Brasil, o debate acerca da proteção
do direito a vida dessas famílias empobrecidas e vulnerabilizadas socioambientalmente,
consolidou o poder conferido ao Estado de remover as famílias de áreas de risco para conduzi-
las a equipamentos públicos (abrigos provisórios) ou disponibilizar recursos da assistência
social a fim de retirá-las de suas casas. A remoção foi oficializada pela Lei de Proteção e Defesa
Civil publicada em 2012, mas desde 2010 vem se construída a sua legitimidade , conforme
nos demonstra SIENA (2010), com discursos da mídia, dos políticos e determinações legais
à Defesa Civil. A autora, retomando Foucault, denuncia a violência do Estado no sentido
de “fazer viver e deixar morrer” em que, em nome da preservação física de vidas humanas,
implementa-se uma política de morte social, cultural, emocional e psicológica, violando
ainda mais os direitos dos afetados por desastres, que tiveram historicamente negados os
seus direitos de cidadania. O presente artigo é fruto da pesquisa de doutorado da Autora e
pretende demonstrar que a política de remoção executada é incoerente com as propostas
relacionadas aos programas habitacionais construído pelo Estado Brasileiro atrás das políticas
referentes ao direito a moradia e a cidade e estão sendo promovidas ao arbítrio da população
e dos órgãos de fiscalização. Há na execução da política de remoção uma violência material
e simbólica em que VALENCIO (2010) reconhece pelo menos três tipos: na destruição dos
equipamentos públicos e privados dos territórios violados por meio de caminhões e tratores,
rompendo o vínculo com o lugar; na destruição das moradias, quando rompem com o lugar
de segurança para o exercício das relações privadas de afeto e fortalecimento de vínculos;
a violência moral sofrida por cada morador quando as exigências para saída do local são
inegociáveis, a dor emocional de ser compulsoriamente retirado de seu “lugar” ferindo todos
os sonhos e vínculos sociais. Além de violenta, a política de remoção não resolve o problema
de garantir os direitos sociais e dentre eles o direito a moradia, estabelecendo novos critérios
de genocídio de grupos sociais vulnerabilizados, ampliando as formas de matar, de morrer e
também de resistir. (ZHOURI, VALENCIO, 2014).
Resumo: Esta ponencia tiene como objetivo fundamental demostrar a partir del estudio de caso
de los habitantes de calle del Rio Medellín que en Colombia la vida y la muerte de estos sujetos
discriminados, marginalizados y en estado de debilidad manifiesta, plantean un cuestionamiento
profundo a las formas en que el Estado les “protege especialmente” y les garantiza una vida y
muerte en “condiciones dignas y justas”. Desde el campo teórico jurídico y social, se da cuenta
de que el Estado tiene la obligación de garantizarles un “derecho a la especial protección”
conforme con el artículo 13 Constitucional, por medio del cual, se reconoce la necesidad de
brindarles una protección reforzada como un remedio para corregir sus desigualdades, eliminar
su tratamiento injusto y, en consecuencia, modificar las condiciones reales de menosprecio
que sus vidas y muertes tienen en el campo social colombiano. No obstante, desde el campo
práctico, este derecho se desvirtúa en manos del Estado pues se desfigura en una nueva forma de
dominación sobre estos sujetos que, más que eliminar sus desigualdades y reivindicar sus modos
de vida y muerte dignas libres del menosprecio, promueve una estrategia de reproducción del
orden social injusto establecido de desvalorización de sus vidas.
Resumen: Con base en el análisis de una política criminal y penitenciaria brasileña denominada
APACs (Asociaciones de Protección y Asistencia a los Condenados), que se afirma como un
modelo de prisión revolucionario y opuesto de todas las cárceles del Brasil al proponerse
como un modelo de prisión humanizada, en esta mesa de trabajo, propongo una reflexión
donde las cárceles al ser entendidas como “máquinas antropológicas”, nos permiten pensar y
problematizar la relación entre una cierta definición de vida, un específico régimen de poder
y unas particulares concepciones y definiciones sobre qué es lo humano y lo humanizado
(inhumano, deshumano y sus correlatos). Nos permiten indagar sobre la producción – de una
humanidad no humana, en el caso de las prisiones del sistema común, y de una humanidad
que se pretende humanizada, en el caso de las APACs. Esta reflexión se llevará a cabo desde
el siguiente conjunto de preguntas: ¿Es posible humanizar la vida atrás de las rejas? ¿Cómo
puede una prisión ser humanizada? ¿De qué humanización estamos hablando? Qué tipo de
humanización o humanidad estas otras formas de poder prisional instituyen? ¿De qué manera
es capaz de humanizar? Es posible humanizar sin algún grado de coerción o violencia
Resumo: Violência pega? A pergunta alude ao contágio, como um vírus que se pega,
mas também uma moda, um padrão que “pegou”, difundindo-se sobremaneira. Proliferam
estudos sobre a mimese no caso da divulgação de suicídios na mídia – o chamado efeito
Resumo: Proponho abordar, com o pano de fundo do confronto entre a ordem legal
estatal e a jurisdição de um povo indígena da Amazônia meridional, as soluções dadas nos
casos de delitos cometidos por perpetradores de doenças e de outros conflitos disruptivos
da socialidade. São indivíduos que, ao imiscuírem-se fora dos limites da humanidade a que
pertencem, conseguem provocar adoecimentos e morte entre seus pares. Esta condição é
viabilizada por técnicas de bruxaria e, também, pela inobservância de valores centrais da
moralidade local com comportamentos marcados pela avareza e raiva/conflito violento. A
solução, no caso, passa por diversas fases: uma de responsabilidade da visão e confirmação
por parte de uma autoridade xamânica, outra pela busca do consenso social a respeito das
evidências da “travessia” do sujeito em questão para mundos “não-sociais” e, ainda, a da
execução da pena respectiva, que pode ser a morte ou migração. Para a interpretação do
processo também serão tratadas questões relacionadas às concepções sobre corpo, doença e
destino histórico de uma coletividade.
Coordenadore(a)s:
Enzo Bello (Universidade Federal Fluminense - Brasil); Fernanda Frizzo Bragato (Unisinos -
Brasil); Raquel Fabiana Lopes Sparemberger (Universidade Federal do Rio Grande - Brasil)
Resumo: Este trabalho está vinculado ao projeto de pesquisa “Os direitos humanos no
contexto latino-americano: do caráter universal a interculturalidade”, coordenado pelo Prof.
Dr. Vicente de Paulo Barretto. O discurso dominante dos direitos humanos, construído
sobre o paradigma liberal-individualista da modernidade, apresenta limitações no que se
refere ao reconhecimento de determinados grupos historicamente inferiorizados, que são
alvo de preconceito e discriminação. O objetivo deste trabalho é investigar possibilidades
para a construção de uma visão de direitos humanos que confirme o pleno reconhecimento
dos indivíduos e grupos estigmatizados da América Latina. Para tanto, estudar-se-á, por meio
de análise bibliográfica, as bases do discurso dominante dos direitos humanos, em autores
como Immanuel Kant e Norberto Bobbio, a teoria do multiculturalismo, por meio das
obras de Charles Taylor e Will Kymlicka, e a interculturalidade, desenvolvida por autores
como Emmanuel Levinas, Boaventura de Sousa Santos, Néstor García Canclini e Catherine
Walsh. Os resultados deste trabalho apontam a insuficiência do multiculturalismo para
responder ao problema das opressões aos grupos estigmatizados da América Latina, haja vista
que pressupõe uma cultura como sendo superior as outras, sendo a interculturalidade mais
adequada para legitimar as demandas destes “outros” sujeitos como de direitos humanos, por
colocar todas as culturas em situação de horizontalidade, onde uma nova visão de direitos
humanos é possível, por meio do diálogo.
Resumo: A América Latina no decorrer das últimas décadas vem, sistematicamente, passando
por inúmeras transformações constitucionais que, em seu contexto global, são frutos de
movimentos sociais de luta, ou seja, por debates filosóficos, políticos e socioculturais, acerca
da necessidade de transformação de sua realidade periférica, de modernidade tardia, enquanto
construção política, jurídica e social da Modernidade. A partir dessas premissas, o start desse
cenário de rompimento com o paradigma Moderno de construção sócio-política do Estado,
pode ser visto na Constituição Brasileira de 1988 e seu ápice com a Constituição Boliviana
de 2009. Portanto, desse contexto de busca por transformação paradigmática, através de
diálogos cada vez mais plurais, que o presente trabalho buscará demonstrar como uma
epistemologia latino-americana, construída, nos dizeres de Boaventura de S. Santos, no Sul e
pelo Sul Global, pode ser compreendida como instrumento de transformação constitucional
de uma sociedade. Todas essas discussões inauguram a possibilidade de uma nova perspectiva
para os teóricos do direito que se preocupam com a construção política, social e, sobretudo,
filosófica do Estado e das Constituições na Modernidade. Assim, fala-se no surgimento de
um novo constitucionalismo, que rompe com as Teorias modernas sobre o Estado, bem
como sobre a Constituição, um constitucionalismo de emancipação social, de resgate, de
libertação, de desencobrimento de todos aqueles que foram, violentamente, excluídos e
estigmatizados pela construção da Periferia pelo Centro moderno. Portanto, será a partir
de uma racionalidade latino-americana, verdadeira epistemologia do sul, que buscaremos
discutir os desdobramento e os fundamentos do que hoje se convencionou chamar de Novo
Constitucionalismo Transformador, Democrático, Latino-Americano.
Resumo: A presente proposta consiste em crítica aos direitos humanos quando considerada
a relação desses direitos com a expansão colonial, o eurocentrismo3 e o domínio do terceiro
mundo pela Europa4. Portanto, é necessário indicar a lógica predominante da produção
de direitos humanos para que se compreenda como a expansão do discurso humanista e
dominação eurocêntrica resultou na reprodução de um senso prático desses direitos na
contemporaneidade5. Dito isto, esta abordagem compreende leitura crítica dos direitos
humanos quando identificados paradoxos, contradições e aporias diante das práticas suplantadas
pela lógica dominante de seu projeto ocidental. A hipótese é de que apesar do discurso dos
direitos humanos professar sua dimensão global, tais direitos têm um lócus específico de
produção que indica o epicentro Europeu e a tradição imperialista do Ocidente como crucial
para seu universalismo. Não por outro lado, a perspectiva descolonial tem como objetivo
procurar o pluralismo na produção de conhecimento que implica uma ruptura de construção
eurocêntrica de conhecimento. Portanto, o descolonialismo se posiciona criticamente em
relação à narrativa tradicional do historicismo que resultou no ideal civilizatório professado
em uma leitura mais ortodoxa dos direitos humanos. Nesta perspectiva, o artigo propõe por
Resumo: Este artigo propõe questionamentos sobre a pretensa universalidade dos direitos
humanos, a partir da análise das migrações forçadas no mundo contemporâneo, com ênfase
para o caso dos refugiados. Para tal, busca-se um diálogo entre três perspectivas teóricas
que têm como pontos de convergência a crítica ao colonialismo e ao eurocentrismo: a
perspectiva descolonial, o pós-colonialismo e as Abordagens do Terceiro Mundo ao Direito
Internacional (TWAIL). A partir de diferentes argumentos, tais abordagens teóricas apresentam
críticas ao projeto ocidental da modernidade, o qual se sustenta no pressuposto de um sujeito
universal que tem direitos também universalizáveis. Reconhecendo que todo sujeito e todo
Resumo: O epicentro das discussões que envolvem à semântica dos direitos humanos diz
respeito às diferentes formas de apropriação e de reprodução do discurso desta categoria de
direitos, cujos significados se distinguem a partir das distintas formas de se vislumbrar e garantir
a dignidade humana. Daí, a polarização apresentada por Boaventura de Sousa Santos, no sentido
de haver, de um lado, um modelo hegemônico de apropriação dos direitos humanos, e, do
outro, uma possibilidade de subversão das opressões dos grupos marginalizados, a partir de um
uso contra-hegemônico destes mesmos direitos. O núcleo semântico hegemônico de direitos
humanos foi aquele engendrado pelas revoluções liberais do século XVIII, a partir dos primados
da liberdade individual e da igualdade formal. Esse modelo é sustentado na ideia de uma suposta
universalidade destes direitos, apta a invisibilizar as diferenças de ordem social, política e cultural,
e dos diferentes modelos de direitos humanos existentes mundo afora e é concebido a partir de
uma concepção de pessoa humana racional, reflexiva e individual e dissociada de elementos
sociais (gênero, raça, classe, orientação sexual). Em face desta constatação, revela-se insofismável
Resumo: Inicialmente preciso esclarecer que esse trabalho reflexivo é uma provocação aos
estudiosos do Novo Constitucionalismo Latinoamericano, oriundo da minha participação
como convidada observadora do Yale Law Seminary – SELA 2015, ocorrido no luxuoso
Sheraton Rio Hotel & Resort nos dias 11 a 14 de junho de 2015, no qual, contraditoriamente,
representantes acadêmicos e teóricos dos países da América Latina debatiam acerca da
“Desigualdade”. O convite aceito, realizado pelo professor Roberto Gargarella, para assistir
tal evento resultou em algumas inquietações as quais pretendo compartilhar neste trabalho.
Acreditando que o meu maior desafio seria o de dar coesão a tantos questionamentos,
especifiquei um recorte preciso àqueles acerca da estrutura e organização dos poderes frente
ao reconhecimento dos direitos na seção dogmática das Constituições Latino-Americanas. E,
para fundamentar e aprofundar tais questões, usei como técnica uma revisão bibliográfica dos
Resumo: Nossas pesquisas nos últimos anos em torno dos direitos humanos têm nos levado
a uma afirmação mais política dos direitos humanos como resultado de um processo sócio-
histórico de forte envolvimento das demandas da própria sociedade organizada. Esse processo
amplo e politico de constituição dos direitos humanos envolve os aspectos institucional e
jurídico, mas sem se restringir a eles. A constitucionalização dos direitos humanos também
é parte desse processo amplo dos direitos humanos, levando à discussão da efetivação ou
materialização desses direitos. Entretanto, os direitos humanos, tendo uma dimensão política,
não podem ser limitados à perspectiva jurídico-constitucional. Com isso, para a materialização
dos direitos humanos, é de fundamental importância o resgate de suas perspectivas sócio-
histórica e política, que evidenciam a integração do jurídico nesse processo, mas também sua
não limitação a esta realidade. Nesse sentido, a crítica feita à matriz liberal de reconhecimento
e constitucionalização dos direitos é de fundamental importância para sua afirmação histórica
e, sob um olhar político, que possa dar um passo a mais na paisagem jurídico-política em favor
da efetividade dos direitos, sob o ponto vista de outra lógica denominada por Boaventura de
Sousa Santos como contra hegemônica. A dimensão jurídico-constitucional deve ser pensada
a partir do empoderamento político da sociedade, isto é, ela requer para sua efetivação do
empoderamento político do sujeito de direito, dos movimentos sociais e das ONGs envolvidas
na luta por um direito comprometido com as transformações sociais emancipatórias. Assim,
o jurídico e o político são campos integrados em um processo social dialético. Dessa forma,
a emancipação social, defendida por Boaventura, ganha contornos efetivos, onde o resgate
da dimensão política dos direitos humanos se torna imprescindível para a efetivação dos
direitos. Portanto, o resgate da dimensão política dos direitos humanos, ofuscada por seu
reconhecimento no campo jurídico, parece ser uma estratégia fundamental para pensarmos
os direitos humanos em um contexto de pluralidades, em especial na América Latina, o que
será, porém, negado por concepções teóricas e políticas, nos vários campos de atuação, que
preferem manter o discurso do consenso e da unidade; bases da racionalidade ocidental desde
a Modernidade. Entretanto, apesar dessa dimensão política dos direitos humanos favorecer a
sua dimensão emancipatória, perspectiva que tem sido trabalhada, por exemplo, nos últimos
textos de Boaventura sobre a temática, ela não tem sido explorada suficientemente pelos
atores políticos e jurídicos da sociedade, isto é, pelos movimentos e ONGs que atuam com
direitos humanos, nem por outros atores ou campos que atuam e podem influir no processo
Resumo: Frente aos desafios impostos pelo processo de globalização, como a expansão do
capitalismo e a abertura do mercado financeiro, as mulheres tiveram que produzir novas visões
de mundo, tiveram que gerir condições de vida para si e para suas famílias. E dentro desse
contexto pretende-se analisar o papel do direito (humano e ambiental) e da mulher (indígena)
frente a esses novos desafios, compreender de que forma ela se articula para manter a identidade
cultural de sua comunidade, e como passa para seus filhos o conhecimento tradicional tão
importante para a preservação dos costumes, crenças e tradições. A presente pesquisa busca,
também, entender qual é o papel do direito frente a essas novas transformações ocorridas face
ao processo de globalização, bem como, verificar por meio da pesquisa em fontes primárias
(as mulheres de comunidades indígenas) sua dinâmica na relação, direito, família, natureza e
espiritualidade. A metodologia escolhida foi a de tipo etnográfico em fontes primarias por
meio dos métodos da história oral e cultural, mais precisamente o estudo de caso das mulheres
da comunidade indígena Kanela Ramkokamekrá e Apaniekrá no estado do Maranhão.
16. O LOCAL DE FALA DOS CRISTÃOS-NOVOS E SUA IMPORTÂNCIA NA DEFESA DOS POVOS
ORIGINÁRIOS NA CONQUISTA DA AMÉRICA
Resumo: O presente artigo aborda a questão das políticas públicas assistenciais dispensadas
aos imigrantes, no contexto jurídico-espacial Brasileiro, tendo como questão prática a
discussão judicial da concessão de benefício assistencial de prestação continuada ao estrangeiro.
Apresentamos, no corpo do trabalho, as opiniões favoráveis e contrárias à concessão do amparo
assistencial aos mesmos e, depois, criticamos ambas as opiniões, com a teoria crítica de David
Sanches Rubio e as achegas doutrinárias de Costas Douzinas, porquanto tais posições se
desenvolvem em um âmbito reducionista, eis que exclusivamente estatalista, economicista
e dogmático. No fim do trabalho, esperamos oferecer uma nova perspectiva de direitos
humanos aplicados aos imigrantes, que transcende o reducionismo denunciado.
Resumo: A filosofia dos direitos humanos, na modernidade, surgiu através de lutas políticas
em que os espanhóis, no século XVI, na tentativa de conquistar novas terras, submeteram
indígenas à servidão. Parece obviedade afirmar que todos os seres humanos são iguais e
dotados de dignidade. No entanto, não se consideravam todos os seres humanos iguais;
inclusive, nos decretos papais do século XV, a igreja apoiava e legitimava a conquista de
novas terras, ataque, combate, subjugação e espoliação de lugares e pessoas infiéis; estes eram
aqueles que não comunhavam da religião católica, como no caso, os indígenas americanos.
Figuras que se destacaram na época foram Gines de Sepúlveda e Bartolomé de Las Casas, os
quais estavam de lados opostos; Sepúlveda defendia que os índios eram de uma raça inferior
e mereciam ser dominados e caçados, sustentando que os indígenas não tinham humanidade
plena igual à dos europeus, não sendo pessoas civilizadas e representando uma forma inferior
de humanidade, devido a suas práticas indignas. Las Casas, por outro lado, posicionando-se
Coordenadores:
Dr. Fernando Antonio de Carvalho Dantas (Universidade Federal de Goiás - Brasil), Dr. José Luis
Solazzi (Universidade Federal de Goiás - Brasil) e Dra. Carmen Lúcia da Silva (Universidade
Federal do Mato Grosso).
Resumen: El Estado boliviano, en los últimos años ha sufrido una serie de reformas y
transformaciones que han llevado a su completa reconfiguración desde la organización de sus
poderes hasta la estructuración de sus niveles de gobierno. El producto de este nuevo Estado
se refleja, en gran medida, en la constitución promulgada el año 2009; sin embargo, esta norma
fundamental es resultado de anteriores reformas constitucionales que en reconocimiento a los
problemas históricos que aquejaban al Estado, trataron de resolverlos sin la necesidad de cambiar
en su totalidad la Constitución vigente desde el año 1967. El indigenismo fue sin duda alguna,
una de las corrientes que impulsó con gran fuerza la mayoría de las mencionadas reformas, y
aún más, los pueblos indígenas de Bolivia fueron actores fundamentales para la existencia actual
de un nuevo marco constitucional. En ese sentido, en el presente trabajo se analiza la manera en
que la lucha de los pueblos indígenas por el reconocimiento de sus derechos colectivos ha sido
reflejada dentro de la norma fundamental del Estado boliviano en las últimas décadas.
Resumo: A questão jurídica da terra indígena no Brasil revela histórico paradoxal em seu
processo vez que a luta dos povos indígenas pela terra, apesar de alguns avanços, especialmente
Resumo: Os direitos dos conhecimentos emergem como realidade diante da qual o direito
como campo científico – nas perspectivas de suas categorias, conceitos e métodos – depara-
se com pontos cegos porque não contempla, epistemologicamente, formas complexas de
pensar e construir diferentes realidades sociais coexistentes no mundo contemporâneo.
Pensar os direitos dos conhecimentos pressupõe a ruptura da uniformidade do pensamento
monoico, positivista do direito moderno. A construção dos direitos dos conhecimentos passa
por metodologias transdisciplinares de pesquisa social que contemplem possibilidades para o
direito como transformador social. Os direitos dos conhecimentos se desdobram em dois vieses
teóricos: a multiversidade dos conhecimentos, territórios e temporalidades plurinacionais,
titularidades, gestões e jurisdições; e pluriversalismos, cosmogonias e pluralismo jurídico na
proteção dos conhecimentos. Pensar a natureza jurídica dos conhecimentos e dos elementos
da natureza com os quais se relacionam em processos de utilização e transformação simbiose
entre cultura e natureza significa pensar a relação indissociável desses processos na construção
das titularidades de apropriação coincidentes em territorialidades e temporalidades múltiplas;
portanto, jurisdições diversas e diálogos entre saberes diversos. Pensar o contexto da proteção
jurídica do conhecimento pautado na pluralidade de sujeitos, objetos e processos, bem como
institucionalidades plurais, significa uma releitura dos âmbitos institucionais pautada na
heterogeneidade e na democracia real.
Resumo: O presente estudo objetiva refletir sobre o “Direito ao Espaço Memorial Bóe –
Boróro”, na ótica do Bóe, no campo acadêmico da antropologia do direito. Boróro, significa
na língua materna “pátio ou aldeia” foi a denominação usada pelos primeiros exploradores
para identificar os membros do grupo. Por esta denominação ficaram conhecidos nos escritos
antropológicos, históricos, entre outros, e, nos dias atuais continuam a denominar-se por
Boróro, embora o povo se identifique como Bóe. Outros termos foram empregados para
nos nominar ao longo da história, como por exemplo, coxiponé, araripoconé, araés, cuiabá,
coroados, parrudos, bororos aravirá ou bororos da campanha e bororos cabaçais. Os Bóe
praticaram e praticam a sua cultura, tradições, língua, costumes e crenças, dentro do seu
Espaço Memorial, que está relacionado com as fundações das aldeias, ou seja, aquelas vistas à
olhos nus e àquelas sentidas e vistas no plano espiritual, isto é, as aldeias que foram destruídas
pelas fazendas e cidades, mas que vivem na memória do povo Bóe. Um memorial que perfaz
Resumo: Neste trabalho pretendemos apresentar uma síntese da nossa pesquisa de mestrado, na
qual buscamos delinear alguns elementos para a compreensão da realidade de Nuestra América, a
partir dos aportes de alguns dos precursores do pensamento crítico latino-americano, no intuito
Coordenadore(a)s:
Consuelo Sánchez (Escuela Nacional de Antropología e Historia – México) Marco Aparicio
Wilhelmi (Universitat de Girona – Espanha/Itália) e Rosane Freire Lacerda (Universidade
Federal de Goiás – Regional Jataí – Brasil)
Resumo: O texto da nova Constituição da Bolívia (2009), ao mesmo tempo que institui
um Estado plurinacional, comunitário e intercultural, fundado no pluralismo – inclusive
jurídico –, também afirma a sua soberania. Como o projeto constitucional boliviano busca
conciliar o discurso da soberania do povo boliviano, do país e do Estado – construção
típica do Estado-Nação Moderno – com o da plurinacionalidade, da autonomia indígena, da
democracia comunitária e do pluralismo jurídico? O presente trabalho não tem o propósito
de oferecer respostas “doutrinárias” a essa questão. Não buscamos, aqui, produzir uma análise
jurídica racionalizadora da nova Constituição da Bolívia, cega às diferenças de projetos, aos
conflitos e às negociações entre diferentes sujeitos sociopolíticos presentes na Constituinte
e na luta contínua por sua reelaboração interpretativa. Nosso objetivo é investigar, antes,
como a soberania popular, nacional e estatal é pensada, afirmada, contestada e ressignificada
pelos próprios sujeitos políticos do processo constituinte boliviano. Para tanto, recorremos
sobretudo a fontes secundárias: promovemos uma ampla revisão do conjunto de estudos
de diversas disciplinas – Antropologia, Ciência Política e Direito, notadamente – sobre os
discursos dos principais campos políticos presentes no processo constituinte, com foco nas
Resumo: A manutenção das línguas maternas para os povos indígenas garante vivas suas
culturas, fazendo valer direitos humanos fundamentais consagrados na Constituição brasileira
de 1988. Entretanto o direito fundamental ao idioma foi desrespeitado em processo conhecido
como o caso Verón, que relatou crimes ocorridos no estado de Mato Grosso do Sul, no
território indígena Takuara. A denúncia de homicídio, cuja vítima era cacique Marcos Verón,
um dos líderes dos Guarani-Kaiowá. Todavia a presidência do júri impediu os indígenas,
vítimas e testemunhas, por meio de intérprete, prestar depoimento em seu idioma nativo,
negando os direitos fundamentais, trata de hipótese invisibilidade de direitos.
Resumo: A construção histórica dos Estados Latino Americanos desde a colonização pelos
povos europeus é marcada por constantes e intensos conflitos de ordem cultural. Neste
sentido, a delimitação das fronteiras nacionais não foi solução para que a diversidade de
culturas fosse suprimida, resultando na convivência conturbada entre diversos grupos, etnias
e raças ao longo dos últimos séculos. Como reflexo desse desequilíbrio, a percepção acerca
da cidadania e o desfrute de direitos civis, políticos e sociais variou conforme o contexto
histórico e as forças detentoras do poder político. É neste cenário que, na primeira década do
século XXI, países como Equador e Bolívia promovem uma significante mudança e avanço,
reconhecendo-se como Estados plurinacionais e interculturais. A partir dos estudos acerca do
constitucionalismo intercultural, aliados a uma perspectiva histórico-normativa, a proposta
de (re)construção da cidadania nestes Estados deve estar preparada pra superar barreiras de
ordem cultural e histórica, passando por lutas pela democratização política, econômica e
cultural, buscando garantir direitos àqueles grupos historicamente excluídos e marginalizados
pelo processo “civilizatório”.
Resumo: A evolução dos direitos humanos revela uma sucessão de fases demarcatórias e
cumulativas da consolidação gradual de novos direitos que, simultaneamente, se contrastam e
se completam, transparecendo, em cada dimensão, aspectos comuns e peculiares advindos nas
necessidades de aperfeiçoamento da convivência humana num contexto fático-temporal. A
questão que sucede é averiguar o longo processo de conscientização e internalização de tais
direitos inerentes ao gênero humano, impelido por fatores políticos, sociais e econômicos.
Num segundo momento, a cidadania passou a adotar outros parâmetros, devendo ser efetivada
em nossa vida social, deixando de ser apenas uma previsão formal do sistema jurídico. A
análise dos direitos sociais não pode prescindir de prévias reflexões sobre a afirmação desses
direitos. Nascidos com caráter individualista, impondo, em contraposição ao absolutismo,
Resumo: O presente artigo tem como objeto a construção de um ensaio teórico sobre
as demandas universais da teoria dos Direitos humanos e sua redefinição mediante um
reajuste com as propostas Multiculturalistas. A desconstrução da “vida nua”, possibilitada
pelo Estado Moderno, até a extrema sedimentação da “servidão voluntária”, tem como
limite a correspondência com percepção contemporânea da individualidade de produções e
autonomias humanas. É sobre o caos de significados e a reunião de sentidos, numa perspectiva
histórico-relativista, porém não niilista, que se proporá uma solidificação dos estudos do
multiculturalismo sobre a temática dos Direitos humanos. Sinalizar como as formas dialogais
apresentadas pelas teses multiculturalistas perfazem um reajuste no discurso operado pela
servidão jurídica ocidentalizada, possibilitando uma visão jurídica que garanta mais autonomia
aos titulares dos direitos ditos humanos – seja dos países de centro ou da periferia.
Autores: Romário Augusto Morais Santos de Souza; Carlos Teodoro José Hugueney Irigaray
Resumo: Circundados por uma das maiores áreas úmidas do mundo, o povo pantaneiro ainda
convive estreitamente comungando a relação homem, fauna e terra, levando com sigo um
modo de vida único e equilibrado com esse bioma tão delicado. O modus operandi, exercido
por essas comunidades desafiam os modelos de produção atual e colocam empiricamente,
ideologicamente e até mesmo cientificamente em xeque a feroz matriz econômica vigente
na sociedade ocidental. Essa interligação entre a biota e sua epistemologia, confronta-se com
Coordenadore(a)s:
Alexandre Bernardino Costa (UNB - Brasil), César Baldi (NEP-UNB - Brasil), Raquel Zonia
Yrigoyen Fajardo (IBS - Peru)
Resumo: Nos últimos tempos o processo de luta pelo reconhecimento da diferença tem
crescido consideravelmente tanto no nível interno dos Estados quanto na seara internacional.
Há, atualmente, um grande número de organizações, grupos e instituições que passaram a
tratar sistematicamente desta temática. Uma consequência concreta deste processo pode ser
considerada o surgimento de um novo aparato normativo com conteúdo específico destinado
a grupos sociais diferentes entre si. Tais modificações na característica das normas jurídicas
refletem um amplo processo de politização do Direito já que estas normas têm se originado
dos processos de lutas sociais e políticas engendradas pelos movimentos sociais organizados
em torno de reinvindicações de caráter étnico e cultural. Neste contexto, é possível dizer,
que o processo de reconhecimento das diferenças étnicas e culturais proporciona novas
possibilidades de leitura da relação entre a Política e o Direito no sentido de que ele provoca a
superação dos dogmas da racionalização absoluta, da completude e da neutralidade do Direito
que durante muito tempo dominaram os estudos jurídicos. Além disto, desvelam um cenário
de conflito no plano jurídico redesenhando formas diversas do fazer político que encontram
no Direito sua forma de expressão, isto porque deixam evidentes disputas pela manutenção e
superação de normas jurídicas que beneficiam sujeitos sociais diversos e seus também diversos
interesses. Assim sendo, é necessária uma melhor compreensão da influência da luta dos
movimentos sociais organizados e mobilizados em torno da reivindicação da diferença neste
processo politização da construção e superação de normas jurídicas e na definição de novas
formas de fazer política na sociedade. Se inserindo nesta discussão, o objetivo deste estudo
Resumo: O presente artigo tem como objetivo problematizar as noções de “povo”, “nação”
e “território, fundacionais do Estado-nação ocidental moderno, sob a ótica dos auto-
denominados “povos-de-terreiros” ou “povos-de-santo”, enquanto segmentos integrantes da
Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais,
legalmente consubstanciada no Decreto Federal 6.040/2007. A reflexão é especialmente
eloqüente no marco de um “constitucionalismo achado na rua”, na medida em que explora o
“duplo vínculo” de tais conceitos analíticos, simultânea e paralelamente operados pela Teoria
Política/Teoria do Estado clássicas, e manejadas como “categorias nativas” pelas tradições de
matriz africana, tornando-se, assim, epicentros de um conjunto de conflitos hermenêuticos.
Neste sentido, a experiência crítica desses grupos, que se legitimam como sujeitos construção
e da interpretação constitucionais, permite evidenciar a permanência da colonialidade do
poder nos discursos e nas práticas estatais. São exemplos disso os reivindicados “territórios de
axé” territorialidades tradicionais que extrapolam o egbé como espaço físico (comunidade-
terreiro) e expressam dinâmicas de resistência para além da lógica proprietária; bem como a
figura das “nações” de candomblé (batizadas de distintas formas nas variadas vertentes sócio-
religiosas), tributárias, cada uma, de uma identidade coletiva não apenas na esfera étnico-
racional, mas também em nível ético-político. Linhas sociais e espaciais móveis, portanto, que
se rebelam às rígidas fronteiras que pretendem enquadrar os lugares e os protagonistas da
produção-reprodução de modos de vida particulares. Como termômetros desse desencontro
epistemológico, enfocam-se as disputas implicadas no processo de elaboração e apropriação
do I Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais
de Matriz Africana (2013), interrogado como esforço de tradução de uma determinada
gramática de “direitos achados na rua” para a linguagem oficial, com seus limites (pontos-
cegos) e possibilidades (horizontes). Em perspectiva comparada, a insurgência dessas
subjetividades descoloniais e a interpelação que lançam ao direito instituído dialoga com
os recentes processos constituintes latino-americanos, (re)situando os projetos de pluralismo
jurídico na atual encruzilhada intercultural, multiétnica e plurinacional.
6. A LUTA VAI SER TÃO DIFÍCIL, NA LEI OU NA MARRA NÓS VAMOS GANHAR
Resumo: Muitas pessoas se ocuparam de conceituar o que é o Direito. São tantas as vidas
dedicadas ao exercício de explicar, cientificamente ou não, os processos de produção/
aplicação do Direito. Entretanto, as insatisfações em torno das respostas permanecem.
Pesquisas e análises são procedidas. Teorias e pensamentos são desenvolvidos. Quem sabe seja
mais correto compreender o que não é Direito, para, então, encontrar um caminho que nos
conduza a uma melhor clareza do que possa ser – ou vir a ser – o Direito. O Direito não é e
nem pode ser uma espécie de força autônoma ou superior, algo acima do “mundo da vida”;
nem mesmo os princípios do Direito – porque, também, estes não surgiram do nada, nem
são criações de um ser supremo e soberano.Tudo é fruto da criação do ser humano histórico,
datado. A histórica luta pela terra, no Brasil, marcada por muitos e violentos conflitos entre
o direito à vida e o direito de propriedade (que se realiza e é protegido, juridicamente,
como efetividade do abstrato direito à propriedade) evidencia a esperança na conquista do
Direito como efetividade. O Canto do lavrador anuncia: “A luta vai ser tão difícil, na lei ou
na marra nós vamos ganhar”. Isto, é uma afronta ao Direito ou uma revelação da sua questão
fundamental: a legitimidade do Direito que deve ser extraída nos processos constitucionais de
sua produção e de sua efetividade? O problema que motiva esta argumentação é o processo
de concepção, construção, afirmação do Direito até sua efetividade ou não. A ideia central
e pressuposto deste trabalho é a de que Direito só é Direito se se efetiva e tenha sentido, se
conseguir melhorar a vida das pessoas (sujeito constitucional), a partir das suas produção/
interpretação/aplicação legitimadas pela participação de atores, historicamente, excluídos dos
movimentos de sua constitucionalização.
Resumo: O texto da nova Constituição da Bolívia (2009), ao mesmo tempo que institui
um Estado plurinacional, comunitário e intercultural, fundado no pluralismo – inclusive
jurídico –, também afirma a sua soberania. Como o projeto constitucional boliviano busca
conciliar o discurso da soberania do povo boliviano, do país e do Estado – construção
típica do Estado-Nação Moderno – com o da plurinacionalidade, da autonomia indígena, da
democracia comunitária e do pluralismo jurídico? O presente trabalho não tem o propósito
de oferecer respostas “doutrinárias” a essa questão. Não buscamos, aqui, produzir uma análise
jurídica racionalizadora da nova Constituição da Bolívia, cega às diferenças de projetos, aos
conflitos e às negociações entre diferentes sujeitos sociopolíticos presentes na Constituinte
e na luta contínua por sua reelaboração interpretativa. Nosso objetivo é investigar, antes,
como a soberania popular, nacional e estatal é pensada, afirmada, contestada e ressignificada
pelos próprios sujeitos políticos do processo constituinte boliviano. Para tanto, recorremos
sobretudo a fontes secundárias: promovemos uma ampla revisão do conjunto de estudos
de diversas disciplinas – Antropologia, Ciência Política e Direito, notadamente – sobre os
discursos dos principais campos políticos presentes no processo constituinte, com foco nas
suas diferentes concepções da questão da soberania em um Estado plurinacional, comunitário
e intercultural.
Ementa: No século XXI as leis são grandes condutoras de políticas públicas garantidoras de
direitos fundamentais. Mas, diuturnamente, são divulgados casos de má qualidade das leis e
o impacto negativo disso sobre os direitos fundamentais. As dificuldades no diálogo entre
normatividades expressam as tensões valorativas que cercam o tema do desenvolvimento
socioeconômico em sociedades plurais. Que por sua vez são delimitadas pelos discursos no
plano legislativo, pela consensualidade na aplicação do direito via elaboração de políticas
públicas e ainda pelo modo como estas dimensões reverberam no direito “formal” sobretudo
em legislações multiníveis. A legística como ciência que objetiva alavancar a ação pública
normativa de qualidade fomenta reflexões acerca do papel da lei em estados constitucionais
e plurinacionais, demonstrando que o processo legislativo deve ser mais dialógico e que a lei
deve atuar sobre a realidade como um instrumento integrador.
Coordenadoras:
Dra. Fabiana de Menezes Soares (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG - Brasil),
Msc. Linara Oeiras Assunção (Universidade Federal do Amapá – UNIFAP, Brasil)
Resumo: O artigo que se pretende desenvolver tem por objetivo fazer o estudo do caso
Gomes Lund da Corte Interamericana de Direitos Humanos, sobre a recepção da lei da anistia
no Brasil. O caso será analisado com base na tese da implementação na teoria da legislação,
que compreende que a legislação, num Estado Democrático de Direito, consiste, em grande
medida, na implementação do Direito Constitucional, em especial no tocante à aplicação
e garantia dos direitos fundamentais. A tese desenvolvida pelo alemão Jan Sieckmann, no
ensaio Legislation as Implementation of Constitutional Law: A Foundation for the Demand
of Legislative Rationality visa demonstrar que a exigência de racionalidade tem força
constitucional, ao menos na medida em que está em causa a aplicação de direitos fundamentais,
que são direitos que restringem a liberdade legislativa. Implementação significaria não a mera
Resumo: Há poucos estudos doutrinários que permitam uma etnografia das fronteiras
entre o Direito/Sociedade/Política (Bourdieu) e que analisem os limites e perspectivas
da racionalidade e da elaboração legislativa através de uma reflexão sobre o processo de
cognição e interpretação dos fenômenos sociais, suas interações no campo das relações
humanas, considerando o contexto de deliberação política e o discurso. Neste sentido,
ganha relevância a análise da racionalidade do legislador e das circunstâncias da execução do
ato normativo, considerando suas responsabilidades como representante das vontades e dos
diferentes interesses sociais, assim como do valor que o método de elaboração legislativa tem
para a superação de obstáculos na construção normativa, e dos limites de uma abordagem
puramente racional no processo de deliberação e decisão política por meio da analise da
tensão entre texto e contexto (Van Dijk). A identificação de um cenário presente e a
projetação de um cenário futuro ( avaliação prospectiva) permitem a reconstrução do âmbito
de incidência da futura legislação, no qual as causas que a motivaram sejam confrontadas
com as suas expectativas e efeitos desejáveis. No resultado busca-se, destacar elementos
Resumo: O objetivo inicial deste ensaio era tecer uma análise sob a perspectiva da legística de
algumas proposições legislativas no Brasil. Para ser mais preciso, das proposições aventadas após
os protestos ocorridos no biênio 2013/2014 em nosso país e que vetavam o uso de máscaras
em manifestações públicas. Face as cenas de violência pelas ruas, em especial após a morte do
cinegrafista de uma importante emissora de televisão, engendrou-se clamor público contrário
aos atos de violência em protestos e ao ocultamento do rosto durante as manifestações. Na
região sudeste do país reiterou-se na mídia que tramitava no Rio de Janeiro, São Paulo e
Minas Gerais projetos de lei que visavam banir dos protestos pessoas com rostos encobertos.
Paralelamente, seguia no Senado e na Câmara dos Deputados proposições legislativas no
mesmo sentido. Ainda que se considere que a violência nas manifestações carecia de resposta
do Poder Público, foi curioso notar que um debate praticamente inexistente nas casas
legislativas até então transformou-se num átimo em problema emergencial para três das quatro
assembleias legislativas dos estados da região sudeste e para as duas câmaras do legislativo
federal. Na procura pelos projetos de lei sobre o tema para confrontá-los com os fundamentos
da legística, o impulso legislativo revelou-se como tema instigante e necessário. Além das
unidades da federação já mencionadas, outras dezenas também rapidamente ofereceram para
os seus cidadãos novas leis como álibi para as cenas de violências repetidas exaustivamente
pela mídia. Apenas no Congresso Nacional cerca de vinte projetos de lei acerca do tema
foram apresentados em um curto intervalo de tempo. Assim, surgiu a dúvida se o fenômeno
teria realmente alcançado a dimensão evidenciada ou se seria, outra vez mais, a elaboração
de um texto de norma a única solução vislumbrada para “a onda de violência”? A análise do
material empírico evidencia que a proliferação de iniciativas legislativas veio acompanhada
de aprovação de normas a toque de caixa. Como desdobramento, verifica-se a redução dos
espaços para deliberação dos projetos e o empobrecimento dos argumentos. Por vezes as
justificativas dos projetos restringem-se à exploração sensacionalista de fatos, à influência da
mídia e outros interesses transversos. Se para a legística não interessa apenas a validade formal
da lei, o panorama do impulso legislativo caracterizado na quantidade, na velocidade, bem
como nos argumentos expostos nessas iniciativas legislativas, afigura-se como campo profícuo
para a análise a partir da teoria da legislação e sobre a realidade do sistema legislativo brasileiro.
Abstract: The enaction of the Brazilian Constitutional Amendment no. 85, on February
26th, 2015, puts innovation at the center of the legal debate in Brazil. Whilst the concept of
innovation has had a central position in the economic debate, legal theory has usually shied away
from formulating a thorough study of innovation. However, the enactment of the mentioned
Constitutional Amendment introduces the very word ‘innovation’ on the constitutional text,
which has a strong meaning from a political and legal standpoint. The original text of the
Brazilian Constitution did not mention innovation directly, but after the amendment it now
has fifteen different occurrences of the word ‘innovation’. Given this context, this paper aims
to understand the impact of the legislative choice of amending the constitution to include
the concept of innovation, and what are the possible consequences of this choice, especially in
the non-constitutional legal structure as well as in the economy. In order to frame the debate,
this paper is divided into five parts, aiming at understanding the economic importance of
innovation, the importance of law in fostering innovation, the meaning of a constitutional
concern with innovation and the expected development of the legal structure as a means
to foster innovation and development as well as reduce economic inequality. In part I, the
economic importance of innovation is introduced.Through a combination of Robert Solow’s
Economic Growth Model and Joseph Schumpeter’s “Creative Destruction” theory, as well as
recent developments in the economic theory of innovation as proposed by neo-schumpeterian
authors such as Richard Nelson, an exposition is made of the part played by innovation and
technological advancement in economic growth. In part II, a brief analysis is made of Robert
andrecbelfort@gmail. Cooter’s theory of the importance of law for understanding the causes of
innovation. In part III, the paper analyses the original draft for the Constitutional Amendment,
particularly its justification, in the light of Atienzas’ and Luc Wintgens’ proposed theories of
legislative rationality as well as Oliver-Lalanas’ legislative argumentation theory, complemented
with an objective dissection of the final version of the Constitutional Amendment no. 85, in
order to identify the actual changes enacted by the amendment in the Brazilian Constitution.
In part IV, a constitutional and legisprudential approach is used to analyze the legal meaning
of the legislator’s choice to introduce innovation at a constitutional level, supported by Jan
Sieckmann’s theory of legislation as a means to implement constitutional law, focusing on the
changes set by the Amendment as well as preexisting constitutional provisions, such as the
fundamental objectives of national development and reduction of regional inequalities, and
innovation as a possible means to reach those ends. In part V, based on the theories, analyses
and debates set forth in the previous parts, the paper attempts to express some preliminary
conclusions, taking into consideration the possible legal consequences of the amendment,
particularly in regard to the expected impacts in the non-constitutional legal framework, the
economic incentives structure and possible economic and social developments arriving from
an innovation-centered legislative production and legal structure.
Resumo: A intensa proliferação legislativa observada nas últimas décadas tem levantado
desafios inesperados para a concretização de direitos fundamentais e ao desenvolvimento
econômico-social. A inexistência de uma metodologia para a produção da lei tem causado
a incoerência entre os sistemas normativos e desconexão entre a lei e a realidade que se
pretende regular. O desarranjo dos microssistemas normativos tanto no plano formal quanto
prático gera prejuízos sociais, dificuldade de gestão pela Administração Pública e desperdício
do dinheiro público. O efeito acumulativo dos caos legislativo e seu efeito duplo tanto sobre
a gestão pública quanto sobre a sociedade, leva à frustração da concretização de direitos
já formalmente garantidos. Parte do problema advém do descompasso entre o Direito e a
complexidade social. Repleto de possibilidades, indagações e conflitos, o tempo de hoje
passou a exigir apurada atualização e planejamento das normas que regem a vida em sociedade.
A hiper-regulação e a desconexão entre a norma e a realidade afetada gera um efeito tão
profundo que estrangula a interação entre os agentes, travando o desenvolvimento, e até
mesmo desintegrando as relações sociais. Essa dramática desintegração econômico-social tem
sido observada em meio aos pequenos produtores rurais de queijo de Minas Gerais. Sob a
justificativa de regular a atividade com vistas à vigilância sanitária, uma legislação engessada
e em choque com outros ramos do Ordenamento têm relegado a maioria esmagadora dos
produtores rurais à ilegalidade, quando não chegando ao ponto de extinguir totalmente a
atividade econômica de milhares de famílias. Em contraste, no modelo de vigilância sanitária
rural adotado na França, país referência em produção queijeira no mundo, a responsabilidade
fiscalizatória recai sobre o próprio produtor, cabendo ao Estado apenas o monitoramento do
resultado com base na ocorrência ou não de incidentes. Esse modelo respeita a liberdade e
métodos tradicionais de produção queijeira, ao mesmo tempo que aumenta enormemente
a eficiência do trabalho estatal. A apresentação dessas duas abordagens legislativas visa
sublinhar os diferentes princípios que as fundamentam. Enquanto o case brasileiro representa
o paradigma autoritário da obtenção de um resultado utilizando-se de meios que foram
escolhidos com indiferença quanto aos seus efeitos sobre os agentes e os métodos que já
eram utilizados pela própria população; o case francês ilustra a aplicação prática de princípios
metodológicos e filosóficos da Legística. O resultado é uma regulação que melhor canalize
a força produtiva social ao mesmo tempo que cumpre sua função. O respeito às interações
sociais já existentes – como a cadeia produtiva queijeira que existia em Minas Gerais e
seus métodos tradicionais – aumenta a eficiência das normas e respeita a herança cultural.
Seu efeito acumulativo e sistêmico leva tanto à coerência interna do Ornamento no plano
formal quanto permite canalizar – ao invés de boicotar – as potencialidades sociais, liberando
a capacidade criativa das comunidades, sendo essa uma condição fundamental para o
desenvolvimento econômico-social e a concretização dos direitos fundamentais.
Resumo: Trata-se de artigo que tem por objeto o projeto da Operação Urbana Consorciada
(OUC) da Área Central de Niterói (RJ), buscando refletir sobre a (ausência de) participação
da sociedade civil na elaboração deste projeto e sobre a consequente judicialização da
matéria. A OUC é um instrumento de política urbana instituído pelo Estatuto da Cidade e
definido como um empreendimento urbano, capitaneado pelo poder público municipal e
desenvolvido com parceria privada. Ela é financiada no todo ou em parte pelas contrapartidas
decorrentes da execução de um plano urbanístico flexível, e traduzido num procedimento
16. DÊ-ME OS FATOS QUE LHE DAREI O DIREITO? DA PULVERIZAÇÃO AÉREA NA ESCOLA
RURAL SÃO JOSÉ DO PONTAL EM RIO VERDE-GO-BR AOS SISTEMAS NORMATIVO/ JUSTIÇA
BRASILEIROS
Resumo: O sistema normativo pode ser compreendido como a parte reguladora das relações
interdependentes da elaboração, interpretação e execução das políticas públicas nacionais, entre
as quais as vinculadas à gestão econômica, saúde, trabalho, previdência, ambiental, criança e
adolescentes, gênero, etnias, fiscais e tributárias, entre outras, cuja participação envolve uma gama
de setores e interesses. O texto se apresenta face ao desastre da pulverização com agrotóxico
em uma Escola Rural no Brasil. Fato que é comum a outros países da América Latina, como
a Argentina. Em torno do drama de mais de uma centena de pessoas atingidas diretamente
pelo inseticida Engeo Pleno, podemos aferir o grau des(conhecimento) sobre possíveis
direitos fundamentais violados , bem como sua urgente reparação e proteção, e respectivas
responsabilidades. O caso, que não precisa ser considerado como “uma análise isolada de caso”,
é comum, diário, noturno, semanal . É próprio das Escolas Rurais sitiadas geograficamente e
ideologicamente pelo agronegócio - moderno reprodutor da exploração colonizadora da terra
latino-americana. Uma miscelânea legislativa e um descontrole normativo, não permitiram
alcançar a segurança de bem viver das famílias submetidas à um banho involuntário de veneno.
Os atores do sistema de justiça também não tiveram, assim como os profissionais da saúde,
segurança para atuar no caso. Estas são algumas considerações que podem ser observadas pela
pesquisa empírica, fomentada pela Assessoria Jurídica Popular. Portanto, limitadas às possibilidades
de análise a partir dos paradigmas da participação popular e do empoderamento, ou não, do
oprimido. No caso específico, notamos um atrelamento das vítimas ao agronegócio formando o
“agronegocinho”, que se pauta na relação dependente e liberal do camponês ao capital na terra,
formando mais um no contingente do movimento sou agro. O sistema normativo é, desde sua
produção federal legislativa até a aplicação na ponta dos regulamentos e da efetivação da política
pública, agro. Podemos verificar, no caso dos assentamentos, de onde provem a grande maioria
dos estudantes da Escola, uma dependência ao agronegócio e, portanto de uso de agrotóxicos.
Há clara violação à legislação brasileira sobre saúde, aviação agrícola, reforma agrária e direito
ambiental. Todavia, a omissão estatal, convenientemente, atrelada à presença do agronegócio
permite uma hermenêutica legislativa desfavorável ao desenvolvimento econômico e social dos
assentamentos, gera assim insegurança social. A insegurança jurídica, gera, portanto, insegurança
social. Por fim, notamos que a máxima divinal dê-me os fatos que lhe darei o direito, não
corresponde à realidade do caso, ao analisar as decisões judiciais relacionadas ao mesmo.
Resumo: A Constituição Federal de 1988 garante aos povos indígenas a posse permanente
e o direito ao usufruto exclusivo sobre as terras que ocupam tradicionalmente, existindo a
possibilidade de exploração mineral nessas áreas desde que obedecidos os ditames legais de
regulamentação da matéria, conforme o artigo 231, parágrafos 2º e 3º da Constituição. O
trabalho analisa os efeitos que o Projeto de Lei nº 1.610/1996 trará para o direito estabelecido
na CF/88, ao apresentar normas que alterarão as regras de utilização da terra, a autorização
para pesquisa e concessão de lavra pelo Congresso Nacional nestas áreas, a participação nos
resultados da lavra, a ocupação do solo e a consulta prévia aos povos indígenas. Através do
método dialético explora a legislação e a doutrina sobre a temática. Inicialmente, aborda a
exploração e o aproveitamento mineral e os meios conferidos para a autorização de pesquisa
e a concessão de lavra na Constituição e no Código de Mineração, assim como estuda
a aplicação da legislação ambiental no processo de exploração e aproveitamento mineral.
Posteriormente, estuda as garantias constitucionais conferidas às comunidades indígenas sobre
as terras que ocupam tradicionalmente, o regime de reconhecimento das terras indígenas
no ordenamento jurídico e o instituto do usufruto exclusivo indígena. Por último analisa
os dispositivos do Projeto de Lei no 1.610/1996 e as suas implicações sobre as normas
constitucionais. Concluiu que o Projeto de Lei nº 1.6.10/1996, no intuito de promover o
crescimento de uma atividade econômica no país, à luz dos direitos socioambientais, contém
inconstitucionalidade em suas normas, uma vez que, se aplicadas como estão previstas,
interferirão negativamente no desenvolvimento físico e cultural dos povos indígenas. Deste
modo, será necessário alterar os termos do referido projeto, a fim de compatibilizar os direitos
indígenas e a manutenção da exploração econômica dos minérios existentes nessas áreas.
Palavras Chave: Movimento negro - ações afirmativas - cotas raciais - concursos públicos
- processo legislativo.
Resumo: El presente artículo propone reflexionar sobre una visión integral del principio
de “Vivir Bien” en el Estado Plurinacional de Bolivia y analizar su concretización en la
elaboración legislativa para el sistema de salud y el derecho a la salud en los cuatro niveles
de organización territorial de autonomías: la nacional,departamental, municipal e indígena.
Asímismo vincular su análisis con los desafíos para la construcción de un sistema de salud
universal único tomando en cuenta la alta incidencia de enfermedades en determinadas
regiones en el Estado Plurinacional de Bolivia. Bolivia es cada vez más urbana que rural
y su población de diez millones tiende a concentrarse más en las ciudades de Santa Cruz,
Cochabamba, El Alto y La Paz; aún así la dispersión geográfica de la población constituye una
barrera importante al acceso a bienes y servicios de diversa naturaleza, incluidos los de salud.
La distribución de la población según área de residencia y etnia, muestra que los castellano-
parlantes residen mayoritariamente en el área urbana (61%), en tanto que los pueblos indígenas,
campesinos y originarios se concentran en el área rural (75%). Este contexto institucional
es el punto de partida para el análisis acerca de la salud pública y el principio vivir bien; que
parte de situaciones estructurales de desigualdad significativa entre área rural y área urbana,
así como de distribución de riqueza y calidad de vida. Una situación que va exacerbando
brechas a su vez en su interior y expone a la extrema pobreza no sólo a los pueblos indígenas
y originarios en zonas rurales sino que va desglosándose exponiendo a mayor vulnerabilidad
Coordenadore(a)s:
Dra. Maria Cristina Vidotte Blanco Tarrega (Universidade Federal de Goiás, Brasil), Dr.
Santiago Arboleda (Universidad Andina Simón Bolívar, Equador), Dr. Andrés García Sánchez
(Universidad de Antioquia, Colombia) e Dr. Joaquim Shiraishi Neto (Universidade Federal
do Maranhão - Brasil)
Resumo: O artigo visa debater os usos políticos do passado nos discursos jurídicos do
presente, partindo-se da hipótese de que a reconstituição da memória do período escravocrata
é fundamental para a efetivação de direitos fundamentais das comunidades quilombolas.
O estudo será realizado mediante revisão bibliográfica e análise do discurso da ministra
Rosa Weber na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3239/2003, em que se discutiu a
concessão da titulação das terras às comunidades quilombolas (art. 68 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias ADCT). Especificamente, a análise pretende: a) apontar de
que maneira utilizou-se a memória da escravidão para operacionalizar a demarcação das
terras quilombolas; b) discutir a relação entre a luta por reconhecimento das comunidades
quilombolas e a contínua reconstrução do sujeito constitucional no discurso jurídico; c) refletir
a relação entre resgate da memória da escravidão e efetivação de direitos constitucionais.
Resumo: A questão quilombola passa a ser legitimada pela constituição federal em 1988.
Apesar das ações já implementadas, as comunidades remanescente ainda necessitam de muito
para terem seus direitos constitucionais respeitados. O Programa Brasil Quilombola surge
com o objetivo de permitir a construção de uma realidade na qual os quilombolas possam
Resumo: A difusão das políticas e ações afirmativas de natureza étnico-racial por parte
do Estado brasileiro tem trazido uma crescente discussão sobre o papel das cotas como
instrumentos de focalização das políticas públicas que obedecem a uma lógica de discriminação
positiva a fim de promoção de reparação e inclusão social de determinados grupos. O
objetivo da pesquisa é trazer uma revisão bibliográfica e documental à luz da antropologia
jurídica os diferentes debates polarizados de crítica e defesa da política de cotas étnico-raciais
consubstanciadas no país. Com base nestas discussões, o artigo aborda a legislação de cotas
étnico-raciais no Brasil consolidadas, tanto, pela Lei 12.711/2012, relacionada ao ingresso
em instituições de ensino superior, quanto, pela Lei 12.990/2014 que regulamenta a reserva
de vagas para afrodescendentes nos concursos de cargos públicos. Por meio destas discussões
fundamentadas no olhar da antropologia jurídica, a pesquisa sintetiza os principais debates
sobre as reservas de vagas, bem como, aponta os desafios existentes em um contexto de clara
polarização social entre defensores e críticos aos sistemas de cotas étnico-raciais.
Resumo: Este ensaio objetiva apresentar o quadro atual das comunidades goianas,
considerando as comunidades rurais e urbanas, com base nas contribuições da academia e
em dados técnicos. Para isso, perpassamos por conceitos de “quilombo”: por conta de uma
significação variada elegemos certos conceitos que nos oferecem condições a chegarmos
ao mais próximo da realidade quilombola do século XXI considerando as suas constituições
atuais, organizações, práticas e trajetórias. Em Goiás, os remanescentes de quilombolas de
ambientes rurais são vitimados pela demora no procedimento de titulação de suas terras, o que
é confirmado pelos dados atuais disponíveis em mapa e tabela, aqui constantes. Já os territórios
das comunidades quilombolas urbanas se vinculam, geralmente, à realidade da periferia e/ou
de espaços marginalizados e/ou segregados. Atualmente, muitas delas têm se organizado em
Associações Comunitárias com vistas ao alcance de reconhecimento de sua identidade, de
segurança jurídica no que diz respeito ao seu direito à propriedade, de conquista de direitos
sociais e, em alguns casos, de “empoderamento” social e político, este aqui entendido como o
fortalecimento dos sujeitos nos espaços de participação social e democratização política.
Resumo: A conjuntura do campo no Brasil retrata uma realidade de concentração das terras
nas mãos de poucos, enquanto as comunidades tradicionalmente vinculadas a esse espaço têm
Resumen: De las veinticuatro provincias que conforman la República Argentina sólo tres
de ellas no reportan presencia indígena, según datos del gobierno nacional. De esta totalidad,
ocho provincias cuentan con una ley propia para el tratamiento de los derechos para pueblos
indígenas, doce han adherido a la ley nacional (N° 23.302) y trece han reformado sus
constituciones incluyendo el reconocimiento de estos pueblos. A la heterogénea producción
normativa debe sumársele la diversidad de enfoques en el tratamiento de estos derechos,
pasando por una serie de requisitos para su ejercicio. La Argentina ha ratificado los pactos
internacionales de derechos humanos y los principales instrumentos sobre derechos para
pueblos indígenas, por ello, los argumentos fundados en el federalismo y su relativa autonomía
legislativa quedan invalidados, revelándose las continuidades de la colonialidad del poder que
Resumo: A construção dos direitos dos povos originárias no Brasil guarda uma relação com
o pensamento colonial, que por sua vez, foi gestado a partir da modernidade, e permanece
vigente na sociedade, organizando as dinâmicas de configuração de poder/saber. A estrutura da
Resumo: Este trabalho está vinculado ao projeto de pesquisa “Teoria e história dos direitos
humanos segundo a perspectiva do pensamento descolonial”, coordenado pela Profa. Dra.
Fernanda Frizzo Bragato. O sistema judiciário brasileiro, atualmente, se encontra abarrotado.
Milhões de processos em trâmite, e uma grande demora para o seu julgamento, que
nem sempre é adequado para o que as partes demandam, especialmente as comunidades
tradicionais, que, na maioria das vezes, não são contempladas diretamente pela Justiça
comum, devendo algum órgão interceder por eles, como o Ministério Público Federal.
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é apresentar a Kris Romani como um método
adequado e autônomo de solucionar conflitos entre povos ciganos no Brasil, bem como
mostrar a perspectiva do pensamento descolonial para legitimar os povos Romaní a ter sua
própria jurisdição reconhecida. Para tanto, estudar-se-á, por meio de pesquisa bibliográfica e
documental, as condições do acesso à justiça no Brasil, por meio de relatórios do Conselho
Nacional de Justiça, a necessidade de serem implantados e reconhecidos meios alternativos
de solução de controvérsias, por meio de obras de autores como Mauro Cappeletti, os
princípios da Kris Romani, que é o tribunal dos povos ciganos, com autores como Hugo
Paternina Espinosa, Ian Hancock, e Walter Weyrauch, e a perspectiva do pensamento
descolonial, em autores como Aníbal Quijano, Walter Mignolo, e Santiago Castro-Gómez.
Os resultados deste trabalho apontam para a necessidade do reconhecimento da Kris Romani
como procedimento jurisdicional adequado para os conflitos entre os povos ciganos do
Brasil, pois suas regras e sua composição e regras são autônomas, sendo um meio descolonial
de acesso à justiça, por reconhecer as características próprias dos povos Romaní.
Resumo: O presente ensaio tem por objetivo estudar a relação entre direito e
movimentospopulares a partir da insurgência como categoria de mediação, sob a perspectiva
da crítica estrutural às relações sociais capitalistas e da posição específica da periferia
dependente latino-americana no sistema mundial colonial/moderno, ensejando uma análise
que conjugue o marxismo e o giro descolonial do poder. Para tanto, realiza-se a apreciação
conjuntural da questão dos movimentos populares, no contexto das discussões categoriais
sobre a relação entre classe e povo, bem como seus desdobramentos. Além disso, busca-se
o aporte teórico das contribuições do pensamento crítico latino-americano, em especial
o decorrente das perspectivas descoloniais e de libertação, para a relação entre direito e
movimentos populares no contexto periférico do capitalismo. Por sua vez, o aprofundamento
da abordagem crítica promovida pelo pensamento de Marx e Engels permite delimitar
a compreensão do direito em sua significação mais densa, como relação social vinculada
à forma-valor. A crítica marxiana e marxista que a partir daí se desenvolve admite uma
recepção das contribuições das teorias críticas do direito, entendidas sob chave analítica
diferenciada, ensejando a formulação específica do direito insurgente para a América Latina,
em que direito e movimentos populares conformam relações e apontam para o horizonte
de extinção de suas próprias formas sociais, ainda que acolhendo um uso político tático do
jurídico em termos de transição para modos de vida superiores.
Resumo: O presente trabalho terá por objeto a perquirição acerca da idoneidade cultural
e científico jurídica brasileiras diante da maciça utilização de conceitos jurídicos e da praxis
social europeus, parametrizando a pesquisa pelos votos proferidos em sede de controle de
constitucionalidade pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Em face da impossibilidade
de tanger todos os acórdãos exarados pela Corte constitucional, o trabalho adstringirá a
análise conceptual dos seus acórdãos nº 4277 (Ação Direita de Inconstitucionalidade) e nº 54
(Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental). A escolha de tais julgados se justifica
à medida em que se nota uma intensa discussão de valores culturais da sociedade brasileira
sob análise jurisdicional pela maior corte julgadora do País.
Resumo: O presente artigo explora um dos temas mais caros para o conservacionismo
brasileiro que desde a década de 1930 vem apostando num modelo de conservação da
natureza pautado na proteção integral dos recursos e territórios relevantes para a conservação
da biodiversidade. A política de conservação da natureza adotada pelo Brasil e consumada
pela Lei 9.985/2000 (Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC) privilegiou
um modelo de conservação cuja proteção integral em alguns casos se deu sobre áreas que
já eram habitadas por grupos sociais historicamente específicos, detentores de um “saber
local” no uso, apropriação e dependência dos recursos naturais. Antes do SNUC, as unidades
de conservação, sobretudo parques e reservas biológicas (consideradas de proteção integral
pelo SNUC) eram implantadas à revelia de populações locais, como resultado de concepções
conservacionistas de caráter universalista onde a “natureza para todos” deveria se sobrepor
“a natureza para alguns” em nome de um nosso futuro comum. Nos marcos do debate
entorno dos conflitos e constrangimentos às populações tradicionais inseridas em áreas
naturais legalmente protegidas, forjou-se a construção de pactos na esfera da burocracia
estatal e a reinvenção da categoria jurídica População Tradicional que antes do advento do
SNUC, eram desprovidos de tratamento legal diferenciado. O histórico de reconhecimento
da existência de modos de vida tradicionais no debate das áreas naturais protegidas está
ligado a um movimento internacional conservacionista na conjuntura da incorporação
oficial do princípio do zoneamento à definição das áreas protegidas e ao surgimento das
preocupações em relacionar conservação da biodiversidade in situ com o desenvolvimento
socioeconômico à escala local na gestão dessas áreas. A Reserva Extrativista Marinha de
Itaipu foi criada em setembro de 2013 pelo governo do Estado do Rio, como resultado de
um processo histórico de conflitos, resistência e forte protagonismo dos pescadores artesanais
dessa região. Situada na região oceânica de Niterói, região de expansão do município; a região
de Itaipu e Piratininga, foram as que mais sofreram os impactos da especulação imobiliária
que travestida de “intervenções urbanísticas” avançou sobre as lagoas, restinga, morros, serras
e mangues causando grande impacto às áreas naturais e colocando em risco a subsistência das
comunidades tradicionais locais. A ausência de planejamento no desenvolvimento da Região
Oceânica de Niterói, aliado ao apetite especulativo do setor imobiliário do município
que, desde a década de 1940, vinha fracionando terras em busca de uma maximização do
mercado, fez emergir forte reação por parte dos movimentos ambientalistas e moradores,
contribuindo para a consolidação de uma cultura de resistência por parte dos pescadores da
região. Conclui que a política gradativa de empoderamento dos pescadores tradicionais em
cenário periurbano, ao tempo em que revela articulações na ordem descolonial, implica em
uma estética de resistência, onde a territorialidade cultural ganha relevo.
Ementa: La realidad que actualmente se vive en América Latina nos coloca, frente una
serie de retos y un serio estancamiento en la construcción de la democracia y de un Estado
en donde los derechos sean respetados por gobernantes y gobernados. Se vive una tensión
generada por la tensión entre la igualdad formal y la desigualdad real, que en la mayoría
de los casos es resuelta de forma particular en cada sociedad. Esta desigualdad puede ser
ampliamente tolerada, o bien, los conflictos que resulten de ella ser controlados por medio de
la violencia o la coerción del estado sobre la sociedad. La situación se presenta, por lo tanto,
de la siguiente manera: por una lado hay una estrecha relación entre lo jurídico y el Estado,
por eso no se puede hablar, en términos estrictos, de los primero sin lo segundo. Sin embargo
lo jurídico se relaciona con otros ámbitos importantes de la vida social, y quizás es posible
buscar algo semejante en las sociedades simples.
Coordenadore(a)s:
Mtro. Mario Paz Maldonado, Mtro Julio Cesar Martínez lara y Mtra, Ana Hilda Ramírez
Contreras
Resumo: Este estudo tem tem o foco interdisciplinar e visa apresentar as violências e a atuação
do Estado na defesa dos jovens negros ou sua negligência, num diálogo entre a Filosofia,
Sociologia, Antropologia e Direito, no âmbito do Grupo de Pesquisa “Direitos Humanos”
do Programa de Mestrado em Direito do Centro UNISAL-SP.Visa analisar e divulgar sobre a
violência dos jovens negros no Brasil; apresentar e divulgar os mecanismos para a promoção
e defesa dos direitos humanos dos jovens negros.; Apresentar os direitos humanos violados e
as políticas públicas existentes na atualidade. Explora-se dados sobre a origem das violências
contra os jovens negros, a percepção de sua identidade e sua perspectiva de futuro e apresentar
os Direitos Fundamentais dos jovens negros, com ênfase na violação do Direito a Vida, a
partir da análise dos resultados e propostas de ação ao poder público. Utilizou-se pesquisa
bibliográfica e documental fazendo-se a comparação e confrontos de conceitos, de dados e
demais informações oriundas de fontes diversas. Constata-se que o Estado, apesar de políticas
públicas como a “Juventude Viva, tem-se mostrado ineficiente e muitas vezes negligente
negligente no que tange a juventude negra; A população jovem tem crescido e com ela as
violências, sintoma de uma sociedade intolerante, preconceituosa e violenta ; Nossa história
apresenta a escravidão e posteriormente a exclusão. Há violações aos direitos humanos dos
jovens negros no Brasil. Este estudo vem ao encontro das preocupações ante a perda de vidas
com potenciais indescritíveis, a perda de cidadãos, o desgarçamento do tecido social e de
todo um projeto de Futuro. É tema de relevância por buscar a compreensão e o sentido da
realidade e também a busca por alternativas a fim de que se promover e proteger o direito
humano dos jovens negros no Brasil. Destaca-se ainda, que tal temática atende a missão
institucional sendo os jovens, a principal preocupação de Dom Bosco, precursor da defesa dos
jovens, inicialmente em Turim e a partir de todo o seu trabalho, milhões de jovens tiveram
suas vidas protegidas.
Palabras clave: Pluralismo Jurídico. Paradojas. Linchamientos. In-justicia. Vivir Bien. De-
construcción.
Resumen: Este trabajo contiene fragmentos de tres historias de vida, que se construyen en
el contexto de los procesos de industrialización que se viven en el centro del país y la manera
cómo impactan en estas vidas, el colonialismo interno, así como los procesos de migración
y urbanización. El trabajo se divide en tres personajes donde la narración de cada proceso
tiene que ver también con la descripción de la vida cotidiana de los habitantes de una
comunidad campesina e indígena, que divisa desde sus ventanas las diferencias económicas,
sociales, culturales y políticas. Pongo en el centro de la historia a los habitantes comunes y
corrientes como parte del proceso histórico, tal vez local, pero que da cuenta de las relaciones
estructurales de la sociedad mexicana, al menos en el centro del país.
Coordenadore(a)s:
Dra. Aparecida Luzia Alzira Zuin (Universidade Federal de Rondônia/Universidade Federal
do Rio de Janeiro - Brasil) e Msc. Bruno Valverde Chahaira (Universidade Federal de
Rondônia - Brasil)
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo investigar como a questão dos direitos
fundamentais é tutelada sob a égide do movimento do novo constitucionalismo latino-
americano. Para tanto, buscou-se construir um paralelo entre a evolução do constitucionalismo
e a teoria dos direitos fundamentais, na tentativa de compreender o tratamento regalado, sob
o prisma do novo constitucionalismo latino-americano, à questão dos direitos fundamentais.
Ao analisar o Direito sob uma ótica discursiva, o neoconstitucionalismo inaugurou uma
releitura em diversos institutos jurídicos clássicos; tem-se, contudo, que o caráter pluricultural
dos Estados latino-americanos impediu que os Estados que adotaram a teoria do direito
neoconstitucional tutelassem de forma satisfatória os direitos dos diversos grupos culturais e
sociais. É nesse contexto que surge o novo constitucionalismo latino-americano, aqui analisado
segundo o método da dialética. Observar-se-á, por conseguinte, as modificações constitucionais
e infraconstitucionais recentes de determinados países da América Latina que modificaram sua
arquitetura político-jurídica no mister de caminhar no sentido da descolonização do Direito.
Resumo: O presente trabalho tem por escopo uma análise da raiz do desenvolvimento
interpretativo do direito sob a influência marcante da escola histórica, que serviu de base
e sustentação para a estruturação do direito positivo contemporâneo. Parte-se de uma
sintética demonstração panorâmica e genealógica da formação histórica do ordenamento
jurídico europeu, com ênfase na comparação e contribuição da escola histórica e pandectista
século XIX, como uma ordem lógica para a construção do modelo positivista de aplicação
do direito. Pondera ainda quanto aos motivos de não sustentação deste movimento e da
necessidade de complementação frente à falta de precisão conceitual e resolutividade das
lacunas legislativas apresentadas, mas, que sob sua base de sustentabilidade reconheceu-se
a cientificidade do direito com pressuposto na filosofia jurídica, bem como da inevitável
importância da existência e funcionamento de um sistema jurídico ordenado e a necessária
vinculação fática para a interpretação da norma jurídica.
Resumo: O presente trabalho tem como intenção analisar os principais conceitos estudados
pelo jurista dinamarquês Alf Ross em seu Livro Direito e Justiça, especialmente seus conceitos
a respeito do ordenamento jurídico, moral, direito, validade, norma, norma jurídica, vigência,
eficácia, direito subjetivo e justiça. Estuda-se a teoria do jurista escandinavo sob o prisma de
três esferas especiais: a justiça, o direito e norma jurídica. É analisado o conceito de Justiça
apresentado bem como sua conexão com o direito vigente, com intuito de demonstrar
que as ideias do autor encontra aplicação nos dias de hoje. Destaca-se a visão do direito
denominada realista, sendo que para o jurista dinamarquês, o direito posto está intimamente
ligado ao poder, e poder seria a legitimação que alguns têm de dirigir e disciplinar a conduta
dos outros. O direito seria o instrumento que legitima o poder dos que decidem o que é
direito e os que se submetem a essa jurisdição.
Resumo: A propriedade passou, ao longo da história, por diversas modificações. Ela, em seu
início, era comunitária, mas com o passar do tempo, ganhou contornos diferentes. Passou a
ter valor e se tornou objeto de poder e opressão. Com a Revolução Francesa, movimento
burguês liberal, a propriedade ganha proteção, e passa a ser um direito natural, agora declarado
e protegido. A Constituição Federal de 1988 protege a propriedade privada, como sendo um
direito individual, contudo, atribui a ela uma função social. O artigo 186 da Constituição
Federal de 1988 estabelece os requisitos para o cumprimento da função social da propriedade,
ou seja, ela deixa de ser totalmente um direito individual e passa a ter um caráter social. O que
se busca é atender o interesse social, e a propriedade rural pode colaborar com esse interesse
ao ser produtiva, atendendo diretamente aos fundamentos da República, e, especialmente
quando passa a buscar a proteção e preservação do meio ambiente evidencia seu caráter, que
antes, era totalmente individual, passando a ser, também social. Assim, a propriedade privada,
especialmente a propriedade rural, direito individual fundamental, supera o direito individual
quando busca a satisfação dos interesses sociais.
Resumo: O presente trabalho tem por escopo uma análise da raiz do desenvolvimento
interpretativo do direito sob a influência marcante da escola histórica, que serviu de base e
sustentação para a estruturação do direito positivo contemporâneo. Parte-se de uma sintética
demonstração panorâmica e genealógica da formação histórica do ordenamento jurídico
Resumo: A história da região amazônica sempre foi marcada por enfrentamentos de ordem
homem versus natureza. Por isso, para pensar a Amazônia é necessário analisar os seus aspectos
socioculturais, geográfico e ambiental. Considerada o Novo Mundo ou a terra mais nova do
planeta ou a região menos conhecida tornou-a para o homem um grande desafio, dados os
seus paradoxos. Nesse contexto para que os planos dos conquistadores ocorressem e pudessem
dar vazão aos seus interesses desenvolvimentistas, necessário se fez, na maior parte das vezes,
eliminar aqueles que resistiam não só à invasão de suas terras, mas também ao poder de
dominação; afinal, a floresta compacta e densa, os grandes rios, a rica fauna e flora acentuavam
a paisagem sedutora, cheia de promessas econômicas, convidando os conquistadores a se
considerem os únicos capazes e dotados de conhecimentos para a manutenção do espaço.
Para a análise dos fatores de dominação os estudos se voltam ao Estado de Rondônia.Tomado
como corpus o Estado de Rondônia é o lugar analisado por estabelecer uma “configuração
especial” no lugar onde ocupa (Amazônia Ocidental), na medida em que constitui dos
seus traços identitários mais particularizantes a ideia de desenvolvimento. Propõe, portanto,
para entender Rondônia, a concepção de cultura, como ainda a apresentação dos mitos
que fizeram parte do imaginário coletivo. Pelos vieses de Jürgen Habermas, Jesús Martin-
Barbero, Clifford Geertz, Claude Lèvy-Strauss, Djalma Batista e Neide Goldin, dentre outros,
as análises ainda se voltam para entender o modelo de lócus do desenvolvimento, lugar da
mediação e produtor de bens simbólicos.
Coordenador:
Carlos Frederico Marés de Souza Filho (PUC/PR)
Resumo: Cifford Geertz Afirmou que tanto o direito quanto a antropologia se entregam à
tarefa artesanal de descobrir princípios gerais em fatos restritos. Esse antropólogo considera
que ambos são “artesanatos locais”, pois funcionam à luz do saber local (GEERTZ, 1997, p.
249). Para ele, a análise de temas específicos por essas duas ciências – direito e antropologia
– exige um método que proporcione um “ir e vir hermenêutico entre os dois campos
(...), a fim de formular as questões morais, políticas e intelectuais que são importantes para
ambos” (GEERTZ, 1997, p. 253). O trânsito entre o teórico e o prático, defendido pelo
autor, pautou a relação entre o direito e a antropologia no planejamento e na execução das
oficinas propiciadas pela Secretaria dos Povos Indígenas do Amazonas a respeito da proteção
jurídica da biodiversidade e dos conhecimentos tradicionais de povos indígenas nesse estado.
Observamos que o direito, normativo e generalizante, é auxiliado pela antropologia na
visualização e na compreensão da diversidade social e também jurídica. Por meio do projeto
“Propriedade de saberes e afirmação da identidade étnica: interlocuções sobre marcos legais
de proteção dos conhecimentos tradicionais”, proposto e executado pela Secretaria de Estado
para Povos Indígenas (SEIND), foram realizadas em 2013 e 2014, nove oficinas nos municípios
de Tabatinga, Rio Preto da Eva, Humaitá, Parintins, Atalaia do Norte, Lábrea, São Paulo de
Resumo: Este artigo pretende explicitar as experiências empíricas que empreendemos quando,
na pós-graduação, nos permitimos articular o saber jurídico com o saber antropológico e
tivemos a curiosidade de realizar pesquisas de campo, em diferentes áreas e a partir de distintas
perspectivas, com o intuito de compreender melhor o campo jurídico e os seus fenômenos.
Muito embora sejamos formadas em Direito, pós-graduadas em Direito, Professoras de Direito
e Advogadas de contencioso cível, ainda assim, manifestávamos inquietude em relação aos
estudos meramente dogmáticos dos fenômenos jurídicos e, não apenas por acaso, mas também
por determinação, decidimos mergulhar na interdisciplinaridade e tentar compreender formas
novas de compreender velhos institutos jurídicos. Esta experiência empírica revelou desafios
e vivências que não calculamos quando decidimos articular o Direito e a Antropologia e foi
especialmente profícua não apenas para os nossos objetos de pesquisa, mas também para as
nossas vidas profissionais e para a forma como passamos a enxergar o Direito e os fenômenos
jurídicos. A proposta deste paper é explicitar os nossos caminhos e, a partir daí, tentar extrair
- dos relatos dessas experiências – reflexões metodológicas que nos permitam pensar sobre
Resumo: Este trabalho propõe a análise crítica da ocupação territorial brasileira para a
compreensão do processo de domínio pela exclusão e desigualdade, conjugada com o
domínio do conhecimento-regulação e sua cientificidade, impostos às sociedades tradicionais
e indígenas, causando-lhes o epistemicídio e pondo-os reféns do capitalismo global e do
modo de viver ocidental. Ainda, objetiva ponderar os instrumentos jurídicos disponíveis à
garantia da (re) apropriação dos saberes indígenas e tradicionais, dominados para oferecer
conhecimentos e recursos transformados em bens econômicos em benefício exclusivo da
indústria e do agronegócio. Por fim, pretende propor a agroecologia como instrumento
tangível de emancipação social dessas comunidades, de efetivação do pluralismo jurídico e de
saberes, bem como de concretização justiça socioambiental no território brasileiro.
Resumo: O território brasileiro é formado por uma heterogeneidade fundiária que vem
acompanhada de diferentes formas culturais, sociais e econômicas de relação com a terra e com
os recursos naturais. Planejar e executar políticas agrícolas que atendam a diversidade fundiária
e cultural no Brasil, ainda é um desafio para o Estado em sua atuação por meio de políticas
públicas. Entretanto, a problematização surge com a iniciativa da lei brasileira de incluir os
povos tradicionais no desenvolvimento da agricultura familiar. O presente artigo tem por
objetivo analisar o caráter socioambiental que a política agrícola assume diante da diversidade
fundiária e cultural existentes no Brasil. A partir de regras hermenêuticas, analisamos a Lei nº
11.326 de 2006 e sua aplicação aos povos tradicionais. Concluímos que o Estado, ao planejar a
política nacional da agricultura familiar inclui os povos indígenas e as populações tradicionais,
conforme indicativa expressa do artigo 19 da Convenção 169 da OIT, mas sem que existam
condições favoráveis à execução dessa política, a começar pelo fato de propor uma forma
hegemônica de desenvolvimento agrícola aos povos tradicionais, seja por meio da ação Estatal
seja pelo caráter de universalidade que assume a lei e o Direito no Brasil.
Resumo: pesquisa tem como objetivo analisar as transformações impostas ao modo de vida
de grupos que foram compulsoriamente deslocados e reassentados para a construção da Usina
Hidrelétrica de Irapé, Vale do Jequitinhonha – Minas Gerais. O deslocamento provocado
pela iminência do alagamento da barragem promoveu uma ruptura involuntária que teve
consequências profundas sobre identidades, costumes, formas de uso e apropriação do espaço
e a organização social das comunidades atingidas. Buscou-se então compreender, por meio
dos relatos sobre a resistência ao projeto, o processo de negociação, as memórias da mudança
e observação das práticas estabelecidas no novo território, como se deu o ajuste de suas vidas
mediante as mudanças não só de ambiente, como das relações sociais que os envolviam e
dos sistemas produtivos que foram acionados para garantir a reprodução social do grupo. As
contradições entre “o planejado e o vivido” por essas famílias também nos leva a questionar
o programa de reassentamento da UHE Irapé, promovido como um “programa modelo”, e as
frequentes promessas de desenvolvimento pretensamente trazidas por grandes projetos como
este. Para tal foi realizada viagem de campo para a comunidade rural de Riacho da Porta,
grupo que foi reassentado pela hidrelétrica de Irapé, momento em que pode ser observado
duas forças contraditórias mas que se complementam na readequação da comunidade a nova
realidade: por um lado, o enfraquecimento de algumas práticas tradicionais de organização
Resumo: O presente texto procura discutir as possibilidades e os reflexos das relações existentes
entre Cultura e Direito a partir das (im)possiblidades por parte dos paradigmas da normatividade
estatal. De que forma se dá este conflito envolvendo populações tradicionais, grupos quilombolas
e indígenas no tocante a sua reprodução cultural e seus lugares tradicionalmente ocupados.
Procura-se pensar no encontro de uma visão sobre o tradicional, dentro de um perspectiva
cultural, com o direito, em situações de conflito que envolvem a proteção da natureza e a
reivindicação de direitos. Para isso pretendo abordar o caso da Reserva Extrativista Marinha
de Itaipu, Unidade de Conservação de Uso Sustentável voltada para a proteção de um grupo
de pescadores tradicionais artesanais. E o caso do Quilombo do Sacopã, na lagoa Rodrigo
de Freitas, em que uma série de conflitos ao longo do tempo colocou em questionamento
as condições de possibilidade do exercício de direitos culturais. Estas relações entre Direito e
Cultura geram reflexões acerca do (des)encontro entre estas múltiplas perspectivas sobre um
lugares e direitos que nem sempre encontram diálogos fáceis de serem construídos.
Resumo: O modelo de justiça social proposto por Fraser (1996) passa, basicamente, por duas
vertentes de realização da justiça, qual sejam, a redistribuição e o reconhecimento.A redistribuição
está associada à eliminação da injustiça econômica, cristalizada na exploração do trabalho, na
marginalização e na privação, enquanto o reconhecimento se aproxima das questões de identidade,
diferença e representação. No contexto da globalização, todavia, está-se a construir uma nova
gramática de reivindicação política, cujo centro de gravidade foi transferido da redistribuição
para o reconhecimento (FRASER, 2002, p.9). Essa passagem se evidencia de forma cada vez mais
nítida nas relações e processos que vem sendo construídos pelas comunidades tradicionais do
beiradão do rio Amazonas na luta pela posse de seus territórios. Localizadas na zona rural de
Manaus, capital do Estado do Amazonas, às margens do rio Amazonas, a partir da região conhecida
como Lago do Puraquequara, há décadas as mais de dezenove comunidades de ribeirinhos e
Resumo: A junção harmoniosa do capital com a concentração fundiária tem feito a política
agrária brasileira se inclinar cada vez mais para a produção de commodities em larga escala,
mantendo, outrossim, a dependência econômica em relação ao mercado internacional e suas
variações e conservando a subserviência neocolonial em detrimento da segurança e soberania
alimentar da população. A vinda avassaladora do agrohidronegócio para o campo brasileiro
Resumo: O Parque Nacional do Superagui foi criado através Decreto de n° 97.688 no ano
de 1989 inicialmente com 21.400 ha. Em 1997devido à descoberta do Mico Leão da Cara
Preta (Leontopithecuscaissara) na região, o Parque teve sua área expandida para 34.000 ha.
Nesse processo, diversas comunidades foram incluídas dentro dos seus limites acarretando
em limitações extremas aos pescadores artesanais cujo modo de vida é baseado na extração
de recursos naturais. O conflito socioambiental ganha corpo com a formatação do Plano
de Manejo da Unidade de Conservação que, por ser de proteção integral, desterritorializa
as famílias pescadoras e ameaça sua reprodução sociocultural, estando em desacordo com a
Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais.
Nesse sentido, o presente trabalho parte da conceituação de (in)justiça ambiental, para avaliar
criticamente o Sistema Nacional de Unidades de Conservação na perspectiva de questionar em
que medida a Lei 9985/2000 detém potencial para a garantia do território dos pescadores e a
reprodução dos seus modos de produzir e de viver ou se apenas afirma o modelo dominante
de apropriação capitalista da terra. A metodologia desenvolvida para esse trabalho se vale da
revisão bibliográfica e da observação participante, essa última realizada nos três últimos anos
de atividades desenvolvidas pelas autoras no grupo de extensão de conflitos socioambientais de
comunidades artesanais da Universidade Federal do Paraná.
Resumo: O presente artigo busca demonstrar como a atual crise socioambiental que
vivenciamos está relacionada com a forma que a natureza é representada na cultura ocidental
moderna. Para tanto, é feita uma análise (crítica e genealógica) dos discursos e das representações
relativas à natureza e as comunidades autóctones existentes na cultura ocidental moderna na
tentativa de demonstrar que a atual crise socioambiental é tem a sua origem, antes de tudo, a
partir de uma cultura específica. Por fim, é feita uma breve análise dos instrumentos jurídicos
positivados na Constituição da República Federativa do Brasil relevantes para a preservação
do “ambiente sócio(bio)diverso” e uma tentativa de diagnóstico dos motivos pelo qual estes
instrumentos não tem uma efetiva aplicação social no Brasil.
Resumo: Este trabalho utilizará como estudo de caso a Campanha Nacional Pela
Regularização do Território das Comunidades Tradicionais Pesqueiras, do Movimento
de Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP), para demonstrar a importância de criação
de novas formas jurídicas de proteção de territórios tradicionais atreladas à autonomia dos
povos e comunidades tradicionais com relação ao livre uso da biodiversidade e, por isso,
não necessariamente vinculadas à noção de conservação ambiental clássica. Assim, sem
desconsiderar a importância do socioambientalismo e das unidades de conservação de uso
sustentável para a manutenção dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira em
seus territórios tradicionais, procurar-se-á analisar os limites dessas categorias de unidades
de conservação à luz de conceitos importantes trazidos no Projeto de Lei de Iniciativa
Resumo: O tema da participação está na efervescência dos debates sobre gestão de Unidade
de Conservação. Esta pesquisa é integrante do projeto “O Desafio Político da Participação em
Unidades de Conservação” estuda esse fenômeno na Reserva Extrativista Marinha Caeté-
Taperaçu (REMCT), localizada no município de Bragança no Estado do Pará e tem por
intento averiguar as principais tensões que os atores locais da reserva tem enfrentado na busca
Resumo: O presente trabalho busca refletir a agroecologia sob o prisma do direito, sua
relação com a apropriação da natureza pelo capital. Tal enfoque é importante uma vez que
Resumo: No final do Século XIX até os anos 60, aproximadamente, os movimentos sociais,
em sua maioria, possuíam caráter revolucionário dado o momento histórico de polarização
mundial entre o desenvolvimento do capitalismo/imperialismo e o projeto revolucionário de
sociedade (socialismo). Esse processo de transformação mundial também se revelou na luta
camponesa no Brasil, que teve um importante desenvolvimento com as Ligas Camponesas no
Nordeste. A história das Ligas Camponesas é marcada por uma luta radicalizada e de bastante
resistência, como se observa em entrevistas e declarações de alguns de seus líderes. Em seguida
o Brasil vive um período de ditadura civil-militar, a partir do golpe em 1964, que termina
somente com a chamada redemocratização do pais, que culminou na atual Constituição de
1988. A Lei que institui a reforma agrária (Lei n. 4.504/64) no país foi construída dentro da
ideologia dos militares e de seus apoiadores, fazendo com que a reforma agrária exista apenas
em sua formalidade, impedindo que ela se concretize no mundo dos fatos, necessitando, ainda,
de reivindicações para que ela se concretize. A redemocratização do país também foi marcada
por muitas lutas para garantias de direitos, principalmente sociais, na Constituição de 1988,
onde muitas questões sociais foram incluídas. Atualmente o maior movimento de luta pela terra
é o MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, fundado em 1984 no seu primeiro
congresso realizado na cidade de Cascavel-PR. Tal movimento foi se adaptando conforme as
mudanças no cenário político do país. O MST possui como “contemporâneos” o Partido dos
Trabalhadores – PT e a Central Única dos Trabalhadores – CUT, juntos consolidam três grandes
Resumo: Este artigo apresenta uma análise teórico-prática sobre a importância dos
conhecimentos tradicionais para a preservação da biodiversidade – em especial da
biodiversidade agrícola – brasileira, alertando para a necessidade de sua proteção a fim de que
asseguradas a diversidade e a integridade do patrimônio genético e cultural brasileiro, bem
como a preservação e restauração dos processos ecológicos essenciais. Nesse sentido, aborda
de forma crítica, alguns dos riscos representados pelo uso da biotecnologia na engenharia
genética especialmente quando essa parece sugerir a resolução de boa parte dos problemas
da agricultura e da fome do mundo, quase que como propondo um “sentido genético” à
natureza. As questões sempre presentes da apropriação da natureza pelo homem e o pensar
reflexivo sobre a adequação das políticas públicas para a agricultura e o meio ambiente
que considerem as consequências da intervenção da ciência sobre as formas de vida são
objeto de análise logo a seguir, quando se examina os desdobramentos ocasionados no meio
ambiente pela denominada “Revolução Verde”, enquanto modelo de base tecnológica para
a agricultura, adotado em escala mundial a partir do segundo pós-guerra. Na sequência,
o estudo traz a lume o problema da biopirataria e do patenteamento das formas de vida
enquanto lógicas de apropriação da natureza que produzem riscos aos povos tradicionais
e seus conhecimentos. A pesquisa que orientou este texto objetivou destacar e publicizar
a importância dos conhecimentos associados às populações tradicionais e a necessidade de
preservação e proteção destes saberes para a preservação da biodiversidade agrícola, revelando
o campo de disputas pela hegemonia deste importante patrimônio biológico e cultural. Em
um cenário de transposição paradigmática, conclui apontando os limites e possibilidades do
socioambientalismo, forjado nas lutas sociais da década de 1980 a partir da noção de que as
políticas públicas relacionadas ao meio ambiente devem ser orientadas e referenciadas pela
conexão direta com as comunidades envolvidas, em uma concepção de sustentabilidade
ambiental e social. Oferecendo subsídios para que se estabeleça o debate com base em uma
nova visão da realidade ambiental, de viés agrícola e agrário socioambiental, sobretudo
de proteção das comunidades tradicionais, sua cultura e seus conhecimentos associados,
propõe uma prática científica adequada à proteção do homem e da natureza, orientada por
uma noção de responsabilidade que supere a dimensão temporal presente e coloque, sob
perspectiva, as gerações vindouras.
35. “FAZER VIVER E DEIXAR MORRER: O BRASIL NA ENCRUZILHADA DOS CONFLITOS PELO
DIREITO AO TERRITÓRIO DAS POPULAÇÕES TRADICIONAIS”
Resumo: Este artigo estuda a articulação argumentativa utilizada na Petição nº 3388, que
cuidou da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Para tanto, é empregado
o método da Análise Crítica do Discurso Jurídico, no intento de localizar fundamentos
teóricos, históricos e jurídicos que tenham ligação com formações contra hegemônicas,
em especial a matriz descolonial de conhecimento. A fundamentação filosófica vigente
dos direitos humanos, calcada em preceitos da modernidade, notadamente racionalistas e
individualistas, é incapaz de lidar com situações desviantes de seu projeto, como é o caso do
modo de vida das diversas etnias indígenas que habitam a área demarcada. Para estes povos
originários, a natureza é vida, não havendo hierarquia entre ela e o ser humano. Trata-se
de uma visão integradora do indivíduo com a natureza, ou seja, de cosmovisões baseadas
na solidariedade, reciprocidade e relacionalidade entre todos os seres, diferentemente da
visão ocidental, que compreende o ser humano como o único sujeito de direitos, como
criatura superior, acima de qualquer outra forma de vida. A interculturalidade, nesta senda,
cumpre papel imprescindível ao estabelecer a ponte que viabiliza o diálogo entre distintos
saberes, dando azo a interpretações mais plurais, abrangentes. Ao mesmo tempo, evidencia-
se que esta demanda julgada pelo Supremo Tribunal Federal, ao menos aparentemente,
reconhece direitos e garantias às minorias, que aqui não devem ser compreendidas sob o
viés quantitativo, mas sim qualitativo, englobando grupos que não se enquadram no modelo
cultural dominante. A título de conclusões parciais, é possível afirmar que a decisão possui
contradições, uma vez que se verifica a existência de elementos que caracterizam o discurso
contra hegemônico, inclusive descolonial, e que habitam o conteúdo decisório em suposta
harmonia com outras construções teóricas de difícil compatibilização, de modo que a contra
hegemonia funcione como o véu que torna a própria hegemonia mais discreta, fazendo-a
passar praticamente despercebida em meio a demais considerações.
Resumo: O presente trabalho trata da relação entre natureza e arquitetura no âmbito dos
terreiros de Candomblé no Recôncavo Baiano, entre as cidades de Cachoeira e São Félix.
Nesses lugares não há dicotomia entre o natural x artificial, mas uma imbricação no sagrado.
As árvores sagradas tornam-se arquiteturas, natureza que compõe e cria uma arquitetura afro-
brasileira particular, e a arquitetura torna-se natureza sacralizada, fazendo parte da mata ritual.
Estando as árvores ali, sempre a abrir e fechar as festas. Os terreiros de Cachoeira e São Félix têm
nas árvores sagradas que nascem dentro e furam os telhados dos barracões, Ilê Orixá e Casa de
Cablocos um aspecto espacial simbólico que os diferenciam, que lhes atribui particularidade,
Resumo: Em várias regiões do planeta há uma crise agravante em relação à distribuição de água.
Muitos países encontramse desprovidos deste bem, e com isso, agravase mais ainda a necessidade
de obtêla de qualquer forma. Essa crise não é só devido a sua quantidade, mas também a qualidade
em que se encontram estas águas. As superficiais são as que mais têm sofrido ações antrópicas.
Nesse contexto, esse estudo foi desenvolvido na Nascente do Rio Granjeiro, situado no sopé
da Chapada do Araripe no município de Crato/CE, com o objetivo de estimar a verdadeira
disposição a pagar pelos entrevistados, voltados a recuperação ou preservação dessa área em estudo.
Para isso, foram aplicados 43 questionários padronizados, utilizando o método de Valoração
Contingente. De posse dos dados coletados, construídas tabelas cujos resultados após analisados,
foram apresentados de forma tabular e descritiva, com a finalidade de verificar as características
socioeconômicas, tais como: idade, nível de escolaridade, acesso aos meios de comunicação de
massa, dentre outros. Os resultados demonstraram a disposição a pagar pelos entrevistados, os
valores de R$ 516,00/mês e R$ 6.192,00/ano a serem investidas em prol da recuperação ou
preservação da Nascente. Concluise que a sustentabilidade da Nascente depende não só do poder
público municipal, assim como da participação da sociedade cratense no planejamento, gestão e
execução de políticas públicas voltadas ao combate à degradação ambiental.
Resumo: Este artigo tem por objetivo descrever as principais características do Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, procurando abordar as raízes do Movimento com
seus aspectos socioeconômico, histórico e politico-ideológico, seus princípios e sua forma
de organização. Para tanto, foi realizada pesquisa bibliográfica sobre o tema em comento,
procurando descrever e analisar as opiniões de tais autores. Foi adotado como referencial
teórico autores importantes que abordaram a temática, com especial ênfase em autores
contemporâneos. Ao final foi possível concluir que apesar das dificuldades enfrentadas pelo
Movimento este continua em sua luta histórica pela reforma agrária e mantém-se como
importante interlocutor junto ao Poder Público.
Palavras Chave: Reforma Agrária, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Resumo: O artigo tem por objetivo apresentar os resultados de uma pesquisa realizada junto
às comunidades do Sítio Baixa do Maracujá e do Sítio Santo Antônio, população tradicional
residente na área de proteção ambiental da Chapada do Araripe, Ceará, Brasil. Como
metodologia, trabalhou-se com os dados secundários aferidos em pesquisa bibliográfica.
Constatou-se que a criação desta área de proteção ambiental (APA) em 1997 e as restrições
impostas pelos órgãos responsáveis pela gestão, pouco contribuíram para o desenvolvimento
socioambiental e a proteção dos direitos atinentes a sociobiodiversidade. A fragilidade
socioeconomica, educacional e informacional, resultou no fracionamento das propriedades
dos moradores nativos das comunidades e na aquisição destas terras pelos residentes urbanos
para construção de propriedades destinadas à recreação e lazer durante fins-de-semana,
com finalidade diferente dos nativos. Este fato, confirmou a hipótese de que quando se leva
em consideração apenas o componente técnico do direito ambiental, sem conexão com o
socioambientalismo, os problemas não são adequadamente tratados, o que provocou uma
relação desigual entre a dinâmica social humana e a dinâmica da natureza, gerando impactos
ao meio ambiente e problemas sociais na referida comunidade. Os moradores enfrentam
problemas intersubjetivos e objetivos, como a escassez hídrica e a baixa fertilidade do solo
para a produção de bens de subsistência, devido à exploração da terra e dos recursos naturais
de forma desorientada. Conclui-se que o socioambientalismo precisa promover a orientação
do sistema, pois além da criação de unidades de preservação ambiental, faz-se necessário que
se desenvolvam políticas publicas de proteção e gestão dos espaços, estabelecendo diálogos
com as comunidades tradicionais locais, a fim de conhecê-los para compreender o processo
de formação histórica e espacial, as suas dimensões culturais, percepções geoambientais,
demandas econômicas e outras dimensões intrínsecas ao modo de viver das referidas
comunidades, para que os efeitos sociais, econômicos, culturais e ambientais não sejam tão
danosos quanto a ação do capitalismo.
Palavras-chave:
comunidades tradicionais, Lei da Biodiversidade, repartição de benefícios,
patrimônio genético.
Resumo: O Brasil sempre teve, desde a época dos regimes sesmariais implantados pelos
europeus, traços de natureza agrária, confirmados nos dias presentes pela quantidade de
produção de commodities agrários. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística deixa
claro que há uma dependência e expansão anual destas, especialmente referentes a produtos
elaborados ou semielaborados de itens como soja, carne, cereais e laticínios. A Assistência
Técnica Rural visa colocar à disposição de pessoas ou grupos sociais, técnicas que ainda
não sejam de cunho generalizado ou de fácil acesso e a Extensão Rural busca levar ao
homem do campo, habilidades e práticas, apresentadas pelos cientistas como adequadas
para a melhoria da qualidade de vida populacional rural, aperfeiçoando esta natureza agrária
nacional. O governo federal vem tentando, especialmente a partir de 2003, realizar inúmeros
programas e políticas que privilegiam a agricultura familiar e os projetos de assentamento
rural, especialmente a grupos socialmente menos favorecidos como os agricultores familiares,
quilombolas e indígenas. O objetivo geral do artigo é demonstrar que tal implantação passa
por imensas dificuldades, uma vez que, mesmo numa sociedade rural capitalista, o meio rural
ainda apresenta técnicas rudimentares, voltadas para uma agricultura de subsistência praticada
em pequenas propriedades. Neste ínterim, por mais que as atuais políticas demonstrem reais
esforços por implantar técnicas que estimulem a produção familiar, tais programas não têm
conseguido valorizar e compreender o conhecimento destes agricultores, especialmente no
tocante aos seus respectivos ambientes e forma como usam os recursos naturais locais. Por
tal razão os programas de assistência técnica e extensão rural, mesmo tendo atingido regiões
inóspitas, não conseguem alterar a dinâmica agrária no que se refere a acréscimo de produção
entre os pequenos agricultores. De forma específica, este artigo objetiva discutir a própria
técnica, de caráter comum e não plúrima do que se ensina e transmite aos agricultores
de pequeno porte, quando deveria atender a qualquer comunidade de forma especial,
a chamada Implantação Cultural ou em razão da cultura local. A falta de extensionistas
devidamente preparados ou a falta de acompanhamento in loco das técnicas apresentadas
reforçam a dificuldade de aplicação de ordenamentos como o Art. 2o da Lei 11.326/06, que
determina a implantação entre estes grupamentos menores citados, atendendo a preceito
constitucionalmente previsto. A pesquisa realizada em documentos da EMATER-GO, aponta
RESUMO: Ainda que seus direitos territoriais conte com proteção normativa nacional
e internacional, as comunidades kalunga que vivem no Estado de Goiás não obtiveram
a regularização fundiária de seu territótio, constituindo o atendimento desta demanda
básica da comunidade. Ainda que o território Kalunga seja oficialmente reconhecido
como sítio histórico e patrimônio cultural, a comunidade necessita de ações jurídicas
concretas que o fomente seu desenvolvimento socioeconômico, em especial no que toca
ao desenvolvimento da exploração econômica sustentável do meio ambiente nas suas
Coordenador:
Stephen Grant Baines (Universidade de Brasília - Brasil)
Resumo: Os povos indígenas Macuxi e Wapichana que vivem nas regiões de campos e
serras no Estado de Roraima, no Brasil, estão atualmente discutindo os desafios ecológicos
de viver, segundo seus “modelos culturais de vida”, nas terras indígenas demarcadas. Esta
comunicação propõe examinar os esforços colocados em curso por uma organização indígena
regional nos últimos três anos no sentido de construir coletivamente Planos de Gestão
Territorial e Ambiental (PGTAs) para as terras indígenas. Estes “planos” são documentos que
refletem processos participativos de planejamento e estabelecimento de acordos sobre temas
como a proteção territorial e o manejo de recursos naturais. Como parte das dinâmicas do
processo, as comunidades locais colocaram no papel como imaginam e desejam que deva
ser a vida comunitária em suas terras em longo prazo através de desenhos – representações
cartográficas livres – que revelam diferentes pontos de vista sobre o futuro. Meu foco de
análise é um desses desenhos, a partir do qual abordo os impasses, desafios e contradições
que estas ilustrações suscitaram no diálogo entre indígenas e atores governamentais sobre
valorização cultural e conservação mbiental. Para finalizar, à luz das noções de “cosmopolítica”
e “autonomia” indígena - esta comunicação identifica avanços e limites que estes planos de
futuro representam para o direito de usufruto exclusivo dos recursos naturais segundo os
usos, costumes e tradições das comunidades que participam de suas elaborações.
Resumo: As relações interétnicas fazem com que os povos indígenas encontrem-se cada vez
mais inseridos e adaptados a uma economia globalizada, muitas vezes ligados a processos de
produção de riqueza em escala internacional, sofrendo as consequências nefastas daí decorrentes
mas, também, extraindo benefícios e ganhos políticos e econômicos de tais situações. Abordo
aqui como, após a conclusão do processo de demarcação da Terra Indígena Raposa-Serra
do Sol (TIRSS) e a desintrusão dos invasores, estão sendo discutidas e implementadas as
possibilidades de atividade econômica e os projetos de desenvolvimento na área demarcada
e em outras Terras Indígenas no estado de Roraima. Dentro desse recorte, analiso a inserção
dos Wapichana e Macuxi em redes de produção e circulação dos recursos ligadas a projetos
de etnodesenvolvimento, assim como procuro observar de que forma esses projetos aparecem
nos discursos locais, indígenas ou não. As dúvidas e questionamentos, quando não o repúdio
direto, em relação ao termo “etnodesenvolvimento”, são constantemente visíveis tanto entre
o movimento indígena quanto entre seus adversários, além dos órgãos institucionais que
exercem papel intermediário nessa complexa trama de relações políticas e econômicas.
Palavras-chave: Etnodesenvolvimento; Terras Indígenas; Roraima.
Resumo: Os Awa são um dos poucos povos indígenas ainda estritamente itinerantes no país:
afora alguns grupos atraídos e assentados pela FUNAI em “aldeias” instaladas nas proximidades
de seus antigos Postos Indígenas (PI), os Awa vêm recusando-se sistematicamente a ceder aos
atrativos oferecidos pelas frentes de contato que, desde 1913, o SPI e sua sucedânea, a FUNAI,
estabeleceram em seu território. Apenas em meados dos anos 1970 alguns Awa aceitariam,
Palavras-chave: Awa; políticas e práticas da FUNAI para com índios isolados; tutela;
patrimonialismo; Programa Grande Carajás.
Autores: Lorena Del Pilar Cordero Maldonado; Gabriela Aída Salvador Cardenas
Resumo: O presente trabalho teve por objetivo analisar o fenômeno da emergência dos
Direitos Territoriais, assim entendido como direitos que traduzem, expressam e materializam
as conquistas dos povos tradicionais, indígenas e quilombolas em sua relação vital com o
espaço que vivem e convivem (terra, florestas, rios, animais), visibilizados nos modos de criar,
fazer e viver (art. 216, CF/88). O desencontro, no entanto, entre um direito constitucionalizado
e sua realização, revelam enfrentamentos, desafios, mas também possibilidades. Assim, da
luta pelo reconhecimento à concretização de tais direitos desvela-se um campo de debates,
de formações discursivas e de articulação política, redefinindo muitas vezes o espaço da
participação e da cidadania. A perspectiva da territorialidade, enquanto espaço de identidade,
pertencimento e reconhecimento, muito embora tivessem ganhado impulso no contexto
dos avanços democráticos, no fim do século XX, encontrou resistências intensas, no sentido
de abafar ou abortar estas “emergências”. Há, neste sentido, o ressurgimento de estratégias
da colonialidade, não só para postergar a efetivação de tais direitos e reconhecimento destes
“novos atores coletivos”, como também de reanimar velhos “dispositivos” de controle,
assujeitamento e interceptação dos mesmos. Assim, a “vida nua”, precarizada, pressuposto
destas velhas práticas institucionalizadas, não se impõem sem resistências. A constatação
destes novos enfrentamentos serão, para tanto, levantadas e contextualizadas com a finalidade,
Resumo: O conceito de cultura pode ser pensado a partir de sua apreensão como
diversificadas possibilidades de realização da existência humana em seu todo complexo que
Ementa: Trata-se de debater a importância da educação para a garantia permanente dos direitos
humanos, em especial aqueles diretamente vinculados ao território, num momento recente
de balanço dos dez anos do Estatuto da Cidade. Apesar da obrigatoriedade dos municípios
desenvolverem seus planos com ampla participação popular, muitas das assembleias estão
esvaziadas e as decisões permanecem concentradas nos grupos historicamente detentores
do poder. Por conseguinte, é essencial para aprofundamento da democracia e atendimento
de direitos fundamentais que a população tenha uma maior compreensão da dimensão
territorial e das interferências de decisões do poder público sobre o seu cotidiano. A ciência,
produzida essencialmente a partir da academia, o colonialismo e o imperialismo foram
aparelhos epistemicidas dominantes em toda a modernidade ocidental, conforme postulado
por Boaventura de Souza Santos (2006). Na América Latina, a “virada descolonial” (Escobar,
1999; Mignolo, 1995; Lander, Dussel, 1977) pretende desmontar a subjetividade do ser e
do conhecimento – construídos a partir do domínio colonial mas ainda presentes e atuantes
na contemporaneidade. A descolonialidade visa a fornecer uma perspectiva epistemológica
própria que coincida com os desejos de autonomia e emancipação dos povos e grupos
subalternos, para isso acionando os “conhecimentos situados” (Haraway, 1995) contra as
geo-historicamente reproduzidas “colonialidade do poder” (Quijano, 1992). Em pleno
século XXI importa perguntar qual o papel da educação – e das Universidades – para reverter
os cenários de opressão e garantir a ressignificação e transformação dos territórios por meio
de práticas emancipatórias, debate central desta mesa.
Coordenadora:
Andréia Moassab (UNILA)
Resumo: Os inúmeros escritos da chamada “virada descolonial” (Cf. Escobar, 1999; Mignolo,
1995, 2000, [2005] 2007 y 2011; Lander, Org., [2000] 2005; Castro-Gómez y Grosfoguel, 2007;
Mignolo y Escobar, Orgs., 2010; Dussel, [1977] 2011) pretendem desmontar a subjetividade
do ser e do conhecimento – construídos a partir do domínio colonial, mas ainda presentes
e atuantes na contemporaneidade. A descolonialidade visa a fornecer uma perspectiva
epistemológica própria que coincida com os desejos de autonomia e emancipação dos
povos e grupos subalternos, para isso acionando os “conhecimentos situados” (Cf. Haraway,
[1991] 1995, p. 313-346) contra as geohistoricamente reproduzidas “colonialidade do poder”
(Quijano, 1992, 2000 e 2002) e “colonialidade de gênero” (Lugones, 2008 e [2010] 2014):
práticas e discursos – opressores e violentos, inerentes à modernidade europeia –, dos quais o
pressuposto é uma classificação social que mescla os diferentes espaços, em diferentes escalas,
à ideia de “raça”, por sua vez codificada como discriminações “étnicas”, “antropológicas”,
“culturais” ou “nacionais”; e em interseção com uma organização diferencial em termos
de classe, gênero e sexualidades. A leitura da realidade possui, por certo, uma cosmovisão
hegemônica: aquela oriunda da experiência caucásica e no patriarcado, que se confunde
com a normalidade. Nesse sentido, o ensino, em especial aquele voltado para a educação, a
decodificação, a explicação e a ação sobre os espaços socialmente construídos situa-se numa
encruzilhada ambígua: pode ser, ele mesmo, reprodutor das colonialidades do poder e do
gênero; ou, ao contrário, ser o instrumento capaz de denunciá-las, fornecendo os meios
críticos, teóricos e epistemológicos para a elas resistir. Tendo como base as experiências
do autor no ensino de geografia e de arquitetura e urbanismo, esta comunicação pretende
discutir formas de resistência descolonial, a partir dos conteúdos e práticas de ensino nestas
disciplinas a partir de diferentes escalas: a educação, a rua, a paisagem e o globo.
Resumo: O presente trabalho trata da relação entre natureza e arquitetura no âmbito dos
terreiros de Candomblé no Recôncavo Baiano, entre as cidades de Cachoeira e São Félix.
Nesses lugares não há dicotomia entre o natural x artificial, mas uma imbricação no sagrado.
As árvores sagradas tornam-se arquiteturas, natureza que compõe e cria uma arquitetura afro-
brasileira particular, e a arquitetura torna-se natureza sacralizada, fazendo parte da mata ritual.
Estando as árvores ali, sempre a abrir e fechar as festas. Os terreiros de Cachoeira e São Félix têm
nas árvores sagradas que nascem dentro e furam os telhados dos barracões, Ilê Orixá e Casa de
Cablocos um aspecto espacial simbólico que os diferenciam, que lhes atribui particularidade,
peculiaridade, singularidade, que lhes é próprio. As árvores sagradas fundam, geram, organizam,
e regem as arquiteturas dos terreiros de Candomblé de Cachoeira e São Félix.
Resumo: Partindo da análise do processo judicial que visou a extinção da primeira turma de
direito pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, este trabalho pretende uma
reflexão sobre o acesso ao ensino superior e a sistemática exclusão das comunidades rurais
nas Universidades, bem como debater o papel das políticas públicas envoltas neste contexto.
O processo judicial em análise é a Ação Civil Pública (ACP) ajuizada pelo Ministério Público
Federal (MPF) em face da Universidade Federal de Goiás (UFG) e do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra), que teve por objetivo “a interrupção das atividades
Resumo: Este projeto de extensão, cujo pano de fundo é a questão urbana nos territórios de
fronteira, especificamente na tríplice fronteira na qual a UNILA está inserida, composta por
Foz do Iguaçu, Ciudad del Leste e Puerto Iguazú, tem como objetivo promover o encontro
entre a Geografia Acadêmica e a Geografia Escolar, a Universidade e a Sociedade Local,
por meio das instituições escolares, entre docentes e discentes universitários e docentes e
discentes do Ensino Fundamental e médio, por meio dos contatos, interlocução e diálogos a
respeito da cidade como lugar de mediações, particularmente as cidades na área de fronteira.
A ideia é que o projeto de extensão possa nos proporcionar vivências e encontros com
gestores de unidades escolares, professores e alunos, na elaboração de oficinas que discutam
o papel e as condições das cidades de fronteira, suas funções, racionalidades e contradições,
vislumbrando problematizar a ideia de direito à cidade nas condições objetivas e subjetivas
própria dos territórios de fronteira geopolítica e assim produzir saberes capazes de aprimorar
tanto a Geografia Acadêmica quanto a Geografia Escolar.
Resumo: Este artigo procura através de uma particular leitura apresentar indicações para
o que seria a introdução de uma disciplina na área de projeto sobre as habitações indígenas
brasileiras. Trata-se de um primeiro passo no caminho de agregar conteúdo didático para que
as tecnologias de construção dos povos indígenas possam ser integradas ao currículo das escolas
de arquitetura no Brasil de forma sistemática. Até hoje a maioria dos cursos de arquitetura
e urbanismo no em nosso país não oferece informações sobre as casas ancestrais dos povos
que aqui habitavam, e ainda habitam, o que se reflete na prática, onde a imensa diversidade
cultural e técnica desses povos continua sendo ignorada. A produção de conhecimento a
partir de reflexões acerca do desenho vernacular das construções indígenas no Brasil poderá
contribuir para a formação e embasamento de aspectos teóricos imprescindíveis para a
produção de bons projetos de arquitetura.
Resumo: Este texto apresenta resultados parciais da ação de extensão “Cartografia do Devir no
Quilombo deApepu,mapeamento de transformações sócio espaciais na arquitetura afrobrasileira”.
A ação de extensão em questão tem por objetivo promover a valorização das espacializações de
matriz afro descendentes. Seu objetivo específico é promover o empoderamento da comunidade
quilombola, mediante o reconhecimento e valorização de seus saberes e práticas cotidianas, em
meio ao processo de transformação espacial que o quilombo em questão atravessa no momento.
Apepu se encontra na zona rural do município de São Miguel do Iguaçu /Paraná às margens
do Parque Nacional do Iguaçu , é composto por três núcleos familiares com cerca de trinta
pessoas entre residentes e moradores transitórios. A comunidade se encontra em um processo
recente de reconhecimento jurídico e simbólico como Quilombo e, devido a este fato, passa
por um processo de aumento de fluxo de visitantes e início de atividades turísticas na área. O
espaço construído de Apepu já não comporta todas as recentes transformações de atividades
na área, existindo duas demandas principais por parte das lideranças comunitárias: a construção
de seis novas moradias para integrantes que se encontram dispersos em cidades vizinhas, e
desejam retornar ao quilombo, e a demanda para a construção de um espaço de uso comum
que comportará festividades e apoio aos visitantes. O projeto das novas moradias já se encontra
consubstanciado dentro dos moldes do programa habitacional federal: “Programa Nacional
de Habitação Rural” (PNHR). Tal programa possui parâmetros de gestão, exigências projetuais,
padrões construtivos e ritos de aprovação e financiamento, padronizados para todo o Brasil,
possuindo uma semelhança grande com o programa habitacional de caráter urbano: Minha
Casa Minha Vida (MCMV). A atividade de extensão tem acompanhado as transformações sócio
espaciais derivadas da proposta desta intervenção, assim como pretende realizar um estudo
de impacto da intervenção no território quilombola. As novas casas executadas servirão não
somente para abrigar os quilombolas que hoje se encontram na cidade e desejam voltar para a
comunidade, como também para abrigar alguns moradores já existentes que sinalizam que irão
deixar suas casas antigas para migrar para a nova habitação.Tal debate é complexo, pois envolve
uma demanda vital à comunidade de Apepu:A construção de seis novas moradias para reagrupar
os integrantes da comunidade que hoje vivem nas cidades próximas. A comunidade local afirma
que a demanda por moradias precede todas as outras lutas e demandas do grupo, pois será o
catalisador que permitirá a união e diálogo em torno de outras demandas que a população
possui. Visa-se trabalhar o empoderamento dos quilombolas no processo em curso através de
dois eixos principais: o diálogo com entidades que viabilizem a construção das novas moradias
e a valorização das práticas e saberes cotidianos para que estes não deixem de existir no futuro,
caso esta seja a vontade da comunidade. Através de um diálogo de saberes constituiremos uma
Resumo: Desde a década de 90 do século passado a temática dos Direitos Humanos foi
inserida dos cursos de formação de oficiais e praças das polícias militares brasileiras, porém
uma análise cuidadosa identifica que os resultados esperados estão muito longe das aspirações
pelo respeito a dignidade da pessoa humana e pela construção de uma ação policial que tenha
nuances democráticas no território brasileiro. Uma recente pesquisa analisou a formação e
difusão dos Direitos Humanos nas instituições policiais militares de cinco estados brasileiros
(Belém-PA, Salvador–BA, Rio de Janeiro-RJ, Porto Alegre-RS e Brasília-DF) e os dados
apontaram que as ações apenas “taparam o sol com a peneira”.
Resumo: Esta proposta busca apresentar as interfaces entre o “bem viver” e a educação, a
partir do projeto extensionista: “Bem-viver - germinando alternativas para uma educação
libertadora”, que se traduz em uma proposta educativa crítica e comprometida com a
transformação das realidades opressoras e a construção de novas realidades livres e igualitárias.
Este é um esforço necessário em tempos que a América Latina por pressão interna, se repensa
a si mesma, e paulatinamente vai abandonando o discurso homogeneizador que assumiu no
processo de colonização/colonialidade.
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo pensar o lugar simbólico da casa como
instrumento para uma construção social. Ressaltar, através de práticas etnográficas, o modo
como os sujeitos vivem e constroem significações e representações sociais em moradias
populares. Essa reflexão dá-se através das práticas e das vivências dos futuros moradores do
Programa Minha Casa Minha Vida na construção de moradias populares em Goiânia. Pode-
se pensar as categorias e campos simbólicos de direito a moradia, espaços de sociabilidade bem
como entender de que maneira os sujeitos através das lutas sociais são capazes de construir
espaços de lutas e garantias de direitos. Buscar o sentido das moradias e das habitações.
Resumo: Cabo Frio é uma cidade de grande beleza natural e foco de investimentos públicos
e privados com o objetivo de atrair cada vez mais os turistas e o público de veraneio. No
momento, está em voga a discussão acerca da construção do Megaempreendimento Resort Peró
e Club Med na região do bairro do Peró na Área de Proteção Ambiental do Pau Brasil.Todavia,
dentro da mesma unidade de conservação, a menos de 1.500m de distância, encontra-se um
bairro popular formado pela ocupação irregular de moradores. O presente estudo tem como
objetivo analisar as duas situações pontuais que ocorrem na APA do Pau Brasil na cidade de Cabo
Frio: a ocupação irregular de uma região da APA por parte de moradores do bairro Cajueiro
e a construção do megaempreendimento Club Med e Resort na região ZPVS 1 da APA, sob o
ponto de vista do direito à cidade e à propriedade no conflito entre a função social da terra, a
especulação imobiliária e a preservação ambiental. O objeto de análise desse trabalho são duas
situações específicas que ocorrem na APA do Pau Brasil na cidade de Cabo Frio: a ocupação de
uma região da APA por parte de moradores do bairro Cajueiro e a construção do Club Med
e Resort na região ZPVS 1 da APA no bairro Dunas do Peró. A partir do exame desse objeto
pretende-se demonstrar de que forma a ideia de amparo ao meio ambiente vem sendo aplicada
de modo a legitimar aos interesses mercadológicos de produção de lucro, obedecendo à lógica
de produção do espaço no capitalismo. Pretendemos demonstrar a forma como os investimentos
do capital se dão em uma área de grande valor ecológico e comparar as duas situações descritas.
Discute-se, ainda, o direito dos moradores de viver a cidade e deliberar sobre ela sob o ponto de
vista da participação popular e da apropriação das instituições por grupos detentores de poder.
Resumo: O presente artigo tem como objetivo discutir a cadeia do serviço do turismo
rural na região do sudoeste goiano e a sustentabilidade cultural e econômica. Trata-se de
uma análise nos aspectos do turismo rural e sua sustentabilidade econômica, sociocultural e
ambiental em relação ao lazer. A pertinência temática justifica-se pelo fato da expansão do
turismo em relação ao lazer e sua importância a sustentabilidade e preservação ambiental
garantindo uma melhor qualidade de vida, tanto do ponto de vista físico como do social. O
equilíbrio entre a promoção e preservação é fundamental.
Resumo: Existe uma tendência para analisar o povo paraguaio que o classifica socialmente
como apático e submisso. Nos últimos anos, análise política ficou restrita a destacar um sentido
estritamente institucional dos períodos da ditadura e transição, como se o Paraguai permanecesse
um “país sem sociedade” (Rodríguez en Soler, 2014). Nas análises da democracia paraguaia não
é destacado que por mais de 35 anos a ditadura reinou sob uma “fachada democrática” (CVJ,
2008), uma vez que o partido hegemônico, o Partido Colorado, permaneceu no poder por
mais 20 anos em uma “transição sem alternância” (Rodríguez, 1998). Apresentando a ditadura
desde uma visão fatalista e inexorável, como um eterno processo que se projeta no período de
transição. Desse modo as interpretações sobre as instituições políticas paraguaias reconhecem o
Partido Colorado como uma instituição perene e permanente. Em vários momentos da história
recente do Paraguai observa-se como os golpes de Estado são legitimados com procedimentos
legais e constitucionais: O golpe de Estado e as eleições de 1954, o golpe e as eleições de
1989 e o recente golpe a Fernando Lugo em 2012, seguido pelas as eleições de 2013. A partir
desses parâmetros parece não haver mudança, o Partido Colorado continuará no poder de
forma eterna, porque a sociedade não se importa ou porque a sociedade paraguaia não é uma
sociedade mobilizada. Mas, assim como nós questionamos a ideia de uma sociedade política
desmovilizada ou indiferente, é oportuno também nós questionar sobre o papel do intelectual
como intérprete da realidade a partir de um único olhar tradicional-occidental que promove
e legitima o discurso da não mudança. É também, nesta situação de desigualdade política,
na qual a classe dominante se reproduz e se perpetua no poder com argumentos jurídicos e
institucionais. É por isso que pensamos a política desde outros espaços, a partir da vida cotidiana
da população, e assim, começar a impensar (Wallerstein, 2002) com análises sócio-políticos,
considerando outros paradigmas fora dos hegemónicos e ocidentais. Desta forma, pretende-se
analisar a situação política, no seu sentido ontológico (Mouffe, 2011), a partir de seu caráter
histórico, construído a partir das memórias coletivas e das relações sociais que ocorrem em
seu aspecto mais mínimo: a micropolítica do cotidiano da população. Essas experiências são
Ementa: Las áreas geográficas de América Latina que mantienen el ambiente más preservado
son, de alguna manera, los territorios indígenas, algunos “aislados o semi–aislados”, debido entre
otros aspectos, a su reproducción cultural y su vínvulo con el el medio ambiente a favor de su
preservación. En la medida que estas comunidades se vinculan con la sociedad hegemónica,
sufren el impacto del capitalismo y el consumismo, cream nuevas necesidades y se enmarcan en
procesos que les son contradictorios y que implican la frustración, la pobreza y la concomitante
degradación ambiental. Además del análisis acerca a los irreparables daños en materia ambiental,
es de nuestro interés identificar, a partir de estudios de caso en América Latina el marco sócio
jurídico y cultural en que se ubican los pueblos indígenas a partir de la explotación económica
de los recursos naturales con la inserción de determinadas obras de infraestructura, dando énfasis
al derecho de Consulta enmarcado en el Convenio 169 de la OIT.
Coordenadores:
Carlos Humberto Durand (Universidad Autônoma de México – MÉXICO) e Thais Luzia
Colaço (Universidade Federal de Santa Catarina – Brasil)
Palavras-chave: consulta prévia; consentimento prévio; OIT; Convenção 169; América Latina.
Resumo: Nas últimas décadas, mecanismos políticos foram construídos para promover
diálogos interétnicos e amenizar as tensões decorrentes das diferenças étnicas e culturais no
contexto do estado-nação. Dentre estes instrumentos podemos reconhecer a Convenção
169, sobre povos indígenas e tribais em países independentes, da Organização Internacional
do Trabalho (OIT), elaborada em 1989. Em que consta o mecanismo de consulta prévia,
este instrumento foi resultado de intensa mobilização de “novos” sujeitos políticos nos
cenário nacional e internacional. A partir da Convenção 169, foi reconhecido o direito
dos povos indígenas em assumir o controle de suas próprias instituições, formas de vida e
desenvolvimento econômico.
O presente artigo pretende lançar luz sobre o mecanismo de consulta prévia. Serão
utilizados como material de análise empírica os documentos acerca dos embates que estão
ocorrendo no processo jurídico de construção da Usina Belo Monte. A partir do levanta-
mento teórico, histórico e bibliográfico sobre o processo de elaboração do mecanismo de
consulta prévia em âmbito global. Irei problematizar sua aplicabilidade, instrumentalização
e implicações no contexto do estado-nação. Em suma, pretendo compreender seus embates
jurídicos, políticos e seus reflexos na constituição de diálogos interétnicos.
Resumo: Esta ponencia tiene como propósito contrastar la idea de “diálogo intercultural”
que prevalece en las leyes colombianas con los procesos de consulta previa que se adelantan
en La Guajira, un departamento predominantemente indígena localizado al norte de
Colombia. Tomando como eje central un estudio etnográfico realizado en la primera mitad
del año 2015, la ponencia analizará las relaciones y tensiones entre actores que participan
en escenarios de consulta donde –según la ley colombiana- deben materializarse principios
de “interculturalidad” a través de la participación de los grupos étnicos. Transversal a los
Resumen: El reconocimiento a su hábitat, que plantean los pueblos indígenas, a través del
EZLN, va más allá de la mera esfera estatal, al reivindicar el derecho a su territorio en un sentido
integral, es decir a sus recursos naturales, incluyendo los del subsuelo. Aspecto que en los
hechos se está dando en virtud de que aún un buen número de entidades de México no cuenta,
hasta febrero de 2014, ni siquiera con adecuaciones constitucionales sobre esta materia. Pero
además es necesario identificar que los conceptos elaborados en la nueva “reforma indígena del
EZLN”, se enmarcan, en los Tratados de San Andrés Larráinzar, los que en los hechos fueron
traicionados por el Estado mexicano y que hoy constituyen un fundamento socio político
de regulación social. Las evidencias que involucran la política rural del incipiente Estado
mexicano, con la hegemonía supranacional denotan la relatividad en que se desenvuelven las
instituciones de gobierno hoy apegadas perfectamente a los designios del capital financiero,
como así acontece en la actual coyuntura del gobierno de Enrique Peña Nieto.
Resumo: Conocemos de alguna manera, los postulados que contiene el convenio 169 de
la Organización Internacional del Trabajo. Sin embargo muy poco sabemos acerca de los
patrones culturales étnicos para salvaguardar las formas de vida indígena a nivel planetario.
Poco sabemos de qué contiene lo que pretende proteger. La comunalidad, no es el socialismo,
ni comunismo, no es la democracia, eso corresponde al modo de vida eurocéntrico. La
comunalidad, reproduce una cosmogonía, vivir en comunalidad es vivir una forma de vida
indígena. Sabemos que los pueblos indígenas americanos tienen, el modo comunal de vivir,
aunque muchos proyecten formas antiguas de una civilización agrícola. Otros pueblos aún
conservan en su imaginario y cotidianidad, en forma dominante, los arquetipos de la vida
cazadora-recolectora. Observamos en ambos el espíritu comunal como un modo de vivir.
Mostraremos que la comunalidad no se restringe a una actitud de perfil solo humano la
comunalidad, es una actitud cósmica, que los indígenas reproducen para el paisaje humano.
Resumen: Las obligaciones de los Estados surgen cuando ratifican un tratado o convenio
internacional de derechos, y de esa forma se vinculan al mismo, como sucede en el caso
específico del Convenio 169, que al firmarlo se impone el deber de cumplir con las
obligaciones jurídicas que del mismo derivan. En el caso concreto, el Convenio 169 es
ejecutivo por él mismo y tiene fuerza vinculante. En el sentido anterior, dos son los aspectos
a resaltar: a) en la aplicación de las disposiciones del Convenio 169, los Estados se pueden
obligar a aplicarlas sin ningún cambio al ordenamiento jurídico interno, o de realizar un acto
intermedio para su aplicación, y fundamentalmente para efectos de este trabajo consideramos
la violación de los derechos humanos en el contexto de los diversos impactos que se están
causando a partir de las incidências que guardan los impactos de mega obras realizadas em el
perfil del esquema neoliberal. Considerando que los hechos que afectan la integridad cultural
de un pueblo indígena constituyen una violación al derecho a la protección de la honra y la
dignidad de la persona.
11. SOCIOLOGÍA RURAL Y MEGA PROYECTOS MINEROS EN EL MARCO DEL ACUERDO 169
DE LA OIT. EL CASO DE LA (RE) TERRITORIALIZACIÓN DEL ¡MOVIMIENTO POR LA VIDA, NO
A LA MINA EN MORELOS!, MÉXICO
Resumen: Más allá del discurso hegemónico prevaleciente, en este ensayo es de mi interés
situar desde el marco de la antropología jurídica y fundamentalmente política, de qué manera
trasciende el simbolismo (Maritain), como un factor que determina las formas específicas
en que se expresan las relaciones de poder. Más cercano a los paradigmas gramscianos,
resulta significativa la idea de autonomía relativa, en cuyo caso el trascender simbólico de
los territorios se nos puede presentar como expresiones contemporáneas de “connivencia”
entre quienes mandan y quienes obedecen, digamos en el caso mexicano el eslabonamiento
– desde los centros de poder hegemónico- con estructuras “ de los pueblos indígenas que se
encuentran corporativizadas a la forma tradicional del Estado, o en su caso, a la irrupción del
capital financiero en los territorios indígenas, aspectos que se refuncionalizan desde la óptica
de la institucionalización del pensar indígena, así los simbolismos “que expresan el hábitat
indio”, vía usos y costumbres, constituye en ocasiones particulares la hegemonía del capital.
Sin embargo, dejo abierto el contexto del simbolismo particularmente étnico a partir de la
idea gramsciana que advierte la posible apertura de espacios – relativos – de autonomía con
lo cual los pueblos indígenas comienzan a reconfigurarse.
Resumo: Os Kaingang são a etnia indígena mais numerosa no sul do Brasil. Estes povos
se mantiveram isolados dos não-índios até início do século XVII, quando houve o primeiro
contato com os jesuítas espanhóis, nas reduções do Guairá, que logo foram invadias pelas
tropas de bandeirantes paulistas e parte desta população foi capturada como escrava. No século
XIX, com a intenção de promover o desenvolvimento e desocupar a área para a expansão
da pecuária, da extração da madeira e da erva-mate, o governo central declara a guerra
contra os Botocudos (Kaingang e Xokleng). O povo Xokleng foi o que se manteve por
mais tempo isolado do contato do não índio, até a introdução da imigração alemã e italiana
na no estado de Santa Catarina. Com a Lei de Terras em 1850, se impulsiona a colonização
do oeste de Santa Catarina por descendetes de imigrantes europeus. No início do século
XX, começa a construção de uma estrada de ferro na região.Também existiram na época
os “bugreiros”, grupos de extermínio de índios. Cria-se no Brasil o SPI, que promoveu a
integração e assimilação pelo contato com as últimas populações indígenas isoladas no sul do
Brasil. Assim, esta população perde a maior parte do seu território e de sua identidade, se vê
diante de situações conflitantes, implicando pobreza, frustrações e depredação ambiental. Sua
situação sociambiental atual é fruto de seu passado, reforçada pelas demandas e problemas do
presente, como aumento da população, subemprego, poluição por utilização de agrotóxicos,
falta de infra-estrutura sanitária, construção de barragens, entre outros, sem o devido respeito
ao direito à consulta, previsto na Convenção 169.
Resumo: Este texto aborda algumas reflexões sobre a relação entre identidade, alteridade e
cultura na reserva indígena da Guarita –RGS. Procura por meio dessas categorias refletir sobre
o processo de globalização e das inúmeras facetas e complexidades oriundas de um processo
incerto, ambíguo, marcado por incertezas sociais, econômicas, culturais e existenciais.
Visa analisar alguns aspectos do (não) cumprimento da Convenção 169 da Organização
Internacional do Trabalho, a partir dos seguintes temas: identidade étnica (foco principal),
consulta e participação, direitos territoriais e recursos naturais e desenvolvimento na Reserva
indígena da Guarita -RS, criada em 1917, onde atualmente vivem índios Kaigáng e Guaranis.
Coordenadore(a)s:
Vincenzo Lauriola (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - Brasil) e Elaine Moreira
(Universidade Federal de Roraima - Brasil)
Resumo: Partindo da noção de commons postulada por Ivan Illich e atualizada nos estudos
de campesinato que enfocam os sistemas e modalidades de uso comum da terra como
expressão importante, porém ainda ignorada, da estrutura agrária brasileira, o texto defende
a hipótese de que as políticas públicas de gestão territorial e ambiental de terras indígenas
atualmente em vigor não são necessariamente coerentes com a noção de commons. Esta
Resumo: Este artigo aborda o tema dos Serviços Ambientais, e desdobramentos atuais,
com enfoque específico na observação da legislação aplicada à Amazônia Legal e às terras
indígenas. A abordagem analítica usada foi desenvolver considerações teóricas quanto à
legislação e instrumentos existentes vinculados ao tema, verificando se nelas busca-se
a governança indicada nos estudos de Elinor Ostrom como solução ao dilema das ações
coletivas, ou se apenas inserem os bens comuns num novo mercado. Aborda ainda a relevância
da governança para as ações desenvolvidas em serviços ambientais, principalmente no que
tange ao setor econômico e propriedades privadas, desenvolvendo políticas que insiram a
ideia de preservação e sustentabilidade.
Resumo: O objetivo deste trabalho é problematizar o status das Terras Indígenas (TIs) no
Brasil enquanto recursos comuns, ou “commons” de acordo com a abordagem teórica
de Elinor Ostrom. Apos ilustrar sucintamente nossa abordagem “ostromiana” de recursos
naturais e econômicos, formas de propriedade e “commons”, analisaremos as TIs como
“anomalias” jurídicas nos sistemas ocidentais modernos, formas de propriedade nem pública
nem privada, discutindo sua classificação em termos de “propriedade comum”. Em seguida a
relação entre recursos comuns e sustentabilidade será abordada, com base em análises teóricas
e dados empíricos, se propondo para a discussão a hipótese que esta abordagem permita
uma abordagem analítica do papel, efetivo e potencial, da relevância específica das TIs para a
sustentabilidade, dentro de um quadro analítico de pluralismo jurídico.
Resumo: A gestão territorial e ambiental de Terras Indígenas (TIs) foi formalizada como
política pública brasileira pelo Decreto Nº 7.747/2012 que cria a Política Nacional de
Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI). Este reconhecimento oficial
se constrói sobre um conjunto de conceitos e ações práticas, dentre as quais a elaboração de
“planos de gestão territorial e ambiental” (PGTAs), que são instrumentos híbridos, na medida
em que conjugam saberes culturais tradicionais com novas ferramentas tais como imagens de
satélite. Os PGTAs, a partir das práticas de “etnomapeamento” e “etnozoneamento”, muitas
vezes incluem regulações acerca dos usos dos recursos naturais e das estratégias necessárias
para mantê-los, correspondentes a acordos sociais internos (preexistentes ou novos),
entre as quais a definição de “áreas internas protegidas”. Com base em levantamentos das
experiências existentes com PGTAs, revelou-se uma variedade de denominações destas áreas,
agrupadas nas seguintes categorias: (1) Florestas que protegem recursos hídricos; (2) Zona
cultural sagrada; (3) Refúgio para proteção e reprodução de populações de fauna; (4) Área
interditada para atividade de caça por tempo determinado; (5) Corpos d´agua reservados para
reprodução de peixes (lagos e/ou igarapés), com interdição da atividade de pesca; (6) Corpos
d´agua interditados temporariamente durante período de desova de peixes ou para fins de
recuperação de estoques pesqueiros; (7) Praias de desova de quelônios.
Tendo como referência as categorias previstas no Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza (SNUC) e no Código Florestal - especialmente Unidades de Pro-
teção Integral, Áreas de Proteção Permanente, Unidades de Uso Sustentável - exploramos a
aproximação entre as categorias indígenas e as “oficiais” de proteção, vislumbrando as possi-
bilidades e porosidades entre conceitos da biologia da conservação e conceitos propriamente
indígenas.
Resumo: O artigo tem como objetivo entender como se desenvolveu a demarcação dos
territórios indígenas no Brasil. A pesquisa inicia quando o governo brasileiro instituiu
uma política voltada para assistir os povos indígenas, sob influência dos ideais positivistas
de Cândido Rondon, que se encontrava à frente do Serviço de Proteção aos Índios-SPI,
fundado em 1910. Para demarcar as áreas indígenas, o SPI precisava negociar com os estados
federados, pois estes detinham o controle da maior parte de seus territórios, conforme
estabeleciam as Constituições de 1891, 1934, 1937 e 1946. Com a substituição do SPI pela
Fundação Nacional do Índio-FUNAI em 1967, fato ocorrido durante o governo militar
(1964-1985), e a Constituição de 1967 seguida pela Emenda Constitucional de 1969, a
União obteve poderes para interferir sobre os territórios estaduais, o que proporcionou um
ganho considerável na demarcação das áreas indígenas. Perante às modalidades de territórios
Resumo: O artigo irá analisar a forma contraditória com que o Estado tem buscado, de um
lado, viabilizar a posse coletiva da terra e o controle comunal dos recursos naturais a partir do
reconhecimento e da garantia de direitos territoriais e, de outro, restringir tais direitos, em
função dos limites que eles impõem a expansão da fronteira econômica. O artigo parte da
constatação de que a conquista de direitos territoriais por povos e comunidades “tradicionais”
resultaram em políticas de ordenamento fundiário que reconheceram a diversidade fundiária
brasileira, garantindo a posse coletiva da terra a comunidades e populações que historicamente
vinham sendo desterritorializadas pela ação do Estado. Tais políticas, ao mesmo tempo em
que legitimam práticas comunais de uso da terra e dos recursos naturais, também passaram a
representar “entraves” à expansão do crescimento econômico que marca a atual conjuntura
brasileira. Através de uma análise de políticas de ordenamento fundiário, gestão territorial
e ambiental (PNGATI, regularização ambiental em territórios quilombolas estabelecida na
Lei no 12.651, de 25/05/2012, no que concerne ao Cadastro Ambiental Rural-CAR) e
do processo de reordenamento normativo em curso (expresso na PEC 215, que visa retirar
do Executivo a demarcação das terras indígenas e incluí-la como competência exclusiva
do Congresso; na ADI 3239/2004 que contesta o Decreto 4887/2003 que regulamenta o
procedimento de titulação das terras de quilombos; na Portaria 303 que visa condicionar
o usufruto das terras indígenas ao interesse público da União, etc) o artigo irá analisar:
(i) as medidas propostas pelo Estado para viabilizar as economias comunitárias extrativas e
camponesas, assim como (ii) as categorias e argumentos acionados para justificar mudanças
propostas na legislação vigente que buscam submeter os direitos de propriedade coletiva à
reinterpretações jurídicas que visam redefinir as condições em que determinados territórios
estarão sob vigência ou não das regras mercantis.
Resumo: O tema do bom viver (buen vivir), ainda que aberto e com muitas traduções tem
procurado fugir de uma classificação, ate certo ponto bem aceita, sobre os vários campos
do Etno (conservação, preservação, educação, conhecimento, entre outros). Neste trabalho
queremos discutir se é possível partir do conceito de bom viver para pensar as Terras Indígenas
e ate onde isso rompe ou dialoga com as políticas de gestão hoje já em implementação.
Resumo: O presente estudo trata de uma análise da aplicação da teoria empirista construída
por Elinor Ostrom às “Terras Indígenas no contexto das atuais políticas públicas da gestão
ambiental no Brasil”. Como toda teoria empirista, que constrói seus princípios e regras
a partir de casos concretos, padece do problema do relativismo de seus constructos e a
incapacidade de aplicação a realidades díspares do experimento analisado, salvo mediante
profundos ajustes, que acabam por demonstrar a incapacidade de teorização, na sua
acepção clássica “compreensiva”. Ostrom, inserta na lógica americana dos “precedentes”,
tenta lidar com essa problemática através da indução de oito princípios dúcteis, ou seja,
standards inspiradores, ajustados à cada realidade. Lembremos, ajustar não pode significar
negar os princípios, mas adaptar-lhes semanticamente à realidade estudada. Disto isso,
o que pretendemos é fazer um teste de aplicabilidade teórica ao caso da Terra Indígena
Raposa Terra do Sol. Método da autora que, de modo trágico, demonstrará a incapacidade
de resposta de sua produção intelectual ao que pretende exatamente dar modelagem de
solução: o direito de uso sustentável de recursos naturais das futuras gerações em terras
indígenas e o conflito imponderável entre práticas culturais e premissas preservacionistas de
civilizações ocidentais. Para isso, utilizaremos daquela premissa habermasiana do observador
participante, porquanto, por sorte do destino, participamos de toda a construção da solução
jurídico-antropológica no Supremo Tribunal Federal da TI Raposa Serra do Sol. Por essa
razão, podemos afirmar que a abordagem neoinstitucionalista heterodoxa de Elinor estava,
ainda que de forma bastante adaptada às culturas das etnias ali envolvidas, nas premissas
para a decisão de demarcação, mas, no momento de usufruto dos recursos naturais para
o futuro (as condicionantes), veio com toda força a abordagem de Hardin, porquanto o
caráter comunicativo e cooperativo (democrático) dos Commons está ausente na estrutura
decisória das comunidades ali envolvidas, bastando dizer que, os líderes (caciques) daquela
região são escolhidos pelos resultados pragmáticos que alcançam para o bem-estar presente
da comunidade. Não estão por detrás as premissas democráticas do “comunitarismo
elinoriano”. A própria citação de Vicenzo Lauriola no Voto do Relator demonstra toda
a negação das instituições pelos índios. Aliás, a abordagem antropológica vivida na região
demonstra que as etnias não aceitam explicações pautadas nas lógicas adaptáveis, empiristas.
Ementa: El despojo a los pueblos indígenas ha sido una constante en la historia de América
Latina. Estos pueblos han sobrevivido en condiciones de extrema pobreza y marginalidad
con los recursos que lograron conservar en sus territorios y que, en la mayoría de los casos,
constituyen las últimas porciones de recursos naturales del continente. No obstante esta
condición, en los últimos años nuevamente han sido despojados de sus recursos y territorios,
o están siendo amenazados con ello, o dañado su medio ambiente. Los nuevos saqueadores
(empresas mineras, promotores de mega obras de infraestructura y de grandes proyectos
turísticos, y otros agentes) siguen avanzando con sus tácticas bizarras, demagógicas, ilegales.
Estas condiciones limitan la posibilidad de emprender o continuar con sus formas de vida
actuales o con un determinado diseño de desarrollo. Pero, al mismo tiempo, un plan de
desarrollo puede convertirse en estrategia de defensa de sus recursos y territorios. Por ello
nos parece indispensable compartir las reflexiones y experiencias que se tienen acerca de
las estrategias empleadas o por usar para la defensa territorial y del medio ambiente entre
pueblos indígenas, estrategias que no sólo son legales y políticas sino también organizativas.
Coordenadora:
Teresa Valdivia Dounce (UNAM)
Autores: Liana Amin Lima da Silva; Carlos Frederico Marés de Souza Filho
Resumo: Os direitos originários dos povos indígenas às terras que tradicionalmente ocupam
está consagrado no artigo 231 da Constituição brasileira. O artigo 68 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias (ADCT), por sua vez, reconhece os direitos das comunidades
quilombolas à propriedade definitiva das terras ocupadas. A interpretação do Supremo
Tribunal Federal no caso Raposa Serra do Sol (PET 3388-4 RR), no que diz respeito às
Resumo: A perda dos territórios tradicionais tem provocado uma série de consequências
danosas sobre a organização social dos Guarani-Kaiowá da região sul de Mato Grosso do
Sul, Brasil, em que se destacam os efeitos sobre: a segurança alimentar, a saúde, a economia,
a perda do patrimônio genético de plantas, a escassez de animais de caça, os rituais culturais
e religiosos associados às espécies animais e vegetais. A região em estudo encontra-se numa
faixa de transição entre os biomas mata atlântica, cerrado e pantanal. Esta complexa teia
de biodiversidade tem sido alvo de um intenso processo de utilização do solo por diversas
culturas agricultáveis em larga escala, como o milho, a soja e, mais recentemente, a cana-
de-açúcar. Estes processos têm resultado, principalmente a partir da década de setenta do
século passado, em uma grande perda da cobertura vegetal original. O efeito das graves
transformações ecológicas pode ser vislumbrado no discurso de rezadores; de movimentos
políticos, dentre eles, o Aty Guasu - Grande Assembleia Guarani – que são reuniões de trocas
de experiências, de notícias e de encaminhamento de reivindicações às autoridades presentes
na ocasião) e, de lideranças. Mas mesmo com toda a problemática fundiária, é nas terras
indígenas regularizadas onde se encontram as melhores condições ambientais dessa região,
pois, observa-se que nas terras em que os Guarani-Kaiowá tiveram a retomada da posse,
tem havido uma recuperação natural destes espaços. Deixar o “mato crescer”, como eles
dizem, implica na volta de animais e de plantas aonde antes havia lavouras de monoculturas e
pastagens de gado. O presente trabalho visa analisar o papel dos rezadores na manutenção dos
sistemas ambientais na reserva indígena Tekuê, situada no município de Caarapó, no Mato
Grosso do Sul, Brasil, baseado em trabalho de campo realizado no ano de 2014, como parte
da pesquisa de Doutorado em Desenvolvimento Sustentável na Universidade Nacional de
Brasília, com estágio de doutoramento no Instituto de Investigações Sociais na Universidade
Nacional Autônoma do México. Da sua análise pode-se perceber que, os mesmos atuam
como guardiães dos espaços ambientais existentes no seu território; como detentores de
um saber específico sobre os animais e plantas do local, baseado em cosmologias da etnia
Guarani-Kaiowá e elo de ligação entre os saberes escolarizados e os saberes tradicionais que
são ensinados para as atuais gerações, exercendo, assim, um papel importante na educação
escolar indígena. Ao longo do trabalho de campo pode-se depreender que as longas falas
sobre seu modo de vida, suas dificuldades, as violências sofridas, sua cosmovisão sobre a terra
revelam algumas pistas sobre suas dinâmicas de atuação. Foram estimuladas as caminhadas
como prácticas de conversação. E, também, uma conversação livre com indicação de alguns
temas que serviram de roteiro para o diálogo. Os rezadores não são sujeitos de uma dada
etnia analisados de uma forma genérica. São sujeitos particulares que embora pertençam a um
grupo étnico, social, econômico, cultural, geracional e de gênero tem suas epistemologias
ambientais individualizadas.
Ementa: El tema de género y diversidad cultural para el abordaje de los derechos de las
mujeres indígenas ha provocado importantes discusiones en el campo de la antropología
jurídica, lo que se ha reflejado en los distintos congresos de RELAJU, desde Arica, Chile, en el
año 2000. La tensión entre los derechos de las mujeres y los derechos colectivos se encuentra
en el centro de debates sobre la pertinencia o no del enfoque de género para las luchas
autonómicas de los pueblos indígenas. A lo largo de las últimas décadas se ha hecho cada
vez más evidente la participación activa de las mujeres indígenas en las movilizaciones de
sus pueblos en contra del racismo y por la defensa de sus territorios e identidades colectivas.
También ha quedado claro su cuestionamiento a tradiciones que naturalizan la opresión de
género y los esfuerzos por transformarla dentro de sus propios marcos culturales. Asimismo, en
estos años se han desarrollado nuevas teorizaciones por parte de intelectuales indígenas que se
apropian y re-conceptualizan el concepto de feminismo o que desde otros referentes teóricos
nos hablan de la importancia de analizar los vínculos entre el colonialismo y la violencia de
género en las sociedades indígenas contemporáneas. En este panel nos proponemos retomar
estos debates y reflexionar sobre los nuevos logros y desafíos que enfrentan las mujeres
indígenas que se han propuesto incidir en los espacios públicos de sus comunidades, como la
justicia comunitaria, y que se han apropiado del discurso de derechos en sus luchas políticas.
Coordenadoras:
María Teresa Sierra (CIESAS- México) e Rosalva Aída Hernández (CIESAS – México)
Resumo: Esta ponencia abordará el proceso organizativo de las mujeres mapuche a partir de
la década de los años noventa y de las motivaciones que llevaron a su surgimiento como es
el acceso a recursos del estado y el abordaje de temáticas poco visibilizadas como la violencia
intrafamiliar inserta en el contexto de otras violencias como el racismo y la discriminación.
Las mujeres mapuche analizan la vigencia del sistema jurídico mapuche o azmapu y si posible
aplicarlo en casos de violencia doméstica. Para ello luchan por recuperación de elementos de
Resumo: Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a atuação política das mulheres cacicas
Guarani Mbya no que concerne ao contexto de lutas pela regulamentação de terras indígenas
em Santa Catarina. Este artigo é resultado da minha pesquisa de dissertação de mestrado
defendida em 2015, sendo que o trabalho de campo se deu através do acompanhamento de
duas cacicas, Arminda Ribeiro (Para Poty) e Eunice Antunes (Kerexu Yxapyry), residentes
respectivamente nas aldeias da Conquista (Jatay’ty), localizada em Balneário Barra do Sul,
e do Morro dos Cavalos (Itaty), localizada em Palhoça, ambos municípios do litoral de
Santa Catarina. A luta pela demarcação das terras indígenas através dos meios jurídicos e
administrativos é frequentemente referenciada pelos/as Guarani como “lei dos brancos”. Se,
por um lado, a demarcação era entendida, principalmente pelos/as Guarani mais velhos/as,
como o cerceamento de sua liberdade, por outro lado, os atuais contextos de degradação
ambiental, exigiram que os/as indígenas lutassem para assegurar parte do seu território, mesmo
que através do “modo de fazer do branco”. Nos últimos anos, a demarcação deixou então de
ser compreendida como um confinamento e passou a significar a possibilidade de vivência
do “sistema” Guarani e forma de resguardo dos “brancos” (jurua kuery). Neste sentido, existe
uma diferenciação feita pelas cacicas entre a “lei do branco” e o “modo de fazer Guarani”,
sendo este último atravessado por um sentido fortemente religioso. A partir desta oposição
proposta pelas cacicas, este trabalho discute como as mulheres Guarani Mbya se apropriam da
“lei do branco” e articulam os saberes míticoreligiosos indígenas na defesa de seus territórios.
Como cacicas, Eunice Antunes e Arminda Ribeiro se mostram protagonistas da resistência
em suas comunidades e explicitam a centralidade e agência das figuras femininas na ocupação
das terras e nas ações políticas que visam a continuidade do seu grupo étnico. As trajetórias
das cacicas demonstram que a política pode ser considerada um espaço de aprendizagem, de
forma que o exercício de participação em seu caráter prático é o caminho para superação
dos desafios e para o domínio de práticas consideradas masculinas. Neste sentido, as formas
de resistência das cacicas são consideradas em suas diversas dimensões: como exemplos de luta
étnica, de gênero e frente ao capitalismo/modernidade.
Resumo: Para la presente ponencia, propongo analizar los encuentros y desencuentros entre
los discursos y prácticas locales y los discursos y prácticas estatales sobre la despatriarcalización
y la descolonización del género en Bolivia, en el ámbito del pluralismo jurídico, a través de
dos niveles de análisis: A nivel local, destaco los efectos de las políticas nacionales sobre la
despatriarcalización y la descolonización del género, en los procesos de vernacularización,
prácticas y estrategias de las mujeres aymarás de Totora Marka, para defender sus derechos,
desde sus propios referentes y marcos culturales. A nivel estatal, visibilizo el marco discursivo
y práctico de las políticas sobre la despatriarcalización y la descolonización del género, y el
impacto en este marco, de las propuestas locales de desestabilización de las ideologías de género.
Palabras claves: justicia propia, violencia de género, derechos, autoridad indígena, comunidad.
Resumo: En los últimos años se ha hecho más visible la imposibilidad del derecho positivo
de resolver los conflictos que se generan en el interior de las comunidades indígenas. Por
otro lado, el derecho indígena poco a poco ha ido ganando terreno en el reconocimiento
como derecho. Estos dos derechos, aun enfrentan desafíos en casos de violencia de género
en contra de las mujeres indígenas. Es de destacarse que cada vez más las mujeres indígenas
que viven en comunidad acuden ante las autoridades comunitarias en demanda de justicia,
sin embargo, en mucho de estos casos las autoridades comunitarias enfrentan dificultades
para resolverlos, ante tal situación, la Red de Abogadas Indígenas, elaboró una guía[1] que
sirve como material de apoyo a las autoridades comunitarias para atender y resolver casos
específicos: Violencia Familiar, pensión alimenticia, falta de reconocimiento de hijo(a) y
abandono, en el que además se plantean alternativas de solución desde la comunidad, en el
que además se fortalece y dignifica el derecho y la justicia comunitaria .
Esta guía fue puesta en práctica con autoridades comunitarias para su funcionalidad
y viabilidad.
Ementa: La pericia o peritaje antropológico es un medio de prueba para ser usado en litigios
en los que sean parte miembros de los pueblos indígenas de América Latina. Está basado en
investigación especializada sobre las prácticas culturales de dichos pueblos y su incidencia
en la conformación de un conflicto con la ley positiva. Su uso emana de la defensa de
los derechos culturales y el pleno acceso de los indígenas a la jurisdicción del Estado. Sin
embargo, su aplicación a casos concretos no siempre tiene como resultado la preservación
de los derechos consagrados, en ocasiones por las limitaciones de la misma ley, en otras por
la incorrecta observación de los principios que sustentan la ley. En esta mesa nos interesa
reflexionar acerca de los alcances y limitaciones de este instrumento legal en los distintos
países de la región latinoamericana como medio para hacer justiciables los derechos de los
pueblos indígenas. Asimismo, buscamos discutir el papel del antropólogo en la conformación
de la verdad jurídica y los conflictos que pudiera tener para la disciplina misma.
Coordenadores:
Yuri Escalante Betancourt y Héctor Ortiz Elizondo
Resumo: Este artigo irá abordar a experiência de construção de uma pesquisa antropológica
com uma perspectiva de gênero e os desafios que é preciso para trabalhar com esta perspectiva
nos costumes das comunidades indígenas no México. O caso de defesa passa pelo Centro dos
Direitos das Mulheres em Chiapas, AC, que aplicam a metodologia de defesa participativo,
que visa capacitar as mulheres indígenas para defender seus direitos. A pesquisa visa a explicar
Resumo: Analisou-se três ações judiciais que envolvem comunidades indígenas, e indígenas
individualmente, em territórios e contextos diferenciados. O foco será verificar a presença do
argumento antropológico, bem como seu caráter educativo nos atos decisórios das referidas
ações, em contraposição aos argumentos jurídicos. Ao falarmos em saberes antropológicos e
saberes jurídicos, tenta-se compreender como ambos “gerenciam a diferença”. Nessas distintas
formas de percepção da alteridade, verifica-se que existe uma interação entre esses saberes,
mas que não é sinônimo de consenso. Conceitos como pluralismo jurídico, interlegalidade,
audiência e mediação, também ajudam na busca por respostas à essa problemática.
Coordenadora:
Ana Catarina Zema Rezende (Universidade de Brasília - Brasil)
Resumo: O trabalho trata do suicídio entre o povo Guarani /Kaiowá da Reserva Indígena
de Dourados, na cidade de Dourados no estado do Mato Grosso; estado onde hoje se localiza
a segunda maior população indígena do país. A aldeia fica próxima à cidade, cortada pela
rodovia MS-156, entre os municípios de Dourados e Itaporã. Os indígenas da Reserva vivem
de modo marginal, a falta de perspectiva impera e muitos jovens indígenas se suicidam. A
perda dos territórios tradicionais desde o período colonial prejudicou os indígenas dessa
região e sem a sua terra o seu modo de ser foi atingido, pois para eles a terra não é apenas para
subsistência. Em 1925 foi fundado o posto indígena de Dourados por meio do decreto 401
de 03/09/1915. Nas últimas décadas, o aumento dos suicídios entre os Guaranis-Kaiowá
da reserva de Dourados é alarmante. Os Indígenas vivem numa situação deplorável, sem
terem seus direitos humanos respeitados, aguardam do Estado brasileiro o cumprimento da
Constituição Federal com a demarcação do território indígena para retornarem às suas terras.
O não reconhecimento dos seus direitos territoriais instigou ainda mais a violência entre os
povos indígenas, conflitos que só se agravam e que até hoje continuam sem solução.
Resumo: Este trabalho busca refletir sobre o panorama moderno/colonial da atividade dos
juízes federais frente às demandas territoriais e de autonomia do povo Kaiowá no Estado do
Mato Grosso do Sul. O cenário geopolítico atual é de prolongado confronto das comunidades
indígenas com o Estado e particulares nos processos de reocupação dos territórios ancestrais,
frente a inércia do Poder Público em concluir as demarcações de suas terras. Esse trabalho
reúne as principais decisões sobre a permanência ou retirada das comunidades das áreas de
“retomada”. Esse trabalho objetiva (re)conhecer os elementos das representações jurídicas
e sociais de superioridade cultural, étnica/racial, frente aos direitos territoriais dos povos
indígenas, cuja reflexão reúne os aportes do pensamento decolonial.
Coordenadores:
Guillermo Padilla (Centro Profesional Indígena de Asesoría, Defensa y Traducción -
Colombia) e Dr. Ricardo Verdum (Universidade Federal de Santa Catarina – Brasil)
Resumo: Ao longo da história, é possível verificar a luta dos povos indígenas pela terra.
Desde o final do século XX, as reivindicações destes povos se tornaram frequentes, o que
contribuiu para modificações nas legislações. Com efeito, o direito à terra é garantido pelo
direito nacional e internacional. Ocorre que ao se tentar efetivar tal direito, defronta-se com
um cenário distinto, o que prova que a multiculturalidade ainda não é respeitada e deve ser
discutida. O objetivo deste artigo é discutir a efetividade do direito à terra dos povos indígenas,
observando-se, para isso, em que medida o referido direito é protegido pelo direito brasileiro
e internacional e o reflexo desta proteção no contexto de uma população específica, qual
seja, os índios Potiguaras. A investigação tem caráter qualitativo, partindo da análise de
documentos atinentes à legislação nacional e internacional e decisões jurisprudenciais.
Resumo: La Constitución Política del Estado de Bolivia en su Art. 1 establece que el Estado
Plurinacional se funda en la pluralidad y el pluralismo político, económico, jurídico, cultural y
lingüístico. Cabe preguntarnos, ¿Cuáles son las bases para la construcción plural del Estado en
Bolivia? En la visión de país establecida en el párrafo cuarto del preámbulo constitucional se
marca el comienzo de dicha construcción al señalar “Dejamos en el pasado el Estado colonial,
republicano y neoliberal…” y en el Art. 9.1 asimismo se establece como fin esencial del Estado:
“Constituir una sociedad justa y armoniosa, cimentada en la descolonización…”. En este
marco, desde la configuración de la pluralidad y pluralismo en Bolivia se busca discutir la
constitucionalización de las Justicias de los Pueblos Indígena Originario Campesinos como una
jurisdicción en igual jerarquía con la jurisdicción ordinaria, poniendo en debate los pluralismo
jurídicos emergentes en el marco de la propuesta de descolonización del Estado Plurinacional
de Bolivia, y a partir de ello plantear la urgente necesidad de descolonizar el derecho.
Resumo: O presente artigo tem por finalidade refletir acerca das mobilizações políticas realizadas
pelos Avá-Guarani do oeste do Paraná, afetados pela construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu
Binacional, em 1982. Para tanto, o foco temporal deste trabalho se situa em dois momentos: o
período pré e pós-construção da hidrelétrica, com a consolidação de um movimento Guarani
por terras, momento no qual os indígenas “aprendem” as táticas das agências dominantes
e geram estratégias específicas de luta territorial; e o período contemporâneo, no qual a
hidrelétrica se inscreve nas aldeias afetadas através de diversos projetos de sustentabilidade, o
que produz novas perspectivas territoriais por parte dos indígenas.
Coordenador:
Juan Jorge Faundes Peñafiel (Facultad de Ciencias Jurídicas, Universidad Católica de Temuco)
Resumo: El presente trabajo busca realizar una mirada crítica hacia la teoría de la
multiculturalidad desde la perspectiva del control cultural, apuntando hacia el rescate
de los elementos propios y la liberación de las categorías coloniales de raigambre liberal
Resumo: A comunicação a seguir reporta uma situação paradoxal, onde a aplicação de uma
política pública de valorização de étnicas vem a contribuir justamente para o fortalecimento
dos preconceitos e a baixa estima dos indígenas. Trata-se da execução da lei 11.645/2008
que visa valorizar a diversidade étnica e cultural ao instituir a obrigatoriedade do ensino de
história e cultura indígena e africana nos currículos do ensino público e privado do país.
Os indígenas do nordeste são recorrentemente acusados pelo senso comum e muitas vezes
por administradores e burocratas de serem “menos índios” que os demais povos indígenas
do país. Além dos fenótipos (cabelos lisos, pele avermelhada), outros estereótipos, entre os
índios do nordeste somente os Fulni-ô conseguiram preservar sua língua tradicional, o Yatê. A
obrigatoriedade de uso de ‘conteúdo indígena’ na lei 11.645 criou enormes dificuldades nas
escolas da região Nordeste, face a escassez de materiais didáticos referentes a história, cultura
material, rituais, mitos, artes e música disponíveis sobre aqueles povos indígenas. Os professores
indígenas foram forçados assim a recorrer conteúdos didáticos produzidos primordialmente
com indígenas da Amazônia, fazendo reforçar o estereótipo de que os Pankararu, Potiguara,
Xucuru e outros povos indígenas do Nordeste não seriam tão índios quanto aqueles cujas
tradições culturais se mostram como mais “exóticas” do que a dos indígenas do nordeste. Os
próprios professores ficaram assustados com os resultados vendo como uma lei voltada para a
valorização das tradições étnicas e culturais na verdade fez emergir uma gama de preconceitos
e coloca aos jovens indígenas graves problemas identitários, ameaçando a sua auto-estima e
colocando-os sob suspeita de manipularem indevidamente com a identidade de indígena.
A título de conclusão, destaco a importância de processos participativos e de consultorias
técnicas especializadas que evitassem que a execução de políticas públicas se tornasse um
lugar de homogeneização e empobrecimento da diversidade indígena, constitutiva do país.
Essa mudança no modo de abordar as ações do Estado, tomando como ponto de partida
um olhar multisituado, informado e participativo, é da maior importância para uma reflexão
crítica sobre os erros e acertos que tivemos até agora.
Resumo: Resumo Com o surgimento nas últimas décadas na América Latina, de uma
demanda por um Estado “pluricultural”, que expressa à mobilização dos povos indígenas e
suas reivindicações em matéria de reconhecimento de direitos constituídos anteriormente à
criação do Estado Nação, faz-se necessário questionar princípios e conceitos que têm ancorado
uma ordem jurídica excludente, que em face da diversidade, cada vez mais, demanda por novas
categorias e conceitos. Assim, esse trabalho tem como objetivo enfatizar a temática dos direitos
indígenas, destacando a emergência dos povos indígenas enquanto sujeitos políticos, em busca
de reconhecimento à diversidade cultural, política e jurídica. Para tanto apresentaremos estudos
de casos que tramitam no Judiciário brasileiro, apontando que, apesar do reconhecimento
formal dos direitos indígenas, estes ainda são desconsiderados, reconhecendo nestes casos a
importância de um re(pensar) para além do modelo de Estado vigente.
Autores: Gabriel Barbosa Gomes de Oliveira Filho; Marcela Munch de Oliveira e Silva
Resumo:A visão de mundo tida como orgânica passou a mecanicista, firmando-se após o século
XIX até a atualidade nos moldes cartesiano, quando a lógica da globalização e do capitalismo
dita as diretrizes para propagação do sistema universalista, individualista e etnocêntrico, com a
restrita capacidade de conceber o diferente a partir do ponto-de-vista do observador. Assim, o
diferente do universal/hegemônico torna-se obscurecido, sendo invisibilizado ou inexistente
nesse pensamento abissal. Mas, ocorre que inexiste progresso humano em sentido único,
sendo implausível ideal de totalidade, porque a diversidade que propicia o desenvolvimento,
remetendo-nos à necessidade de repensar o modo de conceber o outro.
Coordenadoras:
Esther Sánchez Botero (Assesora da Direção de Etnias do Ministerio do Interior e de Justiça
da Colômbia) e Rita Laura Segato (Universidade de Brasília – Brasil)
Resumo: Neste trabalho, sigo a indagação de meus interlocutores karajá sobre o assombroso
e inaudito surto de suicídios de jovens que tomou lugar em suas comunidades desde o ano de
2011. Ao fazê-lo, encontro a noção karajá de lei e a centralidade da ideia de “desobediência”
às normas de parentesco na autoexplicação do suicídio. Ou seja, a ideia de que uma norma
que não se atualiza, ou encontra obstáculos para se atualizar, conduz à autoeliminação. As
mortes autoprovocadas têm, em regra, como evento desencadeador, o desejo não satisfeito
dx jovem pela posse de algum bem de consumo industrial. Este desejo por um objeto de
consumo é visto aqui como uma espécie de enfeitiçamento. A vulnerabilidade espiritual que
torna possível esse enfeitiçamento e a consequente desistência da vida resulta precisamente
do estado de desobediência já estabelecido nas comunidades com relação às normas de
parentesco que antes garantiam a continuidade da existência como povo Karajá. Tal como
fazem meus interlocutores indígenas, percebo neste fato uma conjugação específica entre
“lei” e desejo, e enxergo um desejo que se desloca de uma “lei” - a norma de parentesco
Karajá- a outra “lei” - a da modernidade com seu valor no indivíduo e no consumo. Para
deslindar esta conjunção, lanço mão da ideia de Rita Segato de “projeto histórico”, na
inteligibilidade distinta que propicia da multiplicidade de formas deliberadas de habitar o
mundo e seus corolários de sentido da vida, vontade de existir e autoproteção.
Resumo: A proposta deste trabalho é refletir sobre as limitações e possibilidades das formas
institucionais de administração de conflitos socioambientais, com foco no reconhecimento
de direitos reivindicados por comunidades tradicionais. A discussão tomará como contexto
empírico o caso do Morro das Andorinhas, localizado na região oceânica do Município de
Niterói, RJ. A família que tradicionalmente ocupa o local desde o século XIX teve sua remoção
requerida no âmbito de duas ações civis públicas. Ambas as ações judiciais foram iniciadas com
base em denúncias sobre danos ambientais provocados por construções de alto padrão na encosta
do Morro das Andorinhas, uma área de preservação ambiental. No desenrolar das investigações,
a ameaça denunciada foi ofuscada pela possibilidade de um processo de “favelização” – como
foram inicialmente classificadas as 13 casas construídas pela comunidade no topo do Morro.
Ao longo dos processos judiciais, foi possível o reconhecimento do modo de vida específico da
comunidade, com base em trabalhos acadêmicos que atestavam que a permanência da família
havia possibilitado a regeneração da vegetação local e impedido a ocupação por estranhos.
Com isto, a comunidade inicialmente vista como invasora foi reconhecida como defensora
do ambiente local. Todavia, seu direito de permanecer no local onde estabeleceram sua forma
peculiar de vida ainda encontra obstáculos. As múltiplas formas de relação com a terra não
são acolhidas pelo olhar unitário do direito estatal que tem a propriedade como modelo
Resumo: Desde a década de 1970 que o Movimento Indígena no Brasil vem se consolidando
em escala nacional e, como corolário de intensa movimentação social, tem-se a conquista dos
direitos indígenas materializados nos Artigos 231 e 232 da Constituição de 1988. No entanto,
não é uma lei que determina quando e como o direito ao reconhecimento efetivamente
acontecerá no âmbito da reciprocidade/solidariedade entre indígenas e não indígenas. Estas
transformações demoram a acontecer, são lentas e graduais, e resultam de atitudes e ações
realizadas a cada dia nas escolas, na família, nas conversas entre amigos, nas universidades, nos
órgãos e espaços públicos, nas aglomerações sociais e contextos diversos. A garantia dos direitos
não representa, necessariamente, o reconhecimento da diversidade e dos direitos específicos
destes povos no âmbito da estima social (sem prejuízo do direito à igualdade), na perspectiva
do que Axel Honneth (2003) discute ao tratar da autoestima dos indivíduos organizados
coletivamente. Neste sentido, pretende-se propor uma reflexão necessária e importante sobre a
atuação do Movimento Indígena Brasileiro e a sua incessante busca por reconhecimento social.
Resumo: No julgamento sobre a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, o STF, além de não ter
ouvido outros saberes antes de decidir, partiu do pressuposto de que existiam somente questões
jurídicas a apreciar e estabeleceu a interpretação do art. 231 da Constituição Federal de acordo
ao que unilateramente supôs fosse a condição indígena no país. Ignorou assim especificidades
do Sul e Sudeste e esqueceu o longo período de colonialismo. Trabalhou, assim, com um
conceito de território mais palatável ao que entendeu ser interesse de soberania nacional, sem o
reconhecimento de outros saberes ambientais ou de outras conceições de territóro. Um processo
de colonização do direito resultante da falta de compreensão e reconhecimento da diferença.
Resumo: A partir das perguntas: “Quem são os humanos dos direitos?” e “Há (outros)
humanos para além da linguagem dos direitos?” este texto discorre sobre os limites da
noção de “humano” – e, portanto, da dignidade da pessoa humana – como princípios
Coordenadora
Ela Wiecko V. de Castilho (UnB)
Ementa: A mesa tem como objetivo proporcionar um espaço de diálogo e reflexão entre
pesquisadores e/ou profissionais que atuam na área da antropologia jurídica, especialmente,
que tenham como campo de estudo e práticas o acesso à justiça na América Latina, a partir
do reconhecimento do pluralismo jurídico e da interculturalidade. Nesse sentido, busca-
se possibilitar o intercâmbio de experiências e “olhares” sobre a efetividade dos direitos
territoriais (rural, urbano), questões de seletividade penal e heteronormatividade, bem como
promover um debate acerca da Justiça de Transição, que permita refletir a diversa e complexa
realidade latino-americana no contexto do “novo constitucionalismo latino-americano”.
Coordenadore(a)s:
Caroline Leal Mendonça CIMI/PE; Mariana Carneiro Leão Figueiroa FOCCA/PE; Saulo
Feitosa UFPE/ Campus Agreste
Resumo: Este artigo pretende trazer uma reflexão sobre a pesquisa e tese de doutoramento
em andamento que estuda o processo de consolidação das autonomias indígenas nas Terras
Comunitárias Originárias de Monte Verde e Lomerio a partir da elaboração de seus estatutos
e procedimentos diversos como assembleias e reuniões para encaminhamentos junto ao
Resumo: Direitos Fundamentais e Coisa Julgada são dois importantes valores jurídicos que
em princípio não apresentam antinomias entre si. Mas é possível vislumbrar situações em que
tais antinomias podem aparecer. Ficam, então, aparentemente contrapostos os conceitos de
efetividade da justiça e de segurança jurídica. Neste caso, o intérprete jurídico deve verificar
o procedimento correto a ser adotado para a adequada solução do conflito. O trabalho
também faz a análise da discussão existente acerca da chamada relativização da Coisa Julgada,
inserindo os Direitos Fundamentais em meio a tal discussão. Por fim, através da análise do
caso concreto do Direito à Informação Genética em face da Coisa Julgada, teremos maiores
noções acerca d posição que vem sendo judicada e deve se tornar um parâmetro para decisões
futuras da Justiça Brasileira.
Resumo: Este trabalho tem por objetivo abordar os direitos relacionados à diversidade de
gênero e de sexo da comunidade LGBT (lésbicas, gays e bissexuais, transexuais e travestis)
Através da análise doutrinária, legislativa e jurisprudencial será possível compreender como o
ordenamento jurídico brasileiro avançou na garantia e na manutenção desses direitos, posto
que não seria aceitável o Direito quedar-se inerte ante as demandas pungentes da sociedade.
No entanto, embora tenha havido muitos avanços, necessária crítica se faz ao Legislativo
brasileiro, que tem se posicionado de forma conservadora e moralista, impedindo muitas
vezes o avanço e ampliação da cidadania dessa comunidade. Entendendo que sem liberdade
sexual, o indivíduo não se realiza e não tem assegurada a sua dignidade humana, é preciso
ainda primar pela efetivação dos direitos já conquistados e pela conquista de novos direitos,
avançando principalmente na mudança de paradigma na sociedade, para que esta seja capaz
de reconhecer e legitimar o “direito à diferença”.
Resumo: O objetivo geral da presente pesquisa é abordar a violência contra a mulher como
um dos aspectos da assimetria de poder nas relações de gênero, nas quais, em muitos casos, ainda
impera o padrão heteronormativo, no qual o homem detém uma posição de dominação e a
mulher de subordinação. Para isso, o trabalho será dividido em três tópicos. No primeiro tópico,
a dominação masculina será descrita a partir das perspectivas da antropologia e da psicologia
evolutiva, para, posteriormente, serem confrontadas com estudos provenientes da sociologia
e da teoria queer. No tópico seguinte será abordada a Lei Maria da Penha, que foi criada,
no Brasil, com o objetivo de coibir a violência contra a mulher. Primeiramente, tal lei será
analisada com base na razão que levou ao seu advento: a violência como expressão da relação
desigual entre os sexos feminino e masculino (sistema binário). Posteriormente, será levado
em consideração o contexto atual, que implica o reconhecimento de novas subjetividades,
que estão para além do sistema binário; bem como, de novas configurações de relações, que
começam a questionar (ou reproduzir?) o padrão heterossexual, o que justifica a escolha do item
1 do eixo 5 para a apresentação da pesquisa. No último tópico, serão realizadas as considerações
finais. Com relação à metodologia, opta-se por realizar consulta bibliográfica, documental,
bem como pesquisa de campo em um Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher do Rio de Janeiro. Parte dos resultados encontrados serão analisados e colocados em
diálogo com o material proveniente das consultas bibliográfica e documental. Por fim, no que
concerne às referências bibliográficas básicas, são elas: LEOPOLDI, José Sávio. As relações de
gênero entre os caçadores-coletores. In: Sociedade e Cultura, vol. 7, n. 1, jan-jun 2004, p. 61-73;
GREGORI, Maria Filomena. Cenas e queixas: um estudo sobre mulheres, relações violentas e
a prática feminista. Rio de Janeiro/ São Paulo: Paz e Terra, 1993; MILLER, Alan S; KANAZAWA,
Satoshi. Por que homens jogam e mulheres compram sapatos: como a evolução molda nosso
comportamento. Rio de Janeiro: Prestígio, 2007; CAMPOS, Carmen Hein de (Org). Lei Maria
da Penha comentada em uma perspectiva jurídico-feminista. Rio de Janeiro: Editora Lumen
Juris, 2011; PRECIADO, Paul Beatriz. Manifesto contrassexual. São Paulo: n-1 edições, 2014;
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
Resumo: Em face dos movimentos político-jurídico surgidos, nas últimas duas décadas, na
América do Sul, parece-nos fulcral perceber as tendências, em particular, no Brasil, do novo
momento constitucional e como elas deparam-se com os resquícios coloniais da formação
do Estado. As novas constituições, em especial, as da Bolívia, Equador e Venezuela, compõem-
se neste movimento chamado de “novo constitucionalismo latino-americano”, que propõe
a fundação de um novo Estado, o Estado plurinacional. Tal constitucionalismo aponta para
o reconhecimento da conformação plural das sociedades em todos os seus aspectos sociais,
jurídicos, políticos, econômicos e culturais. O reconhecimento dessa coexistência plural exige
condições sociojurídicas, além de instrumentos legais, que fundem ou ampliem um modelo
de organização social e mecanismos à promoção da realização e do respeito aos mais diversos
grupos sociais no território nacional. Considerando o processo constitucional brasileiro que
se dá num ciclo anterior aos daqueles países, o presente ensaio propor-se-á a uma reflexão
acerca do(s) hiato(s) presente(s) entre o parâmetro acadêmico de um novo dever ser pensado
no Sul e a realidade cotidiana do acesso ao Estado. Seguindo uma abordagem antropológica
far-se-á um recorte dos desafios e dilemas da relação intercultural – em sua gama de conflitos
e mediações – dos universos simbólicos urbanos e rurais no Brasil. A tradição da imposição
e opressão cultural levaram os migrados do campo a coexistirem com uma diversidade de
padrões normativos que, além de reproduzirem as mazelas sociais, limitam/reduzem a justiça
aos termos do monismo jurídico (Direito moderno ocidental), invisibilizando o carácter
plural das praticas comunitárias e o próprio pluralismo jurídico.
Resumo: O acesso à justiça depende da distribuição racional das estruturas ligas ao sistema
de justiça ao longo do território. O território adequadamente compreendido pode ser chave
para a produção de igualdade social (AVRITZER et al, 2011) ou pode se instrumento d
segregação, imobilismo social e negativa de acesso à justiça. Não obstante, a noção espacial
de distribuição da justiça ainda se encontra excessivamente atrelada à ideia de espaço-físico,
o que tem impedido discussões produtivas a partir da consideração de que o “espaço é
uma expressão da sociedade” (CASTELLS, 1996, p. 499). Dentro dessa perspectiva, o texto
propõe discutir o acesso à justiça, via tutela coletiva de direitos, procurando demonstrar
que o enraizamento da ideia de espaço-físico em relevantes institutos do processo coletivo
tem dificultado a construção de um acesso à justiça mais efetivo e igualitário. Assim, o
texto propõe crítica ao critério de competência absoluta do juízo do local do dano para
processar e julgar as ações civis públicas (ACP’s) (art. 2º da Lei n. 7.347/85 - LACP), bem
assim o da adstrição dos efeitos da decisão ao âmbito territorial juízo prolator da decisão (art.
16 da LACP), buscando demonstrar que uma compreensão sociocultural do espaço pode
trazer importantes reflexos no acesso à justiça. Para tanto, será utilizado como referencial
teórico o pensamento de Castells (1996), que aponta que a sociedade que se despontou
no início do século XXI é uma sociedade essencialmente estruturada em rede, capaz de
estabelecer interações sociais à distância, a partir da dimensão de espaço de fluxos. Portanto,
a problemática que se pretende discutir no presente texto se refere à possibilidade de se
melhorar o acesso à justiça a partir de uma perspectiva de espaço de fluxos, superando as
peias do espaço-territorial impostas no artigos 2º e 16 da LACP. A hipótese que se apresenta
é a de que o sistema jurisdicional já se organiza em rede, não havendo qualquer razão prática
em se segmentar, seja no campo da atribuição de competências para apreciação das ACP’s,
seja na limitação dos efeitos da coisa julgada naquelas ações, as conexões estabelecidas pela
rede jurisdicional, em detrimento de uma adequada tutela de direitos coletivos. A percepção
da dimensão do espaço dos fluxos parece promissora e plenamente capaz de melhorar a
qualidade de acesso à justiça, e tema de tutela coletiva de direitos, na medida em que poderá
permitir que as regiões mais pobre do país recebam os influxos positivos de advindos de
outros nós da rede integrantes sistema jurisdicional. A primeira parte do texto trabalhará
com a teoria da sociedade em rede, explicando como a tecnologia da informação provocou
a ressignificação do espaço, a partir da ideia de espaço dos fluxos. Em seguida, passar-se-á a
expor como o tratamento legislativo da competência nas ACP’s e a limitação territorial dos
efeitos da coisa julgada nas ações coletivas têm fragmentado a tutela coletiva de direitos,
contrariando a noção gregária dessa espécie de tutela e os intercâmbios que são produzidos
entre os espaços dos lugares e dos fluxos que compõe a rede do sistema judiciário.
Resumo: A presente proposta traz um olhar acerca das construções sobre o corpo das
mulheres negras, como lócus de permissão e violência, e como o universo jurídico tem
se relacionado com esta realidade. Parece haver uma permissão silente na manutenção da
situação de vulnerabilidade das mulheres negras. Essa manutenção pode estar relacionada à
uma mentalidade que traz em seu bojo um racismo patriarcal que não percebe neste grupo
populacional um sujeito histórico, cujos direitos humanos tem sido sistematicamente violados.
Os imaginários construídos sobre o corpo das mulheres negras no Brasil, sempre esteve
relacionado como um lugar de permissão. Objetizado e coisificado, este corpo negro ficou
sujeito a todas as formas de violação de direitos (latu sensu). O universo jurídico poderia
funcionar um espaço capaz de promover a igualdade racial e enfrentar os crimes raciais e
de gênero cometidos. Porém, dentro de uma sociedade onde os valores do racismo e do
patriarcado estiveram tão presentes, a confiança neste Estado democrático de direito como
promotor da igualdade de fato fica questionada e se este Estado pode representar uma sede
segura de promoção de justiça social. A temática sobre as mulheres negras e o sistema de justiça
brasileiro possui uma escassa bibliografia e a necessidade de produção acadêmica nesse sentido
torna-se (também) uma das principais justificativas para o desenvolvimento deste trabalho.
A universidade, como lugar de produção e troca de saberes, deveria estar conectada com a
realidade social, política e jurídica que vivem na comunidade política que está inserida. A
formação do pensamento jurídico no Brasil não está deslocada desse contexto histórico e
social que conta a historiografia oficial da sociedade brasileira. A história das mulheres negras é
marcada por profundos silêncios e invisibilizações que não traduzem a luta desempenhada por
estas ao longo da história no Brasil. O que se questiona é a possibilidade de, através do direito
positivado pelo Estado, se desconstruir essa cultura de violência contra as mulheres negras. O
racismo patriarcal treina os olhos de uma sociedade que permite (ainda que por denegação) a
violência contra as mulheres negras. Uma análise de como (e se) as relações etnicorraciais e de
gênero influenciam as decisões judiciais, é uma rede complexa que exige uma visita ao campo
de muitas ciências para que trazer uma reflexão sobre esta realidade. O direito, como produto
cultural de uma dada sociedade, traz consigo os componentes culturais, sociais e políticos que
desta sociedade que está inserido. A maneira pela qual a história do Brasil se constitui traz
alguns elementos que ajudam a refletir como os imaginários construído sobre as mulheres
negras podem estar relacionados à não garantia dos seus direitos humanos.
Resumo: Os Avá-canoeiro do Araguaia foram contatados por uma violenta frente de atração
da FUNAI (...) diversos tipos de exclusão e privação. O grupo se reproduziu assim mesmo,
demonstrando extraordinária resiliência, e desde 2009, com a consti uição de um grupo técnico
para identificação de uma terra indígena, os Avá aguardam o retorno à terra perdida. Em 2012,
o Ministério Público Federal ajuizou uma ação por danos mo rais contra o Estado brasileiro e
o caso avá mereceu destaque no relatório da Comissão Nacional da Verdade em 2014.
Palabras claves: Justicia Transicional, género, mujeres, justicia penal, verdad, reparación,
reformas institucionales.
Resumo: O presente artigo visa analisar a luz da teoria critica dos direitos humanos o Relatório
Final da Comissão Nacional da Verdade sobre as violações dos direitos humanos dos povos
indígenas cometidas por agentes do Estado brasileiro durante o período da ditadura civil-militar.
Com o processo de redemocratização brasileiro, a partir da Constituição Federal de 1988,
implicou na reinserção do país no cenário internacional de proteção aos direitos humanos e na
prevalência dos mesmos nas relações internacionais e tem como fundamento a prevalência dos
direitos humanos. O Presente artigo trata de aprofundar os impactos da ditadura civil-militar
no Brasil diante da política indígena, recuperando-se para isso os documentos e resultados da
Comissão Nacional da Verdade e da Comissão da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça,
em sessão realizada em setembro de 2014, ao reconhecer que o povo indígena Aikewara,
também conhecido como Suruí, da Terra Indígena Sororó, no sudeste do Pará, foi vítima de
maus tratos, violências, e torturas, com privação de água, comida e sono, durante a Guerrilha
do Araguaia, no período da ditadura militar, concedeu anistia a 14 (quatorze) membros dessa
etnia. De igual modo, pretende-se fazer uma análise crítica dos limites e possibilidades da justiça
de transição no âmbito dos limites institucionais do Estado brasileiro, problematizando sobre os
limites da Justiça de Transição no Brasil no que diz respeito ao reconhecimento da dimensão
coletiva destas violações e de formas adequadas de reparação.
Autores: Vania Rocha Fialho de Paiva e Souza; Monica Maria Gusmão Costa
Resumo: A Justiça Juvenil Restaurativa denota uma sistematização ainda atual e incipiente
de assunção de novos mecanismos plurais de acesso à justiça ao jovem. Na América Latina,
a grande quantidade de jovens em relação aos países anglo-saxões se desdobra em diversos
impasses a serem transpostos e geridos internamente, devido ao modelo estatal tradicional de
Justiça Retributiva. Tem-se que a Justiça ao Jovem não é apenas uma prerrogativa do Poder
Judiciário, mas que impende para uma gestão democrático-compartilhada da administração
da Justiça, considerada por uma ampla perspectiva de atuação do Poder Executivo, Legislativo
e Judiciário em suas várias esferas federativas. Visa-se, com este artigo, problematizar o acesso
plural à justiça, compreendido como conjunto de medidas em caráter de política pública de
tripla intervenção, no âmbito da prevenção, gestão e solução de conflitos sociais. Será analisado
o papel do eixo de acesso à justiça do Sistema de Garantia de Direitos (SGD) da Criança
e do Adolescente no Brasil e outros sistemas análogos em países diversos, principalmente
do Cone Sul, em conformação a uma Justiça de efetivação de direitos aos jovens, com
enfrentamento das desigualdades sociais, econômicas, políticas e culturais introjetadas em um
modelo arcaico de “etiquetamento” das diferenças e do “outro” social.
Resumo: A proposta tem como objetivo refletir a cerca do acesso à justiça penal na prisão.2
A dogmática parte da construção de que o acesso à justiça deve ser compreendido como o
direito fundamental de viabilizar materialmente a defesa criminal. Isto é, corresponderia a
um mínimo existencial, garantidor da dignidade humana do indivíduo privado da liberdade,
sendo indispensável para o desenvolvimento do devido processo legal, efetivação das garantias
processuais, acesso aos tribunais e a proteção dos direitos humanos (CAPPELLETTI; GARTH,
1988; CANOTILHO, 2011; GIACOMOLLI, 2014; LOPES JUNIOR, 2015; SOUZA, 2011). No
entanto, uma adequada proposta de reflexão quanto ao tema, precisa partir de uma análise
crítica do direito penal (BARATTA, 2011; CASTRO, 2005; CARVALHO, 2013; BATISTA,
2011; SINHORETTO, 2014), no seguinte sentido: o sistema de justiça criminal é seletivo; os
ideais liberais de direitos humanos, interessados na limitação do estado penal, obscurecem a
eleição não igualitária de bens e indivíduos a serem protegidos; o cárcere, além de comportar
a seletividade de sua clientela, não possui mecanismos e uma estrutura que viabilize o acesso à
justiça, ou seja, não há espaço para diálogo, compreensão e construção de uma defesa processual
e, por conseqüência, de um processo penal que se intitule comprometido com as normas de
direitos humanos (RUDNICKI, 2001; RUDNICKI; SHROEDER, 2012; MELLO, 2013; MELLO,
RUDNICKI, SCHROEDER, 2015). Para subsidiar tais reflexões, parte-se de pesquisa empírica em
desenvolvimento na Penitenciária Feminina Madre Pelletier (PFMP), localizada na cidade de
Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Elege-se a abordagem qualitativa (DESLAURIERS; KÉRISIT,
2015, p.130), tendo em vista que este estudo objetiva a compreensão de um fenômeno social,
Resumo: O novo Código de Processo Civil apresenta algumas mudanças relevantes para
o universo jurídico, um dos pontos de destaque é sobre a questão das formas alternativas
de resolução de conflitos, podendo ser considerado como marco normativo para o meio
consensual de resolução de conflito, pois traz em seu corpo a normatização de mediação e
conciliação, com a perspectiva de inovar, tema este de grande investimento no mundo todo.
Normatizar a conciliação e mediação visa mudar a questão do protagonista do processo judicial,
assumindo essa posição as partes, pois as mesmas tem papel importantíssimo na resolução
pacífica de resolução de conflitos, onde o interesse das partes prevalece. Esse artigo tem como
finalidade expor sobre as formas alternativas de resolução de conflitos no novo Código de
Processo Civil como meio de acesso à justiça, onde a efetivação dos direitos das partes seja
eficaz, buscando a concretização da paz social independente do processo, pois a morosidade
do mesmo apresenta aspectos negativos tanto para juiz quanto para as partes. Será apresentado
através de princípios constitucionais e processuais que a mediação e conciliação podem ser
uma solução alternativa, eficaz e consensual das demandas apresentadas ao Poder Judiciário.
Resumo: O objetivo desse trabalho é o de refletir acerca dos desafios que o quadro
teórico proposto pelo novo constitucionalismo latinoamericano apresenta ao judiciário,
designadamente, no âmbito dos debates em torno do recrutamento da magistratura no
Ementa: Uma das características comuns que pode ser verificada nos mais recentes processos
constituintes da América Latina é o reconhecimento, por parte dos Estados nacionais, das
normatividades tradicionais dos povos originários, assim como de suas formas de aplicação do
justo. Ocorre que tais povos sempre possuíram suas próprias normas e exerceram suas próprias
formas de administração de justiça, a despeito da pretensa unidade jurídica e jurisdicional que
fundamentam a concepção unicista do Estado moderno, que sempre buscou invisibilizar a
diversidade deste continente. As rupturas ao unicismo estatal na América Latina ocorrem em
diferentes contextos e complexos processos sociais, sendo que buscamos realizar discussões e
reflexões acerca das jurisdições indígenas em uma perspectiva latino-americana e decolonial
Coordenadores:
Rosembert Ariza Santamaría (ONIC/IIDH/Universidad Nacional da Colombia/Universidad
de Santo Tomás) e Manuel Munhoz Caleiro (PUCPR)
Resumen: La exigencia sobre el debido proceso es quizás el efecto más consolidado del
garantismo penal occidental. Tanto así que podría enumerarse una considerable serie de
instituciones o procedimientos asociadas con él y que, en algunos casos, califica la calidad
misma de la democracia. Ello no obstante, cuando se pretende aplicar este conjunto de
instrumentos al derecho propio indígena u originario, emerge con toda claridad el abismo
que separa tanto la comprensión del control social como el sentido de la pena o el castigo entre
estas culturas. Tanto así que, para algunos, estos dos sistemas podrían llegar a considerarse
como irreductibles. La jurisprudencia constitucional colombiana ha intentado salvar este
hiato, especialmente en lo que tiene que ver con el control a eventuales violaciones a derechos
fundamentales de miembros de las comunidades indígenas, mediante la comprensión del
debido proceso como lo previsible en cualquier cultura, en un plano de lucha contra la
arbitrariedad. La presente ponencia explora las fortalezas y debilidades de esta aproximación,
en especial atendiendo a las posibilidades de crear en el continente americano una dogmática
en torno a los derechos étnicos que supere las limitaciones tradicionalmente asignadas al
multiculturalismo. Para ello, inicialmente, se revisan algunas sentencias paradigmáticas en
Resumen: La ponencia tiene como centro de análisis la actuación del Poder Judicial peruano
en relación a la diversidad cultural existente en el Perú, lo que conlleva a una impartición de
Ementa: A mesa pretende discutir de que modo as lutas jurídicas, políticas e simbólicas
indígenas e afrodescendentes se interseccionam em suas diferentes especificidades. Utiliza-
se aqui a ideia de Kimberle Crenshaw de que diferentes eixos de subordinação geram
consequências estruturais e dinâmicas que resultam em ações jurídicas e políticas específicas,
o que leva à opressões e se constituem em aspectos dinâmicos do desempoderamento. A
mesa pretende discutir em termos teóricos, epistemológicos e empíricos de que modo esse
desempoderamento tem sido construído no âmbito da política e do direito, indicando
alternativas para que o reconhecimento das diferentes formas de criar, fazer e viver desses
grupos se constitua em instrumento de empoderamento dos mesmos.
Coordenadore(a)s:
Lilian C. B. Gomes (OJB/CES-AL e UNIFENAS/ISTA); Marcus Abílio Gomes Pereira (UFMG);
Rogério Duarte do Pateo (UFMG)
Resumo: O contexto rural brasileiro revela importante atuação das mulheres rurais,
especialmente na agricultura familiar contemporânea. Trata-se de uma realidade em que
as atividades femininas são diversificadas e indispensáveis para a manutenção econômica
e social das comunidades do campo. Apesar disso, prevalece o tratamento discriminatório
e marginalizante quanto à mulher rural, inclusive em relação ao acesso aos direitos. Nesse
sentido, objetiva-se desenvolver uma abordagem dos direitos agrários que consagrem as
mulheres camponesas, com atenção à pluralidade que as caracterizam. Suas peculiaridades
internas são consideradas nessa reflexão sobre as influências do discurso jurídico quanto à
efetivação do princípio da igualdade de gênero. Parte-se da hipótese de que a mulher rural
ainda é colocada em posição subalterna, tendo mais dificuldades de acesso aos serviços de
extensão rural, aos serviços de orientação para que realizem suas próprias técnicas agrícolas e
à titulação da terra do que os homens. O debate considera uma visão feminista da justiça e do
direito que não implique, necessariamente, em se apontar pretensiosas soluções institucionais
e unilaterais para os problemas enfrentados pelas mulheres rurais. Mas, ao contrário, que a
crítica jurídica possa se embasar na perspectiva feminista, que reconheça as peculiaridades das
demandas femininas no campo, viabilizando a participação de mulheres rurais nos espaços de
tomada de decisões acerca de políticas públicas e legislações relacionadas ao espaço rural. O
11. MISS PARAÍBA TRANS E TOP DRAG PARAÍBA: NOTAS ETNOGRÁFICAS DE UMA LUTA POR
RECONHECIMENTO
Resumo: O presente trabalho aponta para a especificidade da luta pelos direitos humanos
dos movimentos LGBTs no Brasil e a forte tensão com os setores mais conservadores,
sobretudo o religioso, junto ao legislativo. Sob o respaldo de um discurso retórico de
“inconstitucionalidade” instrumentaliza-se o direito para o estudo da letra, retirando-o do
campo ético para ocultar a centralidade da influência religiosa. Assim, buscamos explicitar
por um lado, a tensão entre o discurso da legitimidade dos direitos das minorias sexuais e os
fundamentos contrários ao seu reconhecimento; e por outro, indicar como os movimentos
LGBTs constituem-se enquanto sujeitos coletivos de direito na luta por reconhecimento no
Brasil contemporâneo.
Palavras-chave: Direito penal; Direito das mulheres; Criminologia feminista. Sistema penal.
Resumo: O trabalho busca apresentar como o pertencimento religioso funda uma comunidade
e de que modo a luta pelo candomblé cria um quilombo na cidade, bem como, um processo
Ementa: Partindo de uma concepção alargada de acesso à justiça, o eixo do Direito Achado
na Rua busca debater a justiça a partir de uma tripla perspectiva: a) de crítica epistemológica,
compreendendo que o direito constitui-se enquanto enunciação de princípios de uma legítima
organização social da liberdade, situando-se, assim, para além da sua dimensão normativa e
institucionalizada, sem ignorá-la; b) de crítica das instituições do sistema de justiça, a partir da
compreensão de um acesso que transforme a justiça acessada, revelando barreiras institucionais
à efetivação de direitos humanos, como aspectos de colonialidade e de cultura autoritária; e
c) de afirmação da práxis dos movimentos sociais em sua capacidade instituinte de direitos,
e como fundamento para uma revolução democrática da justiça, aqui compreendendo as
organizações de mulheres, da juventude, do campo e da cidade, dentre outros.
Coordenadore(a)s:
José Geraldo de Sousa Junior (UnB), Alberto Filippi (Universidad Nacional de Córdoba/
Universidad de Buenos Aires) e Bistra Stefanova Apostolova (Universidade de Brasília)
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar o acesso à justiça no Estado
Contemporâneo como requisito fundamental de um sistema jurídico igualitário e evoluído,
considerado basilar para o respeito aos direitos humanos, Contudo, este vem sendo
prejudicado devido à ineficiência do sistema de justiça atual. Da mesma forma, será abordada
a humanização no tratamento de conflitos por meio das novas formas de tratamento e
Resumo: Propõe-se a dialogar acerca dos grupos vulneráveis, que carecem de uma maior
atenção: as comunidades ribeirinhas. Dado que as mesmas são diretamente impactadas pela
construção das barragens e cujos direitos são constantemente violados. Observar-se-á possíveis
relações entre as comunidades tradicionais e a biodiversidade, com incidência do âmbito jurídico.
A partir da visão dialética e abordagem sociológica do direito proposto por Roberto Lyra Filho
busca-se a discussão jurídica da proteção dos direitos das minorias, difusos contrastantes com o
conflituoso empreendimento hidrelétrico, que pela lógica do capital, da lucratividade, coisifica
o outro, e que tende a tornar invisíveis os sujeitos coletivos afetados.
Resumo: A noção de que movimentos sociais são capazes de instituir direitos – enunciá-
los e efetivá-los socialmente - requer uma compreensão ampliada do que se entende, afinal,
por Direito. Se o fenômeno jurídico está reduzido ao conjunto de normas abstratas e gerais,
produzidas e chanceladas pelo Estado, buscando a “pacificação social”, não se pode atribuir
à sociedade civil organizada qualquer aptidão ou status de fonte do Direito. Por outro lado,
se compreendermos o fenômeno jurídico como um produto dialético em constante (re)
construção e que emerge dos conflitos existentes no seio da sociedade, é possível compreender,
assim, que movimentos sociais possam ser sujeitos instituintes de direitos. Desse modo,
partindo-se da teoria crítica do direito e do referencial teórico do Direito Achado na Rua,
a presente investigação pretende reconhecer no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
(MTST) do Distrito Federal (DF) um sujeito coletivo de direito, capaz de produzir o direito
à moradia e à cidade, por meio de sua ação coletiva. A partir do estudo de caso da ocupação
Novo Pinheirinho, realizada pelo movimento na cidade satélite de Taguatinga-DF, em
janeiro de 2013, este trabalho busca avaliar as principais conquistas advindas dessa ocupação,
bem como investigar o processo pelo qual as necessidades do movimento social vão sendo
transformadas, pouco a pouco, em direitos reconhecidos e efetivados socialmente.
Resumo: A Educação Jurídica há muito vem sendo traçada como um espaço deficiente,
anacrônico e , conservador, voltado para a reprodução do conhecimento; que privilegia
o caráter privatista, individual e unidisciplinar do Direito. Tal estrutura pedagógica tem
falhado em preparar profissionais capazes de dar conta das importantes mudanças ocorridas
na estrutura democrática do país, e da inserção dos novos sujeitos coletivos que pleiteiam
e constroem novos direitos. Nesse sentido, a extensão universitária, em especial os grupos
de Assessoria Jurídica Universitária Popular tem se mostrado local privilegiado para o
desenvolvimento de novas práticas, dos chamados “serviços legais inovadores”, e para a
inserção das terias críticas do direito na formação dos juristas. O presente trabalho, a partir de
uma pesquisa de base qualitativa desenvolvida com profissionais egressos do Serviço de Apoio
Jurídico da UFBA,retoma a categoria de habilidades proposta por Roberto Ramos de Aguiar,
como chave de análise; permitindo vislumbrar, através dos discursos destes profissionais a
experiência extensionista como promotora de princípios como o do acesso à justiça e da
garantia dos direitos humanos.
Resumo: Toda a atuação do movimento LGBT e feminista sempre foi acompanhada pela
articulação religiosa e pelos constantes embates entre esses atores que disputam a superação ou
manutenção de valores e normas sociais. No último quarto de século, o reposicionamento de
ambos os setores na arena política, evidenciou o debate sobre as diversas possibilidades de vivência
do gênero, da sexualidade e da religião. Estes temas sempre foram tratados como pertencentes
a esfera privada da vida dos indivíduos, mas, em verdade, nunca saíram do público e, mais do
que nunca, passaram a compor as agendas em diversos espaços de poder. É no contexto das
lutas protagonizadas pelos movimentos sociais, notadamente os movimentos LGBT, feminista e
de religiões de matriz africana, que a laicidade estatal começa a ser discutida no Brasil, não mais
apenas enquanto princípio, mas em seus pormenores, para definir limites necessários à defesa
do direito de crença e não crença de todos, além de impedir que dogmas religiosos orientem
as ações do Estado e limitem a cidadania das pessoas que não seguem os valores professados por
religiões majoritárias. Os contornos que o Estado laico poderá ganhar como consequência dos
atuais debates interessam a religiosos, minorias políticas e a toda a sociedade, posto que trata-
se de pilar da democracia moderna, que, se desrespeitado, pode dar lugar a intolerância e ao
terror. O presente artigo analisa algumas das principais tensões contemporâneas envolvendo a
laicidade estatal, de modo a evidenciar a contribuição dos movimentos sociais nesse contexto,
além de descrever o atual estágio de (des)construção do Estado laico brasileiro
Resumo: En las últimas décadas – las primeras del siglo XXI – es posible identificar un proceso
de organización económica de “catadores de recicláveis” (recicladores) no Brasil alrededor de
la participación en el mercado de reciclados. En específico, Distrito Federal es um palco de
complexo, en lo que es creciente el desarrollo de redes de comercialización de reciclados desde
asociaciones e cooperativas de trabajo. Al mismo tiempo en lo que trabajadores y trabajadoras
pobres se asocian desde una perspectiva económica, multiplas y complexas interfaces son
hechas, sea con el Estado (que tutela la organización de la prestación del servicio público de
saneamento, donde son extraídos los materiales de reciclo, y que tutela las políticas de asistencia
social), sea con otros atores del ciclo produtivo. Con esta ponencia, desde la perspectiva teorica
del “Derecho desde las Calles”, se busca apontar en cenas del proceso histórico reciente de lucha
por reconocimiento de trabajadores y trabajadoras como sujeto de derecho, como prestadores
de servicios públicos, las singularidades del conflicto político entre Estado y cooperativas de
trabajo a partir de la creciente, pero irregular, organización económica y política de recicladores
y recicladoras en el territorio urbano del centro de Brasil.
Resumo: O presente trabalho busca tratar da influência do poder econômico – junto a suas
implicações culturais, correlacionadas às relações de produção – nas instituições democráticas,
legitimando e naturalizando práticas opressoras levadas à frente por órgãos do Estado em suas
mais diversas estruturas. Analisa-se, nesse sentido, como o mercado usurpa a democracia de
maneira a desconsiderar categoricamente diplomas constitucionais, muitos deles considerados
já consolidados por alguns estudiosos e estudiosas, a exemplo da própria Constituição de 1988.
Resumo: O presente artigo tem por objetivo verificar a atuação do Sistema de Justiça
enquanto indutor de políticas públicas de Acesso à Justiça frente às demandas do Poder
Executivo na pauta de Direitos Humanos. Por se tratar de estudo preliminar, objetivamos
apresentar uma metodologia explicativa, acrescido da pergunta que propomos responde
(mais do que formular e testar uma hipótese). Nossa pergunta principal é: quais as ações
e como se dá o comportamento do Sistema de Justiça frente a demandas de Direitos
Humanos trazidas pelo Poder Executivo? Partiremos da análise dos casos de violações de
Direitos Humanos tratados pelo Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos
(PPDDH), cuja execução cabe à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
(SDH/PR). O PPDDH tem por objetivo proteger Defensoras e Defensores de Direitos
Humanos que se encontrem em situação de risco ou vulnerabilidade ou sofrem violações
de direitos em função de sua atuação e atividade enquanto tal, de acordo com o Decreto
n. 6.044/2007. Ainda segundo o decreto, Defensores de Direitos Humanos são todos os
indivíduos, grupos e órgãos da sociedade que promovem e protegem os direitos humanos
e as liberdades fundamentais universalmente reconhecidos. Atualmente, o PPDDH protege
213 Defensoras e Defensoras de Direitos Humanos, que atuam em distintas áreas, sendo
que o maior número são lideranças da luta pela terra e território, lideranças de comunidades
indígenas e comunidades quilombolas. Uma das medidas de proteção utilizadas pelo
programa é justamente o acionamento do Poder Judiciário para a reparação de violações
sofridas, a responsabilização dos autores das ameaças e outras violações ou ainda a restauração
de direitos daquela liderança e/ou da comunidade em que atua. Para tanto, pretendemos
utilizar a metodologia de estudo de caso, especificamente o process tracing para verificar, a
partir da provocação do Poder Executivo -por meio da atuação do PPDDH- qual a sucessão
de eventos ocorridos no âmbito do Sistema de Justiça, para responder àquela demanda.
Procuraremos compreender os processos causais que estão interligados à provocação
inicial pelo PPDDH, sem, entretanto, analisar a qualidade da prestação jurisdicional em si.
Ementa: La Mesa parte de dos paradojas vigentes en América Latina. La primera, como
intelectuales hablamos y reconocemos en nuestros países la vigencia de un discurso acerca
del pluralismo jurídico. Sin embargo, en su gran mayoría los hechos criminales siguen
siendo juzgados por tribunales creados por un derecho que niega en la práctica la existencia
de diversidad de visiones de mundo y desde un sistema de estado moderno con base en
nociones universalistas de sujeto político; delito; bienes jurídicos; castigo, etc. La segunda
paradoja es principalmente política, ya que cuando el Estado aprueba las políticas públicas
de reconocimiento de la diversidad étnica y cultural y sin embargo omite considerar la
especificidad de los derechos específicos de indígenas, no sólo comete una violación de
derecho, sino que ello constituye un ejercicio claro y sistemático de violencia de ley Desde
esa perspectiva, el derecho al acceso a la justicia también se encuentra interpelado. Para
garantizar una adecuada administración de justicia ¿es preciso que el Estado intervenga
respetando los derechos de los indígenas como sujetos individuales? ¿Cómo interactúan
estos derechos con los reconocidos a los pueblos indígenas como sujetos colectivos? ¿Cómo
garantiza el Estado el derecho al acceso a la justicia, respetando el pluralismo jurídico a la
vez que arbitrando los medios para que se brinde un servicio de justicia, si las demandas de
los pueblos indígenas así lo indican? ¿Cómo procede el Estado cuando es enjuiciado por los
pueblos indígenas en defensa de sus derechos colectivos e individuales?
Coordenadore(a)s:
Morita Carrasco, Fernando García e Silvina Ramírez
Resumo: A pretensão deste artigo é analisar em que medida são identificados os fenômenos
do pluralismo jurídico e da reflexão sobre os direitos humanos nos julgamentos sobre
Resumen: Argentina es uno de los países donde los pueblos indígenas han sido invisibilizados
bajo el imaginario de que su población es producto de un crisol de razas europeas. Sin
embargo, el país tiene alrededor de treinta pueblos indígenas y se hablan más de quince
lenguas originarias. Los derechos Lingüísticos de los pueblos indígenas, establecidos en la
normativa constitucional e internacional de derechos humanos, en el que se encuentra el
acceso a la justicia, son vulnerados sistemáticamente en el sistema jurídico argentino. Un
ejemplo de esto es que desconoce la necesidad de contar con intérpretes especializados en
lenguas indígenas en los registros oficiales. Los casos más conocidos de esta vulneración son
de mujeres hablantes de lenguas originarias: quechua, qompi, hecho que particulariza la
problemática y demuestra la relación de mujer y lengua. En este sentido, la discriminación
lingüística, racial y de género que analizaremos en la ponencia serán trasversalizados por
la normativa penal argentina y procesal penal de cada provincia, a su vez vinculados a los
estándares internacionales de derechos humanos en esta materia. Para cumplir nuestro
objetivo, estudiaremos los casos de Reina Maráz Bejarano y LNP vs Argentina, desde una
dimensión crítica del derecho que vincula la discriminación racial, de género y lingüística de
los operadores judiciales.
Resumo: Esse trabalho tem como principal objetivo fazer uma leitura crítica da Declaração
dos Direitos Indígenas, promulgada em 2007, a Constituição Brasileira de 1988 e Estatuto
da Criança-ECA .No ECA as mulheres não estão contempladas, no entanto, isso não se repete
nas outras acima citadas. Notamos claramente que os direitos dos jovens indígenas não tem
uma preocupação mais detalhada, ela é apresenta num conjunto de normas e direitos que
vai desde a questão de gênero aos direitos das crianças, os jovens ficam na passagem destes
dois estágios de vida. Será que esse tempo em transição que caracteriza a juventude não
necessita de um olhar mais detalhado e com preocupações mais especificas? Por que colocar
três categorias sócias tão distintas no mesmo patamar de proteção e de direitos? No que se
assemelham? É nesse conjunto de normas e leis que tem como objetivo a proteção integral
da criança, adolescente e mulheres que se baseia esse trabalho, com o intuito de tentar fazer
uma análise crítica de categorias sócias que tem como tradição serem “tuteladas”.
Resumen: En 2010 un niño indígena de cinco años fue brutalmente asesinado en un monte
cercano a la aldea donde vive su familia. La investigación policial se inició de inmediato al
descubrimiento del cuerpo. Se realizaron pericias criminalísticas y forenses. La información
resultante dio cuerpo a un expediente caratulado “JJ c/ abuso sexual c/acceso carnal y
homicidio”. con actuaciones que van desde el 11 de marzo de ese año hasta el 6 de enero de
2011, fecha en que se suspende la investigación, sin resultado alguno. Entre 2011 y 2014 se
suceden demandas de la familia del niño y de las autoridades indígenas dirigidas al Juzgado
donde se había radicado la causa judicial. Con intención de obtener algún indicio, varios
jefes de aldeas vecinas se reunieron en asamblea; algunos jóvenes de la comunidad recogieron
testimonios de los pobladores; dos organizaciones externas al caso se presentaron como
amigos del tribunal para presentar a las autoridades indígenas como querellantes en la causa.
Aún así, no se logró reactivar la investigación judicial. Pero, en 2014, la única persona que
podía haber brindado información, quizás como testigo, presencial del hecho, fue hallada sin
vida. En esta ponencia se analiza el procedimiento legal a fin de conocer y poder explicar
en este caso cómo son las interacciones entre la justicia penal y las comunidades indígenas.
Resumen: En este artículo, se analizara las prácticas de relación entre el Estado de Chubut
y los pueblos indígenas, frente a la reivindicación de los derechos territoriales. Existen en la
actualidad tensiones y fricciones entre el Estado y el pueblo mapuche tehuelche, que generan
debates que desfavorecen e impiden el acceso a la justicia. Se examinaran las principales
perspectivas conceptuales y prácticas sociales y políticas que defienden los líderes mapuche
como sujetos de derechos, en contraste con las posturas de los funcionarios del estado. La
prensa escrita y los tribunales son los escenarios para denunciar los conflictos, y problematizar
la discusión. Que se considerará el rol del Estado, que estimula a que caiga todo el “peso de
la ley” para “castigar” a los “indígenas extranjeros” segregacionistas territoriales y por otro
lado al pueblo mapuche tehuelche, que reivindica los derechos territoriales, con procesos de
Ementa: Reformas para tornar efetivo o direito de acesso à justiça tem sido operadas a
partir de diferentes premissas, às vezes contraditórias. Elas perpassam discussões em torno de:
i. governança judicial (política pública e planejamento judiciários, transparência, participação
social, controle, “accountability”); ii. binômio independência e legitimidade judiciais (seleção
de juízes, modelo e composição de cortes constitucionais, processos de tomada de decisão, etc.);
iii. papeis do sistema de justiça no Estado contemporâneo (judicialização; pluralismo jurídico,
reconhecimento de sujeitos coletivos, bens e direitos socioambientais); iv. acesso ao sistema de
justiça. A proposta da mesa é discutir as bases metodológicas, delimitação e análise do estudo
sobre acesso à justiça, bem como as condições de intervenção política para sua efetivação.
Coordenadore(a)s:
Claudia Barbosa (Pontifícia Universidade Católica do Paraná – Brasil),Angelica Cuellar - UNAM,
Amélia Rossi (Pontifícia Universidade Católica do Paraná – Brasil), Danielle Pamplona (Pontifícia
Universidade Católica do Paraná – Brasil), José Querino Tavares Neto (Pontifícia Universidade
Católica do Paraná/Universidade Federal de Goiás – Brasil), Germán Silva García (ILAE)
Resumo: O Direito Vivo de Eugen Ehrlich é uma metodologia de pesquisa indutiva destinada
a construção conceitual de ordens normativas (supostamente jurídicas com plena autonomia
perante o Direito estatal. Como tal, foi um dos precursores do moderno pluralismo jurídico
e também um notável responsável pelo seu maior problema conceitual: definir o que há
de jurídico no pluralismo jurídico. Partiremos portanto da Fundamentos da Sociologia do
Direito de Ehrlich, ponderando suas propostas com as críticas metodológicas apontadas por
Hans Kelsen, para demonstrar como o problema conceitual apontado e as críticas a ele ainda
decorrem desse antigo embate teórico. Ao fim, apontamos as insuficiências dos termos por
meio dos quais é travado esse conflito e como o problema conceitual do pluralismo jurídico
não decorre necessariamente de um método problemático, mas de um problema prático da
linguagem teórica.
Resumo: O presente artigo tem por objetivo verificar a atuação do Sistema de Justiça
enquanto indutor de políticas públicas de Acesso à Justiça frente às demandas do Poder
Executivo na pauta de Direitos Humanos. Por se tratar de estudo preliminar, objetivamos
apresentar uma metodologiam explicativa, acrescido da pergunta que propomos responde
(mais do que formular e testar uma hipótese). Nossa pergunta principal é: quais as ações
e como se dá o comportamento do Sistema de Justiça frente a demandas de Direitos
Humanos trazidas pelo Poder Executivo? Partiremos da análise dos casos de violações
de Direitos Humanos tratados pelo Programa de Proteção aos Defensores de Direitos
Humanos (PPDDH), cuja execução cabe à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência
da República (SDH/PR). O PPDDH tem por objetivo proteger Defensoras e Defensores de
Direitos Humanos que se encontrem em situação de risco ou vulnerabilidade ou sofrem
violações de direitos em função de sua atuação e atividade enquanto tal, de acordo com
o Decreto n. 6.044/2007. Ainda segundo o decreto, Defensores de Direitos Humanos
são todos osm indivíduos, grupos e órgãos da sociedade que promovem e protegem os
direitos humanos e as liberdades fundamentais universalmente reconhecidos. Atualmente,
o PPDDH protege 213 Defensoras e Defensoras de Direitos Humanos, que atuam em
distintas áreas, sendo que o maior número são lideranças da luta pela terra e território,
lideranças de comunidades indígenas e comunidades quilombolas. Uma das medidas de
proteção utilizadas pelo programa é justamente o acionamento do Poder Judiciário para
a reparação de violações sofridas, a responsabilização dos autores das ameaças e outras
violações ou ainda a restauração de direitos daquela liderança e/ou da comunidade em que
atua. Para tanto, pretendemos utilizar a metodologia de estudo de caso, especificamente
o process tracing para verificar, a partir da provocação do Poder Executivo -por meio da
atuação do PPDDH- qual a sucessão de eventos ocorridos no âmbito do Sistema de Justiça,
para responder àquela demanda. Procuraremos compreender os processos causais que
estão interligados à provocação inicial pelo PPDDH, sem, entretanto, analisar a qualidade
da prestação jurisdicional em si. Pretendemos realizar a investigação, norteados por duas
perguntas: por que em alguns casos o Sistema de Justiça assumiu maior compromisso
institucional e em outros não? Quais os mecanismos que facilitaram ou dificultaram
mudança? As reflexões trazidas pelo estudo de caso sobre o comportamento do Sistema
de Justiça frente a demandas do Poder Executivo que tratam de violações de Direitos
Humanos contribuem para o debate sobre Acesso à Justiça no Brasil, qualificando-o. O
tratamento de graves violações de Direitos Humanos pelo Sistema de Justiça requer ir
Resumo: Este estudo foi desenvolvido junto ao Grupo de Pesquisa “Direitos Humanos”
do Programa de Mestrado em Direito do UNISAL e do GESTI do Programa de Mestrado em
Direito da UNIFIEO, se fez em razão da necessidade de se refletir sobre sobre a efetividade
da justiça em relação aos excluídos, sob a ótica social. O presente estudo trata da relação
entre exclusão social e o acesso à justiça a partir da análise documental e bibliográfica, em
Autor: João Neto Arantes Bento (Bolsista no programa institucional de pré-iniciação científica
Jovens Talentos para a Ciência e estudante de Direito da Universidade Federal de Goiás)
Hipótese e Objetivos: A Constituição Federal de 1988 assegura, em seu art. 5o, incisos VI
a VIII, a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, sendo preservado o livre-
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas
liturgias. Entretanto, sabe-se que assim como todo direito e garantia fundamental, a liberdade
religiosa não é absoluta (Princípio da Limitabilidade dos Direitos Fundamentais). Indaga-se,
portanto, até que ponto essa liberdade não representa um perigo para as bases estruturantes
do Estado Democrático de Direito? Percebe-se que na atual conjuntura nacional, o discurso
religioso e a liberdade de expressão têm sido utilizados como argumentos legitimadores de
violência e coação (física e moral) para com algumas minorias, como por exemplo, para
negar a concessão de direitos civis e igualitários aos homossexuais.
332
Segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), o Congresso
eleito em 2014 é o mais conservador desde 1964. O número de congressistas ligados à luta
de determinados movimentos sociais caiu consideravelmente. O debate sobre questões como
a legalização do casamento homoafetivo, a descriminalização do abortoe da maconha, são
deixados de lado em detrimento de argumentos puramente religiosos e que contribuem para
a perpetuação do sistema de opressão das minorias estigmatizadas pela sociedade. Tomemos
como principal exemplo a PEC 99/2011, de autoria do deputado João Campos (PSDB / GO),
apelidada por alguns como a “PEC do Estado Teocrático”. O projeto de emenda prevê a inclu-
são de entidades religiosas de âmbito nacional na lista de legitimados para propor ação direta
de inconstitucionalidade (ADIN) e ação declaratória de constitucionalidade (ADC) perante o
Supremo Tribunal Federal. A pesquisa fundamenta-se, portanto, na análise dos conflitos entre a
liberdade religiosa e a laicidade do Estado, trazendo à tona questões morais, éticas e religiosas.
Entendendo que a subjetividade está intimamente ligada com as mutações domundo do traba-
lho e que o capitalismo produz as formas de sociabilidade necessárias para seu próprio metabo-
lismo (individualismo, conformismo, presenteísmo, consumismo, competitividade, utilitarismo
etc), para a superação da relação trabalho/capital e de todas as opressões que a sustentam, então,
os movimentos sociais, formas de organização do povo, contestam a realidade construindo no-
vos sentidos e novas sociabilidades, da exterioridade, para se legitimarem como produtores de
uma vida mais justa, sensível e igualitária. Assim, “os movimentos sociais constituem-se como
sujeitos coletivos, que formam uma subjetividade própria a partir da identificação intersubjetiva
de pautas comuns de reivindicação e de luta” (DIEHL, 2015, p.197).
Eis o cerne de nossa problematização: como as práticas lúdicas e sensíveis dos movi-
mentos sociais produzem subjetividades coletivas e sociabilidades exteriores à totalidade ca-
pitalista? Como agem o artístico, o utópico e a mística (BOGO, 2010; COELHO, 2014; LOWY,
2002) na produção coletiva e popular da vida? Qual o lugar da sensibilidade na luta pela
transformação social? Como a arte, o lúdico, sensível e poético, vindos das práticas emancipa-
tórias e comunitárias dos próprios movimentos sociais podem ajudar na construção do pró-
prio Direito?Metodologia: Nesta pesquisa lançamos mão de revisão bibliográfica das teorias
críticas que pensaram a relação direito e movimentos sociais, como o Direito Achado na
Rua e Direito Insurgente, e a produção de subjetividades, como o Surrealismo Jurídico. A
síntese seguiu o método dialético de análise estrutural da realidade com o objetivo de servir
de instrumento para sua transformação, por um direito sensível e insurgente.
Conclusão: Para manter essa sociabilidade que reforça papéis sociais, estereótipos e valores
do mundo do trabalho, o Direito moderno, ou Antidireito, precisou criar uma subjetividade
própria que “extirpou dos operadores do Direito a sua sensibilidade” (WARAT, 2010, p. 57).
A subjetividade jurídica hegemônica é o que Luis Alberto Warat chamou de pinguinização.
Dessa forma, como bem diz Warat, “os operadores do Direito não revelam nenhum excesso
de sensibilidade, ao contrário, as formas de conceber o Direito conseguem formar operadores
sem sensibilidade, corpos sem capacidade de relacionar-se sensivelmente com os outros e
com o mundo” (WARAT, 2010, p. 49).
Entendemos que a proposta do Surrealismo Jurídico busca reconstruir a sensibilidade
dos juristas para que estes não mais trabalhem com leis, mas com pessoas dotadas de corpora-
lidades vivas, de emoções, afetos e desejos. Essa sensibilidade é indispensável para que, na ten-
são entre Direito e Antidireito, o jurista saia do conforto de sua pseudoneutralidade e tome
lado. O desejo surrealista de liberdade fará com que seja o lado dos historicamente oprimidos.
De mãos dadas à sensibilidade estará a insurgência. O jurista sensível einsurgente deve
ouvir o grito da rua, mas não somente, pois deve, ao lado dos movimentos populares, ocu-
pá-la, no combate às violências simbólica e sistêmica, na busca pela transformação radical da
sociedade em sua totalidade.
para a efetivação da norma constitucional que prescreve o direito a igualdade, e uma consequente
valorização da identidade e do conhecimento dos povos subalternizados, e autonomia desses.
Para tanto, utilizamos uma metodologia analítica crítica, com uma abordagem qualitativa, sendo
as fontes utilizadas para o estudo do objeto oriundas de uma pesquisa bibliográfica. Através desse
exame ensejamos demonstrar a constitucionalidade das ações afirmativas, com foco naquelas
ligadas a educação superior, e a necessidade cogente de participação dos povos subalternizados
na implementação das políticas públicas. Realiza-se também uma análise comparada com os
demais países do Novo Constitucionalismo Latino-Americano, visando constatar na constituição
de tais países a tutela da participação ativa dos indígenas, e das comunidades tradicionais, e os
reflexos fáticos disso. Busca-se também evidenciar as consequências na educação superior no
que tange a produção do conhecimento, e ainda a emancipação e autonomia desses indivíduos.
Conclui-se, portanto que ações afirmativas em educação superior viabilizam a construção de
um pluralismo jurídico e epistemológico, e uma consequente democratização dos espaços
de poder. A pesquisa está ancorada teoricamente em Boaventura de Sousa Santos, Antonio
Carlos Wolkmer e Leonardo Avritzer. Com essa concepção, o presente trabalho faz parte dos
estudos do projeto de iniciação científica intitulado “Ação Afirmativa, Inclusão e Igualdade
Material nas Políticas Públicas de Educação no Brasil e em Países do Novo Constitucionalismo
Latinoamericano”.
O Estado do Acre possui uma grande diversidade étnica correspondendo 14 etnias segundo
:
Assim, a historicidade dessas lutas contra a subalternidade das mulheres demonstra a conquista
de alguns direitos. Entretanto, o patriarcalismo permite a manutenção da preponderância
masculina, abalando a efetividade dos direitos e impedindo a conquista da igualdade
substancial. Nesse sentido, a presente pesquisa, em momento inicial, possui como objetivo
levantar e catalogar as lutas feministas no Brasil neste início do século XXI, especificamente
na luta por participação política, e como estas influenciaram reformas judiciais, legislativas
e estimularam a realização de políticas públicas. Analisar movimentos da atualidade que
propõem a construção de uma plataforma política feminista e o empoderamento das
mulheres, como o movimento PartidA protagonizado pela filósofa Márcia Tiburi. Além
disso, averiguar a efetividade das medidas adotadas e realizar uma análise comparada entre os
países latino-americanos, considerando as alternativas teóricas e práticas no acesso à justiça.
Para tanto, será utilizada uma metodologia analítica crítica, com uma abordagem qualitativa,
sendo o material utilizado para o estudo do objeto oriundo de uma pesquisa bibliográfica. A
pesquisa está amparada teoricamente em Iris Marion Young, Boaventura de Sousa Santos,
Antônio Carlos Wolkmer, Nancy Fraser e Axel Honneth. O presente trabalho está em
andamento de acordo com o cronograma de execução do Programa Jovens Talentos para a
Ciência e terá resultados e conclusões analisados no início do ano de 2016.
Hipóteses: Poderia a não concretização do direito à moradia por parte do Estado, bem como a
instalação de tais grupos em diversas áreas, corroborar para a criação de um pluralismo jurídico?
Objetivo: Este trabalho possui como escopo mostrar como o arquétipo monista legalista já
não se enquadra na hodierna ordem político-social. Através disso, estima-se comprovar que
a ineficiência e o descompasso estatal para com a sociedade, bem como a não concretização
de direitos fundamentais básicos, são capazes de suscitar mecanismos de pluralismo jurídico
em diversas localidades.
Metodologia: Utilizou-se neste trabalho, a princípio, estudos empíricos, vale dizer, análises
realizadas em uma comunidade localizada no município de Uberlândia, por meio de entrevistas
com os moradores; posteriormente, foi realizado pesquisa teórica quanto ao pluralismo jurídico.
Conclusões: Após pesquisa teórica à cerca do pluralismo jurídico, assim como a realização
de pesquisas empíricas, chegou-se à conclusão de que a não concretização do direito
fundamental social à moradia por parte do Estado, bem como a instalação destes grupos em
áreas distintas, corrobora à criação de um pluralismo jurídico.
Autores: Beatriz Gordo; Bianca Beltrão; João das Neves; Paula Benjamin; Raynara Vilar.
criança e adolescentes, para que o Estado e a família possam combater de forma eficiente
esse tipo de violência, haja vista ser uma temática bastante presente no cotidiano, porém,
não solucionada de forma eficaz. Este trabalho tem como principal escopo promover a
conscientização da necessidade de proteção da criança e adolescente, dando ênfase as
variadas formas de violência, suas características e consequências. Ressaltando uma das
grandes dificuldades em combateresse tipo de violência, que é o processo histórico na
formação da concepção de família, proporcionando à sociedade uma visão crítica acerca de
tal problemática. Destacando a necessidade da ação conjunta entre a Sociedade Civil e as
autoridades governamentais.
O presente trabalho utilizou-se de pesquisas teóricas, para demonstrar várias formas
de violência contra a criança e adolescente, os fatores que podem gerar esse tipo de agressão,
consequências, estatísticas e os direitos conquistados e violados ao longo do tempo. E, tam-
bém, de pesquisa empírica, realizada no Núcleo de Atendimento Especializado da Criança e
Adolescente (NAECA), para demonstrar a importância da interdisciplinaridade para a prote-
ção desses sujeitos vitimados.
A grande problemática é: se há previsão na Constituição de proteção a esses direitos,
porque é necessário Estatutos e Jurisprudências?
Após o terremoto de 2010 no Haiti, o Brasil se tornou destino dos haitianos que deixavam o
:
país. A partir das novas demandas geradas pela presença dessas pessoas no Brasil, mecanismos
estatais e não estatais foram mobilizados para a acolhida dos novos migrantes: de mudanças na
legislação referente às migrações à organização de grupos de acolhida por parte da sociedade
civil. Nesse contexto acompanhei o trabalho de um grupo de advogados autointitulado
CASLAJur, vinculado à Casa Latino Americana de Curitiba (CASLA), organização não-
governamental que presta consultoria jurídica gratuita a migrantes e refugiados. De questões
de ordem burocrática, como o auxílio no preenchimento de formulário para obtenção de
visto, a casos trabalhistas, o coletivo atende às mais diversas demandas. No mês de outubro
de 2014 alguns haitianos procuraram a instituição após terem sido agredidos por motivações
étnico-raciais. Nesses casos, os advogados responsáveis pelas questões de ordem criminal
tomaram providências para mover processos por injúria racial contra os agressores. A pesquisa
pretende fazer uma análise desses casos: observando a trajetória dos haitianos que viveram a
discriminação, pensar como esses processos se dão no âmbito judicial.
A pesquisa começou em agosto de 2014, quando acompanhei as reuniões do CASLA-
Jur e participei de alguns atendimentos aos imigrantes. A partir da experiência etnográfica na
instituição entrei em contato com os advogados responsáveis pelos casos - obtendo acesso aos
processos - e com os haitianos em questão, com quem realizei algumas entrevistas. Também
foram feitas entrevistas com outros haitianos próximos à CASLA, além de membros da Asso-
ciação para Solidariedade de Haitianos no Brasil (ASHBRA) e os fundadores da instituição.
Como o tema é recente, poucos trabalhos foram produzidos na antropologia sobre
a vinda dos haitianos para o país (Maroni, 2014; Pinto, 2012; Silva,2012). Além desses tra-
balhos, abordarei bibliografia referente às migrações, à antropologia do direito e aos estudos
afro-brasileiros.
Estima-se que até 2014 50 mil haitianos migraram para o Brasil: em Curitiba são cer-
ca de 2.500, predominantemente homens que vieram para trabalhar. O CASLAJur atendeu
de abril a outubro de 2014, 136 estrangeiros de 28 nacionalidades, dentre os quais 40 eram
haitianos. Entre casos trabalhistas e auxílios de outras ordens, três situações tipificadas por
injúria racial chegaram à CASLA, mas apenas uma – um haitiano de 27 anos agredido por
companheiros de trabalho até desmaiar - deu origem a um processo, atualmente em espera
no Ministério Público.
Conclusões: Ainda que apenas três casos tenham chegado a instituição, as entrevistas
indicaram que muitos haitianos desistem de procurar ajuda devido ao longo tempo de espera
por soluções, ou ainda por temerem represálias de brasileiros. A falta de testemunhas ou a não
caracterização do crime de injúria no preenchimento dos boletins de ocorrência reiteram as
dificuldades desses migrantes no acesso à justiça. Inúmeras situações de discriminação racial
foram narradas ao longo das entrevistas.
É constante a discussão sobre os conflitos gerados pela ocupação das áreas de proteção
:
Autor: Carla Vladiane Alves Leite (Doutoranda em Direito pela PUC/PR. Bolsista pela
FAPEAM. Mestre em Direito Ambiental pela Universidade do Estado do Amazonas - UEA.
Especialista em Direito Penal e Processual Penal pelo Centro de Ensino Superior do
Amazonas – CIESA. Especialista em Direito do Trabalho e Previdenciário pelo Centro de
Ensino Superior do Amazonas – CIESA. Advogada. Graduada em Direito pela Universidade
Luterana do Brasil–ULBRA/AM)
povos por falta de demarcação e reconhecimento, pois em muitos casos, falta uma decisão
judicial para resolver os impasses que envolvem as disputas pelas terras e politicas públicas
viabilizam esses direitos. Por outro lado, há decisões judiciais que ao invés de reconhecer os
direitos territoriais desses povos tradicionais, acabam por criar ainda mais problemas, já que
determinam a retirada deles de suas terras tradicionalmente ocupadas para satisfazer interesses
ambientalistas para a criação de áreas de proteções, econômicos para o desenvolvimento ou
disputas de poderes de terras. Além disso, ao deixar de reconhecer os direitos territoriais
de povos tradicionais e pior, os tirando de suas terras, acabam por deixar essas terras sem
proteção, deixando a mercê de grileiros, posseiros e madeireiros que destroem os bens mais
valiosos dos povos tradicionais, pois eles retiram da natureza seus sustentos e a continuidade
de suas vidas. Porém, o assunto que mais é dificultoso para se decidir são as questões criadas
pelo Estado para o desenvolvimento econômico.
A partir da ótica apresentada e dado esse quadro socioambiental, fica evidente a im-
portância de um planejamento ambiental integrado entre os povos tradicionais e o Estado
para garantir os direitos territoriais desses povos.
O presente artigo pretende construir uma visão crítica nas interfaces entre os povos
tradicionais e o Estado.
Busca efetuar uma síntese dos principais resultados da bibliografia em relação ao con-
flito ambiental territorial no Brasil.
Esse objetivo é possível través do reconhecimento de suas terras aos povos tradicionais
e o uso de alternativas para se chegar ao desenvolvimento almejado pelo Estado.
Autor: Keilla Ingrid Silva (Programa de inciação ciêntifica. Faculdade de Direito, UFG)
Os chamados direitos de terceira geração objetivam direitos coletivos e difusos, tendo assim
:
como pressuposto a proteção de grupos antes negligenciados pela sociedade, surge então a
questão como os integrar efetivamente para exercerem plenamente sua cidadania? Uma das
estratégias mais utilizadas pelos governos são as ações afirmativas, uma das suas principais
expressões são as cotas, trata-se da imposição legal de vagas para indivíduos advindos de tais
grupos em setores de grande interesses dos mesmos, onde pode haver oportunidade de maior
participação. Nesse trabalho analisaremos uma destas, ligadas a grupo que busca direitos a
uma longa duração histórica , as mulheres, vamos tratar do artigo 10, §3º, da Lei 9.504/97 o
qual reserva de 30% e 70%, para cada gênero, do número de candidaturas a que os partidos
políticos e coligações de direito, aparentemente é uma grande conquista para a demogracia,
ter representares que efetivamente observe os interesses das mulheres. No entanto, segundo
Pierre Bourdieu o poder simbólico é construído a partir da violência simbólica, que se baseia
na imposição legitima com a interiorização da cultura dominante, portanto modificações
como esta se torna um risco ao mesmo, analisaremos então como esse sistema agirá quanto
as cotas de genêro.
Objetivamos nesse trabalho analisar as cotas para gênero em partidos políticos a partir
da teoria de Bourdieu, destacando quais são os desafios e as conquistas existentes. Como re-
sultados esperamos alcançar explicações lógicas sobre o porque de tais dificuldades existirem,
assim como soluções que possam efetivar a eficacia de tais cotas, para assim nos aproximamos
do terceiro objetivo do milênio, a igualdades entre sexos e valorização da mulher.
Assim nossa pesquisa terá a teoria do socioambientalismo de Pierre Bourdieu como referencial
teórico. Quanto a metodologia utilizaremos de investigação bibliográfica pluridisciplinar para
evidenciar cada problema, através do método hipotético-dedutivo, em que partimos premissa
que o poder simbólico agirá de forma a deturpar tal conquista a fim de proteger a doxa.
Específicos: (i) traçar a cultura jurídica e as instituições políticas na América Latina, com
atenção para a Bolívia; (ii) analisar a regulamentação desses dispositivos e o reconhecimento
da jurisdição indígena no direito positivado; (iii) estudar os aportes que o reconhecimento
dos sistemas jurídicos indígenas podem gerar, a exemplo dos direitos fundamentados nas
tradições indígenas; (iv) caracterizar as transformações que passam a ser observadas no período
que se inicia na década de 90 conhecido como “novo constitucionalismo latino americano”.
Pesquisa qualitativa dividida em três momentos: uma pesquisa histórica, para analisar as
instituições jurídico políticas que se relacionam com os povos indígenas; teórica, para identificar
as novas concepções doutrinárias que motivam as transformações apontadas no ordenamento ju-
rídico; e, finalmente, uma pesquisa empírica em uma autonomia indígena campesina originária.
Para traçar a cultura jurídica e as instituições na América Latina que resultam do pro-
cesso de colonização, são adotadas categorias como “jusdiversidade” e “pluralismo jurídico”
(FAJARDO). Isso implica o reconhecimento da plurinacionalidade e da diversidade étnico
cultural de seus povos e nações originárias; e das distintas “sensibilidades jurídicas” (GEERTZ)
que se relacionam com as cosmovisões dessas culturas, respeitada a sua capacidade de resolu-
ção de conflitos de forma autônoma e sem intervenção estatal. As categorias de “fetichismo
constitucional” (BELLO) e da “colonialidade do poder e do saber” (QUIJANO) auxiliam na
compreensão dos limites do constitucionalismo.
O processo constituinte boliviano ocorreu “de baixo pra cima” e marcado pela inten-
sa participação popular, inclusive de grupos étnico culturais historicamente invisibilizados,
logrando o reconhecimento normativo de uma série de anseios da sociedade civil. Levando
em consideração essa participação mais direta, espera-se que esses atores se apropriem da
Constituição para fazer valer o pluralismo jurídico, a multiplicidade de ordenamentos e a
aplicabilidade prática de suas decisões, como forma de materializar o Estado Plurinacional.
Bolivia, tanto en el discurso político como en su nueva Constitución, es uno de los países que
:
Curso de Letras, da Universidade Federal de Goiás. Tal atividade foi completamente voltada
para o tema das representações da pessoa idosa no cinema. De caráter interdisciplinar e
transversal, procurou-se acompanhar e compreender melhor como a arte cinematográfica,
tanto ocidental quanto oriental, representa a pessoa idosa predominantemente como fonte
de gastos sócio-econômicos e não como fonte de lucros de variados capitais simbólicos
(entre eles o financeiro), como nos ensina Pierre Bourdieu (1996). Poucos foram os filmes
que tentaram encontrar o equilíbrio entre os ganhos positivos e o ônus de enfraquecimentos
psicofísicos que esta fase da evolução humana natural e historicamente acarreta.
Metodologia: O presente trabalho foi feito como pesquisa fílmica e bibliográfica para
posterior confecção de relatórios apresentando os resultados. Em seguida, mapeamos as
principais imagens representadas da pessoa idosa nos filmes analisados, com o objetivo de
confecção e divulgação deste material para a sociedade em geral.
Resultados: Percebeu-se que as personagens idosas normalmente não são agentes sociais
vistos como fonte importante de capital simbólico para as nossas sociedades contemporâneas.
Nos filmes selecionados, como por exemplo “Amour”, do diretor Michael Haneke, a
pessoa idosa frequentemente é obrigada a ocupar lugares secundários após se aposentarem
e é indefectivelmente vista como fonte de problemas crônicos de várias naturezas para os
adultos e jovens que ainda pertencem à fase de produção capitalista exigida de modo voraz
e consensual. Apesar do elevado número de pessoas nesta fase da vida, que é a velhice, seu
lugar social de produtividade e acolhimento positivo ainda está em lenta e complexa fase de
construção e de consolidação. Em função disto, mecanismos normativos/penais, como nossa
Lei de Política Nacional do Idoso (Lei n o 8.842, de 4 de janeiro de 1994) e nosso Estatuto
do Idoso (Lei nº 10.741, de 1.º de outubro de 2003), construídos em décadas de esforços
interinstitucionais e multiclassistas, devem ser conhecidos, por amplo estudo e divulgação,
para que se consolide suas diretrizes construídas de modo cooperativo por nossa sociedade.
1988. Entretanto, a Constituição não ousou apresentar um conceito de vida, e tampouco ousou
demarca-la, apontando quando se daria seu início. Assim, o direito à vida permanece matéria
de disputas que mobilizam o conceito de vida, seus termos iniciais e finais, com movimentos
argumentativos que tentam manejar a extensão da proteção jurídica conferida a esse direito.
Diante da ausência de um conceito jurídico de vida, algumas questões atuais tornam-se
controvérsias complexas, a exemplo dos usos de células embrionárias humanas em pesquisas, do
aborto de fetos anencefálicos, dos direitos à eutanásia e ortotanásia, entre outras. Nesse trabalho,
investigamos como o Supremo Tribunal Federal (STF) tem mobilizado esse conceito em deci-
sões difíceis, especificamente nos julgamentos da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3510
(células-tronco embrionárias) e da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº
54 (anencefalia), ações em que a delimitação jurídica do conceito vida ocupou lugar de destaque.
Foram analisados de forma articulada os votos dos ministros que atuaram nas duas ações:
Ayres Britto, Carmen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa, Cezar Peluso, Marco Au-
rélio Mello, Celso de Mello e Gilmar Mendes.
Por meio da análise de conteúdo, investigamos o modo como o conceito vida foi mobili-
zado nos votos, em busca de identificar possíveis padrões discursivos argumentativos relacionados
ao tema.
São diversos os posicionamentos dos ministros acerca do termo inicial da vida, sendo as
principais teses as de que a vida se inicia: com a fertilização; com a nidação; com a formação
completa do sistema nervoso central. Há também diferentes posturas sobre a extensão da prote-
ção jurídica à vida humana, sendo as principais as da proteção integral e da proteção gradual. A
ponderação entre o direito à vida, o direito à saúde e o princípio da dignidade da pessoa humana
foi recorrente, mas se deu de formas variadas. A opção por não se posicionar frente ao início da
vida também ocorreu.
Apesar dos diferentes posicionamentos a respeito do início da vida, estes não foram de-
cisivos nos debates, pois o STF decide com base no sistema de votação. Assim, o valor da vida
humana e a extensão de sua proteção na ordem jurídica não podem ser apreendidos de seus ar-
gumentos, não sendo possível abstrair um conceito jurídico de vida que represente o pensamen-
to da Suprema Corte. O direito à vida, ao longo da votação, mostra-se discutível e ponderável.
Entendemos que, em decorrência dessa falta de consenso, o campo jurídico permanece
aberto ao debate e a expectativa de avanços nas discussões permanece possível. A carência de um
entendimento único a respeito da extensão do direito à vida permite manejar argumentos em
prol de debates ampliados, permitindo a revisão de entendimentos conservadores. O mutismo
constitucional pode apresentar-se como aspecto favorável ao desenvolvimento de novas adequa-
ções jurídicas, e a maturação social das ideias correlatas tem certo espaço em aberto no judiciário.
Autor: Ana Clara Gonçalves Pamplona (Faculdade de Direito, Universidade Federal de Goiás)
A Teoria de Ronald Dworkin: para esse teórico, os princípios também devem atender à
estrutura binária de aplicação das regras, ou seja, ou serem aplicadas ou em absoluto o serem,
apesar de dotados de uma dimensão de peso. Dworkin traça ainda uma interessante distinção
entre o que chama de princípios e o que chama de programas. Programas tem caráter
teleológico, estabelecendo um objetivo a ser alcançado. Princípios tem caráter deontológico,
estabelecem uma conduta que deve ser seguida ou não, não apenas por ser desejável, mas por
ser um imperativo de algo que deve ser preservado, por isso tem estrutura normativa. Feita
esse diferenciação, Dworkin defende serem as decisões judiciais tomadas com base em regras
e em princípios, deixando para os programas orientar a política, não o Direito. Depois de
feito um juízo de adequabilidade é encontrado o princípio que dará a única resposta certa
ao caso em pauta.
A Crítica de Habemas à Alexy: Junger Habermas se utiliza da distinção traçada por Klaus
Günther entre discurso de justificação e discurso de aplicação para dizer que princípios e
valores têm funções diferentes. “Porque normas e princípios, em virtude do seu caráter
deontológico, podem pretender ser universalmente obrigatórios e não apenas especialmente
preferíveis, eles possuem uma maior força de justificação que os valores. Valores devem ser
postos em uma ordem transitiva com outros valores, caso a caso. Como não há padrões
racionais para isso, esse sopesamento acontece arbitrariamente ou sem maior reflexão, de
acordo com os padrões e hierarquias costumeiras.”
Resumo: A busca por aportes para a conformação de uma teoria dos Direitos Humanos
no contexto latino-americano mostra-se atual. Contudo, implica, na proposição de uma
fundamentação filosófica crítica, que evidencie a flagrante negação que assola o continente e
busque uma articulação plural e intercultural.
Objetivos: A questão subjaz a este estudo é identificar de que forma as diretrizes epistemológicas
do novo constitucionalismo latino-americano possibilitam o rompimento, no campo teórico
e pratico, com a concepção liberal e hegemônica, contribuindo para a ressignificação dos
Direitos Humanos, entendidos a partir dos oprimidos e de sua própria epistemologia.
Metodologia: Para levar a cabo esta construção será utilizado o método dedutivo,
concentrando-se na análise do movimento do novo constitucionalismo latino-americano,
como possibilidade de construção de uma outra epistemologia.
Resumo: A presente pesquisa busca contribuir com os estudos acerca da emancipação social
a partir da educação jurídica. Nestes termos, tem-se como objetivo compreender de que
forma as diretrizes epistemológicas do novo constitucionalismo latino-americano promovem
a superação do modelo de educação jurídica tradicional, elitista e formalista
Metodologia: O estudo, pelo método dedutivo ancora-se nos teóricos pós-coloniais que
possibilitam questionar o modelo hegemônico de educação jurídica.
Resultado : A região que hoje denominamos América Latina há milênios tem sido as terras
que viveram e, em muitos casos, ainda vivem povos nativos com diferentes culturas, de
diferentes etnias e nações. Povos que têm sonhado, amado, chorado, trabalhado, guerreado,
celebrado a paz, sepultado seus mortos, comemorado os nascimentos, reverenciado diferentes
deuses e a pachamama, tecendo ao longo dos tempos e das gerações complexas e misteriosas
tramas da vida. Esses povos aprenderam e continuam a aprender a conviver com as diferenças,
a misturar vidas e sonhos, a praticar de um modo só sua alquimia colorida, multicultural e
plurinacional da região. A Abya Yala está viva, é preciso deixá-la pulsar em nosso corpo, alma e
pensamento, e como verdadeiros latino-americanos precisamos deixar-nos habitar por esta terra,
sensibilizarmo-nos com as criações dos nossos povos, sentir-nos pertencente à fonte criadora,
da intuição do entusiasmo, da vibração do tempo e das idades, a imaginação e a fabulação, a
compaixão, a alegria de estar vivo, o solidarizar-se, servir, aprender a imaginar, criar outros
mundos de várias cores, através da diversidade, paz com ritmos, cores, sons, movimentos, luzes.
É neste contexto, que precisamos ressignificar o ensino jurídico, para que alimentado pelas
diversas epistemologias do Sul, contribua para fomentar uma outra educação jurídica, de uma
pedagogia do reencantamento do mundo: da sensibilidade, do sonho da utopia, comprometida
com a realidade latino-americana. Este é um esforço necessário em tempos que a América
Latina por pressão interna, se repensa a si mesma, e paulatinamente vai abandonando o discurso
homogeneizador que assumiu no processo de colonização/colonialidade.
A cidade do Rio de Janeiro é hoje palco de diversas transformações em seu cenário, visando o
:
aprimoramento da mobilidade urbana com o especial objetivo de realização dos Jogos Olímpi-
cos de 2016. Uma das principais ações da Prefeitura nesse contexto foi a construção da Trans-
carioca, via de acesso que facilita a chegada ao Aeroporto Galeão, porém, a construção dessa via
exigiu algumas medidas, como a remoção da Comunidade do Largo do Campinho e de outras
residências. As remoções forçadas, que por vezes não respeitam os prazos legais nem garantem
assistência aos removidos, são referendadas pelo discurso jurídico do “interesse público”, conceito
que acaba por justificar as consequências prejudiciais das obras da Prefeitura. Para analisar essa
questão, utilizo o caso concreto da remoção da Comunidade do Largo do Campinho, trabalhan-
do com a hipótese de que o conceito de “interesse público”, tratado como basilar para o Direito
Administrativo é, na verdade, uma ferramenta jurídica bastante maleável, alvo de intensa disputa
de sentidos e utilizada como fundamentação legal para intervenções arbitrárias do poder público,
acarretando inclusive violação de direitos dos cidadãos. Dessa forma, tenho como objetivo, através
da observação empírica dos fatos e dos discursos dos atores envolvidos, compreender as relações
de poder estabelecidas e a forma como são construídos os consensos em torno do conceito de
“interesse público”, alcançando a utilização deste conceito pela Prefeitura do Rio de Janeiro.
Para a realização desta pesquisa, utilizei o trabalho de campo de cunho etnográfico como
base para o recolhimento de material. Realizei entrevistas com um Defensor Público (DPGRJ) e
com a Juíza da 9ª Vara de Fazenda Pública do Rio de Janeiro (TJRJ). Além
disso, analisei detidamente os autos dos oito processos judiciais promovidos pela Prefei-
tura (com especial atenção para as decisões) e a Ação Civil Pública proposta pela Defensoria
Pública do Rio de Janeiro. Para finalizar, busquei a opinião de entes externos, alcançando as ma-
térias e os vídeos produzido pelo jornal “A Nova Democracia”, contendo relatos de moradores
atingidos pela remoção.
Os discursos praticados pelos atores envolvidos evidenciam a ausência de consenso acerca
do conceito de “interesse público”. A utilização desse conceito pela Prefeitura serve de funda-
mentação jurídica para decisões políticas relacionadas ao planejamento urbano. No presente caso,
observei uma situação de desamparo dos moradores do Largo do Campinho, mesmo após as de-
cisões judiciais, situação essa que pode ser observada através de tabela informativa que apresenta
os seguintes dados: Em quais e quantos processos houve imissão provisória na posse em favor do
Município, se houve levantamento prévio das indenizações por parte dos moradores, se houve
reassentamento dos moradores e se houve a inclusão dos moradores no polo passivo das ações.
Após a realização do presente trabalho, conclui que o atual ordenamento jurídico reserva
grande poder de discricionariedade ao Poder Executivo. A construção do conceito de “interesse
público” passa por todos os atores envolvidos, mas a significação empresta pela Prefeitura ganha
predominância em virtude da legitimidade que lhe é garantida. O Poder Judiciário reforça essa
prerrogativa, ao não intervir nos casos mesmo quando observa a violação de direitos dos mora-
dores da comunidade
A pesquisa versa sobre a necessidade de reflexão acerca da execução penal fora de contornos
:
puramente dogmáticos, ou seja, requer a análise da execução penal e sua relação com o
capitalismo, essencialmente sobre como as relações de produção influenciam na tomada de
decisões em um sistema de execução penal, principalmente no que tange a América Latina
e a teoria descolonial e emancipadora que [re] conheça o indivíduo como uma fim em si
mesmo e não como um instrumento manejado pelo Estado mesmo que necessariamente
encarado enquanto ser central de quaisquer relações para efetivo uso de poder social e [des]
envolvimento social. A dogmática, quando se apresenta como mero “dever ser” torna-se
um instrumento ideológico que se sobrepõe a realidade. Enfim, observar a execução penal
unicamente sobre as balizas da dogmática penal e percebe-lo como um sistema logico e
coerente é negar a anacronia de seu evidente afastamento da realidade na qual se insere.
Tal relação é explorada por meio do método dedutivo-indutivo com base na Criminologia
Crítica ao analisar a obra dos autores que, munidos deste enfoque criminológico, fizeram
suas construções teóricas aproximando o sistema de punição com o sistema capitalista, algo
que em parte é reforçado por uma análise atual de dados oficiais de relatórios de visita aos
sistemas penitenciários nacionais, em especial no Estado de Goiás. Tem-se como hipóteses as
abordagens inauguradas com George Rusche e Otto Kirchheimer, e o fundamento marxista,
quando revelam a relação de correspondência das superestruturas jurídicas e políticas com
a base material das relações de produção econômica da sociedade, mostrando a origem
estrutural concreta do sistema punitivo. Afinal, “todo o sistema de produção descobre o
sistema de punição que corresponde a suas relações produtivas” (SANTOS, 2015). De forma
que, a caracterização do sistema punitivo da América Latina, reflete a Teoria Colonial de
opressão por meio das instituições de segurança e justiça como meio de controle social
para manutenção econômica e política que assegure o poder. Ainda, traz-se a abordagem
sobre o materialismo histórico nos termos da crítica inaugurada em Kichheimer e Rusche
com uma análise do sistema carcerário no contexto da luta de classes e sua consequente
relação com o sistema capitalista. A pesquisa é concluída com uma crítica ao cárcere e ao
próprio modelo de abordagem, onde a econômica deve ser um fator importante, mas não
o principal, tampouco ser entendido isoladamente como causalidade de um sem número de
instituições e suas gestões políticas.
Introdução: Na última década a cidade de São Luís vem sendo palco de um acelerado
processo de expansão urbana e esse processo tem sistematicamente, através de diversos
empreendimentos imobiliários, incluindo o Programa Minha Casa Minha Vida, do
Governo Federal, se apropriado de áreas já ocupadas por comunidades e povos tradicionais
e principalmente, se apropriado das áreas de preservação ambiental, a exemplo da Área de
Proteção Ambiental do Maracanã. Tal processo vem gerando conflitos entre as comunidades
e povos tradicionais e os atores econômicos. Objetivos: Refletir sobre os conflitos decorrentes
da expansão urbana sobre as comunidades que vivem nas áreas de preservação ambiental;
levantar os impactos causados pelos empreendimentos imobiliários na Área de Proteção
Ambiental do Maracanã. Metodologia: A metodologia consistiu em coleta de dados em
fontes primárias com visita na área de proteção ambiental do Maracanã onde foi possível
fazer entrevistas semiestruturadas com moradores locais; levantamento e sistematização
de bibliografias referentes à temática em estudo, assim como, coleta de dados em fontes
secundárias como em jornais e sites. Resultados: A APA do Maracanã fica localizada na
zona rural do município de São Luís e se caracteriza pela diversidade de atrativos naturais
e culturais. O bairro do Maracanã juntamente com os bairros Vila Maranhão, Vila Sarney,
Vila Esperança e Rio Grande, estão situados dentro da Área de Proteção Ambiental do
Maracanã. A APA surgiu por meio do Decreto Estadual nº 12.103/1991 e a sua criação foi
motivada pela ameaça de degradação causada pelo Parque Industrial de São Luís. Atualmente,
vem sofrendo o mais recente e agressivo processo de destruição por parte das construtoras
imobiliárias que vem implantando no interior da APA, condomínios residenciais, tanto de
casas quanto de apartamentos do Programa do Minha Casa Minha Vida. Tal investida tem
produzido a destruição das nascentes dos rios e sua poluição, a derrubada dos juçarais, que
são fonte de sustento da comunidade local.
Autores: Andreia dos Santos (Aluna do Curso de Especialização em Gestão Pública IFB),
Robson Bastos Roen (Professor de Língua Portuguesa IFB), Rodrigo José dos Santos (Aluno
do Curso Tecnólogo em Gestão Pública IFB) e Joe William Costa Rodrigues (Aluno de
Jornalismo da Faculdade Anhanguera)
diferentes direções, pois possuem repertório sócio-cultural particular, tendo ou não memórias
com raízes fincadas nos movimentos libertários de seus ancestrais.
O reconhecimento oficial das comunidades tradicionais, nas quais se incluem as co-
munidades quilombolas, foi garantido no texto constitucional de 1988, em seus artigos 215 e
216. A Constituição Federal de 1988 determina, ainda, no Ato das Disposições Constitucio-
nais Transitórias (ADCT), no art. 68, que, aos remanescentes das comunidades dos quilombos,
que estejam ocupando suas terras seja reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Esta-
do emitir-lhes os títulos respectivos.
O Programa Brasil Quilombola - PBQ - foi lançado em 12 de março de 2004 e em
2007, o programa foi ampliado pelo Decreto 6261/2007, que agrupa as ações às comunida-
des em quatro eixos: Acesso à terra; infraestrutura e qualidade de vida; inclusão produtiva e
desenvolvimento local; direitos e cidadania; regularização fundiária.
O acesso à terra é a principal reivindicação das comunidades quilombolas, e tem, em seu
processo, a necessidade de auto-reconhecimento seguido de uma série de processos, em geral
burocráticos e que envolvem a resolução de conflitos. Nesse sentido, a pesquisa procura iden-
tificar se as ações do PBQ permitiu avanços nos processos de titulação das terras quilombolas.
O princípio metodológico desta pesquisa centra-se em estudo fenomenológico, pre-
dominantemente, numa perspectiva histórica e social, utilizando para isso pesquisa bibliográ-
fica, em banco de dados e em repositórios institucionais. Nesse sentido, a pesquisa investigou
o processo de emissão de títulos territoriais por meio do Programa Brasil Quilombola, na
busca de conhecer a sua complexidade e efetividade.
Dentro do eixo de ação – Acesso a terra, o objetivo é promover a regularização fun-
diária para assentamento e preservação das comunidades e de sua cultura. Neste eixo estão
incluídas a regularização fundiária; mediação de conflitos e intervenção em terras Públicas/
Devolutas. Este eixo agrupa a execução e acompanhamento dos tramites necessários para a
regularização fundiária das áreas de quilombos.
O processo inicia-se com a certificação e encerra-se com a titulação (Diagnóstico
PBQ, 2012). De acordo com o diagnóstico de ações de 2012, foram certificadas 2.040 co-
munidades e foram expedidos 207 títulos fundiários. A consulta a base de dados do Incra
apresentou, um número de 154 títulos emitidos até 2014, número inferior ao informado no
relatório do PBQ/2012. Mesmo com essa discrepância considerando-se que há mais de 1000
processos abertos, há uma quantidade ínfima de títulos emitidos.
A
Abel Gabriel Gonçalves Junior 73
Adalberto Antonio Batista Arcelo 279
Adalberto Pinto de Barros Neto 141
Adriana Avelar Alves 277
Adriana Biller Aparicio 228
Adriana Rodriguez Caguana 321
Adriana Terven Salinas 42
Adriana Vidotte 94
Adriano Boro Makuda 86
Adriele Fernanda Andrade Precoma 90
Adrina Madeira 52
Aerica Souza Malheiros 363
Afonso Maria das Chagas 200
Alba Valeria Santos Simon 142
Alberto Filippi 310
Alejandro Santiago Monzalvo 226
Alejandro Vázquez Estrada 42
Aleksandr Christian de Araújo Rocha 337
Alessandra Dale Giacomin Terra 122
Alessandra Farias Pereira 290
Alessandro Roberto de Oliveira 197
Alesson Alexandre Cardozo 329
366
Alexandre Bernardino Costa 104
Alexandre Garcia Araujo 311
Alexsandra Santos Liberal Leite 286
Alex Sandro da Silveira Filho 61, 74, 139
Alice Amorim de Santana Mota 351
Alice de Abreu Lima Jorge 112
Aline Andrighetto 62
Aline Fatima Marelatto 154
Aline Fatima Morelatto 149, 152
Aline Morelatto 156
Alisson Silva Martins 282
Allan Sinclair Haynes de Menezes 168
Alma López Mejía 241
Aloísio Krohling 65
Alyshia Karla Gomes da Silva Santos 133
Amaralina Maria Gomes Fernandes 167
Amaury PadillaCabarcas 164
Amélia Rossi 326
Amir Garcia Villalpando 227
Anabelle Santos Lages 22
Ana Carolina Brolo de Almeida 172
Ana Carolina Voges de Campos 77
Ana Catarina Zema de Resende 249
Ana Catarina Zema Rezende 246
Ana Cecilia Artega Böhrt 243
Ana Célia Querino 290
Ana Clara Correa Henning 227
Ana Clara Gonçalves Pamplona 354
Ana Claudia Diogo Tavares 137
Ana Elisa de Carli Blackman 214
Ana Florencia Sclani Horrac 30
Ana Hilda Ramírez Contreras 143
Ana Laura Silva Vilela 304
Analía Soria Batista 48
Ananda Jasmin Aron 184
Ananda Portes Souza 124
Ana Patricia Racki Wisniewski 77
Ana Paula Barradas Maranhão 284
Ana Paula Braga Motta 119
Ana Paula Mendes de Miranda 13
Anderson Luiz Brasil Silva 53
Anderson Marcos dos Santos 58
Andrea Aravena Reyes 14
Andrea Cristina Serrão Gonçalves 303
Andrea Leticia Carvalho Guimarães 106
André Costa Ferreira de Belfort Teixeira 116
André de Carvalho Okano 156
Andreia da Silva Moassab 207
Andreia dos Santos 364
Andreia Mendonça Agostini 173
Andréia Moassab 206
André Luis André 209
André Luiz Silveira de Lima Júnior 55
Andrés Felipe Jiménez Gómez 163
Andrés García Sánchez 128
Andressa Lidicy Morais Lima 41
Andrew Toshio Hayama 162
Andreza do Socorro Pantoja de Oliveira Smith 153
Andrielly Larissa Pereira Silva 339
Anelice Teixeira da Costa 115
Angelica Cuellar 326
Angelo de Almeida 89
Anibal Alejandro Rojas Hernandez 172
Anna Cecília Faro Bonan 70
Anna Maria Nunes Machado 192
Annette Mehlhorn 350
Antônio Carlos Wolkmer 10, 23, 299, 332, 339, 340
Aparecida Alzira Luzia Zuin 157
Aparecida Luzia Alzira Zuin 148
Ariane Shermam Morais Vieira 126
Arival Curica Fermin 149, 301
Armando Sanchez Albarrán 223
Artemia Fabre Zarandona 323
Arthur Silva de Medeiros 190
Aryadne Caetano de Carvalho 313
Azarias Maluzane Chunguane 27
B
Bárbara Gomes Lupetti 48, 52, 268
Beatriz Gordo 343
Beatriz Hiromi da Silva Akutsu 278
Bernardo Xavier dos Santos Santiago 71
Bianca Beltrão 343
Bianka Adamatti 74
Bistra Stefanova Apostolova 310
Bruna Balbi Gonçalves 162
C
Caio Nogueira de Castro 71
Calos Eduardo Marques 308
Camila Aguiar Lins do Nascimento 356
Camila Dias Cavalcanti 17
Camila Gonçalves Lemos 188
Camila Ragonezi Martins 85
Camila Silva Nicácio 110
Camilo Borrero García 296
Carla Daniela Leite Negócio 98
Carla Vladiane Alves Leite 188, 346
Carlos Alberto Dávila Cruz 166
Carlos Alberto Esteves 65
Carlos Alberto Ferri 156
Carlos Frederico Marés de Souza Filho 2, 3, 4, 9, 11, 158, 194, 234
Carlos Humberto Durand 218, 222
Carlos Rodrigues Pacheco 260
Carlos Teodoro José Hugueney Irigaray 101
Carlos Victor Nascimento dos Santos 20
Carmem Lucia Da Silva 86
Carmen Hein Campos 48
Carmen Hein de Campos 49
Carmen Lúcia da Silva 79
Carolina Ribeiro Santana 272
Carolina Sánchez Bohórquez 270
Caroline Barbosa Contente Nogueira 247
Caroline Dias Hilgert 325
Caroline Leal Mendonça 274
Caroline Mendonça e Lara Andrade 293
Caroline Nogueira Teixeira de Menezes 306
Caroline Vargas Barbosa 70
Cássius Dunk Dalosto 171
Catherine Evany Carvalho de Oliveira 153
Cecília Maria de Morais Machado Angileni 213
Cesar A. Baldi 309
Cesar Augusto Baldi 9, 267
D
Daiane Vidal 215, 358, 359
Daiane Vidal; Maria Aparecida Lucca Caovilla 215
Daisy Rafaela da Silva 144, 329
Daniela Cabral Gontijo 58
Daniela Lima de Aguiar 248
Daniel Bonilla 24
Daniel Carneiro Leão Romaguera 63, 101
Daniel Diniz Gonçalves 76
Daniel Gonçalves de Oliveira 230
Danielle Akemi Saito Kuroishi 165
Danielle de Ouro Mamed 187
Danielle Pamplona 326
Danielli Jatobá França 59
Daniel Pinheiro Viegas 178
Daniel Vitor de Castro 335
Danilo Augusto Sá Barreto de Miranda 273
Danler Garcia Silva 341
Davi Augusto Santana de Lelis 65
David Emmanuel da Silva Souza 277
David Wilson de Abreu Pardo 220
Delze dos Santos Laureano 180
Diana Pérez Rivera 145
E
Edgar Barbosa Neto 309
Edson Damas da Silveira 143
Eduardo Faria Silva 27
Eduardo Forero Lloreda 164
Eduardo Gabriel Osorio Sanchez 26
Edwin Rubio Medina 235
Efendy Emiliano Maldonado Bravo 87
Elaine Bello Bonarino 48
Elaine Freitas Fernandes Ferreira 219
Elaine Moreira 229, 233
Ela Wiecko V. de Castilho 270
Elisa Cruz Rueda 323
Elisa Sardão Colares 23
Elizabete David Novaes 132
Elizabeth Novaes Pereira 144
Eloi Martins Senhoras 134
Elton Fogaça da Costa 329
Emerson Erivan de Araujo Ramos 305
Ener Vaneski Filho 175
Enoc Moisés Merino Santi 302
Enzo Bello 61
Erica Cristina Almeida Lopes 175
Eric Cícero Landívar Mosiño 80
Erika Bárcena Arévalo 42
Érika Lula de Medeiros 314
Erika Macedo Moreira 137, 141
Estelamaris Dezordi 68
Esther Kulkamp Eyng Prete 118
Esther Sánchez Botero 262
Evandro Charles Piza Duarte 80
F
Fabiana de Menezes Soares 110
Fabiana Ferreira Novaes 230
Fabiano Buriol 154
G
Gabriela Aída Salvador Cardenas 200
Gabriela Barreto de Sá 128
Gabriel Barbosa Gomes de Oliveira Filho 261, 348
Gabriel Borges da Silva 35
Gabriel Cerqueira Leite Martire 277
Gabriel Cruz 125
Gabriele Poewka 92
Gabriel Queiroz de Camargo 340
H
Héctor Ortiz Elizondo 245
Helena Kugel Lazzarin 150
Heleno Florindo da Silva 62
Helga Maria Martins de Paula 316
Heline Sivini Ferreira 90
Henrique Weil Afonso 83
Henyo Trindade Barreto Filho 229
Holmedo Peláez Grisales 57
Hugo Lázaro Marques Martins 59
I
Igor Silva de Sousa 248
Ileide Sampaio de Sousa 100
Iodenis Borges Figueira Cerqueira 338
Irene Juárez Ortiz 36, 46
Isaac Palma Brandão 21
Isabela do Amaral Sales 168
Isabela Franco de Andrade 334
Isabella Cristina Lunelli 137, 138
Isabel R. C. Caetano da Silva 165
Isis Dantas Menezes Zornoff Tóbas 317
J
Jacques de Novion 29
Jahyra Kelly de Oliveira Sousa 302
Jaime Leonidas Miranda Alves 149, 152
Jamille Medeiros de Souza 122
Janaina Dantas Germano Gomes 15
Janaina Ferreira da Mata 91
Janaína Maria Bettes 327
Janete Rosa Martins 310
Javier Andres Perozo Hernandez 26
Javier Antonio la Rosa Calle 297
Javier Echevarría Mejía 47
Javier la Rosa Calle 297
Jéssica Damian 265
Jessica Hind Ribeiro Costa 35
Jessica Maria Barros da Silva 186
Joallysson Desterro Bayma 345
Joana Coelho da Silva 265
João Batista Moreira Pinto 72
João da Cruz Gonçalves Neto 192
João Damasceno Gonçalves Figueiredo Junior 310
João das Neves 343
João Francisco Kleba Lisboa 198
João Luiz do nascimento Mota 191
João Neto Arantes Bento 332
João Paulo do Vale de Medeiros 169
João Telésforo 91, 109
João Telésforo Nóbrega de Medeiros Filho 91
João Victor Nery Fiocchi Rodrigues 287
João Vitor Martins Lemes 135
Joaquim Shiraishi Neto 3, 4, 128
Joe William Costa Rodrigues 364
Johnatan Razen Ferreira Guimarães 185
Jordana Maria Ferreira de Lima 307
Jorge Alves Santana 351
Jorge Antonio Contreras Domínguez 212
K
Karina Macedo Fernandes 101
Karoline Ferreira Martins 312
Kátia Sento Sé Mello 13
Katya Regina Isaguirre 170
Keilla Ingrid Silva 347
Kelly Ribeiro Felix de Souza 75
Kenneth Garcés Trelles 47
Kennia Dias Lino 161
L
Laira Carone Rachid Domith 263
Larissa Camapum de Souza 288
M
Magali Vienca Copa Pabón 256
Magdalena Gomez Rivera 163
Magnus Henry da Silva Marques 107
Maiquel Ângelo Dezordi Wermuth 68
Malu Flávia Porto Amorim 173
Manoel Severino Moraes de Almeida 285
Manuela Estrada Cardona 330
Manuela Royo Letelier 258
Manuel Munhoz Caleiro 295
Marcela de Castro Reis 117
Marcela Iossi Nogueira 84, 85
Marcela Leila Rodrigues da Silva Vales 149, 152, 154, 156
Marcela Munch de Oliveira e Silva 261
Marcela Suarez Escobar 224
Marcelo Alves Lima 119
Marcelo Carnevale 26
Marcelo Gonçalves Oliveira e Silva 231
Marcelo Roberto Bruno Válio 154
Marcelo Rossal 25
Marco Aparicio Wilhelmi 88
Marcos Alexandre Veríssimo da Silva 33
Marcos Alfonso Spiess 208
Marcos Daniel Silva Maldonado 226
Marcos Vinícius Lustosa Queiroz 185
Marco Vinicio Morales Muñoz 295
Marcus Abílio Gomes Pereira 298
Marcus F. F. Castro 330
Marcus José da Silva Cardinelli 31
Margareth Anne Leister 329
Maria Aparecida Lucca Caovilla 215, 358, 359
Maria Augusta Assirati 271
Maria Catalina Robayo Serrano 284
Maria Claudia Jatahy de Paula Nunes 168
Maria Cristina Vidote Blanco Tárrega 194
N
Nadloyd da Conceição Pinheiro Moraes 362
Nadyne Pholve Moura Batista 165
Naila Ingrid Chaves Franklin 129
Natalia Castelnuovo Biraben 243
Natalia de Marinis 254
Natalia Silveira Canedo 191
Natasha Gomes Moreira Abreu 312
Nathália Vince Esgalha Fernandes 24
Nayala Nunes Duailibe; Arthur Santos Abreu 216
Nayara Rodrigues Medrado 307
Nélida Reis Caseca Machado 135
Ney Maciel 231
Nilson Ribeiro dos Santos Junior 51
Nivaldo dos Santos 185
O
Ondina Pena Pereira 58
Oswaldo Ruiz-Chiriboga 36
Otávio Augusto de Oliveira Moraes 95
P
Paloma Abreu Monteiro 22
Paloma Bonfil 244
Patrice Schuch 36, 39
Patricia de Mendonça Rodrigues 284
Patricia Louise de Moura Moraes 263
Patricia Santos Martins 122
Paula Benjamin 343
Paula Constantino Chagas Lessa 17
Paula Karina Rodriguez Ballesteros 327
Paula Velho Leonardo 64
Paulo Víctor Silva Schroeder 62
Paz Concha Elizalde 137
Pedro Augusto Domingues Miranda Brandão 9, 104
Pedro Bigolin Neto 184
Pedro D’Angelo da Costa 360
Pedro Nunes Britto Moreira 4, 11, 131
Pedro Sousa; Leonardo 52
Philippe Seyfarth de Souza Porto 165
R
Rabah Belaidi 301
Rafael Fávero Farias; Aloísio Krohling 65
Rafael Galeno Machado 302
Rafael Modesto dos Santos 290
Raquel Cerqueira Santos 313
Raquel Fabiana Lopes Sparemberger 61, 64, 229
Raquel Von Hohendorff 122
Raquel Zonia Yrigoyen Fajardo 104
Raul Cezar Bergold 173
Raynara Vilar 343
Rebecca Lemos Igreja 2, 3, 4, 8, 11, 23, 28
Renata Barbosa de Almeida 59
Renato Fernandes Neto 51
Ricardo Prestes Pazello 137, 140
Ricardo Verdum 3, 4, 250, 251
Rita Laura Segato 262
Roberta Amanajás Monteiro 273
Roberta nascimento da Silva 187
Roberto Leopoldino Cavalcanti 210
Robert Prichard Miller 231
Rodrigo Giraldo Quintero 275
Rodrigo José dos Santos 364
Rodrigo Maia da Solidade 300
Rodrigo Portela Gomes 130
Rodrigo Sant’Ana Nogueira 217
Rodrigo Vilhena Herdy Afonso 356
Rogério Duarte do Pateo 298
Romário Augusto Morais Santos de Souza 101
Romina Ysabel Bazan Barra 185
Romulo Cesar Barbosa Marques 193
Roniery Rodrigues Machado 293
Rosalva Aída Hernández 240
Rosane Freire Lacerda 3, 9, 88, 93
Rosario González Arias 43
Roselene de lima Brenda 18
Rosely Aparecida Stefanes Pacheco 260
Rosembert Ariza Santamaría 295
Rosirene Martins Lima 345, 362, 363
T
Talita Ingrid da Silva 175
Talita Rampin 4, 10, 23, 28
Talita Tatiana Dias Rampin 314
Talitha Mirian do Amaral Rocha 19
Tamara Lopes Martins Camargo 349
Tamiris Melo Pereira 4, 11, 174
Tania Mara Campos de Almeida 266
Tatiana Calandrino Maranhão 264
Teresa Valdivia Dounce 234, 238
Thais Luzia Colaço 218, 225
Thaís Maria Lutterback Saporetti Azevedo 272
Thales Cassiano Silva 52
Thales Maximiliano Ravena Canete 151
Thales Oliveira Januário 276
U
Uanderson Nunes Pereira 342
V
Valeria de Oliveira Guedes 124
Vanderlei Luiz Weber 4, 11, 80
Vania Rocha Fialho de Paiva e Souza 286
Veronica Maria Bezerra Guimarães 236
Verónica Ramírez Santana 146
Victor Cesar Torres de Mello Rangel 34
Víctor Malpartida Castillo 297
Vilma de Fátima Machado 138
Vincenzo Lauriola 229, 230
Vinicius Mauat da Silva 41
Vinicius Silva Bonfim 278
Vitor Amaral Medrado 307
Viviane da Silva Wanderley 214
Vívian Lara Cáceres Dan 274
W
Walter Veloso Dutra 182
Wanda Karine da Silva Santana 27
Welliton Caixeta Maciel 48
Wendell Ficher Teixeira Assis 237
Whodson Robson da Silva; Magdalena Maria de Almeida 213
Wilson Madeira Filho 142
Wilson Salvador Oliden Zuniga 144
X
Ximena Alarcón Fuentealba 321
Z
Zoraida CastilloVarela 164