EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA
xxxxª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE xxx DO ESTADO DE xxxxx
Processo nº: xxxxxxxx Marcela, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, através de seu procurador que a esta subscreve, vem respeitosamente à presença de V. Exa., nos termos dos artigos 403, § 3º do Código de Processo Penal, tempestivamente, no quinquídio legal, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS SOB A FORMA DE MEMORIAIS, pelas razões de fato e de Direito a seguir apontadas;
SÍNTESE DOS FATOS
Narram os autos que na data de 24 de fevereiro de 2016, Marcela, 19
anos, encontrava-se estudando em um Coworking na cidade de Cuiabá/MT. Ao final de um ciclo de estudo, resolveu ir comprar um café na cantina do local, tendo deixado seu notebook carregando na tomada. Ao retornar, retirou um notebook da tomada e foi para sua residência. Ao chegar em casa, foi informada de que foi realizado registro de ocorrência na Delegacia em seu desfavor, tendo em vista que as câmeras de segurança do Coworking captaram o momento em que subtraiu o notebook de Giselly, que dividia a mesma sala que ela no Coworking, que havia colocado seu computador para carregar em substituição ao de Marcela, o qual estava ao lado. Marcela, em seu interrogatório, confirma os fatos, mas esclarece que acreditava que o notebook subtraído era seu e, por isso, levara-o para casa. Foi juntada a Folha de Antecedentes Criminais da ré sem qualquer outra anotação, o laudo de avaliação do bem subtraído, que constatou seu valor de R$ 2.700,00 (dois mil e setecentos reais), e o CD com as imagens captadas pela câmera de segurança. O Ministério Público, em sua manifestação derradeira, requereu a condenação da ré nos termos da denúncia Sendo assim, está sendo imputado a Roberta, o crime previsto no art. 155, caput do CP, ou seja, o crime de furto.
II- PRELIMINARMENTE - Da Nulidade
No presente caso, acarreta-se nulidade do feito, senão vejamos: Inicialmente, cumpre ressaltar que a denunciada é primária, possui residência fixa e trabalho lícito, conforme documentos acostados aos autos. O crime imputado à ré possui pena de reclusão de 1 a 04 anos, sendo assim, conforme dicção do art. 89 da lei .9.099/1995,“ no s crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a 01 ano, abrangidos ou não por esta lei, o Ministério Público ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão condicional do processo por 2 a 4 anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizem a suspensão condicional da pena ( art.77 do CP) ”. Como sabemos, no processo penal vigora o princípio segundo o qual a prova, para alicerçar um decreto condenatório, deve ser indiscutível e cristalina, deveria o Ministério Publico ter oferecido a proposta de suspensão condicional do processo conforme se verifica no artigo a cima mencionado, uma vez que o crime imputado à ré possui pena mínima de 01 ano e também pelo fato de a ré preencher os requisitos do art. 77 do CP. Portanto, se o conjunto probatório não permitir precisar essa conclusão em decorrência da dúvida, cumpre ao magistrado optar pela absolvição com base no princípio do in dúbio pro réu. DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer a Vossa Excelência; Ante ao exposto, pugna que seja decretada, Absolvição do crime de furto, na forma do Art. 386, inciso III ou inciso VI, do CPP a Marcela, dando-se por IMPROCEDENTE a denúncia, em razão da inexistência de suporte probatório mínimo uma vez que de acordo com o Art. 20 do Código Penal, o erro sobre elemento constitutivo do tipo exclui o dolo, mas permite a punição do agente a título de culpa, caso previsto em lei, neste caso podemos entender ser escusável, de modo que não há que se falar em dolo ou culpa. Ademais, ainda que assim não fosse, não existe previsão da modalidade culposa do furto, logo, ainda assim, Marcela deverá ser absolvida. Por derradeiro, caso entenda pela condenação da denunciada, o que não se espera, requer a APLICAÇÃO DA PENA NO MÍNIMO LEGAL, e do regime aberto analisando as circunstâncias pessoais favoráveis do denunciado (artigo 59, inciso IV, do Código Penal) e conversão em penas restritivas de direitos, de acordo com o artigo 44 do Código Penal, posto que a denunciada preenche todos os requisitos favoráveis (primária, residência fixa, trabalho lícito). Para a efetivação da justiça, direitos e garantias asseguradas a todos os cidadãos, e por tudo evidenciado nos autos, revela-se mais adequada, razoável e humana, o acatamento dos argumentos e total procedência dos pedidos formulados pela defesa, logo pede-se deferimento.