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Física Médica 2009 - 2010 1

Física Médica

Tomografia Axial Computorizada


____________________________________________
Departamento de Física da Universidade de Aveiro

Gabriel Picado (34342) ; Pedro Pinto (34255)

Resumo

No estudo da tomografia axial computorizada abordaram-se a história, o princípio físico e a evolução das várias
gerações de tomografia computorizada. Explica-se o princípio de funcionamento, a aquisição de imagem,
principais componentes e suas características do tomógrafo computorizado de rotação helicoidal, são enunciadas
algumas aplicações médicas e mais especificamente uma investigação sobre tuberculose pleural utilizando a
tomografia computorizada.

Palavras Chave:, Raios X, Hounsfield, Gantry

1. Introdução
A Tomografia Axial Computadorizada engloba
A tomografia é uma palavra que deriva do grego: diversos tipos de tomografias, cada uma diferente
tomos (secção) + grafia. É uma técnica que permite a consoante princípio físico em que se fundamenta,
visualização de um objecto numa secção transversal. nomeadamente a tomografia de raios X, é um exemplo,
A técnica da Tomografia Axial Computadorizada a qual se baseia na atenuação sofrida por um feixe de
(TAC) tem desempenhado um papel preponderante na raios X ao atravessar um objecto. Posteriormente são
medicina, concretamente no conhecimento do corpo apresentados outros tipos de tomografias [1].
humano. Sendo esta técnica precursora no estudo e
análise de imagens do corpo humano sem sobreposição  Tomografia computadorizada de emissão única
das estruturas anatómicas distintas, ou seja, a projecção de fotões (SPECT - Single Photon Emission
de toda a informação numa imagem plana Computerized Tomography);
 Tomografia de emissão de positrão (PET -
bidimensional, divergente das vistas em fluoroscopia de
Positron Emission Tomography);
raios X. As imagens de TAC possuem alto contraste  Tomografia de ultra-sons;
comparado a radiografia convencional.  Tomografia de protões.
2 Física Médica 2009 - 2010

2. Princípios Físicos dos Raios X Através da tomografia computorizada tem-se a


informação da quantidade de radiação absorvida por um
Em 1895, Wilhelm Conrad Röntgen ao realizar dado material analisado, sendo traduzido assim as
experiências com aceleração de electrões descobriu os variações numa escala de cinzentos, possibilitando a
raios X, como sendo um tipo de radiação capaz de obtenção de uma imagem. Cada pixel da imagem
penetrar opticamente objectos opacos, os quais corresponde à média de absorção dos tecidos, que é
denominou raios X, por se tratar de uma radiação expressa em unidades de Hounsfield. Através de uma
desconhecida. Com a descoberta desse novo tipo de única medição de transmissão não se pode determinar a
radiação com alto poder de penetração foi-lhe atribuído separação dos coeficientes de atenuação, pois existem
o primeiro prémio Nobel de física em 1901. múltiplos coeficientes, μi, para uma mesma região.
Posteriormente Gabriel Frank, em 1940, descreve o Torna-se necessário efectuar múltiplas medições de
princípio da tomografia computorizada. O princípio transmissões no mesmo plano mas com diferentes
orientações da fonte de raio X e do detector permitindo
físico da tomografia computorizada baseia-se nos
assim a separação dos coeficientes de atenuação e
mesmos princípios da radiografia convencional. A atribuindo a cada um deles um diferente nível de
atenuação sofrida por um feixe de raios-X em tecidos cinzentos, o que forma uma escala de cinzentos, Figura
biológicos ocorre devido a diversas interacções do feixe 1 [3].
com a matéria: o efeito fotoeléctrico, o efeito de
Compton e a criação de pares [2].
A fracção de energia perdida por um feixe, quando 3. Produção dos Raios X
ultrapassa um determinado material, é proporcional à
sua espessura dx: Os raios X são um tipo de radiação electromagnética
que possui um comportamento ondulatório, com
𝑑𝐼 variação sinusoidal dos campos: eléctrico e magnético.
= −𝜇𝑑𝑥 (1) Esta radiação possui comprimento de onda no intervalo
𝐼
de 10-9m até 10-12m.
Tendo em conta que os tecidos de um corpo têm Num diagnóstico médico os raios X são produzidos
composição diferente, logo a radiação X é absorvida de pela colisão de electrões, os quais possuem uma elevada
forma diferente. Os tecidos mais densos, absorvem mais energia cinética, com um material-alvo numa ampola de
radiação X que os tecidos menos densos. Sendo o feixe raios X. Estes electrões são emitidos a partir de um
mono energético a transmissão de raio X que atravessa o filamento aquecido até este ficar incandescente. No caso
material é: de temperaturas elevadas esses electrões adquirem uma
energia cinética, fazendo com que a probabilidade de
𝐼 = 𝐼0 𝑒 − 𝜇𝑥 (2) abandonarem a superfície do filamento seja
consideravelmente significativa.
Na equação 2 considera-se que estamos perante um Posteriormente, através da aplicação de uma
meio homogéneo, onde, µ é o coeficiente de atenuação diferença de potencial, os electrões são acelerados e
do material, x a sua espessura, I0 a intensidade inicial do colidem com o material-alvo. A unidade de energia no
feixe e I a intensidade do feixe após ter atravessado o sistema internacional é o Joule, mas nos raios X é
material. É através desta expressão que se obtêm as frequente usar a unidade electrão-volt (eV), o qual
imagens de raios-X, uma vez que uma radiografia é a corresponde à energia cinética adquirida por um electrão
projecção dos fotões que atravessam o indivíduo e que quando sujeito a uma diferença de potencial de 1V.
são medidos por um detector. Em sistemas imagiológicos, para a aceleração de
Os tecidos são distinguidos consoante o seu electrões utiliza-se uma diferença de potencial aplicada
coeficiente de atenuação, este depende, das interacções na ampola de raios X que varia entre 20kV e 150kV.
sofridas através dos efeitos fotoeléctrico e de Compton. Tendo em conta que os electrões perdem quase toda
Quando um feixe é interceptado por duas regiões a sua energia (aproximadamente 99%), em colisões com
diferentes com coeficientes de atenuação μ1 e μ2 e os átomos do material-alvo, resultando assim num
espessuras x1 e x2, a transmissão de raio X é dada pela aquecimento substancial deste material-alvo. A restante
expressão seguinte: energia dos electrões (aproximadamente 1%)
transforma-se em raios X.
𝐼 = 𝐼0 𝑒 − 𝜇 1 𝑥 1 +𝜇 2 𝑥 2 (3) Os electrões ao serem acelerados (∆𝐸 ) incidem no
material-alvo, existindo assim uma variação na sua
No caso em que o feixe é interceptado por mais de velocidade, respectivamente uma desaceleração, o que
duas regiões diferentes, a transmissão de raio X é dada origina a produção de raios X, ou seja, a radiação de
por: Bremsstrahlung (ou radiação de travagem). Por sua vez
𝑛
esta radiação tem intensidade proporcional ao número
𝐼 = 𝐼0 𝑒 −𝛴𝑖=1 𝜇 𝑖 𝑥𝑖
(4) atómico do material alvo (Z2).
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Dado que a intensidade aumenta proporcionalmente necessários 12 bits por pixel, para representar toda a
com o aumento do número atómico do material alvo, gama de valores relevantes [4].
deve-se utilizar num sistema TAC um material alvo de
Z elevado.
Os raios X produzidos são caracterizados por um
determinado intervalo de energias, a sua distribuição de
energias ou seja do espectro de raios X, tendo uma
distribuição contínua. Os raios X gerados podem
apresentar uma baixa energia, no entanto, o electrão
ainda tem uma energia cinética significativa,
permitindo-o interactuar com outros átomos do material
alvo [4].

3.1 As unidades de Hounsfield

Para um determinado elemento de volume é atribuído


um valor numérico, ou seja, um valor de atenuação, que
corresponde a quantidade média de absorção de radiação
do tecido, representado no pixel.
Utiliza-se a água como referência pois tem um
coeficiente de atenuação parecido aos tecidos moles. A
tabela (1) mostra a densidade de alguns tecidos.

Tecido Densidade (g/cm3)


Ar 0,01
Pulmão 0,25
Gordura 0,92
Água 1,00
Músculo 1,60
Osso 1,80
Tabela 1: Densidade de diferentes tecidos.
Figura 1: Escala de cinzentos de Hounsfield.[5]

Através dos coeficientes de atenuação linear


3.2 Elementos da Imagem
podemos caracterizar directamente os diversos órgãos
do corpo humano, ou indirectamente pelos valores de
Uma matriz de imagem é composta por blocos
TAC, em unidade Hounsfield, obtidos através dos
individuais denominados de Voxels, cuja face é um
coeficientes de atenuação linear µ(x,y),
quadrado e denominada de pixel. (Figura 2)
Para um tecido genérico T, com coeficiente de
Aos pixéis são atribuídas coordenadas espaciais
atenuação µT, o valor da TAC é definido por:
nos três planos do espaço e valores na escala de
𝜇 𝑇 − 𝜇á𝑔𝑢𝑎 cinzentos de Hounsfield, consoante a atenuação
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑇𝐴𝐶 = × 1000 𝑈𝐻 sofrida pelos raios X na passagem pela secção do
𝜇á𝑔𝑢𝑎
corpo.

Os valores de TAC ou valores de Hounsfield,


definem-se como -1000 para o ar e 0 para a água.
Os valores dos coeficientes de atenuação linear
dependem da energia do feixe de raios X, porém os
valores de TAC são quase independentes da energia do
feixe de raios X. Temos como exemplo, os valores
negativos de TAC apresentados por tecidos pulmonares
e gordura, pois têm baixa densidade. Por sua vez os
restantes órgãos do corpo humano, como por exemplo
os músculos e a maioria dos órgãos moles, apresentam
valores TAC positivos. (Figura 1)
Usualmente os sistemas de aquisição da TAC
trabalham no intervalo de -1024 UH até +3071 UH,
tendo disponíveis 4096 valores distintos, sendo Figura 2: Matriz de imagem da tomografia computorizada [1].
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4.1 Sistema de Rotação-Translação de Detector


A menor unidade de dimensão ou de imagem do Simples (1ª Geração)
tomograma computadorizado é o ponto fotográfico,
pixel. Este não tem uma dimensão ou comprimento A primeira geração tem como base, um sistema
definido visto que depende do tamanho do campo de de rotação-translação com um único sensor, isto é,
visão e da matriz de imagem. um feixe de raio X estreito varre o corpo em meia
Assim, a escolha dos dois pelo técnico irá volta (180°) com um passo de 1°, a intensidade
determinar que o pixel represente certa porção da do feixe que atravessa o corpo é medida por um
área transversal ou corte realizado no paciente. único sensor, após cada incremento angular uma
translação é efectuada. (Figura 3)
A imagem tomográfica, é um conjunto de números
Após cada incremento angular, uma translação
que são transformados em tons de cinza, informando
linear é realizada enquanto o raio atravessa o corpo,
a densidade de cada ponto dos órgãos do corpo
ou seja, o feixe efectuava múltiplas varreduras
humano. Visto que as diferentes partes anatómicas lineares sobre o objecto (160 varreduras) e só depois
possuem densidades distintas, dependendo das girava 1 grau até completar meia volta. O tempo de
células que a compõem, as informações das varrimento para cada corte nesta geração é de alguns
densidades formam imagens que, na tela, desenham minutos [1].
as várias anatomias.
O tomógrafo mede a atenuação de radiação que o
corpo humano provoca quando atravessado por um
feixe de raios X, o que permite determinar o valor de
densidade de cada ponto no interior do corpo
humano, como a atenuação é realizada por todo o
corpo, torna-se necessário que se realize várias
exposições em diferentes ângulos. Obtendo-se assim
uma grande quantidade de dados, permitindo que
computador defina ponto a ponto da imagem e qual
seu valor de atenuação, ou de densidade.
Transformando esses valores em vários níveis de
cinzas, cria-se uma imagem visual da secção
transversal da área percorrida, que são registados no
computador e através do processamento
computacional, reconstrói-se a imagem tomográfica.
Atendendo ao facto de que as estruturas internas Figura 3: Primeira geração da tomografia computorizada [1].
de um corpo têm capacidades de absorção diferentes,
podem assim, ser identificadas numa imagem
tomográfica. Os valores de atenuação de um objecto 4.2 Sistema de Rotação-Translação de
percorrido, é colocado na forma de uma matriz, sendo Múltiplos Detectores (2ª Geração)
que o tamanho da mesma, influencia a qualidade da
resolução da imagem. As matrizes maiores contêm O aperfeiçoamento da primeira geração deu
mais pontos e pixéis de menor área, o que origem a segunda geração que consiste num sistema
proporciona a obtenção de mais detalhes e numa de rotação-translação com múltiplos detectores.
melhor resolução [1;6]. (Figura 4)
O primeiro scanner comercial, de segunda
geração, difere muito pouco do sistema de aquisição
de Hounsfield. Para aumentar a velocidade, foram
4. Gerações da tomografia computorizada
acrescentados detectores, o que implicou passar de
um feixe tipo lápis para um feixe cónico com o
O desenvolvimento dos tomógrafos, ou seja, os
objectivo de reduzir o tempo de aquisição para 20
scanners de Tomografia Axial Computorizada,
segundos.
começou com as experiências de Hounsfield no início
Ambos os métodos de aquisição funcionavam de
dos anos 70, que corresponde à primeira geração da
acordo com os princípios de translação – rotação, no
TAC, onde se utiliza um feixe muito fino que se
qual o feixe de radiação percorria o objecto num
move com movimentos de translação e rotação. A
movimento linear de translação e repetia este
principal desvantagem deste sistema é o tempo
procedimento após um pequeno incremento da
necessário para obter cada imagem, o que o faz muito
rotação. (Figura 4)
dependente do movimento do sujeito. Para minimizar
A 2ªgeração teve como alteração a colocação de
este problema, surgiram feixes divergentes que,
uma linha de 20 a 40 detectores colocados
embora tivessem o mesmo tipo de movimento,
opostamente à fonte de raios X, , melhorando assim
tornam a obtenção da imagem bastante mais rápida
o número de incrementos angulares de 1° para 10°
(até cerca de 20%)[4].
necessários para varrer o corpo, o que trouxe uma
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redução de tempo. O tempo de varrimento para cada minuto. O alto custo fez com que poucas unidades
corte nesta geração é de 6 a 20 segundos [1]. desse equipamento fossem comercializadas [1].

Figura 6: Quarta geração da tomografia computorizada [1].

Figura 4: Segunda geração da tomografia computorizada [1].


4.5 Tomografia computorizada por feixe de
electrões.
4.3 Sistema de rotação com detectores móveis
(3ª Geração) Este modelo de tomógrafo, desenvolveu-se com
vista a reduzir ainda mais o tempo de aquisição, pois
O aperfeiçoamento dos tomógrafos de 2ªgeração, dessa forma conseguimos obter boas imagens em
levaram ao aparecimento da 3ª geração de aparelhos. órgãos que se movem (como por exemplo o
(Figura 5) coração,). Criou-se o tomógrafo por feixe de
Nos quais, o feixe de raios X emitido possui uma electrões, considerado 5ª geração. Este modelo de
ampla abertura e a fonte emissora, tem uma linha de tomógrafo é o mais moderno que existe e utiliza-se
200 a 1000 detectores dispostos em ângulo, de um conceito diferente na geração de raios X [1].
recebendo a radiação que atravessa o corpo do
paciente, eliminou-se assim a varredura linear. Os
tempos de processamento destes aparelhos localizam-
se numa faixa entre 1 e 4 segundos por corte.
Actualmente, são os mais utilizados mesmo em
aparelhos modernos, devido a sua relação
custo/benefício [1].

Figura 7: A Tomografia por Feixe de Electrões [1].

A Tomografia por Feixe de Electrões foi


desenvolvida no início da década de 80 para o estudo
Figura 5:Terceira geração da tomografia computorizada [1].
do coração, com tempos de aquisição muito curtos.
Para tal efeito um feixe de electrões era gerado,
4.4 Sistema de rotação com detectores fixos (4ª acelerado e focado electromagneticamente no ânodo
Geração) com uma estrutura em anel que envolve o paciente.
Este tipo de tomógrafo não teve uma utilização
A quarta geração consiste num sistema de generalizada devido ao elevado custo, porém é o mais
rotação com sensores fixos, isto é, um conjunto moderno que existe e utiliza-se de um conceito
de 800 a 4000 sensores distribuídos ao longo dos diferente na geração de raios X [4].
360°, onde a fonte de raio X gira em torno deles. Este tomógrafo destaca-se por não possuir tubo de
O tempo de varredura para cada corte nesta raios X ou ampola. A geração do feixe de fotões é
geração varia entre 1 e 3 segundos. Um exame realizada a partir de um canhão de electrões, estes são
completo de tórax ou abdômen pode não atingir 1 acelerados pelo canhão e desviados por um conjunto
de bobinas ao longo to trajecto em direção ao alvo. O
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alvo quando atingido é um dos vários anéis de 4.7 Tomografia Helicoidal Multidetectores
tungstênio que circundam o paciente na parte inferior
da mesa. Quando os electrões atingem o alvo com Os equipamentos helicoidais evoluíram
energia suficiente ocorre o fenómeno de geração de principalmente em função da tecnologia, tubos de
raios X, existe pois, a transferência de energia dos raios X mais potentes e em função do avanço
electrões para o átomo de tungstênio [1]. computacional. Com a o objectivo de aumentar a
capacidade de obtenção de cortes por unidade de
4.6 O Sistema Helicoidal (ou Espiral) tempo, apareceram os equipamentos helicoidais de
tecnologia multidetectores. Estes equipamentos
Os sistemas de tomografia computorizada têm possuem múltiplos conjuntos de anéis de detectores
sido desenvolvidos a partir da 4ª geração, um para obtenção de vários cortes simultâneos,
denomina-se sistema de rotação helicoidal. actualmente apresentam 64 anéis possibilitando a
A tomografia helicoidal (Figura7), não é diferente aquisição até 140 imagens por segundo [1].
dos seus antecessores em termos de funcionamento
em geral, o sistema utilizado baseia-se na rotação
total da ampola, podendo os detectores serem móveis 5. Componentes e características principais de
ou fixos 3ª e 4ª geração respectivamente, no entanto um sistema tomográfico
a diferença está no movimento da mesa com o
paciente. O sistema de tomografia computorizada
apresenta três componentes principais, a gantry, a
mesa e o computador. Os dois maiores componentes
de um sistema de TAC são a unidade de aquisição
(denominada gantry) e a cama do paciente.
A gantry pode estar inclinada em relação ao sistema
de rotação, permitindo a selecção de planos de
aquisição não perpendiculares ao eixo longitudinal, o
que se verifica em regiões críticas como a região
lombar da coluna e a base do crânio. O sistema de
rotação da gantry representa uma massa entre 400Kg
e 1000Kg e para acelerar esta massa para duas
rotações por segundo são utilizados motores que
garantem um movimento uniforme, a transferência de
Figura 8: Sistema de tomografia computorizada de rotação
helicoidal, onde se observa a disposição dos sensores e o formato
energia eléctrica para a ampola de raios X e para
do feixe movimento da fonte de raios X, bem como o outros componentes da parte rotativa da gantry é
deslocamento do paciente durante a exposição [1]. conseguida por anéis rotativos [4].
Nas anteriores gerações, a mesa do paciente
movia-se após a ampola cessar a aquisição do corte
(após 360º de rotação), posicionando-se então para o
novo corte, sendo o movimento da mesa intermitente,
entre os cortes. Na tomografia helicoidal os cortes
são na forma de hélices e o método de aquisição
assemelha-se a um modelo espiral.
Neste sistema, associando a capacidade
computacional dos novos tomógrafos há uma
aquisição contínua de dados de toda a região do
corpo em análise, que foi conseguida através da
rotação contínua do tubo de raios X em torno
dos sensores enquanto simultaneamente a mesa se
desloca para o interior da gantry de forma Figura 9: Componentes de um sistema de tomografia
contínua, o que possibilita uma tomografia de computorizada: Gantry e mesa do pacinte.
processamento mais rápido.
Este sistema é o mais célere que existe, sendo A gantry é constituída por um colimador, uma
capaz de efectuar uma tomografia completa de uma fonte de raio X, um conjunto de sensores que estão
coluna em excassos segundos. Por exemplo, a alinhados lado a lado ao longo de 360º. A fonte de
realização de exames de crânio podem ser feitas em raio X tem como características ter elevada
20 segundos num sistema helicoidal, diferente dos 3 capacidade térmica e emitir um feixe estreito em
minutos num sistema de 3ª gearação [1; 6]. forma de leque, entre outras; o colimador reduz em
1% a radiação espalhada pelo feixe de raio X,
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isto é, com menos raios X a interagir com os


sensores os sinais apresentam um maior rendimento
mas por sua vez o ruído será maior.
Os sensores aplicados em sistemas de
tomografia computorizada são, câmaras de ionização
e sensores de estado sólido, estes têm a
característica de terem estabilidade ao longo do
tempo, uma alta eficiência para minimizar a dose
de radiação X no paciente e serem não sensíveis a
possivéis variações de temperatura existente no
tomógrafo.
A mesa serve para o paciente se colocar na
horizontal e durante o exame esta movimenta
lentamente em direcção ao interior do gantry. O
processamento e a reconstrução da imagem
tomográfica a partir dos dados adquiridas pelos
Figura 10: Imaguem de uma radiografia a uma mão
sensores, é realizado através de um computador [3;
5].
7. Investigações médicas utilizando a tomográfia
computorizada
6.Aplicações médicas
A tomografia computorizada teve uma
contribuição importante no desenvolvimento de
As imagens de raios-X nas aplicacões médicas são
novas investigações médicas. Com o aparecimento
diversas, sendo as mais usuais a observação dos
destes sistemas Tac, foi possivel investigar mais
ossos (Figura 10). Nas radiografias a um esqueleto é
profundamente, e melhorar a nível de rapidez na
possível visulizar alterações estruturais como a intervenção com o paciente . Este sistema Tac teve
osteoporose, más formações do esqueleto, uma grande influência na investigação de algumas
fracturas, infecções ósseas e diversos tipos de doenças como é o caso da tuberculose pleural, ou
tumores (malignos, benignos ou metástases), também seja , a visualização da secção transversal do toráx e
no aparelho respiratório, analisa-se através de uma também nas diferenças nos fluídos , bem como
radiografia , na qual podemos observar alguns tecidos moles e o cálcio através dos respectivos
problemas nos brônquios, edemas, tuberculose, coefientes de atenuação.
diversos tumores e alterações da pleura.
A nivel do aparelho circulatório, as radiografias
permitem detectar modificações da forma do coração,
alguns aneurismas cardíacos e inflamações diversas.
Na tomografia computorizada, alguns exames
possíveis de realizar através com esta técnica,
nomeadamente o estudo de exploração vascular,
tanto em patologia da aorta como dos vasos supra
aórticos, intracrâneanos, artérias pulmonares e
renais, assim como a detecção de nódulos
pulmonares. Também tem aplicação em
endoscopia virtual vascular, do tubo digestivo, Figura 11: Imaguem de uma secção do tórax através de TAC.
nomeadamente do cólon, e da árvore
tranqueobrônquica [6]. Também no TAC, a sua A tomografia computorizada é a técnica mais
aplicação é muito variada, destacando-se assim as vantajosa para a avaliação e seguimento de doentes
imagens do sistema nervoso central (onde poderão com tuberculose pleural. Numa investigação da
ser visíveis hemorragias, lesões diversas, neoplasias e tuberculose pleural aguda e crónica utilizando a
problemas nas vértebras) e as imagens do abdómen, tomografia computorizada conclui-se que o uso
do tórax e do pélvis (Figura 11). da tomografia computorizada na plural aguda existe
uma melhoria da precisão, sendo visivel no
diagnóstico pequenas zonas que não seriam vistas
utilizando a radiografia convencional, (Figura 12).
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mesmo consegue fornecer uma resolução espacial


elevada cerca de 0,38mm do comprimento do voxels,
permitindo assim uma rapida aquisição de
profundidade, ao longo do eixo do z.
Se as duas fontes tiveremos o mesmo
potencial, então fornecemos um aumento da
resolução temporal nos exames cardíacos. Esta
utilização da tecnologia de fonte dupla em
tomografia computorizada tem uma limitação, as
aplicações para o abdómen, visto que o tamanho
do detector B é pequeno para podermos obter
uma imagem inteira em pacientes de dimensão
anormais. Algumas vantaguens do sistema topagrafia
de fonte dupla é aumentar o fluxo do fotão em
pacientes obesos utlizando o mesmo potencial nas
Figura 12: Imaguem do tórax através de radiografia. duas fontes de raios X, também o aumento da
resolução temporal, sendo esta possível usando
No caso da tubercolose pleural crónica é
uma rotação de 90° da gantry em vez de 180° na
detectado liquido dentro da casca pleural, podendo-se
aquisição de imagem e utilizando o mesmo
assim concluir que a utilização da tomografia
potencial em ambas as fontes de raios-X, podendo
computorizada, é util para mostrar as superfícies
assim obter-se uma resolução temporal de 83 ms,
pleurais na secção transversal do toráx e
em aplicacoes abdominais pode se utilizar nas duas
determinar a densidade do tecido, assim esta
fontes potenciais diferentes na obtensão de raios X
técnica é excelente para definir a posição e a
[8].
extensão da doença [7].

8. Desenvolvimento e investigacões em topografia 9. Conclusões


computorizada .
Neste trabalho podemos concluir que existem
diferentes coeficientes de atenuação num corpo, o
A tecnologia de dupla fonte é uma investigação que contribui para que a intensidade de raios X
em curso que visa a optimizar a topografia emitida pela fonte de raios X não seja a mesma
computarizada, que consiste em doist tubos de raios- intensidade medida pelo detector.
X com um angulo entre eles de 90º colocados na Após a primeira geração de tomografia
gantry . (Figura 13). computorizada em 1967, a sua evolução foi
constante, o sistema era de rotação-translação com
um único sensor e utilizava uma fonte de raios X de
feixe estreito que varria o corpo em 180º com um
passo de 1º, tendo um tempo de varrimento para cada
corte de alguns minutos. Após alguns
aperfeiçoamentos ao longo das gerações, a quarta
geração inicia o sistema de rotação com detectores
fixos distribuídos ao longo do 360º, a fonte gira em
torno dos detectores, e emitindo em forma de leque, o
tempo de varrimento para cada corte foi reduzido
para 1 a 3 segundo.
A tomografia computorizada tem sido
desenvolvida a partir das várias gerações, o sistema
de rotação helicoidal é um dos sistemas
desenvolvidos a partir da quarta geração, sendo útil
para exames diagnósticos, tendo como vantagem face
aos outros sistemas uma aquisição contínua de dados
de toda a região do corpo em análise.
Figura 13: Sistema de topografia computorizada de fonte dupla. Nas investigações médicas a tomografia
computorizada teve um contributo na investigação da
Num sistema de tomografia computorizada as tuberculose pleural, sendo mais preciso que a
fontes de raios X podem operar em potências
radiografia convencional, melhorando assim a
diferentes. Cada fonte de raios X, correspondem
cerca de 64 elementos de detectores : O detector A rapidez de intervenção no doente. Este método
(50 cm) , e o detector B de (26 cm), em que este tem também tem a vantagem face a radiografia
menor campo de visão, mas em contrapartida este convencional de mostrar a secção transversal do tórax
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e diferenciar os fluidos, tecidos moles e o cálcio,


através dos respectivos coeficientes de atenuação.
Uma investigação em curso de tomografia
computorizada é o sistema de fonte dupla, com a
vantagem do aumento do fluxo do fotão em pacientes
obesos, e aumento da resolução temporal.

Referências bibliográficas

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tecnologia radiológica.
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