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REDAÇÃO PROFESSORA ANA CRISTINA

GÊNERO TEXTUAL -Manifesto 

O Manifesto é um gênero textual feito para ser publicado ou lido


em público, e guarda certa semelhança com a Carta Aberta.

É escrito para expressar, geralmente, um anseio coletivo,


apresentando um conteúdo de fundo ideológico. Os manifestos,
embora sejam conhecidos há mais de 400 anos, começaram a
popularizar-se no século XIX, sobretudo com alguns que ficaram
famosos, como foi o caso do Manifesto Comunista e do Manifesto Anarquista, ambos de teor
político-ideológico. Pouco mais tarde, surgiram muitos outros, principalmente manifestos
artísticos, como o Manifesto Futurista e os manifestos modernistas no Brasil.

Assim como a Carta Aberta, esse gênero textual possui título, que deve ser objetivo, como:
Manifesto Estudantil ou Manifesto dos Estudantes Universitários, por exemplo.
Diferentemente daquela, no entanto, ele não costuma apresentar vocativo (embora não haja
uma regra quanto a isso), jamais recebendo, ao final, a “despedida cortês”. Apesar disso, ele
também é assinado, sendo recomendável, após a assinatura, colocar-se o local e a data.

Para efeito de vestibular, o estilo dos manifestos artísticos deve ser evitado.

MANIFESTO NA PROVA DA UNICAMP


A PROPOSTA

O tema começa com uma contextualização:

Coloque-se no lugar dos estudantes de uma escola que passou a monitorar as páginas de seus
alunos em redes sociais da internet (como o Orkut, o Facebook e o Twitter), após um evento
similar aos relatados na matéria reproduzida abaixo.
Em função da polêmica provocada pelo monitoramento, você resolve escrever um manifesto e
recebe o apoio de vários colegas. Juntos, decidem lê-lo na próxima reunião de pais e
professores com a direção da escola.

Vamos analisar, então, o propósito do gênero; o candidato deveria:

• explicitar o evento que motivou a direção da escola a fazer o monitoramento;

• declarar e sustentar o que você e seus colegas defendem, convocando pais, professores e alunos
a agir em conformidade com o proposto no documento.

Podemos dizer que se trata de um texto expositivo/narrativo, já que uma parte do propósito


é relatar um evento que teria motivado a escola a iniciar um monitoramento das atividades dos
alunos em redes sociais, e também opinativo/persuasivo, porque é necessário fazer uma
proposta e convocar o público que ouve a leitura do documento a tomar uma atitude sugerida
pelos autores.

Para cumprir bem esses dois pontos do propósito, você poderia, em primeiro lugar, se
aproveitar do texto motivador. Lembre-se de que a função desses textos não é atrapalhar
(mesmo que às vezes surja essa impressão), mas sim fornecer informações para que as pessoas
que não conheciam o assunto de antemão tenham como escrever um bom texto sobre ele. Por
isso, podemos dizer que ler bem a coletânea ou o texto motivador é muito mais importante que
‘adivinhar’ o tema.

No texto apresentado na proposta, havia três situações (na verdade eram quatro, mas duas eram
muito parecidas) que poderiam ser utilizadas. Lembre-se de que, ao contextualizar a situação, o
tema disse que a escola passou a monitorar os alunos “após um evento similar aos relatados na
matéria reproduzida abaixo”. Então, é lógico supor que a Unicamp espera dos candidatos o uso
de um dos eventos desse texto. Seria possível inventar outro, não presente na matéria? Sim,
mas, além de desnecessária, essa estratégia faz com que o candidato deixe de usar o texto
motivador. E temos visto, nas redações corrigidas pela Unicamp, que as redações com notas
mais altas têm usado bastante os elementos desses textos.

As situações descritas na matéria são as seguintes:

1: “Durante uma aula vaga em uma escola da Grande São Paulo, os alunos decidiram tirar fotos
deitados em colchonetes deixados no pátio para a aula de educação física. Um deles colocou
uma imagem no Facebook com uma legenda irônica, em que dizia: vejam as aulas que temos na
escola. Uma professora viu a foto e avisou a diretora. Resultado: o aluno teve de apagá-la e todos
levaram uma bronca.”;

2: Um casal foi suspenso por publicar uma foto em que eles se beijavam nas dependências da
escola;

3 e 4: em duas escolas diferentes, alunos criaram comunidades virtuais em que havia troca de
respostas de exercício pedidos pela escola. Em um dos casos, o aluno responsável pela página
sofreu suspensão; no outro, os responsáveis não foram punidos e o evento levou a uma
discussão sobre ética.

Não me parece que um dos eventos seja mais adequado à discussão que os demais. Qualquer um
deles, e até uma combinação de dois ou mais, pode ser a causa do início do monitoramento. Mas
vale notar que, enquanto os dois primeiros casos levaram a punições apenas por criar má
publicidade para as escolas, os últimos levantam uma discussão sobre o uso das ferramentas
virtuais para burlar as regras escolares.

A segunda parte do propósito seria elaborar uma proposta de ação. Não há indicações, no


tema, de qual seria o teor exato dessa proposta; assim, podemos assumir que serão aceitas
sugestões variadas, desde o fim do monitoramento por parte da escola até a abertura, na
comunidade escolar, de discussões sobre privacidade e responsabilidade. Como não
bastadeclarar, mas é necessário também sustentar uma posição, o candidato precisaria
encontrar alguns argumentos para defender a proposta.

Importante: embora pareça óbvio que os estudantes iriam se posicionar contra o


monitoramento, existe a possibilidade contrária. Nada impede que um grupo de estudantes,
depois de observar a polêmica causada pelo monitoramento, tenha resolvido escrever um
manifesto justamente para apoiar a atitude da escola, pois perceberam que talvez a instituição
voltasse atrás devido às críticas feitas por outros alunos (quem tem acompanhado a polêmica da
PM na USP deve ter percebido que estudantes não são sempre unânimes nas suas opiniões).
De qualquer forma, é aqui que se abre a maior possibilidade de autoria: os argumentos usados
podem variar bastante, mas sempre têm que ser coerentes com a posição defendida pelo autor
do texto e com a proposta escolhida.

Quanto à interlocução e à definição do autor e do interlocutor, note o que o tema pediu:


“Coloque-se no lugar dos estudantes de uma escola”, com o termo ‘estudantes’ no plural.
Essa característica, que, aliás, é comum em manifestos, permite concluir que o texto deve ser
escrito em nome de um grupo de pessoas e não de um indivíduo. O início poderia ser algo do
tipo “nós, estudantes do Colégio Tal, em face da polêmica criada pela decisão de...”; isso
estabeleceria o autor como o grupo de estudantes e provavelmente seria o suficiente para
cumprir essa parte da obrigação. O fato de o texto ser escrito em nome de um grupo também
permitiria um uso um pouco menos freqüente das características particulares do autor. Não me
parece condizente com o gênero escrever coisas como “eu, que gosto muito de História, notei
uma semelhança entre a atitude da escola e a política repressora da Ditadura Militar”. Esse
recurso, que é chamado máscara e consiste em mencionar características pessoais do autor que
serão úteis para atingir o propósito do texto, faz menos sentido quando o autor não é um
indivíduo.

Por fim, o meio e a linguagem: o tema diz que o manifesto deve ser escrito na
modalidade oral formal e que deve ser lido em uma reunião entre pais, professores e
direção da escola. Essas características aproximam muito o texto de um gênero cobrado no
ano anterior, odiscurso. Com a diferença, no entanto, de que o tema deste ano é
opinativo/persuasivo, com um pouco de exposição e narração, enquanto o do ano passado era
muito mais expositivo. Mas a situação de leitura do manifesto para uma plateia torna possível o
uso de elementos de interlocução como a saudação e a despedida, e o fato de o propósito
incluir a convocaçãodos ouvintes para agir de acordo com uma proposta faz com que a
referência ao interlocutor seja ainda mais esperada nesse texto, especialmente no momento em
que a proposta for explicitada. Imagino algo como “por isso, você, pais, conversem com seus
filhos sobre a importância da responsabilidade ao postar conteúdo nas redes sociais”, ou
“esperamos que vocês da direção respeitem nossa privacidade e busquem resolver os problemas
que surgirem por meio do diálogo e não da imposição de regras unilaterais”.

Ainda sobre a linguagem, lembre-se de que oralidade não é sinônimo de informalidade; além


de o tema ter afirmado explicitamente que é necessário escrever um texto formal, a própria
situação de produção (uma reunião da escola) e o propósito de persuadir os interlocutores
indicam a necessidade do uso de uma linguagem gramaticalmente correta e respeitadora da
norma padrão.

O gênero 2, portanto, novamente valorizou a leitura atenta do candidato e o respeito às


exigências da proposta, e ainda serviu como um argumento para uma tese que eu defendo
sempre: o mais importante não é o nome usado para se referir ao gênero e sim as características
dele que são apresentadas na proposta.

O QUE SE ESPEROU?

Espera-se que, ao se colocar no lugar dos estudantes de uma escola que passou a monitorar as
páginas de seus alunos em redes sociais da internet, o candidato redija um manifesto (a ser
lido em uma reunião de pais com a escola) que explicite um ponto de vista face a esse
monitoramento. Além de mencionar o evento que motivou a escola a tomar essa decisão, o
manifesto deve convocar pais, alunos e professores a agir em conformidade com o que é
defendido pelo seu autor. O enunciador é um estudante que fala não apenas em seu nome,
mas também no de seus colegas, tendo como interlocutor toda a comunidade escolar. O ponto
de vista a ser defendido pode consistir, por exemplo, no apelo à liberdade de expressão, à
privacidade dos alunos, à preservação da imagem da escola, ao respeito às regras da
instituição escolar, ao diálogo construtivo entre a escola e os alunos etc. Ao elaborar o
manifesto, o candidato deve reunir recursos de expressão necessários à defesa de um ponto
de vista e produzir efeitos de sentido que se mostrem eficientes na tentativa de conquistar um
grande público. O texto deve ser adequado à modalidade oral formal, uma vez que se destina à
leitura em voz alta e em tom convocatório, a ser realizada em uma situação formal de
interlocução.

EXEMPLO ACIMA DA MÉDIA

EXEMPLO ABAIXO DA MÉDIA


REDAÇÃO ANULADA

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