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PERFIL SOCIOECONÔMICO

DE PERNAMBUCO
Organizadores
Francisco José Araújo Bezerra
Tibério Rômulo Romão Bernardo
Luciano J. F. Ximenes
Airton Saboya Valente Junior

PERFIL SOCIOECONÔMICO
DE PERNAMBUCO

Fortaleza
Banco do Nordeste do Brasil
2015
Presidente: Coordenação Técnica:
Marcos Costa Holanda Luciano J. F. Ximenes
Airton Saboya Valente Junior
Diretores:
Francisco das Chagas Soares Equipe:
Isaias Matos Dantas Allisson David de Oliveira Martins
Luiz Carlos Everton de Farias Antônio Ricardo de Norões Vidal
Manoel Lucena dos Santos Fernando Luiz Emerenciano Viana
Paulo Sérgio Rebouças Ferraro Francisco Diniz Bezerra
Romildo Carneiro Rolim
Francisco Raimundo Evangelista
Escritório Técnico de Estudos Hellen Cristina Rodrigues Saraiva Leão
Econômicos Jackson Dantas Coêlho
do Nordeste – ETENE Jacqueline Nogueira Cambota
Superintendente José Alci Lacerda de Jesus
Francisco José Araújo Bezerra
Laura Lúcia Ramos Freire
Ambiente de Estudos, Pesquisas e Maria de Fátima Vidal
Avaliação Maria Simone de Castro Pereira Brainer
Gerente Mário Sergio Carvalho de Freitas
Tibério Rômulo Romão Bernardo Sâmia Araújo Frota
Célula de Estudos e Pesquisas Wellington Santos Damasceno
Gerente
Revisão Vernacular: Hermano José Pinho
Luciano J. F. Ximenes
Normalização: Audrey Caroline Marcelo do
Célula de Informações Econômicas, Vale
Sociais e Tecnológicas Projeto Gráfico: Gustavo Bezerra
Gerente Carvalho
Wendell Márcio Araújo Carneiro Diagramação: Patrício de Moura
Ambiente de Políticas de Colaboração:
Desenvolvimento Elias Augusto Cartaxo
Gerente Iara Amaral Lourenço
José Rubens Dutra Mota Hamilton Reis de Oliveira
Paulo André Almeida Lopes
Célula de Políticas de Financiamento e Roberto Jarllys Reis Lima
Monitoramento Thamiris Ferreira Pinto Paiva
Gerente
Sâmia Araújo Frota

Depósito Legal junto à Biblioteca Nacional conforme a Lei n“ 10.994, de 14 de


dezembro de 2004
P438 Perfil socioeconômico de Pernambuco / Francisco José Araújo Bezerra...
[et al.], organizadores. – Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil,
2015.
192 p.: il., color.
ISBN 978-85-7791-249-0
1. Perfil socioeconômico – Pernambuco. I. Bezerra, Francisco José
Araújo. II. Bernardo, Tibério Rômulo Romão. III. Ximenes, Luciano J. F. IV.
Valente Junior, Airton Saboya. V. Título.
CDU: 330.981
Impresso no Brasil/Printed in Brazil
Prefácio

Nos últimos anos, o Nordeste foi favoravelmente impactado


pela associação de evidente crescimento econômico e de melho-
ria significativa nas condições sociais. No entanto, ainda apresen-
ta características que emperram o alcance de maiores índices de
desenvolvimento socioeconômico e que são agravadas pela desi-
gualdade dentro da própria Região. Prova dessa última afirmação
é o fato de que os melhores indicadores do Nordeste ainda estão
concentrados nos estados da Bahia, Pernambuco e Ceará.
Diante dessa realidade e em sintonia com os resultados apon-
tados em um conjunto de estudos recentemente elaborados pelo
Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (ETENE),
denominado Nordeste 2022, o Banco do Nordeste acredita que um
dos maiores desafios para a Região é a descentralização do de-
senvolvimento. Para isso, o primeiro passo é avaliar a situação
socioeconômica atual de cada Estado, identificar potencialidades e
apontar diferenciais competitivos e oportunidades em cada um de-
les, procurando sinalizar possíveis iniciativas estratégicas, capazes
de nortear a elaboração ou atualização de políticas públicas ou a
tomada de decisões do setor privado, sempre sob uma perspectiva
de integração regional.
Apoiado nessa visão, o BNB, por meio do ETENE, tem a sa-
tisfação de lançar o Perfil Socioeconômico dos Estados do Nor-
deste – Edição 2015, composto por nove volumes – um para cada
Estado nordestino.
A obra disponibiliza valiosas informações e análises sobre os
Estados do Nordeste, abordando temas como a atividade econômi-
ca, o desempenho setorial, a agropecuária, a indústria, o comércio,
os serviços, o turismo, o comércio exterior, a infraestrutura e o mer-
cado de trabalho, além de um quadro resumo com os principais indi-
cadores de cada Estado e da Região.
Os volumes reúnem também informações sobre a recente evo-
lução socioeconômica de cada unidade federativa do Nordeste,
fornecendo subsídios, por um lado, para que o setor público possa
elaborar estratégias, planos e programas de desenvolvimento espe-
cíficos e, por outro lado, para que o setor privado tenha à disposição
a melhor informação possível para a realização de investimentos.
O caráter estratégico desse tipo de iniciativa é reforçado jus-
tamente pela possibilidade de que as informações disponibilizadas
pelas publicações contribuam para a definição de ações que bus-
quem atenuar as disparidades de renda e de capacidade produtiva
entre os estados nordestinos e até mesmo dentro de cada uma
dessas Unidades Federativas e que promovam uma desconcentra-
ção de investimentos na Região.
Como parte de uma ação integrada, é importante destacar que
o BNB também vem priorizando a expansão de sua rede de atendi-
mento na Região (aumento de 55% no número de agências nos úl-
timos três anos) e a modernização de seus instrumentos de apoio,
fatores fundamentais para continuar a promover a democratização
do crédito, a desconcentração de investimentos na área de atuação
e a mitigação de vazamentos de recursos do Nordeste para regiões
mais desenvolvidas do País.
Nesse sentido, em sintonia com o começo dos mandatos dos
novos governadores, o BNB iniciou a construção de agendas
propositivas com os estados do Nordeste, objetivando congregar
esforços em ações conjuntas para fortalecimento do sistema pro-
dutivo local, estruturação de novas oportunidades e apoio diferen-
ciado para aquelas regiões menos desenvolvidas dentro de cada
unidade federativa.
O Perfil Socioeconômico dos Estados do Nordeste – Edi-
ção 2015 vem, portanto, suprir importante lacuna no conhecimento
sobre a dinâmica econômica de cada espaço territorial da Região,
comparando os estados entre si e também em relação ao Nordeste
e ao Brasil, o que permite ter uma base informativa confiável para
uma atuação diferenciada em áreas menos desenvolvidas, sempre
sob a perspectiva da melhoria de vida do conjunto da população e
a consequente elevação de indicadores econômicos e sociais.
O BNB e, em particular, a equipe do ETENE esperam que
esta publicação possa estimular processos de articulação, debate
e planejamento no âmbito de cada Estado, de modo a propiciar o
aperfeiçoamento de políticas e ações e a estruturação de parcerias
estratégicas em torno do enfrentamento dos desafios mais impor-
tantes para o desenvolvimento de cada Estado do Nordeste e de
toda a Região.

Marcos Costa Holanda


Presidente do Banco do Nordeste do Brasil
Apresentação

O presente trabalho reúne informações sobre a recente evolu-


ção socioeconômica do estado de Pernambuco, visando fornecer
subsídios para o setor público elaborar estratégias, planos e progra-
mas de desenvolvimento. O documento pode ser utilizado, ainda,
para auxiliar a classe empresarial nas suas tomadas de decisões
em termos de alocação de recursos, além de favorecer a efetivação
de novos negócios com investidores nacionais e estrangeiros, de
modo a incrementar a capacidade produtiva local.
Inicialmente, sintetiza as características territoriais do Estado.
Posteriormente, o documento analisa a demografia e o quadro so-
cial de Pernambuco. Na sequência, apresenta o desempenho da
atividade econômica, especificamente em relação ao Produto In-
terno Bruto (PIB), o PIB per capita, o Valor Agregado Bruto (VAB) e
sua distribuição por setores da economia. Segue-se uma panorâ-
mica do desempenho setorial, incluindo a agropecuária, indústria,
comércio e serviços.
O estudo dedica um capítulo específico para quantificar os
fluxos comerciais de Pernambuco com os demais estados e regi-
ões do Brasil, além de determinar as categorias dos bens que são
comprados e vendidos por esse Estado. Referidos dados foram
gerados a partir da Matriz de Insumo-Produto do Nordeste e Es-
tados, ferramenta elaborada pelo Escritório Técnico de Estudos
Econômicos do Nordeste (ETENE) em parceria com a Universida-
de de São Paulo.
Os capítulos seguintes abordam aspectos relacionados com o
turismo, o comércio exterior, a infraestrutura, o mercado de trabalho
além das principais aplicações de recursos dos bancos públicos
e agências de fomento, com destaque para os financiamentos de
longo prazo do Banco do Nordeste. Finaliza-se com um quadro re-
sumo dos principais indicadores do Nordeste e Estados.
Ao disponibilizar esse trabalho, o Banco do Nordeste espera
atender aos interesses dos planejadores e formuladores de políti-
cas, investidores de diferentes portes em múltiplas atividades eco-
nômicas, além de pesquisadores e estudiosos, bem como favorecer
parcerias, aporte de novas tecnologias e formação de estratégias
inovadoras e ambientalmente sustentáveis e que elevem o grau de
modernidade e competitividade da economia pernambucana, ge-
rando mais renda, emprego e bem-estar para a população local.

Francisco José Araújo Bezerra


Superintendente do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do
Nordeste (ETENE)
Sumário

Prefácio 5
Apresentação 7
1 Características territoriais 11
Referências 21
2 Demografia e panorama social 23
Referências 30
3 Desempenho da economia estadual 31
Referências 37
4 Agricultura 39
Referências 46
5 Pecuária 47
5.1 Avicultura 47
5.2 Bovinocultura 50
5.2.1 Bovinocultura leiteira 51
5.2.2 Bovinocultura de corte 51
5.3 Caprinos e ovinos 53
5.4 Apicultura 57
5.5 Considerações finais 59
Referências 62
6 Indústria 65
6.1 Perfil da indústria de Pernambuco 66
6.2 Indústrias extrativas 72
6.3 Indústrias de transformação 75
6.4 Indústria da construção 79
6.5 Serviços Industriais de Utilidade Pública 80
6.6 Considerações finais 81
Referências 82
7 Comércio e serviços 85
7.1 Comércio 88
7.2 Serviços 90
7.3 Considerações finais 92
Referências 92
8 Fluxos do comércio interestadual 93
8.1 Compras de insumos intermediários 94
8.2 Vendas de insumos intermediários 99
8.3 Balanço das compras e vendas 104
8.4 Análise da agregação de valor 105
Referências 108
9 Turismo 109
Referências 116
10 Comércio exterior 117
Referências 124
11 Infraestrutura 125
11.1 Infraestrutura de transportes 125
11.2 Infraestrutura de energia elétrica 132
11.3 Infraestrutura de utilidade pública 134
Referências 137
12 Mercado de trabalho 139
Evolução do emprego e desemprego – PNAD
12.1 139
Contínua
12.2 Evolução do emprego formal – RAIS 143
Referências 151
13 Intermediação financeira 153
Referências 158
Financiamentos de longo prazo do Banco do
14 159
Nordeste
Referências 167
15 Considerações finais 169
Apêndices 175
1 Características territoriais

Leonardo Dias Lima


Economista. Mestre em Avaliação de Políticas Públicas
Thamiris Ferreira Pinto Paiva
Graduanda em Agronomia. Bolsista de Nível Superior

Pernambuco possui território de 98,1 mil km2, ocupando a quin-


ta maior dimensão espacial do Nordeste (1.554,3 mil km2), corres-
pondendo a 6,3% da área total dessa Região. Em relação ao Brasil,
classifica-se em décimo nono lugar em extensão, respondendo por
1,2% da área do País (8.515,8 mil km2). Localizado no centro-leste
da Região Nordeste, limita-se ao norte, com os Estados da Paraíba
e do Ceará; ao sul, com os Estados de Alagoas e da Bahia; a leste,
com o Oceano Atlântico; e a oeste, com o Estado do Piauí. Também
faz parte do território pernambucano, o arquipélago de Fernando de
Noronha, a 500 km da costa (Mapa 1).
A regionalização federal de Pernambuco, em meso e micror-
regiões geográficas, obedece aos critérios estabelecidos pelo Ins-
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de acordo com
o processo de transformação do espaço nacional e da estrutura
produtiva, o que resultou em uma divisão do Estado em cinco Me-
sorregiões, subdivididas em 19 Microrregiões geográficas, especi-
ficadas no Quadro 1 e Mapa 2, onde estão inseridos 185 unidades
municipais e um distrito estadual, ou seja, o Arquipélago de Fernan-
do de Noronha.
A mesorregião Metropolitana do Recife compreende quatro
microrregiões e 15 municípios tendo uma área de 2,8 mil km2, cor-
respondendo a 2,8% do território pernambucano. A mesorregião da
Mata Pernambucana abrange três microrregiões e 43 municípios,
com uma área de 8,4 mil km2 (8,6% do Estado). A mesorregião São
Francisco Pernambucano possui duas microrregiões e 15 municí-
pios em uma área de 24,5 mil km2, representando 24,9% da área
do Estado. O Agreste Pernambucano tem seis microrregiões e 71
municípios em um território de 24,5 mil km2 (25,0% do Estado).
O Sertão Pernambucano é a maior mesorregião do Estado, com
quatro microrregiões e 41 municípios distribuídos em 37,9 mil km2,
representado 38,7% do território.
Mapa 1 – Localização geográfica de Pernambuco

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com informações cartográficas do IBGE


(2010).

12 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Quadro 1 – Mesorregiões e microrregiões geográficas -
Pernambuco
Mesorregiões Microrregiões
Metropolitana do Recife Itamaracá, Recife, Suape e Fernando de Noronha.
Mata Setentrional, Vitória de Santo Antão e Mata
Mata Pernambucana
Meridional.
Vale do Ipanema, Garanhuns, Brejo Pernambucano,
Agreste Pernambuco
Vale do Ipojuca, Alto Capibaribe e Médio Capibaribe.
Sertão Pernambucano Araripina, Salgueiro, Pajeú e Moxotó.
São Francisco Pernambucano Petrolina e Itaparica.
Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2010).

Além da regionalização estabelecida pelo IBGE, o Ministério


da Integração Nacional e a Superintendência do Desenvolvimento
do Nordeste (SUDENE) estabelecem o semiárido brasileiro para
efeito de definição e implementação de políticas públicas. Referido
território é caracterizado pelo clima semiárido, índice de precipita-
ção pluviométrica anual inferior a 800 mm, vegetação de Caatinga
ou de transição, além de apresentar, em geral, indicadores socioe-
conômicos abaixo da média do Nordeste. Entre os Estados que
contêm municípios nessa delimitação, Pernambuco possui área
definida como semiárido de 86,0 mil km2, que equivale a 87,6% da
área total do Estado e 8,8% do total do semiárido (Mapa 3).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 13
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Mapa 2 – Mesorregiões do estado de Pernambuco

P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com informações cartográficas do IBGE (2010).
Nota : Municípios com maior população em 2014 nas microrregiões
Mapa 3 - Semiárido de Pernambuco

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO
Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com informações cartográficas do IBGE (2010).

15
O Estado é formado por dois biomas, Caatinga e Mata Atlân-
tica, que caracterizam o território brasileiro, além de uma área de
transição, conforme especificado no Mapa 4.
O bioma Caatinga possui a maior área do Estado pernambu-
cano, representando 77,3%. Esse bioma possui elevado número
de espécies endêmicas, isto é, exemplares que só ocorrem naque-
la Região, sendo caracterizada por escassos níveis de precipitação
pluviométrica. A vegetação é formada por arbustos, com aspecto
seco e esbranquiçado durante a estação seca.
Na Caatinga o clima é semiárido, seco e quente. As tempe-
raturas ultrapassam a 30ºC e decrescem nas maiores altitudes do
planalto da Borborema, podendo chegar a 22ºC. As chuvas são
escassas e mal distribuídas, chegando a atingir baixos índices de
pluviosidade, de apenas 600 mm/ano, causando secas (DUARTE;
SILVA FILHO, 2002).
Considerável porção do bioma da Mata Atlântica é caracteri-
zada como área urbanizada, tendo sido desmatada, apresentando
apenas fragmentos de matas e ecossistemas naturais. Parte desse
território é constituído de reservas.
Na porção leste do Estado localiza-se o bioma Mata Atlânti-
ca, recobrindo 13,2 mil km2, representando 13,5% do território per-
nambucano. A temperatura é elevada, com média anual de 24°C.
Quanto aos índices pluviométricos, a média anual é de 1.500 mm
(DUARTE; SILVA FILHO, 2002).
Na Mata Atlântica predomina o clima tropical, com temperatu-
ras que chegam a 24º C e pluviosidade de 1.500 mm/ano. Nesse
bioma, são marcantes as fortes chuvas de outono e inverno. No
litoral, a pluviosidade atinge a marca de 2.000 mm/ano (DUARTE;
SILVA FILHO, 2002).
É importante ressaltar que esse bioma é vulnerável às ações
causadas pela interferência antrópica, como o crescimento popu-
lacional que trouxeram as expansões das fronteiras agrícolas e as
mudanças climáticas.
A faixa de transição Caatinga/Mata Atlântica, concentrada na
porção centro-leste do Estado, compreende 9,1 mil km2 ou 9,2%
do território pernambucano. Denominado como Agreste pernambu-

16 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


cano, essa área possui características semelhantes ao sertão per-
nambucano, como clima seco e quente, onde a temperatura pode
variar de 30°C a 35°C além de registrar reduzidos índices pluvio-
métricos (DUARTE; SILVA FILHO, 2002).
Algumas cidades no Sertão e Agreste apresentam microclimas
diferenciados, em função da altitude, que chegam à marca de 8ºC
de temperatura, em épocas de inverno, a exemplo da cidade de
Garanhuns.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 17
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Mapa 4 – Biomas de Pernambuco

P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com informações cartográficas do IBGE (2010)
Nota : Municípios com maior população em 2014 nas microrregiões
Com relação aos recursos hídricos, Pernambuco possui litoral
com 216 km, o quinto menor do País, superando os de Sergipe,
Paraíba, Paraná e Piauí, representando 4,2% da costa nordestina
(5.175 km) e 2,0% do total brasileiro (10.806 km).
Em termos de bacias hidrográficas, cabe destacar a do São
Francisco, que se constitui a maior do Nordeste, cujo rio principal
possui 2,7 mil km de extensão, atravessando cinco Unidades Fe-
derativas, e constituindo-se no limite natural entre os Estados de
Pernambuco e da Bahia, na mesorregião do Sertão.
O espaço territorial pernambucano é dividido fisicamen-
te pelo Planalto da Borborema. Assim, os rios da parte leste têm
seu escoamento realizado no sentido oeste-leste, desaguando
diretamente no Oceano Atlântico; são os denominados “rios
litorâneos”, e os principais são: Capibaribe (280 km), Sirinhaém
(158 km) e Una (290 km).
Na parte oeste da Borborema, localizam-se os rios que apre-
sentam as maiores áreas de drenagem e têm escoamento no
sentido norte-sul, desaguando no São Francisco; são os deno-
minados “rios interiores”, sendo os principais: Garças (192 km),
Brígida (193 km), Pajeú (353 km), Moxotó (226 km), Ipanema (139
km), além de grupos de pequenos rios interiores (AGÊNCIA ES-
TADUAL..., 2006).
A bacia hidrográfica do São Francisco, a maior do Nordeste
e cujo rio principal possui 2,7 mil km de extensão, atravessa cinco
Unidades Federativas, e constitui-se no limite natural entre os Esta-
dos de Pernambuco e da Bahia, na mesorregião do Sertão.
A transposição do rio São Francisco é um projeto do Governo
Federal, da competência do Ministério da Integração Nacional, que
aumentará a disponibilidade hídrica do Nordeste, trazendo impac-
tos positivos sobre a economia e a qualidade de vida da população.
O projeto viabilizará a integração do rio São Francisco com as Ba-
cias Hidrográficas do Nordeste Setentrional e tem como objetivo
assegurar a disponibilidade de água para municípios do semiárido
de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 19
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Mapa 5 – Projeto de Integração do Rio São Francisco

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Fonte: Brasil. Ministério da Integração Nacional (2014).
Referida integração engloba 477 km de construção linear orga-
nizados em dois Eixos de transferência de água - Norte e Leste. A
obra envolve ainda a edificação de 4 túneis, 14 aquedutos, 90 esta-
ções de bombeamento e 27 reservatórios. Referido projeto deverá
ser concluído em 2016, havendo a possibilidade de ser ampliado
para o Eixo Sul, rumo a Bahia, e o Eixo Oeste, em direção ao Piauí
(Mapa 5).
A obra beneficiará uma população estimada de 12 milhões
de habitantes, em 390 municípios nos Estados de Pernambuco,
Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, além de gerar emprego e
promover a inclusão social segundo o Ministério da Integração Na-
cional (BRASIL, 2014).
O empreendimento garantirá o abastecimento de água desde
grandes centros urbanos da região (Fortaleza, Juazeiro do Norte,
Crato, Mossoró, Campina Grande, Caruaru) até centenas de pe-
quenas e médias cidades inseridas no semiárido e de áreas do
interior do Nordeste, priorizando a política de desenvolvimento re-
gional sustentável.
Apesar da existência de um marco ambiental regulatório, a
pressão antrópica tem exercido efeitos danosos ao meio ambien-
te do Estado, a exemplo do desmatamento, erosão de solos, de-
gradação de ecossistemas, contaminação dos recursos hídricos e
poluição do litoral, de forma que uma das prioridades das políticas
de desenvolvimento deverá ser a promoção da sustentabilidade so-
cioambiental dos territórios pernambucanos.

Referências

AGÊNCIA ESTADUAL DE PLANEJAMENTO E PESQUISAS


DE PERNAMBUCO. Bacia hidrográfica do rio Una, quarto
e quinto grupos de bacias hidrográficas de pequenos rios
litorâneos gl 4 e gl 5. Recife, 2006. (Série Bacias Hidrográficas
de Pernambuco, 3). Disponível em: <http://www.condepefidem.
pe.gov.br/c/document_library/get_file?p_l_id=78673&folderId=141
847&name=DLFE-11996.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2014.
BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretaria
de Desenvolvimento Regional. Conferencia Nacional de

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 21
Desenvolvimento Regional, 1., 2012. Documento referência.
Brasília, DF, 2012.
______. Projeto São Francisco. Disponível em: <http://www.
integracao.gov.br/pt/web/guest/o-que-e-o-projeto>. Acesso em 20
dez. 2014.
DUARTE, A. O. ; SILVA FILHO, G. E. Perfil econômico de
Pernambuco. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2002.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
Malha Municipal Digital. Rio de Janeiro, 2010.

22 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


2 Demografia e panorama social

Jackson Dantas Coêlho


Economista. Mestre em Economia Rural

Pernambuco é o quinto estado em área, com 98,1 mil km2 e o


segundo em população do Nordeste. Conforme estimativa do IBGE
para 2014, a população alcançou 9,28 milhões de habitantes, re-
presentando aumento de 5,5% em relação aos dados de 2010, con-
ferindo ao Estado a terceira maior densidade demográfica regional,
isto é, 94,5 habitantes/por km2 (IBGE, 2014).
Pernambuco tem 185 municípios. A capital, Recife, concentra
17,3% do total da população, ou 1,61 milhão de habitantes, em
2014. Segundo o IBGE, a projeção populacional do Estado, para
2030, é de 10,11 milhões de habitantes, aumento de 15% em rela-
ção ao censo de 2010.
A mesorregião metropolitana de Pernambuco, na área de in-
fluência de Recife, possui 41,9% da população; a da Mata Pernam-
bucana, 14,8%; a do Agreste Pernambucano, 25,2%; a do Sertão
Pernambucano, 11,3% e a mesorregião do São Francisco Pernam-
buco, na divisa com a Bahia, possui 6,8% da população do Estado
(Mapa 1).
A taxa de urbanização da população pernambucana, em
2012, era de 81,2%, a mais alta no Nordeste, cuja média é de
73,1%, e a mais próxima da nacional (84,3%). Os municípios mais
populosos são Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulis-
ta, Caruaru e Petrolina, todos com população acima de 300 mil
habitantes (o Estado é um dos poucos no Nordeste com tantas
cidades nessa faixa populacional), concentrando 39,5% da popu-
lação total (3,7 milhões de habitantes), segundo dados do IBGE
para 2014. A área somada destes municípios é de 6.098,6 km2,
gerando uma densidade demográfica de 601 habitantes/km2, mais
de seis vezes superior à do Estado.

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Mapa 1 – Participação das mesorregiões na população de Pernambuco
N

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Legenda
Limites Estaduais
35 0 35 Km
Mesorregiões

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com informações cartográficas do IBGE (2010).


Recife, a capital, é uma das cidades mais antigas do Nordeste,
que teve grande importância militar e comercial na fase colonial
brasileira. É o principal centro econômico do Estado, localizado na
mesorregião Metropolitana de Pernambuco (Mapa 1), cuja influên-
cia ultrapassa suas divisas, alcançando os estados da Paraíba, Rio
Grande do Norte e Alagoas, como também a alguns municípios do
interior do Piauí, Maranhão, Ceará e Bahia. Recife tem um setor in-
dustrial forte, possuindo grande parque tecnológico, o Porto Digital.
Sua posição geográfica favoreceu a instalação de empreendimen-
tos infraestruturais de grande porte, como o Complexo Industrial
e Portuário de Suape e o Aeroporto Internacional do Recife. Com
passado histórico rico e belas paisagens naturais, Recife tem gran-
de movimentação turística durante todo ano, sendo uma das capi-
tais nordestinas mais visitadas.
Jaboatão dos Guararapes é a segunda cidade mais populosa
de Pernambuco, na Região Metropolitana do Recife, com 680 mil
habitantes. Com um setor comercial representativo, o município se-
dia um dos shopping centers mais movimentados de Pernambuco,
o Guararapes, e também possui um grande distrito industrial, com
fábricas de multinacionais como Coca-Cola e Unilever.
Olinda e Paulista também fazem parte da mesorregião Metro-
politana de Pernambuco, ambas superando a marca dos 300 mil
habitantes. Olinda é uma das mais antigas cidades brasileiras, con-
siderada pela Organização das Nações Unidas como patrimônio
histórico e cultural da humanidade, por suas preservadas atrações
históricas, principalmente casarões e igrejas antigos. Em Paulista,
predominam atividades ligadas ao comércio, serviços e indústria,
sendo importante também o turismo, já que o município tem 14
quilômetros de litoral com belas praias.
Com mais de 300 mil habitantes, Caruaru situa-se na serra da
Borborema, na mesorregião do Agreste Pernambucano. É um im-
portante polo têxtil nordestino, com diversas fábricas e comércios
do gênero. A cidade é conhecida ainda pela maior feira livre e por
uma das maiores festas juninas do País. Petrolina, já na divisa com
a Bahia, na margem do São Francisco, é um dos maiores polos de
fruticultura irrigada do Brasil (Mapa 2).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 25
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Mapa 2 – Principais municípios de Pernambuco

P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com informações cartográficas do IBGE (2010).
Nota : Municípios com maior população em 2014 nas microrregiões
A expectativa de vida em Pernambuco era de 65 anos em 2000
e passou para 71,1 anos em 2010, pouco abaixo da média do Nor-
deste (71,2 anos) e do Brasil, de 73,9 anos, para aquele ano. Neste
aspecto, o Estado saiu da penúltima para a quinta posição, neste
período, no âmbito do Nordeste.
O número de médicos por mil habitantes de Pernambuco, se-
gundo dados do IBGE, em 2000, era de 1,06, subindo para 1,37,
dez anos depois, sendo o melhor Estado com relação a este indi-
cador na Região, superior à média regional (1,09) mas inferior à
nacional, de 1,86 por mil habitantes. Em termos de leitos hospitala-
res, são 2,18 para cada mil habitantes, índice superior ao regional
(2,02) e inferior ao nacional (2,26).
O Estado tem 98,1% dos domicílios com água canalizada in-
ternamente, 61,3% com rede de esgoto ou fossa séptica e 79,8%
com coleta direta de lixo, segundo os dados da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios de 2013, do IBGE.
O Estado tem universidades públicas com sede em Recife e
campi distribuídos em cidades do interior. São elas a Universidade
Federal (UFPE), presente também em Caruaru e Vitória de Santo
Antão, a Universidade Federal Rural (UFRPE), com unidades em
Garanhuns e Serra Talhada, e uma Estadual (UPE), com campi em
Camaragibe, Nazaré da Mata, Petrolina e na Região Metropolitana.
No âmbito público há ainda o Instituto Federal de Educação Tec-
nológica de Pernambuco (IFPE). O Estado possui ainda 69 institui-
ções privadas de ensino, sendo 29 delas sediadas no Recife.
O aperfeiçoamento da mão de obra é realizado por instituições
de ensino profissionalizante – Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial (SENAI), Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empre-
sas de Pernambuco (SEBRAE-PE) e o Serviço Nacional de Apren-
dizagem Comercial (SENAC).
Em relação aos outros estados nordestinos, o ensino básico
em Pernambuco tinha a terceira menor taxa de analfabetismo entre
os maiores de 15 anos, em 2008 (17,9%), subindo para a segunda
menor em 2013 (15,3%), percentual abaixo do regional (16,9%),
mas superior ao nacional (8,5%) (IPEA, 2014).
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que considera
no seu cálculo variáveis relacionadas à saúde, educação e renda,

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 27
em Pernambuco, foi de 0,440 em 1991, alcançando 0,684 em 2010,
ficando numa posição intermediária em relação ao índice regional
(0,660) e o índice nacional (0,726), no mesmo ano (melhor quan-
to mais próximo de 1), podendo-se inferir que houve melhorias no
quadro social do Estado nos últimos vinte anos.
A desigualdade de renda em período semelhante (1990-2013),
medida pelo índice de Gini (melhor quanto mais próximo de 0),
também teve melhoria considerável, reduzindo-se de 0,602 para
0,502, o menor da Região, superando inclusive o índice nacional
(0,527) para 2013. A desconcentração de renda em Pernambuco
foi a quarta maior no período, em relação aos demais Estados do
Nordeste. Os programas de transferência de renda contribuíram
para o alcance desses resultados (Tabela 1).

Tabela 1 – Evolução do IDH e Índice de Gini - Anos selecionados


- Pernambuco, Nordeste e Brasil
Índices de Desenvolvimento
Pernambuco Nordeste Brasil
Humano e de Gini
IDH (1991) 0,440 0,405 0,501
IDH (2010) 0,684 0,660 0,726
Índice de Gini (1990) 0,602 0,626 0,614
Índice de Gini (2013) 0,502 0,537 0,527
Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do Ipeadata. Ipea (2014).

Em resumo, os indicadores sociais analisados em Pernam-


buco apontam melhorias nos últimos anos, superando inclusive a
média regional. Existem, contudo, desafios a serem vencidos nos
próximos anos. Um deles diz respeito ao aspecto demográfico do
Estado. Seguindo tendência recorrente no Nordeste e no Brasil, a
população pernambucana teve crescimento na faixa de 0 a 14 anos
e vem decrescendo, em contraposição a um aumento expressivo
nas faixas superiores a 65 anos de idade, o que implica envelheci-
mento mais rápido entre as décadas de 1970 a 2010.
Atualmente, o número de residentes com idade entre 15 e 64
anos, denominado de População em Idade Ativa (PIA), totaliza 6,6
milhões, superando o número daqueles com idade inferior a 15
anos (1,5 milhão) e superior a 64 anos (647,5 mil), somando 2,1
milhões, que é denominado de População em Idade Inativa (PINA)
(IBGE, 2010).

28 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Quando a PIA é superior à PINA tem-se uma situação em que
a força de trabalho é relevante no conjunto da população total, ocor-
rendo, portanto, o chamado “bônus demográfico”. Pernambuco tem
desfrutado dessa situação há várias décadas.
Porém, considerando que a população superior a 65 anos au-
menta a taxas maiores em comparação com o restante das outras
faixas etárias, a primeira tende a elevar-se no futuro, com mais pes-
soas a serem “sustentadas” por quem se encontra em idade de
trabalhar; será necessário esforço no presente para aproveitar esse
bônus, pois no futuro a força de trabalho se reduzirá, demandando
do poder público um redesenho em suas políticas direcionadas à
educação profissional de jovens e à assistência médica e previden-
ciária para os mais idosos (IBGE, 2010).
A redução no crescimento populacional de Pernambuco é
resultante da diminuição das taxas de fecundidade, natalidade e
mortalidade, que caem na mesma tendência regional e nacional, e
também pelo aumento do processo de urbanização da população;
pela maior presença feminina no mercado de trabalho, pelos avan-
ços da medicina e da melhoria da qualidade de vida da população
(Tabela 2).
Tendo em vista o que foi analisado, conclui-se que o panora-
ma social estadual evoluiu no período estudado, embora alguns
indicadores ainda estejam situados em níveis inferiores às médias
regional e nacional. Levando-se em conta o déficit social ainda
existente e as mudanças demográficas ocorridas em Pernambu-
co, será de grande importância que o Estado invista no fortaleci-
mento das políticas públicas objetivando o desenvolvimento so-
cial da população local.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 29
Tabela 2 – Evolução dos Índices de Fecundidade, Natalidade
e Mortalidade - Anos selecionados - Pernambuco,
Nordeste e Brasil
Índices de Fecundidade,
Pernambuco Nordeste Brasil
Natalidade e Mortalidade
Fecundidade (1991) (1) 2,8 3,4 2,7
Fecundidade (2011) 1,8 1,9 1,8
Natalidade (1991) (2) 23,4 26,8 23,4
Natalidade (2011) 16,6 16,9 15,6
Mortalidade (1991) (3) 10,7 9,4 7,7
Mortalidade (2011) 6,6 6,1 6,3

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados de Brasil (2012).


Notas:
(1) número médio anual de filhos por mulher;
(2) número de nascidos vivos por 1.000 habitantes, por ano;
(3) número de óbitos por 1.000 habitantes, por ano.

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. DATASUS. Brasília, DF, 2012.


Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2012/matriz.
htm>. Acesso em: 11 nov. 2014.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro, 2010.
______. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios -
PNAD, 2013: síntese de indicadores. Rio de Janeiro, 2014.
Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.
php?sigla=pi&tema=pnad_2013 >. Acesso em: 11 nov. 2014.
INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS APLICADAS.
Ipeadata, temas, renda. Disponível em: <http://www.ipeadata.gov.
br/>. Acesso em: 11 nov. 2014.

30 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


3 Desempenho da economia
estadual

Jacqueline Nogueira Cambota


Economista. Doutora em Economia

O texto analisa a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) de


Pernambuco com o objetivo de mostrar o desempenho macroeco-
nômico desse Estado no período compreendido entre 2002 e 2012,
de acordo com a disponibilidade das Contas Regionais do IBGE.
Destaca-se que esse indicador sintetiza a soma de todos os bens e
serviços produzidos em uma determinada região (município, estado
ou país) em um dado período de tempo. Dessa forma, quanto maior
o PIB em um período, maior terá sido o nível de produção de uma
economia, e sua capacidade de gerar riqueza.
O PIB isoladamente não mostra como a riqueza gerada está
sendo distribuída entre a população residente em uma região. Para
isso, pode-se utilizar o PIB per capita, que representa o PIB dividido
pela população residente no País, nas regiões geográficas ou Uni-
dades da Federação analisadas.
O período escolhido para análise é marcado por importantes
transformações econômicas e sociais no País, que impactaram po-
sitivamente no Nordeste pela significativa redução na desigualdade
de renda e pobreza, mas também retrata o início da crise financeira
e econômica internacional que afetou não apenas as principais eco-
nomias capitalistas, mas também os países em desenvolvimento
como o Brasil.
Desse modo, a análise envolve dois subperíodos distintos em
termos de desempenho da economia brasileira. O primeiro (2002-
2008) se caracteriza por uma taxa de crescimento média anual de
4,2%, enquanto que o segundo (2009-2013), apresentou taxas de
expansão de 2,1%, compreendendo a fase em que a economia bra-
sileira sentiu mais fortemente os efeitos da crise financeira interna-
cional.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 31
Especificamente em termos de Pernambuco, verificou-se que
o desempenho econômico do Estado alternou períodos de expan-
são abaixo e acima da média regional (Gráfico 1). Em anos mais
recentes, a economia de Pernambuco tem registrado crescimento
acima da média regional e nacional, tendo inclusive aumentado sua
participação no PIB nacional nesse período, conforme pode ser vi-
sualizado no Gráfico 2.

Gráfico 1 – Evolução da taxa de crescimento do PIB - Brasil,


Nordeste e Pernambuco - 2002 a 2010 - Em %

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados de Brasil (2012).

Desde 2002, a maioria dos Estados da Região Nordeste expe-


rimentou crescimento na participação do PIB nacional, tendo Per-
nambuco avançado 0,3 pontos percentuais entre 2002 e 2012 (Grá-
fico 2). Esse resultado foi influenciado pela combinação de grandes
investimentos públicos e privados na Região e pelos programas de
transferência de renda do Governo Federal.

32 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Gráfico 2 – PIB do Nordeste e PIB de Pernambuco em relação
ao PIB do Brasil - 2002 a 2012 - Em %

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014a).

A soma de toda a riqueza produzida em Pernambuco atingiu


o montante de R$ 124,8 bilhões, em 2012, o que significou um au-
mento real de 78,1% em relação ao valor registrado no início da sé-
rie, R$ 70,1 bilhões. A expressiva expansão do PIB pernambucano
superou resultados obtidos no Nordeste e no Brasil, cujas econo-
mias obtiveram incremento real de 66,3% e 59,1%, respectivamen-
te, no período analisado (Gráfico 3).

Gráfico 3 – Evolução do PIB - Brasil, Nordeste e Pernambuco


- 2002 a 2012 - (R$ milhões)
606.738

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014a).


Nota: valores constantes corrigidos pelo IPCA com base em 2013.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 33
É importante registrar que o PIB de Pernambuco se distribui
de forma desigual entre os territórios do Estado. A mesorregião Me-
tropolitana do Recife concentra aproximadamente dois terços do
PIB estadual. Seguem o Agreste (14,7%), a Mata (9,3%), o Sertão
(5,8%) e o São Francisco (5,6%), Mapa 1.
O PIB per capita de Pernambuco manteve-se acima dos valo-
res observados para o Nordeste durante a série estudada, tendo
alcançado R$ 13.975 em 2012. Entre 2002 e 2012, o PIB per ca-
pita do Estado cresceu 63,5% em termos reais, enquanto os PIBs
per capita do Nordeste e do Brasil cresceram 53,1% e 44,7%,
alcançando R$ 11.748 e R$ 24.089 em 2012, respectivamente
(Gráfico 4).

Gráfico 4 – Evolução do PIB per capita - Brasil, Nordeste e


Pernambuco - 2002 a 2012 - (valores constantes)

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2008, 2010a, 2012,
2013, 2014a, 2014b).
Nota: valores constantes corrigidos pelo IPCA com base em 2013.

A desagregação do Valor Adicionado Bruto (VAB) mostra que


as atividades econômicas do Estado são concentradas em servi-
ços, embora, esse setor tenha perdido participação entre 2002 e
2012, de 73,4% para 72,2%. A agropecuária também diminuiu sua
presença no VAB, que era de 4,9%, em 2002, para 2,7%, em 2012.
Por outro lado, a indústria de Pernambuco ganhou influência nes-
se período, passando de 21,7%, em 2002, para 25,1%, em 2012.
(Gráfico 5).

34 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Mapa 1 – Participação das mesorregiões no PIB de Pernambuco

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO
Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com informações cartográficas do IBGE (2010b).

35
Gráfico 5 – Participação do valor adicionado da agropecuária,
indústria e serviços no VAB total - 2002 a 2012 -
Em %

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014a).

Para uma descrição da evolução da desigualdade espacial,


calculou-se a proporção entre os PIBs per capita de Pernambuco e
do Brasil, um dos indicadores utilizados na literatura de desenvolvi-
mento regional. Construiu-se também a medida para o Nordeste, a
fim de posicionar a desigualdade do Estado no âmbito da Região.
É importante ressaltar que quanto mais próximo de 100% menor é
a diferença entre o PIB per capita do Estado (ou do Nordeste) em
relação ao do País.
A evolução da desigualdade dos PIBs per capita de Pernam-
buco e do Nordeste entre 2002 e 2012 pode ser visualizada no
Gráfico 6. A relaçao PIB per capita do Nordeste em relaçao ao PIB
per capita do Brasil aumentou de 46,1% para 48,8% no período
analisado, incremento de 2,7 pontos percentuais, implicando redu-
ção da desigualdade econômica do Nordeste em relação ao País.
Por sua vez, a relação PIB per capita de Pernambuco em re-
laçao ao PIB per capita do Brasil aumentou de 51,3%, em 2002
para 58,0%, em 2012, o que significou acréscimo de 6,7 pontos
percentuais nessa medida, sinalizando por sua vez uma redução
da desigualdade do Estado em relaçao ao País (Gráfico 6).

36 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Além disso, Pernambuco aumentou a vantagem que detinha
em relação à Região, pois a relação PIB per capita do Estado em
relação ao PIB per capita do Nordeste passou de 111,4% em 2002
para 119,0% em 2012. Portanto, esse resultado implica dizer que
Pernambuco mantém um PIB per capita superior em comparação
com a média do Nordeste. A manutenção da referida tendência
será condicionada pelo fortalecimento das políticas regionais, de
forma que Pernambuco continue sendo beneficiado.

Gráfico 6 – PIB per capita do Nordeste e de Pernambuco em


relação ao PIB per capita do Brasil - 2002 a 2012 -
Em %

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2008, 2010a, 2012,
2013, 2014a, 2014b).

Referências

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.


Contas regionais do Brasil 2004-2008. Rio de Janeiro, 2010a.
(Contas Nacionais, n. 32). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/
home/estatistica/economia/contasregionais/2008/publicacao2008.
pdf>. Acesso em: 11 nov. 2014.
______. Contas regionais do Brasil 2010. Rio de Janeiro, 2012.
(Contas Nacionais, n. 38). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/
home/estatistica/economia/contasregionais/2010/publicacao2010.
pdf>. Acesso em: 11 nov. 2014.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 37
______. Contas regionais do Brasil 2011. Rio de Janeiro, 2013.
(Contas Nacionais, n. 40). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/
Contas_Regionais/2011/contasregionais2011.pdf>. Acesso em: 11
nov. 2014.
______. Contas regionais do Brasil 2012. Rio de Janeiro,
2014a. (Contas Nacionais, n. 42). Disponível em: <http://www.
ibge.gov.br/Contas_Regionais/2012/contasregionais2012.pdf>.
Acesso em: 11 nov. 2014.
______. Estimativas da população. Rio de Janeiro, 2014b.
Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/
populacao/estimativa2014/serie_2001_2014_tcu.shtm>. Acesso
em: 11 nov. 2014.
______. Malha Municipal Digital. Rio de Janeiro, 2010b.
______. Projeção da população do Brasil por sexo e idade:
1980-2050. Revisão 2008. Rio de Janeiro, 2008. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_
populacao/2008/default.shtm>. Acesso em: 11 nov. 2014.

38 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


4 Agricultura

Maria de Fátima Vidal


Engenheira Agrônoma. Mestre em Economia Rural

Conforme destacado no capítulo das características territoriais,


Pernambuco apresenta grande diversidade geoambiental, o que
favorece ao Estado amplas possibilidades de produção agrícola.
Dessa forma, a agricultura pernambucana é diversificada, existindo
cultivos empresariais, dentre os quais se destacam a cana-de-açú-
car, culturas de subsistência a exemplo da mandioca e feijão e uma
expressiva fruticultura irrigada.
Importante parcela do território de Pernambuco é banhada
pela bacia hidrográfica do São Francisco (Submédio e Baixo São
Francisco), onde o clima favorável ao desenvolvimento da fruticul-
tura irrigada, a existência de reservatórios de regularização de va-
zões e o apoio das políticas públicas foram preponderantes para o
estabelecimento de projetos de irrigação nessa Região.
No polo Petrolina/PE-Juazeiro/BA existe um empresariado
agrícola detentor de capital e conhecimento, ao qual se atribui
em grande medida o desenvolvimento da agricultura irrigada
nesse território.
Nas sub-bacias dos rios Moxotó e Pajeú existem importantes
perímetros públicos de irrigação, com destaque para o Moxotó, que
possui área irrigável de 8,6 mil hectares, dos quais 74,7% estão
ocupados principalmente por produtores familiares.
A cana-de-açúcar é a cultura de maior valor da produção em
Pernambuco (Tabela 2) que é o segundo maior produtor nordestino
respondendo por 20,0% da produção regional. Substancial percen-
tagem dessa matéria-prima é destinada para fabricação de açúcar.
O Estado responde por 30,0% do volume de açúcar produzido no
Nordeste e por 16,0% do álcool.
Entre 2000 e 2012 ocorreu uma redução na área colhida, na
produtividade e no valor da produção de cana-de-açúcar em Per-

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 39
nambuco (Tabela 1), que inclusive perdeu participação percentual
no valor total de produção agrícola do Estado, passando de 43,3%
em 2002 para 34,0% em 2012 (Tabela 2).
Estes dados refletem a grave crise financeira pela qual o setor
sucroalcooleiro nordestino tem enfrentado nos últimos anos, que
levou ao fechamento de diversas usinas no Estado. Os principais
fatores que têm contribuído para a atual situação desse segmento
estão relacionados à queda de preço do açúcar no mercado inter-
nacional devido ao excesso de oferta, a elevação dos custos de
produção e a baixa rentabilidade do álcool cujo preço é atrelado à
cotação da gasolina.
Além disso, o setor não está conseguindo se modernizar o que
está aumentando a distância da produtividade e eficiência alcan-
çadas pelo Centro-Sul. Todos estes problemas foram agravados
pela escassez hídrica que atinge o Nordeste desde 2012. Segundo
dados do IBGE (2014), a seca provocou uma quebra de produção
de cana-de-açúcar em Pernambuco de 26,0% em relação a 2011.
A segunda cultura mais importante em termos de valor da pro-
dução em Pernambuco é a mandioca. Entre 2002 e 2012 houve
uma elevada perda de produtividade (31,1%) (Tabela 1), a redução
na oferta do produto provocou uma elevação no preço, dessa for-
ma, a cultura apresentou um expressivo crescimento do valor da
produção nesse período (214,6%), passando a ser uma das cultu-
ras de maior valor da produção em Pernambuco, respondendo por
11,8% do total gerado pela agricultura em 2012 (Tabela 2).
A mandioca é cultivada em consórcio com culturas de ciclo cur-
to, principalmente com feijão, por pequenos agricultores familiares.
A produção se concentra na região do Agreste, porém a cultura é
disseminada em todo o Estado, sendo, portanto, fundamental sob
o ponto de vista de ocupação de mão de obra.
O feijão foi outra cultura que apresentou elevada perda de pro-
dução (-77,8%) entre 2002 e 2012 decorrente principalmente da
redução na área colhida (-76,1%), a quebra de safra levou a uma
grande redução no valor da produção (Tabelas 1 e 2).
Segundo dados do IBGE (2014), a redução na produção da
mandioca e do feijão foram causados pela escassez hídrica em

40 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


2012 que provocou uma quebra de 34,0% na produção de mandio-
ca e de 83,0% na produção de feijão comparado a 2011.
Para a cebola e a melancia, embora tenham apresentado uma
discreta redução da área, ocorreu crescimento da produtividade, o
que gerou aumento na produção em 7,7% e 11,7% respectivamen-
te (Tabela 1).
A maior produção juntamente com os bons preços desses pro-
dutos, principalmente em 2012, contribuiu para uma expressiva ele-
vação do valor da produção que foi de 88,8% para cebola e 318,6%
para melancia entre 2002 e 2012 (Tabela 2).
Segundo Candeias et al. (2014), a cebola é uma das hortaliças
mais importantes socioeconomicamente para Pernambuco, geran-
do cerca de 7 mil empregos diretos e indiretos. A cebola é cultivada
no Submédio São Francisco, compreendendo principalmente as
regiões entre os municípios de Petrolândia a Petrolina. A melancia
também é cultivada sob regime de irrigação na região do Submédio
São Francisco que possui condições ambientais altamente favorá-
veis para o seu desenvolvimento.
Com relação ao tomate, observa-se que houve redução da
área e produtividade entre 2002 e 2012, o que resultou na queda
de produção e de valor da produção da ordem de 50,0% (Tabelas
3 e 4) nesse período. A redução da produção do tomate no Estado
vem ocorrendo praticamente de forma contínua desde 2002; mes-
mo assim, Pernambuco ainda se configura como um dos maiores
produtores de tomate do Nordeste.
Problemas fitossanitários no Submédio São Francisco aumen-
tam os custos de produção e desestimulam os produtores a investir
nessa atividade. Nesse período, a cultura do tomate foi acometida
por diversas pragas a exemplo da traça-do-tomateiro, do tospovírus
e da mosca branca que causaram elevadas perdas na cultura. Além
das dificuldades na produção, nesse período também ocorreram
problemas na comercialização com baixos preços do produto.
Com relação à lavoura permanente, observa-se que houve ex-
pressiva expansão do valor da produção entre 2002 e 2012 que
passou de 28,9% do total agrícola do Estado para 39,0%. Por outro

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 41
lado, no mesmo período, o valor da produção da lavoura temporá-
ria apresentou redução de 8,2%. Em 2002 as culturas temporárias
respondiam por 71,1% do valor agrícola produzido no Estado; em
2012 este percentual foi reduzido para 61,0% (Tabela 2).
As culturas permanentes exploradas no Estado são predo-
minantemente da fruticultura irrigada. Dentre as áreas cultivadas,
destaca-se o polo Petrolina/Juazeiro que contempla projetos de irri-
gação de Pernambuco e da Bahia. Até meados da década de 1990,
predominava nesse polo de irrigação a exploração de culturas tem-
porárias. A partir de então, começaram a ser substituídas pela fru-
ticultura perene. Atualmente predominam no polo culturas de alto
valor econômico, destinadas à exportação. Contudo, ocorreu uma
concentração da produção em uva e principalmente manga. Daí a
expansão dessas culturas no Estado em termos de área, produção
e valor da produção (Tabelas 3 e 4) entre 2002 e 2012.
A uva que respondia em 2002 por 9,9% do valor da produção
agrícola do Estado passou a responder por 19,1% em 2012, o que
representou crescimento de 107,2% nesse período (Tabela 2).
Pernambuco é o terceiro maior produtor nacional de manga e
o segundo maior produtor do Nordeste. Em 2012, o Estado foi res-
ponsável por quase 30,0% do volume total de manga produzido na
Região. No Vale do São Francisco o cultivo da manga é realizado
com elevado nível tecnológico, sendo a produção predominante-
mente destinada para exportação.
O maracujá e a goiaba também apresentaram elevado cresci-
mento do valor da produção agrícola no Estado, ou seja, 283,8% e
82,9% respectivamente entre 2002 e 2012 (Tabela 2). Para o ma-
racujá houve melhoria na produtividade por hectare, no entanto, o
principal fator que contribuiu para o crescimento da produção da
cultura foi a ampliação da área (Tabela 1).
Para a cultura da goiaba, o principal fator responsável pelo
crescimento no valor da produção foi o aumento do preço, já que
não ocorreu crescimento expressivo da produção (Tabela 1). Per-
nambuco é o segundo maior produtor nacional de goiaba, atrás
apenas de São Paulo e responde por mais de 70,0% da produção
nordestina. Pernambuco possui ainda a maior produtividade da Re-

42 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


gião, 28,9 toneladas por hectare (Tabela 1). A produção de goiaba
no Estado é destinada para a indústria e para o mercado de frutas
in natura.
A cultura da banana, embora tenha apresentado redução no
valor da produção entre 2002 e 2012, ainda se configura em uma
das principais culturas do Estado em termos de valor da produção
(Tabela 2). Na tabela 3 pode-se observar que não houve redução
da produção nesse período, portanto a queda no valor da produção
foi decorrente do baixo preço do produto, principalmente a partir de
2007. De acordo com Ferreira e Menelau (2014), a maior parte do
lucro do comércio da banana é apropriada pela figura do varejista.
Segundo Pereira et al. (2007), existem diferentes sistemas de
produção de banana em Pernambuco. Na Zona da Mata e Agreste
a cultura é explorada predominantemente por pequenos produtores
familiares com baixo nível tecnológico. No Submédio São Francis-
co pernambucano praticam-se sistemas de produção intensivos em
tecnologia, com uso de irrigação plena.
Com relação à cultura do coco, observa-se que houve expres-
siva redução de área, sendo que a melhoria da produtividade em
22,1% não foi suficiente para compensar essa perda, de forma que
houve queda na produção (Tabela 1). A cultura do coco foi a que
apresentou a maior queda no valor da produção entre 2002 e 2012
(Tabela 2).
A redução da área com coco em Pernambuco ocorreu princi-
palmente na região da Zona da Mata e Metropolitana de Recife em
2010 e 2012 (IBGE, 2014), anos em que houve escassez hídrica.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 43
Tabela 1 – Área colhida, produtividade e quantidade produzida
das principais culturas temporárias e permanentes -
Pernambuco - 2002 e 2012
Área colhida (ha) Produtividade (kg/ha) Quant. produzida (ton)
Culturas Var Var Var
2002 2012 2002 2012 2002 2012
(%) (%) (%)
Lavoura
temporária
Cana-de-açúcar 348.217 299.901 -13,90 50.618 47.490 -6,20 17.626.183 14.242.228 -19,20

Mandioca 44.730 45.888 2,60 10.812 7.451 -31,10 483.634 341.901 -29,30
Cebola 4.934 4.696 -4,80 18.054 20.423 13,10 89.082 95.906 7,70

Tomate 4.401 2.844 -35,40 47.201 35.317 -25,20 207.736 100.441 -51,60

Melancia 3.764 3.560 -5,40 16.689 19.705 18,10 62.820 70.151 11,70
Feijão 261.548 62.615 -76,10 314 291 -7,30 82.245 18.240 -77,80
Lavoura
permanente
Uva 3.365 6.763 101,00 29.711 33.233 11,90 99.978 224.758 124,80

Manga 6.623 11.257 70,00 20.608 20.158 -2,20 136.488 226.921 66,30

Banana 38.272 40.805 6,60 9.601 9.988 4,00 367.481 407.574 10,90

Goiaba 4.621 3.703 -19,90 22.672 28.948 27,70 104.771 107.196 2,30
Coco-da-baía
14.244 8.170 -42,60 10.689 13.051 22,10 152.266 106.625 -30,00
(mil frutos)
Maracujá 533 1.224 129,60 10.527 11.856 12,60 5.611 14.512 158,60

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014).


Nota: para a cultura do coco-da-baía, a quantidade produzida está expressa em
mil frutos e a produtividade em mil frutos por hectare.

44 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Tabela 2 – Valor da produção das principais culturas temporárias
e permanentes - Pernambuco - 2002 e 2012
Valor da produção (mil R$) Participação (%)
Culturas
2002 2012 Var (%) 2002 2012

Lavoura temporária 1.776.384,00 1.630.583,00 -8,21 71,12 60,96

Cana-de-açúcar 1.081.739,00 908.785,00 -15,99 43,31 33,98

Mandioca 99.887,00 314.278,00 214,63 4,00 11,75

Cebola 71.633,00 135.275,00 88,84 2,87 5,06

Tomate 172.726,00 85.411,00 -50,55 6,92 3,19

Melancia 18.535,00 77.595,00 318,64 0,74 2,90

Feijão 188.466,00 48.360,00 -74,34 7,55 1,81

Outros 143.398,00 60.879,00 -57,55 5,74 2,28

Lavoura permanente 721.241,00 1.044.084,00 44,76 28,88 39,04

Uva 246.978,00 511.672,00 107,17 9,89 19,13

Manga 138.309,00 168.946,00 22,15 5,54 6,32

Banana 189.264,00 168.451,00 -11,00 7,58 6,30

Goiaba 64.623,00 118.224,00 82,94 2,59 4,42

Coco-da-baía 55.731,00 34.327,00 -38,41 2,23 1,28

Maracujá 5.202,00 19.963,00 283,76 0,21 0,75

Outros 21.135,00 22.501,00 6,46 0,85 0,84

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014).

Além da cana-de-açúcar a fruticultura irrigada em Pernambuco


possui elevada importância na geração de renda e postos de traba-
lho. Nos últimos anos ocorreu uma expressiva expansão de cultu-
ras permanentes de alto valor de mercado nos perímetros irrigados
em detrimento de culturas temporárias, tanto irrigadas quanto de
sequeiro.
A cana-de-açúcar, que continua sendo a principal cultura do
Estado, está perdendo importância relativa em termos de valor da
produção, tendo apresentado também relevante redução da área
colhida o que se reflete diretamente na geração de postos de traba-
lho e renda na Zona da Mata do Estado.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 45
Referências

CANDEIAS, J. A.; SILVA, M. C. L. DA.; MENEZES, J. T. Cultura


da cebola. Disponível em: <http://www.ipa.br/resp25.php>.
Acesso em: 04 dez. 2014.
FERREIRA, L. B.; MENELAU, A. S. Análise do mercado da
banana em Pernambuco: economia regional e agrícola. Recife,
2014. Disponível em: < http://linkpe.com.br/enpecon/artigos/
An%E1lise%20do%20Mercado%20da%20Banana%20em%20
Pernambuco..pdf>. Acesso em: 05 dez. 2014.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
Produção agrícola municipal. Rio de Janeiro, 2014. Disponível
em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/pesquisas/pam/default.
asp?o=27&i=P>. Acesso em: 03 dez. 2014.
PEREIRA, J. M.; SOUSA, M. M. M.; CAMPOS, L. H. R.
Aproveitamento da banana em atividades agroindustriais na Zona
da mata de Pernambuco. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA
RURAL, 45., 2007, Londrina. Anais... Londrina: SOBER, 2007.

46 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


5 Pecuária

Maria Simone de Castro Pereira Brainer


Engenheira Agrônoma. Mestre em Economia Rural
Luciano J. F. Ximenes
Zootecnista. Doutor em Zootecnia

A produção de aves tem sido destaque em Pernambuco, entre


os anos de 2000 e 2012, quando a avicultura concentrou plantel
médio de 28 milhões de aves. Em 2012, cerca de 82,10% dos ani-
mais de produção era composto pelo plantel avícola, enquanto que
bovinos, caprinos e ovinos somaram mais de 5 milhões de cabeças
(11,58%), com participações relativas semelhantes, em torno de
5% (Gráfico 1; Tabela 5).

Gráfico 1 – Proporção média dos rebanhos efetivos por espécie


- 2000 e 2012

Fonte: IBGE (2014).

5.1 Avicultura
A avicultura representa grande importância econômica e social
para Pernambuco, por ser praticada em quase todas as regiões
do Estado e em pequenas e médias propriedades. Essa atividade
é igualmente importante em relação à Região Nordeste, uma vez
que a participação do rebanho de galos, frangas, frangos e pintos

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 47
para produção de carne em relação ao Nordeste é de 20,00% e a
dos rebanhos de galinhas e codornas para produção de ovos é de
25,32% e 35,29%, respectivamente.
O Estado dispõe de um parque avícola apreciável, em que
20 empresas mais expressivas atuam no segmento de frango de
corte e 30 no segmento de postura. Além de produtores indepen-
dentes, Pernambuco conta com empresas integradoras que atu-
am com uma rede de mais de mil pequenos produtores. O Estado,
embora seja o maior produtor comercial nordestino do segmento
de postura, possui o segundo plantel regional dessa categoria,
com o total de 7 milhões de aves. Os principais criatórios estão
localizados nos municípios de Moreno, São Bento do Una, Cama-
ragibe, Belo Jardim, Goiana, Paudalho e Nazaré da Mata (OLI-
VEIRA et al., 2008).
Pernambuco possui o segundo maior rebanho regional de ga-
los, frangas, frangos e pintos destinados à produção de carne e o
10º rebanho nacional. Em relação à produção de carne de fran-
go, Pernambuco é o segundo maior do Norte e Nordeste, tendo
produzido 296 mil toneladas de carne de frango, em 2012. Essa
quantidade representa 25,57% da produção nordestina e 2,34% da
produção brasileira. O consumo de carne de frango tem aumentado
ano a ano, tanto no Brasil como no mundo. Em 2012, o consumo
brasileiro de carne de frango foi de 9.139 mil toneladas, 11,19% do
consumo mundial que foi de 81.655 mil toneladas. Em 2014 o con-
sumo brasileiro passou a 9.396 mil toneladas e o mundial chegou a
85.075 mil toneladas. O Brasil é o quarto maior consumidor mundial
e o segundo maior em consumo per capita, 46,4 quilos de carne de
frango ao ano, segundo dados do ANUALPEC (2014).
De acordo com pesquisa do BNB/ETENE, em Pernambuco
coexistem os dois sistemas de produção: independente e inte-
grada. Os produtores independentes arcam com todo o processo
produtivo e comercial da atividade, tais como: produção de ração,
produção de matrizes, incubação de ovos ou aquisição de pintos,
engorda dos frangos, comercialização de aves vivas (para interme-
diários, pequenos comerciantes ou até mesmo para abatedouros
industriais). Em alguns casos, dispõem de abatedouros próprios.
Na produção integrada, a empresa integradora produz a ração, as
aves matrizes e os pintos. Os produtores integrados recebem da

48 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


integradora os pintos, os insumos, a assistência técnica, responsa-
bilizando-se pela criação das aves. A comercialização é realizada
pela integradora. Os produtores pernambucanos se congregam na
Associação Avícola de Pernambuco (Avipe), a qual realiza traba-
lho em prol da dinamização da atividade no Estado, destacando-se
os esforços realizados para superação de problemas referentes à
aquisição de insumos, de tributação e de prevenção sanitária (OLI-
VEIRA et al., 2008).
Há, portanto, um conjunto de fatores neste Estado que dina-
mizaram a produção de aves, mas a produção em larga escala da
avicultura industrial e a melhoria da renda da população, especial-
mente a de baixa renda, contribuíram sobremaneira para o aumen-
to do consumo de carne de frango e de ovos. No período de 2002 a
2008, os consumos per capita destes produtos cresceram 15,28%
(9,669 e 11,146 kg) e 45,40% (2,372 e 3,449 kg), respectivamente,
segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE
(2004; 2010).
Quanto à produção de ovos de galinha, Pernambuco é o pri-
meiro produtor do Nordeste e do Norte e o nono produtor nacional.
Em 2012, produziu 169 milhões de dúzias de ovos de galinhas,
o que representa 32,11% do total regional e 4,87% da produção
brasileira. Nesse mesmo ano, o rebanho de galinhas de Pernam-
buco era superior a 10 milhões de cabeças o que representava
25,32% do rebanho total do Nordeste e 4,8% do rebanho brasileiro,
colocando o Estado como primeiro produtor regional de galinhas e
sétimo produtor nacional.
Da mesma forma, Pernambuco é o primeiro produtor de co-
dorna e de ovos de codorna do Norte, Nordeste e Centro-Oeste e
o sétimo produtor nacional. Em número de rebanho, Pernambuco
participa com 35,29% do total de cabeças da Região. E a produção
de ovos de codornas, em 2012, foi de 6.530 mil dúzias, represen-
tando 41,96% da produção do Nordeste (Tabela 2).
A quantidade de codornas cresceu 35,12% e a de ovos cres-
ceu 102,23%, no período de 2000 a 2012 (Tabelas 1 e 2). Os prin-
cipais fatores que têm contribuído para o crescimento da coturni-
cultura são a precocidade na produção, maturidade sexual, rápido
crescimento das aves, boa conversão alimentar, alta produtividade
(em média 300 ovos/ano), necessidade de pequenos espaços para

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 49
grandes populações, grande longevidade em alta produção e baixo
investimento (ALMEIDA et al., 2013).
Com relação aos principais insumos, pesquisa realizada pelo
BNB/ETENE indicou que Pernambuco não é autossuficiente na
produção dos grãos básicos utilizados na alimentação das aves:
milho e soja. A soja é adquirida de produtores localizados nos cer-
rados nordestinos, nos estados da Bahia, do Piauí e do Maranhão.
O milho é adquirido dos produtores locais, além de outros estados
nordestinos, de Goiás e de Mato Grosso. Eventualmente, ocorrem
importações de outros países, especialmente da Argentina. Para
amenizar os problemas com a aquisição de milho, a Avipe estabele-
ceu convênio com o Governo do Estado para realização do Projeto
Sorgo Granífero de Pernambuco, que prevê a expansão das áreas
cultivadas com sorgo granífero. O sorgo é uma cultura mais adap-
tada às condições climáticas prevalecentes no Estado, com maior
resistência a estiagens e substitui parcialmente o milho na compo-
sição da ração alimentar, em até 50%, sem alterar as qualidades
básicas da ração e do desempenho das aves. Em 2006, a produção
de sorgo em Pernambuco alcançou cerca de 35 mil toneladas, com
a comercialização garantida por parte dos avicultores (OLIVEIRA
et al., 2008).

5.2 Bovinocultura
A atividade pecuária em Pernambuco desenvolveu-se de for-
mas diferenciadas em suas três grandes zonas naturais: Mata,
Agreste e Sertão. Na Zona da Mata, o desenvolvimento ocorre pa-
ralelamente ao da cana-de-açúcar e a oferta regular de forrageiras
possibilitou maior desenvolvimento, mais precocidade dos animais
e a utilização de sistema intensivo de produção. No Agreste, as
condições locais são mais propícias à exploração leiteira, com o
emprego da palma forrageira como componente da alimentação
básica. No Sertão, predomina o sistema de exploração extensiva,
requerendo a utilização de tecnologias que proporcionem reservas
alimentares estratégicas, para enfrentar longos períodos de estia-
gem. Os produtores entrevistados pelos técnicos do BNB/ETENE
consideram que a criação no Sertão é somente para “gado de ho-
tel”, isto é, em confinamento, pela ausência de recursos alimenta-
res naturais no decorrer do ano. Diante da adversidade para criar

50 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


nos meses sem chuvas e em anos secos, a engorda de bovino
confinada é uma das soluções encontradas por alguns criadores
pernambucanos, para comercialização na entressafra, quando os
preços de bovinos são mais elevados (SANTOS et al., 2012).

5.2.1 Bovinocultura leiteira


Quanto ao rebanho leiteiro, no período de 2000 a 2012, a quan-
tidade de vacas ordenhadas de Pernambuco cresceu 34,31% e a
produtividade aumentou 55,23%, promovendo crescimento subs-
tancial na produção de leite de 108,49%, mesmo com a prolongada
estiagem verificada em anos recentes (Tabela 3). Vale ressaltar que
a maior parte da produção se encontra nas regiões mais susceptí-
veis à estiagem, no Agreste e Sertão Pernambucanos. Nessas duas
mesorregiões se encontram 75,39% dos estabelecimentos produ-
tores de leite e 81,88% do leite produzido no Estado, conforme da-
dos do IBGE (2006). Ainda segundo dados do Censo Agropecuário
2006, nos estabelecimentos com áreas menores de 50 hectares,
que representam 67,27% do total dos estabelecimentos produtores
de leite, foram produzidos 54,04% do leite de Pernambuco.
Assim, grande parte da produção de leite é proveniente de pe-
quenos produtores familiares que estão investindo em melhoria da
produtividade do rebanho leiteiro, possivelmente incentivados pe-
los programas institucionais1 que promovem, simultaneamente, a
melhoria da produção e o seu escoamento, fortalecendo a atividade
leiteira do Estado.

5.2.2 Bovinocultura de corte


Segundo o Anualpec, em 2013, Pernambuco possuía 1,54 mi-
lhão de cabeças de bovinos leiteiros, representando 61,50% do re-
banho bovino total do Estado e 966 mil cabeças de bovinos de cor-
te, representando 38,50%. Os bovinos abatidos em Pernambuco
no ano de 2014 representaram 10,10% do abate total do Nordeste
e a produção de carne, representou 10,31% (ANUALPEC, 2014).

1
O Projeto Balde Cheio tem contribuído para o aumento da produtividade de leite
das vacas dos agricultores familiares e o Programa do Leite garante a compra de
grande parte de suas produções.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 51
No estudo realizado pelo BNB/ETENE, observou-se que o re-
banho de corte é predominantemente da raça zebu e seus mestiços
sem padrão racial definido, mas em alguns criatórios são encon-
trados animais resultantes de cruzamentos industriais com raças
europeias, como a Marchigiana. Os animais destinados ao abate
pesam de 18 a 22 arrobas de peso vivo, com 24 meses de idade,
com predominância de sangue Nelore e, em menor grau, Guzerá.
Os bezerros são comercializados com 6 a 7 arrobas de peso vivo
para recriadores, enquanto os garrotes atingem de 12 a 13 arrobas
de peso vivo. O rendimento médio de carcaça em Pernambuco é
de 50%, sendo que, para novilho Nelore, adota-se rendimento de
55%. Pernambuco é o segundo maior consumidor de carne bovina
no Nordeste, com consumo per capita de 33,6 quilos ao ano. No ba-
lanço da oferta e consumo de carne bovina, em 2009, Pernambuco
apresentou déficit de 137,1 mil toneladas. Como seus mercados
consumidores não são supridos pelo seu rebanho, Pernambuco im-
porta carne de outros países e também adquire bovinos para recria
e engorda provenientes de outros estados, como Maranhão, Pará,
Tocantins e Piauí (SANTOS et al., 2012).
Segundo o estudo, para a agroindústria de carne, a pecuária
de corte em Pernambuco tem como pontos fortes: a existência de
grande mercado consumidor da carne bovina; condições favoráveis
de clima e solo do Agreste para a bovinocultura de corte; existência
de vários selecionadores de bovinos de corte; possibilidade de in-
tegração lavoura irrigada/bovinocultura no semiárido; possibilidade
de engorda bovina confinada mediante a integração cana-de-açú-
car e bovinocultura de corte, na Zona da Mata; adequada estru-
turação da Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária (Adagro)
para exercer a vigilância sanitária; Programa de regionalização de
matadouros da Adagro; existência de duas empresas de embutidos
com demanda insatisfeita, a qual poderia ser atendida pelo Estado.
Os pontos fracos são a reduzida quantidade de rebanho bovino
para atender à demanda estadual; indisponibilidade de novas áreas
para expansão de pastagens; ocorrência de longos períodos de es-
tiagem na maior parte do Estado durante o ano, reduzindo a oferta
de forragens; precárias condições sanitárias e ambientais nos ma-
tadouros; e carência de mão de obra qualificada nos níveis superior
e médio (SANTOS et al., 2012).

52 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


O BNB/ETENE avaliou também áreas vocacionadas para re-
cria e engorda de bovinos no Nordeste, a partir do qual identificou
os Municípios de Correntes, Agrestina, Água Preta, Brejão, Canho-
tinho, Lagoa do Carro, Palmeirina, Quipapá e Sairé com potencial
para a recria e engorda de bovinos a campo (EVANGELISTA et al.,
2010).

5.3 Caprinos e ovinos


No período de 2000 a 2012, o rebanho de caprinos cresceu
27,46% e o de ovinos, 119,44% (Tabela 1). Pernambuco é o se-
gundo produtor nacional e regional de caprinos, com cerca de 1,8
milhão de cabeças. Pernambuco também se destaca como o quar-
to produtor nacional de ovinos e terceiro produtor regional, com 1,6
milhão de animais.
Em relação aos ovinos, o efetivo cresceu no Nordeste na or-
dem de 2,16 milhões de animais, enquanto que no Brasil reduziu
em 2,63 milhões. Os efetivos também se espalharam pelo Nordes-
te, também, a exemplo dos caprinos, destaque para o noroeste
da Região. Os efetivos aumentaram nos sertões pernambucanos
e cearenses, no centro-norte baiano, entre outras microrregiões,
enquanto que em microrregiões como aquelas adjacentes ao vale
do rio São Francisco houve redução de plantéis. A maior densidade
de animais também está associada ao crescimento da produção e
da comercialização de ovinos e, em 2010 de caprinos. O aumento
da oferta e do consumo aparente na rede de varejo, restaurantes,
feiras livres com predominância de carne de ovinos. Em Petroli-
na (PE), o bodódromo, já tradicional referência em gastronomia de
produtos cárneos de caprinos e de ovinos, apesar do nome, a de-
manda maior é para carne de ovinos. Ainda há relativa rejeição pela
carne de caprinos, mas o aroma forte tem decorrência do manejo
inadequado.
Os caprinos e os ovinos são animais que se confundem com a
paisagem da caatinga, em seu semiárido provém alimento de alto
valor nutricional, carne e leite, além de pele de excelente qualidade
industrial a baixo custo. Evidentemente que a produção extensiva
da maioria das propriedades rurais, fortemente fragmentadas em
sua estrutura fundiária, é de baixo rendimento, com modestos indi-
cadores zootécnicos, mas que representam, ratificando o exposto,

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 53
de relevante importância econômica e social para a população rural
do Nordeste. Não obstante, a produção de animais de elite movi-
mentam milhões de reais em feiras e exposições, mas de forma de-
sorganizada de gestão e de organização, os genótipos do topo da
pirâmide expõem padrão racial, não factível, em muitas situações,
para atender a base, que são os produtores comerciais, especial-
mente da agricultura familiar. Neste aspecto, segundo o estudo do
BNB/ETENE, uma parcela da carne de ovinos e de caprinos se
destina ao consumo de subsistência e a outra parcela é comerciali-
zada. O volume da carne comercializada, formalmente no Nordeste
(com inspeção federal ou estadual) não chega a 5% (NOGUEIRA
FILHO et al., 2010).
Em relação à produção de leite de cabra também tem cresci-
do, principalmente, devido aos incentivos dos programas governa-
mentais. Tem-se o registro de que, em 2006, Pernambuco produziu
2.022 mil litros de leite de cabra (NOGUEIRA FILHO et al., 2010).
Mas, a partir das informações do Programa Leite de Todos, houve
expressivo aumento da produção, uma vez que a distribuição de
leite de cabra para famílias carentes será ampliada para 10 mil li-
tros/dia (PERNAMBUCO, 2015).
Ainda em relação ao cliente institucional, o Estado vizinho a
Pernambuco, a Paraíba possui experiência que pode ser replica-
da com as devidas adaptações, evidentemente. Trata-se do Pacto
Novo Cariri2, que na análise de Costa e Ferreira (2010), objetiva
mudar a mentalidade e a atitude do povo do Cariri no sentido de de-

2
Em palestra no BNB/ETENE, em 2009, Aldomário Rodrigues, coordenador do
Programa Leite da Paraíba –Fome Zero, destacou que no lançamento do Pacto
Novo Cariri em 2001, no município de Monteiro (PB), estavam presentes cerca
de 100 produtores. Antes do término da apresentação, restavam apenas sete,
mas estes se inseriram no Programa. Em, 2007, o município produzia mais de
2,5 mil litros de leite/dia. Não havia à época (2001), nenhum litro de leite de ca-
bra, as mini usinas “começaram” com leite de vaca. No Cariri Paraibano, 60%
de sua área tem avançado estado de desertificação, com pluviosidade média de
300 mm/ano. A produção ultrapassou a capacidade do município de comprá-la
integralmente. Determinado ano, o Governador esteve naquele Município e os
gestores do Pacto pediram para que o leite de cabra pudesse participar do Pro-
grama Beba Leite, do Governo estadual. Foi autorizada de imediato a compra de
três mil litros de leite de cabra/dia, pois o Governador “julgava” que se levariam
quinze anos pra atingir aquela meta. Contudo, seis meses depois, já não era
mais suficiente. O Programa Fome Zero comprava 120 mil litros de leite, dos
quais, cerca de 14 mil litros de leite de cabra.

54 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


senvolver a capacidade organizativa impulsionadora da participa-
ção política e do espírito empreendedor e cooperativo está sendo
ali a batalha travada. Nos locais em que os gestores públicos ade-
riram ao Pacto, esse movimento já começa a dar os primeiros pas-
sos. Um aspecto de destaque entre as dificuldades identificadas é
quanto à importância da participação do governo local nas ações.
A produção está aquém da capacidade e da necessidade
que o País poderia ofertar e pela elevada demanda insatisfeita,
considerando:
a) a importância nutricional do leite de cabra para crianças
e idosos (ALVES; XIMENES, 1999);
b) que o Brasil tem cerca de 16 milhões de pessoas em
situação de extrema pobreza;
c) os caprinos são dóceis e de fácil manejo;
d) das condições climáticas favoráveis (2/3 de área tropi-
cal);
e) genótipos para as várias regiões, interação genótipo-
ambiente positiva;
f) atividades que se confundem com a própria paisagem
de ecossistemas, especialmente do semiárido;
g) da dupla aptidão em produzir carne de excelente quali-
dade, além de outras vantagens.

A pele é a matéria-prima que admite a mais elevada agregação


de valor em toda cadeia produtiva. No entanto, a maior parte das
peles produzidas é de qualidade inferior, apresentando defeitos de
diversas origens provocados por manejo deficiente, doenças e da-
nos mecânicos. Segundo as estatísticas disponíveis, apenas 7%
podem ser classificadas como de boa qualidade. Entenda-se que
ao longo de décadas, vários curtumes artesanais, a maioria infor-
mal, instalaram-se no Nordeste, abastecendo o mercado local para
fabricação de produtos diversos, especialmente de calçados e pe-
ças de artesanato, informalidade que também se estende a várias
atividades da cadeia produtiva, como transporte, comercialização e
abate. No diagnóstico feito pelo BNB/ETENE, o abate dos animais
é predominantemente informal e realizado por marchantes, a pele
é salgada pelo próprio marchante, produtor ou primeiro atraves-

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 55
sador. A partir desse ponto, estabelece-se intrincado percurso por
meio de uma rede de negociantes de peles em escala crescente de
volume transacionado. O marchante vende pequenos volumes (20
a 70 abates semanais) para comerciante de pequeno porte (lotes
de até 500 unidades). Estes são repassados para um intermediá-
rio (lotes de 2 mil peles), que, por sua vez, repassa para grandes
comerciantes (5 mil peles). Houve casos de grandes comerciantes
com lotes de até 20 mil peles. Por fim, são estes últimos que for-
necem as peles aos curtumes e à central de compras, sendo que
a disponibilidade para o transporte das peles é que determina a
capacidade de atuação do comerciante. É usual este intermediário
também possuir estrutura para estocar maiores quantidades de
peles (NOGUEIRA FILHO et al., 2010).
O consumo doméstico de couro em substituição ao material
sintético deverá continuar crescendo com a elevação da renda. Isto
se reflete na maior utilização de couro por parte de diversas in-
dústrias, como é o caso da indústria automobilística, que reflete o
padrão de exigência do cliente e sua opção pelo acabamento em
couro. Destaca-se, também, o crescimento da utilização de couro
pela indústria moveleira. No setor de calçados, os brasileiros têm
demandado produtos de maior valor agregado, ou seja, calçados
com couro legítimo, também decorrente do maior poder aquisitivo
da população (XIMENES; CUNHA, 2012).
As peles já tiveram preços atraentes. A substituição por pro-
dutos sintéticos e a melhor relação benefício-custo da importação
(câmbio favorável e melhor qualidade) de peles pela indústria de
transformação fizeram despencar os preços das peles no Nordes-
te. Em Campina Grande (PB), a preferência pelo sintético não
ocorre por acaso, o couro como matéria-prima é muito mais caro.
A baixa qualidade do couro local obriga o empresário a comprá-lo
de outros estados e países, encarecendo ainda mais o produto.
Há maior desperdício do couro natural em relação ao sintético,
advindo das falhas de cortes e até mesmo de cortes na superfí-
cie do material. Paralelamente, a produção do sintético está cada
vez mais desenvolvida, fornecendo material de qualidade para a
indústria calçadista, que consegue substituir o couro sem grandes
perdas de qualidade no produto final e por preço que, na maioria
das vezes, corresponde à metade do preço do couro natural. O
preço do couro variava entre 40 e 50 R$/m2, enquanto o sintético

56 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


era de 20 a 30 R$/m2. As perdas existentes no processo de pro-
dução que utiliza o couro sintético são mínimas, pois, além de ser
vendido em cortes bem definidos, não possui falhas na superfície
(FRANÇA et al., 2007).
O Nordeste é predominantemente exportador de matéria-prima
e os importadores agregam valor ao produto no processo de acaba-
mento do couro e na produção de manufaturados (calçados, ves-
tuários, artigos para móveis e automóveis). Para Ximenes e Cunha
(2012), o papel do Nordeste brasileiro neste contexto é o mesmo de
outros países de clima tropical (América do Sul e Ásia), pelas maio-
res ofertas de matéria-prima e de mão de obra, comparativamente
aos países desenvolvidos, que se especializaram na produção de
artigos de luxo, como a Itália. A Ásia, apesar de grande produtora
de couro, tem se destacado na aquisição de wet blue de outros
países produtores e em sua transformação em produtos de maior
valor agregado a preços mais competitivos. Como exemplo, a Chi-
na importa do Brasil o couro wet blue e o transforma em calçados.
Além disso, o Brasil conserva a primeira fase de produção do cou-
ro, da pele salgada para o wet blue, que é o mais oneroso ao meio
ambiente pelo uso do cromo (que imprime no couro a cor azulada
e textura molhada), motivo de preocupação mundial e de inúmeros
conflitos com órgãos ligados ao meio ambiente e com a sociedade
local em relação à indústria. Ao pular esta etapa, a China se exime
deste problema, o ônus ambiental fica com o Brasil. Felizmente,
nos dois últimos anos, apesar das crises econômicas mundiais e
das limitações dentro e fora da porteira do Nordeste brasileiro, o
avanço foi significativo para o comércio externo brasileiro de peles
e couros. Entre 2010 e 2011, o Nordeste mais que duplicou as ven-
das e as receitas obtidas no mercado externo.

5.4 Apicultura
Segundo estudo do BNB/ETENE, dentre os produtos da api-
cultura, o mel é o principal, no Nordeste, por ser de mais fácil ex-
ploração, sendo também o mais conhecido e com maiores possibili-
dades de comercialização. Além de alimento, devido às conhecidas
propriedades terapêuticas, o mel é usado na formulação de pro-
dutos farmacêuticos e cosméticos. Os demais produtos apícolas
são produzidos em menor escala no Nordeste porque a maioria

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 57
dos apicultores não possui conhecimento sobre o processo produ-
tivo e sobre o mercado, tendo maior dificuldade de comercialização
(KHAN et al., 2012).
Segundo IBGE (2014), Pernambuco é o quinto produtor re-
gional de mel de abelha, com apenas 503 toneladas, mas o Es-
tado chegou a produzir 2.350 toneladas de mel de abelha, em
2011. A partir de 2012, com a seca, a produção caiu bruscamente
(Tabela 2).
A microrregião de Araripina foi quem mais sofreu as conse-
quências dessa seca, uma queda de 92,46% em sua produção.
Em 2011, era responsável por 74% da produção de Pernambuco,
perdendo posição de microrregião mais produtora do Estado. Essa
Região possui uma vegetação que se destaca por produzir méis
diferenciados com características demandadas pelo mercado, a
exemplo do mel do cipó-uva (Serjania sp.). Nela, a apicultura é de-
senvolvida por pequenos agricultores familiares e se tornou a prin-
cipal atividade econômica para muitos deles.
Como a apicultura não requer mão de obra intensiva durante
todo o ano, os apicultores da microrregião de Araripina trabalham
nas indústrias do polo gesseiro, para complementar a renda da fa-
mília. Isso tem provocado um impasse porque dependem da ve-
getação nativa para o desenvolvimento da atividade apícola e ao
mesmo tempo trabalham nas indústrias que demandam grandes
quantidades de madeira, competindo com os recursos florestais,
pois estão percebendo a necessidade de manutenção da flora nati-
va para a sustentabilidade da apicultura, na chapada.
Segundo estudo do BNB/ETENE, a apicultura desenvolvida no
Nordeste tem caráter eminentemente familiar, pois de cada família
que trabalha na apicultura, em média, 2,1 pessoas estão envolvi-
das com a atividade e a maioria dos apicultores possui menos de
100 colmeias. Por ser uma atividade praticada predominantemen-
te por pequenos produtores, tem se configurado numa alternativa
para diversificação da fonte de renda nas pequenas propriedades
rurais (KHAN et al., 2012).
O mercado interno para produtos apícolas é vasto, no entanto,
o consumo per capita de mel no Brasil é baixo, em torno de 128 gra-
mas por habitante/ano. As maiores dificuldades relacionadas à co-

58 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


mercialização no mercado interno estão associadas à visão de que
o mel é um produto terapêutico em detrimento do seu valor como
alimento e ao elevado preço pago pelo consumidor, quando com-
parado à remuneração obtida pelo produtor (KHAN et al., 2012).

5.5 Considerações finais


O desenvolvimento da avicultura em Pernambuco, como no
restante do Nordeste, está condicionado, sobretudo, à questão da
oferta de grãos para formulação das rações. A limitação da produ-
ção local de grãos provoca a necessidade de transportá-los de lon-
gas distâncias a custos que oneram a atividade. Conforme estudos
da Avipe, toda a soja utilizada na alimentação das aves é trazida
do oeste da Bahia e do sul do Piauí, por transporte rodoviário, com
distâncias que variam de 1.300 a 1.700 km. Em outras áreas produ-
toras nacionais, as médias dessas distâncias situam-se entre 555 e
756 km. Nesse panorama se insere o projeto da Ferrovia Transnor-
destina, que na sua variante pernambucana se estende do extremo
oeste do Estado até o porto de Suape, cuja implantação contribuirá
substancialmente na redução dos custos de produção da atividade.
A bovinocultura de corte, em Pernambuco, possui um merca-
do favorável, pois além de grande consumidor de carne bovina, o
Estado ainda importa carne de outros países. A pecuária leiteira
encontra-se dinâmica, com crescimento em todos os seus parâme-
tros ao longo do período estudado, de 2000 a 2012. Observou-se
também que mais da metade do leite foi produzido em pequenos
estabelecimentos, revelando a importância dos programas institu-
cionais, no Estado, e que está havendo resposta positiva aos in-
centivos. A maior parte da produção leiteira se encontra em regiões
mais susceptíveis à estiagem, quando na falta ou escassez dos
produtos agrícolas, o produtor pode ter uma renda e suas neces-
sidades supridas com a venda do leite ou do queijo, mantendo-se
no campo. Apenas a Mata e o Agreste têm condição de produzir
gado de corte. A maior vocação do Estado é para a pecuária leitei-
ra. A criação de animais de corte no Sertão convive com a falta de
alimento, tornando a bovinocultura de corte inviável para a maioria
das propriedades rurais.
O Estado é um grande produtor de caprinos e ovinos, cuja de-
manda pela carne tem crescido, nos últimos anos, mas ainda apre-

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 59
senta um baixo consumo per capita no Brasil. Uma parcela da carne
se destina ao consumo de subsistência e a outra parcela é comer-
cializada, sendo uma importante fonte de sustento das famílias.
A produção de leite de cabra também tem crescido, principalmente,
devido aos incentivos dos programas governamentais. A pele é a ma-
téria-prima que admite a mais elevada agregação de valor em toda a
cadeia produtiva, mas poucos produtores, no Nordeste, despertaram
para a importância do manejo adequado dos ovinos e caprinos para
que sejam produzidas peles de boa qualidade.
A apicultura também é uma atividade de grande potencial para
o Estado e deve ser incentivada, principalmente na região do Polo
Gesseiro, cuja vegetação já está comprometida e em que os apicul-
tores estão se conscientizando da necessidade de preservação da
vegetação nativa para o desenvolvimento de sua atividade.
Todas as atividades têm experimentado avanços em termos de
crescimento do rebanho e do aumento de produtividade, em virtude
do emprego de novas tecnologias, da cooperação de instituições
técnicas e de fomento e dos incentivos de programas institucionais.

Tabela 1 – Principais rebanhos em Pernambuco - 2000 a 2012


Mil cabeças Variação Média (mil Proporção
Tipo de rebanho
2000 2012 (%) cabeças) média (%)

Galos, frangas,
16.701 19.344 15,83 19.008 56,46
frangos e pintos
Galinhas 7.737 10.217 32,05 8.688 25,81
Bovino 1.516 1.896 25,07 1.993 5,92
Caprino 1.405 1.791 27,47 1.621 4,81
Ovino 753 1.653 119,52 1.213 3,60
Codornas 339 458 35,10 448 1,33
Suíno 374 402 7,49 427 1,27
Outros 292 247 -15,41 270 0,80
Fonte: IBGE (2014).

60 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Tabela 2 – Produção de origem animal - 2002 a 2012
Ano Variação
Tipo de produto
2002 2012 (%)

Pernambuco
Leite (Mil litros) 388.057 609.056 56,95
Ovos de galinha (Mil dúzias) 127.802 169.088 32,30
Ovos de codorna (Mil dúzias) 4.108 6.530 58,96
Mel de abelha (Quilogramas) 575.016 635.513 10,52
Pernambuco/Nordeste
Leite (Mil litros) 16,42 17,40 5,92
Ovos de galinha (Mil dúzias) 29,30 32,11 9,59
Ovos de codorna (Mil dúzias) 37,83 41,96 10,91
Mel de abelha (Quilogramas) 10,34 8,25 -20,20
Fonte: IBGE (2014).

Tabela 3 – Quantidade de vacas ordenhadas, quantidade de


leite e produtividade das vacas - 2000 a 2012
Vacas ordenhadas (cabeças)
 Região/Estado Ano
Variação (%)
2002 2012
Nordeste 3.567.511 4.493.504 25,96
Pernambuco 378.122 431.429 14,10
Pernambuco/Nordeste 10,60 9,60 -9,43
Produção de leite (mil litros)
Nordeste 2.362.973 3.501.316 48,17
Pernambuco 388.057 609.056 56,95
Pernambuco/Nordeste 16,42 17,40 5,92
Produtividade (litros/vaca-ano)
Nordeste 662,36 779,20 17,64
Pernambuco 1.026 1.412 37,56
Fonte: IBGE (2014).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 61
Referências

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EVANGELISTA, F. R. et al. Identificação de áreas vocacionadas
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FRANÇA, P. X. N.; LEITE, V. D.; PRASAD, S. Análise dos
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62 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


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ano6_n1.pdf/5d0b4811-9fdb-4136-9a6a-3a344c0d3079. Acesso
em: 2 fev. 2015.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 63
6 Indústria

Francisco Diniz Bezerra


Engenheiro Civil. Mestre em Engenharia de Produção.

A indústria constitui elemento-chave para o crescimento eco-


nômico sustentável e o desenvolvimento. Isto decorre do fato da
atividade industrial possuir forte encadeamento intersetorial, deter
elevada capacidade de agregação de valor aos produtos, apresen-
tar potencial para o crescimento da produtividade e ser fonte de ino-
vação e difusão de novas tecnologias para o ambiente empresarial
e a economia.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), as atividades industriais compreendem as seções B a F
da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0),
mostradas no Quadro 1. Cada seção, por sua vez, é desagregada
em divisões, grupos e classes. O presente texto abrange as indús-
trias extrativas (seção B), as indústrias de transformação (seção C),
os Serviços Industriais de Utilidade Pública (Siup), que constituem
as seções D (eletricidade e gás) e E (água, esgoto, atividades de
gestão de resíduos e descontaminação), e a indústria da constru-
ção (seção F).

Quadro 1 – CNAE 2.0: seções representativas da atividade


industrial
Seção Divisões Descrição CNAE

B 05 .. 09 Indústrias extrativas

C 10 .. 33 Indústrias de transformação

D 35 .. 35 Eletricidade e gás

Água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e


E 36 .. 39
descontaminação

F 41 .. 43 Construção

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2007).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 65
A análise será empreendida tendo por base principalmente o
Valor Adicionado Bruto1 (VAB), divulgado nas Contas Regionais do
IBGE, e os dados de emprego formal, oriundos da Relação Anual
de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Em-
prego (MTE). O IBGE publica o VAB por Estado apenas ao nível
de seção. Visando à análise mais desagregada, recorreu-se à uti-
lização da Matriz de Insumo-Produto do Banco do Nordeste, que
disponibiliza para os estados do Nordeste o VAB ao nível de divisão
e grupo da CNAE 2.0. No caso dos dados de emprego do MTE, é
possível obter desagregação por município até o nível de classe.
De um modo geral, os segmentos industriais existentes no
Nordeste exploram atividades econômicas tradicionais e possuem
baixo conteúdo tecnológico. São atividades que normalmente não
requerem elevado nível de qualificação da mão de obra emprega-
da como também não demandam investimentos expressivos em
inovação tecnológica. Esse perfil ocorre também em Pernambuco
embora transformações estruturais estejam em curso, conforme
previsto no presente texto.
Este capítulo disponibiliza informações sobre a atividade in-
dustrial em Pernambuco, sendo formado por esta introdução e por
cinco subtópicos que tratam do perfil da indústria e, de forma mais
específica, das indústrias extrativas, das indústrias de transforma-
ção, da indústria da construção e dos serviços industriais de utili-
dade pública, além de outro subtópico destinado às considerações
finais.

6.1 Perfil da indústria de Pernambuco


A participação da indústria na economia pernambucana, cor-
respondente a 25,1% do VAB estadual em 2012, se compara ao
indicador brasileiro, que foi de 26,0% e é superior à do Nordeste,
de 23,5% no mesmo ano. No período compreendido entre 2002 e
2012, a participação da indústria no VAB das atividades econômi-
cas de Pernambuco oscilou entre 21,6% (em 2006) e 25,1% (em
2012), configurando tendência de alta consistente a partir de 2008
(Gráfico 1). No ano de 2012, a indústria pernambucana adicionou

1
Valor Adicionado Bruto corresponde à diferença entre o Valor Bruto da Produção
e o consumo intermediário (IBGE, 2014a).

66 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


à economia do Estado, a preços de dezembro de 2013, o montante
de R$ 26,4 bilhões, destacando-se principalmente o subsetor da in-
dústria de transformação, que contribuiu com R$ 11,7 bilhões, cifra
correspondente a 11,2% do VAB total das atividades econômicas.
O setor industrial pernambucano é formado, em sua maior par-
te, pelas atividades das indústrias de transformação e da constru-
ção, tendo por base o Valor Adicionado Bruto. O subsetor dos Servi-
ços Industriais de Utilidade Pública (Siup) é também expressivo no
Estado, embora em menor proporção comparativamente à indústria
da construção e à indústria de transformação. Consoante com o
que se observa para a maioria dos Estados brasileiros, as indús-
trias extrativas são pouco representativas na composição estrutural
da indústria de Pernambuco, no entanto, são importantes fornece-
doras de insumos para diversas outras atividades industriais, parti-
cularmente para a construção civil.

Gráfico 1 – Participação da indústria no VAB das atividades


econômicas do Estado - Em%

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014a).

A indústria de Pernambuco obteve crescimento real de 113,1%


entre 2002 e 2012. Nesse mesmo período, a indústria nordestina
cresceu 67,0% e a brasileira 59,3%, considerando o Valor Adiciona-

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 67
do Bruto a preços constantes. O desempenho da indústria pernam-
bucana foi, portanto, superior ao da indústria da Região e do País,
no referido período (Gráfico 2).
Pernambuco participa de forma expressiva na indústria nor-
destina, perdendo apenas para a Bahia. De fato, a participação de
Pernambuco no VAB da indústria regional foi 20,5% em 2012, ano
em que esse indicador no Estado somou R$ 26,4 bilhões, conforme
já informado, contra R$ 128,9 bilhões da Região.

Gráfico 2 – Indústria: evolução do VAB - Brasil, Nordeste e


Pernambuco - 2002 a 2012 - (Número-índice: 2002
= 100)

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014a).


Nota: preços utilizados nos cálculos corrigidos para dez./2013 pelo IPCA.

Concernente ao emprego, a atividade industrial em Pernam-


buco é concentrada na Região Metropolitana de Recife (RMR).
De fato, segundo a Relação Anual de Informações Sociais – RAIS
(BRASIL, 2013b), existiam no Estado, ao final de 2013, 14.389 es-
tabelecimentos com pelo menos 1 vínculo ativo e 406.637 empre-
gos formais na indústria pernambucana, dos quais mais da me-
tade situados em apenas quatro municípios pertencentes à RMR,
principalmente na Capital e em Ipojuca (Figura 1). Fora da RMR,

68 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


destaca-se Caruaru, com 10,4% dos estabelecimentos e 5,0% dos
empregos industriais formais.

Figura 1 – Perfil da indústria de Pernambuco - VAB (2012) -


Estabelecimentos e empregos formais (2013)

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014a), Brasil (2013b)
e BNB (2014).
Notas:
(1) VAB: dados de 2012, a preços de dez./2013; Empregos e estabelecimentos:
dados de 2013;
(2) dados percentuais dos subsetores são relativos à indústria geral;
(3) dados percentuais das divisões são relativos ao total da indústria de transfor-
mação.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 69
Analisando-se o porte das indústrias, observa-se que as mi-
cro e pequenas empresas, com até 99 empregados, representam
96,1% do número de estabelecimentos, enquanto as unidades
industriais de médio e grande portes, com 100 ou mais empre-
gados, correspondem a apenas 3,9% do total. Apesar disto, os
empreendimentos de grande porte (500 ou mais empregados)
concentram 40,2% da mão de obra formal, enquanto as micro-
empresas ocupam aproximadamente 15% da força de trabalho
regularizada (Tabela 1).
Cabe mencionar a política de incentivos fiscais de Pernambu-
co para atração de investimentos industriais, por meio do Programa
de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco (Prode-
pe) e de outras iniciativas.
Nos tópicos seguintes serão realizados comentários sobre os
subsetores da indústria de Pernambuco, com destaque para as ati-
vidades mais relevantes no que se refere à contribuição no valor
adicionado e na disponibilização de empregos.

70 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Tabela 1 – Número de estabelecimentos e de vínculos empregatícios nos subsetores industriais segundo
o porte - 2013
Setores de atividades
Estab/vínc. Porte estab. Total Part. (%)
Indústrias extra- Indústrias de trans-
Siup Construção
tivas formação
De 1 a 19 111 7.855 270 3.408 11.644 80,9

De 20 a 99 43 1.271 42 836 2.192 15,2

Número de esta- De 100 a 499 4 219 14 221 458 3,2


belecimentos
500 ou mais - 51 8 36 95 0,7
Total 158 9.396 334 4.501 14.389 100,0
Part.(%) 1,1 65,3 2,3 31,3 100,0 -
De 1 a 19 765 40.387 1.360 18.178 60.690 14,9
De 20 a 99 1.627 51.116 1.843 35.797 90.383 22,2

Número de vín- De 100 a 499 445 44.316 2.578 44.578 91.917 22,6
culos 500 ou mais - 91.067 14.602 57.978 163.647 40,2
Total 2.837 226.886 20.383 156.531 406.637 100,0
Part.(%) 0,7 55,8 5,0 38,5 100,0 -
Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados de Brasil (2013b).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO
71
6.2 Indústrias extrativas
Em termos de Valor Adicionado Bruto, as indústrias extrativas
de Pernambuco são pouco expressivas, no entanto, cresceram
15,5% entre 2002 a 2012, evoluindo de R$ 137 milhões para R$
158 milhões, a preços constantes de dezembro de 2013. Cabe in-
formar que em vários anos desse período, o crescimento acumula-
do ficou abaixo do verificado em 2002. Além disso, o desempenho
da indústria extrativa de Pernambuco foi significativamente inferior
ao de suas congêneres regional e nacional, que cresceram 192,8%
e 340,9%, respectivamente, entre 2002 e 2012 (Gráfico 3).

Gráfico 3 – Indústrias extrativas: evolução do VAB - Brasil,


Nordeste e Pernambuco - 2002 a 2012 - (Número-
índice: 2002 = 100)

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014a).


Nota: preços utilizados nos cálculos corrigidos para dez./ 2013 pelo IPCA.

No final de 2013, a indústria extrativa de Pernambuco reunia


158 empreendimentos e 2.837 empregos formais (Tabela 2). Den-
tre os segmentos da indústria extrativa, sobressai-se a extração de
minerais não-metálicos, com 133 dos estabelecimentos (84% do
total) e 2.505 dos empregos formais (88% do total). A atividade de
extração de minerais não-metálicos é mais expressiva no município
de Jaboatão dos Guararapes (338 empregos formais), seguido de

72 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Araripina (247 empregos formais), onde é forte a atividade de extra-
ção de gipsita, bem mineral com o qual se fabrica o gesso.
De acordo com o Anuário Mineral Brasileiro, elaborado pelo
Departamento Nacional da Produção Mineral – DNPM (2010), o va-
lor da produção mineral comercializada em Pernambuco, em 20092,
correspondeu a R$ 363,1 milhões, destacando-se as seguintes
atividades: rochas (britadas) e cascalho (R$ 135,2 milhões), água
mineral (R$ 70,9 milhões) e gipsita (R$ 49,8 milhões) – dados em
valores correntes. Com base nessas informações, depreendem-se
duas das principais atividades minerais de Pernambuco estão re-
lacionadas com o suprimento de insumos para a construção civil.
No que concerne à comercialização de minerais metálicos, cabe
registrar a produção de 27 mil t de titânio (ilmenita) em 2009, que
gerou vendas no valor de R$ 4,8 milhões.

2
Dados mais recentes indisponíveis

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 73
74
Tabela 2 – Número de estabelecimentos e vínculos empregatícios na indústria extrativa mineral - Prin-
cipais municípios - 2013
Número de estabelecimentos Número de vínculos

Extração Atividades Extração Atividades


Município Part. total
de minerais de apoio à Outros de minerais de apoio à Outros
Total Total vínculos
não- extração de segmentos não extração de segmentos
(%)
metálicos minerais metálicos minerais

Recife 11 2 3 16 232 94 56 382 13,5


Jaboatão dos
7 3 0 10 338 16 0 354 12,5
Guararapes
Araripina 16 1 2 19 327 8 7 342 12,1
Ipubi 13 0 0 13 247 0 0 247 8,7
Vitória de

P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


3 1 2 6 152 1 53 206 7,3
Santo Antão
Ouricuri 6 0 0 6 151 0 0 151 5,3
Paulista 2 0 0 2 112 0 0 112 3,9
Carnaíba 1 0 0 1 87 0 0 87 3,1
Moreno 3 1 0 4 67 20 0 87 3,1
Vertente do
2 0 1 3 45 0 28 73 2,6
Lério
Outros 69 6 3 78 747 33 16 796 28,1
Total 133 14 11 158 2.505 172 160 2.837 100,0
Part. Total (%) 84,2 8,9 7,0 100,0 88,3 6,1 5,6 100,0  
Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados de Brasil (2013b).
6.3 Indústrias de transformação
As indústrias de transformação de Pernambuco obtiveram
crescimento real de 85,0% entre 2002 e 2012, aumentando o valor
adicionado de R$ 6,3 bilhões para R$ 11,7 bilhões, a preços cons-
tantes de dezembro de 2013. O desempenho do Estado no sub-
setor das indústrias de transformação superou o do Brasil (27,3%)
e o do Nordeste (21,4%) entre 2002 e 2012, demonstrando maior
dinamismo no período (Gráfico 4).

Gráfico 4 – Indústrias de transformação: evolução do VAB -


Brasil, Nordeste e Pernambuco - 2002 a 2012 -
(Número-índice: 2002 = 100)

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014a).


Nota: preços utilizados nos cálculos corrigidos para dez./2013 pelo IPCA.

Utilizando-se dados da Matriz de Insumo-Produto (BNB,


2014), constata-se que os segmentos de fabricação de produtos
alimentícios (16,9%), fabricação de produtos químicos (13,3%) e
fabricação de produtos de minerais não-metálicos (10,7%) são os
mais expressivos da indústria de transformação em Pernambuco,
considerando o Valor Adicionado Bruto. Essas três atividades são
responsáveis, em conjunto, por cerca de 40% do Valor Adicionado
Bruto da indústria de transformação em Pernambuco (Figura 1).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 75
No que se refere aos empregos disponibilizados, constata-se
que, dos 226.886 vínculos empregatícios existentes na indústria
de transformação de Pernambuco ao final de 2013, os três princi-
pais segmentos, sob a ótica setorial, são: fabricação de produtos
alimentícios (32,3%), confecção de artigos do vestuário e acessó-
rios (10,3%) e fabricação de produtos de minerais não metálicos
(9,5%). Em conjunto, essas três atividades representam cerca da
metade dos empregos formais da indústria de transformação em
Pernambuco (Tabela 3). Do ponto de vista geográfico, os municí-
pios mais expressivos em disponibilização de empregos na indús-
tria de transformação são: Recife, que reúne 13,9% dos vínculos
empregatícios, Ipojuca (8,3%), Jaboatão dos Guararapes (7,7%) e
Cabo de Santo Agostinho (6,1%), todos pertencentes à Região Me-
tropolitana de Recife.
No segmento de fabricação de produtos alimentícios, sobres-
saem-se, em termos do número de empregos formais, as ativida-
des de fabricação e refino de açúcar (41.666 empregos) e abate
e fabricação de produtos de carne (4.367 empregos). Ressalta-se
que as indústrias enquadradas no grupo de fabricação de outros
produtos alimentícios concentram 15.762 empregos formais, con-
forme os dados da RAIS de dezembro de 2013.
Também merecem destaque a fabricação de produtos cerâmi-
cos (9.936 postos) e a fabricação de artefatos de concreto, cimento,
fibrocimento, gesso e materiais semelhantes (6.125 postos), ambas
pertencentes ao segmento de fabricação de produtos de minerais
não-metálicos.
A indústria de Pernambuco está diversificando seu portfólio.
Diversos segmentos da indústria de transformação, até recente-
mente inexistentes no Estado, iniciaram suas operações nos últi-
mos anos ou estão em fase de implantação. A Figura 2 sintetiza os
principais investimentos relativos à indústria de transformação em
curso no Estado.

76 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Figura 2 – Principais polos industriais nascentes em Pernambuco

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO
Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados da RENAI, Brasil (2015).

77
78
Tabela 3 – Municípios e atividades da indústria de transformação de maior expressão em número de
empregos formais - 2013
Fabricação
Confecção Fabricação Fabricação de
de outros
Fabricação de artigos de produtos produtos de
Fabricação equipamentos Outras Total
Município de produtos do de minerais metal, exceto Total (%)
de bebidas de transporte, atividades (qde)
alimentícios vestuário e não- máquinas e
exceto veículos
acessórios metálicos equipamentos
automotores
Recife 6.220 3.589 2.785 1.751 189 2.491 14.408 31.433 13,9
Ipojuca 3.925 22 275 1 10.684 544 3.403 18.854 8,3
Jaboatão
dos 3.599 530 611 1.792 88 831 9.990 17.441 7,7
Guararapes
Cabo de
Santo 3.189 6 2.009 1.555 1 1.460 5.717 13.937 6,1
Agostinho

P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Caruaru 1.759 6.071 1.498 143 0 285 3.384 13.140 5,8
Igarassu 5.626 16 547 382 0 680 3.941 11.192 4,9
Vitória de
2.893 236 579 330 0 7 4.932 8.977 4,0
Santo Antão
Paulista 1.057 577 200 65 177 336 4.673 7.085 3,1
Goiana 4.774 55 748 0 0 154 995 6.726 3,0
Sirinhaém 5.321 0 0 0 0 302 26 5.649 2,5
Outros
34.907 12.315 12.248 6.151 64 2.825 23.942 92.452 40,7
Municípios
Total 73.270 23.417 21.500 12.170 11.203 9.915 75.411 226.886 100,0
Total (%) 32,3 10,3 9,5 5,4 4,9 4,4 33,2 100,0 -
Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados de Brasil (2013b).
6.4 Indústria da construção
Considerando o Valor Adicionado Bruto, a indústria da constru-
ção de Pernambuco obteve crescimento real de 143,5% entre 2002
e 2012, superando o desempenho de suas congêneres do Brasil e
do Nordeste, que cresceram, respectivamente, 79,5% e 101,3%.
Cabe ressaltar, no entanto, que até 2010, o crescimento acumu-
lado do País e da Região foram superiores, conforme o Gráfico 5.
Em 2012, o VAB da indústria construção do Estado foi de R$ 9,2
bilhões, cifra que representa 22,0% do VAB da indústria da constru-
ção do Nordeste (Gráfico 5).

Gráfico 5 – Indústria da construção: evolução do VAB - Brasil,


Nordeste e Pernambuco - 2002 a 2012 - (Número-
índice: 2002 = 100)

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014a).


Nota: preços utilizados nos cálculos corrigidos para dez./2013 pelo IPCA.

Dos 156.531 empregos formais existentes na indústria da


construção em Pernambuco ao final de 2013, conforme mostrado
na Figura 1, a construção de edifícios (58.467 empregos) concen-
trava 37,4%, principalmente na capital.
Em todo o País e em Pernambuco, em particular, o ritmo de
crescimento da indústria da construção pode ser explicado em

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 79
função da criação de programas federais de incentivo à aquisição
de moradias, a exemplo do Programa Minha Casa, Minha Vida, e
pela implementação de obras de infraestrutura, por meio do Pro-
grama de Aceleração do Crescimento (PAC) e de outras ações
governamentais. Também contribuíram para o crescimento da
atividade o aquecimento do mercado imobiliário na capital per-
nambucana e os investimentos realizados pela iniciativa privada,
como a construção e expansão de shopping centers, motivada
pela expansão do comércio varejista local e pelo aumento do po-
der de compra da população.
Considerando as carências na área de infraestrutura e o déficit
habitacional de Pernambuco de 11,9%, correspondente a cerca de
300 mil moradias em 2010, de acordo com o Ministério das Cidades
(BRASIL, 2013a), conclui-se que ainda há possibilidades para a
expansão da indústria da construção no Estado.

6.5 Serviços Industriais de Utilidade Pública


Os Serviços Industriais de Utilidade Pública (Siup) são
constituídos pela produção e distribuição de eletricidade e gás,
água, esgoto e limpeza urbana.
Ante a carência histórica em Pernambuco da disponibilidade de
alguns serviços básicos de infraestrutura domiciliar (principalmente
água e esgoto3), assim como na maioria dos estados nordestinos,
é importante a realização de investimentos no Estado em patamar
superior à média da Região e do País. Desta forma, poder-se-á
diminuir, ao longo do tempo, as disparidades existentes entre Per-
nambuco e as Unidades da Federação melhor aquinhoadas no que
concerne à oferta de serviços básicos de infraestrutura domiciliar.
Entre 2002 e 2012, o Valor Adicionado Bruto dos Siup em Per-
nambuco cresceu 148,8%, passando de R$ 2,1 bilhões para R$
5,3 bilhões, enquanto duplicou no Nordeste (106,2%) e aumentou
pouco mais de 50% no Brasil (Gráfico 6). Espera-se que este ritmo
de crescimento se mantenha no futuro face as ainda elevadas ca-

3
Em 2013, metade dos domicílios de Pernambuco não eram ligados à rede de
esgoto (IBGE, 2014c) e aproximadamente 20% das residências não eram abas-
tecidas pela rede de água com existência de canalização em pelo menos um
cômodo (IBGE, 2014b).

80 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


rências de Serviços Industriais de Utilidade Pública no Estado de
Pernambuco (Gráfico 6).

Gráfico 6 – Siup: evolução do VAB - Brasil, Nordeste e Pernam-


buco - 2002 a 2012 - (Número-índice: 2002 = 100)

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014a).


Nota: preços utilizados nos cálculos corrigidos para dez./ 2013 pelo IPCA.

6.6 Considerações finais


Em Pernambuco, a indústria tem uma participação na econo-
mia similar à brasileira, tendo representado 25,1% do VAB do Esta-
do em 2012, ano em que alcançou o montante de R$ 26,4 bilhões,
a preços de dezembro de 2013. A título de comparação, esse in-
dicador correspondeu, para o ano de 2012, a 26,0% no Brasil e a
23,5% no Nordeste.
A indústria de Pernambuco contribui com 20,5% do VAB da
indústria do Nordeste, tendo a participação do Estado nesse indi-
cador apresentado tendência consistente de crescimento a partir
de 2008.
Grande parte da indústria de Pernambuco concentra-se na
Região Metropolitana de Recife (RMR), principalmente na Capital,
P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 81
que detém 30,2% dos empregos e 28,7% dos estabelecimentos in-
dustriais. Fora da RMR destaca-se, embora com menor expressão,
o município de Caruaru, principalmente no segmento de fabricação
de artigos do vestuário e acessórios.
Do ponto de vista setorial, a indústria geral de Pernambuco
apresentou desempenho superior ao de suas congêneres brasileira
e nordestina, tendo crescido 113,1% entre 2002 e 2012. Comporta-
mento no Estado mais favorável do que o registrado no País e na
Região ocorreram também nos segmentos das indústrias de trans-
formação, da construção e dos Siup. Dos subsetores da indústria, o
segmento de transformação se sobressai no que se refere ao VAB,
com preponderância das atividades de fabricação de produtos ali-
mentícios, de fabricação de produtos químicos e de fabricação de
produtos de minerais não-metálicos. Essas três atividades são res-
ponsáveis, em conjunto, por cerca de 40% do Valor Adicionado Bru-
to da indústria de transformação no Estado.
Espera-se para o futuro a manutenção do desempenho favo-
rável da indústria pernambucana ante a brasileira e a nordestina,
face ainda haver no Estado grande déficit habitacional e elevadas
carências de serviços básicos de infraestrutura domiciliar. Estas,
aliadas às ações de atração de investimentos e de outras que vi-
sem à melhoria do bem-estar da população pernambucana, cons-
tituem oportunidades importantes para a expansão das atividades
industriais no Estado.

Referências

BANCO DO NORDESTE DO BRASIL. Sistema inter-regional de


insumo-produto do Nordeste. Fortaleza, 2014.
BRASIL. Ministério das Cidades. Déficit habitacional municipal
no Brasil 2010. Belo Horizonte, 2013a. Disponível em: <http://
www.fjp.mg.gov.br/index.php/docman/cei/deficit-habitacional/216-
deficit-habitacional-municipal-no-brasil-2010/file>. Acesso em: 28
nov. 2014.
______. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior. Rede Nacional de Informações sobre Investimento –
RENAI. Brasília, DF, 2015. Disponível em: <http://investimentos.
mdic.gov.br>. Acesso em: 14 jan. 2015.

82 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


______. Ministério do Trabalho e Emprego. Relatório Anual de
Informações Sociais – RAIS. Brasília, DF, 2013b. Disponível
em: <http://bi.mte.gov.br/bgcaged/inicial.php>. Acesso em: 12 nov.
2014.
DEPARTAMENTO NACIONAL DA PRODUÇÃO MINERAL.
Anuário Mineral Brasileiro 2010. Brasília, DF, 2010.
Disponível em: <http://www.dnpm.gov.br/conteudo.
asp?IDSecao=68&IDPagina=2005>. Acesso em: 12 nov. 2014.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
Estrutura da CNAE 2.0. Rio de Janeiro, 2007.
Disponível em: <http://www.cnae.ibge.gov.br/estrutura.
asp?TabelaBusca=CNAE_200@CNAE%202.0>. Acesso em: 12
nov. 2014.
______.Tabela 3 - Valor Adicionado Bruto a preços básicos
por atividade econômica das Grandes Regiões e Unidades da
Federação - 2002-2012. In: Contas regionais do Brasil 2012.
Rio de Janeiro, 2014a. Disponível em: < http://www.ibge.gov.
br/home/estatistica/economia/contasregionais/2012/default_
xls_2002_2012.shtm>. Acesso em: 25 nov. 2014.
______. Tabela 1955 - Domicílios particulares permanentes
e moradores em domicílios particulares permanentes, por
classes de rendimento mensal domiciliar, situação do domicílio
e abastecimento de água. In: Pesquisa Nacional de Amostra
por Domicílios – PNAD, 2013. Rio de Janeiro, 2014b.
Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl.
asp?z=pnad&o=3&i=P&c=1955>. Acesso em: 02 dez. 2014.
______. Tabela 1956 - Domicílios particulares permanentes
e Moradores em domicílios particulares permanentes, por
classes de rendimento mensal domiciliar, situação do domicílio
e esgotamento sanitário. In: Pesquisa Nacional de Amostra
por Domicílios – PNAD, 2013. Rio de Janeiro, 2014c.
Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl.
asp?z=pnad&o=3&i=P&c=1956>. Acesso em: 02 dez. 2014.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 83
7 Comércio e serviços

Wellington Santos Damasceno


Economista. Mestre em Economia

O setor de comércio e serviços é expressivo no Nordeste, ten-


do registrado forte expansão nos últimos anos. O Valor Adicionado
Bruto (VAB) desse segmento na Região, obteve uma evolução su-
perior à média nacional no período de 2002 a 2012, conforme os
dados mais recentes divulgados. Enquanto no Brasil o crescimento
em termos reais foi de 55,0%, no Nordeste o crescimento alcançou
66,2% no período (Gráfico 1).

Gráfico 1 – Evolução do VAB - Comércio e serviços - (Base 100


= ano 2002)

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014).

Especificamente em Pernambuco, o valor adicionado para co-


mércio e serviços correspondia a 73,4% do VAB da economia do
Estado em 2002. Essa relação reduziu-se para 72,2% em 2012,
embora com participação superior às médias nacional e regional
que representavam no mesmo ano 68,7% e 70,7%, respectivamen-
te (Gráfico 2).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 85
Gráfico 2 – Participação do VAB - Comércio e serviços na
economia - Brasil, Nordeste e Pernambuco - Em %

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014).

Os serviços de Administração Pública (APU) são expressivos


em Pernambuco, tendo representado 32,0% do total do setor de co-
mércio e serviços em 2012. No Nordeste e Brasil a participação foi
de 32,6% e 24,2% nesse mesmo ano, respectivamente (Gráfico 3).

86 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Gráfico 3 – Distribuição do VAB - Comércio e serviços por
atividade em 2012 - Brasil, Nordeste e Pernambuco
- Em %

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014).


Nota: transportes referem-se a transportes, armazenagem e correios; informação
compreende serviços de informação e comunicação; financeiro trata-se de
intermediação financeira, seguros e previdência complementar e serviços
relacionados; aluguel representa atividades imobiliárias e aluguéis; e APU
significa administração, saúde e educação pública e seguridade social.

Conforme dados do IBGE, Pernambuco possui 16,6% da po-


pulação do Nordeste. O Estado participa com 19,2% do VAB do
Nordeste. Por sua vez, o comércio e serviços do Estado represen-
tam 19,6% do VAB desse setor regionalmente (Quadro 1).

Quadro 1 – Indicadores selecionados em 2012


Participação (%) do VAB de comércio e serviços de Pernambuco no
19,58
VAB do Nordeste

Participação (%) do VAB de Pernambuco no VAB do Nordeste 19,19

Participação (%) da população de Pernambuco no Nordeste 16,57

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 87
7.1 Comércio
O VAB do comércio pernambucano obteve crescimento seme-
lhante à média nordestina e superior à média brasileira no período
de 2002 a 2012. O valor adicionado no Estado cresceu 113,8%,
enquanto que no Nordeste o incremento foi de 115,5%. No Brasil, a
evolução foi de 87,8% na mesma comparação (Gráfico 4).

Gráfico 4 – Evolução do VAB - Comércio - (Base 100 = ano


2002)

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014).

A participação do comércio no Valor Adicionado Bruto do Nor-


deste cresceu de 10,7% em 2002 para 14,7% em 2012. Em Per-
nambuco essa atividade registrou uma participação semelhante,
crescendo de 10,9% em 2002 para 14,1% em 2012. No Brasil, essa
participação foi de 12,7% em 2012 (Gráfico 5).

88 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Gráfico 5 – Participação do VAB - Comércio - Brasil, Nordeste
e Pernambuco - Em %

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014).

O comércio varejista tem se destacado no Nordeste com 48,0%


de participação nas receitas brutas do setor, mesma porcentagem
registrada em Pernambuco em 2012. Seguem o comércio atacadis-
ta e o comércio de veículos tanto em termos de Nordeste quanto
em relação a Pernambuco (Gráfico 6).

Gráfico 6 – Distribuição da receita bruta de revenda e comissões


do Nordeste e Pernambuco por atividade em 2012 -
Em %

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2012).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 89
7.2 Serviços
O valor adicionado pelos serviços à economia de Pernambu-
co, exclusive comércio, obteve crescimento inferior ao desempe-
nho regional e superior ao nacional no período de 2002 a 2012. Em
termos reais, o valor adicionado cresceu 54,3% em Pernambuco,
enquanto que no Nordeste e Brasil, os aumentos foram de 56,8% e
49,1%, respectivamente (Gráfico 7).

Gráfico 7 – Evolução do VAB - Serviços exclusive comércio -


(Base 100 = ano 2002)

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014).

A participação dos serviços, exclusive comércio, no VAB per-


nambucano apresentou redução de 62,5% em 2002 para 58,1% em
2012, enquanto que no Nordeste, a participação não se alterou no
mesmo período estudado. No Brasil, a participação obteve uma pe-
quena redução de 56,2% para 55,9% ao longo da série estudada.

90 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Gráfico 8 – Participação dos serviços no VAB - Brasil, Nordeste
e Pernambuco - Exclusive comércio - Em %

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014).

Em termos de receitas, os serviços profissionais, administra-


tivos e complementares são mais expressivos em Pernambuco,
seguidos pelos serviços de informação e comunicação e pelos ser-
viços de transporte (Gráfico 9).

Gráfico 9 – Distribuição da receita bruta de prestação de ser-


viços não financeiros do Nordeste e Pernambuco
por atividade em 2011 - Em %

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2011).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 91
7.3 Considerações finais
O setor de comércio e serviços registrou crescimento em Per-
nambuco nos últimos anos, tendo alcançado 72,2% da economia
estadual em 2012. As atividades da administração pública são re-
presentativas com quase 32,0% do VAB comércio e serviços do
Estado em 2011.
Em termos gerais, o comércio em Pernambuco cresceu em
valores próximos à média regional e acima da média nacional de
2002 a 2012. O comércio cresceu 113,8% e o restante dos serviços
cresceram 54,3%, evolução semelhante à nordestina embora supe-
rior à média brasileira.
A participação do comércio cresceu de 10,9% para 14,1% no
VAB do Estado de 2002 a 2012, com destaque para o comércio
varejista que representou 48,0% de todo o comércio em 2012.
As demais atividades de serviços, exceto comércio, ganha-
ram participação no Estado, mas mantiveram participação inferior
às médias regional e nacional. O VAB serviços, exceto comércio,
representou 58,1% do VAB estadual em 2012, enquanto que no
Nordeste e no Brasil alcançaram 56,1% e 55,9%, respectivamente.

Referências

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.


Economia: sistema de contas nacionais. In: Contas regionais do
Brasil. Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: <http://www.ibge.gov.
br/home>. Acesso em: 13 nov. 2014.
______. Pesquisa anual de serviços. Rio de Janeiro, 2011.
Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home>. Acesso em: 11
nov. 2014.
______ . Pesquisa anual do comércio. Rio de Janeiro, 2012.
Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/home >. Acesso em 11
nov. 2014.

92 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


8 Fluxos do comércio
interestadual

Francisco Raimundo Evangelista


Engenheiro Agrônomo. Doutor em Economia
da Indústria e da Tecnologia
Antônio Ricardo de Norões Vidal
Economista. Mestre em Administração de Empresas
Airton Saboya Valente Junior
Economista. Mestre em Desenvolvimento Econômico
Paulo André Almeida Lopes
Graduando em Economia. Bolsista de Nível Superior

O presente capítulo foi elaborado a partir de dados gerados


pela Matriz de Insumo-Produto do Nordeste e Estados. Referida
matriz constitui-se em uma ferramenta utilizada em análises econô-
micas, pois mostra como os setores estão relacionados entre si, ou
seja, quais segmentos suprem os outros de serviços e produtos e
quais atividades compram das demais. Assim, a Matriz de Insumo
-Produto apresenta uma visão sobre o funcionamento da economia,
revelando inclusive a interdependência entre as diversas atividades
que compõem o sistema econômico de um determinado território.
A Matriz de Insumo-Produto do Nordeste e Estados, construí-
da pelo Banco do Nordeste em parceria com a Universidade de São
Paulo, utiliza dados das contas regionais e nacionais de 2009, que
por sua vez foram elaboradas e divulgadas pelo IBGE. A matriz tem
um recorte de 82 setores.
É importante assinalar que, embora o quadro socioeconômico
dos Estados do Nordeste tenha apresentado consideráveis
mudanças na última década, as transformações na estrutura pro-
dutiva de um determinado território costumam ocorrer somente a
médio ou no longo prazo. Nesse sentido, considera-se relevante a
análise aqui apresentada e embasada nas contas regionais e na-
cionais de 2009.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 93
O capítulo está dividido em quatro partes. Inicialmente, deta-
lham-se as compras realizadas por Pernambuco em termos de in-
sumos intermediários. Em seguida, apresentam-se as vendas de
insumos intermediários realizadas por esse Estado. A terceira parte
sintetiza o balanço de compras e vendas realizadas. Finaliza-se
o texto com uma análise sobre a agregação de valor por parte da
economia pernambucana.

8.1 Compras de insumos intermediários


Os insumos intermediários são representados pelos bens e
serviços utilizados para alimentar a produção setorial de Pernam-
buco, podendo ser constituídos por matérias-primas, peças, partes,
componentes ou mesmo produtos acabados e serviços que entram
na composição de determinado setor produtivo.
É importante ressaltar que os resultados apresentados referem-
se a compras de insumos intermediários. Pernambuco produz bens
finais que se destinam ao consumo das famílias ou ao investimento
das empresas, itens da demanda final, também registrada na Ma-
triz de Insumo-Produto, mas não analisada nesse trabalho. Tam-
bém, não são computadas as importações de fora do País.
Conforme os dados da Matriz de Insumo-Produto do Nordeste
e Estados, o total das compras de Pernambuco com insumos in-
termediários totalizou R$ 43,6 bilhões em 2009. A maior parte das
aquisições foi oriunda do próprio Estado, ou seja, R$ 26,4 bilhões
ou 60,6% do total das compras realizadas. Isto implica dizer que
Pernambuco adquiriu R$ 17,2 bilhões das outras Unidades Federa-
tivas nesse mesmo ano.
O estado de São Paulo foi um dos principais fornecedores de
Pernambuco com R$ 6,5 bilhões no ano estudado. Seguem Rio de

94 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Janeiro com R$ 1,6 bilhão, Minas Gerais com R$ 1,3 bilhão, Bahia
com R$ 1,2 bilhão e Paraná com R$ 992,0 milhões. Portanto, a
economia de Pernambuco possui vínculos comerciais mais expres-
sivos com alguns Estados do Sudeste, Nordeste e do Sul em com-
paração com as regiões Norte e Centro-Oeste (Tabela 1).
O setor de serviços aparece como o mais relevante em ter-
mos de compras no Estado, correspondendo a R$ 21,1 bilhões ou
48,4% do total das aquisições pernambucanas. O principal fornece-
dor foi o próprio Pernambuco, com R$ 14,6 bilhões. Portanto, o se-
tor de serviços de Pernambuco adquiriu um total de R$ 6,5 bilhões
das demais Unidades Federativas com destaque para São Paulo
(R$ 3,2 bilhões), Rio de Janeiro (R$ 662,6 milhões), Rio Grande do
Sul (R$ 405,7 milhões), Minas Gerais (R$ 357,6 milhões) e Bahia
(R$ 352,1 milhões).
A indústria é o segundo setor mais representativo em termos
de compras, isto é, R$ 21,1 bilhões, com destaque para as aquisi-
ções realizadas em Pernambuco (R$ 11,4 bilhões). Assim, o setor
industrial pernambucano comprou R$ 9,7 bilhões de outros Esta-
dos, especialmente de São Paulo (R$ 3,1 bilhões), Rio de Janeiro
(R$ 885,6 milhões), Minas Gerais (R$ 827,2 milhões), Bahia (R$
783,3 milhões) e Paraná (R$ 599,1 milhões).
A agropecuária pernambucana adquiriu R$ 1,4 bilhão de
insumos intermediários em 2009, dos quais R$ 482,3 milhões
provenientes do próprio Estado e R$ 912,6 milhões das demais
Unidades Federativas do País. Os principais vendedores foram
São Paulo (R$ 265,9 milhões), Minas Gerais (R$ 112,9 milhões),
Paraná (R$ 80,8 milhões), Bahia (R$ 76,8 milhões) e Rio Grande
do Sul (R$ 74,5 milhões).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 95
96
Tabela 1 – Origem das compras de insumos por grandes setores - 2009 - (R$ milhões correntes)
Agropecuária % Indústria % Serviços % Total %
Região UF
Valor Valor Valor Valor
Nordeste 672,9 48,2 13.590,6 64,4 15.429,4 73,0 29.692,9 68,0
AL 16,2 1,2 588,6 2,8 88,6 0,4 693,4 1,6
BA 76,8 5,5 783,3 3,7 352,1 1,7 1.212,1 2,8
CE 31,6 2,3 200,5 0,9 155,5 0,7 387,6 0,9
MA 18,9 1,4 149,0 0,7 47,3 0,2 215,2 0,5
PB 17,8 1,3 257,8 1,2 146,3 0,7 421,8 1,0
PE 482,3 34,6 11.393,5 54,0 14.555,2 68,9 26.431,0 60,6
PI 10,0 0,7 32,8 0,2 14,1 0,1 56,9 0,1
SE 14,1 1,0 112,4 0,5 30,5 0,1 156,9 0,4

P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


RN 5,2 0,4 72,8 0,3 40,0 0,2 118,1 0,3
Sudeste 426,6 30,6 5.004,6 23,7 4.264,7 20,2 9.695,9 22,2
ES 12,8 0,9 202,7 1,0 85,8 0,4 301,3 0,7
MG 112,9 8,1 827,2 3,9 357,6 1,7 1.297,7 3,0
RJ 35,0 2,5 885,6 4,2 662,6 3,1 1.583,2 3,6
SP 265,9 19,1 3.089,1 14,6 3.158,6 14,9 6.513,6 14,9

continua...
continuação

Norte 32,4 2,3 558,5 2,6 299,2 1,4 890,1 2,0


AC 3,7 0,3 7,5 0,0 5,2 0,0 16,4 0,0
AP 1,8 0,1 12,3 0,1 1,6 0,0 15,7 0,0
AM 9,6 0,7 163,1 0,8 211,5 1,0 384,3 0,9
PA 9,2 0,7 277,7 1,3 44,4 0,2 331,3 0,8
RO 5,3 0,4 42,3 0,2 12,6 0,1 60,2 0,1
RR 0,6 0,0 3,6 0,0 4,0 0,0 8,2 0,0
TO 2,3 0,2 51,9 0,2 19,9 0,1 74,1 0,2
Centro-Oeste 73,8 5,3 556,4 2,6 255,8 1,2 886,0 2,0
DF 3,3 0,2 28,1 0,1 57,7 0,3 89,2 0,2
GO 31,8 2,3 271,6 1,3 99,7 0,5 403,1 0,9
MT 29,1 2,1 173,0 0,8 61,9 0,3 264,0 0,6
MS 9,5 0,7 83,7 0,4 36,5 0,2 129,7 0,3
Sul 189,2 13,6 1.396,7 6,6 884,7 4,2 2.470,6 5,7
PR 80,8 5,8 599,1 2,8 312,2 1,5 992,0 2,3
SC 33,9 2,4 332,0 1,6 166,8 0,8 532,7 1,2
RS 74,5 5,3 465,6 2,2 405,7 1,9 945,9 2,2
Total 1.394,9 100,0 21.106,8 100,0 21.133,8 100,0 43.635,5 100,0
Fonte: BNB/ETENE.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO
97
As quinze principais atividades compradoras de Pernambuco
em 2009 estão especificadas na Tabela 2. Referidas atividades res-
ponderam por R$ 25,9 bilhões das compras realizadas, ou seja, por
59,3% do total das aquisições do Estado. Desses R$ 25,9 bilhões
adquiridos por essas 15 atividades, R$ 16,9 bilhões foram compra-
dos em Pernambuco e R$ 9,0 bilhões foram adquiridos nas demais
Unidades Federativas.
Dessas quinze atividades, onze são do setor de serviços (ad-
ministração pública, serviços de informação, intermediação finan-
ceira, comércio varejista, transporte de carga e correios, saúde pú-
blica, comércio atacadista, educação pública, serviços prestados
às empresas, serviços de alimentação e outros serviços), que fo-
ram responsáveis por R$ 18,2 bilhões de compras.
As quatro atividades restantes advêm do setor industrial
(construção civil, fabricação de açúcar, distribuição de energia
elétrica e bebidas), que compraram R$ 7,7 bilhões. Nenhuma ati-
vidade agropecuária está incluída entre as quinze principais lista-
das na Tabela 2.

98 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Tabela 2 – Principais atividades compradoras de insumos
intermediários - 2009 - (R$ milhões correntes)
Ordem Setores Valor % % Acum.
Administração pública e seguridade
1 4.368,9 10,0 10,0
social
2 Construção 2.621,0 6,0 16,0
3 Fabricação de açucar 1.875,7 4,3 20,3
4 Distribuição de energia elétrica 1.821,7 4,2 24,5
5 Serviços de informação 1.763,5 4,0 28,5
6 Intermediação financeira e seguros 1.685,5 3,9 32,4
7 Comércios varejista 1.505,4 3,4 35,8
8 Transporte de carga e correios 1.499,0 3,4 39,3
9 Bebidas 1.415,8 3,2 42,5
10 Saúde pública 1.411,9 3,2 45,8
11 Comércio atacadista 1.316,0 3,0 48,8
12 Educação pública 1.168,4 2,7 51,5
13 Serviços prestados às empresas 1.166,1 2,7 54,1
14 Serviços de alimentação 1.135,8 2,6 56,7
15 Outros serviços 1.133,9 2,6 59,3
16 Demais 67 setores 17.746,7 40,7 100,0
Total 43.635,5 100,0

Fonte: BNB/ETENE.

8.2 Vendas de insumos intermediários


A economia pernambucana vendeu R$ 43,9 bilhões em ter-
mos de insumos intermediários a diferentes segmentos produtivos
do País em 2009. O principal destino desses bens foi o estado de
Pernambuco, R$ 26,4 bilhões ou 60,3% do total das vendas. Assim,
Pernambuco comercializou R$ 17,5 bilhões com as demais Unida-
des Federativas em 2009.
São Paulo absorveu R$ 5,2 bilhões ou 12,0% do total vendi-
do pelos setores produtivos pernambucanos. Segue Rio de Janeiro
que comprou R$ 1,6 bilhão, Bahia com R$ 1,6 bilhão, Rio Grande
do Sul com R$ 952,3 milhões e Minas Gerais com R$ 870,5 milhões
(Tabela 3).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 99
Em termos setoriais, os serviços foi o principal fornecedor de
insumos intermediários com R$ 21,4 bilhões, seguido da indústria
com R$ 20,1 bilhões e da agropecuária com R$ 2,3 bilhões.
Pernambuco é o principal destino dos insumos intermediários
provenientes do setor de serviços, tendo totalizado R$ 16,7 bilhões,
enquanto que R$ 4,7 bilhões foram comercializados para as de-
mais Unidades Federativas. Os principais compradores foram São
Paulo (R$ 1,1 bilhão), Rio de Janeiro (R$ 977,5 milhões), Bahia (R$
326,7 milhões), Paraíba (R$ 315,6 milhões) e Distrito Federal (R$
244,1 milhões).
Em termos de indústria, Pernambuco absorveu R$ 9,2 bilhões
de insumos intermediários, enquanto que R$ 10,9 bilhões foram
vendidos para outros Estados. Os principais compradores foram
São Paulo (R$ 3,3 bilhões), Bahia (R$ 1,2 bilhão), Minas Gerais (R$
649,8 milhões), Rio de Janeiro (R$ 648,3 milhões) e Rio Grande do
Sul (R$ 635,7 milhões).
Já a agropecuária vendeu R$ 2,3 bilhões, dos quais R$ 570,4
milhões para Pernambuco e R$ 1,7 bilhão para as demais Unida-
des Federativas. Os principais destinos dos insumos intermediários
provenientes da agropecuária foram São Paulo (R$ 836,9 milhões),
Paraná (R$ 193,2 milhões), Rio Grande do Sul (R$ 123,3 milhões),
Santa Catarina (R$ 93,9 milhões) e Minas Gerais (R$ 66,3 milhões).
Verifica-se, portanto, que o setor produtivo de Pernambuco
tem conexões comerciais mais expressivas com Estados do Su-
deste, Nordeste e Sul em comparação com os Estados das Regi-
ões Norte e Centro-Oeste.

100 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Tabela 3 – Destino das vendas de insumos intermediários por grandes setores - 2009 - (R$ milhões
correntes)
Agropecuária Indústria Serviços Total
Região UF % % % %
Valor Valor Valor Valor
Nordeste 809,7 35,0 12.189,0 60,6 18.100,5 84,4 31.099,2 70,9
AL 64,5 2,8 276,8 1,4 138,2 0,6 479,5 1,1
BA 60,0 2,6 1.240,0 6,2 326,7 1,5 1.626,8 3,7
CE 31,4 1,4 540,0 2,7 216,6 1,0 788,0 1,8
MA 3,6 0,2 156,3 0,8 25,2 0,1 185,1 0,4
PB 36,1 1,6 355,5 1,8 315,6 1,5 707,1 1,6
PE 570,4 24,6 9.171,3 45,6 16.689,3 77,9 26.431,0 60,3
PI 6,6 0,3 79,3 0,4 34,0 0,2 119,9 0,3
SE 7,9 0,3 121,3 0,6 132,6 0,6 261,9 0,6
RN 29,2 1,3 248,3 1,2 222,5 1,0 500,0 1,1
Sudeste 927,2 40,1 4.831,0 24,0 2.322,9 10,8 8.081,2 18,4
ES 6,7 0,3 207,2 1,0 112,1 0,5 326,0 0,7
MG 66,3 2,9 649,8 3,2 154,4 0,7 870,5 2,0
RJ 17,2 0,7 648,3 3,2 977,5 4,6 1.643,0 3,7
SP 836,9 36,2 3.325,7 16,5 1.079,0 5,0 5.241,7 12,0

continua...

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO
101
102
continuação

Norte 23,0 1,0 659,2 3,3 260,4 1,2 942,6 2,1


AC 0,6 0,0 18,4 0,1 2,6 0,0 21,7 0,0
AP 0,7 0,0 16,7 0,1 3,0 0,0 20,3 0,0
AM 5,2 0,2 270,3 1,3 182,8 0,9 458,4 1,0
PA 10,5 0,5 239,9 1,2 34,0 0,2 284,4 0,6
RO 2,9 0,1 44,1 0,2 12,6 0,1 59,6 0,1
RR 0,4 0,0 13,0 0,1 2,6 0,0 16,0 0,0
TO 2,8 0,1 56,8 0,3 22,7 0,1 82,2 0,2
Centro-Oeste 144,2 6,2 1.072,7 5,3 387,2 1,8 1.604,1 3,7
DF 8,9 0,4 611,1 3,0 244,1 1,1 864,2 2,0
GO 35,4 1,5 193,3 1,0 35,6 0,2 264,3 0,6

P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


MT 49,6 2,1 135,2 0,7 77,4 0,4 262,2 0,6
MS 50,2 2,2 133,2 0,7 30,0 0,1 213,4 0,5
Sul 410,5 17,7 1.349,5 6,7 366,5 1,7 2.126,5 4,8
PR 193,2 8,3 481,6 2,4 102,1 0,5 776,9 1,8
SC 93,9 4,1 232,2 1,2 71,1 0,3 397,3 0,9
RS 123,3 5,3 635,7 3,2 193,3 0,9 952,3 2,2
Total 2.314,6 100,0 20.101,4 100,0 21.437,5 100,0 43.853,5 100,0
Fonte: BNB/ETENE.
Considerando o detalhamento de 82 setores gerado pela Ma-
triz de Insumo-Produto do Nordeste, constata-se que apenas 15
segmentos são responsáveis por 68,1% ou R$ 29,9 bilhões das
vendas pernambucanas de insumos intermediários. Os demais 67
setores responderam por R$ 14,0 bilhões do restante das vendas
(Tabela 4). As 15 atividades especificadas na Tabela 4 venderam
R$ 20,1 bilhões em Pernambuco e R$ 9,8 bilhões para as demais
Unidades Federativas.

Tabela 4 – Principais setores fornecedores de insumos inter-


mediários - 2009 - (R$ milhões correntes)
%
Ordem Setores Valor %
Acum.
1 Comércio atacadista 4.375,1 10,0 10,0
2 Serviços prestados às empresas 4.096,8 9,3 19,3
3 Intermediação financeira e seguros 3.190,7 7,3 26,6
4 Serviços de informação 2.582,7 5,9 32,5
5 Transporte de carga e correios 2.486,6 5,7 38,2
6 Serviços imobiliários e aluguel 1.948,3 4,4 42,6
7 Água, esgoto e serviços de limpeza urbana 1.726,7 3,9 46,5
8 Distribuição de energia elétrica 1.304,0 3,0 49,5
9 Artigos de borracha e plásticos 1.303,2 3,0 52,5
10 Bebidas 1.299,8 3,0 55,4
11 Outros produtos de minerais não-metálicos 1.232,0 2,8 58,3
12 Gás encanado 1.227,9 2,8 61,1
13 Fabricação de açucar 1.090,5 2,5 63,5
14 Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 1.059,7 2,4 66,0
15 Construção 946,2 2,2 68,1
16 Demais 67 setores 13.983,2 31,9 100,0
Total 43.853,5 100,0
Fonte: BNB/ETENE.

Desses quinze setores, nove são atividades relacionadas com


a indústria, seis pertencem aos serviços e nenhum faz parte da
agropecuária. As atividades da indústria são água, esgoto e ser-
viço de limpeza urbana, distribuição de energia elétrica, artigos de
borracha e plásticos, bebidas, outros produtos de minerais não me-
tálicos, gás encanado, fabricação de açúcar, máquinas, aparelhos
e materiais elétricos e construção, que em conjunto foram respon-
sáveis por 25,5% ou R$ 11,2 bilhões das vendas intermediárias de
Pernambuco.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 103


A economia pernambucana apresentou resultado positivo de
R$ 0,2 bilhão no relacionamento comercial com as demais unida-
des federativas do País em 2009. O Estado mostrou-se supera-
vitário em relação às regiões Nordeste e Centro-Oeste. Porém,
apresentou déficit em relação ao Sudeste e ao Sul, ocorrendo um
equilíbrio com o Norte.
A indústria representou o setor que mais realizou compras e
vendas, seguido dos serviços e da agropecuária. Agropecuária e
indústria apresentaram superávit enquanto que os serviços regis-
traram déficit.
Administração pública, construção civil e fabricação de açúcar
se constituíram em importantes compradores. No lado das vendas,
cabe destacar comércio atacadista, serviços prestados as empre-
sas e intermediação financeira.
Apesar das recentes transformações socioeconômicas, a
exemplo da expansão da fruticultura, indústrias petroquímica, au-
tomotiva e naval, modernos setores comerciais e de serviços, a
análise do fluxo comercial interestadual e da agregação de valor
permitem concluir que a base econômica de Pernambuco necessita
ser fortalecida nos três setores econômicos.
Parte da produção agropecuária ainda se destina ao autocon-
sumo e subsistência, enquanto que a indústria ainda é formada por
segmentos tradicionais. A administração pública e o comércio são
preponderantes no setor de serviços.
As principais atividades dos serviços, explicitadas na Tabela 4,
por sua vez, responderam por 42,6% ou R$ 18,7 bilhões das ven-
das, isto é, comércio atacadista, serviços prestados às empresas,
intermediação financeira e seguros, serviços de informação, trans-
porte de carga e correios e serviços imobiliários e aluguel.

8.3 Balanço das compras e vendas


As compras interestaduais de Pernambuco com insumos inter-
mediários somaram R$ 17,2 bilhões, enquanto que as vendas inte-
restaduais totalizaram R$ 17,4 bilhões, implicando saldo comercial
com as demais Unidades Federativas de R$ 0,2 bilhão em 2009.

104 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


É importante ressaltar que os resultados referem-se à
movimentação (compras e vendas) de insumos intermediários.
Pernambuco produz e vende bens finais, que se destinam ao
consumo das famílias ou ao investimento das empresas, itens da
demanda final, também registrada na Matriz de Insumo-Produto,
mas não analisada aqui. Além disso, as famílias, empresas e o se-
tor público de Pernambuco adquirem bens finais provenientes de
outras Unidades Federativas.
Portanto, a economia pernambucana apresentou resultado po-
sitivo no relacionamento comercial com as demais Unidades Fede-
rativas do País. O Estado mostrou-se superavitário em relação às
regiões Nordeste (R$ 1,4 bilhão de saldo) e Centro-Oeste (R$ 0,7
bilhão), deficitário em relação ao Sudeste (- R$ 1,6 bilhão) e Sul
(- R$ 0,3 bilhão), ocorrendo um equilíbrio nas relações comerciais
com o Norte.
Os serviços venderam R$ 4,7 bilhões, e compraram R$ 6,5
bilhões de outras Unidades Federativas, implicando um déficit de
R$ 1,8 bilhão. A indústria apresentou superávit de R$ 1,2 bilhão ao
Estado, resultado das vendas de R$ 11,0 bilhões e compras de R$
9,8 bilhões. A agropecuária também obteve um resultado supera-
vitário, com R$ 0,8 bilhão, pois vendeu R$ 1,7 bilhão e adquiriu R$
0,9 bilhão.
Assim, os resultados positivos da indústria e da agropecuária
foram suficientes para cobrir o déficit apresentado pelo setor de
serviços, ocasionando um saldo comercial positivo de R$ 0,2 bi-
lhão. É possível concluir que o setor produtivo pernambucano é um
importante fornecedor de insumos intermediários para diferentes
segmentos produtivos do País.

8.4 Análise da agregação de valor


A presente seção traz algumas considerações sobre a agrega-
ção de valor na economia pernambucana. Inicialmente, é importan-
te esclarecer alguns conceitos. O valor da produção de um deter-
minado setor diz respeito ao preço de mercado do bem ou serviço
gerado multiplicado pela quantidade produzida. O valor adicionado
refere-se ao valor da produção subtraído pelo consumo intermedi-
ário, ou seja, o valor adicionado é o valor da produção retirando-se

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 105


os bens e serviços que foram adquiridos de outros setores e que
foram utilizados no processo produtivo.
O pessoal ocupado abrange todos aqueles que trabalham na
atividade, incluindo proprietários e sócios, pessoas da família que
exercem algum ofício na empresa sem remuneração, inclusive a
mão de obra informal, isto é, sem carteira de trabalho assinada.
Analisando-se a Tabela 5 verifica-se que o setor de serviços
é preponderante na economia pernambucana tanto em termos de
geração de ICMS como de remunerações, valor adicionado, valor
da produção e pessoal ocupado. A indústria detém o segundo posto
quanto aos itens citados anteriormente, exclusive pessoal ocupado,
enquanto que a agropecuária é o segundo setor no que se refere a
pessoal ocupado e o terceiro quanto aos outros itens mencionados
anteriormente.
A relação valor adicionado/valor da produção é mais expressi-
va na agropecuária (65,44%), pois esse setor adquire menor quan-
tidade de insumos em comparação com os demais segmentos. Os
serviços e a indústria ocupam o segundo e terceiro postos nesse
indicador, respectivamente.
Os serviços tem a maior relação remuneração/valor adicio-
nado, vindo a seguir a indústria e a agropecuária. Quanto à rela-
ção valor adicionado/pessoal ocupado, a indústria (R$ 25.613,43)
apresentou o maior valor, acompanhada pelo setor de serviços (R$
21.419,06), estando o indicador da agropecuária distante dos de-
mais (R$ 2.965,08).

106 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Tabela 5 – Valor Adicionado e Valor da Produção por grandes setores - 2009 - (R$ milhões correntes)
Agropecuária % Indústria % Serviço %
Indicadores Total
   
ICMS (R$ milhões) 88,61 2,95 1.375,70 45,81 1.538,67 51,24 3.002,98
Remunerações (R$ milhões) 1.029,82 2,85 6.721,96 18,59 28.401,90 78,56 36.153,68
Valor Adicionado 3.225,46 4,85 14.444,63 21,74 48.773,64 73,41 66.443,72
Valor da Produção 4.928,94 4,08 41.164,59 34,08 74.707,53 61,84 120.801,06
Pessoal Ocupado 1.087.813 27,69 563.948 14,35 2.277.113 57,96 3.928.874
Valor Adicionado/Valor da Produção (%) 65,44 35,09 65,29 55,00
Remunerações/Valor Adicionado (%) 31,93 46,54 58,23 54,41
Valor Adicionado/Pessoal Ocupado 2.965,08 25.613,43 21.419,06 16.911,65

Fonte: BNB/ETENE.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO
107
Finalmente, a Tabela 6 apresenta as quinze atividades que
mais geram pessoal ocupado e valor adicionado. A agropecuária,
o comércio, a construção civil e os serviços empregam significati-
vo contingente de pessoas o mesmo ocorrendo com a geração de
valor adicionado.

Tabela 6 – Principais atividades geradoras de pessoal ocupado


(número) e Valor Adicionado - 2009 - (R$ milhões
correntes)
Valor
Atividades Pessoal ocupado Atividades
adicionado
Administração pública
Comércios varejista 450.273 9.682,94
e seguridade social
Outras culturas/ Serviços imobiliários e
440.980 5.695,08
extrativismo vegetal aluguel
Fruticultura 306.395 Comércio atacadista 4.395,78
Serviços domésticos 261.142 Educação pública 4.272,77
Construção 231.352 Comércios varejista 4.216,40
Administração pública
211.249 Construção 3.917,51
e seguridade social
Serviços prestados às
Comércio atacadista 191.945 3.604,97
empresas
Intermediação
Outros serviços 191.114 3.528,05
financeira e seguros
Serviços prestados às
184.061 Saúde pública 2.635,65
empresas
Transporte de carga e
Educação pública 161.063 1.550,92
correios
Serviços de
129.300 Outros serviços 1.510,91
alimentação
Água, esgoto e
Aves 114.805 serviços de limpeza 1.487,73
urbana
Serviços de
Cana-de-açúcar 110.926 1.468,37
informação
Transporte de carga e Transporte de
94.339 1.323,45
correios passageiros
Saúde pública 65.750 Saúde mercantil 1.287,81

Fonte: BNB/ETENE.

Referências

BANCO DO NORDESTE DO BRASIL. Sistema inter-regional de


insumo-produto do Nordeste. Fortaleza, 2014.
GUILHOTO, J. J. M. et al. Matriz de insumo produto do
nordeste e Estados: metodologia e resultados. Fortaleza: Banco
do Nordeste do Brasil, 2010.

108 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


9 Turismo

Airton Saboya Valente Junior


Economista. Mestre em Desenvolvimento Econômico
Iara Amaral Lourenço
Graduanda em Economia. Bolsista de Nível Superior

Pernambuco vem implantando políticas de fomento ao turismo


objetivando fortalecer e desenvolver ações dirigidas à geração de
renda e empregos. Nesse sentido, o Estado tem buscado valorizar,
conservar e promover o patrimônio natural, histórico e cultural, qualifi-
car profissionais e produtos turísticos, diversificar a oferta e estruturar
destinos e segmentos. Assim, Pernambuco conta com quatro polos
destacados de turismo, a saber: Recife-Olinda, o litoral, o agreste e
o sertão, brevemente descritos em seguida (PERNAMBUCO, 2014).
Recife é uma metrópole contemporânea constituindo-se em
importante centro cultural e de lazer, de negócios e de serviços do
Nordeste. A cidade oferece rico patrimônio histórico e de monu-
mentos além de modernas edificações. Conta ainda com paisagens
de rios e pontes, inclusive a urbanizada praia de Boa Viagem.
A capital pernambucana dispõe de infraestrutura receptiva,
com hotéis, bares e restaurantes, centros de lazer noturno, agên-
cias de viagens, aeroporto internacional, porto, terminal rodoviário
integrado, shopping centers, centro de eventos e praças esportivas
além de uma série de outros equipamentos e serviços para atender
ao visitante.
O Recife Antigo constitui-se no bairro mais tradicional da ca-
pital pernambucana onde se encontra o marco zero da cidade. O
bairro foi transformado, através de um programa gradual de revi-
talização urbana, em um dos principais polos de lazer e cultura da
cidade. Vários imóveis foram restaurados, e hoje são utilizados
para fins culturais, empresariais e comerciais. O local oferece ba-
res, restaurantes, boates e feira de artesanato para os turistas. A
inauguração do terminal de passageiros do porto do Recife está

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 109


desencadeando a transformação de antigos armazéns em locais de
ócio (PERNAMBUCO, 2014).
A cidade de Olinda é uma das principais atrações da área me-
tropolitana. Constitui-se em um dos mais importantes conjuntos ar-
quitetônicos do País, tendo inclusive recebido o título de Patrimônio
Cultural da Humanidade, concedido pela Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). A arqui-
tetura colonial, os antigos casarios e ladeiras formam o patrimônio
histórico e cultural do município. O Frevo e o Maracatu são danças
regionais características das festas carnavalescas que têm Olinda
e Recife como pontos tradicionais do Brasil.
Com seus 187 km de extensão, o litoral pernambucano é um
dos mais atraentes do Nordeste possuindo desde praias urbaniza-
das a locais ainda preservados, onde o turista pode desfrutar de
ócio, esportes e de uma diversificada culinária. O litoral norte con-
templa a Ilha de Itamaracá, com diferentes opções de lazer, além
das praias Maria Farinha e Itapissuma, que são polos náuticos. O
litoral sul oferece as praias de Gaibu e Macaraípe, onde se pratica
o surf, Calheta e Serrambi, que são procuradas para a prática do
mergulho submarino, além de lugares preservados como Muro Alto
e Paiva ou alternativamente a movimentada Tamandaré (PERNAM-
BUCO, 2014).
O Estado possui ainda o arquipélago de Fernando de Noro-
nha, declarado patrimônio da humanidade pelas Nações Unidas,
por abrigar diversas espécies marinhas, algumas ameaçadas de
extinção. Em função disso, o fluxo turístico é controlado ao local.
Além das paisagens naturais, o arquipélago oferece oportunidades
de se praticar mergulho submarino e surf.
O polo do Agreste, por sua vez, contempla a cidade de Bonito,
que possui oito quedas d’água que variam de 2 a 30 metros de
altura, proporcionando opções de ecoturismo e esportes radicais,
a exemplo de trilhas, arvorismos, trekkings e rapel. Também, no
agreste pernambucano as cidades serranas de Garanhuns e Gra-
vatá atraem visitantes, especialmente no inverno, em função das
baixas temperaturas, dos festivais culturais, da gastronomia, além
das atividades que caracterizam a vida no campo.

110 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


O agreste tem ainda a cidade de Caruaru e sua popular feira,
considerada patrimônio imaterial do Brasil pelo Instituto do Patri-
mônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em função da oferta
de produtos locais e artesanato típico da Região. O Teatro de Nova
Jerusalém, localizado no município de Brejo da Madre de Deus,
possui cenários que buscam representar uma reconstrução parcial
da cidade de Jerusalém nos tempos em que viveu Jesus. Anual-
mente, durante a Pascoa, realiza-se o popular espetáculo “Paixão
de Cristo de Nova Jerusalém”. Participam dessa encenação cerca
de 500 pessoas, no que é considerado o maior teatro a céu aberto
do mundo, pois conta com lagos artificiais, nove palcos, uma mura-
lha de 3.500 m e 70 torres (PERNAMBUCO, 2014).
O polo do sertão oferece a cidade de Triunfo, a 1.004 metros
de altitude, que possui um microclima diferenciado, além de festi-
vais invernais de dança, teatro e cinema. O Vale do São Francisco,
por sua vez, proporciona a rota do vinho, passeio turístico onde
os visitantes podem conhecer vinhos tropicais, visitar propriedades
agrícolas e vinícolas, além de degustar as bebidas acompanhadas
da culinária sertaneja, a exemplo da carne de ovino ou de caprino
além dos queijos maturados localmente, como o de manteiga.
Considerando o patrimônio natural, histórico e cultural ante-
riormente especificado, a oferta hoteleira estadual tem se expandi-
do, tendo alcançado 240 meios de hospedagem, 12.443 unidades
habitacionais e 30.006 leitos em 2013. O número de restaurantes,
bares e cafeterias também aumentou, além da oferta de locadoras
de veículos e transportadoras turísticas (BRASIL, 2014).
Por sua vez, o desembarque de passageiros nos aeroportos é
utilizado como uma proxy para se determinar o fluxo turístico. Nes-
se sentido, a expansão da demanda turística ocorrida no Nordeste
beneficiou Pernambuco. Assim é que o número de passageiros de-
sembarcados em voos nacionais na Região saltou de 5,4 milhões,
em 2003, para 16,0 milhões, em 2013, representando um acrésci-
mo de 192,8% no período (Tabelas 1 e 2). O Nordeste obteve cerca
de 18,0% do total de passageiros de voos nacionais em 2013.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 111


Tabela 1 – Número de passageiros embarcados e desembar
cados em voos nacionais - Pernambuco e Nordes
te em 2003
Embarques de passageiros Desembarques de passageiros

Tipos de voos Tipos de voos


Aeroportos
Total Total
Não regu- Não regu-
Regulares Regulares
lares lares

Pernambuco 1.234.461 1.116.404 118.057 1.456.288 1.341.033 115.255

Internacional
de Recife-
1.193.577 1.091.002 102.575 1.415.600 1.315.277 100.323
Guararapes /
Gilberto Freyre

Petrolina /
Senador Nilo 40.884 25.402 15.482 40.688 25.756 14.932
Coelho

Nordeste 4.931.449 4.316.191 615.258 5.476.364 4.846.208 630.156

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados da Infraero (2014).

Especificamente em Pernambuco, o fluxo de passageiros de-


sembarcados procedentes de voos nacionais saltou de 1,4 milhão,
em 2003, para 3,6 milhões em 2013, o que significou um incremen-
to de 148,0% no período (Tabelas 1 e 2).

Tabela 2 – Número de passageiros embarcados e desembar-


cados em voos nacionais - Pernambuco e Nordeste
em 2013
Embarques de passageiros Desembarques de passageiros

Aeroportos Tipos de voos Tipos de voos


Total Não Total Não
Regulares Regulares
regulares regulares
Pernambuco 3.436.414 3.341.346 95.068 3.611.964 3.547.414 64.550

Internacional
de Recife-
Guararapes 3.200.163 3.106.355 93.808 3.374.744 3.311.275 63.469
/ Gilberto
Freyre

Petrolina /
Senador Nilo 236.251 234.991 1.260 237.220 236.139 1.081
Coelho
Nordeste 16.157.907 15.683.767 474.140 16.033.800 15.635.891 397.909
Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados da Infraero (2014).

112 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Em termos de Nordeste, o incremento do desembarque de
passageiros procedentes de voos internacionais também foi ex-
pressivo, saltando de 266 mil em 2003 para 436 mil em 2013 (Ta-
belas 3 e 4).

Tabela 3 – Número de passageiros embarcados e desembarca-


dos em voos internacionais - Pernambuco e Nor-
deste em 2003
Embarques de passageiros Desembarques de passageiros

Tipos de voos Tipos de voos


Aeroportos
Total Total Não
Regulares Não regulares Regulares
regulares

Pernambuco 63.855 55.887 7.968 59.591 51.501 8.090

Internacional de
Recife-Guararapes 63.829 55.887 7.942 59.563 51.501 8.062
/ Gilberto Freyre

Petrolina / Senador
26 - 26 28 - 28
Nilo Coelho

Nordeste 276.049 166.259 109.790 265.971 155.966 110.005

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados da Infraero (2014).

Em Pernambuco os passageiros procedentes de voos interna-


cionais aumentou de 59,5 mil em 2003 para 126,3 mil em 2013, re-
presentando incremento de 116,5% nesse período (Tabelas 3 e 4).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 113


Tabela 4 – Número de passageiros embarcados e desembarca-
dos em voos internacionais - Pernambuco e Nor-
deste em 2013
Embarques de passageiros Desembarques de passageiros

Tipos de voos Tipos de voos


Aeroportos
Total Total Não
Regulares Não regulares Regulares
regulares

Pernambuco 133.144 129.688 3.456 129.033 126.324 2.709

Internacional de
Recife-Guararapes 133.143 129.688 3.455 129.023 126.324 2.699
/ Gilberto Freyre

Petrolina / Senador
1 - 1 10 - 10
Nilo Coelho

Nordeste 450.354 422.736 27.618 436.060 412.050 24.010

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados da Infraero (2014).

A realização da Copa das Confederações em 2013 e da Copa


2014 no Brasil, tendo sido Recife uma das sedes das duas compe-
tições, proporcionou uma ampla divulgação da capital pernambuca-
na no Brasil e no exterior. Os megaeventos impulsionaram a reali-
zação de investimentos em infraestruturas de mobilidade urbana, a
revitalização de bairros, a construção de equipamentos de esporte
e lazer, a exemplo da Arena Cidade da Copa, a modernização do
aeroporto de Recife, a edificação de um terminal de passageiros no
porto da capital, além de inversões na rede hoteleira, nas áreas de
telecomunicações, em saúde e segurança pública. O setor turístico
do Estado está sendo beneficiado com esse conjunto de ações e
investimentos, de forma que os fluxos de visitantes deverão se ex-
pandir nos próximos anos.

114 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


A Copa 2014 em Recife
Recife foi beneficiada por um conjunto de obras por ocasião da
Copa 2014, a exemplo de intervenções em mobilidade urbana, a cons-
trução da Arena Pernambuco e melhorias no porto e seu entorno. O
conjunto dessas obras deverá trazer impactos positivos para o turísmo.
A cidade de Recife recebeu diferentes projetos de mobilidade ur-
bana englobando uma via expressa, um sistema rápido de ônibus, um
corredor exclusivo para ônibus além de obras no metrô. Os projetos de
mobilidade urbana foram destinados para melhorar o transporte coletivo
entre o aeroporto e as áreas de hospedagem e de lazer, além de otimi-
zar os acessos à Arena Pernambuco. Por isso, a prioridade foi estabe-
lecida para os serviços relacionados com o setor turístico. A população
local deverá ser beneficiada com as melhorias implementadas. Os in-
vestimentos em mobilidade urbana somaram R$ 1,0 bilhão.
A Arena Pernambuco é um projeto novo localizado em São Lou-
renço da Mata, na região metropolitana, a 19 km do centro de Recife.
Inclui estacionamento e várias ações que estão sendo planificados para
o entorno do estádio. O projeto é visto como um impulso econômico
para a expansão do Recife, em uma região considerada desfavorecida.
O equipamento sediou três jogos da Copa das Confederações de 2013
e cinco jogos da Copa do Mundo de 2014, devendo ser destinado para
outros fins. Os investimentos totalizaram R$ 532,6 milhões.
A Arena, que tem capacidade para 46 mil espectadores, foi inau-
gurada em 2013. A exemplo de outros equipamentos do Nordeste, re-
presenta uma iniciativa do Governo Estadual, através de uma parceria
público-privada, com financiamento dos bancos públicos.
O Consórcio Cidade da Copa, que engloba as empresas Odebre-
cht, Internacional Stadia Group-ISG e AEG Facilities, foi responsável
pela construção devendo gestionar o estádio por um período de 30
anos. O consórcio transferiu o nome do equipamento para uma cerve-
jaria através de um contrato de direitos de nome (naming rights).
O Porto de Recife ganhou um novo terminal de passageiros cons-
truído com o orçamento da Copa 2014. Assim, o antigo armazém 7
passou por reformas internas sendo que a estrutura externa permane-
ceu. O primeiro andar do armazém possui lojas, um café e um balcão
de turismo. O edifício abriga as mesas de check-ins, agências de via-
gens, salas de conferências e escritórios destinados para os órgãos de
fiscalização do Governo. Os investimentos somaram R$ 28,1 milhões.
A previsão é que a temporada de cruzeiros possa receber cerca de 60
navios com 100 mil passageiros no terminal.
Fonte: Portal da Copa.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 115


Referências

BRASIL. Ministério do Turismo. Estatísticas básicas do turismo.


Brasília, DF, ago. 2014. Disponível em: <http://www.dadosefatos.
turismo.gov.br/dadosefatos/estatisticas_indicadores/estatisticas_
basicas_turismo/>. Acesso em: 15 dez. 2014.
EMPRESA BRASILEIRA DE INFRAESTRUTURA
AEROPORTUÁRIA. Movimento operacional da Rede Infraero.
Disponível em: <http://www.infraero.gov.br>. Acesso em: 10 nov.
2014.
PERNAMBUCO. Governo do Estado. Turismo em Pernambuco.
Disponível em: <http://www.pe.gov.br/conheca/turismo/>. Acesso
em: 21 dez. 2014.
PORTAL da Copa. Site do Governo Federal Brasileiro sobre a
Copa do Mundo da FIFA 2014. Serviços: Recife. Disponível em:
<http://www.copa2014.gov.br/pt-br/servicos/recife>. Acesso em: 20
dez. 2014.

116 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


10 Comércio exterior

Laura Lúcia Ramos Freire


Economista. Mestre em Economia

As vendas externas de Pernambuco alcançaram US$ 1.991,5


milhões em 2013, participando com 11,5% da receita total de expor-
tação da Região Nordeste. Referido desempenho foi impulsionado
pelas transformações estruturais atualmente em curso na econo-
mia pernambucana.
Assim é que os maciços investimentos realizados em infraes-
trutura e no setor industrial estão possibilitando que o Estado diver-
sifique sua base produtiva, a exemplo da indústria naval, tornando-
-se inclusive fornecedor de plataformas flutuantes de perfuração e
exploração de petróleo. Um desses equipamentos foi exportado em
2013, no valor de US$ 1.154,9 milhões, correspondendo a 58,0%
das exportações pernambucanas naquele ano. A plataforma P62,
segundo a Petrobrás (2013), tem capacidade diária para produzir
180 mil barris de petróleo e seis milhões de metros cúbicos de gás.
A análise das exportações por fator agregado, portanto, reve-
la a alta participação das vendas de produtos manufaturados em
2013. Os produtos básicos que contribuíram com 17,1% das expor-
tações em 2000 passaram a representar 7,2% em 2013 (Tabela 1).

Tabela 1 – Exportação por fator agregado - 2000 e 2013 - US$


1.000 FOB
Exportação por fator 2000 2013
Var. %
agregado Valor Part. % Valor Part. %
Básicos 48.579 17,1 143.187 7,2 194,8
Industrializados 224.915 79,1 1.791.552 90,0 696,5
Semimanufaturados 78.945 27,8 152.000 7,6 92,5
Manufaturados 145.970 51,4 1.639.552 82,3 1023,2
Op. especiais 10.753 3,8 56.792 2,9 428,2
Total 284.248 100,0 1.991.531 100,0 600,6
Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados de Brasil (2014).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 117


O setor sucroalcooleiro, tradicional no Estado, através da ex-
portação dos produtos outros açúcares de cana, beterraba, saca-
rose química, participou com 11,4% das exportações pernambu-
canas em 2013. Entretanto, o segmento tem enfrentado algumas
dificuldades como a longa estiagem enfrentada pelo Estado nos
últimos anos, o aumento dos custos de produção, a queda do preço
internacional das commodities e a entrada de novos competidores
no mercado mundial.
O ácido tereftálico, produto que começou a ser exportado em
2013 pela Petroquímica Suape, é utilizado para produzir poliéster
têxtil, resinas PET, filmes fotográficos e embalagens e já desponta
como um dos principais itens da pauta exportadora do Estado.

Tabela 2 – Principais produtos exportados - 2000 e 2013 - US$


1.000 FOB
2000 Valor Part. % 2013 Valor Part. %
Plataformas
Açúcar de cana, em de perfuracao/
56.910 20,04 1.154.914 57,99
bruto exploracao,
flutuante
Outs. açucares de
cana, beterraba, Outros açucares de
16.790 5,91 122.232 6,14
sacarose quim. cana
pura,sol.
Goiabas, mangas e Outs. acucares de
mangostoes, frescos 15.310 5,39 cana, beterraba, 104.627 5,25
ou secos sacarose química
Camarões Acido tereftalico e
13.293 4,68 100.537 5,05
congelados seus sais
Acetato de vinila 13.250 4,67 Uvas frescas 73.018 3,67
Lagostas (palinurus, Tereftalato de
panulirus e jasus) 11.741 4,13 polietileno em forma 50.972 2,56
congeladas primaria
Consumo de bordo
Canhões eletrônicos
11.461 4,04 - combustiveis e 41.498 2,08
p/tubos catódicos
lubrif.p/ae
Outras resistências Mangas frescas ou
10.932 3,85 41.037 2,06
elétricas fixas secas
Borracha de Outros
butadieno, em 9.916 3,49 acumuladores elet 35.720 1,79
chapas, folhas, etc. de chumbo
Consumo de bordo
Outras chapas, etc.
- combustíveis e 9.289 3,27 27.014 1,36
de outras plasticos
lubrif. p/aeronaves
Demais produtos 115.356 40,58 Demais produtos 239.961 12,05
Total 284.248 100,00 Total 1.991.531 100,00

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados de Brasil (2014).

118 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Além do Panamá, onde foi registrada a compra da plataforma
P62, os principais países de destinos das vendas pernambucanas
foram Argentina (6,9%), Estados Unidos (4,6%) e Holanda (3,3%).
As principais exportadoras do Estado em 2013 foram CCI Constru-
ções Offshore, Companhia Petroquímica de Pernambuco e Terpha-
ne Ltda. (Tabela 3).

Tabela 3 – Principais países de destino das exportações - 2000


e 2013 - US$ 1.000 FOB
2000 Valor Part. % 2013 Valor Part. %
Estados Unidos 80.809 28,46 Panamá 1.171.302 58,81
Argentina 33.570 11,82 Argentina 137.017 6,88
Rússia 25.870 9,11 Estados Unidos 90.834 4,56
Países Baixos Países Baixos
24.744 8,71 66.413 3,33
(Holanda) (Holanda)
Espanha 14.128 4,98 Venezuela 53.339 2,68
Provisão
Bélgica -
11.823 4,16 de navios e 48.956 2,46
Luxemburgo
aeronaves
Nigéria 11.163 3,93 Líbia 42.535 2,14
Provisão de navios
9.655 3,4 Portugal 34.211 1,72
e aeronaves
Chile 8.047 2,83 Reino Unido 31.090 1,56
Alemanha 7.865 2,77 Espanha 24.627 1,24
Demais Países 56.573 19,90 Demais Países 291.209 14,62
Total 284.248 100,00 Total 1.991.531 100,00

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados de Brasil (2014).

Segundo as categorias de uso, as compras externas pernam-


bucanas estão distribuídas, principalmente, em combustíveis e lu-
brificantes (43,3%) e em bens intermediários (32,1%) com desta-
que para os insumos industriais (25,6%) (Tabela 4).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 119


Tabela 4 – Importação por categoria de uso - 2000 e 2013 - US$
1.000 FOB
Importação por categoria 2000 2013
Var. %
de uso Valor Part. % Valor Part. %
Bens de capital 103.989 11,08 1.014.720 14,87 875,8
Bens intermediários 383.364 40,84 2.190.245 32,09 471,3
Bens de consumo 80.322 8,56 662.683 9,71 725,0
Bens de consumo duráveis 2.714 0,29 252.983 3,71 9.223,1
Bens de consumo não duráveis 77.609 8,27 409.700 6,00 427,9
Combustíveis e lubrificantes 371.081 39,53 2.956.626 43,33 696,8
Total 938.757 330,3 6.824.611 342,7 627,0

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados de Brasil (2014).

Os destaques nas importações foram os combustíveis mine-


rais e produtos químicos orgânicos seguidos por ácido tereftálico
e seus sais (6,4%) e trigos e misturas de trigo com centeio (3,0%)
(Tabela 5).
Tendo em vista a compra de combustíveis, a Petrobrás (42,9%)
tornou-se a maior empresa importadora do Estado seguida da M&G
Polimeros do Brasil S.A. (7,3%) e da Cisa Trading S.A. em 2013.

120 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Tabela 5 – Principais produtos importados - 2000 e 2013 - US$
1.000 FOB
Part. Part.
2000 Valor 2013 Valor
% %
Gasoleo (oleo
Gasóleo (óleo diesel) 126.340 13,46 1.173.917 17,2
diesel)
Outros
Butanos liquefeitos 124.751 13,29 propanos 672.017 9,85
liquefeitos
Outras
gasolinas,
Propano em bruto,liquefeito 60.654 6,46 621.440 9,11
exceto para
aviação
Acido
Trigo (exc. trigo duro ou p/
52.160 5,56 tereftalico e 434.758 6,37
semeadura),e trigo c/centeio
seus sais
Milho em grão, exceto para Querosenes
38.392 4,09 246.170 3,61
semeadura de aviaçãao
Out. trigos
e misturas
Querosenes de aviacao 36.998 3,94 204.847 3
de trigo c/
centeio, exc

Chapas de ligas alumínio,


Butanos
.2<e<=0.3mm,l>=1468mm, 36.103 3,85 118.733 1,74
liquefeitos
envern.

Óleo de soja,em Etilenoglicol


24.098 2,57 104.825 1,54
bruto,mesmo degomado (etanodiol)
Gas liquefeito
Gás liquefeito de petróleo
21.697 2,31 de petroleo 94.807 1,39
(glp)
(glp)
Outras partes p/tubos
19.575 2,09 P-xileno 87.864 1,29
catódicos
Demais
Demais produtos 397.989 42,40 3.065.234 44,91
produtos
Total 938.757 100,00 Total 6.824.611 100,00

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados de Brasil (2014).

Estados Unidos (31,9%), China (9,5%) e Argentina (7,9%) fo-


ram os principais países de origem das importações pernambuca-
nas em 2013 (Tabela 6).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 121


Tabela 6 – Principais países de origem das importações - 2000
e 2013 - US$ 1.000 FOB
2000 Valor Part. % 2013 Valor Part. %
Argentina 192.584 20,52 Estados Unidos 2.181.359 31,97
Estados Unidos 141.699 15,09 China 650.284 9,53
Venezuela 114.072 12,15 Argentina 541.969 7,94
Argélia 50.943 5,43 México 440.132 6,45
Antilhas
Reino Unido 43.190 4,6 317.442 4,65
Holandesas
Arábia Saudita 34.234 3,65 Cuietê (Kuweit) 245.701 3,6
Países Baixos
Alemanha 33.599 3,58 211.676 3,1
(Holanda)
Franca 26.073 2,78 Itália 203.242 2,98
Nigéria 23.130 2,46 Alemanha 191.736 2,81
Canadá 20.396 2,17 Finlândia 148.616 2,18
Demais Países 258.838 27,57 Demais Países 1.692.455 24,80
Total 938.757 100,00 Total 6.824.611 100,00
Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados de Brasil (2014).

O Gráfico 1 apresenta a evolução das exportações e impor-


tações bem como o saldo da balança comercial de Pernambuco.
Observa-se que a Balança Comercial do Estado vem apresentando
déficits crescentes, devido, principalmente, às importações de com-
bustíveis para suprir a demanda interna e a compra de matéria-pri-
ma para a indústria petroquímica.

122 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Gráfico 1 – Balança Comercial - 2000 a 2013

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados de Brasil (2014).

A implantação do Complexo Portuário Industrial de Suape, es-


truturado como polo petroquímico, naval e offshore, está modifican-
do o perfil econômico e o comércio exterior do Estado que busca,
também, consolidar a Região, como novo centro automobilístico e
industrial do País.
A Refinaria Abreu e Lima, outro empreendimento de grande
porte no Estado, é a primeira do Brasil projetada para processar pe-
tróleo pesado, tornando o País grande exportador desse produto,
além de produzir derivados de petróleo como GLP, nafta e diesel,
reduzindo a sua importação.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 123


Referências

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio


Exterior. Balança Comercial: Unidades da Federação. Brasília,
DF, 2014. Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br//
sitio/interna/interna.php?area=5&menu=1076>. Acesso em: 10
nov. 2014.
PETROBRAS. Concluídas obras da P-62. 17 de dez. 2013.
Disponível em: <http://fatosedados.blogspetrobras.com.
br/2013/12/17/concluidas-obras-da-p-62/>. Acesso em: 01 dez.
2014.

124 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


11 Infraestrutura

Fernando Luiz Emerenciano Viana


Engenheiro Civil. Doutor em Administração

A presente análise enfatiza a disponibilidade de infraestrutura


em Pernambuco, especialmente nos aspectos com maior impacto
nos empreendimentos produtivos e no desenvolvimento econômico
do Estado. Assim sendo, são comentados com maiores detalhes
a infraestrutura de transportes e a infraestrutura energética. Par-
te das informações relatadas foi baseada em estudos sobre infra-
estrutura recentemente realizados: Projeto Nordeste Competitivo
(CNI, 2012) e o Plano Diretor de Investimentos (PDI) do Programa
de Desenvolvimento Produtivo da Região Nordeste (PRODEPRO)
elaborado pelo BNB e BID (2014).

11.1 Infraestrutura de transportes


Pernambuco tem o território cortado por catorze rodovias fe-
derais, sendo as principais a BR-101, BR-116, BR-122, BR-232,
BR-316 e BR-428. Algumas rodovias federais foram concedidas ao
estado de Pernambuco, para facilitar a contratação de serviços de
duplicação e manutenção. As rodovias estaduais possuem um pa-
pel complementar à malha federal, com destaque para as rodovias
PE-009 e PE-060, que ligam a capital ao litoral Sul. A rede rodovi-
ária de Pernambuco possui um total de 44,28 mil km, incluindo os
trechos planejados, conforme apresentado na Tabela 1.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 125


126
Tabela 1 – Rede do Sistema Nacional de Viação em Pernambuco
Rede não pavimentada Rede pavimentada
  Planejado Total
Leito Em obras Em obras Pista Em obras Pista
Implantada Subtotal Subtotal
natural Implantação pavimentação simples duplicação dupla

Federal 297,10 7,00 0,00 95,40 0,00 102,40 2.048,60 130,20 325,00 2.503,80 2.903,30

Estadual
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 84,50 0,00 0,00 84,50 84,50
Coincidente

Estadual 223,40 1.590,10 0,00 744,20 0,00 2.334,30 3.711,90 0,00 104,40 3.816,30 6.374,00

Municipal 0,00 33.086,20 0,00 1.408,90 0,00 34.495,10 507,40 0,00 0,00 507,40 35.002,50

Total 520,50 34.683,30 0,00 2.248,50 0,00 36.931,80 6.267,90 130,20 429,40 6.827,50 44.279,80

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do DNIT (2014).

P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


De acordo com a pesquisa de rodovias da Confederação Na-
cional dos Transportes (CNT, 2014), que avaliou uma extensão de
3.107 km das principais rodovias do Estado, com predominância
das rodovias federais (2.491 km), 28,7% das rodovias pesquisadas
encontram-se em estado geral bom ou ótimo, 48,8% em situação
regular e 30,5% consideradas ruim ou péssima, considerando a pa-
vimentação, geometria da via e sinalização. Trata-se de uma situ-
ação relativamente inferior em comparação à média do Nordeste.
Entre os principais gargalos rodoviários de Pernambuco, pode-
-se destacar a necessidade de conclusão dos poucos trechos que
restam da duplicação da BR-101, construção do arco rodoviário
metropolitano, duplicação da BR-104 entre Caruaru e Santa Cruz
do Capibaribe e adequação até a divisa PE/PB e duplicação da BR-
408 entre Carpina e o entroncamento com a BR-232, estando todas
essas obras em execução ou previstas no âmbito do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC). Adicionalmente, destaca-se a
necessidade de pavimentação da BR-110 entre Ibimirim e o entron-
camento com a BR-316.
No transporte ferroviário, Pernambuco possui 926 km de malha
sob responsabilidade da concessionária Transnordestina Logística
(TNL), que cruza o Estado no sentido Norte-Sul entre as fronteiras
com a Paraíba e Alagoas, bem como no sentido Leste-Oeste, ligan-
do a capital ao município de Salgueiro. Entretanto, esses trechos
da malha da TNL não vêm sendo utilizados de forma regular. O
trecho Leste-Oeste está sendo substituído pela Nova Transnordes-
tina, que propiciará a ligação do município de Eliseu Martins-PI aos
portos de Pecém-CE e Suape-PE. Tal projeto é fundamental para
diminuir os custos logísticos na Região e, no caso específico de
Pernambuco, propiciará o escoamento de cargas minerais (notada-
mente o gesso do polo de Araripina) e agrícolas (grãos do cerrado
e frutas do polo de Petrolina), além de viabilizar o surgimento de
empreendimentos produtivos ao longo de seu traçado.
Apenas para citar um exemplo, está prevista a instalação de
uma grande plataforma logística no município de Salgueiro que,
com a implantação da nova ferrovia, constituirá um importante
entroncamento rodoferroviário da Região Nordeste. Para aumen-
tar o potencial do impacto da Nova Transnordestina na economia
pernambucana e do Nordeste como um todo, é fundamental que

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 127


seja acelerada a implantação dos trechos em construção e seja
também garantida a implantação futura dos trechos ligando Eliseu
Martins-PI à Ferrovia Norte-Sul, bem como o trecho entre Salgueiro
e Petrolina, ainda em estudo. Já em relação ao ramal ferroviário
estadual no sentido Norte-Sul, parte do mesmo (entre Recife e a
divisa PE/AL) será devolvido pela concessionária, para haver uma
nova concessão do trecho ferroviário entre Salvador-BA e Recife,
no âmbito do Programa Integrado de Logística (PIL) e do Programa
de Concessões Ferroviárias do Governo Federal.
Nesse sentido, a não disponibilidade do uso do modal ferro-
viário no momento atual pelas empresas do Estado constitui atu-
almente um importante gargalo e, por isso, é importante que seja
acelerada a nova concessão. A partir desse processo, espera-se
que o modal ferroviário volte a ser plenamente utilizado no trans-
porte de carga em Pernambuco.
Com relação à infraestrutura de transporte aquaviário, Per-
nambuco possui duas instalações portuárias, ambas de caráter
público, o Porto de Recife e o Porto de Suape. O Porto de Reci-
fe, pelo fato de estar encravado no tecido urbano e ter limitações
operacionais, tem mostrado uma movimentação de cargas estável
com tendência de queda, atualmente concentrada em granéis sóli-
dos, com uma contribuição importante ainda na movimentação de
açúcar. Parte da carga que era movimentada via Porto do Recife
tem sido direcionada ao Porto de Suape. Por outro lado, a área
portuária vem sendo preparada para se constituir num importante
polo turístico do Recife, já que recentemente foi concluído o novo
terminal de passageiros do Porto e os antigos armazéns vêm sen-
do transformados em equipamentos de entretenimento, tais como
lojas de artesanato, museus, entre outras atrações.
O Porto de Suape constitui atualmente o principal porto público
do Nordeste, especialmente na movimentação de carga geral con-
teinerizada. Comparando-se o desempenho de Suape com os ou-
tros portos do Nordeste, percebe-se que, excetuando-se o Porto de
Itaqui (MA), que trabalha predominantemente com movimentação
de minério de ferro, o que faz com que seus volumes de cargas em
toneladas sejam elevados, o Porto de Suape moveu maior quan-
tidade de carga em 2013, sendo que o total movimentado (12,85
milhões de toneladas) foi maior do que a soma das cargas mo-

128 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


vimentadas pelos portos da Bahia (Aratu, Ilhéus e Salvador, que
juntos movimentaram 10,21 milhões de toneladas) e a soma das
cargas movimentadas pelos portos do Ceará (Fortaleza e Pecém,
que juntos movimentaram 11,48 milhões de toneladas).
Trata-se de porto com característica de hub port1 regional,
constituindo um complexo industrial e portuário que atualmente
configura-se como um dos mais importantes polos de investimento
do Brasil. Para adequar sua capacidade operacional à demanda,
o Porto de Suape tem obras previstas e em execução no âmbito
do PAC, tais como a construção de um novo acesso rodoferroviá-
rio, a dragagem do canal externo (em execução) e a dragagem do
cais 6 e 7 e um terminal de múltiplo uso (planejadas). Como obras
adicionais a serem executadas para eliminar possíveis gargalos
no Porto, o estudo Nordeste Competitivo (CNI, 2012) aponta a
necessidade de um terminal de granéis sólidos, de um segundo
terminal de contêineres, de um terminal de grãos e de um terminal
de açúcar no Porto.
Ainda em termos de modal aquaviário, destaca-se a impor-
tância de viabilização do uso da Hidrovia do São Francisco para o
transporte regular de cargas, notadamente aquelas oriundas dos
cerrados baianos em direção ao Porto de Suape, procedendo a
troca de modal aquaviário/ferroviário em Petrolina. Para tal, se-
riam necessários investimentos no porto fluvial de Petrolina e a
construção do ramal ferroviário Salgueiro-Petrolina, conforme ci-
tado anteriormente.
Com relação ao transporte aéreo, Pernambuco possui dois ae-
roportos com voos regulares, o Aeroporto Senador Nilo Coelho, em
Petrolina, e o Aeroporto Internacional Gilberto Freyre/Guararapes,
no Recife, ambos administrados pela Infraero. O Aeroporto de Pe-
trolina pode atender à demanda de transporte aéreo de carga do
polo fruticultor da região em que está inserido e vem sendo utiliza-
do para tal, mas com um volume de movimentação ainda pequeno
em relação ao seu potencial. Em 2013 o Aeroporto de Petrolina mo-

1
Hub Port é um porto concentrador de cargas, sendo ponto focal de origem e
destino de cargas de grande volume transportadas por grandes distâncias (na-
vegação de longo curso). A partir do hub port são feitas conexões com portos
regionais (navegação de cabotagem) para distribuição ou recepção de cargas
de menor volume.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 129


vimentou 473,48 mil passageiros e 5.097 toneladas de carga aérea,
sendo que 86% da movimentação refere-se a cargas internacio-
nais. Existe um projeto de transformação do Aeroporto de Petrolina
em aeroporto industrial, constituindo uma zona de regime tributário
especial, o que poderia atrair diversos empreendimentos industriais
com perfil importador/exportador.
Já o Aeroporto Internacional do Recife constitui o segundo
maior do Nordeste em circulação de passageiros, com movimenta-
ção inferior apenas ao Aeroporto de Salvador. Em 2013 o Aeroporto
dos Guararapes atendeu a 6,84 milhões de passageiros e 31.493
toneladas de carga.
A Tabela 2 relaciona as principais obras de infraestrutura de
transporte planejadas ou em execução no estado de Pernambuco,
com destaque para a Ferrovia Transnordestina e o complexo logís-
tico na Ilha de Itapessoca, além das obras de mobilidade urbana
na área metropolitana de Recife, que receberam impulso tendo em
vista a realização da Copa 2014 no Brasil.

130 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Tabela 2 – Obras de infraestrutura de transportes previstas em
Pernambuco
Orçamento
Estágio (%)
Obra (R$
atual Execução
milhões)
Construção Nova Torre Aeroporto
18 Em projeto 0%
Internacional de Recife (PAC)
Ferrovia Transnordestina (PAC) 7.500 Iniciada 40%
Concessão Ferrovia Feira de Santana (BA) -
NI Em projeto 0%
Recife (PE) (PIL - 882 km)
Metrô de Recife - Linha Sul e Centro (PAC) 1.281 Iniciada 98%
Navegabilidade nos rios Beberibe e
190 Iniciada NI
Capibaribe
Porto de Suape - Novo pátio de veículos 22 Iniciada 10%
Porto de Suape - Acesso rodoviário à ilha de
110 Iniciada 85%
Tatuoca
Arco Metropolitano de Pernambuco (98 km) 1.800 Em projeto NI
Duplicação e modernização BR-101/NE
1.282 Iniciada NI
Trecho PE (199 km)
Duplicação BR-104 entre Pão de Açúcar e
378 Iniciada 64%
Agrestina (51,4 km)
Restauração PE-095 entre Limoeiro e BR-104
58 Em licitação 0%
(Caruaru) (80,1 km)
Implantação do Corredor Norte/Sul, entre
181 Iniciada 71%
Igarassu e Recife (15 km)
Restauração PE-275 ente Sertânia e
30 Em licitação 0%
Tuparetama (75 km)
Construção PE-037 entre Vitória S. Antão e
35 Iniciada 31%
Cabo S. Agostinho (35 km)
Corredor com 12,5 km de extensão, passando
88 Iniciada 76%
por 22 estações na RMR
Recuperação e duplicação BR-408 entre
206 Iniciada 91%
Carpina e Bicopeba (22,1 km)
BRT Leste-Oeste (Recife) 137 Iniciada 88%
Construção e pavimentação PE-044 (Três
36 Iniciada 63%
Ladeiras) (27,8 km)
Restauração PE-045 entre Escada e Vitória
29 Paralisada 51%
de Santo Antão (34,4 km)
Restauração PE-275 entre Tupretama e Ambó
14 Iniciada 1%
(30 km)
Restauração PE-089 entre Limoeiro e
27 Iniciada 80%
Timbaúba (57,1 km)
Construção de complexo logístico na Ilha de
3.000 Em projeto 0%
Itapessoca
Plataforma logística multimodal em Salgueiro 600 Em projeto 0%
Terminal de Integração Cosme e Damião
19 Iniciada 88%
Metrô/Ônibus (Recife)
Total 17.041
Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do Anuário Exame (2014).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 131


11.2 Infraestrutura de energia elétrica
Pernambuco atualmente tem a terceira maior capacidade de
geração de energia do Nordeste, totalizando 2.655 MW de capa-
cidade instalada, o que corresponde a 12,0% da capacidade de
geração regional e 2,09% do total do Brasil (Tabela 3). Em compa-
ração com outros estados do Nordeste, tais como o Ceará, o Rio
Grande do Norte e a Bahia, Pernambuco tem atraído menor volume
de investimentos para geração de energia elétrica através de fontes
alternativas. Mesmo assim, sua capacidade de geração baseia-se
predominantemente em usinas eólicas e termelétricas. A conces-
sionária distribuidora de energia elétrica do Estado é a Companhia
Energética de Pernambuco (CELPE), uma empresa privada per-
tencente ao grupo Energisa, a qual atende aos 184 municípios do
Estado, ao território de Fernando de Noronha a ao município de
Pedras de Fogo-PB.

Tabela 3 – Evolução dos indicadores de geração e consumo de


energia elétrica em Pernambuco - 2006 a 2013
%
Serviço 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Brasil
2013
Capacidade
Instalada 1.618 1.592 1.686 1.740 2.043 2.073 2.124 2.655 2,09
(MW)
Energia
Gerada 5.512 5.250 4.895 5.419 7.336 7.707 8.395 9.733 1,71
(GWh)
Energia
Consumida 8.756 9.330 9.730 10.089 10.936 11.291 11.832 12.935 2,79
(GWh)
Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados da EPE (2011, 2014).

A partir dos dados da Tabela 3, observa-se que Pernambuco é


um Estado importador de energia elétrica, tendo em vista que seu
consumo de energia é maior do que o total gerado.
O Gráfico 1 apresenta a distribuição do consumo de energia
entre as diferentes classes, através do qual se percebe a importân-
cia dos segmentos residencial, industrial e comercial, nessa ordem,
os quais, em conjunto, são responsáveis por 81,4% do consumo.

132 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Gráfico 1 – Distribuição do consumo de energia elétrica de
Pernambuco por classe em 2013 - Em %

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados da EPE (2014).

Considerando o cenário observado em Pernambuco na pro-


porção entre geração e consumo, é importante que sejam feitos
maiores investimentos, tanto no aumento da capacidade de gera-
ção, como na transmissão de energia elétrica. Atualmente, estão
previstas ou em execução algumas obras relacionadas à geração e
transmissão, as quais são listadas na Tabela 4 e beneficiarão Per-
nambuco e outros estados do Nordeste.

Tabela 4 – Obras de infraestrutura de energia elétrica previstas


em Pernambuco
Orçamento Estágio (%)
Obra
(R$ milhões) atual Execução

Em
Usina Hidrelétrica Riacho Seco (PAC) 552 0%
projeto
Em
LT São João do Piauí-Milagres 2-Luís Gonzaga 570 0%
projeto
Em
LT Presidente Dutra-Teresina 2 C3-Sobral 3 C3 502 0%
projeto
LT Interligação Luíz Gonzaga-Garanhuns-Pau
742 Iniciada NI
Ferro (PAC)

Total 2.366

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do Anuário Exame (2014).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 133


11.3 Infraestrutura de utilidade pública
A infraestrutura de utilidade pública proporciona bem-estar e
melhores condições de vida da população, inclusive com reflexos
na saúde pública, a exemplo do abastecimento de água, esgota-
mento sanitário, coleta de lixo e iluminação elétrica.
A oferta desses equipamentos e serviços apresentou conside-
rável evolução em Pernambuco no período de 2002 a 2012 (Tabela
5). Nesse sentido, o acesso à iluminação elétrica aproxima-se da
universalização no Estado com 99,9% das residências atendidas,
estando acima dos indicadores observados no Nordeste (99,1% de
domicílios atendidos) e no Brasil (99,5%).
O abastecimento de água, por sua vez, que atendia a 73,9%
das residências em 2002 foi ampliado para 81,5% dos domicílios
em 2012, acima, portanto, da média para o Nordeste (80,6%) mas
ainda inferior em comparação com o Brasil (85,4%) em termos de
domicílios atendidos em 2012.
No que se refere à coleta de lixo, o Estado contava com 78,9%
dos domicílios atendidos regularmente em 2012. A título de com-
paração, o percentual de residências atendidas por esses serviços
alcançou 69,2% no Nordeste enquanto que no Brasil atingiu 83,5%.
A rede de esgotamento sanitário apresentou notável expansão
no período analisado. Contudo, pouco mais da metade das resi-
dências pernambucanas contavam com esse serviço em 2012. As
necessidades de investimentos em saneamento são prementes,
pois o indicador de Pernambuco ainda encontra-se abaixo da mé-
dia nacional (63,3%), embora acima do indicador regional (41,1%
de residências atendidas no Nordeste).

134 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Tabela 5 – Domicílios atendidos por serviços de infraestrutura
básica em Pernambuco - 2002 e 2012
Serviço Quantidade (mil unid.) % Domicílios
  2002 2012 2002 2012
Iluminação elétrica 2.104 2.823 97,1 99,9
Abastecimento de água 1.600 2.303 73,9 81,5
Coleta de lixo 1.396 2.231 64,5 78,9
Esgotamento sanitário 738 1.455 34,1 51,5
Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE(2014).

Existe um conjunto de projetos em execução ou planejados


que deverão modernizar a infraestrutura física estadual, estando os
principais listados na Tabela 6, que inclui também obras voltadas à
infraestrutura de irrigação, podendo estender-se por outros Esta-
dos da Região.
Entre as obras apresentadas na Tabela 6, que somam R$ 17,9
bilhões, destaca-se a predominância de ações voltadas para a dis-
tribuição de água e redes de esgoto, as quais contribuirão efeti-
vamente para que os indicadores de saneamento de Pernambuco
sejam ainda melhores e se aproximem da média nacional. O pro-
jeto Cidade Saneada, por exemplo, tem como meta atingir 90% de
cobertura de rede de esgoto nos municípios da Grande Recife e em
Goiana, município que está recebendo grandes projetos industriais,
notadamente a planta fabril de Fiat Automóveis e de alguns de seus
fornecedores. Em termos de infraestrutura hídrica, pode-se desta-
car as obras relacionadas à transposição do Rio São Francisco e a
Adutora do Agreste.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 135


Tabela 6 – Obras de infraestrutura de saneamento e irrigação
previstas em Pernambuco
Orçamento Estágio (%)
Obra
(R$ Milhões) atual Execução

Abastecimento de água em Olinda 95 Em projeto 0%


Abastecimento de água em Petrolina 56 Iniciada 58%
Abastecimento de água em Camaragibe 67 Em projeto 0%
Abastecimento de água em Recife 71 Iniciada 38%
Barragem do Engenho Maranhão 50 Iniciada 1%

Perímetro de Irrigação Pontal (PAC) 166 Iniciada NI

Barragem de Engenho Pereira 84 Iniciada 40%


Perímetro de irrigação Nilo Coelho (PAC) 77 Iniciada NI
Adutora do Agreste 2.000 Iniciada 13%
Adutora Pajeú (2 etapa) (PAC) 366 Contratada 0%
Adutora do Siriji 71 Iniciada 57%
Esgotamento sanitario em Paulista 446 Em licitação 0%
Esgotamento sanitario em Cabo de Santo
130 Iniciada 8%
Agostinho
Estação de tratamento de esgoto Cabanga 88 Iniciada 10%
Esgotamento sanitário em Recife - Proest 1 71 Iniciada 50%
Cidade saneada (PPP) 4.500 Iniciada NI
Esgotamento sanitario em Petrolina 65 Iniciada 44%
Esgotamento sanitario em Surubim 88 Em projeto 0%
Esgotamento sanitário em Recife - Proest 2 54 Iniciada 91%
Transposição do Rio São Francisco - Eixo
5.286 Iniciada 59%
Norte (PAC)
Transposição do Rio São Francisco - Eixo
2.944 Iniciada 58%
Leste (PAC)
Grandes anéis do Recife 139 Iniciada 32%
Saneamento Integrado em Olinda (PAC) 77 Iniciada NI
Outras obras 957 NA NA
Total 17.948

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do Anuário Exame (2014).


Notas: NI – nada informado; NA – não se aplica.

136 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Referências

ANUÁRIO EXAME INFRAESTRUTURA 2014-2015. São Paulo:


Abril, nov. 2014.
BANCO DO NORDESTE DO BRASIL; BANCO
INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO. Programa de
Desenvolvimento Produtivo da Região Nordeste. Plano Diretor de
Investimentos: relatório técnico 2. Fortaleza: BNB; Washington,
D. C.: BID, 2014.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. Projeto
Nordeste Competitivo: sumário executivo. Brasília, DF, 2012.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRANSPORTES. Pesquisa
CNT de Rodovias 2014. Relatório Gerencial. Disponível em
<http://pesquisarodovias.cnt.org.br/Paginas/relGeral.aspx>.
Acesso em 12 nov. 2014.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE
TRANSPORTES. Rede do Sistema Nacional de Viação 2014.
Disponível em: <http://www.dnit.gov.br/sistema-nacional-de-
viacao/snv-2014-1>. Acesso em: 14 nov. 2014.
EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Anuário estatístico de
energia elétrica 2011. Rio de Janeiro: EPE, 2011.
______. Anuário estatístico de energia elétrica 2014. Rio de
Janeiro: EPE, 2014.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, 2012.
Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/
home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2013/>.
Acesso em: 10 nov. 2014.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 137


12 Mercado de trabalho

Hellen Cristina Rodrigues Saraiva Leão


Economista. Mestre em Economia Rural

O presente texto está divido em duas seções. Na primeira,


analisa-se a evolução do emprego e desemprego em Pernambuco
no período de 2001 e 2013, utilizando-se dados fornecidos pelo
IBGE. Na segunda parte, estudam-se as mudanças do quadro de
emprego formal do Estado, entre 2000 e 2013, a partir de dados
divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

12.1 Evolução do emprego e desemprego – PNAD Con-


tínua
O objetivo desta primeira seção do trabalho é analisar as va-
riações ocorridas no nível de emprego (pessoal ocupado e deso-
cupado) do fator trabalho de acordo com a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua)1 realizada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para os anos
de 2001 e 2013.
Dados da PNAD Contínua revelam que a População em Ida-
de Ativa (PIA) era de 6.549 mil pessoas, em 2001, representando
79,7% da população total de Pernambuco. Vale ressaltar que neste
período 75,9% da PIA concentravam-se na área urbana do Estado.
Já os dados de 2013 apontavam a PIA com 7.865 mil pessoas,
equivalendo a 85,4% da população total. Quanto à população urba-
na, verificou-se acréscimo, tendo em vista que a população domici-
liada no meio urbano alcançou 81,9% da PIA em 2013 (Tabela 1).

1
Abrangência geográfica: Brasil, Grandes Regiões, Unidades da Federação, 20
Regiões Metropolitanas que contêm Municípios das Capitais (Manaus, Belém,
Macapá, São Luís, Fortaleza, Natal, João Pessoa, Recife, Maceió, Aracaju, Sal-
vador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Florianópolis,
Porto Alegre, Vale do Rio Cuiabá, e Goiânia) e a Região Integrada de Desenvol-
vimento da Grande Teresina.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 139


No período abordado, registrou-se aumento da População Eco-
nomicamente Ativa (PEA)2. Em 2001, a PEA representava 3.798 mil
pessoas, correspondendo a uma Taxa de Participação da força de
trabalho de 58,0%. Para 2013, ocorreu uma mudança nessa es-
trutura, ocasião em que a PEA aumentou para 4.171 mil pessoas,
com crescimento a uma taxa de 0,8% ao ano, resultando em um
incremento de 373 mil pessoas. Neste ano de 2013, verificou-se re-
dução na taxa de participação (correspondente a 53,0%) devido ao
crescimento proporcionalmente maior da PIA (taxa de crescimento
de 1,5% ao ano) em relação à PEA (Tabela 1 e Gráfico 1).

Tabela 1 – População em idade ativa, economicamente ativa,


ocupada e desocupada - 2001 e 2013

Diferença TGC
População 2001 2013 Var %
absoluta (a.a. %)
População Total 8.212 9.208 996 12,1 1,0
População em Idade Ativa -
6.549 7.865 1.316 20,1 1,5
PIA
População Economicamente
3.798 4.171 373 9,8 0,8
Ativa - PEA
População Ocupada - POC 3.416 3.815 399 11,7 0,9
População Desocupada 382 356 -26 -6,8 -0,6
Taxa de Participação (%) (1) 58,0 53,0 -5,0 -8,6 -0,7
Nível de Ocupação (%) (2) 52,2 48,5 -3,7 -7,0 -0,6
Taxa de Ocupação (%) (3) 89,9 91,5 1,5 1,7 0,1
Nível de Desocupação (%) (4) 5,8 4,5 -1,3 -22,4 -2,1
Taxa de Desocupação (%) (5) 10,1 8,5 -1,5 -15,1 -1,4

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014).


Obs.: pessoas de 10 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência
(mil pessoas).
Notas:
(1) percentual da PEA sobre a PIA;

2
Para melhor compreensão, é preciso esclarecer que, dentre a população residen-
te de um país ou região, existe uma parcela que se encontra em idade ativa, ou
em capacidade de realizar algum tipo de trabalho, remunerado ou não (Popula-
ção em Idade Ativa - PIA) e, que fração dessa parcela, encontra-se efetivamente
integrada no mercado, formal ou não, de trabalho (População Economicamente
Ativa – PEA). Na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, reali-
zada pelo IBGE, todas as pessoas com idade igual ou superior a quatorze (14)
anos compõem o estoque total da PIA.

140 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


(2) percentual da População Ocupada dividida pela PIA;
(3) percentual da População Ocupada dividida pela PEA;
(4) percentual da População Desocupada dividida pela PIA;
(5) percentual da População Desocupada dividida pela PEA.

Gráfico 1 – População total, em idade ativa, economicamente


ativa, ocupada e desocupada - 2001 e 2013

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014).


Nota: pessoas de 10 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência
(mil pessoas).

Em 2001, a População Ocupada (POC) atingiu 3.416 mil pes-


soas, correspondendo à Taxa de Ocupação de 89,9%. Para este
período analisado, a composição de arranjos, segundo a classe de
rendimento mensal de todos os trabalhos, apontava para uma con-
centração maior de pessoas que recebiam até três salários míni-
mos, com 66,9% do total das pessoas ocupadas (Tabela 2).
Entre 2001 e 2013, a taxa de incremento da POC foi da ordem
de 9,8%, alcançando um estoque de 4.171 mil pessoas. E nesta
nova configuração da população ocupada, observa-se um maior
crescimento de pessoas ocupadas na classe de rendimento mensal
que recebem entre meio a um salário mínimo, com acréscimo de
468 mil pessoas ocupadas (taxa de crescimento de 4,4% ao ano).
No ano de 2013, verificou-se que 7,8% do total de pessoas
ocupadas estavam na categoria “sem rendimento”, apresentando
redução de 55,5% em relação ao ano de 2001. Por sua vez, a clas-
se de rendimento mensal de até três salários mínimos respondia

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 141


por um conjunto de 80,1% da POC, enquanto que a população
ocupada na classe com rendimento mensal superior a três salá-
rios mínimos representava 7,9% da POC. Neste caso, percebe-se
a distribuição assimétrica de renda, e confirmando esta análise, o
Índice de Gini calculado para Pernambuco foi de 0,502 no ano de
2013 (IBGE, 2014).

Tabela 2 – Pessoas ocupadas (1) por classes de rendimento


mensal de todos os trabalhos - 2001 e 2013
Classes de 2001 2013 Diferen-
TGC
rendimento ça ab- Var %
Quant. Part. % Quant. Part. % soluta (a.a. %)
mensal

Até 1/2 SM 447 13,1 486 12,7 39 8,7 0,7


Mais de 1/2 a 1
689 20,2 1.157 30,3 468 67,9 4,4
SM
Mais de 1 a 2 SM 902 26,4 1.103 28,9 201 22,3 1,7
Mais de 2 a 3 SM 246 7,2 314 8,2 68 27,6 2,1
Mais de 3 a 5 SM 190 5,6 160 4,2 -30 -15,8 -1,4
Mais de 5 a 10 SM 136 4,0 98 2,6 -38 -27,9 -2,7
Mais de 10 a 20
64 1,9 31 0,8 -33 -51,6 -5,9
SM
Mais de 20 SM 27 0,8 12 0,3 -15 -55,6 -6,5
Sem rendimento 667 19,5 297 7,8 -370 -55,5 -6,5
Sem declaração 48 1,4 157 4,1 109 227,1 10,4
Total 3.416 100,0 3.815 100,0 399 11,7 0,9

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE (2014).


Nota:
(1) pessoas de 10 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência (mil
pessoas).

Como a PNAD tem representatividade quanto ao nível de em-


prego (pessoal ocupado e desocupado) do fator trabalho, pode-se
concluir que o mercado de trabalho para o ano de 2013 encon-
trava-se em situação mais robusta do que a relatada no ano de
2001. O reflexo desse novo quadro do ano de 2013 pode ser ob-
servado com o crescimento do estoque de pessoas ocupadas ao
longo desse período, aumentando de 3.416 mil pessoas em 2001
para 3.815 mil pessoas ocupadas em 2013, registrando uma taxa
de crescimento de 0,9% ao ano, ou seja, aumento da População
Ocupada de 399 mil pessoas no período de 2001 a 2013. Portan-

142 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


to, ocorreu uma expansão do mercado de trabalho em Pernambu-
co no período analisado.
As expectativas para o mercado de trabalho são de crescimen-
to tendo em vista os investimentos previstos para os próximos anos
nos setores do comércio e serviços. Somente no setor de transpor-
te e armazenagem, foram investidos US$ 508,9 milhões no período
de 2011 a 2013 para atender a demanda do sistema logístico do
Complexo Industrial Portuário de Suape, com geração de 283 em-
pregos diretos. Desse total de investimentos, destaca-se a cons-
trução de um novo terminal de açúcar no Porto de Suape (onde a
operadora logística contratada opera em terminais de transbordo
rodoferroviário, que é responsável por toda logística de açúcar até
aos portos brasileiros) no município de Ipojuca-PE. Referido termi-
nal de condomínio industrial terá a capacidade para movimentar
738 mil toneladas da commodity por ano. Construída numa área de
72.542 m2 e 34 metros de cais para atracação dos navios, a esti-
mativa é que sejam gerados 450 empregos na fase da construção
do terminal, e a trading espera contratar 75 empregos diretos, com
investimentos realizados na ordem de US$ 75,7 milhões, de acordo
com a Rede Nacional de Informações sobre Investimento – RENAI
(BRASIL, 2014a).

12.2 Evolução do emprego formal – RAIS


Nesta segunda parte, faz-se a abordagem sobre a evolução re-
ferente ao número de vínculos empregatícios utilizando-se a base
de dados fornecida pelo Relatório Anual de Informações Sociais
– RAIS, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para os anos
de 2000 e 2013. A RAIS registra o estoque de empregos formais na
sua totalidade, diferentemente da PNAD Contínua realizada pelo
IBGE que se utiliza de amostra. Porém, a RAIS não registra o nú-
mero de empregos informais nem o de pessoas desocupadas, uma
vez que esses dois recortes não são objeto de sua base de dados.
O estoque de empregos alcançou 871.812 vagas em Per-
nambuco no ano de 2000, com forte concentração na adminis-
tração pública (31,7%). Em 2013, o estoque de empregos sal-
tou para 1.740.074 vagas, com aumento expressivo de 99,6% no
período estudado. Além dessa expansão, Pernambuco apresenta

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 143


agora uma nova configuração na distribuição setorial do mercado
de trabalho.
Assim, os segmentos de comércio e serviços que respon-
diam por 43,1% do emprego formal, com 375.857 pessoas no ano
2000, passaram a representar 51,7% dos empregos formais do
Estado, fornecendo 898.767 postos de trabalho em 2013 (Tabela
3 e Gráfico 2).
Impulsionada com o bom desenvolvimento dos setores de co-
mércio e serviços, a construção civil registrou aumento no número
de postos de emprego em 232,9% se comparado a 2000, que em-
pregava 43.639 trabalhadores, e passou a registrar 145.286 empre-
gos formais em 2013 (Gráfico 2).
Vale destacar que a formação deste novo quadro ocorreu a
partir dos investimentos nos setores de comércio e serviços no pe-
ríodo de 2011 a 2013, a exemplo da construção de novos comple-
xos hoteleiros nos municípios de Recife, Jaboatão dos Guararapes
e Cabo de Santo Agostinho, onde foram investidos US$ 440,3 mi-
lhões. Somente o complexo hoteleiro do município de Santo Agos-
tinho terá a capacidade de gerar 700 empregos diretos e indiretos.
Os investimentos para modernização e expansão de complexos
hoteleiros nos municípios de Salgueiro, Ipojuca e Recife foram da
ordem de US$ 27,0 milhões.
Destaca-se ainda a construção de dois grandes complexos
empresariais ligados ao mesmo tempo a torres comerciais, a sho-
pping centers e a rede de hotéis nos municípios de Cabo de Santo
Agostinho e Ipojuca. Os empreendimentos estão orçados em US$
513,12 milhões. No município de Cabo de Santo Agostinho, o em-
preendimento contará com um hotel cinco estrelas, centro de con-
venções, um shopping center, 40 lojas e seis torres comerciais para
locação, que durante a fase de sua construção gerou 5.980 postos
de trabalhos e a expectativa é que sejam gerados mais 7.025 em-
pregos diretos e indiretos em sua operação. Já no município de
Ipojuca, o complexo terá 10 torres comerciais, um hotel, um sho-
pping center no formato de outlet, que em sua fase de construção
abrigará 1.500 postos de trabalho e mais outros dois mil postos de
emprego quando os empreendimentos estiverem funcionando.

144 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Já em Recife, estão sendo construídos dois shopping centers
e 12 outlets, com investimentos de US$ 1.065 milhões, e com a
expectativa de que os empreendimentos gerem 4 mil empregos di-
retos e indiretos (BRASIL, 2014a).

Tabela 3 – Distribuição de emprego por subsetor segundo o


número total de vínculos empregatícios - 2000 e
2013
2000 2013
Diferença
Subsetores Var. %
Quant. Part. (%) Quant. Part. (%) absoluta

Serviços 249.369 28,6 585.157 33,6 335.788 134,7


Administração
276.477 31,7 407.603 23,4 131.126 47,4
pública
Comércio 126.488 14,5 313.610 18,0 187.122 147,9
Indústria de
127.008 14,6 226.886 13,0 99.878 78,6
transformação
Construção civil 43.639 5,0 145.286 8,3 101.647 232,9
Agropecuária,
extração 34.089 3,9 42.300 2,4 8.211 24,1
vegetal, caça...
Serviços
Industriais de 13.326 1,5 16.457 0,9 3.131 23,5
Utilidade Pública
Extrativa mineral 1.416 0,2 2.775 0,2 1.359 96,0
Total 871.812 100,0 1.740.074 100,0 868.262 99,6

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados de Brasil (2014b). Ministério do


Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais – RAIS.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 145


Gráfico 2 − Distribuição de emprego por subsetor segundo o
número total de vínculos empregatícios - 2000 e
2013

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados de Brasil (2014b). Ministério do


Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais – RAIS.

Em relação à distribuição de emprego segundo o tamanho da


empresa3, no ano 2000 as firmas de grande porte respondiam por
38,7% dos empregos formais do Estado, enquanto que as Micro,
Pequenas e Médias Empresas (MPEs) ofereciam 61,3% das va-
gas. Em 2013, as oportunidades cresceram de forma considerá-
vel em todos os segmentos, mas, proporcionalmente, o quadro de
distribuição permanece praticamente o mesmo, com aumento da
participação das empresas de grande porte, que passaram a contar
com 41,2% das vagas.
A organização da indústria de transformação e extrativa mine-
ral, em particular, revelava a existência de 128.424 postos de tra-
balho com vínculos empregatícios, em 2000, observando-se uma
concentração no subsetor de fabricação de produtos alimentícios,
bebidas e álcool etílico (46,8%), que empregava 60.158 pessoas
(Tabela 4).

3
O porte adotado está relacionado com o número de vínculos empregatícios por
estabelecimento: a) Micro empresa - até 19 empregados; b) Pequena empresa -
entre 20 e 99; c) Média empresa - entre 100 e 499; d) Grande empresa - acima
de 500.

146 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Em 2013 ocorreu incremento líquido de 101.237 novos pos-
tos de trabalho nas indústrias de transformação e extrativa mineral,
chegando a registrar 229.661, ou seja, 78,8% a mais em relação
ao ano de 2000. Os maiores impactos podem ser observados na
indústria de alimentos e bebidas (com acréscimo de 25.282 postos
de empregos formais), seguido pela confecção de artigos do vestu-
ário (aumento em 12.849 postos de trabalho) e produtos de mine-
rais não metálicos, com a criação de 12.248 postos de trabalho com
vínculo empregatício (Tabela 4).
Nestes dois subsetores, indústria de transformação e extrativa
mineral, grande parte da geração de empregos formais ocorreu em
função dos elevados investimentos, tendo em vista que no período
de 2011 a 2013 foram injetados US$ 3,5 bilhões nestes subseto-
res, ou seja, somando de 58% dos investimentos totais no período.
Somente no polo automotivo no município de Goiana, os investi-
mentos foram na ordem de US$ 241,5 milhões na instalação da
fábrica da FIAT (Itália). Embora o projeto se encontre em fase de
implantação, a montadora deverá entrar em operação ainda neste
ano de 2015. A previsão é que sejam investidos um total de R$
5,1 bilhões para implantar a montadora, onde serão produzidos até
2501 mil veículos por ano, além de uma fábrica de motores, centro
de pesquisas e de provas numa área de 1.400 hectares. Na fase
de implantação, foram criados 7.000 empregos diretos e indiretos.
A expectativa é que sejam gerados 4.500 empregos diretos na linha
de produção do polo automobilístico, de acordo com a Rede Nacio-
nal de Informações sobre Investimento – RENAI (BRASIL, 2014a).
Além da construção da fábrica de automóveis no município de
Goiana, a Fiat Chrysler deverá construir um centro de pesquisa e
desenvolvimento automotivo que será localizado no Parque Tecno-
lógico Porto Digital. O centro projetará componentes para atender
as necessidades do polo automotivo. A expectativa é que sejam
criados 500 empregos diretos para engenheiros e técnicos (BRA-
SIL, 2014a).
Em relação aos investimentos em transporte e armazenagem,
foram investidos US$ 2,6 bilhões na construção de cinco estalei-
ros no Complexo Industrial Portuário de Suape e gerados 2.500
empregos na fase de construção com a expectativa de criar mais
de 12.900 empregos diretos e 33.400 indiretos. O Estaleiro Atlân-

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 147


tico Sul foi o primeiro e o maior empreendimento com capacidade
de processamento de 160.000 toneladas de aço ao ano. O investi-
mento está orçado em US$ 1,4 bilhão, com a previsão de que se-
jam gerados cinco mil empregos diretos e mais 25 mil indiretos. No
segmento de construção e de reparo de embarcações, o Estaleiro
Galisteu investirá US$ 440 milhões, com expectativa de gerar 500
empregos na fase de construção além de outros 4 mil empregos
quando estiver em operação. O Estaleiro Navalmare investiu US$
250 milhões na construção de uma unidade para fabricar estruturas
offshore (como plataformas e decks) com a expectativa de criação
de um mil empregos diretos (PERNAMBUCO, 2015).
Tabela 4 − Indústria de transformação e extrativa mineral
- Distribuição de emprego com vínculos
empregatícios por subsetor - 2000 e 2013
2000 2013
Diferença
Subsetores Var. %
Part. absoluta
Absoluto Absoluto Part. (%)
(%)
Indústria de transformação (A)
Produtos alimentícios e
60.158 46,8 85.440 37,2 25.282 42,0
bebidas
Artigos dovestuário e
10.568 8,2 23.417 10,2 12.849 121,6
acessórios
Produtos de minerais não
9.252 7,2 21.500 9,4 12.248 132,4
metálicos
Outros equipamentos de
213 0,2 11.203 4,9 10.990 5.159,6
transporte
Produtos químicos 7.007 5,5 10.181 4,4 3.174 45,3
Produtos de metal exceto
3.481 2,7 9.915 4,3 6.434 184,8
máq. e equip.
Artigos de borracha e plástico 4.320 3,4 9.538 4,2 5.218 120,8
Móveis e indústrias diversas 4.066 3,2 8.660 3,8 4.594 113,0

Produtos têxteis 6.283 4,9 6.514 2,8 231 3,7

Coque,refino de petróleo,
elabor. de combustíveis 1.560 1,2 6.362 2,8 4.802 307,8
nucleares e prod. de álcool
Máquinas e equipamentos 1.461 1,1 5.502 2,4 4.041 276,6
Produtos de papel e celulose 2.380 1,9 5.434 2,4 3.054 128,3
Máquinas, aparelhos e
3.767 2,9 5.038 2,2 1.271 33,7
materiais elétricos
Manutenção, rep. e inst. de
407 0,3 3.682 1,6 3.275 804,7
máq. e equip.
Veículos automotores,
1.046 0,8 3.489 1,5 2.443 233,6
reboques e carrocerias

continua...

148 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


continuação

Metalurgia 2.032 1,6 3.354 1,5 1.322 65,1

Edição, iImpressão e
3.677 2,9 3.101 1,4 -576 -15,7
reprodução de gravações
Artefatos de couro e calçados 2.796 2,2 2.828 1,2 32 1,1
Produtos de madeira 818 0,6 837 0,4 19 2,3
Equip. de informática,
1.648 1,3 646 0,3 -1.002 -60,8
produtos eletrônicos e ópticos
Produtos do fumo 68 0,1 245 0,1 177 260,3

Indústria de extração mineral (B)


Pedra, areia e argila 765 0,6 1.967 0,9 1.202 157,1
Outros minerais não
537 0,4 538 0,2 1 0,2
metálicos
Carvão mineral 0 0,0 164 0,1 164 -
Minerais metálicos não
0 0,0 97 0,0 97 -
ferrosos
Atividades de apoio à
extração de petróleo e gás 101 0,1 8 0,0 -93 -92,1
natural
Minério de Ferro 13 0,0 1 0,0 -12 -92,3
Total (A+B) 128.424 100 229.661 100 101.237 78,8

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados de Brasil (2014b). Ministério do


Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais – RAIS.

Quanto aos dados de empregos formais disponibilizados pela


RAIS-MTE, verifica-se um crescimento no estoque de empregos
formais que saltou de 871.812 postos de trabalho, em 2000, para
1.740.074 no ano de 2013, aumento em 99,6% com predominância
dos empregos formais em empresas de micro, pequeno e médio
portes.
O crescimento no mercado de trabalho é reflexo dos inves-
timentos na economia de Pernambuco em setores estratégicos,
como a produção e distribuição de eletricidade, gás e água. Como
exemplo, tem-se a implantação de quatro empresas produtoras
de equipamentos eólicos instalados em Pernambuco, com inves-
timento total em US$ 440,54 milhões e perspectiva de gerar mais
de 2.460 empregos diretos. Uma dessas empresas é o empreendi-
mento do GRUPO GESTAMP, que trabalha na produção de torres
eólicas e foi o primeiro empreendimento do setor no Porto de Sua-
pe. O investimento foi na ordem de US$ 107,59 milhões, o empre-
endimento do GRUPO GESTAMP possui a capacidade de produzir
500 torres eólicas por ano, com formação de 508 empregos diretos.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 149


A empresa Iraeta trabalha na produção de flanges, que terá
a capacidade de produzir 5 mil peças por ano para fornecer em-
presas produtoras de equipamentos eólicos (atendendo especifi-
camente a demanda da GESTAMP) com criação de 133 postos
de trabalho.
Já a empresa Impsa (capital de origem da Argentina) produz
em média 500 turbinas eólicas por ano e com investimento de US$
150 milhões tem a perspectiva de formar 320 novos postos de em-
pregos diretos. A Eólice/LM Wind Power trabalha na produção de
pás eólicas, cujo valor dos empreendimentos é da ordem de US$
49,5 milhões, com projeção de produzir em média 900 pás/ano até
o ano de 2016, e depois 1.800 pás por ano, ofertando 1.500 empre-
gos diretos (PERNAMBUCO, 2015; BRASIL, 2014a).
A vocação econômica do estado de Pernambuco para os se-
tores de comércio e serviços contribuiu para que atingisse 107.245
estabelecimentos, dos quais 53.513 surgiram nos últimos anos (au-
mento de 104,5% em relação ao ano de 2000). Somente os setores
de comércio e serviços alcançaram 86.848 estabelecimentos no
ano de 2013, representando 81,0% do total do número de firmas
de Pernambuco.
O crescimento do comércio e serviços impulsiona outros se-
tores, a exemplo da construção civil que gerou 145.286 empre-
gos formais em 2013, aumento em 232,9% em relação ao ano de
2000. Outro indicador que também possibilita mensurar o desen-
volvimento do setor da construção civil é o aumento do consumo
de cimento do estado de Pernambuco. Segundo o Sindicato da In-
dústria de Cimento Nacional (SICN), o ano de 2013 finalizou com
consumo aparente de 2.907 mil toneladas, registrando incremento
de 1.893 mil toneladas, ou seja, aumento em 186,7% em relação
ao ano de 2003.
Na produção e distribuição de eletricidade também são anima-
doras, onde os investimentos previstos para a instalação de uma
termelétrica com a capacidade de gerar 1.452l MW (Grupo Bertin),
além da construção de um terminal de granéis líquidos, que esta-
rá diretamente relacionado ao da Termelétrica, que utilizará óleo
combustível. Os investimentos são na ordem de US$ 1,25 bilhão,
com expectativa de criar 500 empregos diretos e 2 mil empregos

150 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


indiretos, de acordo com a Rede Nacional de Informações sobre
Investimento – RENAI (BRASIL, 2014a).

Referências

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio


Exterior. Projetos de investimento por setor e divisão econômica.
In: Rede Nacional de Informações sobre Investimento - RENAI.
Brasília, DF, 2014a. Disponível em: <http://investimentos.mdic.gov.
br/public/arquivo/arq1407503664.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2014.
______. Ministério do Trabalho e Emprego. Relação Anual de
Informações Sociais - RAIS. Empregos formais no Brasil e
Nordeste 2000 e 2013. Brasília, DF, 2014b.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
Pesquisa básica 2001 a 2013. In: Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua - PNAD Contínua, 2014. Rio
de Janeiro, 2014. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/
pnad/pnadpb.asp>. Acesso em: 11 nov. 2014.
PERNAMBUCO. Complexo Industrial Portuário de Suape.
Disponível em: <http://www.suape.pe.gov.br/home/index.php>
Acesso em: 28 jan. 2015.
PETROBRAS. Refinaria. Disponível em: <http://www.petrobras.
com.br/pt/nossas-atividades/principais-operacoes/refinarias/
refinaria-premium-i.htm>. Acesso em: 20 nov. 2014.
SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DO CIMENTO. Relatório
anual 2012. Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: <http://www.
snic.org.br/relatorio_anual_dinamico.asp>. Acesso em: 17 nov.
2014.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 151


13 Intermediação financeira

Allisson David de Oliveira Martins


Economista. Mestre em Economia

A intermediação financeira se constitui em um importante vetor


do desenvolvimento regional. Nesse sentido, Pernambuco conta
atualmente com 23 instituições financeiras, que atuam através de
611 agências bancárias. Em agosto de 2014, referidos estabele-
cimentos administravam depósitos à vista, dos setores públicos e
privados, no montante de R$ 4,1 bilhões, além de R$ 15,3 bilhões
em depósitos a prazo. Os depósitos em caderneta de poupança
apresentam-se como o mais relevante dentre os produtos de cap-
tação de recursos, tendo em vista o montante de R$ 17,47 bilhões
registrado no mesmo período (BACEN, 2014b).
Pernambuco vem apresentando desempenho superior em
comparação com o Brasil, quando se analisa a evolução do saldo
das operações de crédito. No período de 2004 a 2013, observou-
-se taxa de crescimento anual em empréstimos e financiamentos
da ordem de 28,9% no Estado, enquanto que em nível nacional,
a elevação do crédito registrou taxa de expansão anual de 21,8%.
Pode-se destacar ainda que o crescimento das operações de
crédito em Pernambuco beneficiou tanto as pessoas físicas quanto
as jurídicas. No primeiro caso, o crescimento foi de 28,3%, ao ano,
sendo as operações voltadas essencialmente para o consumo. No
segundo, a expansão alcançou 29,3% ao ano, com operações des-
tinadas fundamentalmente para a produção.
O Gráfico 1 mostra a taxa de expansão do saldo de crédito no
Brasil e no Estado anualmente. Em agosto de 2014, o saldo das
operações de crédito do sistema financeiro em Pernambuco alcan-
çou R$ 68,3 bilhões, obtendo a participação relativa no Nordeste e
Brasil, de 18,8% e 2,4%, respectivamente.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 153


Gráfico 1 – Evolução do saldo de crédito do Sistema Financeiro
Nacional e de Pernambuco - 2005 a 2014 - Variação
em relação ao ano anterior - Em %

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do Bacen (2014a).

Além do crescimento quantitativo dos saldos das operações de


crédito, verifica-se uma melhoria qualitativa das operações do cré-
dito em Pernambuco, haja vista a redução dos índices de inadim-
plência ao longo dos últimos anos. O Índice de Inadimplência no
Estado vem apresentando tendência de convergência com o indi-
cador observado na Região Nordeste (Gráfico 2).

154 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Gráfico 2 – Índices de Inadimplência no Nordeste e Pernambuco
- 2004 a 2014

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do Bacen (2014a).

Em agosto de 2014, o Índice de Inadimplência total de Pernam-


buco registrou 3,9%, ligeiramente abaixo do indicador do Nordeste
(4,0%). Por segmento, a taxa de inadimplência das pessoas físicas
(5,9%) apresentou-se superior em relação ao valor registrado para
pessoas jurídicas (2,1%) (Gráfico 3).

Gráfico 3 – Índice de Inadimplência nos Estados do Nordeste e


Brasil - Agosto de 2014

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do Bacen (2014a).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 155


Por sua vez, as agências financeiras oficiais de fomento1 são
de extrema relevância no sistema financeiro brasileiro, pois essas
entidades fortalecem as economias locais por intermédio da ofer-
ta de recursos financeiros para a implantação, ampliação, moder-
nização e relocalização dos empreendimentos produtivos. Nesse
sentido, os empreendedores pernambucanos obtiveram crescentes
recursos dessas agências de fomento, contribuindo para dinamizar
o nível de atividade econômica através da geração de emprego e
renda.
No período entre 2005 e 2013, verificou-se que o saldo das
operações de crédito das agências oficiais multiplicou-se por um
fator de 6,8 em Pernambuco, resultado de uma taxa de expansão
anual de 27,1%, com destaque para os setores “habitação” e “in-
dustrial”, que registraram taxa de crescimento anual de 40,6% e
36,5%, respectivamente (Tabela 1).
Sob a ótica dos tomadores de recursos, observa-se que o por-
te “Micro” possui maior participação relativa (41,8%), haja vista con-
templar as microempresas, em grande medida devido à presença
nos setores de comércio e serviços, bem como os miniprodutores
rurais e agricultores familiares. Por sua vez, os portes “Pequeno” e
Médio”, apresentaram as taxas anuais de crescimento mais eleva-
das na aplicação de recursos das agências financeiras oficiais de
fomento no período de 2005 a 2013, isto é, 30,9% e 30,0%, respec-
tivamente (Tabela 2).

1
Agências oficiais de fomento: Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Financiadora
de Estudos e Projetos (FINEP), Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Fede-
ral (CEF), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
Agência Especial de Financiamento Industrial (FINAME) e Banco da Amazônia
(BASA).

156 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Tabela 1 – Saldo de aplicação de recursos das agências finan-
ceiras oficiais de fomento - Por setor de atividade
- 2005 a 2013 - (R$ bilhões)
Intermediação Outros
Ano Rural Industrial Comércio Habitação Outros Total
Financeira Serviços
2005 2,10 1,11 0,32 0,96 0,76 0,37 0,94 6,56

2006 1,57 0,96 0,41 1,01 0,91 0,47 1,23 6,56

2007 1,89 1,73 0,52 1,41 1,02 1,01 1,63 9,21

2008 2,08 3,04 0,79 1,91 1,46 1,26 2,04 12,58

2009 2,14 15,20 1,21 1,93 3,18 1,33 2,49 27,48

2010 2,08 14,67 1,55 2,90 4,10 2,04 2,88 30,22

2011 2,00 14,72 2,02 4,10 5,26 2,87 3,51 34,48

2012 2,15 13,77 2,97 4,55 7,42 4,05 4,56 39,47

2013 2,81 13,36 3,34 4,76 8,99 5,67 5,76 44,69

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados de Brasil (2014).

Tabela 2 – Saldo de aplicação de recursos das agências


financeiras oficiais de fomento - Por porte do
tomador - 2005 a 2013 - (R$ bilhões)
Ano Micro Pequeno Médio Grande Total
2005 3,10 0,45 0,47 2,55 6,56
2006 3,51 0,48 0,48 2,09 6,56
2007 4,81 0,62 0,56 3,22 9,21
2008 5,39 1,10 0,97 5,05 12,51
2009 6,11 1,54 1,39 18,44 27,48
2010 7,76 2,13 1,83 18,49 30,22
2011 9,67 2,55 2,56 19,71 34,48
2012 13,81 3,19 3,22 19,25 39,47
2013 18,68 3,84 3,85 18,32 44,69
Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados de Brasil (2014).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 157


Referências

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Economia e finanças. Economia


regional. Crédito. In: Sistema Gerenciador de Séries Temporais.
v 2.1. Brasília, DF, 2014a. Disponível em: <https://www3.bcb.gov.
br/sgspub/localizarseries/localizarSeries. do?method=prepararTela
LocalizarSeries>. Acesso em: 19 nov. 2014.
______. ESTBAN – Estatística Bancária por Município.
Brasília,DF, 2014b. Disponível em: <http://www4.bcb.gov.br/fis/
cosif/estban.asp>. Acesso em: 11 nov. 2014.
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Empresas Estatais. Portarias bimestrais. Orçamento de
investimentos. Empréstimos e financiamentos. Brasília, DF,
2014. Disponível em: <http://www.planejamento.gov.br/ministerio.
asp?index=4&ler=t213>. Acesso em: 19 nov. 2014.

158 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


14 Financiamentos de longo
prazo do Banco do Nordeste

José Alci Lacerda de Jesus


Engenheiro Agrônomo. Especialista em Ecologia e
Avaliação de Recursos Naturais
Mário Sérgio Carvalho de Freitas
Geógrafo. Mestre em Geografia Física
Sâmia Araújo Frota
Economista. Mestre em Administração

As políticas públicas voltadas para o desenvolvimento regional


são importantes instrumentos para a geração de crescimento eco-
nômico com inclusão social. Nesse sentido, o Fundo Constitucional
de Financiamento do Nordeste (FNE) é um dos pilares das ações
de fomento para a Região. O FNE contribui, enquanto política de
financiamento à atividade produtiva, para impulsionar a dinâmica
das economias estaduais da Região, promovendo a redução das
desigualdades intra e inter-regionais.
Assim, a aplicação dos recursos do FNE, planejada e realizada
em articulação com os Governos Estaduais, Ministério da Integra-
ção, a SUDENE, representações dos setores produtivos e órgãos
de apoio à atividade econômica, possibilita que na área de atuação
do Fundo sejam fortalecidas as atividades produtivas, gerando no-
vos negócios, oportunidades de empregos e aumento da arrecada-
ção de tributos.
Nesse contexto, verifica-se no Gráfico 1 que de 2000 a 2014
houve um incremento substancial nos valores contratados com re-
cursos do FNE em Pernambuco, evoluindo de R$ 283,8 milhões em
2000 para R$ 1,9 bilhão em 2014, sendo o valor total aplicado no
período de R$17,3 milhões. Em relação à quantidade de operações
contratadas, ocorreu também um aumento expressivo, saltando de
aproximadamente 13 mil em 2000 para mais de 54,7 mil em 2014,

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 159


ampliando-se substancialmente o acesso ao crédito em benefício
dos empreendedores pernambucanos.

Gráfico 1 – Evolução das contratações com recursos do FNE


em Pernambuco - (R$ milhões)

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE.


Nota: os valores foram atualizados pelo IGP-DI – média anual a preços de
dezembro de 2014, com dados do Ipeadata.

Outro aspecto a destacar é que a participação do PIB de Per-


nambuco na economia do Nordeste oscilou entre 18,4% em 2000
e 19,7% em 2012. O FNE, por sua vez, destinou 14,3% do total
aplicado por essa fonte de financiamento para Pernambuco nesse
período, verificando-se uma trajetória ascendente em anos recen-
tes (Gráfico 2).

160 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Gráfico 2 – Participação de Pernambuco no PIB regional e no
total das contratações do FNE na Região Nordeste
- 2000 a 2012 - Em %

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE, com dados do IBGE (2014).

Em relação ao atendimento às áreas consideradas prioritárias


pela Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), do
Governo Federal, quais sejam as mesorregiões diferenciadas da
Chapada do Araripe e Xingó, a Região Integrada de Desenvolvi-
mento (RIDE) de Petrolina e o semiárido pernambucano, os finan-
ciamentos do FNE alcançaram, em valores atualizados, R$ 1,7
bilhão, R$ 1 bilhão e R$ 5,8 bilhões, respectivamente, consideran-
do-se o período de 2006 a 2014.
Além disso, em sintonia com as políticas públicas de âmbito
nacional de apoio às Micro e Pequenas Empresas (MPEs), Per-
nambuco elevou as aplicações com recursos do FNE para esse
segmento, especialmente a partir de 2006 (Gráfico 3). Esse resul-
tado é compatível com o crescimento dos financiamentos do FNE
para comércio e serviços, principal setor de atuação das MPEs. Os
financiamentos do fundo Constitucional para MPEs saltaram de R$
42,3 milhões em 2006 para R$ 279,3 milhões em 2014, em valores
atualizados, representando um incremento de aproximadamente
560% nas contratações com MPEs (Gráfico 3).

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 161


Gráfico 3 – Evolução das contratações com recursos do FNE
para Micro e Pequenas Empresas em Pernambuco

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE.


Nota: os valores foram atualizados pelo IGP-DI – média anual a preços de
dezembro de 2014, com dados do Ipeadata.

Os agricultores familiares também têm sido beneficiados com


substancial parcela de recursos do FNE, por meio do Programa
Pronaf. Conforme detalhado no Gráfico 4, observa-se uma evo-
lução de R$ 158,7 milhões, em 2000, para R$ 261,3 milhões em
2014. Registre-se, contudo, os efeitos da estiagem, que prosse-
guiu em 2014, contribuíram para uma redução de cerca de 20%
na contratação de recursos no âmbito do Programa, em relação ao
ano de 2013, situação que se espera seja revertida nos próximos
exercícios.

162 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Gráfico 4 – Evolução das contratações com recursos do FNE
para a Agricultura Familiar em Pernambuco

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE.


Nota: os valores foram atualizados pelo IGP-DI – média anual a preços de
dezembro de 2014, com dados do Ipeadata.

Com relação aos financiamentos setoriais, no período de


2000 a 2014, verificou-se maior participação dos setores indústria
(35,9%) comércio e serviços (20,3%), e pecuária (14,8%), confor-
me apresentado no Gráfico 5. A alocação setorial dos recursos do
FNE corresponde à demanda estadual por recursos, que por sua
vez retrata o perfil produtivo estadual. Mudanças na estrutura pro-
dutiva estadual podem ocorrer através da implementação de políti-
cas setoriais, que complementem a ação creditícia.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 163


Gráfico 5 – Participação média dos setores econômicos nos
financiamentos do FNE em Pernambuco - 2000 a
2014

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE.


Nota: os valores foram atualizados pelo IGP-DI – média anual a preços de
dezembro de 2014, com dados do Ipeadata.

Destaca-se ainda o apoio proporcionado a grandes empreen-


dimentos em Pernambuco, em diversos setores, a exemplo da
pecuária, indústria, comércio, serviços e infraestrutura, nos quais
empresas âncoras podem contribuir para estruturar cadeias produ-
tivas estaduais, vez que essas firmas demandam insumos e bens
intermediários que podem ser produzidos por fornecedores locais
de diferentes portes.
Nos últimos quatro anos (2011-2014), por exemplo, foram fi-
nanciados no Estado grandes empreendimentos dos segmentos
automotivo, hoteleiro, vidreiro, de shopping centers, cervejeiro e de
alimentação.
O Gráfico 6 exibe as principais atividades econômicas e sua
participação no total de financiamentos do FNE em Pernambuco
no período 2011-2014, podendo ser observada a diversidade de
segmentos produtivos apoiados.

164 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Gráfico 6 – Principais atividades financiadas com FNE em
Pernambuco - 2000 a 2014

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE.


Nota: os valores foram atualizados pelo IGP-DI – média anual a preços de
dezembro de 2014, com dados do Ipeadata.

Outro aspecto fundamental na aplicação dos recursos do FNE


diz respeito à democratização do acesso ao crédito e à desconcen-
tração da aplicação dos recursos em termos territoriais. Neste con-
texto, o Mapa 1 mostra a distribuição do volume dos financiamentos
por município, no período de 2006 a 2014.
Assim, é possível visualizar que o FNE tem atendido a todos
os municípios de Pernambuco. Contudo, a demanda por recursos
é maior nos principais centros de produção do Estado, especifica-
mente os municípios de Petrolina, Salgueiro, Jardim, Caruaru além
da Região Metropolitana de Recife. Seguem-se as áreas no entor-
no de Araripina, Ouricuri, Serra Talhada, Pesqueira e Garanhuns.
As demais áreas, localizadas em várias regiões do Estado, pos-
suem estruturas produtivas menos desenvolvidas, o que influencia
demanda menor por financiamentos e a consequente aplicação de
recursos, conforme apresentado no Mapa 1.
Referido mapa é um indicativo dos municípios potencialmente
prioritários para ações institucionais integradas, visando ao desen-
volvimento dos empreendimentos rurais e urbanos e à consequen-
te ampliação do apoio do BNB/FNE.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 165


Mapa 1 – Volume de financiamentos do FNE em Pernambuco -
2006 a 2014

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE.


Nota: os valores foram atualizados pelo IGP-DI – média anual a preços de
dezembro de 2014, com dados do Ipeadata.

Em síntese, fica evidenciada a contribuição do FNE como


instrumento para potencializar oportunidades econômicas em Per-
nambuco, a exemplo da informática, fruticultura irrigada, Comple-

166 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


xo Industrial Portuário de Suape, além dos setores agroindustriais
(cadeia sucroalcooleira, processadora de alimentos), mineral, in-
dustrial (metal mecânica, têxtil, calçados), comercial e de turismo,
integrando a parceria do Banco do Nordeste com os Estados na
promoção do desenvolvimento.

Referências

BANCO DO NORDESTE DO BRASIL. FNE 2014. Fundo


Constitucional de Financiamento do Nordeste: programação
regional. Fortaleza, 2014.
DUARTE, A. O. ; SILVA FILHO, G. E. Perfil econômico de
Pernambuco. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2002.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
Contas regionais do Brasil 2002-2008. Rio de Janeiro, 2010.
(Contas Nacionais, n. 32). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/
home/estatistica/economia/contasregionais/2008/publicacao2008.
pdf.>. Acesso em: 11 nov. 2014.
______. Contas regionais do Brasil 2010. Rio de Janeiro, 2012.
(Contas Nacionais, n. 38). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/
home/estatistica/economia/contasregionais/2010/publicacao2010.
pdf.>. Acesso em: 11 nov. 2014.
______. Contas regionais do Brasil 2012. Rio de Janeiro, 2014.
(Contas Nacionais, n. 42). Disponível em: <http://<www.ibge.gov.
br/Contas_Regionais/2012/contasregionais2012.pdf.>. Acesso em:
11 nov. 2014.
INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS APLICADAS.
Ipeadata, temas, renda. Disponível em: <http://www.ipeadata.gov.
br/>. Acesso em: 02 mar. 2015.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 167


15 Considerações finais

Conforme evidenciado no presente perfil social e econômico,


o estado de Pernambuco é detentor de uma expressiva base de
recursos naturais que necessita ser utilizada de forma sustentável
e em prol da maioria da população local. Recentemente, a Unidade
Federativa passou por um amplo processo de transformação. Os
diferentes indicadores econômicos e sociais analisados mostraram
importante avanço, o que se traduziu em melhoria no bem-estar da
população.
Ë importante enfatizar que a economia pernambucana
apresentou uma evolução expressiva, tendo seu PIB e PIB per ca-
pita crescido 78,1% e 63,5% em termos reais, respectivamente, de
2002 a 2012.
Referido crescimento foi alcançado em função das sólidas po-
líticas macroeconômicas adotadas no Brasil, especialmente a partir
de 2003, que possibilitaram a retomada de um projeto nacional de
desenvolvimento que havia sido interrompido nas chamadas “dé-
cadas perdidas” dos anos 1980 e 1990. Com isso, gerou-se incre-
mento nos investimentos produtivos e em infraestrutura no Brasil, e
particularmente em Pernambuco.
Ao mesmo tempo, as políticas sociais implementadas permi-
tiram a inclusão e ascensão social de expressivo contingente de
pessoas. O conjunto dessas políticas contribuiu para a ampliação
do mercado de trabalho e o fortalecimento do setor produtivo ge-
rando um círculo virtuoso de desenvolvimento.
O estado de Pernambuco foi beneficiado por esses resulta-
dos. O estoque de empregos em Pernambuco saltou de 871.812
vagas em 2000 para 1.740.074 em 2013, com aumento expressivo
de 99,6% no período estudado. Paralelamente, o número de esta-
belecimentos formais saltou de 53.513 para 107.245, aumento de
104,5% em relação ao ano de 2000.
Atualmente, projetos de base estão em execução no Estado
visando à redução de gargalos na infraestrutura, contribuindo as-
sim para elevar a competitividade da economia pernambucana, a

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 169


exemplo de obras para ampliar os equipamentos de utilidade públi-
ca, modernizar a logística e os meios de transporte além de fortale-
cer os recursos hídricos.
Cabe mencionar a expansão da ação creditícia e em especial
a atuação das agências oficiais de fomento, particularmente o Ban-
co do Nordeste, que expandiram de forma considerável os financia-
mentos para o setor produtivo no Estado.
Além disso, os investimentos na área social também têm sido
expressivos, tanto que se constatou uma melhoria significativa nas
condições dos domicílios, bem como uma expansão dos serviços
de abastecimento de água, coleta de lixo, distribuição de energia
elétrica e esgotamento sanitário. De fato, ocorreram avanços im-
portantes em Pernambuco nessas áreas em anos recentes.
Os indicadores sociais referentes às dimensões de saúde e
educação também obtiveram incrementos importantes nos últimos
anos. Assim, as diferenças existentes em relação aos demais Esta-
dos tenderam a se reduzir no período analisado.
Apesar dos expressivos avanços verificados nos indicadores
econômicos e sociais, é fundamental reconhecer que existem de-
safios a serem vencidos nos próximos anos. O PIB per capita do
Estado, aproximadamente R$ 14,0 mil em 2012, é superior ao do
Nordeste (R$ 11,7 mil em 2012), mas, ainda é pouco mais da me-
tade do nacional, que alcançou R$ 24,1 mil no mesmo ano. O IDH
de Pernambuco cresceu de 0,440 em 1991 para 0,684 em 2010,
sendo maior que a média para o Nordeste (0,660 em 2010) embora
permaneça inferior em comparação com a média nacional (0,726
em 2010).
Nesse contexto, as estratégias a serem elaboradas e imple-
mentadas devem levar em conta um complexo quadro social e
econômico delineado em um território que sofre crescente pressão
ambiental causada por atividades humanas.
É importante ressaltar que as taxas de crescimento popula-
cional têm diminuído ao longo das últimas décadas, ocorrendo um
progressivo envelhecimento da população.

170 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


A diminuição do ritmo de crescimento da população em Per-
nambuco é reflexo da redução das taxas de fecundidade, natalida-
de e mortalidade, por efeito do processo de urbanização da popu-
lação, da crescente inserção da mulher no mercado de trabalho,
dos avanços da medicina e da melhoria da qualidade de vida da
população.
Atualmente, o número de residentes com idade entre 15 e 64
anos, denominado de População em Idade Ativa (PIA), totaliza 6,6
milhões, superando o número daqueles com idade inferior a 15
anos (1,5 milhão) e superior a 64 anos (647,5 mil), somando 2,1
milhões, que é denominado de População em Idade Inativa (PINA).
Quando a PIA é superior à PINA tem-se uma situação em que
a força de trabalho é relevante no conjunto da população total,
ocorrendo, portanto o chamado “bônus demográfico”. Pernambuco
tem desfrutado dessa situação nos últimos anos.
Por outro lado, a taxa de crescimento populacional tem dimi-
nuído ao longo das últimas décadas, e ao mesmo tempo a popu-
lação idosa aumenta a taxas maiores que o restante das outras
faixas etárias. Em consequência, o bônus demográfico tende a
diminuir no futuro, o que implicará redução da força de trabalho e
exigirá um redesenho nas políticas públicas, principalmente as vol-
tadas para formação profissional de jovens e de assistência médica
e previdenciária para os mais idosos.
A Mesorregião Metropolitana de Pernambuco concentra
41,9% da população estadual. A taxa de urbanização da popu-
lação pernambucana, em 2012, era de 81,2%, a mais alta no
Nordeste, cuja média é de 73,1%, e a mais próxima da nacio-
nal (84,3%). Os municípios mais populosos são Recife, Jaboatão
dos Guararapes, Olinda, Paulista, Caruaru e Petrolina, todos com
população acima de 300 mil habitantes, sendo o Estado um dos
poucos no Nordeste com tantas cidades nessa faixa populacional,
concentrando 39,5% da população total (3,7 milhões de habitan-
tes). A área somada destes municípios é de 6.098,6 km2, gerando
uma densidade demográfica de 601 habitantes/km2, mais de seis
vezes superior à do Estado.
Em paralelo à concentração espacial da população verifica-
-se, também, a manutenção da polarização das principais ativida-

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 171


des econômicas do Estado. A Mesorregião Metropolitana de Recife
detém aproximadamente dois terços do PIB estadual. Algumas das
novas dinâmicas econômicas e os novos eixos de articulação pro-
dutiva reforçam o processo de concentração econômica e popula-
cional nos principais centros urbanos.
A desagregação do Valor Adicionado Bruto (VAB) mostra que
as atividades econômicas do Estado são concentradas em servi-
ços, embora, esse setor tenha reduzido ligeiramente a participação
entre 2002 e 2012, de 73,4% para 72,2%. A agropecuária também
diminuiu sua importância no VAB, que era de 4,9%, em 2002, para
2,7%, em 2012. Por outro lado, a indústria de Pernambuco ganhou
participação nesse período, passando de 21,7%, em 2002, para
25,1%, em 2012.
A diversidade fitogeográfica confere ao estado de Pernambuco
amplas possibilidades de produção agrícola. Além da cana-de-açú-
car, a fruticultura irrigada possui elevada importância na geração de
renda e postos de trabalho. Nos últimos anos ocorreu uma signifi-
cativa expansão de culturas permanentes de alto valor de mercado
nos perímetros irrigados, em detrimento de culturas temporárias,
tanto irrigadas quanto de sequeiro.
A cana-de-açúcar, que continua sendo a principal cultura do
Estado, está perdendo importância relativa em termos de valor da
produção, tendo apresentado também relevante redução da área
colhida, o que reflete diretamente na geração de postos de trabalho
e renda em Pernambuco.
As atividades pecuárias têm experimentado avanços em ter-
mos de crescimento do rebanho e do aumento de produtividade,
em virtude do emprego de novas tecnologias, da cooperação de
instituições técnicas e de fomento e dos incentivos de programas
institucionais.
Pernambuco participa de forma expressiva na indústria nor-
destina. De fato, a participação de Pernambuco no VAB da indústria
regional foi 20,5% em 2012, ano em que esse indicador no Estado
somou R$ 26,4 bilhões.
Além disso, a indústria de Pernambuco está diversificando seu
portfólio. Diversos segmentos da indústria de transformação, até
recentemente inexistentes no Estado, iniciaram suas operações

172 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


nos últimos anos ou estão em fase de implantação a exemplo das
indústrias automotiva, petroquímica e naval.
As mudanças na base produtiva de Pernambuco incrementa-
ram os recursos de arrecadação, embora o Estado ainda seja de-
pendente das transferências constitucionais para executar ações e
projetos. A título de ilustração, a arrecadação de ICMS totalizou R$
11,7 bilhões em 2013 (segundo Estado nesse tipo de arrecadação
no Nordeste), enquanto que as transferências do Governo Federal
por intermédio do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e Fun-
do de Participação dos Municípios (FPM) somaram R$ 6,6 bilhões
nesse mesmo ano.
Na verdade, o índice de dependência financeira de Pernam-
buco, ou seja, a proporção da receita total do Estado que é obtida
através de taxação sobre atividades produtivas, passou de 0,48 em
2000 para 0,58 em 2013 (o indicador mais elevado no Nordeste).
Quando o referido índice se aproxima de 1, significa maior capaci-
dade do ente federativo para gerar suas receitas através da arre-
cadação de tributos. No caso de Pernambuco, aproximadamente
40% das receitas estaduais provêm de fontes não tributarias. Em
termos comparativos, São Paulo tem índice médio de dependência
financeira de 0,9.
O quadro de questões a serem enfrentadas remete à necessi-
dade de se estabelecer uma estratégia de desenvolvimento focada
em ao menos três grandes diretrizes. Primeiramente, é fundamen-
tal a manutenção dos programas sociais para que a redução da po-
breza e a inclusão social prossigam de forma acelerada. Também,
referidas políticas permitem ampliar o mercado consumidor que por
sua vez é indutor do desenvolvimento local.
Além disso, torna-se fundamental intensificar os investimentos
em infraestruturas físicas, de forma que se possa criar um ambien-
te atraente para a geração de novos negócios no Estado, além de
contribuir para melhorar o bem-estar da população.
É importante ainda se desenvolver ações que promovam a
formação de capital humano, buscando-se melhorar os níveis de
qualificação da força de trabalho. A mão de obra adequadamente
preparada cria as bases para a formação de um ambiente inovador

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 173


e amplia a produtividade da economia, favorece uma melhor
distribuição da renda e possibilita maior mobilidade social.
As ações voltadas para expandir a qualificação da força de tra-
balho devem, necessariamente, contemplar a ampliação e melhoria
da qualidade do ensino básico, reduzindo o analfabetismo e promo-
vendo a cidadania. As iniciativas devem, ainda, buscar incrementar
a formação técnica e profissional de forma a qualificar a população
para ingressar no mercado de trabalho.
Em síntese, Pernambuco obteve importante progresso em ter-
mos econômicos e sociais em anos recentes. Apesar dos avanços,
os principais indicadores do Estado ainda são inferiores em com-
paração com as médias nacionais, de forma que a desigualdade
inter-regional continua sendo um tema relevante para o Estado.
Em face dos desafios a serem enfrentados por Pernambuco, as
políticas públicas serão fundamentais para que o Estado possa se
desenvolver de forma sustentável.

174 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Apêndices

1 Informações territoriais
Características geográficas - 2013
 Característica % Nordeste

Área (km²) 98.149 6,31


Extensão da costa litorânea (km) 216 4,17
Número de municípios 185 10,31
Número de distritos 391 12,18

Fonte: IBGE. Anuário estatístico do Brasil 2013.

2 Informações econômicas
Produto Interno Bruto - 2012
Valores
PIB % Participação
Correntes
  R$ milhões % do Nordeste
PIB a preços correntes 117.340 19,71
  R$ 1,00 % do Brasil
Produto Interno Bruto per capita 13.138 58,02

Fonte: IBGE. Contas regionais do Brasil 2012..

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 175


PIB e população por município - 2012
PIB per
PIB(R$ mil Participa- População Participação
Municípios capita(R$
correntes) ção (%) (Pessoas) (%)
correntes)
Total geral 117.340.092 100,00 13.138,48 8.931.028 100,00

Abreu e Lima 1.025.853 0,87 10.771 95.243 1,07


Afogados da
257.336 0,22 7.266 35.416 0,40
Ingazeira
Afrânio 100.779 0,09 5.607 17.975 0,20
Agrestina 148.342 0,13 6.428 23.079 0,26
Água Preta 176.301 0,15 5.218 33.785 0,38

Águas Belas 219.294 0,19 5.378 40.778 0,46

Alagoinha 77.394 0,07 5.632 13.741 0,15


Aliança 200.054 0,17 5.342 37.450 0,42
Altinho 115.397 0,10 5.158 22.371 0,25
Amaraji 127.522 0,11 5.787 22.035 0,25

Angelim 57.279 0,05 5.522 10.372 0,12

Araçoiaba 81.130 0,07 4.358 18.617 0,21


Araripina 495.119 0,42 6.326 78.270 0,88
Arcoverde 580.253 0,49 8.304 69.880 0,78
Barra de Guabiraba 67.088 0,06 5.139 13.054 0,15
Barreiros 259.908 0,22 6.343 40.973 0,46
Belém de Maria 54.617 0,05 4.765 11.463 0,13
Belém do São
132.064 0,11 6.518 20.260 0,23
Francisco
Belo Jardim 974.696 0,83 13.353 72.996 0,82
Betânia 55.188 0,05 4.558 12.109 0,14
Bezerros 436.990 0,37 7.424 58.864 0,66
Bodocó 180.672 0,15 5.064 35.676 0,40
Bom Conselho 322.775 0,28 7.019 45.983 0,51
Bom Jardim 205.548 0,18 5.416 37.949 0,42
Bonito 239.712 0,20 6.386 37.539 0,42
Brejão 65.654 0,06 7.432 8.834 0,10
Brejinho 38.660 0,03 5.287 7.312 0,08
continua...

176 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


continuação
PIB(R$ mil Participa- PIB per capita(R$ População Participação
Municípios
correntes) ção (%) correntes) (Pessoas) (%)
Brejo da Madre de
239.457 0,20 5.178 46.248 0,52
Deus
Buenos Aires 65.362 0,06 5.180 12.618 0,14
Buíque 347.548 0,30 6.520 53.304 0,60
Cabo de Santo
6.006.252 5,12 31.742 189.222 2,12
Agostinho
Cabrobó 255.987 0,22 8.127 31.497 0,35
Cachoeirinha 114.040 0,10 5.974 19.088 0,21
Caetés 142.747 0,12 5.298 26.946 0,30
Calçado 64.983 0,06 5.880 11.051 0,12
Calumbi 32.113 0,03 5.691 5.643 0,06
Camaragibe 931.590 0,79 6.344 146.847 1,64
Camocim de São
102.103 0,09 5.866 17.405 0,19
Félix
Camutanga 189.935 0,16 23.151 8.204 0,09

Canhotinho 127.865 0,11 5.227 24.461 0,27

Capoeiras 113.394 0,10 5.786 19.599 0,22


Carnaíba 94.134 0,08 5.032 18.707 0,21
Carnaubeira da
54.473 0,05 4.543 11.991 0,13
Penha

Carpina 760.686 0,65 9.940 76.527 0,86

Caruaru 3.872.947 3,30 11.950 324.095 3,63

Casinhas 68.741 0,06 4.970 13.830 0,15

Catende 193.782 0,17 4.993 38.812 0,43

Cedro 59.148 0,05 5.395 10.964 0,12


Chã de Alegria 63.865 0,05 5.068 12.601 0,14
Chã Grande 126.392 0,11 6.196 20.399 0,23
Condado 136.117 0,12 5.520 24.658 0,28
Correntes 94.485 0,08 5.438 17.374 0,19
Cortês 100.438 0,09 8.088 12.418 0,14
continua...

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 177


continuação
PIB(R$ mil Participa- PIB per capita(R$ População Participação
Municípios
correntes) ção (%) correntes) (Pessoas) (%)

Cumaru 102.560 0,09 5.871 17.470 0,20


Cupira 142.846 0,12 6.180 23.114 0,26
Custódia 252.502 0,22 7.331 34.442 0,39
Dormentes 135.140 0,12 7.813 17.296 0,19
Escada 528.750 0,45 8.208 64.422 0,72
Exu 170.553 0,15 5.411 31.518 0,35
Feira Nova 113.290 0,10 5.439 20.830 0,23
Fernando de
43.861 0,04 16.137 2.718 0,03
Noronha
Ferreiros 71.345 0,06 6.184 11.537 0,13

Flores 103.305 0,09 4.661 22.162 0,25


Floresta 339.134 0,29 11.315 29.973 0,34

Frei Miguelinho 72.405 0,06 4.996 14.492 0,16

Gameleira 131.490 0,11 4.613 28.503 0,32


Garanhuns 1.389.009 1,18 10.589 131.169 1,47
Glória do Goitá 148.327 0,13 5.073 29.241 0,33
Goiana 872.238 0,74 11.492 75.902 0,85
Granito 39.301 0,03 5.640 6.968 0,08
Gravatá 625.893 0,53 8.040 77.845 0,87
Iati 94.005 0,08 5.092 18.462 0,21
Ibimirim 156.770 0,13 5.732 27.349 0,31
Ibirajuba 43.310 0,04 5.737 7.549 0,08
Igarassu 1.470.899 1,25 14.008 105.003 1,18
Iguaraci 57.925 0,05 4.899 11.824 0,13
Ilha de Itamaracá 144.613 0,12 6.344 22.794 0,26
Inajá 131.372 0,11 6.583 19.957 0,22
Ingazeira 27.090 0,02 6.039 4.486 0,05
Ipojuca 11.595.851 9,88 138.273 83.862 0,94
Ipubi 172.343 0,15 5.966 28.887 0,32
Itacuruba 35.997 0,03 8.044 4.475 0,05
Itaíba 169.402 0,14 6.472 26.175 0,29
continua...

178 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


continuação

PIB(R$ mil Participa- PIB per capita(R$ População Participação


Municípios
correntes) ção (%) correntes) (Pessoas) (%)

Itambé 229.691 0,20 6.477 35.461 0,40


Itapetim 66.333 0,06 4.825 13.748 0,15
Itapissuma 739.543 0,63 30.408 24.321 0,27
Itaquitinga 125.024 0,11 7.708 16.221 0,18
Jaboatão dos
9.480.125 8,08 14.478 654.786 7,33
Guararapes
Jaqueira 57.764 0,05 5.032 11.479 0,13
Jataúba 89.331 0,08 5.508 16.219 0,18
Jatobá 80.060 0,07 5.683 14.087 0,16
João Alfredo 174.901 0,15 5.587 31.305 0,35
Joaquim Nabuco 141.303 0,12 8.971 15.751 0,18
Jucati 67.222 0,06 6.258 10.742 0,12
Jupi 85.314 0,07 6.138 13.899 0,16
Jurema 74.527 0,06 5.083 14.662 0,16
Lagoa de Itaenga 213.423 0,18 10.294 20.733 0,23
Lagoa do Carro 84.951 0,07 5.177 16.408 0,18
Lagoa do Ouro 66.307 0,06 5.388 12.307 0,14
Lagoa dos Gatos 77.763 0,07 4.943 15.731 0,18
Lagoa Grande 244.028 0,21 10.470 23.308 0,26
Lajedo 247.853 0,21 6.646 37.296 0,42
Limoeiro 403.267 0,34 7.287 55.343 0,62
Macaparana 149.770 0,13 6.204 24.142 0,27
Machados 84.432 0,07 5.984 14.109 0,16
Manari 82.115 0,07 4.357 18.847 0,21
Maraial 59.586 0,05 4.982 11.961 0,13
Mirandiba 81.200 0,07 5.605 14.488 0,16
Moreilândia 57.545 0,05 5.222 11.020 0,12
Moreno 386.321 0,33 6.681 57.828 0,65
Nazaré da Mata 288.055 0,25 9.283 31.029 0,35
Olinda 3.687.724 3,14 9.723 379.271 4,25
Orobó 123.574 0,11 5.374 22.996 0,26

continua...

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 179


continuação
PIB(R$ mil Participa- PIB per capita(R$ População Participação
Municípios
correntes) ção (%) correntes) (Pessoas) (%)

Orocó 106.872 0,09 7.895 13.536 0,15


Ouricuri 369.987 0,32 5.648 65.510 0,73
Palmares 533.529 0,45 8.879 60.091 0,67
Palmeirina 46.040 0,04 5.634 8.172 0,09
Panelas 127.826 0,11 4.915 26.005 0,29
Paranatama 68.835 0,06 6.201 11.100 0,12
Parnamirim 131.817 0,11 6.454 20.425 0,23
Passira 140.821 0,12 4.932 28.552 0,32
Paudalho 340.912 0,29 6.519 52.297 0,59
Paulista 2.805.476 2,39 9.161 306.239 3,43
Pedra 143.520 0,12 6.818 21.050 0,24
Pesqueira 439.566 0,37 6.920 63.519 0,71
Petrolândia 816.787 0,70 24.548 33.273 0,37
Petrolina 3.786.065 3,23 12.399 305.352 3,42
Poção 59.353 0,05 5.381 11.029 0,12
Pombos 181.664 0,15 6.964 26.086 0,29
Primavera 118.423 0,10 8.641 13.705 0,15
Quipapá 127.096 0,11 5.189 24.495 0,27
Quixaba 35.311 0,03 5.253 6.722 0,08
Recife 36.821.898 31,38 23.679 1.555.039 17,41
Riacho das Almas 121.940 0,10 6.290 19.387 0,22
Ribeirão 281.938 0,24 6.272 44.950 0,50
Rio Formoso 204.771 0,17 9.157 22.361 0,25
Sairé 82.865 0,07 7.618 10.877 0,12
Salgadinho 41.204 0,04 4.274 9.641 0,11
Salgueiro 626.379 0,53 10.923 57.343 0,64
Saloá 85.886 0,07 5.593 15.355 0,17
Sanharó 126.444 0,11 5.523 22.896 0,26
Santa Cruz 69.404 0,06 4.977 13.946 0,16
Santa Cruz da
53.213 0,05 4.471 11.901 0,13
Baixa Verde
continua...

180 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


continuação
PIB(R$ mil Participa- PIB per capita(R$ População Participação
Municípios
correntes) ção (%) correntes) (Pessoas) (%)
Santa Cruz do
766.084 0,65 8.337 91.891 1,03
Capibaribe
Santa Filomena 61.472 0,05 4.533 13.561 0,15
Santa Maria da Boa
304.324 0,26 7.643 39.816 0,45
Vista
Santa Maria do
71.135 0,06 5.383 13.215 0,15
Cambucá
Santa Terezinha 53.873 0,05 4.852 11.103 0,12
São Benedito do
70.839 0,06 4.945 14.326 0,16
Sul
São Bento do Una 384.994 0,33 7.073 54.433 0,61
São Caitano 198.997 0,17 5.597 35.554 0,40
São João 126.364 0,11 5.864 21.549 0,24
São Joaquim do
110.805 0,09 5.383 20.586 0,23
Monte
São José da Coroa
120.117 0,10 6.384 18.816 0,21
Grande
São José do
173.391 0,15 5.292 32.763 0,37
Belmonte
São José do Egito 199.740 0,17 6.206 32.186 0,36
São Lourenço da
711.930 0,61 6.794 104.782 1,17
Mata
São Vicente Ferrer 117.474 0,10 6.849 17.151 0,19
Serra Talhada 921.058 0,78 11.443 80.489 0,90
Serrita 96.662 0,08 5.220 18.519 0,21
Sertânia 216.363 0,18 6.343 34.109 0,38
Sirinhaém 354.001 0,30 8.553 41.391 0,46
Solidão 30.223 0,03 5.232 5.777 0,06
Surubim 435.891 0,37 7.295 59.751 0,67
Tabira 149.597 0,13 5.585 26.784 0,30
Tacaimbó 65.672 0,06 5.173 12.695 0,14
Tacaratu 107.524 0,09 4.712 22.819 0,26
Tamandaré 193.268 0,16 9.102 21.234 0,24
Taquaritinga do
156.369 0,13 6.089 25.681 0,29
Norte
Terezinha 35.720 0,03 5.251 6.803 0,08
Terra Nova 55.684 0,05 5.841 9.534 0,11
continua...

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 181


continuação

PIB(R$ mil Participa- PIB per capita(R$ População Participação


Municípios
correntes) ção (%) correntes) (Pessoas) (%)

Timbaúba 495.254 0,42 9.281 53.360 0,60


Toritama 387.474 0,33 10.297 37.631 0,42
Tracunhaém 74.319 0,06 5.649 13.155 0,15
Trindade 191.665 0,16 7.165 26.749 0,30
Triunfo 83.384 0,07 5.564 14.987 0,17
Tupanatinga 124.862 0,11 5.000 24.973 0,28
Tuparetama 51.332 0,04 6.457 7.950 0,09
Venturosa 109.213 0,09 6.492 16.823 0,19
Verdejante 48.985 0,04 5.332 9.187 0,10
Vertente do Lério 52.136 0,04 6.707 7.773 0,09
Vertentes 106.729 0,09 5.703 18.716 0,21
Vicência 221.756 0,19 7.149 31.021 0,35
Vitória de Santo
1.950.780 1,66 15.017 129.907 1,45
Antão
Xexéu 72.011 0,06 5.083 14.168 0,16

Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados do IBGE. Produto Interno Bruto
dos municípios, 2012 e Estimativas de população, 1 de julho de 2012.

182 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Finanças públicas - 2013
Receita/despesa     R$ 1,00 correntes
Receita total 30.825.151.111
Receitas correntes 23.945.699.182
Receita tributária 13.442.144.060
Impostos 12.940.709.686
Impostos sobre o Patrimônio e a Renda 1.394.864.448
Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer
710.781.762
Natureza – IR
Imposto sobre a Propriedade de Veículos
625.393.715
Automotores – IPVA
"Imposto sobre Transmissão ""Causa Mortis"" e
Doação de Bens e 58.688.971
Direitos – ITCD"
Impostos sobre a Produção e a Circulação 11.545.845.238
Taxas 501.434.374
Contribuição de melhoria 0
Receitas de contribuições 962.954.881
Receita patrimonial 264.719.666
Receita agropecuária 1.642.831
Receita industrial 760.387
Receita de serviços 114.722.926
Transferências correntes 8.542.446.505
Outras receitas correntes 616.307.927
Receitas de capital 3.817.475.152
Operações de crédito 2.904.059.561
Alienação de bens 6.314.562
Amortização de empréstimos 71.192
Transferências de capital 899.218.301
Outras receitas de capital 7.811.535
Receitas correntes intra-orçamentárias 2.985.240.541
Receitas de capital intra-orçamentárias 76.736.236
Despesa total 26.848.712.055
Despesas correntes 22.443.578.679
Pessoal e encargos sociais 12.490.266.032
Juros e encargos da dívida 462.283.719
Outras despesas correntes 9.491.028.929
Despesas de capital 4.405.133.376
Investimentos 2.813.958.817
Inversões financeiras 956.132.126
Amortização da dívida 635.042.433
Fonte: elaborado pelo BNB/ETENE com dados da Secretaria do Tesouro Nacional.
Execução orçamentária 2013.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 183


Comércio exterior: principais produtos - 2013
Exportações   US$ 1,00 FOB % do Estado
Total 1.991.530.707 100,0
Plataformas de perfuração/
1.154.914.316 58,0
exploração, flutuante
Outros açucares de cana 122.231.871 6,1
Outros açucares de cana, beterraba, sacarose
104.627.072 5,3
quim
Ácido tereftalico e seus sais 100.536.596 5,1
Uvas frescas 73.018.411 3,7
Tereftalato de polietileno em forma primaria 50.972.414 2,6
Consumo de bordo - combustíveis e lubrificantes
41.497.872 2,1
p/ AE
Mangas frescas ou secas 41.037.116 2,1
Outros acumuladores elet de chumbo 35.720.408 1,8
Outras chapas, etc. de outras plasticos , estrati 27.014.389 1,4
Outros produtos 239.960.242 12,1
Importações
Total 6.824.273.894 100,0
"Gasoleo" (óleo diesel) 1.173.917.352 17,2
Outros propanos liquefeitos 672.016.734 9,9
Outras gasolinas, exceto para aviação 621.439.522 9,1
Ácido tereftalico e seus sais 434.757.712 6,4

Querosenes de aviação 246.170.126 3,6

Outros trigos e misturas de trigo c/centeio, exc 204.847.101 3,0


Butanos liquefeitos 118.733.343 1,7
Etilenoglicol (Etanodiol) 104.825.192 1,5
Gás liquefeito de petróleo (GLP) 94.806.662 1,4
P - Xileno 87.863.545 1,3
Outros produtos 3.064.896.605 44,9
Saldo da Balança Comercial -4.832.743.187 -
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Estatísticas
de comércio exterior, dez./2013..

184 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Agropecuária - 2013
Lavoura temporária: Área colhida Quant. Valor prod.(R$
principais produtos (Hectares) produzida mil correntes)
Total 65.396.271 994.114.867 196.083.409
Soja (em grão) (Toneladas) 27.906.675 81.724.477 68.934.365
Milho (em grão) (Toneladas) 15.279.652 80.273.172 26.723.098
Cana-de-açúcar (Toneladas) 10.195.166 768.090.444 42.946.610
Feijão (em grão) (Toneladas) 2.813.506 2.892.599 6.945.591
Arroz (em casca) (Toneladas) 2.353.152 11.782.549 7.545.031
Trigo (em grão) (Toneladas) 2.087.395 5.738.473 3.809.302
Outros 4.760.725 43.613.153 39.179.412
Lavoura permanente: principais produtos
Total 7.983.630 44.370.588 49.206.193
Café (em grão) Total (Toneladas) 2.085.522 2.964.538 12.820.331
Café (em grão) Arábica (Toneladas) 1.620.931 2.320.343 10.377.010
Laranja (Toneladas) 702.200 17.549.536 4.765.624
Castanha de caju (Toneladas) 695.289 109.679 160.294
Cacau (em amêndoa) (Toneladas) 689.276 256.186 1.214.039
Banana (cacho) (Toneladas) 485.075 6.892.622 5.114.222
Outros 1.705.337 14.277.684 14.754.673
Produção física
Leite (Mil litros) 561.829 15,61
Ovos de galinha (Mil dúzias) 178.025 32,48
Ovos de codorna (Mil dúzias) 7.986 43,82
Mel de abelha (Quilogramas) 502.539 6,67
Efetivo do rebanho (cabeças) % do Estado
Total 45.925.084 100,00
Bovino 1.823.230 3,97
Equino 128.027 0,28
Bubalino 8.327 0,02
Suíno - total 399.309 0,87
Suíno - matrizes de suínos 96.205 0,21
Caprino 1.976.398 4,30
Ovino 1.830.647 3,99
Galináceos - total 28.493.693 62,04
Galináceos - galinhas 10.601.938 23,09
Codornas 567.310 1,24
continua...

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 185


continuação
Produção de pescado (t) % do Estado
Total Geral 27.647,30 100,0
Pesca Extrativa 14.849 53,7
Marinha 10.880 39,4
Continental 3.969 14,4
Aqüicultura 12.798 46,3
Marinha 4.555 16,5
Continental 8.243 29,8
Nº de estabelecimentos agropecuários por atividade econômica % do Nordeste

Total 304.790 12,4


Lavoura temporária 134.177 12,5
Horticultura e floricultura 15.229 24,3
Lavoura permanente 23.388 9,9
Sementes, mudas e outras formas de
165 16,7
propagação vegetal
Pecuária e criação de outros animais 125.992 13,0
Produção florestal - florestas
2.727 9,7
plantadas
Produção florestal - florestas nativas 2.400 3,1
Pesca 445 9,8
Aquicultura 267 7,3

Fonte: elaborados pelo BNB, ETENE com dados do IBGE. Produção Agrícola
Municipal, 2013; Produção Pecuária Municipal, 2013 e Censo Agropecuário,
2006; Ministério da Pesca e Aquicultura. Estatística da Pesca e Aquicultura,
2011.
.
Nota: os dados de produção de pescado refere-se ao ano de 2011.

186 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Energia elétrica - 2012
Consumo de energia elétrica (GWh) % do Estado
Total 12.935 100,00
Residencial 4.563 35,28
Industrial 3.414 26,39
Comercial 2.548 19,70
Rural 665 5,14
Poder público 665 5,14

Iluminação pública 417 3,22

Serviço público 617 4,77


Consumo próprio 47 0,36

Fonte: Empresa de Pesquisa Energética. Anuário estatístico de energia


elétrica, 2013.

Número de intermediários financeiros - 2013


Intermediário  Quantidade % do Nordeste

Banco do Nordeste do Brasil S.A. 24 11,43


Demais Estabelecimentos bancários 605 16,76
Fonte: Bacen. Estatística bancária por município, dez./2013.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 187


3 Informações sociais

Características da população - 2013


População residente¹ Mil pessoas % do Estado
Total 9.223 100,00
Por sexo
Homens 4.379 47,5
Mulheres 4.844 52,5
Por situação de domicílio
Urbana 7.524 81,6
Rural 1.699 18,4
Taxa de urbanização (%)¹ 81,6
Densidade Demográfica (hab/km²)¹ 94,0

Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2013.

Índices de Desenvolvimento Humano e distribuição de renda


Índice Nº Índice
IDH - M (1991) 0,440
IDH - M (2000) 0,544
IDH - M (2010) 0,673
Índice de Gini (2012) 0,502
Fontes. PNUD. Atlas do desenvolvimento humano 2013 e
Ipea. Ipeadata.

188 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Educação - 2012
Taxa de analfabetismo
Pessoas de 05 anos ou mais de idade 15,6
Média de anos de estudo: 15 anos ou mais
Pessoas de 10 anos ou mais de idade 6,67
Distribuição dos estudantes por rede de ensino
Pública 73,3
Particular 26,8
Distribuição dos estudantes por rede e nível de
ensino
Pré-escolar
Pública 53,24
Particular 46,76
Fundamental
Pública 79,37
Particular 20,63
Médio
Pública 88,37

Particular 11,63

Superior
Pública 31,16
Particular 68,84
Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (2013).

Saúde
Ítem  Quantidade % da Região

Número de estabelecimentos de Saúde (2013) 8.342 14,46

Número de postos de Saúde (2013) 331 7,63


Médicos por mil habitantes (2010) 1,37 -
Leitos por mil habitantes (2012) 2,33 -
Taxa de mortalidade infantil (%) (2011) 18,08 -
Fonte: Departamento de Informática do SUS - DATASUS. Informações de
Saúde/TABNET.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 189


Emprego e renda - 2013
População de 10 anos ou mais Mil pessoas % do Estado
População em Idade Ativa (PIA) 7.865 100,00
População Economicamente Ativa (PEA) 4.171 53,0
População Ocupada 3.815 48,5

PIA: por classes de rendimento mensal


(salários mínimos)

Total 7.866 100,00


Até 1/2 961 12,22
Mais de 1/2 a 1 1.934 24,59
Mais de 1 a 2 1.495 19,01
Mais de 2 a 3 404 5,14
Mais de 3 a 5 220 2,80
Mais de 5 a 10 129 1,64
Mais de 10 a 20 40 0,51
Mais de 20 17 0,22
Sem rendimento 2.467 31,36
Sem declaração 199 2,53
Vínculos empregatícios formais Unidades
Total 1.758.482 100,00
Indústria 262.053 14,90
Construção Civil 145.286 8,26
Comércio 313.610 17,83
Serviços e Administração Pública 992.760 56,46
Agropecuária, extr vegetal, caça e pesca 44.773 2,55
Estabelecimentos Unidades
Total 107.245 100,00
Indústria 11.479 10,70
Construção Civil 4.876 4,55
Comércio 48.335 45,07
Serviços e Administração Pública 39.188 36,54
Agropecuária, extr vegetal, caça e pesca 3.367 3,1
Fontes: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2013 e Ministério
do Trabalho e Emprego. Relação Anual das Informações Sociais – RAIS,
2013..

190 P e r fil S oc ioe c o nô m i co dE P ERN AM BUCO


Características dos domicílios - 2013
Domicílios particulares permanentes Mil Unidades % do Estado
Total 2.914 100,00
Condição de ocupação
Próprios 2.175 74,64
Alugados 543 18,63
Cedidos 185 6,35
Outros 11 0,38
Domicílios por serviços básicos
Acesso à rede geral de abastecimento de água 2.402 82,45
Acesso à rede coletora de esgoto ou pluvial 1.527 52,40
Coleta de lixo¹ 2.325 79,80
Acesso à energia elétrica 2.910 99,88
Domicílios por existência de bens duráveis
Telefone fixo 38 1,31
Telefone celular 1.989 68,28
Telefone fixo e celular 544 18,67
Rádio 2.327 79,87
Televisão 2.832 97,20
Geladeira 2.781 95,46
Microcomputador 1.054 36,16
Máquina de lavar roupa 975 33,45
Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2013.

P e rf i l S oc ioec on ôm ic o d E PERNA MB U CO 191


4 Informações políticas
Eleições 2014: número de votos válidos - por cargo eletivo e
partidos políticos
Partido Dep. Estadual Dep. Federal Senador Governador
DEM 47.882 88.250 - -
PC do B - 85.053 - -
PDT 111.190 86.739 - -
PHS 30.115 28.585 - -
PMDB 157.740 227.470 - -
PMN - - - -
PP 290.301 283.567 - -
PPS - - - -
PRB 49.993 - - -
PRP 27.660 - - -
PRTB - - - -
PSB 927.169 1.068.942 2.655.912 3.009.087
PSC - 103.461 - -
PSD 132.040 100.875 - -
PSDB 48.459 367.862 - -
PSDC - - - -
PSL 42.101 - - -
PT 155.552 - - -
PT do B - - - -
PTB 283.226 375.254 - -
PTC 52.559 - -
PR 157359 266.491 - -
PROS 19.794 - - -
PSOL 30.435 - - -
PTN - - - -
PEN - - - -
SD 49.579 - - -
PV - - - -
Fonte: Tribunal Superior Eleitoral. Informações e dados estatísticos sobre as
eleições, 2014.

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