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Campinas
2009
Agradecimentos
Resumo
Este trabalho de graduação faz uma análise das centrais hidrelétricas de pequeno porte, hoje
em dia denominadas Pequenas Centrais Hidrelétricas. Inicialmente, é apresentado um breve
histórico do setor elétrico brasileiro, e de como as centrais hidrelétricas, tanto as de pequeno
como as de grande porte, foram essenciais para o seu desenvolvimento no Brasil. Também é
mostrado como funciona o processo de implantação de uma PCH, a obra civil, o maquinário
eletro-mecânico e os arranjos utilizados nestas usinas. Para a realização deste trabalho,
também foram feitas visitas técnicas a duas centrais hidrelétricas de pequeno porte: PCH
Salto Grande, em Campinas-SP, e PCH Mogi Guaçu, em Mogi Guaçu-SP. No capítulo 2 é
feito o relatório dessas visitas. Em seguida, foi feita uma explicação do que é uma PCH,
segundo a definição da ANEEL, assim como dos conceitos de Geração Distribuída, e uma
breve análise do PROINFA, programa do Ministério de Minas e Energia que visa aumentar a
participação das fontes alternativas de energia na matriz brasileira, e como ele afetou a
construção de novas PCHs no país. Também são apresentados alguns casos onde a construção
de novas PCHs causou ou está causando problemas junto à sociedade ou o ambiente e o
impacto negativo que essas usinas estão trazendo a essas comunidades. Por fim é apresentado
um panorama da matriz elétrica brasileira atual, e as projeções de crescimento, feitas pela
Empresa de Pesquisa Energética, bem como o as estimativas da participação das PCHs na
matriz energética no futuro.
Palavras Chave
Pequenas Centrais Hidrelétricas; PROINFA; Usinas Hidrelétricas; Barragens; Geração
Distribuída.
3
LISTA DE FIGURAS
Figura 21 – Inicio da Tomada d'água, com a grade de limpeza (Foto do autor, 26/06/09)
.............................................................................................................................................32
Figura 22 - Canal de Adução (Foto do autor, 26/06/09) ...............................................33
Figura 23 – Final do canal de adução e comporta da Câmara de Carga (Foto do autor,
26/06/09)..............................................................................................................................33
Figura 24 - Parte superior da Câmara de Carga (Foto do autor, 26/06/09) ....................34
Figura 25 - Condutos Forçado (Foto do autor, 26/06/09) .............................................34
Figura 26 - Casa de Força (Foto do autor, 26/06/09) ....................................................35
Figura 27 - Antigo Painel de Controle da Usina (Foto do autor, 26/06/09) ...................36
Figura 28 - Vista geral das Turbinas Hidráulicas (Foto do autor, 26/06/09)..................36
Figura 29 – Da direita para a esquerda: Gerador, Volante de Inércia, Multiplicador,
Mancal e Unidade de Lubrificação (Foto do autor, 26/06/09)................................................37
Figura 30 - Saída do Canal de Fuga (Foto do autor, 26/06/09) .....................................37
Figura 31 – Subestação Elevadora (Foto do autor, 26/06/09) .......................................38
Figura 32 - Micro Usinas Hidrelétricas (Foto do autor, 26/06/09) ................................39
Figura 33 - Barragem da Usina de Mogi Guaçu (Foto do autor, 10/07/09) ...................40
Figura 34 - Escada para Peixes (Foto do autor, 10/07/09) ............................................40
Figura 35 – Reservatório à Montante da Barragem (Foto do autor, 10/07/09) ..............41
Figura 36 - Tomada d'água, à direita grade de contenção da vegetação aquática (Foto do
autor, 10/07/09) ....................................................................................................................42
Figura 37 - Jusante da Barragem (Foto do autor, 10/07/09)..........................................42
Figura 38 - Saída do Canal de Fuga, e da água drenada da casa de força (Foto do autor,
10/07/09)..............................................................................................................................43
Figura 39 - Saída da Água Turbinada (Foto do autor, 10/07/09)...................................43
Figura 40 - Turbinas Hidráulicas tipo Kaplan S Horizontal e comando de abertura das
palhetas (Foto do autor, 10/07/09) ........................................................................................44
Figura 41 - Painéis de Controle e Reguladores e Tensão (Foto do autor, 10/07/09) ......44
Figura 42 – Multiplicador de Velocidade (Foto do autor, 10/07/09).............................45
Figura 43 – Gerador Síncrono (Foto do autor, 10/07/09)..............................................45
Figura 44 - Subestação Elevadora (Foto do autor, 10/07/09) ........................................46
Figura 45 - Projeção dos requisitos de expansão da oferta na rede (Fonte: EPE, 2008b,
p. 47)....................................................................................................................................67
Figura 46 - Potencial Energético de pequenos aproveitamentos hidrelétricos (Fonte:
EPE, 2008b) .........................................................................................................................68
5
LISTA DE TABELAS
SUMARIO
1. Introdução: Histórico, Construção e Operação de Usinas Hidrelétricas ......................1
1.1 Histórico..............................................................................................................1
1.2 Construção...........................................................................................................6
1.2.1 Procedimentos de Implantação......................................................................6
1.2.2 Arranjo e Tipo das Estruturas........................................................................8
1.2.3 Obra Civil ...................................................................................................11
1.2.4 Maquinário Eletro-mecânico .......................................................................13
1.2.4 Tipos de Usinas Hidrelétricas quanto à Capacidade de Regularização .........27
1.3 Operação ...........................................................................................................28
2. Relatório das Visitas Técnicas .................................................................................29
2.1 PCH Salto Grande .............................................................................................29
2.2 PCH Mogi Guaçu ou Cachoeira de Cima ...........................................................39
2.3 Considerações....................................................................................................46
3. Conceitos e Programas Institucionais.......................................................................48
3.1 Definição de PCHs ............................................................................................48
3.2 O PROINFA ......................................................................................................48
3.3 Geração Distribuída ...........................................................................................53
3.3.1 Geração Distribuída Isolada ........................................................................54
3.3.2 Geração Distribuída Interconectada.............................................................54
3.4 Outros Incentivos as PCHs.................................................................................55
4. Problemas Sociais e Conseqüências Ambientais ......................................................56
4.1 PCH Aiuruoca - MG..........................................................................................56
4.2 O Movimento Cachoeiras Vivas – MG/SP .........................................................57
4.3 Bacia do Rio Juruena – MT ...............................................................................58
4.4 Bacia do Rio Doce – MG...................................................................................60
4.5 PCH Mosquitão – GO........................................................................................62
5. Panorama Energético Atual e Perspectivas de Expansão ..........................................65
5.1 Matriz Energética Atual .....................................................................................65
5.2 Cenário Futuro: Plano Decenal de Expansão de Energia - PDE (2008-2017) e o
Plano Nacional de Energia para 2030 – PNE 2030............................................................67
6. Conclusão................................................................................................................70
Bibliografia .................................................................................................................72
1. Introdução: Histórico, Construção e Operação de Usinas
Hidrelétricas
1.1 Histórico
A energia potencial de rios e córregos vem sendo aproveitada desde a antiguidade, onde
chineses, romanos e diversos povos utilizavam moinhos e rodas d’água para moer grãos ou
minérios. Nesses moinhos d’água, a água atingia as pás de grandes rodas, normalmente de
madeira, fazendo-as girar lentamente e conseqüentemente movendo as pedras de moer.
Princípios semelhantes também eram usados para bombear água em sistemas de irrigação,
serrar madeira ou mover maquinas simples em fabricas no inicio da revolução industrial.
Figura 1 - Primeira Usina Hidrelétrica do Mundo, em Appleton, EUA (Fonte: Américas Library)
(MG), com modestos 500kW de potência1. Seis anos depois, a usina Marmelos-Zero, no rio
Paraibuna em Juiz de Fora (MG), que com 4MW de potencia instalada, passou a ser a
primeira de grande porte no Brasil2.
Figura 2 - Usina de Marmelos-Zero, em Juiz de Fora, MG (Fonte: Prefeitura Municipal de Juiz de Fora)
1
Disponível em: <http://www.acendebrasil.com.br/archives/files/20080819_DCI_Homem_Usina.pdf>
acessado em: 3-6-09
2
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Usina_Hidrelétrica_de_Marmelos> acessado em: 3-6-09
3
Disponível em: <http://www.escelsa.com.br/aescelsa/historia-ee-brasil.asp> acessado em: 20/06/09
3
As usinas instaladas nessa época já eram maiores, mas ainda visavam atender uma região
próxima da geração.
O passo seguinte de enorme importância no programa de expansão da indústria de
eletricidade no Brasil foi dado com a Eletrobrás (Centrais Elétricas Brasileiras S.A.), criada
pela lei n. 3890-A, de 25 de abril de 1961, e instalada em junho de 1962. Sob a jurisdição do
Ministério de Minas e Energia, é responsável pela execução da política de energia elétrica no
país. Opera como empresa holding, através de quatro subsidiárias de âmbito regional: a
Eletronorte (Centrais Elétricas do Norte S.A.) na região Norte; Chesf (Companhias
Hidrelétricas do São Francisco S.A.) na região Nordeste; Furnas (Furnas Centrais Elétricas
S.A.) na região Sudeste e Eletrosul na região Sul.
Com a criação da Eletrobrás, e uma política de desenvolvimento energético adotada
pelo governo militar, passou-se a dar prioridade a grandes usinas hidrelétricas, como Itaipu,
com potência instalada de 14.000 MW, e pequenas usinas foram deixadas de lado das
políticas estatais, e muitas vezes desativadas, por não conseguirem competir com os custos de
operação e capital das grandes usinas. Entretanto, usinas hidrelétricas de pequeno porte
continuaram a ser construídas pela iniciativa privada. Segundo Maranhão (2004) “(...) mesmo
na fase mais característica do gigantismo estatal: em 1962, por exemplo, no momento da
criação da Eletrobrás e da inauguração de Furnas, a empresa Orsa Celulose, Papel e
Embalagens punha em funcionamento os 4.000 kW da usina de Catas Altas, em Ribeira”.
Na análise histórica das Pequenas Centrais Hidrelétricas de Maria Fernanda Pinheiro,
em sua tese de mestrado, argumenta:
Contudo, a partir da década de 1980, foram criados programas de
incentivo à implantação de pequenas centrais hidrelétricas, através do
Governo Federal e seu Programa Nacional de Pequenas Centrais
Hidrelétricas (PNPCH), do MME. Nessa época, a Eletropaulo, por
exemplo, passou a estudar a viabilidade econômica e o interesse social
e ambiental para reativar algumas de suas usinas antigas, assim como
despertou para o interesse cultural em preservar um patrimônio
histórico representado por estas usinas (MARANHÃO, 2004, p. 237).
O PNPCH promoveu estudos, cursos, subsídios técnicos e legais, mas
os resultados foram muito aquém dos esperados, pois a opção pela
geração em usinas de maior porte era priorizada; havia um cenário
econômico nacional de recessão (1984/1993); e existiam vantagens no
4
Figura 3 - Usina Hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do mundo (Fonte: Itaipu Binacional)
1.2 Construção
Figura 5 - Esquema de construção de uma PCH com queda Natural Localizada (fonte: European
Comission, 2001)
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Figura 6 - Foto de satélite da PCH Salto Grande, onde a água é levada pelo canal de adução (de baixa
pressão) aos condutos forçados (de alta pressão), e depois à casa de força (Fonte: Google)
Nesses locais, onde o desnível é criado pela própria barragem, tem-se, normalmente, um
arranjo compacto com as estruturas alinhadas e com a casa de força localizada no pé da
barragem.
A adução é feita através de uma estrutura de tomada d’água, convencional, incorporada
ao barramento e à casa de força.
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Figura 7- Esquema de construção de uma PCH sem Queda Natural Localizada (fonte: European
Comission, 2001)
Figura 8 - Foto de satélite da PCH Mogi Guaçu, exemplo de usina onde a casa de força é incorporada à
barragem. (Fonte: Google)
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Barragens
As barragens são estruturas que tem como objetivo represar a água do rio, visando, com
a elevação do nível d’água, possibilitar a alimentação da tomada d’água, ou no caso de PCHs
de Acumulação, criar o reservatório que irá normalizar a vazão d’água durante a época seca.
Em usinas com uma baixa queda, a barragem também tem como função criar o desnível
necessário para a produção da energia desejada. As barragens costumam ser de terra, rochas
ou concreto.
Vertedouro
Vertedouro é o local por onde a água que não será turbinada passe através da barragem
de forma segura, sem causar danos à mesma ou aos equipamentos da usina. Normalmente a
água pode verter naturalmente (por cima da barragem), através de comportas instaladas na
barragem ou então por um canal lateral.
Tomada d’Água
É o local onde a água que irá alimentar as turbinas é retirada do rio. Normalmente existe
algum tipo de grade para impedir que corpos flutuantes que possam vir a danificar as turbinas
adentrem o canal de adução.
A tomada d’água deve estar localizada sempre que possível junto a margem do
reservatório ao longo de trechos retos, ou no caso de trechos curvos, deve estar localizada no
lado côncavo, a fim de evitar acumulação de sedimentos, que se depositam na parte convexa.
Canal de Adução
É o canal por onde a água é levada da tomada d’água até a câmara de carga e os
condutos forçados. Normalmente se encontra a céu aberto, mas em alguns casos essa opção
pode não ser viável, e tubulações em baixa pressão podem ser utilizadas. Há um pequeno
desnível entre o começo e o fim do canal de adução, para que a água captada na tomada
d’água se dirija até o fim do canal e à câmara de carga.
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Câmara de Carga
Chaminé de Equilíbrio
Conduto Forçado
É a tubulação que leva a água, sob pressão, da câmara de carga até as turbinas.
Normalmente são construídos em aço ou concreto, e ficam apoiados em blocos de pedra ou
concreto, chamados de blocos de sustentação, e engastado nos chamados blocos de
ancoragem.
Há um grande desnível entre o começo e o fim do conduto forçado, para fornecer a
queda necessária para que a água forneça energia suficiente para a turbina.
Casa de Força
É o canal por onde a água, após passar pelas turbinas, é retornada ao rio, ficando após a
casa de força, desembocando na bacia de dissipação, que é construída especialmente para
dissipar a energia da água turbinada, para evitar a erosão do rio. Bacias de dissipação também
são encontradas próximo aos vertedouros, para o mesmo fim.
Figura 9 - Turbina, Volante de Inércia, Gerador Síncrono e Excitatriz de uma PCH (Fonte: Acervo GE)
Turbina Hidráulica
mecanismo, a água chega ao rotor da turbina, onde a energia cinética é transferida para o
rotor, na forma de torque e velocidade de rotação. Após passar pelo rotor, um duto chamado
tubo de sucção conduz a água até a parte de jusante do rio, no nível mais baixo. As turbinas
hidráulicas para PCHs podem ser montadas com tanto com o eixo no sentido horizontal
quanto vertical.
Na figura 10 podemos ver um diagrama com as faixas de operação dos tipos de turbinas
hidráulicas.
Figura 10 - Faixas de Operação dos tipos de Turbina Hidráulica (Fonte: Eletrobrás, 2000)
A potência de uma turbina hidráulica pode ser calculada pela seguinte expressão:
P = ρQHgη
Onde, em unidades do sistema internacional de unidades (SI)
• Potência(P): Watt(W)
• Queda(H): m
• Densidade (ρ): kg/m3
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Uma turbina é constituída basicamente por cinco partes: caixa espiral, pré-distribuidor,
distribuidor, rotor e eixo, tubo de sucção.
a) Caixa espiral
É uma tubulação de forma toroidal que envolve a região do rotor. Fica integrada à
estrutura civil da casa de força, não sendo possível ser removida ou modificada sem obras
específicas, e tem como objetivo distribuir a água igualmente na entrada da turbina. É
fabricada com chapas de aço carbono soldadas em segmentos. A caixa espiral conecta-se ao
conduto forçado na secção de entrada, e ao pré-distribuidor na secção de saída.
b) Pré-distribuidor
c) Distribuidor
palhetas tem o seu movimento conjugado, isto é, todas se movem ao mesmo tempo e de
maneira igual, cujo acionamento é feito por pistões hidráulicos. O distribuidor controla a
potência da turbina, pois regula vazão d’água. É um sistema que pode ser operado
manualmente ou em modo automático, tornando o controle da turbina praticamente isento de
interferência do operador.
d) Rotor e eixo
e) Tubo de sucção
Duto de saída da água, geralmente com diâmetro final maior que o inicial, desacelera o
fluxo da água após esta ter passado pela turbina, devolvendo-a ao rio parte jusante da casa de
força.
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Tipos de Turbina
a) Turbina Kaplan
São adequadas para operar entre quedas de 20 m até 50 m. A única diferença entre as
turbinas Kaplan e a Francis é o rotor. Este se assemelha a um propulsor de navio (similar a
uma hélice) com duas a seis as pás móveis. Um sistema de embolo e manivelas montado
dentro do cubo do rotor, é responsável pela variação do angulo de inclinação das pás. O óleo é
injetado por um sistema de bombeamento localizado fora da turbina, e conduzido até o rotor
por um conjunto de tubulações rotativas que passam por dentro do eixo. O acionamento das
pás é acoplado ao das palhetas do distribuidor, de modo que para uma determinada abertura
do distribuidor, corresponde um determinado valor de inclinação das pás do rotor.
b) Turbina Francis
São o tipo mais comum de turbinas hidráulicas em operação. Adequadas para operar
entre quedas de 40 m até 400 m. Seu principio de operação assemelha-se ao de uma roda
d´água, em que a água, ao passar pela turbina, perde pressão, transferindo energia para o
rotor, fazendo-o girar.
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c) Turbina Pelton
São adequadas para operar entre quedas de 350 m até 1100 m, sendo por isto mais
comuns em países montanhosos.
Este modelo de turbina opera com velocidades de rotação maiores que os outros, e tem
o rotor de característica bastante distintas. A turbina possui bocais, que lançam jatos d’água
de encontro à “conchas” presentes no rotor, gerando movimento. O número normal de bocais
varia de dois a seis, igualmente espaçados angularmente para garantir um balanceamento
dinâmico do rotor. Dependendo da potência que se queira gerar podem ser acionados os 6
bocais simultaneamente, ou apenas cinco, quatro, etc.
d) Turbina Bulbo
O sistema de regulação em unidades de PCH tem por objetivo inicial permitir a tomada
de velocidade até a rotação nominal de projeto e posterior sincronização da unidade com a
rede elétrica. A seguir, o regulador comanda a tomada de carga até o valor estipulado pelo
operador, permanecendo no monitoramento desse valor e certificando que a unidade está
sincronizada coma rede. Em caso de ligação com rede elétrica de grande porte, a unidade
geradora acompanha a freqüência da rede, e o regulador passa a ter a função de controlar a
potência ativa fornecida pela máquina.
O regulador de velocidade é formado por duas partes distintas: a parte eletro eletrônica
e a parte hidráulica ou atuador, sendo a ligação entre as partes feita pela válvula proporcional.
O atuador, constituído de bomba, filtro, acumulador de pressão, válvulas distribuidoras e
acessórios, possibilita a chegada de óleo sob pressão até o servomotor hidráulico ligado ao
distribuidor ou ao injetor (no caso de turbinas tipo Pelton) da turbina. O distribuidor ou o
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injetor regula a vazão de água passando pelo rotor, controlando desse modo a variação de
potência fornecida pela turbina.
O sistema de regulação de tensão serve para garantir que a tensão da energia gerada na
usina mantenha-se constante, variando dentro de uma margem de erro estipulada por norma.
Comportas
Válvulas de Segurança
Gerador Elétrico
a) Rotor (campo)
b) Estator (armadura)
Parte fixa da máquina, montada em volta do rotor de forma que o mesmo possa girar em
seu interior, também constituído de um material ferromagnético envolto em um conjunto de
enrolamentos distribuídos ao longo de sua circunferência. Pelo estator circula toda a energia
elétrica gerada, sendo que tanto a voltagem quanto a corrente elétrica que circulam são
bastante elevadas em relação ao campo, que tem como função apenas produzir um campo
magnético para "excitar" a máquina de forma que seja possível a indução de tensões nos
terminais dos enrolamentos do estator.
Principio de Funcionamento
Volante de Inércia
Nas unidades geradoras de pequeno porte pode ocorrer que o efeito de inércia (GD2)
das massas girantes seja insuficiente para garantir uma regulação de velocidade estável. Nesse
caso, o regulador não terá capacidade para controlar as variações bruscas de carga na unidade
geradora, dentro das condições de regulação estabelecidas.
Quatro grandezas tem um inter-relacionamento na variação brusca de carga e em suas
conseqüências. São elas: efeito de inércia das massas girantes, velocidade de fechamento do
distribuidor, sobrevelocidade transitória da unidade e sobrepressão no conduto de adução.
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Transformadores Elevadores
Sistemas de Proteção
A maioria das PCHs modernas possui algum tipo de automação em sua operação. O
barateamento de sensores, atuadores e controladores lógico programáveis tem permitido que
essa automação, antes restritas a usinas de grande porte, envolvendo soluções complexas e
equipamentos de custo relativamente elevado, venha a ser aplicada em usinas menores. Em
algumas pequenas centrais, toda a operação pode ser controlada remotamente, necessitando de
um operador apenas para situações emergenciais.
A definição do sistema de supervisão e controle de uma PCH é essencialmente uma
decisão econômica. Basicamente devem ser analisadas e comparadas duas possibilidades: a
operação convencional, por meio de operadores ou a automação ou semi-automação da usina.
A automação ou semi-automação de uma usina apresenta as seguintes vantagens:
• Redução dos custos operacionais
• Ganhos de qualidade sobre o processo
• Melhor utilização do pessoal
• Maior agilidade operativa
• Melhor utilização dos recursos disponíveis
• Melhor produtividade
No caso específico das pequenas centrais hidroelétricas, os investimentos recomendados
no processo de automação ou semi-automação são balizados pelos custos operacionais destas
instalações (basicamente mão de obra) e pelo custo da energia comercializada. Assim, as
iniciativas nesta área apontam, quase sempre, para soluções técnicas adequadas, porém com
custos reduzidos.
A automação ou semi-automação de uma PCH normalmente envolve dois subsistemas,
a saber:
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São os sistemas que fornecem energia, tanto em corrente alternada como em corrente
continua, para todos os sistemas auxiliares da usina, como iluminação, sistemas de ventilação,
bombas de circulação de óleo, sistemas de excitação, entre outros.
São os sistemas que executam atividades secundarias na usina, como bombas de óleo
para os mancais e válvulas, bombas para a drenagem da casa de força, sistemas de ventilação,
multiplicadores de velocidade, entre outros.
Subestação
componentes da subestação devem ser dimensionados para operar sob as condições mais
adversas a que estiverem expostos. Quando a subestação estiver interligada a um sistema
elétrico existente, os equipamentos deverão ser adequados para os níveis de curto circuito no
sistema, considerando as futuras expansões previstas.
Esse tipo de PCH é empregado quando as vazões de estiagem do rio são iguais ou
maiores que a descarga necessária à potência a ser instalada para atender à demanda máxima
prevista. Dessa forma, não é necessária a construção de um reservatório para normalizar a
vazão nas épocas de estiagem. Esse tipo de PCH apresenta as seguintes simplificações:
• Dispensa estudos de regularização de vazões;
• Dispensa estudos de sazonalidade da carga elétrica do consumidor
• Facilita os estudos e a concepção da tomada d’água.
• Não havendo flutuações significativas do nível d’água do reservatório, não é
necessário que a tomada d’água seja projetada para atender estas depleções;
• Do mesmo modo, quando a adução primária é projetada através de canal aberto, a
profundidade do mesmo deverá ser a menor possível, pois não haverá a necessidade de
atender às depleções;
• Pelo mesmo motivo, no caso de haver necessidade de instalação de chaminé de
equilíbrio, a sua altura será mínima, pois o valor da depleção do reservatório, o qual
entra no cálculo dessa altura, é desprezível;
• As barragens serão, normalmente, baixas, pois têm a função apenas de desviar a
água para o circuito de adução.
Como as áreas inundadas são pequenas, os valores despendidos com indenizações serão
reduzidos.
PCHs de Acumulação
Esse tipo de PCH é empregado quando as vazões de estiagem do rio são inferiores à
necessária para fornecer a potência para suprir a demanda máxima do mercado consumidor e
ocorrem com risco superior ao adotado no projeto. Portanto, para normalizar a vazão no
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1.3 Operação
A potência gerada por uma usina hidrelétrica de pequeno porte é diretamente ligada à
vazão d’água que é turbinada. Dessa forma, fatores meteorológicos, como chuvas e épocas de
seca influenciam a quantidade de energia que a usina pode fornecer.
A vazão d’água que o operador tem disponível para turbinar, junto com a demanda de
energia da carga, são informações essências para que o operador possa pilotar a usina
adequadamente.
Em usinas em que a água é levada através de canais e condutos até a casa de força, é
importante que parte da água seja vertida, para evitar que o trecho “cortado” pela usina não
seque. Além disso, parte da vazão também deve ser direcionada para a escada de peixes,
deixando a vazão restante disponível para ser turbinada.
Essa informação, junto com a demanda de energia da carga, dizem ao operador quanta
potencia a usina deve gerar. Assim, controlando a abertura das pás ou injetores (dependendo
do tipo de turbina) da turbina, variando o torque gerado, assim variando a potencia produzida
(lembrando que a velocidade deve manter-se constante para que o gerador síncrono gere
energia).
Atualmente, em grande partes das usinas hidrelétricas de pequeno porte, há um
considerável grau de automação, fazendo com que o operador possa controlar estas variáveis
(vazão que passa pela tomada d’água, abertura das pás e injetores e água vertida) através de
um computador rodando um sistema supervisório, que enviará os comandos aos atuadores,
alem de ter informações em tempo real.
29
4
Sitio Eletrônico da Agencia Nacional de Energia Elétrica - ANEEL. disponível em:
<http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/GeracaoTipoFase.asp?tipo=5&fase=3> acessado em:
20/11/2009
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Figura 17 - Barragem vista da margem leste do rio Atibaia (Foto do autor, 26/06/09)
Na próxima figura, observamos a escada para peixes, que serve para que os peixes
possam subir o rio na época da piracema.
A água que vai alimentar as turbinas passa através da tomada d’água, onde uma grade
ajuda a reter folhas e outros detritos, que possam vir junto com a água do rio, e poderiam
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danificar as turbinas. Na época de cheias, essas grades precisam ser limpas diversas vezes ao
dia, o que é feito automaticamente nesta usina, através de uma espécie de “rodo”, que é
acionado por motores, limpando a grade e jogando os resíduos sólidos em uma esteira, que
por sua vez os joga de volta ao rio, à jusante da barragem.
Figura 21 – Inicio da Tomada d'água, com a grade de limpeza (Foto do autor, 26/06/09)
Após a tomada d’água, ela segue pelo canal de adução até a câmara de carga, de onde
alimentam os condutos forçados, que irão levar a água até as turbinas. O Canal de Adução,
sinuoso e a céu aberto, foi construído em alvenaria de pedra, com fundação em solo de
alteração de rochas graníticas e blocos de rocha. Seu comprimento total é de 410 m. No dia da
visita, uma vazão de aproximadamente 5 m³/s estava passando pela tomada d’água e seguindo
pelo canal de adução
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Figura 23 – Final do canal de adução e comporta da Câmara de Carga (Foto do autor, 26/06/09)
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Os Condutos Forçados são de aço, com 102 m de comprimento cada um. Dois deles
possuem diâmetro de 2m; o terceiro, mais novo, tem diâmetro menor. Os apoios dos condutos
são em alvenaria de pedra e concreto, assentados em solos de alteração
eixo de 400 RPM na ponta da turbina para os 1200 RPM do gerador, e as unidades
hidráulicas, responsáveis pelo acionamento dos mancais, dos freios e das válvulas da turbina.
Figura 29 – Da direita para a esquerda: Gerador, Volante de Inércia, Multiplicador, Mancal e Unidade de
Lubrificação (Foto do autor, 26/06/09)
O Canal de Fuga estende-se dos porões em alvenaria de pedra até à margem esquerda
do rio Atibaia, dissipando-se as águas turbinadas em seu leito de corredeiras.
Os geradores produzem em uma tensão 2,2kV, sendo a depois elevada a 34,5kV pela
subestação da usina e transmitida até uma subestação da CPFL em Souzas, onde é integrada à
rede.
No final dos anos 80, começo dos 90, uma cooperação foi estabelecida entre o Instituto
de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A. - IPT e a Companhia Paulista de
Força e Luz - CPFL para implantação de um Centro de Demonstração de equipamentos para
micro-usinas hidrelétricas, utilizando os recursos hidráulicos de Salto Grande. As instalações
acham-se preservadas na área da usina hidrelétrica, e podemos obervá-las na imagem abaixo.
A potencia dessas micro usinas varia até 15kW.
39
5
A definição de uma PCH, assim como as limitações quanto ao tamanho de seu reservatório podem ser
encontradas na pg. 48 deste trabalho.
40
O reservatório é bem extenso para uma usina deste porte, mas vale lembrar que sua
principal função é o controle de enchentes e o abastecimento de água para as cidades vizinhas.
Interessante notar a quantidade de plantas aquáticas que cobriam a área do reservatório nesta
época do ano. A vazão do rio varia entre 15m³/s na estiagem e 1100m³/s na época de chuvas.
No dia da visita, toda a vazão, com exceção de 1m³/s que estava sendo utilizada pela escada
de peixes, estava sendo turbinada.
Uma série de grades são utilizadas para impedir que a vegetação aquática e outros tipos
de matéria orgânica adentrem a tomada d’água. No dia da visita estava sendo turbinada uma
vazão de 25m³/s, sendo que a vazão máxima turbinada é de 70m³/s. A altura de queda da
usina é de 9 a 11 m.
42
Figura 36 - Tomada d'água, à direita grade de contenção da vegetação aquática (Foto do autor, 10/07/09)
Figura 38 - Saída do Canal de Fuga, e da água drenada da casa de força (Foto do autor, 10/07/09)
Figura 40 - Turbinas Hidráulicas tipo Kaplan S Horizontal e comando de abertura das palhetas (Foto do
autor, 10/07/09)
2.3 Considerações
É interessante notar que, apesar das duas usinas serem de pequeno porte, as duas usinas
apresentam diferenças consideráveis no arranjo em que foram construídas (ver capitulo 1.2.2),
e também foram construídas em épocas diferentes (há um intervalo de mais de 80 anos entre
Salto Grande, que é do começo do sec. XX para Mogi Guaçu, que é do final do sec. XX).
Entretanto, ambas as usinas passaram por um processo de automação, que permite sua
operação remota, da sede das empresas proprietárias, necessitando apenas um técnico na
usina. Porém, devido a essas informações serem sigilosas e de grande importância à
proprietária, em nenhuma das usinas pude obter maiores informações de como funciona o
sistema de controle. A seguir, segue uma especulação de como funcionaria a automação
destas usinas.
Pelo que pude observar, o controle se dá através de Controladores Lógico
Programáveis, que controlam a abertura das comportas da tomada d’água das pás da turbina,
regulando a quantidade d’água turbinada, e também a quantidade d’água vertida (em especial
no caso da PCH Mogi Guaçu, onde o vertedouro é composto por comportas, ao contrario da
PCH Salto Grande, onde a água verte pela soleira da barragem.). Sensores também fornecem
informações sobre a vazão d’água turbinada, vertida, potencia gerada pelo gerador,
velocidade do gerador, entre outras informações necessárias à operação da usina. Todas essas
47
3.2 O PROINFA
Criado em 26 de abril de 2002, pela Lei nº 10.438, o PROINFA, coordenado pelo
Ministério de Minas e Energia (MME), estabeleceu a contratação de 3.300 MW de energia no
Sistema Interligado Nacional (SIN), produzidos por fontes eólicas, biomassa e pequenas
centrais hidrelétricas, sendo 1.100 MW de cada fonte. Revisado pela Lei nº 10.762, de 11 de
novembro de 2003, o programa assegurou a participação de um maior número de estados, o
49
Esses valores têm como referência os 12 meses que antecederam a sanção da Lei do
PROINFA, e são reajustados pelo Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) nas datas de
assinatura dos contratos com a Eletrobrás.
Para que uma pequena usina pudesse ser selecionada para participar da 1ª fase do
PROINFA, o produtor teria que ser qualificado como Produtor Independente Autônomo ou
como Produtor Independente Não Autônomo. O decreto nº 5.025 de 30 de março de 2004
define:
VII - Produtor Independente Autônomo - PIA: um produtor independente de energia
elétrica é considerado autônomo quando sua sociedade, não sendo ela própria concessionária
de qualquer espécie, não é controlada ou coligada de concessionária de serviço público ou de
uso de bem público de geração, transmissão ou distribuição de energia elétrica, nem de seus
controladores ou de outra sociedade controlada ou coligada com o controlador comum,
conforme o § 1o do art. 3o da Lei no 10.438, de 2002; e
VIII - Produtor Independente de Energia Elétrica - PIE: a pessoa jurídica ou empresas
reunidas em consórcio que recebam concessão ou autorização do poder concedente, para
produzir energia elétrica destinada ao comércio de toda ou parte da energia produzida, por sua
conta e risco, conforme o art. 11 da Lei no 9.074, de 7 de julho de 1995.
51
Além disso, um produtor pode ser considerado como Produtor Independente Não
Autônomo, caso não se enquadre na categoria de Produtor Independente Autônomo.
O processo de seleção de projetos a ser contemplados pelo PROINFA, no caso das
PCHs, é detalhado a seguir, retirado do Guia de Habilitação PCH (MME, 2004):
1. Com base nas cartas-resposta manifestando a intenção do empreendedor de participar
do PROINFA e analisando a documentação entregue, a ELETROBRÁS definirá uma lista de
empreendedores habilitados, ordenada pelo critério de antigüidade da LI (data de emissão da
primeira LI), começando pelo empreendimento que tem a LI mais antiga até aquele que teve a
LI emitida mais recentemente. Esta lista deverá contemplar apenas Produtores Independentes
Autônomos;
2. Neste momento é realizado o somatório das potências dos empreendimentos dos
produtores Autônomos habilitados, verificando se este é superior aos 1.100 MW destinados à
fonte. Caso este valor seja superior à meta do PROINFA (1.100 MW), não ocorrerá a
contratação de produtores Não-Autônomos. Caso ele venha a ser menor que os 1.100 MW
destinados à fonte, será elaborada uma segunda lista, ordenada também segundo o critério de
antiguidade de LI, para os empreendimentos de Não Autônomos;
3. Inicia-se a seleção dos projetos na ordem da lista de Autônomos, separando aqueles
selecionados em novas listas por estado, sendo que, no momento em que um estado atingir
165 MW, não mais serão selecionados projetos daquela unidade da federação, até que todos
os estados contemplados nesta lista sejam atendidos ou que se atinja a meta de 1.100 MW;
4. Os empreendimentos implantados na divisa de duas ou mais unidades da federação
ficarão alocados, para o processo de regionalização, no estado onde estiver implantado o
edifício de geração da central (casa de força);
5. Durante a seleção dos empreendimentos, considerado o limite de 165 MW por
estado, caso a contratação de um empreendimento supere este limite, será considerado, nesta
etapa, apenas o montante em “MW” que complete os 165 MW;
6. Após a seleção definida nos itens (1), (2), (3) e (4), existindo saldo remanescente
(diferença entre os 1.100 MW e o total da potência dos empreendimentos já selecionados),
verificar-se-á em quais estados ainda existem projetos com LI não selecionados e qual a
participação percentual de cada estado no montante total de potência dos projetos restantes.
Calculada a participação, esta é aplicada ao saldo remanescente de potência, encontrando-se o
montante adicional a ser contratado em cada estado;
7. Novamente se inicia a seleção, considerando os projetos não-contemplados em ordem
de LI mais antiga, até o limite do montante adicional definido no item (6), contemplando,
52
10.Insuficiência do Parque Industrial instalado que não expandiu, não podendo portanto
atender a demanda de equipamentos gerada pelo PROINFA, face ao aquecimento do mercado
mundial e ao cumprimento do índice de nacionalização
11.Dificuldade dos agentes financeiros devido ao insipiente conhecimento quanto à
complexidade do negócio relativo à energia eólica
12.Dificuldades de fornecimento de equipamentos para PCHs
13.Aditamento dos contratos com prorrogação de prazos para 2008 e 2009
Uma segunda etapa do PROINFA ainda prevê que, após a meta de 3.300MW gerados a
partir das fontes contempladas pelo programa, essas fontes passem a atender 10% do consumo
anual de energia elétrica do país em 20 anos.
Refere-se à geração distribuída que será operada de forma isolada ao sistema elétrico,
como em consumidores de zonas rurais e locais afastados, onde linhas de transmissão ainda
não foram instaladas, ou para consumo próprio, como no caso de sistemas de cogeração.
6
“(...) as empresas Distribuidoras precisam elaborar projeções de carga para os próximos 5 anos, havendo
pequenas tolerâncias para erros” (BERMANN, 2007, p.98).
55
7
Maiores tensões mostram-se vantajosas na distribuição, por diminuírem as perdas ocasionadas pelo
efeito joule.
56
8
O Globo. Obra de hidrelétrica em Aiuruoca em Minas Gerais não autorizada. O Globo, Rio de
Janeiro, 03/08/2009. Matéria disponível em <http://oglobo.globo.com/economia/mat/2009/08/03/obra-de-
hidreletrica-em-aiuruoca-em-minas-gerais-nao-autorizada-757093541.asp> acessado em 22/11/09.
57
9
Sitio Eletrônico do Movimento Cachoeiras Vivas. Disponível em
<http://cachoeirasvivas.blogspot.com/> acessado em 30/11/2009.
10
Movimento Cachoeiras Vivas. Autoridades, empresários e ambientalistas vão à Brasília para
defender as cachoeiras da região, 28/10/2009. Disponível em
<http://cachoeirasvivas.blogspot.com/2009/10/autoridades-empresarios-e.html> acessado em 30/11/2009.
58
O movimento também conta com forte apoio da sociedade local, tendo recolhido mais
de 12 mil assinaturas contra a construção das usinas e em favor da preservação das
cachoeiras.
No dia 1º de dezembro, o movimento conseguiu, por intermédio de quatro conselheiros
do Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM-MG), a aprovação do pedido de vistas
ao processo que permitia a instalação da Central Geradora Hidrelétrica (CGH) no rio
Cachoeirinha no bairro do Limoeiro, em Bueno Brandão. MG, barrando o parecer favorável à
licença ambiental para o empreendimento, que havia sido liberada no dia 16 de novembro.
Agora, cabe aos quatro conselheiros elaborar uma análise profunda sobre o caso e levá-lo à
próxima reunião, prevista para fevereiro de 2010, com argumentos que possam impedir a
implantação da usina na cachoeira.
O projeto UHE Emboque, localizado no Rio Matipó, nos municípios de Raul Soares e
Abre Campo. O empreendimento, de 18MW, inundará uma área de 2,95km2, atingindo
diretamente 93 famílias.
Em 1995 a Cataguazes Leopoldina solicitou a Licença Prévia do empreendimento. A
comunidade atingida, mal informada e desorganizada, perdeu o prazo para solicitar uma
audiência pública. No final deste ano, líderes comunitários pediram assistência à Comissão
Pastoral da Terra de Minas Gerais (CPT-MG), que prestou assistência à organização de uma
associação dos atingidos pela barragem.
Entretanto, alguns dos maiores proprietários de terras que seriam atingidos preferiram
negociar individualmente o valor das indenizações com a empreiteira. Dessa forma, o
movimento perdeu força, e a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) aprovou o
Estudo de Impacto Ambiental e outorgou as Licenças Prévias e de Instalação. Porém,
Rothman (2008) diz: “Segundo técnicos da FEAM e alguns Padres, vários problemas
humanos e ambientais relativos à barragem permaneciam pendentes no final de 2000”.
Hoje em dia, a usina está em operação, com 21,6MW outorgados, com o nome de Usina
João Camilo Penna11
Localizada no Rio Casca, nos município Pedra do Anta, Canaã e Jequeri, possuiria uma
potencia de 12MW e seu reservatório, de 4,5km2, afetaria 140 famílias, em sua maioria de
pequenos produtores rurais.
Diferentemente do caso da UHE Emboque, desta vez a comunidade estava mais
organizada, e com a ajuda de professores da Universidade Federal de Viçosa e membros da
CPT-MG, solicitaram uma audiência pública, em maio de 1996, onde a população atingida foi
amplamente representada, e deficiências grosseiras no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) foram apontadas.
Em junho de 1997, mais de 50 pessoas que seriam atingidas viajaram à Belo Horizonte,
e conseguiram participar da reunião do Conselho de Política Ambiental (COPAM), onde
11
Disponível em
<http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/Empreendimento/ResumoUsina.asp?lbxUsina=473:Jo%E3o%20Camilo%2
0Penna%20(Ex-Cachoeira%20do%20Emboque)> Acessado em 04/12/2009
62
estava sendo discutida a EIA/RIMA e a LP para este projeto. A FEAM havia elaborado um
parecer técnico, recomendando o indeferimento do EIA. O COPAM, no entanto, não indeferiu
o estudo, mas exigiu a elaboração de estudos complementares extensivos, que foram
submetidos em 1999.
Uma segunda audiência publica foi realizada em fevereiro de 2000, com grande
presença dos atingidos, que haviam conseguido aliados importantes. Em novembro, a
Cataguazes Leopoldina retirou o projeto após saber que a FEAM iria novamente recomendar
o indeferimento do EIA.
A UHE Cachoeira Grande, localizada no Rio Santana, no município Canaã, teria uma
potencia de 4,2MW e um reservatório de 0,54km2, que atingiria oito famílias na região.
Apesar de pequena, esta usina estaria localizada próxima à de Cachoeira da Providencia, e o
EIA/RIMA de ambas usinas haviam sido elaborados pela mesma empresa. Dessa forma, as
audiências publicas dos dois projetos foram programadas no mesmo fim de semana, o que
facilitou a mobilização popular e o trabalho dos professores da UFV.
Alem disso, o projeto de Cachoeira Grande iria secar uma cachoeira, e traria prejuízos
econômicos e sociais devido as perdas com o ecoturismo, o que foi levantado pela equipe da
UFV.
Cerca de 35 membros da comunidade atingida também foram a Belo Horizonte
pressionar a reunião da COPAM, juntando-se aos atingidos pelo projeto Cachoeira da
Providencia, também presentes nesta reunião. O EIA/RIMA da Cachoeira Grande também foi
indeferido, e a Cataguazes Leopoldina retirou o projeto.
Operação da PCH Mosquitão, até novembro de 2006 o reservatório ainda não havia sido
inundado. O TAC pode ser caracterizado como mais um mecanismo flexibilizante da política
ambiental, ou seja, um mecanismo que possibilita um abrandamento da legislação ambiental
e de direitos humanos reconhecidos, no sentido de propiciar a continuidade do projeto ou
empreendimento (ZUCARELLI, 2006 apud PINHEIRO, 2007, p.165).
O TAC estabelecia dezoito clausulas que a COMOSA deveria cumprir para que a
Licença de Operação fosse emitida. Ainda ficou estabelecido no TAC que o não cumprimento
de alguma das cláusulas, implicaria paralisação das atividades da COMOSA.
Até a publicação da Tese de Pinheiro, os pontos do TAC ainda não haviam sido
cumpridos e a LO ainda não havia sido emitida. De acordo com MME, 2009, a PCH
Mosquitão encontra-se em operação, com uma potencia outorgada de 30MW.
65
12
Sitio Eletrônico do Ministério de Minas e Energia. Disponível em:
<http://www.mme.gov.br/programas/proinfa/menu/programa/Energias_Renovaveis.html> acessado em
29/07/09.
66
Atualmente, PCHs são responsáveis pela geração de 2,4% de toda a energia elétrica
produzida no Brasil, com 2812,6 MW instalados em 343 empreendimentos13.
Empreendimentos em Operação
Capacidade
Instalada Total
Tipo
N.° de N.° de
Usinas (kW) % Usinas (kW) %
Hidrelétrica 800 77.884.639 69 800 77.884.639 68,99
Natural 90 10.599.802 9,39
Gás 121 11.844.285 10,49
Processo 31 1.244.483 1,1
Óleo
Derivados de Diesel 765 3.985.302 3,53
785 5.548.496 4,92
Petróleo Óleo
Residual 20 1.563.194 1,38
Bagaço de
Cana 270 4.076.678 3,61
Licor
Negro 14 1.145.798 1,02
Biomassa 330 5.560.743 4,93
Madeira 32 265.017 0,23
Biogás 7 41.842 0,04
Casca de
Arroz 7 31.408 0,03
Nuclear 2 2.007.000 1,78 2 2.007.000 1,78
Carvão Carvão 8 1.455.104 1,29
Mineral Mineral 81.455.104 1,29
Eólica 33 414.480 0,37 33 414.480 0,37
Paraguai 5.650.000 5,46
Argentina 2.250.000 2,17
Importação 8.170.000 7,24
Venezuela 200.000 0,19
Uruguai 70.000 0,07
Total 2.079 112.884.747 100 2.079 112.884.747 100
13
Sitio Eletrônico da Agencia Nacional de Energia Elétrica - ANEEL. disponível em:
http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.asp acessado em 21/06/09
67
Figura 45 - Projeção dos requisitos de expansão da oferta na rede (Fonte: EPE, 2008b, p. 47)
15
MWmédio é a potencia média que uma usina consegue fornecer em um determinado intervalo de
tempo, e é obtido multiplicando-se a potencia nominal pelo fator de carga da usina. Isso leva em conta
sazonalidades, como épocas de cheia e estiagem no caso de hidrelétricas, ou entre safras no caso de usinas de
biomassa.
68
Caso seja feita a opção de utilizar somente fontes de energia renováveis, teríamos o
seguinte cenário:
Fonte Fator de Carga Potencia a Instalar
Hidrelétrica 0,6 50.000
Biomassa 0,4 75.000
Eólica 0,4 75.000
Solar 0,25 120.000
Tabela 4 - Potência a ser Instalada para cada fonte de energia renovável
6. Conclusão
comunidade atingida para que defendam seus interesses. Nesse ponto, a participação de
ONGs, Igrejas e Universidades é crucial para auxiliar os atingidos por estes empreendimentos
a exigirem que seus direitos sejam respeitados.
Quanto ao futuro do papel das PCHs na Matriz Energética Brasileira, pouco pode-se
fazer a não ser estimativas e projeções. Existe um potencial de aproximadamente uma Itaipu a
ser aproveitado por Pequenas Centrais Hidrelétricas. Agora como, e se esse potencial será
aproveitado, depende muito da continuidade de políticas de incentivo governamentais.
72
Bibliografia
AZEVEDO, C. Faroeste de Especulação. Retrato Brasil, São Paulo, n.º 19, p.8-12, Fevereiro
de 2009.
______. O Papel das PCH e Fontes Alternativas de Energia na Matriz Energética Brasileira.
Apresentação no VI Simpósio Brasileiro sobre Pequenas e Médias Centrais Hidrelétricas,
Belo Horizonte, 2008b.
LIMA, J. Energias Alternativas Renováveis: Eólica, Biomassa, PCH e Solar. Fórum ABINEE
TEC 2009, São Paulo, Eletrobrás, 2009.