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Todos os direitos estão reservados e protegidos por Lei. Esse livro, ou qualquer parte dele, não pode
ser reproduzido ou gravado sob qualquer forma, sem autorização prévia por escrito do tradutor,
exceto por citações breves inseridas em artigos de crítica ou revisão. A violação dos Direitos Autorais
é crime estabelecido na Lei no 9.610/98 e com punição de acordo com o artigo 184 do Código Penal.
O tradutor não se responsabiliza pelo conteúdo da obra, formulado exclusivamente pelos autores.
Tomei conhecimento do Eric por volta de 2005, quando me tornei moderador do fórum
Bodybuilding.com. Na época, ele já se destacava como um dos membros mais astutos e
prestativos da comunidade online, sua paixão por musculação e fitness podia ser vista
de longe. Tive um forte pressentimento de que aqueles que cruzassem o seu caminho
teriam, pelo menos, um encontro ímpar em suas vidas. Ao avançarmos até 2015, pude
ver que meu palpite estava certo. Uma década se passou e ele não se tornou apenas um
colega, co-autor, parceiro de pesquisas, palestras e práticas, mas também meu amigo
pessoal. Ele acumulou uma ampla gama de conquistas acadêmicas e atléticas que deixaria
qualquer um com inveja - ou no meu caso, extremamente orgulhoso e feliz por ele.
O que você tem em mãos é um livro que qualquer autor no mundo da nutrição e fitness
gostaria de ter escrito. Secretamente me repreendo por não ter concebido a apresentação
dos elementos de nutrição (e treinamento) em uma hierarquia de importância de maneira
tão elegante como ele fez. A organização do livro é lógica e perfeitamente equilibrada.
Ela começa com as estruturas e fundamentações científicas, que ninguém deveria ignorar
antes de prosseguir para os elementos de programação mais detalhados. Foi tomado
um cuidado meticuloso para garantir que o leitor não fique às cegas ou com dúvidas. O
livro é rico em exemplos e cenários do mundo real para ajudar a sedimentar os conceitos
e processos.
Tendo sido “criado” no currículo acadêmico formal, posso dizer com confiança que, se este
livro fosse um texto obrigatório, teríamos uma nova geração de estudantes e professores
de nutrição armados com todas as ferramentas e habilidades necessárias para ajudar a
si mesmos e aos outros a ter sucesso nessa área. O conteúdo é incrivelmente completo,
mas também muito focado. Sem frescuras, sem truques, nada de relevância limitada. Um
toque agradável é a sua diligência em referenciar a literatura científica, em oposição à
prática comum de fazer afirmações ousadas imaginárias e sem qualquer fundamento.
7 | PRÓLOGO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
8 | PRÓLOGO
PREFÁCIO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Alguns anos atrás, percebi a necessidade de um sistema que abrangesse de maneira fácil
o panorama das estratégias nutricionais, abordagens e teorias, para pessoas interessadas
no desenvolvimento dos músculos e da força. Esta decisão foi estimulada pelos meus
anos de experiência trabalhando com indivíduos, que queriam melhorar seus físicos
através da manipulação da musculação e nutrição, mas que pareciam não compreender
o contexto e que estavam presos ao pensamento preto e branco.
Geralmente, posso dizer se alguém tem alguns conceitos errados sobre nutrição
profundamente enraizados com base nas perguntas que me fazem. É muito comum na
área fitness se deparar com perguntas como “devo tirar as gemas quando for comer ovos?”
ou “pão faz mal?”. Bem, esse tipo de pergunta é de quem não entende a coisa como um
todo. Isso cabe no seu balanço energético? Isso se encaixa nas ingestões de gordura ou
carboidratos que você tem disponíveis para o dia? Estas questões soam perfeitamente
razoáveis, mas na verdade implicam em uma falta fundamental de consciência do que
é importante no campo da nutrição.
Como alguns de vocês já devem saber, sou um dos 5 coaches numa equipe chamada
3D Muscle Journey. Nós somos um grupo de coaches profissionais que ajudam pessoas
a alcançarem seus objetivos com o fisiculturismo natural, powerlifting, levantamento
olímpico, strongman e quaisquer outras pessoas que estejam interessadas no ganho
de força ou massa muscular. Fazemos isso de duas maneiras: temos o nosso serviço de
coaching semanal que é basicamente para as pessoas que realmente estejam competindo,
que precisam de orientação consistente e contínua, e também temos nossas consultas
individuais que podem ser feitas como um serviço de elaboração de treino individual
ou em sessões esporádicas para treinamento fora de temporada e coaching para a
população em geral.
Sem dúvidas, algo que aprendi com as discussões nas consultas individuais, a razão
pela qual as pessoas não conseguem chegar ao seu objetivo tipicamente se dá por não
possuírem um sistema. Elas não têm uma compreensão sobre priorização, não conseguem
diferenciar as coisas importantes daquelas que não importam. Acredito honestamente
que, a indústria fitness como um todo precisa assumir a responsabilidade por essa falta
de consciência.
Não consigo imaginar quantos artigos vejo com títulos como “10 alimentos bons que vão
te secar!” ou “10 alimentos ruins que os fisiculturistas sempre devem evitar”. Esses artigos
pulam direto para as escolhas alimentares, sem qualquer menção sobre qual deveria ser
a sua ingestão calórica, como deveria ser a sua distribuição de macronutrientes, e se
concentram praticamente apenas na qualidade dos alimentos quando você os observa
isoladamente. O problema é que não comemos alimentos de forma isolada. Temos dietas.
Então, como gosto de dizer aos meus clientes e a quem quiser ouvir, não existe essa
coisa de alimentos bons ou ruins, mas sim dietas boas ou ruins.
10 | PREFÁCIO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Nós, os profissionais do meio fitness, apresentamos ideias e conceitos que são fáceis
de se transformar em pequenas iscas sonoras que são “embaláveis” e vendáveis, mas
que estão fora do contexto e por isso as pessoas acabam tendo problemas. Na maioria
das vezes, as pessoas inteligentes, bem-intencionadas e motivadas com as quais eu
converso têm muito potencial de sucesso, mas elas acabam não conseguindo fazer
nenhum progresso, porque colocam a charrete à frente do cavalo.
Como você pode ver, temos aqui essa pequena charrete, ela tem o seu condutor, mas ele
só está ali parado na frente do cavalo. O cavalo está pensando “Ei, eu quero puxar essa
charrete, mas não posso porque estou atrás dela”. Esta expressão, “colocar a charrete
em frente ao cavalo”, significa que você está focando nos detalhes antes de conhecer
o contexto desses detalhes e o quadro como um todo.
Por exemplo, digamos que você seja um aspirante a piloto de corridas, passou meses
pesquisando cursos de corrida, estratégias de competição e engenharia mecânica, já que
ela melhora a estabilidade e a velocidade máxima, e como selecionar uma boa equipe
de boxes. Só que você ainda não aprendeu a dirigir e não tirou sua carteira de motorista.
Isso pode soar como um erro ridículo, mas acredite, quando se trata de nutrição, as
pessoas fazem algo parecido todos os dias.
Então, decidi projetar o que chamo de “A Pirâmide Para Força e Hipertrofia - Nutrição”.
Ela é uma pirâmide de cinco níveis, tendo o Nível 1 como base, o mais importante. Então,
à medida que você se desloca para os Níveis 2 a 5, o nível de importância vai ficndo cada
vez mais baixo. Também admito que os temas gerais de mentalidade, aderência, estilo de
vida e comportamento estão ligados a todos os níveis da pirâmide. Estes conceitos serão
discutidos neste texto antes, depois e ao longo da explicação da pirâmide propriamente
dita. Embora todos os elementos da pirâmide sejam importantes, é fundamental que
discutamos as coisas mais importantes antes de discutir as coisas menos importantes.
11 | PREFÁCIO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Estes são todos os motivos pelos quais fiz essa pirâmide. Para ajudar a criar algum
contexto e diretrizes gerais, para serem seguidos em uma ordem que faça sentido
cientificamente, para que você possa atingir seus objetivos.
Por último, também quero que você saiba o que esse guia não é. Neste livro, tomo a
posição de focar no que fazer, não no que não fazer. Honestamente, fico extremamente
cansado das constantes correntes rechaçando mitos que acontecem na nossa área. A
abordagem reacionária dos profissionais “baseados em evidências” é tão irritante para
mim quanto os gurus que promovem absurdos. Ficar esperando por algum idiota dizer
algo estúpido apenas para apontar o porquê é estúpido, para mim é uma perda de tempo.
Prefiro investir esse tempo ajudando você a aprender o que deve ser feito, o porquê e
como fazê-lo. Entendeu? Ótimo.
Vamos nessa.
12 | PREFÁCIO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
13 | PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Vamos começar com uma breve visão geral do que está incluso nos capítulos deste guia.
Os Níveis da Pirâmide
Assim que tivermos alguma noção básica do que precisaremos mais adiante, entraremos
com tudo no assunto. Todos os níveis da Pirâmide Para Força e Hipertrofia - Nutrição
serão descritos minuciosamente com muitas recomendações, valores e equações para a
criação de um plano nutricional saudável, no que se refere aos seus objetivos pessoais.
Agora, com uma breve introdução à Pirâmide, aqui estão os níveis em ordem de prioridade
decrescente.
15 | INTRODUÇÃO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Nível 5 – Suplementos
Os suplementos são a parte menos importante da Pirâmide e não são necessários para o
sucesso, a menos que você tenha algum tipo de deficiência nutricional ou condição que
os torne necessários. Na verdade, no grande esquema das coisas, a grande maioria dos
suplementos disponíveis no mercado não faz nada, exceto abrir um rombo na sua carteira.
Dito isso, alguns são baseados em ciência sólida e, por isso, merecem ser discutidos, pois
podem oferecer um pequeno benefício. Como existem tantos suplementos ineficazes ou
desnecessários no mercado, também precisamos discutir sobre como diferenciar entre
os úteis e os não tão úteis. Quando tivermos aprendido como avaliá-los, vou apresentar
uma lista de recomendações e doses para você considerar.
a pirâmide para
força e hipertrofia - nutrição
05 SUPLEMENTOS
04
horários dos nutrientes
03 MICRONUTRIENTES
02 macronutrientEs
01 BALANÇO ENERGÉTICO
16 | INTRODUÇÃO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Então, finalizarei este guia com algumas das minhas ideias sobre como se relacionar
melhor com outras pessoas da sua vida, enquanto você progride em direção a seus
objetivos. Discutiremos sobre o apoio da família, dos amigos e o que fazer quando as
pessoas lhe pedirem conselhos.
Espero que você possa explicar que A Pirâmide Para Força e Hipertrofia - Nutrição não é
um programa rígido, que deva ser seguido de maneira extrema. Acredito que seja muito
produtivo discutir sobre a implementação da sua dieta ao seu estilo de vida, através da
mudança de comportamentos, então é isso que você pode esperar do restante deste
texto.
Para ajudá-lo com os cálculos nas próximas seções, criamos para você uma página
especial no site, com uma planilha de cálculos.
A senha da página é “calculadora-nutricional”.
17 | INTRODUÇÃO
MENTALIDADE & MATERIAIS
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Vamos começar este guia discutindo sobre toda a sua mentalidade em relação à nutrição,
o que pode afetar todos os níveis da Pirâmide.
Este é um tópico mais amplo, menos definitivo e quantitativo do que o resto deste livro,
mas não consigo expressar o quanto ele é importante. Você pode ter muita teoria e
muito conhecimento, mas, se você não souber como aplicar esses conceitos de forma
consistente, como torná-los parte de seu estilo de vida e comportamento nunca irá
alcançar seus objetivos.
Terminaremos essa seção com uma discussão sobre as ferramentas que serão necessárias
para implementar as informações contidas neste guia, de modo a realmente garantir que
você possa cumprir as orientações dos níveis da Pirâmide de acordo com seus objetivos.
Temos um número limitado de situações com as quais conseguimos lidar ao mesmo tempo,
nossa força de vontade e habilidade de conciliar e lidar com vários fatores estressantes
não são infinitos. Você não pode esperar conseguir catar cada grão de arroz que cai do
prato da balança em todas as refeições, 3 a 5 vezes por dia, enquanto atinge seus macros
com precisão perfeita e esperar que isso seja um plano sustentável a longo prazo. Isso
eventualmente irá estressá-lo ou, pelo menos, roubar tempo e energia de outras coisas
mais importantes na sua vida.
O que irá estressá-lo ainda mais do que esse processo de tentar ser excessivamente
detalhado e preciso, é o que acontece uma vez que você fica sem motivação e disciplina
para fazer isso, e não conseguirá mais fazê-lo de forma consistente. Então, começará
a alternar entre os extremos de perder o controle completamente e comer demais, e
acompanhar rigidamente até perder o controle novamente. Viver nos dois extremos é
algo a ser evitado e, para tanto, devemos garantir um equilíbrio entre esses três fatores.
Para sermos consistentes o suficiente para que possamos alcançar nossos objetivos
deveremos ser precisos dentro do necessário. Objetivos diferentes vão exigir diferentes
níveis de precisão, mas todos exigem consistência, o que significa adaptar sua flexibilidade
ao seu objetivo. Na pesquisa, a restrição alimentar está diretamente associada a pessoas
que conseguem perder peso, mas a restrição alimentar flexível é fortemente associada
com aqueles que perdem peso, conseguem manter o peso conquistado e que mantém
a sanidade ao fazê-lo [1]. Portanto, determinar a quantidade adequada de flexibilidade
para o seu objetivo é muito importante.
Por exemplo, um fisiculturista que está nos estágios finais de uma preparação para
competição tentando definir os glúteos, vai precisar de mais precisão do que alguém que
não tenha um prazo determinado para perder 45 kg. Da mesma forma, um fisiculturista
fora de temporada tentando ganhar massa muscular terá uma necessidade de precisão
diferente de outro fisiculturista que esteja se preparando para uma competição, ou de
alguém que não seja um fisiculturista e esteja apenas tentando entrar em forma para o
verão.
Quanto mais preciso você for, talvez o mais consistente será em bater suas metas e
alcançar seus objetivos. No entanto, também poderá ficar mais estressado, dependendo
de quão rígido você for na busca pela precisão, o que poderá afetar negativamente sua
consistência a longo prazo. Quanto menos preciso você for, mais flexível poderá ser. Mas
se for muito impreciso e muito flexível ao ponto de não ser consistente, não irá alcançar
seus objetivos.
Como pode notar, esse equilíbrio deve ser sempre considerado em qualquer etapa do
seu processo de dieta. É importante que discutamos diferentes formas de alinhar sua
abordagem alimentar com seu estilo de vida e objetivos.
Por exemplo, um cardápio pode orientá-lo a comer uma maçã ao meio-dia e, em vez disso
você come uma banana. Se você encarar um cardápio como um planejamento imutável
que deve ser seguido à risca, pode achar que estragou tudo e se desanimar. Como já
perdeu o dia, decide comer uma pizza gigante inteira sozinho. Talvez a banana tivesse
exatamente os mesmos macronutrientes que a maçã, mas por causa dessa mentalidade,
acaba achando que estragou tudo e enfia o pé na jaca.
Entendo o fascínio dos cardápios. Eles são fáceis e claros de serem seguidos. Você não
precisa aprender sobre os macronutrientes dos alimentos para segui-los. Não precisa
planejar suas refeições ou seus dias por conta própria. Pode ser legal apenas ter um
plano a ser seguido, mas não pode seguir um cardápio enquanto estiver viajando, não
pode seguir um cardápio e ir comer fora, não pode ter um cardápio sem cair na armadilha
mental de não saber o que fazer quando não tivé-lo por perto. Eles não são flexíveis,
não ensinam sobre nutrição, tendem a isolá-lo socialmente e, ao segui-los, você não
aprende a integrar o conhecimento nutricional ao seu estilo de vida. Em muitos casos, os
cardápios não o ajudarão a alcançar seus objetivos a longo prazo. Eles são uma solução
de curto prazo
Atualmente muitas pessoas conseguem perder peso com facilidade; o maior problema
é que elas não conseguem manter o peso conquistado. É por isso que precisamos de
soluções de longo prazo, e é por isso também que não defendo os cardápios rígidos.
Dito isto, não há nada de errado em ter cardápios para que você possa ter uma ideia de
como alcançar seus macros (um conceito que iremos abordar no Nível 2 da Pirâmide).
Ao ver alguns exemplos diferentes, experimentá-los e, em seguida, aprender a divergir
dos cardápios enquanto ainda alcança seus objetivos, você pode aprender sobre sua
nutrição por conta própria.
Então recomendo enfaticamente que, se for usar cardápios, use-os como uma ferramenta
de aprendizado na sua busca por atingir a consistência através da flexibilidade, em vez
de um resultado final. Trate-os como rodinhas de bicicleta no seu treinamento nutricional.
Macros “Mágicos”
Dependendo dos seus objetivos, depois de passar pelos cálculos no Nível 2 da Pirâmide,
você poderá passar por um período onde acompanhará certos objetivos macronutricionais
que deverão ser alcançados diariamente. Isso significa que sua dieta terá uma certa
quantidade de gorduras, carboidratos e proteínas a serem consumidas a cada dia.
Ainda assim, isso são apenas números. Baseado nesse guia, você decidiu que eles atendem
suas necessidades, mas lembre-se de que a coisa não para por aí. Esses números irão
mudar ao longo de sua vida à medida em que você envelhece, ganha ou perde peso,
muda o nível de suas atividades ou experimenta e encontra o que funciona melhor no
seu caso.
Para ilustrar porque ser muito preciso não é necessariamente uma coisa boa, digamos
que você tivesse que ingerir entre 190 e 210 gramas de carboidratos. Você exagerou e
acabou ingerindo 215 e, por conta da mentalidade “tudo ou nada”, vai comer a mesma
pizza da qual falamos anteriormente, como se estivesse em um cardápio rígido. O
problema aqui foi obviamente a pizza, e não os 5 gramas que foram ingeridos a mais.
Então não coloque seus macros em um pedestal, isso acaba com o propósito do porquê
fornecemos números quantificáveis em primeiro lugar. Você não vai ser sempre 100%
preciso, às vezes irá estimar de forma errada, às vezes poderá se enganar ao ler o
conteúdo nutricional de uma embalagem, de vez em quando vai se dar conta de que
errou em algum ponto e seguiu em frente. Apenas pare aqui, e retorne aos trilhos no dia
seguinte. Assim como um cardápio, os macros calculados não são mágicos.
É bom ser consistente, mas não entre no pensamento 8 ou 80 de ser “nos meus macros”,
ou “Errei, então vou ceder e meter o pé na jaca.” É isso que queremos evitar. O pensamento
“tudo ou nada” eventualmente nos leva à chutar o balde. Queremos nos afastar dessa
mentalidade, especialmente enquanto estamos fazendo um regime.
Ainda assim, apesar de você poder conseguir alcançar o sucesso com essa abordagem, não
a vejo como uma solução de longo prazo, e acho que ela pode levar ao desenvolvimento
de um relacionamento não saudável com os alimentos. Não devemos chegar próximos
a desenvolver distúrbios alimentares apenas para manter o físico desejado.
Ao invés de tentar evitar o consumo de “alimentos ruins”, acredito que uma mentalidade
melhor seria abordar a nutrição com o objetivo de ser inclusiva em vez de exclusiva.
Isso significa que devemos adotar uma abordagem de inclusão de alimentos “saudáveis”
que tenham uma alta densidade de micronutrientes e outras qualidades desejáveis (como
um alto teor de fibras), ao invés de excluir alimentos que podem não ter essas qualidades.
(Mais tarde nós iremos aprender tudo sobre micronutrientes no Nível 3 da Pirâmide, por
hora, saiba apenas que estes são as vitaminas e minerais de que seu corpo necessita.)
Existem pouquíssimos, se existirem, alimentos que são ativamente não saudáveis para
você. Na verdade não existem alimentos que, se consumidos uma vez, independentemente
da quantidade, prejudiquem o seu corpo de forma imediata e mensurável. A única
conotação negativa plausível associada a um bolinho Ana Maria, um biscoito recheado
e outros alimentos comumente rotulados como “ruins” é que eles são relativamente
desprovidos de micronutrientes, fibras e proteínas.
Algumas pessoas se referem à esses alimentos como “calorias vazias”, o que provavelmente
é uma descrição um pouco mais justa do que simplesmente rotulá-los como “ruins”. Este
termo significa que, embora estes alimentos contribuam para o seu balanço energético
(Nível 1 da Pirâmide) e contagens de macronutrientes (Nível 2 da Pirâmide), eles não
irão contribuir muito para alcançar os requisitos micronutricionais (Nível 3 da Pirâmide).
Embora esta descrição seja relativamente precisa, isso não significa que esses alimentos
devam ser vilanizados e completamente evitados. O importante é estar ciente de que os
alimentos de “calorias vazias” só podem causar problemas se dominarem completamente
sua dieta. Não é que seja necessário exclui-los por completo; o necessário é que primeiro
tenhamos certeza de termos incluído os “alimentos saudáveis” para garantir que
nossos corpos sejam nutridos e atendidos. Depois disso, sinta-se livre para consumir os
“alimentos ruins” (que na verdade não são ruins) com moderação, pois isso irá melhorar
sua flexibilidade e, portanto, sua consistência. Ao permitir-se consumir uma gama mais
ampla de alimentos na dieta, que pode incluir “guloseimas” com moderação, você se
sentirá mais normal, terá mais flexibilidade, menos restrições e, em última instância, maior
aderência e sucesso a longo prazo.
Esta é a razão pela qual a abordagem aparentemente normal de comer “alimento bom
versus ruim” ou “alimento limpo versus sujo” pode potencialmente causar problemas.
Embora seja verdade que os fisiculturistas de alto nível são e continuarão a ser muito bem
sucedidos comendo apenas a partir de uma pequena lista de alimentos que os deuses
da musculação consideram “limpos”, isso não significa que essa seja a única abordagem
para o sucesso (também não significa que eles não possam aderir à outra abordagem
após a conclusão da dieta).
Lembre-se de que você não recebe crédito extra por comer apenas alimentos saudáveis.
Uma vez atingidos seus requerimentos básicos, você não ganha estrelas douradas por
consumir micronutrientes adicionais. Não existe um crítico alimentar em sua garganta que
lhe diz “isso é bom, isso é ruim, isso é bom, etc.”, há apenas o seu corpo obtendo suas
necessidades nutricionais, e quando ele já tiver mais do que o suficiente, não continua
a se beneficiar de ainda mais. Não se trata de saber se uma tigela de aveia é melhor
do que uma barra de chocolate. Ao invés de avaliar qual alimento é bom ou ruim, você
precisa avaliar se sua dieta como um todo é boa ou ruim. Acredite ou não, uma dieta
“limpa x suja” rígida pode realmente resultar em um perfil nutricional mais pobre do que
uma abordagem que inclua uma variedade mais ampla de alimentos.
Um dos componentes mais críticos para um estilo de vida e dieta saudáveis é a variedade
nutricional. Por exemplo, Okinawans (as pessoas que habitam a ilha de Okinawa, Japão) são
algumas das pessoas mais longevas do planeta. Eles também consomem uma das maiores
variedades de alimentos entre todas as culturas do mundo [2]. Em contraste, existem
alguns fisiculturistas que gostariam de ser saudáveis dessa maneira, mas simplesmente
não o são devido à rigidez de suas dietas. Afirmar que tudo se trata de saúde, mas
ingerir apenas alimetos de uma lista com 10 itens é uma tremenda ironia. Se tiver que
cortar o glúten, produtos lácteos, carnes vermelhas, alimentos “processados”, frutas,
legumes, amidos e ovos inteiros, você acabará com uma dieta incrivelmente limitada que
provavelmente não atenderá suas necessidades micronutricionais [3]. Vi isso acontecer
muitas e muitas vezes (e experimentei em mim mesmo), onde, seguindo uma dieta
muito rígida, resulta numa profecia auto realizando-se, na qual você eventualmente não
consegue digerir alimentos que não estejam na “lista limpa” sem sentir um desconforto
incrível, devido à perda de enzimas e bactérias intestinais que são essenciais para a
digestão de uma grande variedade de alimentos.
Recomendo enfaticamente que essas balanças sejam digitais, pois elas são muito mais
precisas. Você pode obtê-las por R$ 35,00 a R$ 50,00 na maioria das lojas ou online, e
tudo o que será necessário fazer é apenas se certificar de que suas baterias não acabem.
Você não vai querer uma daquelas balanças analógicas cheias de pequenos riscos porque
elas são muito imprecisas.
Uma xícara do mesmo alimento pode produzir valores muito diferentes dependendo
da forma do alimento, como ele foi colocado na xícara e se ela foi nivelada ou não. Uma
xícara de maçãs em cubos, fatias de maçã e uma xícara de maçã triturada têm diferentes
perfis nutricionais. Além disso, as xícaras não são fabricadas de forma padronizada. Por
exemplo, o rótulo de um alimento pode dizer “1/2 xícara de aveia (45 g)”, mas quando
você usa a xícara que tem em casa e pesa a aveia, a balança irá indicar 54 g ou 40 g. Ao
se deparar com um rótulo de alimentos que diz “100 gramas (1 xícara)”, tenha em mente
que 1 xícara de um alimento (usando a xícara de medição que você tem em casa) talvez
não tenha 100 g. Para garantir a precisão, pese os alimentos quando possível.
Além disso, também é uma boa ideia pesar os alimentos crus. O tempo de cozimento
de um alimento afeta a quantidade de água que ele retém. Dependendo do preparo,
um alimento com maior teor de água antes de ser preparado pesa mais, mas quando
pronto para consumo ainda apresenta aproximadamente o mesmo perfil nutricional,
mesmo ele pesando menos devido a perda de água. Já que você nem sempre cozinha
os alimentos exatamente pelo mesmo período de tempo, uma boa maneira de garantir
uma medição e acompanhamento consistentes é pesar alimentos antes de prepará-los.
O que recomendo são pesagens diárias logo ao acordar, depois de usar o banheiro, antes
de comer ou beber qualquer coisa, nu, e registrar o valor. Não é que nos preocupemos
com o peso de um único dia (não fazemos isso, e focar demais no seu peso diário pode
deixá-lo louco), suas pesagens diárias serão usadas para gerar uma média semanal do
seu peso.
Isso pode ser facilmente automatizado usando uma planilha Excel (PC) ou Numbers
(Mac). Ambos os softwares têm uma função “Média” automática incorporada ao seu
programa. Também existe um aplicativo de celular chamado Happy Scale, que mede
e suaviza suas pesagens para que você possa prever sua perda real de peso ao longo
do tempo. Você também pode fazer isso à mão com caneta e papel. Outra opção seria
pesquisar na internet por “calculadora de médias” e o Google também mostrará várias
opções gratuitas. Existem muitas maneiras de fazê-lo, mas a principal informação de que
precisamos é uma média de 7 dias, compilada a partir de pesagens feitas aproximadamente
na mesma hora do dia, sob as mesmas condições, para obter dados tão consistentes
quanto possível. Uma vez que você tenha sua média, o objetivo será comparar seu peso
médio de uma semana para a outra. A média de peso semanal irá amenizar as flutuações
de peso corporal diárias e lhe dará um número viável e confiável.
Referências
1. Stewart, T.M., D.A. Williamson, and M.A. White, Rigid vs. flexible dieting: association
with eating disorder symptoms in nonobese women. Appetite, 2002. 38(1): p. 39-44.
2. Sho, H., History and characteristics of Okinawan longevity food. Asia Pac J Clin Nutr,
2001. 10(2): p. 159-64.
3. Helms, E.R., A.A. Aragon, and P.J. Fitschen, Evidence-based recommendations for
natural bodybuilding contest preparation: nutrition and supplementation. J Int Soc
Sports Nutr, 2014. 11: p. 20.
28 | BALANÇO ENERGÉTICO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Agora vamos realmente entrar na hierarquia da Pirâmide Para Força e Hipertrofia - Nutrição.
Conforme mencionado na Introdução, esses conceitos serão abordados em ordem de
importância desde a base da Pirâmide (Nível 1), até o topo da Pirâmide (Nível 5).
Cada nível fornece o conhecimento fundamental para os níveis subsequentes. Muitas vezes
no mundo fitness, as informações no Nível 4 ou 5 são entregues sem um contexto e isso
cria muita confusão. Por exemplo, uma recomendação sobre quando consumir proteína
é legal e adequada, mas apenas se você entender o que é uma proteína e como ela se
encaixa nas suas necessidades energéticas e proteicas. Os níveis da base da Pirâmide
são os que lhe proporcionam o maior retorno sobre o seu investimento intelectual e,
muitas vezes, tornam muito mais fácil o entendimento e implementação de muitos dos
conceitos abordados nos níveis mais altos.
É por isso que o sistema deve ser seguido dessa maneira: em ordem, um passo de cada
vez e sempre respeitando os níveis anteriores.
Dito isto, para a maioria das pessoas que desejam se beneficiar das informações contidas
neste guia, seus objetivos se enquadram em duas categorias diferentes. Alguns estão
tentando ganhar massa muscular e outros estão tentando perder gordura corporal.
Embora a maioria das pessoas geralmente queira alcançar ambos os resultados, tentar
fazer os dois simultaneamente, embora certamente seja possível, não é necessariamente
a abordagem mais eficiente para atingir esses objetivos. Certamente, alguém que seja
um iniciante (ou que esteja retornando aos treinamentos após um período longe da
academia) pode progredir em ambas as áreas ao mesmo tempo devido à um baixo limite
de adaptação. Mas depois de um certo ponto, pode ter mais sentido focar em um ou
outro objetivo em qualquer momento. Então, se você for um iniciante não tão iniciante
assim, intermediário ou avançado, seria melhor orientar seus esforços para perda de
gordura ou ganho de músculo.
Neste primeiro e mais importante nível da Pirâmide, analisaremos como determinar suas
necessidades calóricas, especificamente como elas se relacionam com as velocidades
recomendadas de mudança do peso corporal para ganho muscular e perda de gordura.
Calorias de Manutenção
Para determinar a quantidade adequada de calorias a serem consumidas durante nossas
fases de bulking ou cutting, primeiro devemos estabelecer uma base que teoricamente
não resultaria em mudança no peso corporal. A estimativa da ingestão calórica que
simplesmente mantêm seu peso atual é conhecida como calorias de manutenção. Para
determiná-las, você pode acompanhar o peso corporal e as calorias para verificar a
relação entre as duas variáveis, ou pode estimar as calorias de manutenção com uma
29 | BALANÇO ENERGÉTICO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
equação. As duas maneiras lhe fornecerão um valor para as calorias de manutenção mas,
por razões que explicarei adiante, a primeira delas é a ideal.
O método ideal que irei apresentar primeiro requer mais tempo, energia e pensamento, mas
fornece uma estimativa muito mais precisa e individualizada das calorias de manutenção.
Para começar, você deve adquirir uma balança corporal digital, uma balança digital de
cozinha e uma conta online em um banco de dados gratuito contador de calorias, como
MyFitnessPal (ou outros). No início deste livro, abordamos recomendações específicas
sobre como pesar, acompanhar e medir. Então, antes de decidir passar por este processo,
certifique-se de ter lido a seção Mentalidade & Materiais deste guia.
Após reunir esses recursos, o próximo passo é passar 2 semanas pesando e acompanhando
o melhor que puder os alimentos preparados por você, e estimar o mais precisamente
possível sua ingestão calórica quando o alimento não for preparado por você. Mais uma
vez, no início deste guia abordamos como ser preciso quando não preparamos nosso
próprio alimento, então volte e leia esta seção, pois quero reenfatizar que você precisa
estar familiarizado com o acompanhamento e mensuração antes de iniciar este processo.
O objetivo de acompanhar a ingestão alimentar é obter uma ingestão calórica diária que
seja próxima ao que você ingere no dia a dia. Em conjunto com o acompanhamento das
calorias, você também deverá se pesar todas as manhãs, nas mesmas condições (como
abordamos na seção anterior deste livro) e registrar seu peso corporal.
30 | BALANÇO ENERGÉTICO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Agora podemos notar que você está ganhando peso lentamente. Mas o que isso significa
com relação às calorias? Bem, sabemos que 1 kg de tecido adiposo contém cerca de
7.000 calorias [1]. Portanto, podemos estimar o excedente ou déficit calórico baseado
na mudança do seu peso. Embora “a regra das 7.000 calorias” não seja perfeita, pois
nem todo o peso ganho ou perdido seja gordura e o gasto de energia muda ao longo
do tempo [2], esse valor ainda é uma boa maneira de estimar grosseiramente as calorias
de manutenção.
Por isso você está usando um período curto de 2 semanas e ainda não manipulou sua
dieta para causar alterações significativas no peso corporal ou nos gastos. Assim, as
mudanças de peso são predominantemente gordura e a água e, usando uma média
de 7 dias, eliminará o “ruído” das flutuações do peso da água. Então, você pode estar
razoavelmente certo de que as mudanças de curto prazo no peso corporal observadas
serão bem representadas pela “regra das 7.000 calorias”.
A única situação na qual não recomendaria usar este método, seria se você tivesse
acabado de começar a treinar ou voltando depois de um tempo parado ou depois de
recuperado de uma lesão. Nesses casos, a massa muscular pode mudar rapidamente e
possivelmente invalidar as equações. Apesar disso, se você for um levantador de peso*
natural que não está voltando de um descanso, não for um iniciante e se seu peso
for relativamente estável, esta é uma maneira muito fácil de se estimar as calorias de
manutenção com uma precisão adequada.
31 | BALANÇO ENERGÉTICO *
N.T. - Levantador de peso é qualquer praticante de treinamento
resistido: musculação, powerlifting, crossfit, levantamento olímpico,
etc. Natural significa sem uso de anabolizantes.
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Hipoteticamente, se você ganhou 0,5 kg de gordura em uma semana, na média deve ter
consumido diariamente cerca de 500 calorias além das suas calorias de manutenção,
uma vez que 7 dias x 500 calorias = 3.500. Então, se o ganho foi em torno de 0,1 kg,
simplesmente multiplique 7.000 x 0,1, o que corresponde a 700 calorias. No exemplo
acima, isso quer dizer que você está com um excesso calórico semanal de 700 calorias.
Isso significa que no dia a dia, você está consumindo cerca de 100 calorias além das
suas calorias manutenção (700 calorias divididas por 7 dias). Assim, uma vez que sua
ingestão média em 14 dias foi de 2.100 calorias, as suas calorias de manutenção são
aproximadamente 2.000 (2.100 - 100 calorias).
Dito isto, se houver algum tipo de restrição de tempo impedindo a adoção desse
método de determinação das calorias de manutenção, uma abordagem alternativa
seria fazer uma estimativa aproximada através de alguns cálculos básicos. Apenas
esteja ciente de que essa estimativa pode ser muito menos precisa do que o
acompanhamento real, mas ainda assim pode fornecer alguns resultados adequados.
Então sim, uma pessoa sedentária terá calorias de manutenção mais baixas do que outra
muito ativa, mas parte da razão pela qual há uma variação individual tão grande se deve
ao fato de que a NEAT é uma das principais maneiras de regularmos nosso gasto de
energia. Isso significa que, se nós fizermos um regime e perdemos peso, ou comemos mais
alimentos e ganhamos peso, nosso corpo normalmente irá se adaptar até certo ponto
para manter nosso “peso normal”. Ele faz isso gastando mais ou menos calorias, muito
disso é conseguido apenas através de agitação, apoio e controle postural, e movimentos
inconscientes. Não é algo que realmente possamos mudar. Algumas pessoas vão sentar-
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A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
se em sua mesa o dia todo e vão queimar muito mais calorias do que eu jamais poderia,
simplesmente porque tenho um “metabolismo econômico” [3].
Além disso, quase todos os que leem este livro provavelmente treinam de 3 a 6 vezes
por semana (ou deveriam, na maioria dos casos). Então, levando em consideração a
variabilidade individual e também o seu horário de exercícios, podemos usar o intervalo
numérico de 1,3 a 2,2 como um fator de atividades. Pela minha experiência, diria que
cerca de 90% das pessoas se enquadram nessa faixa.
Então, o que isso significa é que sim, haverá pessoas que precisam de 2.600 calorias para
manter 90 kg (não é muito para uma pessoa desse tamanho), até talvez 4.400 calorias
(muito para uma pessoa desse tamanho). A maioria se encaixa na média, mas alguns não.
Então realmente existe uma grande variação, e existem pessoas que estão ainda mais
longe destas médias, acredite ou não. Abaixo, mostro como usar o fator de atividade,
observe que há um intervalo em cada nível para representar as diferenças individuais.
Agora que sabemos o tamanho da faixa que estamos analisando matematicamente, é fácil
ver porque é melhor levar as duas semanas para acompanhar completamente a nossa
ingestão, como discutido anteriormente. Entretanto, encontrar algum valor no meio dessa
faixa seria um palpite decente para estimar um objetivo adequado de calorias diárias.
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A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Agora, embora essa coisa de perder e ganhar peso pareça matemática simples (ex. “se
eu baixar 500 calorias perco 0,5 kg, então se aumentar 500 calorias, ganho 0,5 kg”), ela
muitas vezes não funciona dessa maneira. Lembra de toda a atividade inconsciente e
da regulamentação metabólica de que estávamos falando? Esse conceito significa que
você talvez tenha que comer mais ou menos do que espera para alcançar a velocidade
desejada de perda ou ganho de peso.
Você queima aproximadamente ±0,2, ±0,45 e ±0,7 kcal a cada 10 minutos por 0,5 kg
de peso corporal fazendo atividade cardiovascular leve (TEP* 2 a 4, Taxa de Esforço
Percebido), moderada (TEP 5 a 7) e vigorosa (TEP 8 a 10) respectivamente, acima do
que você estaria queimando normalmente nesse mesmo período de tempo fazendo
atividade leve diária [5]. O tipo de atividade cardiovascular, a altitude e outras variáveis
afetam esses valores, mas esses valores são adequados para fins de estimativa. Por
exemplo, um homem de 90 kg fazendo algum exercício cardiovascular com intensidade
34 | BALANÇO ENERGÉTICO * N.T. - Taxa de Esforço Percebido (RPE - Rate of Perceived Exertion,
em inglês)
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
moderada iria gastar 90 kcal em 10 minutos além das calorias que ele estaria gastando
no mesmo período de tempo em atividades do dia a dia. Em uma hora, ele queimaria
540 kcal além do que eles queimaram se tivessem estado fazendo atividade diária leve.
Abaixo temos uma tabela que exibe a quantidade de calorias queimadas durante 10
minutos de atividade cardiovascular com 3 níveis diferentes de intensidade para 3
indivíduos com pesos corporais diferentes:
Intensidade 54 kg 73 kg 90 kg
Agora, se esse homem hipotético de 90 kg gostasse muito de comer, ele poderia pensar:
“Espera, se eu fizesse uma hora de cardio com intensidade moderada por dia, isso faria
com que meu déficit fosse um pouco maior do que 3500 kcal por semana e eu conseguiria
perder 0,5 kg por semana, a uma velocidade de ±0,5%. Isso é o que você prescreve e
eu não teria que restringir meu alimento!”. Bem, ele não estaria errado, mas 7 horas de
cardio com intensidade moderada por semana podem causar problemas para alguém
interessado em ganhar músculos e força.
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A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
criar tensão articular, e um alto volume de ações excêntricas de grande força podem
causar muita dor muscular. Então, se você fizer muitos exercícios cardiovasculares, pode
depletar a energia dos músculos e também ir treinar com eles e as articulações doloridas.
Porém, cardio de baixa intensidade (se não tiver um componente de impacto, como o
ciclismo ou o elíptico) ficaria abaixo do limite de produção de sobrecarga e, portanto,
não seria um problema. Para alguém em boa forma, e que esteja levantando pesos, o
cardio casual e leve não é um estresse adaptativo, por isso não causará adaptações de
resistência no corpo. Assim, a interferência não é um problema com cardio de baixa
intensidade. No entanto, fazer cardio de baixa intensidade queima muito menos calorias
do que com intensidades mais elevadas, por isso você tem que se exercitar muito mais
para obter algum benefício.
A opção final é o cardio de alta intensidade. O cardio de alta intensidade exige muito do
organismo e, ao contrário do cardio de baixa intensidade, não pode ser feito continuamente
durante muito tempo, a não ser que você seja um atleta anaeróbico bem treinado. Esta é
uma das razões pelas quais muitas vezes você ouve as pessoas falarem de treinamento
intervalado de alta intensidade (high-intensity interval training) ou HIIT. O HIIT consiste
em fazer repetidas vezes um pico de cardio em intensidade máxima, seguido de um
período de descanso ativo. O HIIT promove adaptações metabólicas semelhantes as
obtidas por meio do cardio de baixa intensidade realizado por períodos mais longos,
mas em um total de tempo menor [9]. Além disso, o risco de interferência parece ser
reduzido quando o HIIT é utilizado, porque a natureza do cardio de alta intensidade é mais
parecida com a do treinamento de resistência [10]. Por fim, quanto maior a intensidade,
maior o aumento da taxa metabólica no curto período após o exercício. Ao contrário do
exercício de baixa intensidade, o exercício de alta intensidade proporciona um breve e
pequeno aumento na taxa metabólica, mas esse aumento é significativo [11].
Então, isso significa que o HIIT seja a oitava maravilha do mundo, que o nosso homem
de 90 kg que gosta de comer, só precisa fazer um monte de HIIT e algumas sessões
de cardio de baixa intensidade para manter toda a comida dele? Bem, infelizmente
algumas das mesmas questões relativas ao cardio de intensidade moderada também
são pertinentes ao cardio de alta intensidade. Se houver um componente excêntrico
significativo, ou um alto nível de impacto, isso pode causar problemas. Na verdade, em
média, os velocistas sofrem mais que o dobro de lesões isquiotibiais do que os corredores
de longa distância, apesar de correrem apenas uma fração da distância e do tempo destes
últimos [12]. Embora os únicos riscos do HIIT sejam um maior risco de lesões (em certas
modalidades) e uma maior necessidade de recuperação, esses riscos são significativos.
Ao evitar cardio de intensidade moderada e fazer cardio de alta intensidade, você estará
evitando interferências e mantendo mais músculos, mas pode acabar sofrendo uma
ruptura isquiotibial ou alguma outra lesão.
Devido a interferência, o cardio não deve ser o principal meio para a perda de gordura,
independentemente da intensidade. A dieta deve ser responsável pela maior parte da
perda de gordura. Além disso, o desempenho no treinamento resistido é o aspecto
mais crítico para a manutenção muscular. A dieta dá suporte ao treinamento da melhor
forma possível, enquanto causa a perda de gordura, o treinamento, por sua vez, apoia
a retenção muscular. Não coloque esse paradigma em risco. Lembre-se de que você é
um atleta de força ou um fisiculturista, e não um atleta de resistência. Seu cardio total
para a semana não deve durar mais do que a metade do tempo gasto levantando pesos.
Então, se for para levantar pesos 4 vezes por semana, totalizando 90 minutos por treino
(6 horas), significa que você não deve fazer mais do que um total de 3 horas de cardio
semanalmente. A propósito, as mulheres menores podem chegar a um ponto em que a
ingestão alimentar não poderá ser reduzida de forma realista para continuarem a perder
peso, sob risco de desenvolverem deficiências nutricionais; nesses casos, às vezes pode
ser necessário maximizar a quantidade de cardio realizada ou mesmo ir um pouco além
desse valor (mais do que as 3 horas do exemplo anterior).
Escolha um exercício que não prejudique suas articulações (baixo impacto) e que poupe
os músculos nos dias subsequentes (que não os deixem doloridos). O remo, o ciclismo,
a natação, os elípticos ou mesmo circuitos feitos com halteres leves ou com kettlebells
podem ser usados. Limite o número de sessões HIIT em uma ou duas sessões por semana
que não durem mais do que 30 minutos. Não faça mais de uma hora por semana no total
de cardio de intensidade moderada, pois esta intensidade causa maior interferência. Para
o resto do seu cardio, mantenha-o com baixa intensidade.
Mesmo que você esteja treinando há um ano e meio, será capaz de mudar maciçamente
seu físico em uma fase de preparação ou cutting para competição em 24 semanas,
perdendo gordura corporal. Mas, para conseguir uma grande diferença visual no mesmo
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A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
nível durante uma fase de bulking, pode levar por volta de 24 meses.
Gostaria de esclarecer, quando abordamos o ganho de músculos ao longo deste guia, não
recomendo apenas comer tudo o que estiver à vista e ganhar uma quantidade de peso
enorme através de uma fase de bulking clássica, como a comunidade de fisiculturismo
fazia antigamente. Esse ganho de gordura corporal contínuo acabará resultando em
uma relação força x peso corporal menor, o que seria algo ruim para alguém querendo
ficar mais forte. Se a pessoa em questão estiver querendo “secar” para uma competição,
esse ganho excessivo de gordura irá dificultar e prolongar a fase de cutting. De fato, um
estudo recente de 12 semanas, comparando as velocidades de ganho de peso entre 2
grupos de praticantes de treino resistido, descobriu que o grupo que teve um pequeno
excesso calórico ganhou a mesma quantidade de músculos e força, mas apenas um
quinto da gordura corporal do outro grupo, que consumiu 600 calorias adicionais [13].
Isso não significa que nunca existirá um tempo para ganhar músculos com relativa rapidez,
isso apenas depende da sua “capacidade de ganhar”. Isso é determinado por quanto
tempo você tem treinado e por quanto do seu potencial muscular você já alcançou
até agora. Então, para estabelecer velocidades de ganho de peso, vamos estabelecer
objetivos diferentes para iniciantes, intermediários e avançados.
Nível de Velocidade de
Definição
Experiência Ganho Mensal
Agora lembre-se que, se você for mais rápido do que o indicado acima, o peso que
estará ganhando provavelmente será proporcionalmente mais gordura corporal. Se
não for cuidadoso, é muito fácil ganhar gordura junto com o ganho muscular, e nós não
queremos isso.
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A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Exemplos de iniciantes: um homem que pesa cerca de 82 kg tentaria ganhar entre 0,8 a
1,2 kg por mês, enquanto uma mulher pesando aproximadamente 59 kg tentaria ganhar
entre 0,4 a 0,9 kg por mês.
Para intermediários, o ganho será um pouco menor, porque você está mais perto do
seu potencial genético de massa muscular, e agora estamos falando de algo entre 0,4
a 0,8 kg por mês, para o homem de 82 kg, ou 0,2 a 0,4 kg por mês, no caso da mulher
pesando 59 kg.
Então, por que o nosso foco principal no nível avançado não é o ganho de peso? Se
você olhar para qualquer fisiculturista natural profissional de alto nível, como talvez
Brian Whitacre, Alberto Nunez, Jeff Alberts, Patricia Beckman ou qualquer um desses
competidores que estejam em níveis avançados de suas carreiras, seus pesos podem
variar entre 0,5 a 0,9 kg de competição para competição.
Sim, os aumentos do peso corporal virão ao longo do tempo, mas o peso que um atleta
intermediário ganha em 1 a 2 meses será ganho ao longo de 3 a 4 anos. É por isso que,
para o indivíduo avançado, não faz sentido analisar o peso ganho mensalmente. Se
esses atletas apresentarem ganhos significativos de peso, geralmente isso se deve mais
a manutenção da massa muscular durante o cutting do que ao ganho muscular fora de
temporada. Então, neste nível, você deve concentrar-se em garantir que você esteja se
recuperando do seu treino e que esteja fazendo aumentos progressivos na academia. Isso
é evidenciado ao longo do tempo pelo aumento no número de repetições ou da carga.
Esses indivíduos avançados também sabem que já passaram daquelas fases introdutórias,
onde os ganhos de força ocorriam rapidamente, principalmente devido a adaptações
neuromusculares ou a melhorias na postura/execução dos exercícios. Os levantadores de
peso avançados podem estar relativamente certos de que os aumentos nas repetições
ou nas cargas estão acontecendo em parte devido a algumas mudanças estruturais sutis.
Portanto, eles precisam se concentrar nos seus progressos na academia e não tentar
ganhar peso com muita rapidez, senão acabarão engordando. Na verdade, se você for
um levantador de peso que já passou do nível intermediário, não precisa necessariamente
ver a balança subindo regularmente para ter certeza de que está fazendo progressos
(falaremos mais sobre isso adiante).
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A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Além disso, a realidade é que, para os levantadores de peso que não estejam acima do
peso e não sejam novatos, na maioria das vezes quando estiverem ganhando peso, mesmo
fazendo tudo certo, estarão ganhando tanto gordura quanto músculos. Combinando esse
fato e o custo metabólico da produção de tecido muscular, a “regra das 7.000 calorias”
realmente se presta bem para montar sua dieta, tanto para ganho como para perda de
peso [14]. Isto não quer dizer que aproximadamente 1 kg de massa muscular tenha 7.000
calorias, mas sim que você pode ter que aumentar suas calorias mais do que o esperado
para ganhar músculos, devido ao custo energético para sintetizar esses músculos.
Essencialmente, o processo de construção de músculo aumenta o gasto calórico e isso,
juntamente com a NEAT, pode ser a razão pela qual em alguns casos o ganho de peso
é muito menor do que o esperado após um aumento calórico [15].
Mágica Metabólica?
No entanto, é interessante notar que, devido à diferença no valor energético entre a gordura
e o músculo (e do glicogênio para esse assunto), coisas estranhas podem acontecer em
alguns casos. Por exemplo, ganhar uma pequena quantidade de músculos em um déficit,
perder pequenas quantidades de gordura em um excesso ou mesmo ganhar pequenas
quantidades de gordura em um déficit. Tudo isso é tecnicamente possível devido às
diferenças nos conteúdos de água e energia nos diferentes tecidos do corpo.
Para ilustrar como esses cenários são possíveis, vamos utilizar o exemplo apresentado em
um estudo recente, envolvendo homens idosos com sobrepeso que experimentaram uma
quantidade significativa de atrofia muscular relacionada à idade, iniciaram um programa
de treinamento de resistência e uma dieta com suplementação de proteína [16].
Um dos grupos deste estudo ganhou em média 0,6 kg de peso corporal após 16 semanas.
Para chegar a essa mudança de peso, eles perderam 1,1 kg de massa gorda, enquanto
ganharam em média 1,7 kg de massa muscular. Então eles deviam estar um excedente
calórico devido ao ganho no peso corporal, certo? Acredite ou não, na verdade eles
estavam com um déficit de cerca de 65 kcal por dia!
Como isso é possível e como posso saber disso? Bem, a quantidade de energia que
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A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
seu corpo libera de cerca de 0,454 kg de gordura corporal pura, queimando-o para
“cobrir” um déficit de energia é de aproximadamente 4.270 kcal. Da mesma forma,
se você estiver com um excesso de ±4.270 kcal e não ganhar massa corporal magra e
somente gordura, isso resultará no ganho de ±0,454 kg de gordura corporal pura. Eu
sei que você está se perguntando “Por que o valor não é de 3.500 kcal?” Bem, neste
caso, isso acontece porque 3.500 kcal é o valor de ±0,454 kg de tecido adiposo, que é
composto principalmente por gordura pura, mas também contém água e alguns minerais.
Quando você estiver acompanhando sua mudança de peso corporal em casa, a regra das
“7.000 calorias” é uma boa ferramenta para fazer estimativas, mas as medidas feitas em
laboratório analisam a perda de gordura pura ao invés de tecido adiposo, assim 0,454
kg de gordura pura tem um valor energético mais alto.
Então isso significa que, apesar de ganhar 0,6 kg de peso total, ao longo do estudo os
participantes estavam em um déficit líquido de 7.300 kcal. Para ganhar 1,7 kg de músculo
enquanto se perde 1,1 kg de gordura só é necessário um excedente calórico de apenas
±3.100 kcal. Isso indica que um déficit de de ±10.400 kcal foi “coberto” pela queima de
gordura corporal (10.400 kcal -3.100 kcal = -7.300 kcal). Isso indica que ao longo das 16
semanas (112 dias) de observação, os participantes ganharam peso enquanto estavam
em um déficit diário de ±65 kcal (-7.300 kcal divididas por 112 dias dão 65 kcal/dia)!
Por razões semelhantes, um segundo grupo do mesmo estudo [16] realmente perdeu
uma pequena quantidade de gordura, 0,1 kg, estando em um excedente calórico muito
pequeno, e simultaneamente ganhou 1,9 kg de músculo (e água).
Então, por que estou lhe dizendo isso? Qual a finalidade, além de lhe confundir?
O ponto principal é que, embora você deva usar as mudanças no peso corporal como
referências para ajudá-lo a ajustar sua dieta, não fique muito preso a esses números,
na verdade, a “regra das 7.000 calorias” é uma enorme simplificação. Não me entenda
mal, ela é uma simplificação importante e útil, mas você deve entender suas limitações.
Você também pode estar se perguntando quando isso se aplicaria à sua pessoa (uma
vez que você provavelmente não é um obeso, sedentário e sarcopênico de 65 anos,
que está treinando pela primeira vez)? Bem, existem alguns casos em que essa “mágica
metabólica” pode realmente lhe afetar. Por exemplo, se durante uma pausa na sua dieta
você estiver ficando visivelmente mais “seco” enquanto ganha peso, pode estar ganhando
mais peso por meio da recuperação de glicogênio e de tecido muscular (e pelo maior
peso de alimentos no intestino) do que pela pequena quantidade de peso que está
perdendo de gordura corporal. Nesse caso, provavelmente você estaria ganhando peso
mesmo estando em um ligeiro déficit. Este cenário também pode ocorrer ao aumentar
lentamente as calorias após uma fase de cutting.
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A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Ainda assim, indivíduos naturais avançados simplesmente não conseguem ganhar grandes
quantidades de massa muscular em períodos curtos de tempo. Portanto, o conhecimento
de que o corpo pode ganhar músculos lentamente durante longos períodos de tempo,
mesmo sem grandes excessos calóricos, deve dar confiança em uma abordagem mais
lenta de ganho de massa magra aos levantadores de peso avançados.
Assim, para entrar numa fase de ganho muscular, você estabelece um aumento calórico
baseado na relação entre sua meta de ganho de peso com base no seu tempo de treino
e sua relação com a “regra das 7.000 calorias”. Não precisa forçar esse aumento calórico
todos os dias. As calorias podem variar entre os dias, mas na média é necessário ter um
excedente calórico ao longo do dias.
Por último, apenas para esclarecer sobre como iríamos acompanhar essas mudanças,
usaremos um levantador de peso intermediário de 82 kg como exemplo. Se você tem
como objetivo de ganhar entre 0,4 a 0,8 kg por mês, isso significa simplesmente que
iríamos dividir esse valor por 4 para obter uma meta semanal.
Então um iniciante de 82 kg, tentando ganhar até ±1,2 kg por mês, pode ter como objetivo
ganhar ±0,3 kg por semana, o intermediário pode ser em torno de 0,2 kg por semana, e o
objetivo do avançado será basicamente a manutenção do peso corporal ou ligeiramente
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A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
acima disso. É basicamente assim que você conduz um bulking limpo baseado em sua
massa corporal e nível de experiência.
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A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
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A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
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A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Com nossa meta calórica definida, o próximo passo é descobrir de onde virão essas
calorias. Nossos três provedores principais de calorias são as proteínas, os carboidratos
e as gorduras. Iremos nos referir a eles como macronutrientes ou “macros”.
Outra informação que precisamos saber é que existem ±9 calorias por grama de gordura
e ±4 calorias por grama de carboidrato e de proteína. Esses valores, combinados com
nossas calorias diárias do Nível 1 da Pirâmide, nos ajudarão a determinar nossas ingestões
de macronutrientes.
Calorias por
±4 calorias ±4 calorias ±9 calorias
gramas
Tal como acontece em cada nível deste guia, abordaremos esses cálculos para aqueles
que estão perdendo e para aqueles que estão ganhando peso.
Ainda assim, se você já errou no Nível 1, inevitavelmente errou também na sua distribuição
de macronutrientes. Por exemplo, se foi ignorada a recomendação do Nível 1 e decisão foi
tentar perder entre 1,5 a 2,0% do seu peso corporal por semana, sua ingestão de calorias
será menor e assim terá menos calorias para serem distribuídas entre seus macros. Você
pode estar pensando “está tudo bem, é só comer uma dieta rica em proteínas para resolver
isso”, mas estaria se esquecendo de que o papel da proteína não é fornecer energia para
o seu treino, e levantar pesos é a principal arma que temos contra a perda de massa
magra. Portanto, alguém que esteja ingerindo menos proteína do que eu recomendaria,
mas faz regime e perde entre 0,5 a 1% do seu peso corporal por semana, provavelmente
irá manter mais massa muscular do que alguém que consome a quantidade de proteína
recomendada mas perde de 1,5 a 2% do peso corporal por semana. Então, lembre-se que
o grau de importância de cada nível continua a ser importante. Além disso, a proteína
só serve até certo ponto para proteger contra perdas de massa corporal magra durante
o cutting.
Tanto as proteínas da dieta quanto as do corpo podem ser usadas como fontes de
energia em face desse déficit energético causado pelo regime. Assim, o corpo aumenta
sua resposta anabólica à proteína para se proteger contra as perdas de massa magra,
tornando-se mais eficiente em seu uso de proteínas [5]. Apesar disso, esse aumento de
eficiência geralmente não evita perdas de massa muscular, especialmente em indivíduos
“secos”, mesmo quando treinam com pesos [6]. Por esta razão, criou-se a hipótese de que
aumentar o consumo de proteína durante um regime, na faixa de 1,8 a 2,7 g/kg, poderia
diminuir as perdas de proteínas do corpo, ajudando a preservar a massa muscular [6 a 8].
Mas esta hipótese não foi totalmente testada e comprovada. Até o momento, existem
estudos que mostram claramente a superioridade que maiores ingestões de proteína
para a preservação da massa magra em indivíduos não obesos e com experiência em
treino resistido quando comparando:
ff Além disso, pesquisadores que realizaram um estudo que foi publicado no mesmo
período, descobriram que, embora a composição corporal após o regime não se
encontrasse diferente ao consumir 2,4 g/kg quando comparada com 1,6 g/kg durante
3 semanas, os marcadores específicos de síntese proteica foram mais elevados no
grupo com maior consumo de proteínas [13].
Então embora seja difícil afirmar com certeza absoluta que uma maior ingestão de
proteína irá preservar mais massa corporal magra durante um regime, o que pode ser
dito com certeza é que uma ingestão de proteína na faixa entre 2,5 a 3 g/kg, não seria
nocivo [15], e que há evidências de que as ingestões de proteínas nesta faixa (na verdade,
mais altas) parecem ser mais saciantes, pois tendem a reduzir a ingestão energética [16,
17] e podem afetar positivamente o estado de humor em comparação com as ingestões
mais baixas [12].
Para concluir, com base na evidência acima e na minha experiência como coach, o que
provavelmente faz mais sentido para a ingestão de proteínas enquanto você estiver
fazendo regime é mantê-la entre 2,3 a 2,8 g/kg de peso corporal.
Os carboidratos não são considerados “essenciais”, mas certamente irão beneficiar seu
treinamento, e o levantamento de peso é o primeiro item da lista de alternativas que
você pode fazer para evitar a perda de massa magra corporal. O segundo item, seria a
velocidade da perda de peso e o terceito seria a sua ingestão de macronutrientes que
estamos descobrindo agora. Se há uma coisa que esta Pirâmide Nutricional tende a
subrepresentar é o quão importante é o seu treino para alcançar o seu objetivo muscular
e de força. (Se você ainda não o fez, recomendo enfaticamente a compra do meu outro
livro, A Pirâmide de Para Força e Hipertrofia - Treinamento.)
Enquanto você estiver fazendo regime, irei reduzir a gordura um pouco mais do que
normalmente o faria fora da época de competições, apenas porque isso permite uma
maior ingestão de carboidratos. Se os carbos estiverem muito baixos durante a restrição
energética, isso pode sabotar seu treinamento [ 9, 18 a 20]. Por sua vez, isso diminuiria
sua capacidade de manter a sua massa magra corporal.
No que diz respeito a ingestão de gorduras, recomendo para a maioria das pessoas que
ela fique entre 15 a 25% das calorias, enquanto estiverem fazendo regime, as calorias
restantes serão fornecidas pelos carboidratos. Sim, na maioria dos casos 15% é menos
que o ideal, e é por isso que as dietas não duram para sempre. Além disso, logo iremos
discutir uma ingestão fisiológica mínima com base no peso corporal. Mas, ao manter o
consumo de gordura um pouco mais baixo enquanto se está de regime, isso permite um
consumo maior de carboidratos, o que é importante para reter carboidratos suficientes
para que possa manter seu treinamento e assim preservar sua massa muscular. Abordarei
um exemplo desses cálculos depois de discutirmos os valores apropriados para pessoas
que não estão fazendo regime.
Estou ciente de que esse valor pode lhe assustar, acabei de lhe dizer algo abaixo de 2,2
gramas por kg, o que é muitas vezes visto na comunidade de fisiculturismo como sendo
a ingestão mínima absoluta. Antes de você achar que sou um nerd de laboratório, sem
nenhuma experiência prática, tenha em mente de que sou um fisiculturista que conseguiu
um sucesso razoável no fisiculturismo natural, treino fisiculturistas que competiram no
mais alto nível da musculação natural, conduzi pesquisas sobre fisiculturistas e proteínas,
e lhe forneci muitas referências para embasar esses números. Então por favor, tente não
jogar seu shake de proteína na tela enquanto estiver lendo isso.
Pense nisso desta forma, você tem as calorias que apoiam o seu ganho de peso. Parte
da razão pela qual o regime teoricamente requer mais proteína, é porque mais proteína
é usada como energia quando se está mais “seco” e restringindo as calorias [4]. Essas
condições não estão presentes durante um excesso calórico, portanto você simplesmente
não precisa de tanta proteína e terá mais benefícios comendo quantidades maiores de
carboidratos e de gorduras.
Falando em carboidratos e gorduras, uma vez que a fase de ganho nos dá mais calorias
para brincar, e não temos que nos preocupar com uma ingestão baixa demais de
carboidratos para manter nosso treino, nós podemos ter uma porcentagem maior das
nossas calorias provenientes da gordura. Para a maioria das pessoas eu recomendo entre
20 a 30% do total de calorias, e mais uma vez, o restante é destinado ao carboidrato.
A tabela abaixo ajudará a resumir nossos cenários de cutting e bulking para cálculos
subsequentes.
RECOMENDAÇÃO DE
PROTEÍNA GORDURA CARBOIDRATO
MACRONUTRIENTES
Para facilitar nossos cálculos, vamos usar 3.000 calorias por dia como uma ingestão
que não provocaria alterações no seu peso corporal. Se essa pessoa for um levantador
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A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Vamos começar com 2,2 gramas de proteína por quilo de peso corporal, o que equivale
a ±200 gramas.
Em seguida, vamos definir a gordura em 25% de suas calorias totais para o dia, que dará
90 gramas aproximadamente.
800 calorias de proteínas + 800 calorias de gordura = 1.600 calorias restantes para
os carboidratos
Resumindo, este atleta de ±90 kg em um bulking limpo poderia estabelecer como meta
diária de ingestão de macronutrientes: 200 gramas de proteína, 90 gramas de gordura
e 400 gramas de carboidrato.
Com o mesmo valor de manutenção de 3.000 calorias, usando a “regra das 7.000 calorias”,
buscando perder aproximadamente ±0,5 kg por semana, vamos subtrair 500 calorias do
seu consumo diário e, em seguida, adicionar algumas atividades cardiovasculares (que
não vamos mostrar aqui).
Agora ele está consumindo 2.500 calorias e vamos aumentar um pouco a ingestão de
proteína. Vamos usar cerca de 2,5 g/kg, totalizando 225 gramas.
55 | MACRONUTRIENTES & FIBRAS
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Vamos definir a ingestão de gordura em torno de 20%, o que dá cerca de 55 gramas por
dia, isso ainda está acima do mínimo de 0,5 g/kg.
Agora sobraram 1.100 calorias para os carboidratos, o que dá cerca de 275 gramas.
2.500 calorias – (900 calorias de proteína + 500 calorias de gordura) = 1.100 calorias
para os carboidratos
Resumindo, este atleta de ±90 kg no início de uma fase de perda de gordura poderia
estabelecer um objetivo diário de ingestão de macronutrientes de 225 gramas de proteína,
55 gramas de gordura e 275 gramas de carboidrato.
Outras coisas podem entrar em cena, como realimentações ou pausas na dieta, mas
esses números servirão como uma definição básica de calorias e macronutrientes. Mais
adiante nesse guia iremos falar sobre esses tópicos, juntamente com a forma de como
“atingir” esses números.
Provavelmente tenho entre 10 a 15% dos meus clientes com percentuais de gordura
superiores a 30%. Também tenho outros, talvez 5% deles, que na verdade estão quase
em dietas cetogênicas. Isso significa que eles estão ingerindo diariamente em torno de
80 a 120 gramas de carboidratos ou menos ainda. Isso pode acontecer mesmo quando
eles não estão numa fase de perda de gordura. Mas como eu disse, eles não são a maioria,
representam no máximo 20% das pessoas com quem trabalho. Isso significa que 2 de
cada 10 pessoas talvez não precisem de tantos carboidratos como estimado nos cálculos
anteriores. Acontece que essas pessoas se adaptam melhor a uma abordagem com um
56 | MACRONUTRIENTES & FIBRAS
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Embora existam alguns indicadores genéticos que podem nos ajudar a descobrir qual
seria o melhor tipo de dieta no seu caso, você provavelmente terá que testar isso com
base em alguns métodos de autoavaliação que irei discutir na próxima seção. Mas os
cálculos acima provavelmente fornecerão distribuições de macronutrientes eficientes
para a maioria das pessoas que estão se exercitando, sem excesso de peso e que ainda
são jovens ou de meia idade.
É bem sabido que fazer exercícios e manter um peso corporal saudável melhoram a sua
capacidade de metabolizar carboidratos, mas por que a idade é um fator?
A maioria das pessoas mais velhas que não se adaptam à dietas de alto teor de
carboidratos, estão assim porque perderam massa muscular e ganharam massa gorda à
medida que o tempo passou, causando resistência à insulina. Contudo, mesmo para as
pessoas que entraram em forma mais tarde na vida ou os que continuam comprometidos
com seu treino de resistência, alguns efeitos independentes do envelhecimento afetam
negativamente a capacidade do corpo de lidar com carboidratos [27].
Além disso, enquanto se envelhece a proteína não continua a causar a mesma resposta
anabólica que costumava causar [28]. Então, embora talvez seja necessário aumentar
a sua ingestão de gordura e proteína ao longo dos anos, lembre-se de que isso ocorre
junto com uma redução geral no gasto de energia [29]. Isso significa que você não
terá tantas calorias para brincar, e é por isso que você não vai querer baixar tanto os
carboidratos, a ponto de entrar em cetose, a menos que descubra que isso realmente
funcione bem com você.
Mais uma vez, irei afirmar que as recomendações que fiz são um ótimo ponto de partida
para 80% das pessoas que treinam regularmente, ainda não entraram na terceira idade
(número arbitrário aqui, mas digamos 60 anos) e não estão com excesso de peso. Então,
se você estiver nos primeiros 2/3 da sua vida, sem excesso de peso e levantando peso
regularmente, as faixas recomendadas provavelmente “funcionarão” bem pra você.
Para todos os demais, gostaria de poder fazer um guia que lhes desse a proporção
de macronutrientes perfeita, juntamente com um unicórnio para atravessar o arco-íris
dietético mágico, mas a realidade é que a nutrição é mais individual do que isso, e você
terá que aguentar comigo essa limitação.
Como saber se você entra nesse grupo e poderia se beneficiar desse tipo de dieta?
Existem alguns sinais que podem indicar se você tem maior probabilidade de ser resistente
à insulina, e você mesmo pode testar esta hipótese usando outro conjunto de cálculos
básicos e acompanhamento subjetivo de dados que descreverei nesta seção.
A probabilidade de que você tenha um resultado melhor com uma dieta com mais gordura,
devido à resistência à insulina, normalmente aumenta com: a idade [27], um histórico
familiar de diabetes [34, 35], a presença de uma condição em mulheres chamada de
síndrome do ovário policístico (SOP) [36], ou oligomenorreia [37], que é representada
por um ciclo menstrual que ocorre com menos frequência, especificamente levando
mais de 35 dias para se repetir. Embora estes dois primeiros fatores às vezes possam ser
influenciados pelo peso corporal e pelo exercício, as mulheres com SOP ou oligomenorreia
tipicamente têm níveis mais elevados de andrógenos (hormônios sexuais masculinos)
do que a maioria das mulheres, o que as predispõe a serem resistentes à insulina até
certo ponto [37], independentemente de atividade física ou níveis de gordura corporal.
Além disso, não é nada incomum para as mulheres com maior contagem de andrógenos
serem representadas desproporcionalmente em populações atléticas. Isso é ainda mais
verdadeiro nos esportes de força e potência, que tendem a ter mais mulheres com
níveis de androgênio elevados, mesmo em comparação com outros esportes [38]. Mas
se você for uma mulher com SOP ou oligomenorreia, não se desespere se você precisar
modificar sua dieta devido à uma possível resistência à insulina. O lado positivo é que
você provavelmente tem uma contagem de andrógenos maior do que normal, o que pode
significar que sua performance será melhor do que os outros atletas [39]. Para aliviar
ainda qualquer medo, esteja certo de que existem evidências bastante convincentes de
que uma dieta com maiores teores de gordura e proteína e pobres em carboidratos,
pode ser muito eficaz para levar à perda de gordura para pessoas com resistência à
insulina [33, 40 a 42].
E se você for um homem que não responde bem aos carboidratos ou a uma mulher que
não possui diagnóstico de SOP ou oligomenorreia, mas mesmo assim não se dá bem
com uma dieta rica em carboidratos? Como testamos se uma dieta com maior teor de
gordura seria mais adequada?
Em um mundo ideal, você poderia simplesmente fazer alguns exames de sangue para
determinar sua sensibilidade à insulina, mas geralmente essa não é uma opção para muitas
pessoas. E mesmo assim, se um médico diagnosticar que você é resistente à insulina,
normalmente as recomendações serão perder algum peso, fazer algum treinamento de
resistência e evitar o sedentarismo. Se você está lendo este texto, provavelmente já está
fazendo tudo isso. Então, de acordo com o médico, se esse for o seu diagnóstico, não
haverá o que fazer.
Acho que uma maneira ainda melhor de testar sua resposta à uma dieta com alto teor
de gordura e pobre em carboidratos seria executar alguns testes fora da temporada de
competições e coletar dados de si mesmo. Eu recomendaria seguir uma dieta com 40%
de gordura durante aproximadamente um mês, com a mesma quantidade de proteína e
calorias que você consumiria normalmente. Isso iria simplesmente mudar a proporção
entre carboidratos e gorduras, nada mais.
Ao longo deste mês, faça todo dia uma classificação de 1 a 10 do seu humor, energia e
qualidade na academia, anote e guarde esses resultados. O humor e a energia são fáceis
de serem definidos, mas gostaria de esclarecer que a qualidade nos treinos é diferente do
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A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
desempenho nos mesmos. Não estamos falando o seu programa, volume ou a quantidade
de pesos levantados (você pode acompanhar isso também, mas apenas se mantiver
a mesma abordagem de treino). A qualidade está mais ligada a como você percebeu
seu esforço geral e estado mental durante o treino do dia. Depois de aproximadamente
4 semanas acompanhando seu humor, energia e qualidade do treino, faça uma média
dessas classificações.
Quando esse mês estiver completo, leve outro mês consumindo uma dieta com 20% de
gordura enquanto mantém as mesmas quantidades de calorias e proteínas. Mais uma
vez, você acompanhará os mesmos dados: alimentos e peso corporal (como sempre),
e também suas classificações de 1 a 10 para humor, energia e qualidade de treino (e,
novamente, também seria uma boa ideia para acompanhar o seu desempenho na academia,
mas você precisaria manter a mesma estrutura geral do treino). Eu recomendaria fazer
estes testes pelo menos duas vezes, fazendo isso um compromisso de 4 meses. No final,
você poderá ver se suas notas foram mais altas para uma dieta ou para a outra, e assim
terá sua resposta.
Isso pode parecer uma grande chateação para descobrir se você se daria melhor com
uma dieta com alto teor de gordura ou com uma rica em carboidratos, mas fora da
temporada de competições definitivamente valeria a pena. Se notar uma grande diferença
nas notas entre seus meses com 40% e seus meses com 20% de gordura, poderá concluir
que uma dieta com maior teor de gordura é algo a ser seguida no longo prazo. Além
disso, coloque em perspectiva, se você planeja levantar pesos e tentar melhorar sua
composição corporal pro resto da vida, enquanto for possível (como você está lendo
esse livro, espero que sim), então 4 meses serão apenas uma gota no oceano!
Fibras
O último tópico que abordaremos aqui no Nível 2 é a nossa ingestão de fibras, que são
importantes para a saúde intestinal e a absorção de nutrientes. Elas também podem
reduzir sua ingestão energética, porque nem todas as fibras têm valor calórico, mas
ainda assim elas “contam” como um carboidrato e podem aumentar sua saciedade [43].
Eu diria que uma ingestão mínima saudável de fibras por dia seria de 20 gramas para
mulheres e 25 gramas para homens. Como ingestão máxima para ambos os sexos, diria
que não precisamos ir além de 20% do total de carboidratos em qualquer dia. A existência
dessaingestão máxima de fibras pode surpreender algumas pessoas, especialmente alguns
tipos de fisiculturistas da velha guarda. Mas se você comer apenas aveia e alimentos
integrais para aumentar sua ingestão de fibras bem acima dos valores recomendados,
isto pode ser prejudicial para sua saúde gastrointestinal e sua capacidade de absorver
alguns nutrientes [44], além de potencialmente lhe conferir uma aparência muito inchada
se isso for levado a extremos.
Outra forma de estimar uma ingestão saudável de fibras seria seguir uma proporção de
no mínimo 10 gramas a cada 1.000 calorias. Isso provavelmente será mais prático para
quem estiver seguindo uma dieta cetogência, com poucos carboidratos ou calorias. Então
por exemplo, se a sua ingestão for de 1.500 calorias, você estabeleceria uma ingestão
mínima de 15 g de fibra, ou 20g, se estivesse consumindo 2.000 calorias.
Existe também a pergunta “devo contar fibra para o meu total de carboidratos?”
A nutrição tradicional muitas vezes ensina que as fibras não são digeríveis pelos seres
humanos, mas na verdade, embora algumas fibras não sejam digeridas no intestino
delgado, elas são fermentadas no cólon e isso nos fornece energia. Contudo, é difícil
determinar quais fibras fornecem calorias e quantas seriam essas calorias [45]. Por isso,
minha recomendação básica é simplesmente contar suas fibras como carboidratos e
garantir que você ingira entre o mínimo e o máximo que recomendei aqui.
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Para iniciar o assunto, macro significa grande e micro significa pequeno. Dessa forma, você
precisa de macronutrientes em quantidades muito maiores do que as dos micronutrientes.
Porém, para complementar, vou falar sobre o que são e as diferentes categorias, pois
acredito que isso lhe dará uma perspectiva sobre o porquê você não pode (ou porque não
deveria, na minha opinião) se preocupar apenas com a ingestão dos macronutrientes sem
qualquer consideração com os outros nutrientes. Depois de abordarmos as categorias,
falaremos sobre como aplicar esse conhecimento em sua dieta e certificar-se de que
todas as suas necessidades nutricionais sejam atendidas.
Minerais
Então para começar, os minerais são aquelas coisas inorgânicas que estão na tabela
periódica. Nós temos os macrominerais, aqueles que nosso corpo precisa em maior
abundância e os minerais traços, que precisamos em pequenas quantidades.
de funções importantes na fisiologia humana. Dentre eles podemos citar: ferro, cobre,
cobalto, zinco, molibdênio, iodo e selênio. Existem outros, mas esses são alguns dos
principais.
Vitaminas
As vitaminas, nossos micronutrientes orgânicos, também são de dois tipos diferentes:
solúveis em gordura e solúveis em água. Os nomes dessas categorias referem-se à forma
como esses dois grupos são absorvidos pelo organismo.
As vitaminas solúveis em gordura são absorvidas com a ajuda da gordura pelo intestino
delgado, elas tendem a permanecer em nossos organismos por muito mais tempo do
que as solúveis em água. As vitaminas solúveis em água são excretadas rapidamente
através do nosso suor e urina, por isso geralmente precisamos consumi-las com mais
frequência.
Como bebemos e urinamos o dia inteiro, temos constantemente uma grande quantidade
de processamento de água pelo nosso organismo. Assim, as vitaminas solúveis em água
precisam ser reabastecidas diariamente. Por isso é mais difícil ingerir uma overdose de
alguma vitamina solúvel em água, porque você pode urinar e se livrar do excesso. Ainda
assim, é mais fácil apresentar uma deficiência de uma vitamina solúvel em água, pois as
eliminamos com muita facilidade.
O contrário também é verdadeiro para vitaminas solúveis em gordura. É mais fácil ter uma
overdose porque elas permanecem em nosso organismo por mais tempo, logo também
são mais difíceis de se livrar. Da mesma forma, é mais improvável que você apresente
uma deficiência em sua ingestão, a menos que seja apenas uma questão de consistência.
Uma deficiência na ingestão dessas vitaminas leva mais tempo para se manifestar.
Essas são as informações necessárias para que possamos seguir adiante. Agora precisamos
nos concentrar sobre como nos assegurar de que a nossa dieta esteja montada de modo
a obtermos uma ingestão adequada de micronutrientes consistentemente.
Quando você está consumindo menos alimentos, também estará ingerindo menos
micronutrientes. Muitas dietas populares, mesmo as que parecem ter variedade adequada
e inclusão de vários alimentos densos em micronutrientes, na verdade são deficientes
em micronutrientes [1].
Uma deficiência de zinco pode, de fato, resultar em uma regulação negativa da tireoide
até o ponto em que o gasto de energia seja substancialmente reduzido. Em um estudo
de caso, um participante aumentou sua taxa metabólica de repouso (TMR) em 194 kcal
após 4 meses de suplementação com zinco, outro participante aumentou sua TMR em
incríveis 527 kcal após suplementar com zinco por 2 meses [8]. Este é um exemplo da
vida real das possíveis consequências de se adotar uma abordagem “excludente” de
seleção de alimentos versus uma “inclusiva” como recomendamos.
Vitamina D
Cálcio
Zinco
Magnésio
Ferro
Claramente em alguns casos, corrigir uma deficiência durante um regime pode ser
extremamente importante para o sucesso. O cálcio é outra deficiência comum e também
é necessário em quantidades relativamente grandes. Consumir laticínios na dieta
pode resolver esta questão; iogurtes gregos com baixo teor de gorduras, baixo teor
de carboidratos e ricos em proteínas podem se encaixar em dietas que são baixas em
calorias, gorduras ou carboidratos e são uma ótima maneira de prevenir a deficiência
de cálcio. No entanto, para aqueles que não têm acesso a este tipo de iogurte grego
em sua localidade, ou têm uma razão específica que impeça o consumo de laticínios, a
suplementação de cálcio pode ser algo a ser considerada.
Se não forem prevenidas, as deficiências podem ter um impacto significativo em sua saúde,
no desempenho e no sucesso em potencial da dieta. Um regime com boa variedade de
alimentos pode evitar isso, mas conforme as calorias e macronutrientes forem diminuindo,
será cada vez mais difícil evitar deficiências de micronutrientes. Eu aconselharia manter
o consumo de laticínios e carne vermelha (magra e sem gordura, pode caber em quase
qualquer dieta) e se expôr regularmente ao sol em ambientes externos (não através das
janelas [10]) durante um regime. Isso deve ajudá-lo a evitar deficiências de cálcio, zinco,
70 | MICRONUTRIENTES & ÁGUA
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
magnésio, ferro e vitamina D. Para aqueles que não comem carne ou carne vermelha
especificamente, ou laticínios, iremos abordar mais adiante neste livro a suplementação,
que pode ser algo a ser considerada no seu caso, especialmente durante um regime.
A razão pela qual estou focando nestes grupos particulares de alimentos é porque
normalmente um levantador de peso, ao tentar ganhar peso, consome quantidades
adequadas de micronutrientes provenientes de carnes, produtos lácteos e carboidratos
com amido. Mas o lugar onde ele geralmente deixa a desejar, especialmente quando a
fome é baixa, é no departamento de frutas e vegetais.
Se você for uma mulher pequena ou um homem de pouco peso, e está consumindo de
1.200 a 2.000 calorias por dia, o objetivo geralmente deve ser consumir 2 porções de
frutas e 2 de vegetais. Mas, isso pode ser difícil de encaixar na sua dieta sem ultrapassar
sua meta de carboidratos. Neste caso, olhe ao redor do supermercado para ver o que
tem menos calorias por tamanho de porção. Você verá que, no seu caso, algo como
frutas silvestres seria uma escolha melhor do que uma banana.
Por outro lado, um indivíduo muito grande ou extremamente ativo, que consome
regularmente 4.000 ou 5.000 calorias por dia, pode ter dificuldade em obter tantas
calorias se ele ou ela tiver que comer 5 porções de frutas e vegetais diariamente. Neste
caso, ingerir 4, 3 ou até mesmo apenas 2 porções, seria suficiente para evitar o inchaço
ou o empanturramento que poderiam prejudicar o consumo adequado das calorias de
uma dieta fora da temporada de competições. Uma boa ingestão mínima de 2 porções
de frutas e 2 de vegetais por dia, será suficiente para evitar o empanturramento enquanto
ainda assegura a ingestão adequada; lembre-se da ordem de prioridade, você não quer
que o Nível 3 da Pirâmide interfira no Nível 1!
Fora as dietas extremamente altas ou extremente baixas em calorias, ainda acho que 1
porção de frutas e 1 porção de vegetais para cada 1.000 calorias seja uma boa orientação
71 | MICRONUTRIENTES & ÁGUA
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Frutas silvestres em geral tendem a ser muito baixas em calorias, então você verá que
aumentando a ingestão desses alimentos específicos poderá ajudá-lo a sentir que está
comendo mais, apesar de estar em um déficit calórico.
CLASSE DOS
RECOMENDAÇÃO NOTAS
ALIMENTOS
É exatamente por isso que, quando suas fontes alimentares são mal escolhidas (ex.:
ingerindo muitos alimentos que não sejam ricos em micronutrientes), tecnicamente
você pode “bater seus macros” com alimentos de alta densidade energética, mas ainda
se sentir vazio e com fome.
Ingestão de Líquidos
Assim como para determinar as calorias de manutenção no Nível 1 da Pirâmide, existem
duas maneiras diferentes para estabelecer uma quantidade adequada de ingestão de
líquidos para o seu organismo. O primeiro método envolverá cálculos baseados em seu
peso corporal, o segundo método é de natureza mais qualitativa, com base nas suas
necessidades individuais.
Neste caso, gostaria que você incluísse todos os seus líquidos, exceto o álcool. Sim, mesmo
as coisas que vemos como “desidratantes” como o café, na verdade, contribuem mais
com a nossa ingestão de líquidos do que prejudicam [12]. Portanto, todos os líquidos,
incluindo café, refrigerante dietético, leite, suco, chá, águas aromatizadas e qualquer
bebida (exceto as com álcool) contarão para essa ingestão. Nós não contamos o álcool
porque, de fato, ele desidrata [13], e faz com que você urine mais líquido do que ingere.
Um bom ponto de partida, para aqueles que usam o sistema imperial ao invés do métrico,
seria estabelecer em 2/3 do seu peso corporal em libras, em onças líquidas. Isso significa
que se você pesa 210 lbs, isso equivale a aproximadamente 140 onças líquidas por dia.
Para aqueles que utilizam o sistema métrico, uma regra equivalente seria consumir 1 L
de líquidos a cada 23 kg de peso corporal.
Outro método para garantir que você esteja adequadamente hidratado é encontrado no
site bodyrecomposition.com. O artigo recomenda que você urine 5 vezes por dia com
coloração clara, 2 delas acontecendo logo após o treino (ou durante o treino, se ele for
longo) [14]. Acho que esta também é uma abordagem bem apropriada para determinar
se a sua ingestão é suficiente, e pode até ter vantagens em relação a uma quantidade
controlada e medida com base no peso corporal.
A razão pela qual tendo a preferir este método é que, duas pessoas com o mesmo peso
corporal, podem ter um estado de hidratação muito diferente. Por exemplo, considere
uma pessoa que habitualmente bebe muitos líquidos e, portanto, urina mais e tem uma
sudorese muito alta. Esta pessoa teria uma rotatividade hídrica muito alta, enquanto
outra pessoa talvez não. Além disso, outras coisas como a quantidade e o tipo de treino,
o tipo e a quantidade de cardio que se está fazendo, e o clima de onde você vive, irão
afetar o seu estado de hidratação.
É vital garantir que você esteja adequadamente hidratado, porque mesmo uma diminuição
de 2% no peso corporal causada pelas perdas de líquidos pode causar uma diminuição
73 | MICRONUTRIENTES & ÁGUA
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
no desempenho aeróbio. Uma diminuição no peso corporal tão pequena quanto de 3%,
pode impactar negativamente a força [15].
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15. Kraft, J.A., et al., The influence of hydration on anaerobic performance: a review. Res
Q Exerc Sport, 2012. 83(2): p. 282-92.
Agora que abordamos a ingestão calórica geral (Nível 1), de onde obter essas calorias
(Nível 2) e os micronutrientes contidos nos alimentos que comemos (Nível 3), vamos falar
sobre como distribuir essas calorias ao longo de diferentes períodos de tempo. Vamos
fazer isso tanto de modo genérico como de modo específico, mergulhando na linha do
tempo de toda a dieta, ao longo de uma semana, ao longo do dia, e em relação ao treino.
Como em todos os capítulos até agora, essas recomendações serão apresentadas tanto
para quem quer perder peso como para quem quer ganhar massa magra, pois existem
diferenças sutis entre as duas situações.
O conceito de uma pausa na dieta é essencialmente a mesma coisa que trocar o óleo do
motor do seu carro antes dele dar problema. Significa que, ao invés de fazer um regime
até perder a cabeça e chutar o balde, você irá simplesmente implementar uma pausa
planejada, para evitar os possíveis efeitos negativos que podem ocorrer com um déficit
calórico prolongado. Psicologicamente, isso coloca você no controle do processo ao
invés de falhar como consequência do regime.
A pesquisa original sobre pausas na dieta descobriu que essa “interrupção” intencional
do controle de peso, na verdade não afeta a perda de peso. Aqueles que implementaram
pausas na dieta foram capazes de perder peso de forma tão eficaz quanto aqueles que
não o fizeram [2]. Além disso, o tempo gasto em um déficit energético pode reduzir de
forma lenta, mas constante, o gasto energético, tornando assim a perda de peso ainda
mais difícil, pois nessa situação a ingestão de alimentos deve ser ainda mais reduzida e/ou
o gasto de energia aumentado. Embora grande parte desses efeitos sejam simplesmente
inevitáveis e uma consequência da perda de peso - já que você está movendo menos
massa e assim queimando menos calorias - um grande componente dessa redução
no gasto de energia é o que é chamado de “termogênese adaptativa” [3] ou o que é
conhecido comumente como adaptação metabólica.
Para aqueles que querem ficar “secos”, isso pode ser uma dor de cabeça. Um estudo
descobriu que aqueles que perderam recentemente 10% ou mais de seu peso corporal,
tiveram um gasto energético diário total em média 18% menor do que aqueles com o
mesmo peso corporal que não fizeram regime [4]. Agora, esse valor de 18% é apenas o
valor médio. Usando as estatísticas apresentadas neste estudo e extrapolando-as para
78 | HORÁRIO E FREQUÊNCIA DOS NUTRIENTES
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
mostrar a propagação para 95% das pessoas estudadas, teríamos uma faixa de 8 a 28%.
Isso significa que algumas pessoas perto do final de seu regime gastarão pouco mais
de 90% das calorias, que seriam preditas pelo seu peso corporal e atividade, sendo
assim apenas ligeiramente afetadas pela adaptação metabólica. No outro extremo do
espectro, alguns gastariam quase dois terços a menos do que seria esperado [4]. Como
você pode imaginar, para algumas pessoas a “desaceleração metabólica” pode frustrar
significativamente seus esforços na tentativa de perder peso.
Como a pausa na dieta mostrou ser tão eficaz por todos os motivos listados anteriormente,
realmente faço questão de planejar uma com antecedência sempre que possível e de
informar isso para o cliente, pois isso gera menos resistência.
Um bom exemplo de como implementar isso, seria pegar alguém que tenha planejado
uma dieta de 24 semanas, para se preparar para uma comepetição. Neste cenário, você
pode planejar de 2 a 3 pausas na dieta, distribuídas de forma mais ou menos uniforme
ao longo do período. Então por exemplo, ele poderia utilizar as semanas 8, 16, e depois
a 24 (que também seria a semana de pico de desempenho, ela então coincidiria com
a fase de carregamento de carboidratos) para fazer pausas na dieta (espero que seja
bastante óbvio que essa prática dietética não seria necessária para alguém em uma fase
de ganho de massa magra).
do normal. O objetivo aqui é comer o máximo que puder sem ganhar peso, ou apenas
ganhar o mínimo de peso possível, pois esse peso será composto predominantemente
por água e glicogênio. As pausas na dieta em geral devem durar de 1 a 3 semanas.
Acredite ou não, voltar (se você estivesse estagnado) ou continuar a perder peso também
não é incomum. Isto acontece provavelmente devido ao cortisol (um hormônio que
aumenta com o estresse e causa retenção de água) diminuindo e à perda de peso de
água, ou devido ao aumento do gasto de energia até o ponto em que você ainda estará
em déficit, apesar de aumentar as calorias e diminuir o cardio, ou provavelmente uma
combinação dessas duas possibilidades.
Por último, talvez você possa manter mais ou menos o peso, se sentir e parecer melhor,
ser capaz de treinar mais e ficar mentalmente e fisicamente revitalizado. Isso pode ser
devido ao fato de estar em um déficit ou superávit muito pequeno, recuperando massa
magra e glicogênio perdidos, enquanto ainda está perdendo gordura ou perdendo água
retida.
Refeed de Um Dia
Em uma escala ligeiramente menor, vamos entrar na manipulação de calorias e
macronutrientes espalhados ao longo da semana, que pode ser útil para atletas de força
e físico. Algumas dessas técnicas são chamadas em inglês de refeeds, ou podem ser
chamadas de ciclagem de carboidratos, de calorias ou de macros. Independentemente
do termo, todos significam que você estará distribuindo calorias, e provavelmente
macronutrientes, de maneiras específicas ao longo da semana, na esperança de conseguir
resultados favoráveis.
Apesar desses potenciais benefícios, vale a pena notar que as adaptações hormonais que
ocorrem durante um regime podem não ser efetivamente revertidas por um único dia
gasto até muito acima das calorias de manutenção [7]. Parece que não só a magnitude
das calorias consumidas durante um refeed é importante, mas o tempo gasto fora de
um déficit também. De fato, podem ser necessários refeeds com duração de 48 horas
ou mais, nas calorias de manutenção, para efetivamente começar a reversão dessas
adaptações hormonais [8].
No entanto, isso não significa que os refeeds de 24 horas não tenham mérito com o
objetivo de influenciar as adaptações metabólicas durante um regime. Mesmo que não
seja efetivo em reverter as adaptações, passar um dia fora de um déficit é um dia a
menos em que essas adaptações estão acontecendo, e até certo ponto um refeed pode
atuar para reduzir o efeito cumulativo dos dias de regime. Lembre-se, assim como são
necessários vários dias de refeed para efetivamente reverter essas adaptações, também
são necessários vários dias de dieta para que essas adaptações ocorram, e um refeed
é um dia fora da dieta.
Por exemplo, se você quiser perder 700 g por semana, você precisa produzir um déficit
semanal de ±4.900 kcal (7.000 x 0,7). Se estiver fazendo regime por 7 dias, isso quer
dizer que precisam ser reduzidas 700 calorias por dia. Todavia, se estiver fazendo regime
por 6 dias e realizando um refeed em 1, será necessário reduzir os 6 dias de regime em
±817 calorias para alcançar o mesmo déficit semanal. Para o seu refeed, se você não
estiver acompanhando os macros, tudo o que precisa fazer é ajustar as calorias. Se estiver
acompanhando os macros, mantenha sua proteína e gordura no mesmo nível que seus
dias de regime e aumente seus carboidratos até alcançar as calorias de manutenção.
Algumas pessoas têm facilidade em seguir uma dieta de segunda à sexta-feira, mas nos
finais de semana, elas realmente têm uma grande dificuldade em não ultrapassar seus
macros. Então, se isso descreve sua situação, basta baixar um pouco suas calorias nos
dias da semana e aumentar seus macros para sábado e domingo, de modo a combinar
com seus hábitos regulares. Você pode descobrir que, ao fazer isso, conseguirá ser mais
consistente com seu balanço energético semanal. Apenas não exagere com a restrição
calórica de segunda a sexta-feira, eu não recomendaria baixar as calorias de manutenção
mais do que 10%.
Mesmo uma pequena redução nos 5 dias da semana permite um aumento bastante grande
nos finais de semana. Por exemplo, se você estivesse visando um excedente de 200 kcal
por dia durante uma fase de ganho, e ingeriu somente as calorias de manutenção de
segunda à sexta-feira, isso lhe permitiria um adicional de 1.000 kcal para se consumir
no final de semana, mais as 200 kcal além das calorias de manutenção!
Um desses estudos descobriu que a perda de gordura era maior em um grupo fazendo
regime apenas 2 dias por semana versus um grupo fazendo regime continuamente
todos os dias, apesar de terem o mesmo déficit calórico ao longo do tempo [9]. Além
disso, em uma revisão de estudos sobre essas estratégias, concluiu-se que a restrição
calórica intermitente era melhor para a retenção de massa magra em comparação com
a restrição de calorias em todos os dias [10].
Assim, não só os refeeds de vários dias têm o potencial de reverter a adaptação metabólica
até certo grau, como também podem resultar em uma melhor composição corporal no
final do seu regime do que se você tivesse estado em déficit calórico todos os dias.
A conclusão geral que podemos fazer a partir dos dados disponíveis é que, quanto mais
“seco” você estiver existe uma forte lógica para adotar o refeed, e quanto mais “seco”
você fica, mais frequentes devem ser os refeeds.
Que Tal Ingerir Mais Calorias Nos Dias de Treino e Menos Nos Dias de Descanso?
Se você chegar ao ponto de um regime em que esteja “seco” o suficiente (±12% ou
menos de gordura corporal para os homens, e ±20% ou menos para as mulheres) para
começar a implementar refeed de vários dias por semana, haverá uma maior disparidade
entre os seus dias de baixa e de alta ingestão energética. Usando o mesmo exemplo
anterior, mas com 3 refeeds semanais, se o seu objetivo for perder 0,7 kg por semana
(exigindo um déficit semanal de 4.900 kcal), seus dias de poucas calorias seriam ±1.225
kcal menores do que os dias de refeeds. Este é um déficit grande e poderia impactar
negativamente seu treino.
Para compensar esse efeito potencial, não seria uma má ideia pensar em posicionar seus
refeeds estrategicamente em relação aos seus dias de treino. Ainda assim, colocá-los
no mesmo dia só fará sentido se você treinar no final da tarde. A resíntese completa
do glicogênio (sua reserva de carboidratos) após o exercício pode levar até 24 horas
[11]. Então, se você treinar de manhã ou de tarde, pode não estar obtendo todos os
benefícios de um refeed se ele for feito no mesmo dia do seu treino. Logo, se você
estiver implementando três refeeds semanais, coloque-os no dia anterior aos seus três
dias de treino de maior volume, caso você treine de manhã ou de tarde, ou coloque-os
no mesmo dia se você treinar à noite.
Finalmente, gostaria de salientar que a adaptação ao treino não ocorre apenas no próprio
dia do treino; em vez disso, a adaptação é um processo contínuo. Então, embora não
tenha nenhuma evidência para citar, eu evitaria baixar demais as calorias nos dias de
descanso também. Embora alguns argumentem que essa abordagem limita o ganho de
gordura fora da temporada de competições, ela também poderia ter o potencial para
limitar o ganho muscular, se interferisse com a recuperação. No entanto, isso só seria uma
preocupação com uma grande disparidade na ingestão de calorias; na minha opinião é
improvável que pequenas variações causem algum impacto.
Se fizer menos do que 3 refeições, você tende a passar longos períodos sem se alimentar
e isso pode afetar sua fome e sua capacidade de manter a consistência. A tendência
será fazer refeições muito grandes, que às vezes pode fazer com queseja desenvolvido
relacionamentos não muito saudáveis com os alimentos, onde você se acostuma a consumir
enormes quantidades de calorias a cada vez em que se senta à mesa. Da mesma forma,
se fizer mais do que 6 refeições por dia, pode enfrentar o problema oposto. Você estará
constantemente focado em alimentos, porque estará fazendo estas minúsculas refeições
que não o satisfarão, a cada uma ou duas horas. Qualquer extremidade do espectro pode
exacerbar o controle da fome [15, 16].
(6 a 8 refeições por dia), assim como também existem muitas pessoas que seguiram
o jejum intermitente e tiveram sucessos pessoais ou competitivos, fazendo 2 refeições
por dia (geralmente pulando o café da manhã), ingerindo apenas whey ou BCAA antes
do treino.
Acredite ou não, eu e o Andy temos um punhado de clientes que usam o jejum intermitente,
pois ele ajuda com a aderência e saciedade. Também tenho alguns que fazem muitas
refeições por dia. Essa não é uma questão de estar certo ou errado, e definitivamente
não é algo muito importante para o seu sucesso. Em vez disso, apenas tenha em mente
que a maioria das pessoas provavelmente ficará bem fazendo entre 3 e 6 refeições por
dia, mas nem todas.
Finalmente, para aqueles de vocês que são indivíduos maiores, em uma fase de ganho
com alta ingestão calórica, vocês podem ter problemas para consumir o grande número
de calorias de que precisam com uma frequência de refeições mais moderada. Nesses
casos, pode ser melhor para você tentar fazer 6 ou mesmo 7 refeições diariamente. A fome
não vai ser um problema que precisará ser controlado. Na verdade, ficar empanturrado
pode se tornar um problema, então se você precisar aumentar a frequência das refeições,
para reduzir o tamanho das mesmas e conseguir ingerir 5.000 calorias, faça isso.
Nutrição Peri-Treino
Isso se refere simplesmente aos alimentos que você ingere antes, durante e após o treino,
ela tem sido “o” tema controverso em nossa área e fonte de muita confusão.
Antes de mergulhar à fundo nos horários de nutrição peri-treino, por favor, coloque isso
na sua cabeça:
Todos conhecemos pessoas que sabem de cor e salteado as minúcias dos horários de
nutrição antes mesmo de terem feito os cálculos básicos de suas dietas. Seis meses
depois você os vê confusos com exatamente o mesmo físico que tinham antes.
Então, se você for um novato (ou treinar eles), fará bem focar nos componentes principais
do seu plano de treinamento e nutrição antes de se envolver nos próximos detalhes.
Existem muitos argumentos para ingerir carboidratos imediatamente após o treino para
maximizar o reabastecimento dos estoques de glicogênio. Também existem argumentos
para fazer isso com o intuito de causar um pico de insulina para melhorar o anabolismo
e o crescimento. Você também pode encontrar estudos recomendando o consumo
de carboidratos no pré-treino para melhorar o desempenho, e estudos que sugerem a
ingestão de proteína no pré ou no pós-treino para acelerar o processo de anabolismo
e reparo.
Como você pode ver, existem muitas teorias e declarações, mas é bastante difícil ver
como tudo isso afeta as pessoas interessadas em ganhos musculares e de força. Então,
vamos dar uma olhada em todas as informações diferentes e discutir o que é relevante
para os objetivos de ganho e retenção de músculos e de força.
Carboidratos pós-treino
O principal argumento para isso é o reabastecimento de glicogênio. Ainda assim, em 90%
dos casos, os fisiculturistas e os atletas de força não precisam se preocupar com uma
depleção significativa do glicogênio. Não estamos fazendo múltiplas séries exaustivas
de treinamento de redução de glicogênio para o mesmo grupo muscular e, colocando
de maneira simples, você obterá o reabastecimento completo de glicogênio dentro de
um período de 24 horas, mesmo em uma dieta moderada em carboidratos.
Se você fizesse um treino normal de musculação, digamos 9 a 12 séries para uma parte
do corpo, poderia esgotar os níveis de glicogênio desses músculos até 40% [13]. Depois
disso, você não voltaria a treinar esses músculos novamente por 2 a 7 dias, dependendo
do seu programa de treino. Então, podemos ver que a ressíntese de glicogênio não será
um problema, porque você com certeza irá reabastecer o glicogênio dessa parte do
corpo nos dias antes de treinar o mesmo grupamento muscular novamente.
Portanto, para quem só faz musculação a ingestão de carboidratos no pós-treino não é tão
importante como pensávamos. Dito isto, se você estiver fazendo cardio, principalmente
cardio anaeróbico como o treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT), combinado
com um treino de musculação no mesmo dia, pode ser que haja necessidade.
Carboidratos pré-treino
Para a nutrição pré-treino, os efeitos do consumo de carboidratos são inconclusivos na
literatura, com alguns estudos sugerindo que os carboidratos ajudam no desempenho,
enquanto outros concluem não haver benefício algum [25 a 32].
Na prática, descobri que a resposta individual é variável. Para certos tipos de treino,
algumas pessoas parecem se beneficiar ao consumir diferentes quantidades de carboidratos
no pré-treino, outras não. Isso tende a ser muito individual e muito inconsistente, então
faça suas experiências.
Se você come demais muito cedo ou próximo ao seu treino, provavelmente vai ter
problemas gastrointestinais e pode experimentar uma pequena hipoglicemia de rebote
(baixo nível de açúcar no sangue) durante o treino. Se não se alimentar por um período
88 | HORÁRIO E FREQUÊNCIA DOS NUTRIENTES
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
muito longo de tempo, principalmente se perder uma refeição que está acostumado a
fazer, pode ficar um pouco cansado cedo, principalmente se estiver fazendo um treino
longo.
Finalmente, se você está fazendo regime ou não, também pode influenciar essa questão.
Um estudo publicado recentemente descobriu que um grupo de levantadores de peso
que consumiu 28 g de carboidratos antes e depois do treino, em comparação com outro
grupo que consumiu 28 g de proteína antes e depois do treino, apresentou melhora da
resistência muscular após 8 semanas [33]. Dito isto, é impossível saber se essa diferença
no desempenho se deu simplesmente pelo grupo ter ingerido 56 g de carboidratos à
mais por dia de treinamento, ou se foi o horário do consumo do carboidrato. Pelo sim,
pelo não, durante um regime pode ser uma boa ideia consumir uma certa quantidade
de carboidratos de fácil digestão entre 1 e 2 horas antes do treino.
Proteína Peri-Treino
Quando se trata de consumo de proteínas, há um argumento plausível de que deveríamos
ingerir proteína dentro de um prazo razoável em torno do nosso horário de treino.
Apesar disso, o que você provavelmente já ouviu, que seria necessário consumir proteína
imediatamente depois do treino, não é algo tão importante como se acreditava. Lembre-se
de que são necessárias várias horas para digerir e absorver esse macronutriente. Portanto,
se você estiver fazendo de 3 a 6 refeições por dia, é bem provável que esteja digerindo
proteínas e tenha aminoácidos circulando em seu corpo quase que constantemente, e
terá disponível o substrato para iniciar o processo de reparo durante quase todo o dia.
Então, embora a pesquisa sugira que consumir proteína próximo ao horário do treino
seria melhor do que não ter [24], geralmente o seu padrão alimentar normal garante
que a proteína esteja disponível para iniciar o processo de reparo de qualquer maneira.
Assim, em muitos casos, você não precisará mudar intencionalmente seu horário de
refeições ou adicionar um suplemento proteico à sua dieta para tirar proveito de uma
teórica “janela anabólica” (a menos que treine em jejum). Na verdade, uma meta-análise
recente descobriu que, uma vez controlada a ingestão de proteína durante 24 horas, a
ingestão de proteína 1 hora antes ou depois do treino teria, na melhor das hipóteses, um
efeito muito pequeno na hipertrofia [34].
Sei que alguns de vocês estão pensando “É, eu treino por 2 horas ou mais com alguma
frequência”. Mesmo assim, essas recomendações não se aplicam, porque literalmente
quero dizer mais de 2 horas de treinamento contínuo com um mínimo de descanso, o
que, para ser honesto, se você estiver fazendo esse tipo de treino sendo um fisiculturista
ou um powerlifter... Você provavelmente não deveria fazê-lo.
FREQUÊNCIA DE
PAUSAS NA DIETA REFEEDS PERI-TREINO
REFEIÇÃO
3 a 6/dia,
0,4 a 0,5 g/kg
ou mais, se
de proteína, de 1
BULKING _ _ necessário para
a 2 horas no pré
atingir o objetivo
e no pós-treino
diário de kcal
10 a 20% da
ingestão de
Aumentando
±1 a 2 semanas 3 a 6/dia, maior carboidratos
de 1 a 3 refeeds
de pausa a cada ou menor no pré-treino,
CUTTING / semana, a
±8 semanas de número se for 0,4 a 0,5 g/kg
medida em que
dieta mais saciante de proteína, de
você emagrece
1 a 2h antes e
depois do treino
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NÍVEL 5 - SUPLEMTAÇÃO
95 | SUPLEMENTAÇÃO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Os suplementos são a parte menos importante da Pirâmide e não são necessários para o
seu sucesso, a não ser que você tenha algum tipo de deficiência nutricional ou condição
que os exija. Na verdade, no grande quadro geral, a vasta maioria dos suplementos no
mercado não faz nada, exceto abrir um rombo na sua carteira. Dito isto, alguns são
baseados em ciência sólida e, portanto, merecem ser discutidos, pois podem oferecer
um pequeno benefício. Como existem tantos suplementos ineficazes ou desnecessários
no mercado, também precisamos discutir sobre como diferenciar entre os úteis e não
tão úteis assim. Depois que aprendermos como avaliá-los, apresentarei uma lista de
recomendações e doses para você considerar.
Para começar, vamos nos aprofundar nos três fatores que devem ser absolutamente
considerados quando se analisa qualquer suplemento nutricional: qualidade, validade
e eficácia.
A maioria dos produtos no ramo da musculação são apresentados por marketing sexy
e atletas pagos para endossá-los. Geralmente há, na melhor das hipóteses, um pouco
de pseudociência misturada. No pior dos casos, um número surpreendente de produtos
simplesmente não contém a qualidade ou a quantidade de ingredientes ativos informados
em seus rótulos [1 a 3] e alguns, na verdade, contém ingredientes que não deveriam
estar lá, que são inseguros, ilegais ou banidos [4 a 6].
Se você for um levantador de peso recreativo, não está fora do campo das possibilidades
que, se não for bem informado e cuidadoso, poderá acabar consumindo algo com o
intuito de melhorar sua saúde, mas que na verdade irá prejudicá-la.
96 | SUPLEMENTAÇÃO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Se for um atleta natural competitivo, em uma organização que espera que você seja livre
de drogas e que por isso faça testes regulares, se consumir um suplemento contaminado
com algum ingrediente proibido não informado no rótulo, não só sua saúde pode ser
prejudicada, mas sua carreira também pode terminar de forma inesperada [7].
Vamos falar sobre como se proteger e garantir que você esteja consumindo produtos
de confiança.
Análises Laboratoriais
Uma das maneiras de verificar a qualidade é certificar-se que o produto tenha passado por
uma análise laboratorial. Esta informação, que às vezes é encontrada no rótulo do produto
e mais frequentemente no site da empresa, incluirá algum tipo de informação dizendo
que uma análise laboratorial de terceiros confirmou que o conteúdo da embalagem está
de acordo com as alegações feitas pelo criador do produto. Basicamente, algum outro
laboratório verifica se o produto realmente contém o que a empresa de suplementos
alega conter, e nada mais.
Outro controle de qualidade seria uma certificação de terceiros. Isso pode ser algo como
os selos da U.S. Pharmacopeial Convention (USP), da NSF International (NSF) ou da Good
Manufacturing Practices (GMP) que você encontrará em algumas embalagens. Esses
selos de certificação indicam que uma empresa de terceiros isenta inspecionou a fábrica
do produto em questão e aprovou as operações e práticas envolvidas na sua criação.
Portanto, os suplementos que possuem certificações USP, NSF ou GMP são geralmente
mais propensos a ter algum nível básico de qualidade e a atender às alegações listadas
em seus rótulos.
97 | SUPLEMENTAÇÃO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Misturas Proprietárias
Eu não recomendaria o uso de produtos com misturas proprietárias. Uma mistura
proprietária é quando uma empresa patenteia uma combinação de substâncias e depois
dá a essa mistura um nome de sua escolha. Eles são obrigados a informar os ingredientes,
mas não suas dosagens. Por exemplo, um rótulo pode dizer que contém 30 gramas de
uma “mistura muscular” e listar todos os ingredientes, mas não informar a quantidade
individual de cada ingrediente.
Esta é basicamente uma maneira de dizer “veja só, este é o nosso molho especial, não
queremos que as pessoas o reproduzam, por isso não vamos lhe dizer exatamente o que
ele contém.” Muitas vezes, isso serve como uma maneira de disfarçar o fato de que os
ingredientes individuais estão muito subdosados para serem eficazes e para que você se
concentre no fato dele conter muitos ingredientes e pensar “por isso deve funcionar”. O
uso desta prática para enganar os consumidores é o motivo pelo qual recomendo evitar
essas misturas proprietárias.
Agora, com os consumidores se tornando mais conscientes, existe uma demanda crescente
por produtos que afirmam terem sido testados em laboratório, mas isso ocorre num
momento de aumento da demanda global (e, portanto, dos preços também). Com os
consumidores sentindo no bolso esses aumentos de preços, e uma falta de conhecimento
geral sobre o que eles deveriam procurar no rótulo, os incentivos para que as empresas
reduzam os custos por meio de fraudes estão todos lá, e muitas fazem isso.
(protein spiking).
A maneira como isso funciona é a seguinte: alguns laboratórios testam o conteúdo total
de aminoácidos ao invés de suas quantidades individuais. Isso significa que as empresas
de proteínas podem despejar aminoácidos baratos na mistura (principalmente glicina
e taurina), reduzindo o conteúdo real de soro de leite, que é caro, e ainda assim passar
em alguns testes de qualidade.
2. Ela tem uma mistura proprietária (ou não informa o teor de leucina).
Se a sua proteína em pó não passar nessas verificações, você estará jogando com a sorte
em relação à qualidade do que está comprando.
Devemos que ter em mente que alguns suplementos realmente têm algum efeito, mas
esse efeito pode ser tão insignificante que nem justifique a compra do suplemento.
Outros suplementos têm um efeito, mas este é irrelevante para os objetivos de construir
músculo ou força. Por sorte, existem alguns lugares excelentes na internet que podem
nos ajudar a descobrir essa informação.
99 | SUPLEMENTAÇÃO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
todos os suplementos nutricionais existentes. Quando você entra no site, pode fazer
uma pesquisa simples e abrir uma página completa do tipo Wikipedia, sobre todos os
suplementos disponíveis, e ela irá incluir informações sobre uso, dosagem, estrutura
química, efeitos colaterais, referências, etc.
Outra característica é o que eles inventaram a “Matriz de Efeito Humano”, que é uma
tabela baseada na pesquisa em humanos disponível sobre um suplemento. Ela inclui
o efeito ou resultado estudado, como o suplemento afeta esse resultado (aumenta
ou diminui), a magnitude da mudança, qual a porcentagem dos estudos sobre esse
resultado que compartilha o mesmo achado e uma classificação para a qualidade da
pesquisa. Essencialmente, você pode usar este site para ajudá-lo a decidir sobre quais
suplementos comprar, respondendo a perguntas como “Isso aumenta ou diminui uma
determinada variável?”, “É um efeito pequeno, moderado ou grande?” E “As pesquisas
concordam em muitos pontos?”
Você poderia usar este site para procurar algo como creatina monohidratada versus tribulus
terrestris; ambas as substâncias muitas vezes são recomendadas em comunidades de
fisiculturismo. Mas descobrirá que uma dessas substâncias tem grande respaldo científico
(e você saberá exatamente como e por quê), enquanto a outra substância nem tanto.
Outro site que eu recomendaria seria o Journal of the International Society of Sports
Nutrition (JISSN). Este é um jornal on-line de acesso aberto que faz muita pesquisa sobre
nutrição esportiva e tem posicionamentos sobre coisas como ingestão de proteínas,
HMB, uso de creatina em adolescentes, horário de nutrientes e muitos outros tópicos
importantes no ramo da nutrição e suplementos esportivos. Embora o JISSN não lhe
forneça as informações mastigadas, por ser de acesso aberto ele permite que aqueles que
queiram se aprofundar, aprendam a ciência e os mecanismos por trás das recomendações,
para realmente ir à fundo na pesquisa com o suplemento em questão.
Em essência, com esses dois sites, Examine.com e JISSN.com, você poderá verificar
facilmente a eficiência e eficácia de qualquer suplemento, o que, por sua vez, o ajudará
a descobrir se ele vale a pena ou não para você e seus objetivos.
100 | SUPLEMENTAÇÃO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
novo suplemento que realmente possui um estudo científico que apóie diretamente sua
eficácia.
ff No segundo exemplo, onde a evidência é, na melhor das hipóteses, fraca, você pode
manter o olho no suplemento, mas não tenha esperanças. Se ele realmente fosse
eficaz, o fabricante teria citado estudos que demonstrassem seus efeitos de forma
inequívoca.
ff No último caso, onde um novo suplemento vem com suporte científico direto, meu
conselho é esperar até que um segundo grupo de pesquisadores tenha confirmado
os resultados do primeiro grupo, para garantir que os resultados sejam legítimos.
Deixe-me lhe dar um exemplo específico. Você se lembra do ácido D-aspártico? Um estudo
surgiu em 2009, indicando que o seu uso aumentaria a produção de testosterona em
homens em níveis bem impressionantes [8]. Imediatamente, as empresas de suplementos
surfaram na crista da onda e começaram a lançá-lo comercialmente como um construtor
de músculos, um potenciador da libido e do desempenho (apesar do fato de que o
estudo não mediu mudanças na massa muscular, no desempenho ou na libido). Mais de
uma vez, adverti para que as pessoas esperassem que fossem realizados mais estudos
antes de tomar o suplemento, uma vez que aquele era o único teste em humanos. Muitos
me ignoraram e, para sua surpresa (certamente não para minha), um estudo surgiu em
2013, concluindo que o ácido D-aspártico não apenas não conseguiu aumentar os níveis
de testosterona, mas, o mais importante, não teve efeito sobre a composição corporal
ou a força [9]. Mais uma vez, outro suplemento prova ser um desperdício de dinheiro,
certo? Errado. Recentemente outro estudo foi publicado, chegando a conclusão de que o
ácido D-aspártico na verdade diminuiu os níveis de testosterona em homens que faziam
treinamento resistido [10]! Então este composto não só acabou sendo um desperdício
de dinheiro, mas foi considerado potencialmente contraproducente para os objetivos
daqueles que o usaram.
Mesmo os suplementos mais eficazes, testados e testados por décadas, que podem
ajudá-lo a atingir seus objetivos, proporcionam apenas um impacto muito pequeno.
Esse impacto provavelmente pode nem ser discernível para você. Então, não seja levado
na onda do marketing de algum novo suplemento desonesto e não pense que, por
101 | SUPLEMENTAÇÃO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
aguardar um ou dois anos até que surjam mais pesquisas, você estaria perdendo ganhos
potenciais por não tomá-lo. Na verdade, correr atrás da última moda poderia ser muito
pior. Lembre-se de que milhares de suplementos surgiram ao longo dos anos, e 99,9%
deles desapareceram porque se mostraram inúteis. Sem provas suficientes, seria ilógico
acreditar que um novo suplemento seja a “fórmula mágica”, você estaria apenas caindo
na conversa dos marketeiros.
Há sempre alguma subjetividade para decidir se esses suplementos valem a pena estar
nessa lista ou não, e como em todos os meus conselhos, sinta-se livre para discordar dela
com base em seu próprio julgamento. Além disso, é bastante provável que, à medida
que mais pesquisas surgirem, esta lista venha a estar desatualizada em alguns anos.
Dito isto, vamos apresentar essas substâncias e discutir por que eles valem a pena,
quando valem a pena, e que tipo de doses você deve consumir com base na pesquisa
relevante para a nossa população (pessoas que querem ficar maiores, mais fortes ou
mais “secas”).
Multivitamínicos
O típico multivitamínico voltado para fisiculturistas tem altíssimas quantidades de
vitaminas solúveis em água e, provavelmente, até mesmo de algumas das solúveis em
gordura; as porcentagens podem chegar a 4 dígitos das doses diárias recomendadas
(RDA). Para alguns produtos encontrados em lojas de suplemento, não é incomum que
eles contenham algo como 4.000% da RDA de uma determinada vitamina.
É exatamente por esta overdose grosseira e desnecessária que eu realmente não gosto
desses imensos multivitamínicos para fisiculturistas, que ou são pílulas gigantes para
cavalo, ou um grande pacote de pílulas que devem ser ingeridas diariamente. Se você
seguiu os 3 primeiros níveis da Pirâmide em ordem e sob controle, para garantir suas
necessidades básicas e protejer contra deficiências, honestamente só deve precisar
de um multivitamínico comum uma vez ao dia. Também é possível encontrar muitos
multivitamínicos básicos que são voltados para deficiências comuns em uma determinada
população, como aqueles feitos especificamente para mulheres, com ênfase em cálcio,
magnésio, zinco e ferro.
Dito isto, em geral o uso de multivitamínicos parece não ser prejudicial e pode conferir
102 | SUPLEMENTAÇÃO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
um pequeno benefício protetor à saúde para usuários de longo prazo [11]. Além disso, a
lógica diria que quando você está ingerindo menos alimentos, também estará ingerindo
menos micronutrientes, e alguns estudos de dietas populares descobriram que elas são
realmente deficientes em micronutrientes [12]. Portanto, eu diria que durante um regime
provavelmente seria uma boa idéia criar uma “rede de segurança” nutricional e fazer uso
diário de um multivitamínico de alta qualidade, mas que não seja superdosado. Se você
estiver em uma fase de ganhos limpos (focando em ganhar músulos com um mínimo
possível de gordura), provavelmente isso não será necessário, mas poderá ser útil. Você
pode ser uma dessas pessoas que se beneficiam por usar multivitamínicos durante o
ano inteiro, se você tem a consciência de que sua alimentação não é muito variada ou se
estiver ciente de que não segue muito bem as diretrizes de ingestão de frutas e vegetais.
No entanto, um multivitamínico não deve ser visto como uma desculpa para seguir
uma dieta pobre em micronutrientes. Para aqueles que não consomem micronutrientes
adequadamente, uma solução melhor do que tentar compensar isso com suplementação
seria trabalhar para seguir uma dieta mais equilibrada.
Vitamina D3
A vitamina D é produzida em nosso corpo como resultado da exposição direta à luz solar.
Ter níveis insuficientes de vitamina D no corpo pode comprometer o sistema imunológico
[14], o que pode ser um desastre para alguém que esteja treinando pesado, fazendo
regime ou tentando realizar qualquer tipo de atividade física em alto nível. A vitamina
D também é uma precursora de hormônios, e níveis baixos dessa vitamina têm sido
103 | SUPLEMENTAÇÃO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Se você trabalha ou treina ao ar livre diariamente, pode ser que não se beneficie da
suplementação com vitamina D3. Talvez seja uma boa ideia tomar no máximo 20 UI/
kg, para se assegurar de que esteja obtendo o suficiente dessa vitamina. Se for alguém
na extremidade extrema oposta do espectro de exposição solar, como eu, pode ser
mais apropriado tomar a dosagem máxima, de 80 UI/kg. Normalmente fico sentado na
frente de um computador o dia inteiro, desço pra treinar em uma academia indoor de
levantamento olímpico, depois imediatamente entro no carro para ir para casa e me sento
novamente na frente de um computador (infelizmente a luz solar que atravessou um
vidro não estimula a síntese de vitamina D [17]). Ainda assim, no verão eu saio um pouco
ao ar livre. Então, ao longo do inverno me asseguro regularmente de complementar a
dose efetiva máxima e, nos meses de verão, muitas vezes não tomo nada.
Se for possível, um exame de sangue seria a melhor opção para verificar como estão
seus níveis de vitamina D e saber se você está deficiente. Caso contrário, use sua melhor
estimativa no intervalo fornecido com base no estilo de vida e na exposição à luz solar.
Creatina Monohidratada
Agora que já abordamos nossos suplementos diários básicos, vamos à fundo nos
suplementos de desempenho que fazem parte esta lista de recomendações.
104 | SUPLEMENTAÇÃO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Para aumentar as reservas de creatina até níveis em que eles podem beneficiar a força, a
produção de energia, a plenitude muscular e, finalmente, sua capacidade para produzir
mais massa muscular ao longo do tempo, eu recomendaria a ingestão de 0,04 g/kg
de peso corporal por dia. Ingerindo diariamente esta dosagem, vai levar duas semanas
para atingir os níveis suplementares de creatina, mas depois disso, você pode apenas
manter esses níveis, continuando a tomar essa dose, como se estivesse completando o
seu tanque de gasolina.
Por último, mas não menos importante, é fundamental salientar que, no que diz respeito
ao consumo a longo prazo, o horário não importa. Ela não precisa ser tomada com
carboidratos, não precisa da fase de carregamento, não precisa ser tomada no pré-
treino e também não precisa ser tomada após o treino. Todos os benefícios associados
ao horário de ingestão da creatina, seja com carboidratos, ou se ela for carregada em
grandes quantidades, estão estritamente relacionados às primeiras duas semanas de
consumo, onde o objetivo é chegar a níveis suplementares. Não tem nada a ver com o
uso a longo prazo e, tem um efeito menos que insignificante nos ganhos a longo prazo
se você leva 5 dias ou 21 dias para alcançar os níveis suplementares de creatina. Então,
apenas tome a dose diária que eu recomendei e você estará pronto para receber seus
benefícios.
Cafeína
A cafeína é o único suplemento pré-treino que eu recomendaria, se tivesse que fazê-
lo. Outros suplementos pré-treino são apenas variantes da cafeína, ou apenas pegam
carona no sucesso da cafeína. Existem alguns outros suplementos pré-treino que podem
ser eficazes, mas eu ficaria com a cafeína, pois há uma grande variedade de pesquisas
atestando sua eficácia na melhora do desempenho e na supressão do cansaço, enquanto
outros estimulantes não chegam nem perto em termos de pesquisas.
Em vez de dar uma recomendação geral para todos, ou recomendações diferentes para
o cutting e o bulking, vou dividir isso em duas doses diferentes, com base no efeito que
você está tentando alcançar, e também considerando que você desenvolve tolerância à
cafeína e alguns dos seus efeitos com uso crônico.
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A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Se você se sentir bem e estiver pronto para treinar, não precisa de modo algum tomar
um pré-treino. Mas, se você está se sentindo desanimado e está prevendo um treino
horrível, então pode ser que esse seja um bom dia para tomar um pré-treino. É uma
ótima estratégia manter a ingestão de cafeína a mais baixa possível, para garantir que
você consiga esses efeitos estimulantes quando eles forem realmente necessários. Além
disso, pense nas vezes em que a supressão do cansaço pode ser mais benéfica do que
a melhora do desempenho. Se estiver em uma dieta longa ao invés de uma agressiva,
pode ser mais benéfico para o desempenho geral tomar regularmente uma dose de
supressão de cansaço para manter o desempenho em todos os dias, em vez de tomar
uma dose para o aumento de desempenho uma ou duas vezes por semana.
Apesar das recomendações acima serem dadas visando a eficácia máxima, recomendo
que se comece com a metade dessas dosagens, seja para eliminar o cansaço ou para
aumentar o desempenho, devido a resposta individual. Se você não estiver habituado
ao uso de estimulantes, ou se tomar demais, poderá se sentir nervoso e sem foco, o
que pode ser um efeito igualmente indesejável, tal qual se sentir cansado ou com pouca
energia. Para começar, tome a dose mínima efetiva para obter o efeito desejado.
Beta-alanina
Como já falamos de todos os principais suplementos para a saúde e a melhora do
desempenho, vamos nos aprofundar no resto da lista, que inclui suplementos a serem
tomados de forma situacional. Estes suplementos não são, de forma alguma, necessários,
mas podem ser úteis em certas ocasiões.
106 | SUPLEMENTAÇÃO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Simplificando, para otimizar a hipertrofia, o treino deve ter volume suficiente com cargas
que são “suficientemente pesadas”, porque quando o volume é igualado, as séries com
altas repetições e baixa carga (20RM ou +) não produzem tanto crescimento muscular
como as séries feitas com cargas moderadas ou pesadas [26]. Na verdade, para obter
um crescimento muscular comparável ao que pode ser alcançado com cargas mais
pesadas, pode ser necessário realizar três vezes o volume com treinamento com altas
repetições e cargas baixas [27]. Por conseguinte, eu diria que só seria seria aconselhável
considerar a suplementação de beta-alanina durante as fases do treinamento onde são
enfatizadas as altas repetições (15+) ou, potencialmente, quando alguém está fazendo
HIIT com intervalos com duração de 60 segundos ou mais.
Apesar disso, os BCAAs são um dos suplementos mais frequentemente utilizados para
o fisiculturismo [28], o que é estranho, considerando que existe apenas um estudo
diretamente relacionado ao desenvolvimento de músculos e força que embasa seu uso
[29]. Esta popularidade é ainda menos fundamentada, considerando que este estudo
foi uma apresentação de poster em vez de um artigo de revista científica revisado por
outros cientistas, além disso a dieta não foi controladas para poder quantificar a ingestão
diária total de proteína (o que seria importante, uma vez que uma dieta rica em proteínas
contém uma grande quantidade de BCAAs). Fora essa apresentação de poster que deve
ser interpretada com cautela, há poucas evidências para apoiar o uso de BCAAs.
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A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
feito com lutadores de wrestling durante um único esforço competitivo prolongado não
encontrou efeito algum [31].
Em termos de composição corporal, um estudo mais antigo encontrou uma maior redução
na gordura abdominal de lutadores de wrestling fazendo regime, que substituíram a
grande maioria da sua ingestão diária de proteínas por BCAAs em comparação com outro
grupo de lutadores que fizeram a mesma coisa usando proteína de soja [32]. Entretanto,
nenhuma dessas condições era representativa de uma dieta normal, a ingestão extrema
tanto de soja quanto de BCAAs torna difícil tirar conclusões significativas desse estudo.
Caso esteja com depleção de glicogênio, ou numa dieta low carb, ou treinando em
jejum, pode ser que se beneficie em tomar uma dose pré-treino de 0,2 g/kg, pois ela o
ajudaria a postergar a fadiga. Por exemplo, digamos que você fosse fazer seu treino de
HIIT logo após um dia de perna, enquanto faz uma dieta low carb. Pode ser benéfico
tomar BCAAs enquanto o corpo estiver se recuperando dos agachamentos e estiver
indo fazer seu HIIT.
Embora os motivos para tomar BCAAs sejam relativamente obscuros, ainda pode haver
uma situação em que valeria a pena considerar o seu uso. Como uma nota final, conforme
discutido no Nível 4, consumir no pré-treino entre 0,4 a 0,5 g/kg de proteína na forma de
whey, poderia provocar efeitos semelhantes, desde que você não apresente problemas
digestivos.
Beta-hidroxi-beta-metilbutirato (HMB):
O HMB é um metabólito da leucina que demonstrou atuar como anti-catabólico em
populações que lutam contra doenças ou condições de perda muscular [35]. No entanto,
os efeitos sobre o desempenho e a composição corporal, principalmente em populações
108 | SUPLEMENTAÇÃO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
treinadas, são, na melhor das hipóteses, misturados [36, 37]. Embora não tenha sido
estudado diretamente, existe um argumento lógico de que o HMB poderia potencialmente
auxiliar na manutenção muscular durante um regime [28], mas, se for esse o caso, o
benefício provavelmente seria pequeno se isso acontecesse.
Como o HMB não é altamente pesquisado e validado como alguns outros suplementos
no topo desta lista, considere o HMB como algo que pode ser efetivo se você tiver o
dinheiro pra gastar e se estiver fazendo uma dieta relativamente difícil, mas não espere
muito dele.
Novamente, o HMB tem uma prioridade muito baixa na minha lista de importância e só
deve ser considerado se você realmente tiver o dinheiro disponível e estiver sob risco
de perda muscular devido a regimes longos ou em um intenso ciclo de overreaching.
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A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
110 | SUPLEMENTAÇÃO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
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113 | SUPLEMENTAÇÃO
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Agora que estamos cientes de todos os níveis da pirâmide, sua ordem de importância
e como conseguir diretrizes alinhadas com eles, como colocamos tudo isso em prática?
Embora esta possa ser uma questão complexa, ela é definitivamente a mais importante
de todo esse guia.
Sem um contexto, tudo parece ter a mesma importância em todos os momentos e você
pode acabar perdendo muito tempo lidando com uma lista imensa de detalhes de uma
dieta. Então, a questão é saber qual dos detalhes precisa ser gerenciado e quando.
Embora a Pirâmide Nutricional por si só possa ajudá-lo a lidar com esta questão, também
é verdade que em certas circunstâncias alguns dos seus elementos podem se tornar
quase irrelevantes.
Uma analogia que costumo usar para descrever as diferentes necessidades nutricionais
de um fisiculturista ou um powerlifter no offseason em comparação com um fisiculturista
durante a preparação para competições ou um powerlifter tentando perder peso para
passar para uma classe de peso mais leve é que o primeiro está andando por um caminho
largo, enquanto os outros estão percorrendo um caminho que vai se estreitando cada
vez mais, até se tornar uma corda bamba.
O que quero dizer é que, quando alguém está “seco” e passando por uma restrição
calórica, tem menos margem de manobra em sua dieta antes que ela possa impactá-
lo negativamente. Uma pessoa “seca” gera uma maior quantidade de energia através
Além disso, o treinamento resistido depleta o glicogênio até certo ponto [5] e quando
o glicogênio está depletado (o que é mais provável de acontecer durante um regime),
o desempenho muscular pode diminuir [6]. Os triglicerídeos intramusculares também
fornecem energia para o treinamento resistido e, junto com o glicogênio, também são
depletados até certo ponto por esse tipo de treino [7] e uma dieta com pouca gordura
pode não reabastecer completamente os níveis de triglicerídeos intramusculares [8]. É
mais provável que o desempenho seja afetado negativamente durante um regime, uma
vez que para alcançar o déficit calórico necessário, tanto os carboidratos quanto as
gorduras provavelmente serão limitados. A magnitude do déficit calórico obviamente
tem um impacto direto sobre a quantidade de gordura e carboidratos consumidos
e, portanto, não é de se admirar que maiores velocidades de perda de peso (obtidas
através de maiores déficits calóricos) podem resultar em um desempenho de força [9] e
manutenção muscular inferiores, quando comparados com velocidades mais lentas [10].
normalmente forneço a eles um objetivo diário para os três macronutrientes e, com base
na velocidade da perda de peso semanal (ao mesmo tempo em que observo a alteração
da composição corporal por meio de fotos e do desempenho na academia), aumento ou
diminuo esse objetivo. Durante um regime, o equilíbrio específico entre macronutrientes
torna-se mais importante porque existe a imposição de uma ingestão de energia máxima.
Um aumento ou diminuição em qualquer macronutriente requer automaticamente um
aumento ou diminuição de outro para a manutenção do déficit calórico.
Por isso, durante um regime uso uma faixa de macronutrientes relativamente estreita,
muitas vezes + ou – de 5 a 10 g. Este nível de precisão ajuda o atleta que está fazendo
regime a andar na “corda bamba” como descrito acima na minha analogia. Todavia, também
requer atenção aos detalhes, o uso de software ou aplicativos de acompanhamento, uma
balança de cozinha digital, abster-se de comer fora na maior parte do tempo e durante
uma viagem planejar algumas refeições ou mesmo dias inteiros com antecedência.
Certamente esse grau de atenção aos detalhes é sustentável para períodos de tempo
limitados e é a chave do sucesso para todos os meus clientes com metas de curto prazo
que requerem restrições calóricas.
Por outro lado, quando falamos em sucesso e sustentabilidade a longo prazo como
atletas, a adesão é a variável mais importante. Com base em minha experiência como
atleta e treinador, quanto mais difícil for seguir um planejamento, menor será a chance
de você atingir seus objetivos usando esse planejamento.
Então, em uma cultura onde “se encaixa-se nos seus macros (IIFYM)” ou “siga um plano
de refeições e coma alimentos saudáveis o tempo todo” muitas vezes são apresentados
como as duas únicas formas de se fazer as coisas, parece que você está preso a duas
opções rígidas. A opção 1 significa bater seus macros todos os dias para o resto da
sua vida e a opção 2 significa comer aquele peito de frango com brócolis exatamente
às 15:00h, para o resto da vida. Para a maioria das pessoas, nenhuma dessas opções é
sustentável a longo prazo e ambas compartilham o ponto negativo de promover uma
mentalidade 8 ou 80; ou você está dentro do seu plano de refeições ou fora dele, ou
você bateu seus macros ou não fez isso (veja “Macros Mágicos” na seção Mentalidade
e Materiais). Felizmente as coisas não precisam ser assim.
Para aqueles que não estão fazendo regime ou que não competem, e procuram por
planos de longo prazo, a solução é buscar abordagens não binárias. Ou seja, não é oito
ou oitenta, preto ou branco, ligado ou desligado. Em vez disso, você tem um continuum
no qual pode seguir e opções a serem usadas com base nas demandas de cada situação.
No começo deste livro, expliquei a importância de desenvolver essa mentalidade, agora
irei lhe dar um sistema para aplicá-la.
Definindo os Níveis
Embora possamos tentar ser tão precisos quanto possível, a vida acontece e geralmente
não é prático ser exato o tempo todo. Com uma abordagem binária, um ligeiro desvio
resulta em “sair da dieta”, mas uma abordagem flexível permite outros resultados. Por
exemplo, quando um objetivo não é perfeitamente atingido, isso significa simplesmente
que você amplia o mesmo, descendo para outro nível na escala de precisão e segue em
frente.
Para construir sobre essa noção, aqui estão os conceitos básicos dos nossos 3 níveis de
acompanhamento nutricional:
ff Bom: você atingiu mais ou menos o seu objetivo de calorias alvo dentro de uma
certa faixa. Normalmente, recomendo usar ±100 kcals para o seu objetivo de calorias.
ff Melhor: você atingiu mais ou menos a sua meta de proteínas dentro de uma
determinada faixa e também atingiu mais ou menos o objetivo de calorias alvo
dentro de uma certa faixa. Use as mesmas faixas acima para a proteína e use ±100
kcals para seu objetivo de calorias.
ff Ideal: você atingiu mais ou menos os seus macros dentro de uma certa faixa. Para se
preparar para uma competição eu recomendaria ±5 g, para outros tipos de regimes
eu recomendaria ±10 g, e para a temporada sem competições, recomendaria ±20 g
para carboidratos e proteínas e ±10 g para as gorduras.
Se acompanhar os macros não for um grande estresse para você, essa abordagem é a
mais adequada. Na maioria das vezes, você tenta fazer o “Ideal”, mas lembre-se de que
“Melhor” e “Bom” são opções totalmente aceitáveis que podem ocorrer regularmente.
Esta abordagem permite eventos sociais, sair para comer, feriados e consumir bebidas
alcoólicas. Ela também é útil para os momentos nos quais você ultrapassou acidentalmente
a meta de um macronutriente, ou para quando for necessário ultrapassar as calorias do
dia para alcançar sua meta de proteínas.
Empréstimo
Normalmente, estamos acostumados a estabelecer nossas metas em relação a um período
de 24 horas. Isso pode ser apropriado durante a preparação para uma competição, onde
a maioria dos dias é de baixas calorias e, em certo ponto, você está caminhando na
“corda bamba”. No entanto, para dietas casuais ou fora da temporada de competições,
quando você tem amplas reservas de glicogênio, de gordura corporal, e muitas calorias
para brincar, é possível ser mais flexível. Retire o período de 24 horas do pedestal e, de
repente, você tem mais opções.
Com a abordagem de empréstimo, você pode tirar até 20% dos macros/calorias de um
dia e consumi-los em outro dia. Dessa forma, se um evento especial estiver chegando
118 | COMPORTAMENTO & ESTILO DE VIDA
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
ou se você simplesmente estiver com muita fome em um dia ou sem fome em outro dia,
será possível realocar suas calorias por esses dias. Uma redução de 20% em qualquer dia
isolado, em um organismo não depletado e sem restrições calóricas, terá muito pouco
impacto em qualquer coisa de importância e irá permitir uma melhor adequação às
ocorrências da vida real.
Uma maneira de instituir e organizar esses empréstimos, seria montar uma planilha de
Excel que calculasse uma média de 7 dias das suas calorias da semana. Você poderia ter
como meta simplesmente atingir a média diária de calorias até o final da semana. Se o
seu objetivo diário no final do período de 7 dias fosse, por exemplo, de 2.500 kcals, desde
que você tenha ficado dentro dessa média durante o período de 7 dias, seu objetivo
para a semana foi alcançado. Em vez de ter que consumir rigidamente 2.500 calorias
todos os dias, você pode ter um dia com 3.000 calorias, outro com 2.000 calorias, outro
com 2.700, outro com 2.300 e depois os três dias restantes com 2.500 calorias, isso é
perfeitamente aceitável.
Ainda assim, quando você não estiver em uma fase de preparação para competição, é
necessário ter um momento para relaxar um pouco. Se você passou meses pesando e
acompanhando seus alimentos e peso corporal, olhando rótulos nutricionais, aprendendo
de onde as calorias vieram e mudando seus hábitos alimentares para alcançar as metas
nutricionais, você terá mais conhecimento do que antes. Mas, ao mesmo tempo, ficou
tão acostumado a seguir um planejamento nutricional relativamente rígido que isso pode
se tornar uma segunda natureza e pode até substituir o que os humanos normais usam
para regular sua ingestão energética: a fome e a saciedade.
No final do dia, sem consultar suas anotações, estime em sua mente a quantidade de
macros e calorias consumidos durante o dia. Depois use as anotações sobre o que
você realmente consumiu para determinar sua ingestão real e compare com as suas
estimativas. Se a sua lembrança e a sua estimativa chegarem bem perto do que você
consumiu de verdade, se não perdeu a noção e comeu demais, ou comeu muito menos
do que deveria, provavelmente estará pronto para essa abordagem de escutar um pouco
mais os seus sinais de fome.
Os pontos abaixo oferecem algumas orientações sobre como monitorar seus hábitos e
peso corporal para alcançar o sucesso nutricional. Mais uma vez, essa abordagem só deve
ser implementada depois de que você tiver muita experiência com acompanhamento,
mensuração, pesagem e manipulação da sua composição corporal. Se você tem essa
experiência e confirmou que consegue ser preciso ao entrar no “piloto automático”,
então pode usar essa abordagem e os seguintes conselhos:
ff Se o seu objetivo for ganhar peso aos poucos, mas ao seguir seus padrões alimentares
habituais você perde lentamente ou mantém o peso, esforce-se para ficar um pouco
cheio na maioria das refeições ou durante a maioria dos dias da semana. Verifique
suas pesagens para garantir que esteja conseguindo ganhar peso lentamente e que
também não esteja exagerando e ganhando peso com muita rapidez. Esta abordagem
não é apropriada para regimes prolongados, com o objetivo de ficar muito “seco”,
pois rapidamente você não irá mais poder confiar nos seus sinais de fome e saciedade.
ff Da mesma forma, se o seu objetivo for ganhar peso aos poucos ou mantê-lo, mas
você está ganhando peso com muita rapidez, durante as refeições tente diminuir
conscientemente o tamanho das porções e pare de comer assim que estiver satisfeito.
Também tente comer mais devagar para permitir a chegada do sinal de saciedade.
Mais uma vez, verifique essa estratégia com a sua balança.
ff Não se estresse com a sua ingestão de carboidratos e gorduras. A menos que você
esteja realmente ingerindo muito pouco de um desses macros (o que normalmente
requer um esforço consciente), apenas coma. Se consumiu 20% de suas calorias na
forma de gordura em um dia e 40% em outro, no grande esquema das coisas isso
provavelmente não terá importância quando você não estiver fazendo regime. Então,
foque apenas nas calorias e proteínas.
Os sistemas acima podem ser usados isoladamente ou em conjunto. Por exemplo, pode
haver um dia onde você se preocupa apenas em bater suas metas de calorias e proteínas
(a opção “Melhor” dentre os 3 níveis), e também emprestar 20% das calorias desse dia
para outro dia da semana. Da mesma forma, você pode seguir o plano de desenvolver
hábitos e depois retornar ao acompanhamento de macros de forma intermitente,
usando o sistema de 3 níveis e empréstimos para garantir que esteja sendo preciso e
permanecendo no caminho certo.
Comendo Fora
Agora que você tem todas as diferentes formas de acompanhamento ao seu alcance,
é importante que possa implementá-las fora de sua própria cozinha, para quando for
sair com seus amigos e familiares. Mas antes de analisar as estratégias de escolha de
alimentos, vamos nos dirigir a todos os que forem fisiculturistas competitivos dentro da
temporada de competições.
Simplificando as coisas, você deve evitar comer fora durante a preparação para uma
competição. Sugiro que faça isso apenas em ocasiões que forem muito importantes em
sua vida.
Por exemplo, em 2011, fiz um regime que durou de janeiro até agosto, e só comi fora
3 vezes: no meu aniversário de casamento, no Dia das Mães e no aniversário da minha
mãe. Toda vez em que saí, pedi uma refeição muito simples. Eu comia brócolis no vapor
e um bife de lombo magro sem manteiga. Não pesava os alimentos, apenas estimava
as calorias e os macros. Sabia que, mesmo que os cozinheiros não tivessem me servido
um bife de lombo de exatamente 200 g e exatamente 2 xícaras de brócolis, minhas
estimativas estariam erradas no máximo em uns 2 gramas de carboidratos e talvez 6 ou 7
gramas de proteína e de gordura. Então mesmo que eu tivesse estimado incorretamente
os macros da refeição, as consequências seriam muito pequenas.
Apesar disso, se tivesse pedido alguma massa, as consequências poderiam ter sido
enormes. É muito fácil para um chef colocar 2 colheres de sopa de óleo além do que é
informado na tabela nutricional do restaurante. Essa quantidade de óleo sozinha significa
que você poderia ingerir 250 calorias não planejadas e, provavelmente, nem sequer
perceberia alguma diferença no sabor. Mesmo que eu pudesse encaixar os macros do
prato de massa na minha dieta desse dia, estaria fazendo uma grande aposta ao assumir
que os macros estimados ou listados no menu do restaurante seriam precisos.
Então lembre-se de que os chefs e cozinheiros não vão pesar seus alimentos para você.
Eles não se importam com seus macros, eles se preocupam apenas em lhe oferecer
uma refeição saborosa. Então, quando for comer fora, lembre-se de que as informações
nutricionais não serão precisas e as suas melhores estimativas podem ser bem imprecisas
se você pedir alimentos com possibilidade de ter uma grande margem de erro (por terem
alta densidade energética). No entanto, existem maneiras de diminuir o risco, fazendo
escolhas inteligentes. Se você for um fisiculturista competitivo, no geral eu limitaria as
saídas para comer fora a no máximo uma vez por mês.
Se você não estiver se preparando pra competir, mas apenas fazendo um regime, não tem
problema comer fora de 1 a 2 vezes por semana, desde que faça estimativas conservadoras
do conteúdo calórico e macronutricional de seus alimentos e escolha opções de baixo
teor calórico (como bife e brócolis versus massas). Isso irá garantir que você seja preciso
123 | COMPORTAMENTO & ESTILO DE VIDA
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Se você estiver fora da temporada de competições, também não tem problema comer
fora de 1 a 2 vezes por semana (ou ainda mais vezes). Avalie a refeição com suas
melhores estimativas, mas não se preocupe muito com a divisão dos macronutrientes.
Você tem um leque maior de calorias, então poderá encaixá-las em suas metas diárias
(se você as tiver quando não estiver de regime) até o final do dia. E mesmo que você
não consiga bater seus macros, basta cair para “Melhor” ou “Bom”. Do mesmo modo,
se acidentalmente ultrapassar sua faixa de calorias e não puder voltar ao nível “Bom”,
use a regra de empréstimo de 20% e diminua as calorias do dia seguinte (em até 20%).
Lembre-se de que, se você estiver fazendo de 3 a 5 refeições por dia, terá uma média
de 28 refeições semanais. Se 1 ou 2 delas tiverem precisão de apenas 50 a 75%, isso
não vai ser um grande problema no quadro geral das coisas durante a temporada sem
competições. Se você estiver consumindo proteína em quantidade suficiente e ganhando
peso em uma velocidade apropriada, você já garantiu as variáveis nutricionais mais
importantes para essa fase.
Álcool
Simplificando as coisas, a questão com álcool é a moderação. Não importa o quão
popular ele seja na faculdade ou o quão comum ele possa ser em certas culturas, não
é um hábito saudável beber até cair ou vomitar. Também não é normal ou adequado a
um estilo de vida saudável e ativo.
Dito isto, o que significa moderação? Na minha opinião, significa parar de beber antes
que isso prejudique o dia seguinte. Mas se você ficou ligeiramente grogue pela manhã,
isso certamente não prejudicará sua performance. Além dessa diretriz, também diria
que a quantidade de álcool consumida também precisaria se adequar as suas metas
nutricionais.
Dito isso, não acompanhamos um quarto macro. Então quando você decide beber, cai
automaticamente para o nível “Melhor” ou “Bom”. Como não tem uma meta para o
álcool, consumi-lo significa que reverter automaticamente para calorias e proteínas, ou
apenas calorias.
Digamos que você bebeu algumas cervejas, que acabam correspondendo a 400 calorias
124 | COMPORTAMENTO & ESTILO DE VIDA
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
Assim como comer fora, recomendo beber apenas uma ou duas vezes por semana, com
moderação. Para definir “moderação” ainda mais, eu recomendaria não consumir mais do
que 15% do seu total de calorias diárias na forma de álcool. Para a maioria das pessoas,
esse montante equivale a um, dois ou talvez três drinques, se você for um cara grande,
fora da temporada de competições e com muitas calorias para brincar.
Como pode ver, essa recomendação de álcool, juntamente com a totalidade desta seção,
foi muito ampla e baseada em ciência, em oposição às prescrições rígidas dos níveis reais
da Pirâmide. Embora não haja certo ou errado absolutos aqui, um conselho geral seria
errar pelo lado de ser excessivamente preciso em vez de ser excessivamente flexível no
início de sua jornada, quando você é menos preciso no acompanhamento.
Então, conforme for ficando mais consciente da composição calórica e macronutricional dos
alimentos, poderá ser mais flexível e ainda manter uma precisão adequada. Eventualmente,
você encontrará um ponto de equilíbrio entre precisão e flexibilidade que irá funcionar
melhor em estágios diferentes, dependendo dos seus objetivos imediatos e de longo
prazo como atleta. Apenas lembre-se sempre de que, para manter um estilo de vida
sustentável, a precisão e o acompanhamento às vezes precisarão seguir uma estrada
mais ampla, em oposição a uma corda bamba.
Ambiente social
O objetivo inteiro deste texto é dar uma abordagem baseada em evidências para alguns
tópicos debatidos frequentemente, relacionados a alguns estilos de vida não tão comuns.
Como você escolheu seguir em um caminho diferente de uma grande parte das pessoas,
é bem possível que encontre alguma resistência de muitas pessoas em sua vida, quando
elas testemunham ou são afetadas por suas escolhas e hábitos pessoais.
Por isso, acho que é importante deixar algumas das minhas recomendações anedóticas
para que fisiculturistas e powerlifters possam conviver melhor em sociedade. Não estou
falando simplesmente sobre como fazer isso durante o seu dia, porque se você conseguiu
comprar este guia, provavelmente está indo bem em termos de sobrevivência básica.
Em vez disso, o que quero abordar é como progredir em direção aos seus objetivos
125 | COMPORTAMENTO & ESTILO DE VIDA
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
atléticos, mantendo uma existência emocionalmente estável e ficar feliz, sem alienar as
pessoas em sua vida que merecem as melhores partes de você.
Apoio
Desde o nascimento, obviamente somos incapazes de fazer as coisas por conta própria.
Ao longo dos primeiros anos de nossa vida, isso se aplica a nossa sobrevivência. Mas
além disso, não importa o quanto as pessoas queiram acreditar que possam fazer tudo
por conta própria, isso simplesmente não é verdade. Os seres humanos evoluíram para
serem criaturas sociais, e é indispensável manter relações com outros indivíduos para
vivermos a vida em sua plenitude.
Não se trata apenas de felicidade pessoal, mas também de seu sucesso como atleta. Sim,
argumentarei que ter um ambiente social estável e favorável ajuda até certo ponto a sua
capacidade de aumentar sua força e seus músculos. Dependendo de quão introvertido
ou extrovertido você for, a quantidade ideal de engajamento social pode ser maior ou
menor, mas a conexão e o suporte humano são necessários até certo ponto para todos
nós e é indispensável que nós nos esforcemos para equilibrar esse aspecto de nossas
vidas e integrá-lo aos nossos objetivos. No meio acadêmico, existem muitas pesquisas
que comprovam os efeitos benéficos de uma rede de apoio na mudança de hábitos
alimentares e de exercícios físicos [15 a 19]. É por isso que enfatizamos Time 3DMJ, não
apenas 3DMJ em nosso modelo de coaching.
“Amília”
Esta palavra, “amília”, se refere aos seus amigos e familiares; sua esposa, seu pai, seu
melhor amigo, seu treinador, seus colegas, enfim, todas as pessoas de quem você gosta,
que se preocupam com você e com a sua vida.
Eles só podem apoiá-lo se entenderem: o que está fazendo, pelo que está passando,
como está vivenciando e o que isso significa para você. Conheci um monte de pessoas
que começaram a pesar seus alimentos, começaram a perder peso e, possivelmente até
começam a fazer regime para ficarem extremamente “secos” para participarem de uma
competição, sem ter algum diálogo básico inicial com sua “amília”. Isso geralmente pode
fazer com que, durante um regime, os atletas percam o apoio de seus entes queridos
em apenas algumas poucas semanas.
Isso não acontece porque suas “amílias” não se importam com eles, mas sim porque
elas não os entendem. Então eu realmente sugiro que você peça o auxílio das pessoas
de quem gosta e que se preocupam com você, dê a eles a comunicação que merecem,
de modo que fiquem cientes da jornada na qual você está embarcando. Se você ainda
não tiver uma, busque uma rede de apoio.
Uma rede de apoio pode estar online, em uma academia, no Vigilantes do Peso, ou na
126 | COMPORTAMENTO & ESTILO DE VIDA
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
verdade em qualquer lugar; existem muitas maneiras de fazer isso. Mas pegue seu apoio,
encontre sua “amília” e explique-lhes, desde o início da sua jornada, o que você está
fazendo de forma calma, refletida e informativa.
Comunicação
Uma vez que você tenha decidido ter essa conversa, não mencione apenas o que está
pretendendo fazer, mas também os seus motivos e porque isso importante para você.
Sua “amília” não precisa necessariamente ser fã de musculação ou entender o que
você está fazendo. No entanto, eles precisam entender como você se sente sobre isso,
o porquê, e o quão importante é para você. Muitos membros da minha “amília” não
gostam de musculação. Tudo bem! O importante é que eles me amem, respeitem, e
apoiem, mesmo que não “entendam” necessariamente o esporte no qual compito. Além
disso, seja explícito com seus desejos. Por exemplo, se você quer o apoio de seus entes
queridos, poderia dizer: “Eu realmente gostaria do seu apoio nisso. Essa jornada vai ser
difícil por essas razões, nessas ocasiões, e significaria muito para mim ter o seu apoio”.
Não faça suposições sobre o que eles sabem ou deixam de saber acerca do que você
está fazendo ou por que está fazendo isso. Da mesma forma, não faça suposições sobre
por que eles estão agindo do jeito que estão agindo. Assuma a responsabilidade pelas
suas escolhas e ocasionalmente tenha conversas com sua “amília” durante o processo.
A comunicação adulta significa deixar claro o que você precisa, informando as pessoas
de quem gosta sobre por que isso é importante para você, e pedindo feedback sobre
como está fazendo sua parte nesse relacionamento.
É extremamente importante entender que pedir ajuda não é uma fraqueza. Quem é
esperto e honesto consigo mesmo não deve ter medo de parecer fraco. Mostrar suas
vulnerabilidades requer grande coragem e coloca você à frente da maioria das pessoas
que não mostram ou admitem qualquer vulnerabilidade e, desse modo não conseguem se
relacionar de maneira significativa com outras pessoas. Então, faça um favor a si mesmo
como um atleta e comunique-se efetivamente, consiga o apoio de que precisa, interaja
com seus entes queridos com responsabilidade e de forma emocionalmente madura.
Além disso, lembre-se de que você está escolhendo fazer isso. Se estiver fazendo regime
ou competindo, é sua escolha, e não é razoável esperar que o mundo mude por sua causa.
Ser saudável emocionalmente, ser claro com suas necessidades e expectativas, não é
o mesmo que agir como se você tivesse direito a um tratamento diferente, só porque
escolheu voluntariamente entrar em uma competição.
Um dos objetivos que eu tento encorajar meus atletas a perseguir é tentar minimizar
o impacto social causado pelo processo do regime sobre aqueles que os rodeiam. Isso
significa que eles deverão tentar viver suas vidas durante a preparação pra competição
de forma a afetar o mínimo possível seus entes queridos. Isso pode significar ainda sair
Mesmo que vocês não saiam muito para jantar à dois, talvez possam ir ver um filme. Ou,
ocasionalmente saiam para jantar à dois durante sua dieta, mas você faz as escolhas
certas para que isso não interfira nas suas metas nutricionais. O objetivo nesse caso seria
ter o melhor de dois mundos.
Ajudando os Outros
Embora nem sempre a sua “amília” irá saber que poderá lhe ajudar fazendo perguntas
e conversando regularmente sobre a sua saúde e suas metas fitness (até você treiná-
los, é claro), por outro lado também haverá um grupo seleto de pessoas que irá lhe
pedir conselhos e contribuições. Esses indivíduos geralmente poderão ser encontrados
na academia onde você treina ou entre seus colegas de trabalho. Estou falando sobre
as pessoas em sua vida diária que perceberão seu progresso e irão querer resultados
semelhantes para si.
Alguns fazem um ótimo trabalho interagindo com essas pessoas de forma empática,
inteligente e de mente aberta. Outros nem tanto: muitas vezes alienam, envergonham,
julgam ou até mesmo dão conselhos inapropriados para quem interage com eles. Se
você é alguém que quer ser um líder no campo fitness, é indispensável que entenda que
o que diz pode ter muito impacto naqueles que estão buscando respostas.
Aqui vão algumas ideias e estratégias para ajudá-lo a continuar com seu treinamento,
sua reputação e sua integridade, sem alienar ou chatear os que estão ao seu redor.
Convenção Desafiadora
Algumas das coisas que eu disse neste livro desafiam a sabedoria convencional da velha
escola. Então, quando as pessoas lhe pedirem ajuda, não se surpreenda quando às vezes
elas ficarem surpresas por você não estar fazendo coisas que elas acreditam serem
necessárias para o sucesso (como banir certos alimentos ou grupos de alimentos, ter
horários ou frequências de refeições rígidos, etc.). Quando for responder às perguntas,
faça isso de modo que não aparente que você está intencionalmente renegando a tradição
apenas para se sentir esperto ou inteligente.
Um exemplo de como lidar mal com esta situação seriam as interações comuns que você
vê quando aparece o tópico “se encaixa-se nos seus macros (IIFYM)” versus abordagens
dietéticas “limpas e sujas”. Essas conversas, ao invés de educação, muitas vezes levam
a reprovação e conflitos, que por sua vez só criam divisões mais profundamente
128 | COMPORTAMENTO & ESTILO DE VIDA
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
arraigadas. Ambos os grupos estão tentando ficar saudáveis e em melhor forma, mas
ao criar “panelas” que só ficam se atacando, nenhuma delas aprende nada com a outra.
O que muitos deles não sabem (ou não reconhecem) é que existem filosofias erradas
em ambos os lados.
Você não precisa chamar alguém de burro para responder a uma pergunta. Para ensinar
novos conceitos não é necessário destruir crenças e atacar os ídolos de alguém, você
pode simplesmente dizer-lhe o que fazer e a razão lógica por trás disso. Não entre em
conversas com uma mentalidade ou tom de voz condescendentes. Quando as pessoas
lhe perguntarem o que você está fazendo, ou disserem: “Ei, eu pensei que (insira uma
informação imprecisa aqui)”, aborde-os sem uma atitude reprovadora ou condescendente.
Se na sua explicação você ridicularizar o que eles estavam fazendo, é mais provável que
eles fiquem na defensiva e envergonhados, e o mais provável é que fiquem reticentes
contra a mensagem que você estava querendo transmitir.
Apenas tente explicar-lhes o que você está fazendo e o porquê. Se eles quiserem
mais ajuda, recomende algumas fontes de onde você aprendeu e/ou, se tiver vontade,
compartilhe mais do que você faz. O que não se deve fazer é dar conselhos não solicitados
ou ridicularizar as opiniões de qualquer outra pessoa que lhes diga algo diferente do
que você faz.
Entenda que a pessoa que você ouve dizendo estas informações não tão precisas (mas
muito comuns) não está fazendo nada de ruim intencionalmente; Ele ou ela está tentando
apenas ajudar alguém a alcançar os mesmos objetivos que todos queremos alcançar.
Também vale a pena ressaltar que, o que a pessoa que recebeu o “conselho ruim” estava
fazendo antes (o que pode até não ser nada) possivelmente era até mesmo pior do que
os conselhos incorretos ou não solicitados que estão recebendo. Então, o simples fato
de que eles estão se envolvendo, fazendo perguntas e dando um passo à frente é uma
coisa boa.
Em suma, tenha mente aberta, seja compreensivo e não dê conselhos não solicitados.
Além disso, você não precisa fazer com que outra pessoa se sinta burra ou errada para
lhe dar conselhos. Quando for solicitado, basta compartilhar seu conhecimento de
maneira não emocional, não agressiva e não conflituosa, assim será mais provável que
você efetivamente faça mudanças positivas na vida dessa pessoa.
Referências
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metabolism between lean and obese subjects undergoing total starvation. Obes
Res, 1999. 7(6): p. 597-604.
2. Maestu, J., et al., Anabolic and catabolic hormones and energy balance of the male
bodybuilders during the preparation for the competition. J Strength Cond Res, 2010.
24(4): p. 1074-81.
4. Forbes, G.B., Body fat content influences the body composition response to nutrition
and exercise. Annals of the New York Academy of Sciences, 2000. 904(1): p. 359-65.
6. Jacobs, I., P. Kaiser, and P. Tesch, Muscle strength and fatigue after selective glycogen
depletion in human skeletal muscle fibers. European Journal of Applied Physiology
and Occupational Physiology, 1981. 46(1): p. 47-53.
8. Boesch, C., et al., Effect of diet on the replenishment of intramyocellular lipids after
exercise. European Journal of Nutrition, 2000. 39(6): p. 244.
9. Mero, A.A., et al., Moderate energy restriction with high protein diet results in healthier
outcome in women. Journal of the International Society of Sports Nutrition, 2010.
7(1): p. 4.
10. Garthe, I., et al., Effect of two different weight-loss rates on body composition and
strength and power-related performance in elite athletes. Int J Sport Nutr Exerc
Metab, 2011. 21(2): p. 97-104.
11. Helms, E.R., et al., High-protein, low-fat, short-term diet results in less stress and
fatigue than moderate-protein moderate-fat diet during weight loss in male
weightlifters: a pilot study. Int J Sport Nutr Exerc Metab, 2015. 25(2): p. 163-70.
12. Rossow, L.M., et al., Natural bodybuilding competition preparation and recovery: a
12-month case study. Int J Sports Physiol Perform, 2013. 8(5): p. 582-92.
13. Helms, E.R., et al., A Systematic Review of Dietary Protein During Caloric Restriction
in Resistance Trained Lean Athletes: A Case for Higher Intakes. International Journal
of Sport Nutrition and Exercise Metabolism, 2014. 24(2).
14. Phillips, S.M. and L.J. Van Loon, Dietary protein for athletes: from requirements to
optimum adaptation. J Sports Sci, 2011. 29 Suppl 1: p. S29-38.
15. 15. Zimmerman, R.S. and C. Connor, Health promotion in context: the effects of
significant others on health behavior change. Health Educ Q, 1989. 16(1): p. 57-75.
16. King, K.A., J.L. Tergerson, and B.R. Wilson, Effect of social support on adolescents’
perceptions of and engagement in physical activity. J Phys Act Health, 2008. 5(3):
p. 374-84.
17. Wallace, L.S., et al., Characteristics of exercise behavior among college students:
application of social cognitive theory to predicting stage of change. Prev Med, 2000.
31(5): p. 494-505.
18. Wallace, L.S. and J. Buckworth, Longitudinal shifts in exercise stages of change in
college students. J Sports Med Phys Fitness, 2003. 43(2): p. 209-12.
19. Petosa, R.L., R. Suminski, and B. Hortz, Predicting vigorous physical activity using
social cognitive theory. Am J Health Behav, 2003. 27(4): p. 301-10.
OUTRAS LEITURAS
Nota: Exceto a planilha de cálculo, as outras leituras indicadas nesse capítulo estão
dispoíveis apenas em inglês.
Gostaria de fechar este guia com uma lista de outras leituras para sua aprendizagem
futura e aplicação do conteúdo discutido na Pirâmide Para Força e Hipertrofia. Para
referências adicionais e discussões aprofundadas sobre treinamento e tópicos nutricionais
envolvendo atletas físicos e de força, examine com calma em seu tempo de lazer as
seguintes informações, links e pessoas.
Aqui está a planilha de cálculo para ajudá-lo com os cálculos nutricionais presentes no
livro. A senha da página é “calculadora-nutricional”.
Conforme discutido no prefácio deste livro, a Pirâmide Para Força e Hipertrofia – Nutrição
foi originalmente apresentada como uma série de vídeos que criei para o canal 3D Muscle
Journey no YouTube em 2013. Muitas das ideias são semelhantes e, para algumas pessoas,
pode ser útil assistir a esses vídeos para entenderem melhor o conteúdo aqui abordado.
No entanto, esteja ciente de que algumas informações podem estar desatualizadas, e é
por isso que criei este guia atualizado com recomendações baseadas nas descobertas
científicas mais recentes.
Da mesma forma que a Pirâmide Nutricional acima, a série de vídeos da Pirâmide Para
Força e Hipertrofia – Treinamento foi apresentada no canal 3D Muscle Journey, no
YouTube, em maio de 2015. Como você provavelmente já adivinhou, também foi uma
apresentação em um quadro branco, para dar às pessoas uma ordem de fatores para
decifrar o que é mais importante para seus objetivos físicos e de ganho de força.
Este site é a base de todos os 5 treinadores do Team 3D Muscle Journey. Aqui você
134 | OUTRAS LEITURAS
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
pode encontrar artigos de blog, vídeos e informações sobre coaching do Jeff Alberts,
Brad Loomis, Alberto Nunez, Andrea Valdez e de mim mesmo. Oferecemos coaching de
preparação para competições, para competições de powerlifting e sessões para elaboração
de treinos via Skype para atletas recreativos ou fora da temporada de competições.
Como treinadora do 3DMJ e atleta de longa data, o site pessoal da Andrea oferece uma
ideia acerca do que é preciso para ser uma competidora. Juntamente com os artigos
sobre treinamento, nutrição e mentalidade de sua perspectiva pessoal, o site ainda
oferece alguns dos melhores eBooks sobre preparação para competições que você
poderá encontrar online.
O conteúdo do site do Andy é apresentado como um guia abrangente sobre como adotar
uma abordagem direta e sem loucuras para sua nutrição e treinamento. Você poderá
encontrar informações sobre os serviços de coaching on-line do Andy e como obter
uma cópia de seus livros dedicados a como montar uma dieta e ajustá-la de acordo seus
objetivos, O Guia Completo Para Montar a Sua Dieta e Manual de Coaching e Ajustes
na Dieta. Eles são excelentes companheiros para a Pirâmide Para Força e Hipertrofia -
Nutrição, e eu também contribuí com eles.
MYFITNESSPAL.COM
EATTHISMUCH.COM
Apenas para reiterar a partir da Pirâmide Nutricional... Não, não acredito que os planos de
refeições sejam um modo de vida ou que eles devam ser seguidos para todo o sempre.
Dito isto, se você está apenas começando na sua jornada para aprender a manipular
seus alimentos e gostaria de alguns exemplos de planos de refeições como forma de
rodinhas de treinamento, acredito que este seja o melhor site para este fim.
CITADELNUTRITION.COM
Eu incluí o site da Citadel Nutrition porque ela é uma das poucas empresas que eu
encontrei que são transparentes e dão atenção aos detalhes quando se trata da qualidade
e integridade de seus produtos. Seus produtos são baseados em evidências, e eles
THESBSACADEMY.COM
The Shredded By Science Academy é rotulado como “Um curso de um ano, baseado em
evidências para personal trainers, oferecido pelos melhores educadores do ramo fitness”
e concordo plenamente com isso. O homem por trás da SBS se chama Luke Johnson, ele
é líder no Reino Unido no ramo de educação continuada para personal trainers. Como um
dos principais contribuintes para este curso junto com o Dr. Mike Zourdos, acredito que
este seja um investimento muito valioso para quem procura entrar no ramo de coaching
para força ou hipertrofia.
ALANARAGON.COM
A revisão de pesquisas mensal do Alan Aragon talvez sejam os melhores 10 Dólares que
você gastará a cada mês. Alan fornece uma visão muito útil e aplicável de sua própria
experiência, bem como dos melhores pesquisadores, cientistas e especialistas do ramo
fitness em seus respectivos campos. Esta é uma leitura obrigatória para qualquer pessoa
interessada em abordagens baseadas em evidências científicas para fitness, físico e força.
A casa do Lyle McDonald. Este site está no ar há anos e continua sendo uma das fontes
mais completas de informações sobre nutrição e treinamento fora dos livros didáticos.
Vale a pena comprar todos os livros do Lyle, uma vez que você aprenderá alguma coisa
nova em cada um deles. Ele entende toda a ciência, e é capaz de encontrar maneiras
únicas de aplicar isso para ajudar as pessoas a alcançarem seus objetivos. Eu também
recomendaria ficar atento aos dois novos livros do Lyle, um sobre nutrição e treinamento
para mulheres, e o outro no qual ele planeja fazer sua obra enciclopédica sobre tudo
relacionado ao fitness. Tive a sorte de poder contribuir um pouco para com ambos os textos
137 | OUTRAS LEITURAS
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
e posso dizer que eles não são nada menos que épicos. Os fóruns do bodyrecomposition.
com também são lendários, e se você voltar uns dez anos nas postagens, encontrará
muitos nomes que são bem conhecidos agora, mas que não significavam nada na época
- incluindo esse que vos escreve. :)
STRENGTHEORY.COM
LOOKGREATNAKED.COM
Esse é o blog do pesquisador Dr. Brad Schonfeld. Uma boa oportunidade para ver um
cientista de exercícios, com muita experiência nas trincheiras como treinador, discutindo
as últimas pesquisas e suas limitações, de maneira transparente e autêntica. Sua pesquisa
aplicada é bem acessível para aqueles que acham a literatura científica intimidante ou
difícil de entender.
REACTIVETRAININGSYSTEMS.COM
Fundada pelo powerlifter campeão mundial da IPF, Mike Tuchscherer, o Reactive Training
Systems é um prato cheio para qualquer pessoa interessada no ganho de força. Eles
não só estão publicando conteúdo na vanguarda da autorregulação no treinamento de
força, mas também oferecem serviços de coaching personalizados e uma variedade de
produtos para promover sua educação em elaboração de treinos.
THESTRENGTHATHLETE.COM
The Strength Athlete tornou-se rapidamente um dos serviços de coaching mais bem-
sucedidos do ramo para powerlifters naturais. Fundado por um dos meus clientes pessoais
de coaching do 3DMJ, o powerlifter de elite Bryce Lewis, este site oferece coaching
semanal, consultas on-line e uma abundância de artigos e programas gratuitos para
todos os níveis de powerlifters. Bryce é um mestre quando se trata de criar conteúdos
para a comunidade de powerlifting natural. Ele tem uma combinação única de uma
mente analítica, porém criativa, talento artístico e tem muita experiência como coach;
atualmente de powerlifting e anteriormente de voleibol. Ele foi o designer gráfico das
imagens das pirâmides que aparecem em ambos os livros e o mago do Excel que criou
nossa página na qual os compradores da Pirâmide Para Força e Hipertrofia - Nutrição
podem configurar seu plano de nutrição.
Além disso, espero que os grandes conceitos apresentados neste livro tenham mudado
sua perspectiva para melhor. Espero que agora você seja capaz de diferenciar entre o
que é mais importante e o que pode não ter importância nenhuma. Também espero que
você possa se afastar do pensamento preto e branco e, em vez disso, entenda os aspectos
de contexto e individualidade que irão ajudá-lo a superar seus objetivos e atingir novos
objetivos de maneira muito mais eficiente com relação ao tempo.
Finalmente, quero aproveitar para agradecer a todas as pessoas que ajudaram a me tornar
a pessoa que sou hoje, que influenciaram meu desenvolvimento como coach profissional,
educador e pesquisador. Você sabe quem é você, e na verdade provavelmente já lhe
disse tanto pessoalmente como virtualmente. Quero que você veja este livro de várias
maneiras como seu, porque eu realmente não poderia ter feito isso sem você. Para Andrea
e Andy, agradeço imensamente por fornecerem a estrutura, a organização e a motivação
para juntar tudo isso. Este livro é infinitamente melhor por causa de vocês dois, ambos
têm um impulso e uma paixão que são raros neste mundo, estou agradecido pelo fato
de estarmos no mesmo time!
Para o leitor, tenho certeza de que você estará com fome de mais conhecimento e
lhe encorajo a verificar a seção de outras leituras deste livro, isso ajudará a aprimorar
sua compreensão dos conceitos aprendidos aqui, e também irá complementar estas
informações. Fique de olho no site The Muscle and Strength Pyramids, já que temos
indicações disponíveis para aqueles que compraram os livros. Além disso, nosso site
será atualizado com informações úteis, links e postagens de blog, e você também pode
entrar em contato com a gente através dele se tiver alguma pergunta urgente.
Sinceramente,
Eric
Certamente existem outros que são muito mais qualificados para o trabalho, e quando
você leva em consideração que ele poderia ter pedido a quase qualquer um nessa área
para ser co-autor de um livro com ele, seria justo se perguntar por que ele me escolheu.
A razão pela qual você tem este livro em suas mãos agora, em vez de ter que esperar
mais um ano para isso, é graças a um superstar chamado Kengo Yao que trabalha comigo
em nosso site irmão japonês, athletebody.jp. No início de 2015, nos aproximamos de Eric
para perguntar se poderíamos fazer uma pequena versão em e-book em japonês da série
“Training Pyramid” do YouTube para distribuir gratuitamente aos nossos leitores. Eric
graciosamente nos deu permissão, então Ken passou 5 semanas inteiras trabalhando
nela noite e dia, e foi um sucesso. A qualidade da estrutura e do conteúdo impressionou
ao Eric, que pediu para ajudá-lo a montar uma versão em inglês, que se transformou no
projeto deste livro.
O site japonês ainda não estaria no ar neste momento se eu tivesse me preocupado apenas
com o lucro, já que ele deu prejuízo até o final de 2015, seu quarto ano de operação.
Seria fácil olhar para o nosso site agora - os números da audiência, os colaboradores e o
respeito que conquistamos - e esquecer de todo o trabalho árduo que colocamos nele.
Nos dois primeiros anos ninguém ligou pra ele, mas o que me ajudou a não desistir foi:
ff Em primeiro lugar, Ken estava disposto a aceitar um salário inferior ao que ele
realmente merecia, mas era o que eu podia pagar.
99% do conteúdo sobre nutrição deste livro se deve ao trabalho árduo da Andrea e do
Eric, não posso levar o crédito por nada além de algumas sugestões muito pequenas.
Dizer que escrevi o livro sobre treino junto com o Eric também seria exagerar a minha
contribuição. O layout original do Ken forneceu a base a partir da qual criei o primeiro
rascunho mal escrito, que Eric foi forçado a reescrever quase que completamente. Minha
principal contribuição foi puxar cada vez mais informações do Eric em todas as revisões,
e fazê-lo escrever de uma maneira que fosse simples o suficiente para que até um bocó
como eu pudesse entender.
Em geral, este projeto tem sido uma experiência em prol da humildade. Tenho feito
coaching online já há alguns alguns anos, pensava que conhecia bem o assunto, mas
essa colaboração acabou sendo uma verdadeira benção para minha própria educação.
Estou orgulhoso do que construímos como equipe. De coração, gostaria de lhe agradecer
por ter lido esses livros, e desejo-lhe o melhor em sua jornada fitness. Se você sentir
a necessidade de entrar em contato, estou sempre disponível no meu site em inglês,
Rippedbody.com.
Andy
No ano seguinte, comecei a compartilhar o que aprendi no meu próprio site e fui aceita
como uma de suas atletas para a temporada de competições de 2013. Mudei para
o outro lado do país para estar ao redor do murmurinho dos coaches do 3DMJ, dos
companheiros de equipe, dos encontros de treinamento e das competições durante os
141 | PALAVRAS FINAIS DOS AUTORES
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
dois anos seguintes. Em 2015, eu tinha tirlhado meu caminho para me tornar a quinta e
única coach não original a ser aceita no Team 3D Muscle Journey e eu não poderia estar
mais orgulhosa em chamá-los de minha família.
Não lhe digo isso para me gabar (embora realmente esteja muito orgulhosa das minhas
companhias), mas mais para que os leitores saibam o quanto realmente significa para
mim que vocês investiram seu tempo para ler esse livro.
Este não é um simples projeto que demorou alguns meses para ficar pronto, na
verdade se originou de anos de escrita, falhas, sucessos, competições, sofrimentos,
investimentos, aprendizagens e evoluções. Sim, agora sou parte de uma das melhores
equipes fisiculturismo e powerlifting naturais do mundo, mas a base de todo meu
conhecimento começou com aqueles vídeos do YouTube lá atrás.
Conheço o valor de tudo que você acabou de ler, e considero que uma das maiores
conquistas da minha vida foi ter ajudado a espalhar essas ideias para aqueles que
precisam ouvi-las. Não se trata de dizer às pessoas como “serem perfeitas” com seu
treino e nutrição, mas mais sobre fornecer a elas as ferramentas para navegar através de
suas frustrações, falhas e bloqueios mentais para prosseguir em direção a seus objetivos
com resultados negativos mínimos. Esta missão é muito importante e estou feliz em
compartilhá-la com o Eric e o Andy.
Só posso esperar que você tenha gostado tanto do nosso trabalho quanto nós gostamos
de prepará-lo. A incrível amplitude de conhecimento do Eric misturada com a proeza
do Andy com todas as coisas de negócios na internet me permitiu transcrever e editar
até não poder mais, para que essas pequenas gemas se tornassem o que são. Nossos
esforços combinados tornaram alguns vídeos de quadro branco, feitos com telefone
celular, nos manuais mais abrangentes em nosso ramo até a presente data.
Para aqueles que estão lendo isso, e que investiram seu tempo em sua aprendizagem,
gostaria de agradecer por serem o tipo de pessoa cuja curiosidade continuará a promover
este campo de estudo nas próximas décadas. São pessoas como vocês, aquelas que
realmente têm uma paixão pela aprendizagem baseada na ciência, com uma mente aberta,
que também serão modelos, líderes, pesquisadores e porta-vozes para as pessoas que
realmente precisarem disso no futuro. É uma grande responsabilidade, mas depois de
142 | PALAVRAS FINAIS DOS AUTORES
A PIRÂMIDE PARA FORÇA E HIPERTROFIA - NUTRIÇÃO
lerem esses guias, acho que vocês podem lidar com ela :)