Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Na prática, tal conhecimento, irá servir para locação de obras de engenharia dos mais
diversos tipos. Inicialmente serão descritas a nomeclatura e a classificação das estruturas,
em seguida as possíveis representações gráficas. As estruturas podem ser lineares e planares,
ou seja, encontradas na natureza na forma de linhas e planos.
As estruturas, de modo geral são formadas pelo processo deformacional, que resulta da
resposta mecânica dos esforços aos quais os corpos rochosos são submetidos, e que pode
ocorrer em regime dúctil, dúctil rúptil, rúptil dúctil e rúptil (Fig. 01). O regime dúcil é quando
o estado plástico da rocha permite que a mesma se deforme sem resistência ao
cisalhamento. O regime rúptil, ocorre quando o estado da rocha oferece resistência
mecânica ao cisalhamento de modo que ocorra a ruptura da rocha. Os regimes dúctil rúptil
e rúptil dúctil são estados de transição entre o dúctil e o rúptil, sendo que o primeiro trata
da predominância do estado dúctil e o segundo da predominância do estado rúptil.
Figura 01
ESTRUTURAS PRIMÁRIAS
Figura 02
Figura 03
Nas rochas ígneas é possível ter estruturas planares provenientes do escorregamento das
lavas vulcânicas (Fig. 04), o mesmo escorregamento gera dobramentos e marcadores de
direção e sentido do fluxo magmático. Nas rochas metamórficas é muito comum as
estruturas primárias serem formadas pela deformação dos cristais da rochas, ou em um
regime mais plástico ou dúctil, pela deformação da própria rocha.
Figura 04
Figura 05
ESTRUTURAS SECUNDÁRIAS
As estruturas secundárias são formadas após a geração da rocha, geralmente por esforços
atuantes nos corpos rochosos, que podem ser devido a eventos tectônicos ou atectônicos.
Dentre os diversos tipos de estruturas secundárias, as principais são as falhas e fraturas; e as
dobras. A nucleação e os mecanismos geradores dessas estruturas se deve em parte ao
comportamento reológico dos mesmos, ou seja, como essas estruturas se comportam
mecanicamente com a atuação dos esforços.
(c)
Figura 06: Deformação em função do tempo, mostrando a primeira zona (I), onde a deformação é elástica, a
segunda zona (II), onde a deformação é plástica e terceira zona (III), onde se alcança a ruptura. (a) ao continuar
aumentando a intensidade da tensão, o corpo chega a ruptura; (b) se remover a tensão aplicada, no limite
plástico, a corpo não chega a ruptura, mas a deformação remanesce; (c) gráfico tensão em função da
deformação.
FALHAS E FRATURAS
FACULDADE MAURICIO DE NASSAU
CURSO ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA
PROF. DR. IDNEY CAVALCANTI DA SILVA
ESTRUTURAS GEOLÓGICAS - AULA 08
Como já foi visto, as falhas e fraturas estão entre as estruturas mais abundantes na crosta
terrestre e os mecanismos de geração dessas estruturas, se devem, basicamente, aos
esforços atuantes nos maciços rochosos e as características reológicas dos mesmos. Como
estuturas planares, as falhas se distinguem das fraturas o juntas, pelo deslocamento das
partes da rochas que foi quebrada. Ou seja, quando há um deslocamento dos blocos no
plano de ruptura, denominamos de falha, quando não há denominamos de fratura.
Considerando um determinado plano do corpo rochoso, onde a tensão principal máxima (1)
atuante, seja normal a este plano, implicando em tensões cisalhantes nulas nos mesmos; a
medida que a intensidade da tensão aumenta com o tempo, vão se formando fraturas.
Supondo um meio homogênio e isotrópico, associados a uma evolução de tensão contínua,
o que não é o caso, mas representa um modelo de ruptura próximo do real, podendo ser
simulado em um ensaio de laboratório (Fig. 07), onde as primeiras estruturas a serem
geradas, com o aumento progressivo da tensão e passar do tempo são as fraturas de tensão,
cuja o plano tem componentes nas direções dos tensores principais máximo ( 1) e
intermediário ( 2). Em seguida, há um relaxamento, logo após são geradas as fraturas de
alívio com os componentes das tensões principais intermediária (2) e mínima (3), paralelas
ao plano. Continuando a progressão, são geradas fraturas conjugadas com ângulos entre os
planos variando de 60° a 70° e o plano formado pela bissetriz desses planos, com
componentes das tensões principais máxima (1) e intermediária (2), paralelos a ele.
(a)
(b) (c) (d)
Figura 07: Fraturas desenvolvidas durante experimentos em rochas em estado rúptil. (a) Estado
inicial do ensaio, com tensor máximo vertical ( 1) e tensor mínimo ( 3) horizontal como é
mostrado a seguir; (b) formam-se as primeiras fraturas, denominadas fraturas de tensão; (c)
com a deformação inicial a rocha comprime de modo que a intensidade de compressão
diminui, podendo gerar fraturas de alívido; (d) é gerado o par de fraturas conjugadas; (e)
ocorre o cisalhamento e a falha.
(e)
Dentre os tipos de ruptura ou quebra de corpos rochosos, visualizadas na natureza é
possível citar (Fig. 08), o modelo I, que trata de abertura e não ocorre cisalhamento, o
modelo II, onde ocorre deslizamento (cisalhamento) translacional de um bloco sobre o outro
e o modelo III, onde ocorre deslizamento rotacional denominado tesoura.
FACULDADE MAURICIO DE NASSAU
CURSO ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA
PROF. DR. IDNEY CAVALCANTI DA SILVA
ESTRUTURAS GEOLÓGICAS - AULA 08
Figura 08
JUNTAS E FRAURAS
Outro de junta ou fratura muito comum de ocorrer, são as juntas plumosas, formadas em
um processo de abertura como ilustrado na figura 10. Em uma condição compressiva é
possível formar fraturas do tipo estilolito (Fig. 11).
FACULDADE MAURICIO DE NASSAU
CURSO ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA
PROF. DR. IDNEY CAVALCANTI DA SILVA
ESTRUTURAS GEOLÓGICAS - AULA 08
(a) (b)
Figura 12: Exemplo de Veios: (a) tipos de arranjos de veios; (b) veios na forma de gashes em seção de
afloramento; (c) mecanismo de geração de gashes.
FACULDADE MAURICIO DE NASSAU
CURSO ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA
PROF. DR. IDNEY CAVALCANTI DA SILVA
ESTRUTURAS GEOLÓGICAS - AULA 08
As fraturas podem ocorrer repetidamente e paralelas entre si, quando ocorrem mais de uma fratura paralelas
entre si, denominamos família de fraturas (Fig. 13), as mesmas podem ocorrer associadas a outras famílias,
ortogonais ou obliquas.
As falhas podem ser classificadas pela cinemática, ou seja, sentido de movimento dos blocos
rochosos. Deve-se analisar a maior componente do rejeito (Fig. 14) para definir o tipo de
falha. O rejeito é a medida de deslocamento da falha, sendo obtida através de medida entre
um marcador como camada por exemplo.
Para isso se faz necessário a determinação dos elementos geométricos da falha (Fig. 15),
como o strike, o dip ou direção de mergulho e o pólo. Além desses, se obtém os elementos
cinemáticos (Figs. 16 e 17) da falhas, que são a estria, os degraus ou steps e o plano
cinemático que é formado pela estria e o pólo da falha.
FACULDADE MAURICIO DE NASSAU
CURSO ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA
PROF. DR. IDNEY CAVALCANTI DA SILVA
ESTRUTURAS GEOLÓGICAS - AULA 08
Quando os blocos falhados se deslocam na direção do dip, a falha pode ser normal, quando
o bloco de cima (teto ou capa) desliza para baixo, ou reversa, quando o bloco de cima
desliza para cima (Fig. 18a e b), tal movimento se denomina dip slip. Quando os blocos se
deslocam na direção horizontal, ou seja, lateralmente, a falha é denominada transcorrente
(Fig. 18c e d) e pode ser transcorrente dextral (movimento dextrógiro ou horário), também
chamada de destral (lado direito), quando o bloco do lado direito se aproxima do
observador; ou sinistral (movimento sinistrógiro ou lado esquerdo), quando o bloco do lado
esquerdo se aproxima do observador. A esse movimento, de deslocamento horizontal,
denominamos strike slip.
Figura 18: (a) Falha normal; (b) falha reversa; (c) falha transcorrente dextral; (d) falha transcorrente sinistral.
Quando o movimento de deslocamento dos bloco for obliquo (Fig. 19), a falha pode ser
classificada com dois nomes, o proveniente do movimento dip slip seguido do proveniente
FACULDADE MAURICIO DE NASSAU
CURSO ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA
PROF. DR. IDNEY CAVALCANTI DA SILVA
ESTRUTURAS GEOLÓGICAS - AULA 08
do movimento strike slip ou vice-versa, sendo destes, o componente de maior
deslocamento com o nome na frente.
Figura 19: Bloco diagrama que ilustra os possíveis movimentos do bloco
ausente (missing block) com respectivas classificações cinemáticas. As
setas indicam o movimento do “missing block” e as letras a classificação
cinemática: ND – normal dextral, N – puramente normal, NS – normal
sinistral, S – puramente sinistral, RS – reverso sinistral, R – puramente
reverso, RD – reverso dextral e D – puramente dextral.
Figura 14 Bloco diagrama que ilustra os possíveis movimentos do bloco ausente (missing block) com respectivas
classificações cinemáticas. As setas indicam o movimento do “missing block” e as letras a classificação cinemática:
ND – normal dextral, N – puramente normal, NS – normal sinistral, S – puramente sinistral, RS – reverso sinistral,
R – puramente reverso, RD – reverso dextral e D – puramente dextral.
Nem sempre esse trajeto do bloco é retilíneo, como no caso das falhas lístricas e rotacionais
(Fig. 20)
Figura 20: Diagramas esquemáticos de uma falha lístrica (a) e uma falha rotacional (b). A linha vermelha mostra a
direção e sentido do movimento.
DOBRAS
Dobras são, por definição, ondulações em rochas, que podem ser quantificadas pelos
parâmetros geométricos amplitude e comprimento de onda. São produzidas por esforços
compressivos ou extensionais, em domínios dúcteis crustais, estando associadas em geral à
formação de cadeias de montanhas (Andes, Alpes, Himalaia). Em outras palavras, trata-se de
deformações dúcteis de corpos rochosos de grande amplitude e, por isso, com expressão
morfológica visível até em imagens de satélite.
Os elementos geométricos que compõem uma superfície dobrada são apresentados na
figura 21, a saber: eixo da dobra, flancos e plano axial. Esses parâmetros são úteis na
caracterização do tipo ou estilo das dobras e sua origem. Nesse sentido, existem diversas
classificações com base na geometria do eixo e superfície do plano axial, da su
perfície
dobrada e ainda de acordo com critérios estratigráficos. De outra parte, a feição
morfológica deformacional pode ser classificada como antiforme ou sinforme, com base no
parâmetro de fechamento da superfície dobrada, respectivamente, convexa e côncava das
camadas, conforme apresentado na figura 21.
FACULDADE MAURICIO DE NASSAU
CURSO ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA
PROF. DR. IDNEY CAVALCANTI DA SILVA
ESTRUTURAS GEOLÓGICAS - AULA 08
A assimetria de uma dobra pode estar relacionada a uma dobra maior que envolve a menor
em seus flancos como vemos na ilustração, a conhecida regra do Z - M - S, onde as dobras
assimétricas tipo Z ao lado esquerdo, do observador, de uma seção transversal a dobra, as
FACULDADE MAURICIO DE NASSAU
CURSO ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA
PROF. DR. IDNEY CAVALCANTI DA SILVA
ESTRUTURAS GEOLÓGICAS - AULA 08
tipos S do lado esquerdo e as dobras tipo M ficam próximo a charneira ou ao eixo da dobra
maior (Fig. 25).
(b)
(a)
Outro tipo de dobra caracterizada pela geometria e a dobra tipo casca de ovo, que pode
formar um domo ou uma bacia conforme ilustração da figura 29.
Por fim, é importante salientar que na maioria das vezes visualizamos as dobras em seções
geológicas, o que, por vezes, dificulta muito a interpretação, sobretudo se tais estruturas
passaram por mais de uma fase de dobramento (Fig. 30), ou seja um redobramento.
FACULDADE MAURICIO DE NASSAU
CURSO ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA GEOLOGIA
PROF. DR. IDNEY CAVALCANTI DA SILVA
ESTRUTURAS GEOLÓGICAS - AULA 08
,
Figura 30: Ilustração esquemática ilustrando um redobramento, ou seja, duas fases de dobramentos FA e FB, e
duas superfícies axiais SA e SB. (a) fase de dobramento FA com superfície axial SA. (b) Resultado das duas fases de
dobramentos, interpostas. (c) fase de dobramento FB com superfície axial SB.