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(Luria, 1966)
Coimbra
Agosto 2008
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O PAPEL DA LINGUAGEM NA FORMAÇÃO DOS PROCESSOS MENTAIS
Luria tem elegido o papel da linguagem na formação dos processos mentais como o
tema das suas conferências, tendo em conta 2 propósitos:
a) Relembrar alguns problemas básicos que preocupam os psicólogos
soviéticos;
b) Expor os resultados obtidos nas investigações experimentais mais recentes.
É errado supor que a formação das actividades mentais básicas e as formas de conduta
são um inevitável processo de maturação das funções mentais da criança ou um
processo de aquisição desconectado de novos vínculos e associações. As actividades
mentais da criança são condicionadas desde o começo das suas relações sociais com os
adultos. A experiência humana é transmitida à criança pelos adultos. Neste processo a
criança adquire não só novos conhecimentos mas também novos modos de conduta.
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Actividades mentais básicas
Exemplo: quando uma mãe mostra algo a uma criança e dá uma ordem de obrigação
juntamente com o nome do objecto, causa uma modificação essencial na percepção da
criança, por exemplo: “deixa a faca que te cortas”. A palavra que designa o objecto
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configura as suas propriedades funcionais essenciais e colocam-no numa categoria de
objectos que possuem propriedades similares. Deste modo adquire a capacidade de
modificar activamente o meio que o influencia, utilizando a linguagem.
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As observações demonstraram que o estímulo mais forte era o círculo, pois, ao trocarem
os fundos, a criança continuou a apertar o botão com a mão direita no círculo vermelho
e com a mão esquerda no círculo verde, independentemente do fundo.
A partir de certa idade é possível utilizar a fala para reforçar o elemento mais débil
(fundo). Pedir à criança para carregar no botão com a mão direita quando surgir o fundo
cinzento e com a mão esquerda quando surgir o fundo amarelo.
3 a 4 anos – não têm respostas estáveis, guiam-se pelas cores dos círculos, que
constituem o elemento mais forte na componente visual.
5 a 7 anos – começam a considerar a cor do fundo como o elemento mais forte da
componente visual através da ordem verbal.
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muito difícil para as crianças seleccionarem as adequadas. Mesmo que conseguissem
esqueciam-se com facilidade. Tudo mudava quando se introduzia a linguagem para
mencionar as cores das caixas, as crianças conseguiam lembrar-se durante 5 dias a uma
semana.
A linguagem modifica a percepção da criança e possibilita a actividade de um sistema
de associações diferenciadas estáveis.
Caramelos Vazia
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Experiência de Vygotsky: pediu a uma criança de idade pré-escolar (menos de 8 anos)
para realizar uma tarefa simples (descrever ou desenhar uma figura) introduzindo, de
seguida, algumas dificuldades, por exemplo, ausência de lápis ou tintas.
3 a 4 anos - chamavam um adulto e diziam que não podiam fazer a tarefa porque não
tinham lápis, se não tivessem ajuda não faziam a tarefa.
5 a 7 anos – se não lhe era dada ajuda, tentavam encontrar uma forma de resolver a
tarefa falando com o adulto ou falando consigo próprios (linguagem egocêntrica de
Piaget). Esta linguagem não era egocêntrica mas era uma linguagem com função prática
de ajuda para resolver a tarefa.
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Vygotsky – acerca de 25 anos – sugeriu que, na evolução da capacidade intelectual, a
criança deve ser incentivada a realizar as tarefas não uma, mas duas vezes. Assim
sendo, pode comparar-se o grau de êxito na realização da tarefa de forma individual e
com a ajuda de um adulto – “investigação da zona de desenvolvimento potencial da
criança” – ou seja, as crianças com potencialidade variável seriam descobertas
indubitavelmente e de maneira clara.
Segundo Pavlov, nos animais, forma-se uma nova conexão quando há um estímulo
condicionado (campainha) acompanhado de um reforço incondicional constante
(comida). A evolução da conexão é gradual e desenvolve-se através de diversas etapas
sucessivas, desde uma generalização inicial de reacções a estímulos similares, até há
diferenciação do estímulo. Assim que se elimina o reforço constante significa,
invariavelmente, a extinção e rápido desaparecimento da conexão. Diferença para com o
homem – sistema superior de auto-regulação).
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Se uma criança de idade escolar, ou um adulto, for submetida a um determinado
estímulo neutro, por exemplo uma luz vermelha, acompanhada por um reforço (por
exemplo carrega no botão), assim que se acende uma luz amarela, sem reforço, veremos
que a sua conduta nunca é tão imediata como a dos animais.
Uma criança perguntaria: “também carrego no botão?”
Um adulto dizia: “disseram-me para carregar no botão quando aparecesse uma luz
vermelha e não uma amarela” – generalização verbal.
Este sistema de generalização verbal determina, tanto a formação, como a não formação
de novas conexões. Numa experiência em estudantes adultos, observou-se que este
sistema era incapaz de produzir uma reacção diferenciada em cenas de duração variada,
depois de numerosas combinações.
O processo de ligamento de novas conexões varia tanto entre crianças 2/3 anos, como
entre crianças dos 5,5/6 anos e, sabemos que nas primeiras etapas do desenvolvimento,
os processos nervosos das crianças são caracteristicamente muito generalizados e
difusos. Quando a linguagem de uma criança começa a desenvolver-se não está
activamente incorporado o processo de formação de novas conexões.
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Bibliografia
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