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Unidade 4 — Ficha de avaliação (cenários de resposta)

GRUPO I
A
1. Trata-se de uma metáfora. Este recurso expressivo dá conta da profunda tristeza
em que se encontra Ricardo Reis. Para o poeta, o quarto converte-se numa prisão
— «cela» (l. 7) —, onde está enclausurado e profundamente só, distante de todos
(«sentado na borda duma cama antiga, sozinho», ll. 5-6). A descrição do quarto
como uma cela de onde não é possível sair («a porta, se a abrisse, daria para outra
porta, ou para uma cave escura e funda», l. 8) permite concluir que não existe
solução para a solidão triste em que se encontra o poeta das odes.
2. A referência a Adão e Eva surge na descrição dos sentimentos de Ricardo Reis, uma
vez que as duas figuras do Génesis estão associadas à ideia do paraíso perdido. De
facto, o narrador diz-nos que, para Ricardo Reis, que se encontra num «triste
quarto» (l. 2), tão triste e isolado como se estivesse numa «cela» (l. 7), a sala de
jantar do Hotel Bragança, onde se instalara nos primeiros dias depois do regresso a
Lisboa, é o «paraíso perdido», ou seja, o poeta relembra-o com a nostalgia de um
bem perdido (e idealizado): «A sala de jantar do Hotel Bragança é o paraíso
perdido, e, como paraíso que se perdeu, gostaria Ricardo Reis de lá tornar, mas
ficar não» (ll. 23-25). Deste modo, a expulsão de Adão e Eva permite ao narrador
descrever melhor o que sente Ricardo Reis na primeira noite na nova casa: «assim
desmunidos se devem ter sentido Adão e Eva naquela primeira noite depois de
expulsos do éden» (ll. 27-28).
3. Um dos aspetos da linguagem de Saramago que evidenciam um desafio às normas
gramaticais é o registo do discurso direto das personagens sem a mudança de
linha, o travessão ou as aspas. O escritor utiliza uma vírgula, seguida de letra
maiúscula, para introduzir a fala de uma personagem, como podemos observar na
passagem: «Ramón trará a canja, Hoje está uma especialidade, e não mente, […]»
(ll. 16-17). Além disso, sintaticamente, Saramago constrói frases longas,
introduzindo séries de orações subordinadas na mesma frase, como evidencia a
seguinte passagem, onde há, entre outras, orações concessivas, consecutivas e
condicionais: «Mesmo com as portadas da janela fechadas ouve-se o estalar da
água caindo sobre os passeios, dos beirais, dos algerozes rotos, quem aí haverá tão
atrevido que saia à rua com um tempo destes, se não for por obrigação extrema,
salvar o pai da forca, por exemplo, é uma sugestão para quem ainda o tiver vivo»
(ll. 20-23).

B
4. No excerto em análise, o narrador apresenta-se como narrador-autor, refletindo
sobre a escrita e dirigindo-se aos seus leitores. Nesta reflexão, a verdade tem um
lugar importante, pois o narrador considera que ela é uma dificuldade da
literatura, ou do «romance»: «A verdade é algumas vezes o escolho de um
romance» (l. 1). Isto porque, se o narrador contar factos verdadeiros, corre o risco
de criar um romance «frio, […] impertinente», que não emociona, ou seja, «que
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não sacode os nervos» (ll. 5-6). O narrador de Amor de perdição está nesta
situação, uma vez que se dedicou a «estudar a verdade» e pretende apresentá-la
sem artifícios literários ou mentiras por amor à arte: «pintá-la como ela é, feia e
repugnante» (ll. 14-15). No entanto, confia na avaliação do seu leitor,
considerando-o um «leitor inteligente» (l. 17), capaz de aceitar a verdade e os
«[f]actos» (l. 17).
5. Com a referência à «forca» que caíra «aos olhos de Simão» (l. 28), afirma-se que o
jovem estava livre de uma pena que implicava a morte. No entanto, apesar de
estar livre da «forca», Simão sofre de forma extrema. O seu sofrimento é quase
uma morte, algo que é sugerido pelo narrador quando fala do pulmão que respira
«ar mortal» e do espírito tolhido, encerrado num espaço cujo teto «filtra a morte a
gotas de água». A dimensão deste sofrimento explica a mudança que se verifica em
Simão. Depois de dezanove meses de prisão, sonha com «um raio de Sol» (l. 20) e
sente «[â]nsia de viver» (l. 22). Uma vez que a prisão foi vivida por Simão com
grande sofrimento, a ânsia de amar desapareceu, pois o coração quer-se «forte e
tenso» (l. 25) para o amor. O espírito entanguido de Simão não tinha forças para
amar.

GRUPO II
1. (C).
2. (A).
3. (A).
4. (D).
5. (A).
6. (B).
7. (C).
8. Valor modal deôntico.
9. Complemento direto.
10. «inúmeras tentativas de resposta à pergunta "O que é o humor?"»

GRUPO III
O texto deve respeitar o tema proposto (características das relações antagónicas que
Ricardo Reis estabelece com Lídia e Marcenda e diferenças entre as suas figuras
femininas), o género textual indicado (texto expositivo) e o limite indicado (130 a 170
palavras). Devem ser referidos os tópicos seguintes:
• Relação de Ricardo Reis com Marcenda:
— Ricardo Reis opta por Marcenda, uma jovem que está hospedada no Hotel
Bragança e com cuja classe social se identifica, pedindo-a em casamento;

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— Une-os a incapacidade de agir (concretizada na mão paralisada de Marcenda e
na sua propensão para seguir os desejos do pai), a tendência para existir na
irrealidade e a incapacidade de abraçar a vida;
— Apesar do beijo ardente, a relação entre ambos (mediada por cartas) está num
plano pouco real, contrastando com a dimensão física e real da ligação com
Lídia.
• Relação de Ricardo Reis com Lídia:
— Lídia é uma criada do Hotel Bragança, com quem Ricardo Reis nunca pensa vir a
ter uma relação séria;
— Nela, a humildade, o vigor, a lucidez e a inteligência estão perfeitamente
combinados;
— Ao contrário de Marcenda, está ligada à vida, gerando literalmente vida
quando engravida, e ligada ao mundo do seu tempo, quando questiona o
regime;
— A sua relação com Ricardo Reis é física e carnal, presa à vida.

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