Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
“Uma coisa dizei-me, por obséquio: se ele não me pagar no dia certo, que lucrarei
cobrando-lhe essa pena? Uma libra de carne humana, quando retirada de alguém,
não vale tanto nem é tão apreciada quanto carne de vitela, de cabra ou de carneiro.
Só para ser-lhe amável é que faço semelhante proposta. Caso a aceite, serei con-
tente. Do contrário, adeus. E, pelo meu amor, não me ultrajeis”. W. Shakespeare, O
Mercador de Veneza.
Daí VALVERDE afirmar que “uma lei de falências se gasta depressa com o
atrito permanente com a fraude”. Melhor seria dizer, talvez, que ela não consegue
acompanhar a evolução da economia. Igual percepção existe também no Direito
alienígena, não sendo tal “jogo de gato e rato” uma particularidade da experiência
brasileira, conforme se depreende da obra de WARREN acerca da evolução do direito
falimentar norte-americano.
1|9P á g i n a
desgaste em suas articulações com a realidade, de maneira a TOLEDO dispor que é
o momento para que seja reformada, ainda que pontualmente, a legislação apro-
vada em 2005, que não se mostrou satisfatória à crise presenciada pelo Brasil de
2014 a 2016 (ou até o presente momento, conforme o analista).
É bem verdade que esses dados, por si só, não respondem a questão da
eficiência ou não da recuperação judicial enquanto instrumento de intervenção na
economia, uma vez que, por um lado, como afirmam BAIRD e JACKSON, não são
todos os empresários que, em uma economia de mercado merecem ser “salvos”
e, por outro lado, como sustenta WARREN, havendo outros interesses em jogo no
processo de reorganização das atividades empresárias – como a manutenção de
empregos diretos e de outras unidades produtivas da economia real, na figura dos
fornecedores, além da arrecadação de tributos e outros valores “extra autos” – é
possível que os dados cogitados, de per se, não apontem unilateralmente para o
fim de uma era.
2|9P á g i n a
Congresso Nacional o Projeto de Lei n.º 6.229/2005, o qual, segundo amplamente
noticiado, encontra-se às vésperas de sua aprovação 1.
1
https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2020/02/10/pl-de-reforma-da-lei-de-recuperao-judicial-traz-no-
vas-mudanas.ghtml.
2
https://valor.globo.com/financas/noticia/2020/03/19/alvarez-marsal-preve-nova-onda-de-recuperacao-judi-
cial.ghtml
3|9P á g i n a
ser positivada no Direito poderá ser avaliada, seja para que seja ela julgada ade-
quada ao fim pretendido ou não, uma vez que a modelagem das decisões dos
envolvidos é a massa com a qual lida a AED do regime falimentar.
4|9P á g i n a
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Aloísio e FUNCHAL, Bruno. A Nova Lei de Falências brasileira e seu papel
no desenvolvimento do mercado de crédito. Revista de Pesquisa e Planeja-
mento Econômico. Vol. 36, No. 2 (Agosto, 2006), pp. 209-254.
ARAÚJO, Aloisio P.; FERREIRA, Rafael V. X.; FUNCHAL, Bruno. The Brazilian bank-
ruptcy law experience. Journal of Corporate Finance, n.º 18, 2012. p. 994-
1004.
ASCARELLI, Túlio. Antigona e Porcia. In: __________. Problemi Giuridici. Tomo II.
Milano: Giuffrè, 1959.
5|9P á g i n a
* __________. Loss Distribution, Forum Shopping, and Bankruptcy: a Reply
to Warren. Disponível em: <https://chicagounbound.uchicago.edu/cgi/viewcont-
ent.cgi?article=2023&context=journal_articles>. Acesso em 19 de março de 2020.
BRUNSTAD JR., G. Eric. Bankruptcy and the Problems of Economic Futility: A The-
ory on the Unique Role of Bankruptcy Law. The Business Lawyer. Vol. 55, No. 2
(February 2000), p. 499-591.
ESTEVEZ, André F. Das origens do direito falimentar à Lei n.º 11.101/2005. Re-
vista Jurídica Empresarial. Número 15, Julho/Agosto 2015. p. 11-49.
6|9P á g i n a
LA PORTA, Rafael; LOPEZ‐DE‐SILANES, Florencio; SHLEIFER, Andrei e VISHNY,
Rob-ert W. Law and Finance. Journal of Political Economy. Vol. 106, No. 6 (De-
cember 1998), pp. 1113-1155.
POSNER, Richard. Economic Analysis of Law. 9ª ed. New York: Wolters Kluwer
Law & Business, 2014.
REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Falimentar. Vol. 1. 17ª ed. São Paulo: Sa-
raiva, 1998.
ROE, Mark. Bankruptcy and Corporate Reorganization: legal and financial ma-
terials. 3ª ed. New York: Foundation Press, 2011.
TVERSKY, Amos e KAHNEMAN, Daniel. The Framing of Decisions and the Psychol-
ogy of Choice. Disponível em: <https://www.uzh.ch/cmsssl/suz/dam/jcr:ffffffff-
7|9P á g i n a
fad3-547b-ffff-ffffe54d58af/10.18_kahneman_tversky_81.pdf>. Acesso em 20 de
março de 2020.
WORLD BANK. Principles and guidelines for effective insolvency and credi-
tor rights system. Disponível em: <http://siteresources.worldbank.org/GI-
LD/PrinciplesAndGuidelines/20162797/Principles%20and%20Guidelines%20for-
%20Effective%20Insolvency%20and%20Creditor%20Rights%20Systemss.pdf>.
Acesso em 21 de março de 2020.
8|9P á g i n a
ces/58075541357753926066/ICRPrinciples-Jan2011[FINAL].pdf>. Acesso em 21
de março de 2020.
9|9P á g i n a