Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
1
Mestranda em Direitos Humanos e Meio Ambiente do Programa de Pós-Graduação em Direito da
Universidade Federal do Pará. Contato: antonelabaronetti@gmail.com.
2
básicos e elementais para logo avançar pouco a pouco em outros mais complexos.
Assim, pensemos num estudante de direito; primeiro estuda introdução ao direito ou
teoria do direito para compreender seu objeto e incorporar concepções básicas e
recém depois adentrar em cada rama: civil, penal, processual, etc. Nas ciências,
como o direito, o ponto de partida está dado por “pressupostos” que estão fora de
discussão e que ninguém se questiona até deparar com a filosofia.
Mas que aporta a filosofia neste trabalho que visa definir um conceito de
tributo ambiental?
A filosofia é a encarregada de criticar esses “pressupostos” que a ciência
não questiona e que parte deles como verdades dadas. Ela auxilia as ciências
aportando as essências (acredito, como o essencialismo, que as essências existem
e não são criações convencionais da atividade humana como defende o
convencionalismo), os conceitos com que elas trabalham. Não poderíamos conceber
nunca uma filosofia que não questione nem critique. Não estaríamos diante de
filosofia.
Kaufmann (2002, p.25) acompanha estabelecendo que “[...] na filosofia do
direito, o jurista formula as perguntas e o filósofo dá as respostas”. O começo é o
mesmo para ambos, utilizam o mesmo pressuposto (por exemplo, um conceito de
tributo ambiental) mas para o jurista é uma verdade indiscutível e para o filósofo seu
ponto de partida.
A filosofia nasce com atitudes tais como a dúvida, admiração, inquietude,
perplexidade, assombro, situações limites, entre outras e frente a elas se posiciona
com um olhar crítico. Minha atitude foi em primeiro lugar, de assombro por encontrar
na doutrina, autores com conceitos tão diversos de tributação ambiental, e depois de
inquietude.
Reale (1999, p.6) estabelece que:
“A Filosofia, por ser a expressão mais alta da amizade pela sabedoria, tende
a não se contentar com uma resposta, enquanto esta não atinja a essência,
a razão última de um dado "campo" de problemas. Há certa verdade,
portanto, quando se diz que a Filosofia é a ciência das causas primeiras ou
das razões últimas: trata-se, porém, mais de uma inclinação ou orientação
perene para a verdade última, do que a posse da verdade plena”.
2
Informação proporcionada pela Profª. Dra. Pastora Leal numa aula da disciplina Teoria do Direito.
4
siempre tomamos una decisión (no neutral, sino influida por nuestro criterio)
sobre cuál es nuestro “comienzo”.
3
Informação proporcionada pela Profª. Dra. Lise Vieira Da Costa Tupiassu Merlin numa aula da
disciplina Instrumentos Econômicos e Tributários para a Gestão Ambiental na Amazônia
7
2 IMPORTÂNCIA DA CONCEITUAÇÃO
3 CONFUSÃO TERMINOLÓGICA
Também deparamos com outra dificuldade quando percebemos que termos
como “impostos ambientais, verdes, ecológicos”, “tributos ambientais, verdes,
ecológicos”, “eco-tax” são usados indistinta e indeterminadamente sem ter na
verdade, o mesmo significado.
A maioria da doutrina concebe que as espécies tributarias são o imposto, a
taxas e as contribuições. Cada uma destas figuras tem suas características próprias
e são espécies do gênero tributo.
“Impostos ambientais ou verdes ou ecológicos” são termos que se
sobrepõem com o mesmo significado, assim como também “tributos ambientais ou
verdes ou ecológicos”.
Desafortunado é o uso da expressão “eco-tax” (em inglês: eco-impuesto),
errônea tradução que deixaria fora dois das três instituições tributarias; a taxa e a
contribuição.
Em conclusão, para lograr técnica jurídica e considerando que tributo é o
gênero das espécies taxa, contribuição e imposto e porém um conceito mais amplo
que não cria confusão, adoto o termo neste sentido para o presente artigo.
4 CONFRONTO DE CONCEITOS
A União Europeia (UE) e a OCDE (1996, apud Pitrone 2014 p.81) definiu aos
impostos ambientais como aqueles que:
“ser considerado como ambiental, não é suficiente que apareça na lei essa
denominação; é necessária uma série de requisitos que permitam
diferenciá-lo de um tributo meramente arrecadador. Entre esses requisitos
destacam-se:
Domingues (2007, p.63) profere que “[...] os chamados tributos verdes são
designados tecnicamente tributos ambientais. Tributos verdes é expressão leiga que
se refere a tributos que têm uma motivação ambiental”.
Entende Rosembuj, (1995, aput Amaral 2007 p.204) “que a configuração do
tributo ambiental acorde em razão de elementos essenciais que o integram e, em
particular, o seu fato gerador está relacionado com a proteção do meio ambiente”.
OCDE (2001, apud Pitrone 2014 p.84), um imposto com incidencia
ambiental:
“Se define como cualquier pago obligatorio y no retributivo al gobierno
central, gravado sobre una base imponible que, se entiende, debe tener
alguna relevancia para el medio ambiente. Los impuestos no son retributivos
en la medida que los beneficios otorgados por el estado a los contribuyentes
no se encuentran normalmente en proporción a los pagos realizados”.
Contudo, surge a pergunta; não será que o que deve definir a um tributo
como ambiental é realmente se na prática produz efetivamente uma melhora no
meio ambiente? Claro, esta pergunta leva a outra; como obter efetivamente essa
melhora? Os instrumentos ambientais devem ser desenhados de maneira correta
para poder confrontar a contaminação ambiental. O objeto regulatório deve estar
presente e deve ser claro e apropriado. O elemento que guia as condutas para a
proteção ecológica deve estar presente na estrutura da figura.
Amparando, Herrera Molina (2000, p.130) salienta que “Para calificar un
tributo como ecológico debe atenderse a su estructura, de modo que en ella se
refleje la finalidad de incentivar la protección del medio ambiente”.
A efetividade dependerá dos elementos presentes nas estruturas e que
estas, estejam adequadas ao tipo de problema que se quer afrontar.
Não podemos falar de tributo ambiental se sua estrutura não gera um
incentivo na conduta dos agentes em proteção do mio ambiente. Desta forma, o
contribuinte que contamine menos, originará uma menor carga tributaria.
Em resumo, é a estrutura a que deve ser desenhada para induzir mudanças
de conduta e desfazer comportamentos que provocam danos ao meio ambiente e
diminuição dos recursos naturais. Portanto, entendo que o elemento extrafiscal é o
deve guiar o conceito de tributo ambiental.
Estamos frente a um problema atual, um problema da práxis que requer um
tratamento. Existe um compromisso por parte dos doutrinários, legisladores,
catedráticos e especialistas (e também dos estudantes que com sua humilde
contribuição querem aportar e sentir parte daquela satisfação que gera a afirmação
quando é alcançada ... “o direito serve para resolver problemas do cotidiano da
sociedade”), em discutir e rediscutir, problematizar e criticar, em clarear o conceito
de tributo ambiental para que os encarregados de desenhar os tributos consigam
uma estrutura lógica, consequente e apta para cumprir seus objetivos; sem esses
17
Uma das idéias mais ricas do autor, é sua tese da crises do pensamento
cartesiano que justifica assim (2006, p.36,37):
Como a intuição não tem fundamento, não damos valor para ela (informação
verbal)5. O pensamento cartesiano
Capra também crê que estamos vivendo e devemos prepararmos para uma
mudança de paradigma Capra (2006, p. 28) “ uma mudança profunda no
pensamento, percepção e valores que formam uma determinada visão da realidade”.
Capra (físico quântico) acredita que (2006, p.45):
5
Informação proporcionada pela Profª. Dra. Pastora Leal numa aula da disciplina Teoria do Direito.
19
REFERÊNCIAS
AMARAL, Paulo Henrique do. Direito Tributário Ambiental. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2007.
OLIVEIRA, José Marcos Domingues de. Direito Tributário e Meio Ambiente. Rio de
Janeiro: Forense, 2007.
ROSEMBUJ, Tulio. Los Tributos y la Protección del Medio ambiente. Madrid: 1995,
Marcial Pons, Ediciones Jurídicas S.A.