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TRIBUTOS AMBIENTAIS, FILOSOFIA E RACIONALIDADE JURÍDICA

TRIBUTOS AMBIENTALES, FILOSOFÍA Y RACIONALIDAD JURÍDICA

Antonela Soledad Baronetti1

Resumo: O presente artigo objetiva classificar e confrontar, com a ajuda da filosofia,


conceitos de tributo ambiental de diferentes autores. Interpretar a importância da
materialização de um conceito, distinguir termos confusos na doutrina e trazer uma
nova racionalidade jurídica.

(Palavras-chave: Tributação ambiental. Tributo ambiental. Conceitos. Confusão


terminológica. Filosofía. Racionalidade juridica).

Resumen: El presente artículo objetiva clasificar y confrontar, con la ayuda de la


filosofía, conceptos de tributo ambiental de diferentes autores. Interpretar la
importancia de la materialización de un concepto, distinguir términos confusos en la
doctrina y traer una nueva racionalidad jurídica.

(Palabras-clave: Tributación ambiental. Tributo ambiental. Conceptos. Confusión


terminológica. Filosofía. Racionalidad jurídica).

SUMÁRIO: INTRODUÇÃO COM UMA COMUNHÃO NECESSÁRIA: DOGMÁTICA,


FILOSOFÍA E CIÊNCIAS EM GERAL;1.PROBLEMATICA AMBIENTAL E O USO DE
TRIBUTOS; 2.IMPORTÂNCIA DA CONCEITUAÇÃO; 3.CONFUSÃO
TERMINOLÓGICA; 4.CONFRONTO DE CONCEITOS; CONCLUSÃO COM CAPRA
E UMA NOVA RACIONALIDADE JURÍDICA; REFERÊNCIAS.

INTRODUÇÃO COM UMA COMUNHÃO NECESSÁRIA: DOGMÁTICA, FILOSOFÍA


E CIÊNCIAS EM GERAL.

Para começar a estudar tributação ambiental ou teoria do direito ou qualquer


outra ciência é coerente partir desde o principio: conhecer e reconhecer os conceitos

1
Mestranda em Direitos Humanos e Meio Ambiente do Programa de Pós-Graduação em Direito da
Universidade Federal do Pará. Contato: antonelabaronetti@gmail.com.
2

básicos e elementais para logo avançar pouco a pouco em outros mais complexos.
Assim, pensemos num estudante de direito; primeiro estuda introdução ao direito ou
teoria do direito para compreender seu objeto e incorporar concepções básicas e
recém depois adentrar em cada rama: civil, penal, processual, etc. Nas ciências,
como o direito, o ponto de partida está dado por “pressupostos” que estão fora de
discussão e que ninguém se questiona até deparar com a filosofia.
Mas que aporta a filosofia neste trabalho que visa definir um conceito de
tributo ambiental?
A filosofia é a encarregada de criticar esses “pressupostos” que a ciência
não questiona e que parte deles como verdades dadas. Ela auxilia as ciências
aportando as essências (acredito, como o essencialismo, que as essências existem
e não são criações convencionais da atividade humana como defende o
convencionalismo), os conceitos com que elas trabalham. Não poderíamos conceber
nunca uma filosofia que não questione nem critique. Não estaríamos diante de
filosofia.
Kaufmann (2002, p.25) acompanha estabelecendo que “[...] na filosofia do
direito, o jurista formula as perguntas e o filósofo dá as respostas”. O começo é o
mesmo para ambos, utilizam o mesmo pressuposto (por exemplo, um conceito de
tributo ambiental) mas para o jurista é uma verdade indiscutível e para o filósofo seu
ponto de partida.
A filosofia nasce com atitudes tais como a dúvida, admiração, inquietude,
perplexidade, assombro, situações limites, entre outras e frente a elas se posiciona
com um olhar crítico. Minha atitude foi em primeiro lugar, de assombro por encontrar
na doutrina, autores com conceitos tão diversos de tributação ambiental, e depois de
inquietude.
Reale (1999, p.6) estabelece que:

“A Filosofia, por ser a expressão mais alta da amizade pela sabedoria, tende
a não se contentar com uma resposta, enquanto esta não atinja a essência,
a razão última de um dado "campo" de problemas. Há certa verdade,
portanto, quando se diz que a Filosofia é a ciência das causas primeiras ou
das razões últimas: trata-se, porém, mais de uma inclinação ou orientação
perene para a verdade última, do que a posse da verdade plena”.

Quando o autor diz: “trata-se mais de uma inclinação ou orientação eterna


para a verdade última, do que a posse da verdade plena” quer transmitir que na
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filosofia, a tarefa é incessante, inacabada, o espírito crítico do filosofo e essa busca


pela verdade permanece sempre insaciável. Também, os problemas das ciências
mudam e com isso também o foco dos filósofos. Análoga situação acontece no
direito; a realidade que regula evolui, os comportamentos humanos interferem de
modos diversos e desta maneira deve avançar o direito.
Décadas atrás a problemática ambiental nem se pensava como objeto de
discussão e hoje em dia ocupa um dos temas essenciais das agendas
internacionais.

Progride o autor (Reale 1999, p.5,6,9):


“Filósofo autêntico, e não o mero expositor de sistemas é, como o
verdadeiro cientista, um pesquisador incansável, que procura sempre
renovar as perguntas formuladas, no sentido de alcançar respostas que
sejam "condições" das demais [...] A Filosofia deve ser vista como atividade
perene do espírito, como paixão pela verdade essencial e, nesse sentido,
realiza, em seu mais alto grau e conseqüência, a qualidade inerente a toda
ciência: a insatisfação dos resultados e a procura cuidadosa de mais claros
fundamentos”.

E como se relacionam dogmática e filosofia?


A dogmática é segundo Kant (1976 aput Kaufmann 2002, p.25) “o
procedimento dogmático da razão pura, sem uma crítica prévia da sua própria
capacidade” e em sua relação com a filosofia o autor expressa:

“[...] A filosofia do direito não é ciência do direito, ela não é dogmática


jurídica [...] entre a filosofia e a dogmática não existe uma relação de “mais
ou menos”, de “mais importante ou menos importante”, mas uma relação de
diferentes formas de ser. Por isso uma não se substitui à outra (Kaufmann
2002, p.25,27)”.

Eu agregaria que uma se precisa com a outra, e muito. Mas não só a


dogmática precisa da filosofia e a filosofia da dogmática. As ciências todas se
precisam. As ciências necessitam retomar o diálogo e deixar de ser compartimentos
estancos. Desta maneira lograríamos uma complexa racionalidade jurídica que seja
apta para afrontar os problemas da realidade, que pede a gritos o abandono da
especialização das ciências, que nos deixa sábios em nossa área mas ignorantes
nos restantes saberes e assim, incapazes de construir pontes, fazer conexões e
planejar soluções que podem vir de outros campos (informação verbal) 2.

2
Informação proporcionada pela Profª. Dra. Pastora Leal numa aula da disciplina Teoria do Direito.
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Kaufmann (2002, p. 29) já institui na filosofia o que é plenamente


transbordável ao direito;

“a comunhão através da partilha de informação, desempenha um papel tão


importante na filosofia (e no direito). Muito mais do que as ciências
particulares (aqui difiro do autor; em ambas é sumamente necessária), a
filosofia requer interação, intersubjetividade, consenso, convergência. A
variedade de pontos de vista e o pluralismo da doutrina (pensemos nas
diferentes áreas do direito e dentro delas, diferentes pontos de vista sobre
um assunto) não representam, um obstáculo nem tão pouco um beco sem
saída para a filosofia (direito). Antes pelo contrario, constituem uma
condição necessária para o seu completo desenvolvimento (para a
resolução de problemas atuais que confronta o direito)”.

Claro exemplo é nosso tema central. O médio ambiente, objeto de estudo do


direito ambiental, possui uma matriz transversal que cruza e invade todos os
domínios do direito e que se mostra de esta maneira como exemplo da
complexidade dos problemas atuais. É impossível imaginar o trabalho isolado do
direito ambiental. Todas os direitos devem estar em permanente convivência para
brindar respostas.
Deste modo, vemos como a problemática ambiental é abordada pelo direito
tributário em busca de novas soluções. Dois conhecimentos que traspassaram suas
fronteiras e com êxito conseguem resultados efetivos.
“Pero no todo lo que brilla es oro”, no estado da ciência da tributação
ambiental não encontramos uma definição uniforme de tributo ambiental, nem
doutrinários muito preocupados por esta laguna.
Pretendo em uma espécie de humilde “atitude filosófica” desentranhar a
essência do que converte em ambiental a um tributo, mediante o confronto e crítica
de vários conceitos que classificarei previamente em grupos.
Acredito que sem um conceito de tributo ambiental não é possível desenhar
as estruturas dos mesmos para ser utilizados no combate a degradação ambiental.
Esta e mais rações (que logo justificarei) fazem deste artigo, a ambição de minha
pesquisa.
Seguindo a quem foi meu professor de filosofia do direito (a quem devo e
agradeço parte das minhas idéias), e retomando o pensamento do inicio do artigo,
Bruno (2015, p.2) expressa:

“Sin embargo, siempre necesitamos partir de un “supuesto”. No podemos


colgarnos de la nada y patalear en el vacío. Necesitamos un comienzo y
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siempre tomamos una decisión (no neutral, sino influida por nuestro criterio)
sobre cuál es nuestro “comienzo”.

Com a firme convicção de ser o primeiro percurso para começar a construir


e adentrar-me no mundo da tributação ambiental, de ser este o “meu começo”; inicio
o presente trabalho aspirando a essa inclinação, orientação para a verdade última,
com o fim de obter, o elemento norteador que ordena a um tributo como ambiental.
Na seção 1 inicio contextualizando a problemática ambiental e a utilização
dos instrumentos tributários, logo interpreto a importância de uma definição uniforme
na matéria (seção 2), para depois distinguir os termos de “impostos ambientais,
verdes, ecológicos”, “tributos ambientais, verdes, ecológicos”, “eco-tax” (seção 3).
Posteriormente proponho e analiso uma classificação de autores agrupados
segundo o ponto de vista que possuem sobre o conceito de tributo (seção 4) e
finalmente apresentar minhas conclusões acompanhada de Fritjok Capra e no viés
de uma nova racionalidade jurídica.

1 PROBLEMATICA AMBIENTAL E O USO DE TRIBUTOS

Durante os últimos cinquenta anos a proteção ambiental se há transformado


numa das problemáticas mais importantes e urgentes da agenda internacional.
O grande desenvolvimento industrial provocou um deterioro da natureza que
fez emergir a consciência ecológica de que os recursos naturais não são ilimitados.
É necessário resguardar e proteger os mesmos embora com este cuidado se
encareça os processos produtivos e modere o crescimento.
Procura- se fomentar a máxima eficiência econômica em toda atividade que
faz uso dos recursos naturais, incentivar a produção menos poluente através da
adoção de tecnologias limpas e reduzir a contaminação a níveis que possam ser
assimilados pela natureza.
Entendo ao meio ambiente como um bem jurídico constitucionalizado; um
valor que requer ponderação e aplicação integral, de titularidade coletiva e que foi
estabelecido nas constituições para perseverar como condutor de todas as ações
humanas.
A consagração constitucional da proteção do meio ambiente na Argentina
sucede com a reforma constitucional do ano 1994, no artigo 41 e no Brasil no ano
1988 determinado no artigo 225. Inaugura-se assim, uma concepção de direito-
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dever; direito humano fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e


dever de proteger e melhorá-lo, para a satisfação das presentes e futuras gerações.
Diante disto, destacam-se no âmbito jurídico, dois ferramentas para afrontar
às problemáticas ambientais; as normas de comando e controle ou também
chamadas normas administrativas, diretas e os instrumentos econômicos. As
primeiras são mais conhecidas e utilizadas no tratamento aos conflitos e desafios
ambientais; estruturam-se fixando limites às atividades e produtos e estabelecem
sanções em caso de inobservância.
Contudo, nas últimas décadas vem-se observando uma crise na efetividade
destas normas e sua consequente perda de força coercitiva (informação verbal) 3; o
que faz colocar aos impostos ambientais como uma escolha apropriada e adequada.
Neste contexto, vêm ganhando importância e mérito no cenário
internacional.
Começam a ser utilizados nos anos setenta mas como informa López e
Guzmám Guzmán (2002, p.107):

“[...] no ha sido sino en la década de los noventa cuando los tributos


ecológicos, en su papel de instrumentos económicos para la protección del
medio ambiente, se han comenzado a enmarcar en las denominadas
reformas fiscales ecológicas, concebidas éstas como aquellas que proponen
el desplazamiento o traslación de la carga fiscal desde las actividades
humanas deseables (por ejemplo, el trabajo) hacia las nocivas para el
entorno natural”.

Encontramos autores que não apoiam o uso de instrumentos econômicos e


outros que salientam suas dificuldades. Deste modo, Castillo Lopez (1999, p.84) diz
que:
“[…] la objeción mejor fundamentada por los detractores de los
instrumentos económico-financieros es la pérdida de competitividad que
sufrirían aquellas unidades económicas privadas que internalizasen los
costes externos generados por sus actividades contaminantes. Sin olvidar,
por supuesto otras, tales como las pretensiones sectoriales, la pérdida de
neutralidad impositiva, el freno al desarrollo económico, etc”.

Também Herrera Molina (2006 p.18) acredita sustentando aos opositores


dos tributos que “[...] si el sistema sancionador está correctamente diseñado el uso

3
Informação proporcionada pela Profª. Dra. Lise Vieira Da Costa Tupiassu Merlin numa aula da
disciplina Instrumentos Econômicos e Tributários para a Gestão Ambiental na Amazônia
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de tributos es superfluo. Si las sanciones son insuficientes y se contemplan


mediante tributos, estos se convierten en sanciones encubiertas […]”.
Percebem-se criticas sem fundamento já que na observância da realidade
vemos que são muitas as razões pelas quais os tributos adquirem peso no
tratamento do meio ambiente.
Instituições da União Europeia, a OCDE (Organización para la Cooperación
y Desarrollo Económico), o Fondo Monetario Internacional, o Banco Mundial e outras
organizações internacionais que provaram na realidade a efetividade destes
instrumentos, sugerem cada vez mais seu uso e os destacam como instrumentos
prediletos.
Apontando alguns benefícios podemos dizer que incorporam nos bens e
serviços os custos ambientais através da internalizacão e cumprindo com o principio
do poluidor-pagador, integram políticas econômicas e fiscais com as ambientais, em
sua faceta incentivadora; guiam o comportamento produtivo e de consumo para
aquele respeitoso do entorno natural, maior eficiência e eficácia assim como
também, menores custos de consecução e controle que os instrumentos de
comando e controle, estímulo na introdução de tecnologias mais limpas, maior
flexibilidade nas variações das condições ambientais e até a redução de outros
tributos com o objetivo de incrementar, por exemplo, o emprego, finalidade
procurada pelas reformas verdes, como antes foi assinalado.
Molina (2000, p.63), apoiando a idéia, sublinha ademais que:

“[…] la ventaja económica de las medidas fiscales sobre las prohibiciones


administrativas radica en que cada agente económico podrá decidir si le
resulta rentable o no seguir contaminando, reduciéndose en conjunto la
contaminación a los niveles deseados”.

Também podem significar uma fonte de ingresso alternativo para o estado,


servir para custear a reparação de danos ou financiar projetos pro ambientais.

2 IMPORTÂNCIA DA CONCEITUAÇÃO

Diante deste panorama prometedor existe um problema inicial, muitas vezes


desestimado e ignorado; a falta de uma definição uniforme de impostos ambientais.
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Frente a qualquer manual de direito tributário ambiental encontra-se um


vazio que deve ser solucionado, elucidando o conceito de imposto ambiental.
Frente a estes problemas, emergem os seguintes questionamentos e suas
respostas guiaram o caminho do presente artigo:
Como avaliar a efetividade na aplicação dum tributo sem um conceito
norteador? Como formular críticas construtivas sem um conceito uniforme? Sobre
que base analisamos um imposto? Não chegaríamos a diferentes resultados senão
partimos dos mesmos critérios? Qual é a importância de aclarar o conceito? Será
que esta incerteza não nos gera nenhum prejuízo ou pelo contrario, unificar um
conceito nos evitaria problemas? Não seria a primeira interrogação para começar a
construir o complexo edifício da tributação ambiental?
A inexistência de uma definição uniforme cria incerteza nas relações
jurídicas e falta de claridade na hora de desenhar e aplicar um tributo ambiental. Em
consequência, o conceito converte-se num muito amplo e abrange assim, tributos
que não qualificam como tais e porém não geram benefícios ao meio ambiente.
Sem uma unificação conceitual os tributos não alcançaram seus fines
porque desde o inicio já serão concebidos de forma inadequada. Assim, vão-se criar
tributos para certos fins que logo não serão efetivamente perseguidos ou
alcançados. Também a característica de ambiental no tributo poderia ser utilizada
como aparência, roupagem para uma maior aceitação social e esconder desta
maneira, outros interesses como, por exemplo, arrecadação de receita, como único
objetivo por parte do Estado.
Acompanhando este pensamento, Oliveira Souza (2009, p.25) reza que:

“[...] a delimitação do conceito permite a realização do corte de determinada


parcela da realidade de modo a identificar, com precisão, o campo dos
objetos delimitados pelo estudo – o conjunto das normas jurídicas que
disciplinam a entrega de dinheiro ao Estado a título de tributo – e a
articulação dos conceitos a ele vinculados, conferindo forma lógica à análise
do sistema, assim como permitindo a verificação de quais elementos dessa
parcela da realidade podem (e como) ser utilizados como instrumento de
preservação ambiental”.

Vemos assim, a importância da existência de coerência na tributação


ambiental como sistema, para ser capaz de fazer frente aos problemas ambientais.
Não se conseguem fazer análises e avaliações nem formular criticas
construtivas sem um conceito uniforme. Deve-se ter uma base comum para evitar
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chegar a respostas e resultados diferentes. Esta incerteza formula prejuízos que se


devem resolver para trabalhar com instrumentos competentes que permitam um
desenvolvimento econômico em harmonia com a natureza.
É importante alcançar um consenso geral visto o mérito que os tributos estão
conseguindo e que prometem continuar tendo.

3 CONFUSÃO TERMINOLÓGICA
Também deparamos com outra dificuldade quando percebemos que termos
como “impostos ambientais, verdes, ecológicos”, “tributos ambientais, verdes,
ecológicos”, “eco-tax” são usados indistinta e indeterminadamente sem ter na
verdade, o mesmo significado.
A maioria da doutrina concebe que as espécies tributarias são o imposto, a
taxas e as contribuições. Cada uma destas figuras tem suas características próprias
e são espécies do gênero tributo.
“Impostos ambientais ou verdes ou ecológicos” são termos que se
sobrepõem com o mesmo significado, assim como também “tributos ambientais ou
verdes ou ecológicos”.
Desafortunado é o uso da expressão “eco-tax” (em inglês: eco-impuesto),
errônea tradução que deixaria fora dois das três instituições tributarias; a taxa e a
contribuição.
Em conclusão, para lograr técnica jurídica e considerando que tributo é o
gênero das espécies taxa, contribuição e imposto e porém um conceito mais amplo
que não cria confusão, adoto o termo neste sentido para o presente artigo.

4 CONFRONTO DE CONCEITOS

Antes da comparação e análise dos grupos de classificações, determino que


entendo por definição, o proposto por Engish (2001, p.207,213) em seu conceito
chamado normativo e que é aquele que “sempre precisa uma valoração para aplicar,
no caso concreto [...] chamam-se conceitos “carecidos de um preenchimento
valorativo” e continuando seu argumento dispõe:
“As leis, porém, são hoje, em todos os domínios jurídicos, elaboradas por tal
forma que os juízes e os funcionários da administração não descobrem e
fundamentam as suas decisões tão-somente através da interpretação, mas
antes são chamados a valorar autonomamente e, por vezes, a decidir e agir
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de modo semelhante ao do legislador. E assim continuará a ser no futuro.


Será sempre questão apenas duma maior ou menor vinculação à lei.”

Para que temos juízes ou advogados se a aplicação da lei e dos conceitos


não precisaria interpretação e fosse executada quase como uma questão mecânica,
matemática? Os conceitos encontrados fora ou dentro da própria lei e esta mesma,
devem ser obrigatoriamente interpretados em cada caso concreto aplicando assim, a
equidade e desta forma servir à justiça.
Engish (2001, p208) também estabelece que “os conceitos absolutamente
determinados são muito raros no Direito”. Desta maneira, a situação atual da
tributação ambiental, não é estranha ao que acontece no resto do direito.
O primeiro grupo classificado de autores considera que um tributo é
ambiental si o fato gerador, base imponível é um ato, atividade que provoca um
dano ao meio ambiente.
Assim, De Crouy-Chanel (2016, p.5) considera como ecotaxa “o tributo cujo
fato gerador consista na prática de ato danoso ao meio ambiente”.
Herrera Molina (2004, p. 18) no Modelo de Código Tributario Ambiental para
América Latina define aos tributos como:

“aquellos impuestos, tasas, contribuciones especiales y otras figuras de


carácter mixto que gravan las actividades contaminantes o aquellas
actividades que ocasionan un gasto público dirigido a la protección del
medio ambiente. El hecho imponible debe tipificar las actividades que
ocasionan el daño ambiental o generan el gasto público ambiental”.

A União Europeia (UE) e a OCDE (1996, apud Pitrone 2014 p.81) definiu aos
impostos ambientais como aqueles que:

“a base imponible es una unidad física (o un proxy de la misma) de aquello


que, cuando es usado o desechado, tiene una impacto negativo específico,
probado científicamente, en el medio ambiente, cuando es usado o
desechado”.

Esta definição também é utilizada pela EUROSTAT (Gabinete de


Estatísticas da União Europeia).
O elemento decisivo para ter tratamento de tributo ecológico é o dano no
meio ambiente.
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Acolhem este conceito porque o consideram mais objetivo já que tem em


conta um elemento concreto da realidade fácil de comprovar; a produção de um
dano no ambiente natural. Outros critérios, como aqueles que ponderam a
finalidade, por exemplo, são considerados para estes autores como subjetivos sem
servir de evidencia para identificar tributos.
A finalidade incentivadora do instrumento, aquela que induz condutas para
outras mais respeitosas do meio ambiente, não é considerada. Desta maneira, si
um tributo tem por objeto a proteção do meio ambiente mas não conta com uma
base imponível, não caberia dentro da definição, deixando fora tributos cujo fato
gerador não consista diretamente num ato danoso, por exemplo, a aquisição de
pilhas. Destarte Hernández (1998 aput Dias Soares p. 12), concorda dizendo, “Pode,
assim, classificar-se como tributo ecológico um imposto cujo fato gerador não
expresse diretamente um ato de degradação ambiental (v.g. aquele que grave a
aquisição de gasolina ou de sacos de plástico)”.
Um tributo ambiental não assume esta característica apenas pelo fato de
supor sua incidência sobre um ato de degradação ambiental, senão estaria
dependendo exclusivamente da ocorrência de um evento danoso para ser
concretizado e porém, onde quedaria a ideia de prevenção que rege e embandeira o
direito ambiental? E como ressalta Dias Soares (2002, p.12) “[...] in extremis, todos
os impostos seriam ambientais, já que viver é poluir”.
Considero que o dano provocado no meio ambiente é um dos elementos que
se devem considerar para desenhar um tributo ambiental, mas não é o único, assim,
a definição estaria incompleta.
Desta maneira, as diretivas comunitárias e o regimento geral de exceção por
categorias (GBER) trazem uma interpretação superadora dos conceitos anteriores.
Estabelecem (2008, apud Pitrone 2014 p.87):

“los ‘impuestos ambientales’ se definen como aquellos impuestos cuya


base imponible tiene un claro efecto negativo en el medio ambiente o que
busca gravar ciertas actividades, bienes o servicios, de tal forma que los
costos ambientales pueden incluirse en su precio y/o que los consumidores
se orienten a llevar a cabo actividades que respeten el medio ambiente”.

Adiciona o elemento incentivador de condutas e incorpora os tributos com


efeito positivo que são aqueles que por exemplo geram um incentivo para investir
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em tecnologias mais limpas. Esta definição é menos restringida que a formulada


pela EU e a OCDE, porém mais apropriada também.
Outros autores consideram que um tributo é ambiental se o destino da
receita arrecadada é destinada à proteção ambiental tais como financiamento de
projetos ou reparação de danos ambientais.
De nenhuma maneira pode ser esta a nota que define um instrumento
ambiental. Que o destino da receita seja ou não destinado a fines ambientais é um
fator externo a essência do tributo. A maioria da doutrina concorda com este
pensamento e este rechaço também é manifesto para aqueles autores que querem
considerar a um tributo como ambiental por o simples fato de encontrar na lei esse
rótulo. Não requer muito esforço provar a inconsistência do parecer; podem ser
criados tributos sob a qualificação de ambientais mas sua finalidade não é proteger
o ambiente ou seu desenho nunca chegaria a alcançar tal fim ou simplesmente
colocariam o titulo de ambiental para ser aceito na sociedade e detrás perseguir
outros interesses.
Outra classificação quer tipificar aos tributos em ambientais, se não
perseguem como objetivo central arrecadar para o Estado. Não pode ser este um
critério distintivo para considerar ambiental a um tributo. A realidade mostra que a
finalidade fiscal é compatível com a função extrafiscal.
Acompanha Molina (2000, p.56) estabelecendo que:

“[…] en las reformas fiscales ecológicas desarrolladas en Suecia, Noruega


y Dinamarca, la mayoría de los nuevos tributos tienen una clara finalidad
recaudatoria compatible con su carácter ambiental” e continua Casado
Ollero (1991 aput Fernández Orte p. 46) “constituyen dos fenómenos
inescindibles que se presentan como las dos caras de una misma realidad”.

Parte da doutrina caracteriza de secundários ou acessórios aos fines fiscais


dos tributos ambientais. Eu apoio aos que preferem não sopesar e acreditam que a
finalidade arrecadadora, fiscal pode conviver em total equilíbrio com a função
incentivadora, extrafiscal.
Também achamos na doutrina autores que expõem conceitos tão amplos
que carecem de relevância jurídica e não nos contribuem a desentranhar os
elementos que devem formar parte de um tributo para ser considerado verde. Como
exemplo podemos citar;
Segundo Costa (1999, p.74):
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“Universalmente, tributos ambientais são aqueles cuja criação tem por


fundamento questões ambientais, ou, então, aqueles que possuem efeitos
ambientais independentemente das razões que levaram a sua instituição.
Assim, temos tributos ambientais em ambos os casos: aqueles instituídos
por esse fundamento, como também aqueles que, não tendo por escopo a
questão ambiental, na prática, quando de sua exigência, acabam
produzindo efeitos ambientais”.

Na doutrina escandinava, destaca a qualificada opinião de K.Määttä (1997,


aput Amaral 2007 p.204) quem distingue entre:

“impuestos ambientales en sentido amplio (tributos ordinários que incluyen


algunos elementos ambientales) y en sentido estricto, abarcando esta última
categoría los tributos incentivadores y los tributos afectados a finalidades
ambientales”.

Para Montero (2014, p.190):

“ser considerado como ambiental, não é suficiente que apareça na lei essa
denominação; é necessária uma série de requisitos que permitam
diferenciá-lo de um tributo meramente arrecadador. Entre esses requisitos
destacam-se:

-Deverá estar dirigido a desincentivar o descumprimento do dever de


proteção ambiental (sentido negativo) ou a incentivar atuações protetoras
(sentido positivo). Seu objetivo é orientar as condutas e as atividades
sociais sem impedir o desenvolvimento econômico. Sua finalidade principal
não é o aumento da arrecadação de receitas.

-Não pode ignorar o impacto ambiental provocado pelos sujeitos passivos,


pessoa física ou jurídica. O tributo deverá ser calculado de acordo com esse
impacto, e orientado pelo ppp e pelos princípios da seletividade e da
progressividade. Os tributos ambientais pretendem internalizar os custos
socioambientais da forma mais eficiente possível.

-deve existir uma estreita relação entre o ônus tributário e a finalidade


perseguida.

-o tributo ambiental deverá onerar todos os agentes ou todas as atividades,


condutas identificadas como potencialmente prejudicais para o meio
ambiente, sem que possam existir exceções arbitrárias (ppio da igualdade).

No congresso IFA (1993, apud Pitrone 2014 p.86) “[…] os “gravámenes


ambientales” fueron definidos como “ impuestos o cargas que fueron creados por
razones ambientales o que tienen efectos ambientales, independientemente de los
motivos que están detrás de su creación”.
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Domingues (2007, p.63) profere que “[...] os chamados tributos verdes são
designados tecnicamente tributos ambientais. Tributos verdes é expressão leiga que
se refere a tributos que têm uma motivação ambiental”.
Entende Rosembuj, (1995, aput Amaral 2007 p.204) “que a configuração do
tributo ambiental acorde em razão de elementos essenciais que o integram e, em
particular, o seu fato gerador está relacionado com a proteção do meio ambiente”.
OCDE (2001, apud Pitrone 2014 p.84), um imposto com incidencia
ambiental:
“Se define como cualquier pago obligatorio y no retributivo al gobierno
central, gravado sobre una base imponible que, se entiende, debe tener
alguna relevancia para el medio ambiente. Los impuestos no son retributivos
en la medida que los beneficios otorgados por el estado a los contribuyentes
no se encuentran normalmente en proporción a los pagos realizados”.

Dias Soares (2002, p. 12):

“Entende-se, assim, por imposto ambiental todo o tributo que é aplicado a


bens que provocam poluição quando são produzidos, consumidos ou
eliminados ou a atividades que geram um impacto ambiental negativo,
visando modificar o preço relativo daqueles ou os custos associados a estas
e/ou obter receita para financiar programas de proteção ou de recuperação
do equilíbrio ecológico”.

Considero proveitoso trazer os anteriores conceitos para comparar os


mesmos com os seguintes e observar assim, a falta de claridade que detêm.
Finalmente, o último grupo de autores, nos traz a característica mais
significativa dos tributos; a extrafiscalidade.
Entendo a extrafiscalidade como aquele objetivo que não pode faltar no
desenho do tributo ambiental e que pretende o cambio de comportamento na
conduta humana para outro em maior consonância com o meio ambiente.
Herrera preceitua (2013, apud Pitrone 2014 p.86) que:

“[…]porque la característica más importante de un impuesto ambiental es


que éste promueve conductas más sostenibles y menos dañinas para el
medio ambiente, al margen de las razones por las cuales dichos impuestos
fueron creados”.

Buñuel González (2004, p. 42):

“Para que un tributo pueda considerarse medioambiental no basta con que


se satisfaga un fin de carácter medioambiental a través de la afectación de
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los ingresos a usos medioambientales, sino que el mismo tributo debe


actuar sobre los incentivos de los agentes económicos para que éstos se
vean impelidos a reducir los efectos nocivos sobre el medio ambiente
causados por sus actividades”.

Entende Salassa (2014, aput Salassa p.77):

“Los tributos ambientales pueden definirse como aquellas cargas fiscales


que, sin despojarse del objetivo recaudatorio, no tienen como finalidad
esencial la de obtener recursos sino la de disuadir la realización o utilización
de conductas o bienes contaminantes, más allá de la asignación
presupuestaria de los fondos recaudados”.

A característica mais importante do tributo ambiental é que seja promotor de


condutas mais sustentáveis e menos danosas para o meio ambiente.
Assim, G. de Oliveira e B. M. Périllier (2006, p.105) diz:

“[...] os tributos classificados como extrafiscais ou de finalidade extrafiscal


possuem objetivos distintos à geração de receitas para cobrir as despensas
ordinárias do Estado. De fato, em adição à simples função fiscal, os tributos
extrafiscais apresentam outras características, notadamente funções
político-sociais e econômicas”.

Vemos como através dos instrumentos ambientais e sua extrafiscalidade, o


Estado pode cumprir seus propósitos constitucionais na salvaguarda dum meio
ambiente sadio para as presentes e futuras gerações.

Assim Rosembuj citando jurisprudencia espanhola (1987 apud Rosembuj


1995, p. 246) estabelece que:

“Así lo entiende la doctrina constitucional que es cierto que la función


extrafiscal del sistema tributario estatal no aparece explícitamente
reconocida en la Constitución, pero dicha función puede derivarse
directamente de aquellos preceptos constitucionales en los que se
establecen principios rectores de política social y económica, dado que,
tanto el sistema tributario en su conjunto como cada figura concreta, forman
parte de los instrumentos que dispone el Estado para la consecución de los
fines económicos y sociales constitucionalmente ordenados […].”

Embora autores como K.Määttä (1999,aput Molina 2007 p.58) ressaltam


que:
“[...] puede haber circunstancias que induzcan a introducir tributos
afectados no incentivadores. Esto sucederá cuando resulte más económico
reparar los daños de la contaminación que eliminarla en la fuente (v. gr., en
relación a la contaminación acústica ocasionada por los aviones)[…]”
16

Estas circunstâncias são excepcionais. Sempre que não se viole nenhum


direito e o meio ambiente seja o valor perseguido, a extrafiscalidade é perfeitamente
válida.

CONCLUSÃO COM CAPRA E UMA NOVA RACIONALIDADE JURÍDICA.

Contudo, surge a pergunta; não será que o que deve definir a um tributo
como ambiental é realmente se na prática produz efetivamente uma melhora no
meio ambiente? Claro, esta pergunta leva a outra; como obter efetivamente essa
melhora? Os instrumentos ambientais devem ser desenhados de maneira correta
para poder confrontar a contaminação ambiental. O objeto regulatório deve estar
presente e deve ser claro e apropriado. O elemento que guia as condutas para a
proteção ecológica deve estar presente na estrutura da figura.
Amparando, Herrera Molina (2000, p.130) salienta que “Para calificar un
tributo como ecológico debe atenderse a su estructura, de modo que en ella se
refleje la finalidad de incentivar la protección del medio ambiente”.
A efetividade dependerá dos elementos presentes nas estruturas e que
estas, estejam adequadas ao tipo de problema que se quer afrontar.
Não podemos falar de tributo ambiental se sua estrutura não gera um
incentivo na conduta dos agentes em proteção do mio ambiente. Desta forma, o
contribuinte que contamine menos, originará uma menor carga tributaria.
Em resumo, é a estrutura a que deve ser desenhada para induzir mudanças
de conduta e desfazer comportamentos que provocam danos ao meio ambiente e
diminuição dos recursos naturais. Portanto, entendo que o elemento extrafiscal é o
deve guiar o conceito de tributo ambiental.
Estamos frente a um problema atual, um problema da práxis que requer um
tratamento. Existe um compromisso por parte dos doutrinários, legisladores,
catedráticos e especialistas (e também dos estudantes que com sua humilde
contribuição querem aportar e sentir parte daquela satisfação que gera a afirmação
quando é alcançada ... “o direito serve para resolver problemas do cotidiano da
sociedade”), em discutir e rediscutir, problematizar e criticar, em clarear o conceito
de tributo ambiental para que os encarregados de desenhar os tributos consigam
uma estrutura lógica, consequente e apta para cumprir seus objetivos; sem esses
17

compromissos, os valores constitucionais desejados a um meio ambiente sadio,


equilibrado para as presentes e futuras gerações e a busca dum desenvolvimento
sustentável: não poderão ser alcançados mediante os tributos ambientas.
Dias de Souza (1994 apud D.Braga e Castro, p.183) “[...] não se trata
apenas de tributar, mas de tributar racionalmente, mostrando a lógica e a coerência
do sistema com os valores sociais e constitucionalmente eleitos”.
Retomando o exemplo do estudante, e sendo partícipe em minha qualidade
de tal, é necessário compreender que logo de ter passado pela apreensão dos
conhecimentos básicos e dos mais complexos do direito, devemos relacionar todos
eles para uma melhor compreensão e aplicação do direito na práxis.
O jurista, o advogado, o legislador, o juiz (e a lista é extensa) que enxergue
o direito como compartimento estanco e não como um sistema, como um fenômeno
lineal de causa-efeito que sempre se comporta da mesma maneira e não como um
fenômeno circular, como um objeto simples retirado de seu contexto e não como
objeto complexo que deve ser contextualizado, com objetividade em vez de
intersubjetividade(informação verbal)4: essa pessoa ( e me atrevo) não serve para o
direito. Esquece que o direito está ao serviço da sociedade e serve para resolver
problemas, que o direito como propugna o jurista argentino Carlos Cossio (1987) é
“conduta em interferência intersubjetiva” e que porém evolui e como a lei vem por
trás da conduta que vai regular, precisamos de pessoas que com base no passado
(para não cometer os mesmos erros) e mirada focada no presente, possam ser
visionários na melhor regulação para o tratamento dos problemas na sociedade.
Nossos tempos exigem profissionais com a capacidade, temperamento e
idiossincrasia integral, competentes para ter um olhar do direito como um todo, como
um sistema, um olhar holístico.
Integrando todas as reflexões do artigo que nos trazem esta nova
racionalidade jurídica; termino com Capra. Autor que mobiliza e assusta, alenta e
sacode mas sobre todas as coisas, nos deixa refletindo.
Analisando o que acabamos de comentar, Capra (2006, p.22,23) expõe:

“um sinal impressionante do nosso tempo é o fato de as pessoas que se


presume serem especialistas em vários campos já não estarem capacitadas
a lidar com os problemas urgentes que surgem em suas respectivas áreas
de especialização [...] a maioria dos intelectuais que constituem o mundo
acadêmico subscrevem percepções estreitas da realidade, as quais são
4
Informação proporcionada pela Profª. Dra. Pastora Leal numa aula da disciplina Teoria do Direito.
18

inadequadas para enfrentar os principais problemas de nosso tempo. Esses


problemas, são sistêmicos, o que significa que estão intimamente
interligados e são interdependentes. Não podem ser entendidos no âmbito
da metodologia fragmentada que é característica de nossas disciplinas
acadêmicas e de nossos organismos governamentais [...] uma resolução só
poderá ser implementada se a estrutura da própria teia for mudada, o que
envolverá transformações profundas em nossas instituições sociais, em
nossos valores e idéias”

Uma das idéias mais ricas do autor, é sua tese da crises do pensamento
cartesiano que justifica assim (2006, p.36,37):

“nossa cultura orgulha-se de ser científica; nossa época é apontada como a


Era Científica. Ela é dominada pelo pensamento racional, e o conhecimento
científico é frequentemente considerado única espécie aceitável de
conhecimento. Não se reconhece geralmente que possa existir um
conhecimento intuitivo, o qual é tão válido e seguro quanto outro”.

Como a intuição não tem fundamento, não damos valor para ela (informação
verbal)5. O pensamento cartesiano

“encorajou eficazmente os indivíduos ocidentais a equipararem sua


identidade com sua mente racional e não com seu organismo total [...]
também nos desligamos do nosso meio ambiente natural e esquecemos
como comungar e cooperar com sua rica variedade de organismos vivos [...]
essa concepção cartesiana da natureza foi, estendida aos organismos
vivos, considerados máquinas constituídas de peças separadas [...] esta
concepção, está na base da maioria de nossas ciências e continua a
exercer uma enorme influência em muitos aspectos de nossas vidas. Levou
à bem conhecida fragmentação em nossas disciplinas acadêmicas e
entidades governamentais e serviu como fundamento lógico para o
tratamento do meio ambiente natural como se ele fosse formado de peças
separadas a serem exploradas por diferentes grupos de interesses”.

Capra também crê que estamos vivendo e devemos prepararmos para uma
mudança de paradigma Capra (2006, p. 28) “ uma mudança profunda no
pensamento, percepção e valores que formam uma determinada visão da realidade”.
Capra (físico quântico) acredita que (2006, p.45):

“ a física moderna pode mostrar às outras ciências que o pensamento


cientifico não tem que ser necessariamente reducionista e mecanicista, que
as concepções holísticas e ecológicas também são cientificamente válidas
[...] as teorias científicas não estarão nunca aptas a fornecer uma descrição
completa e definitiva da realidade. Serão sempre aproximações da
verdadeira natureza das coisas. Em termos claros: os cientistas não lidam
com a verdade; eles lidam com descrições da realidade limitadas e
aproximadas”.

5
Informação proporcionada pela Profª. Dra. Pastora Leal numa aula da disciplina Teoria do Direito.
19

Concluindo, reflete (2006, p.24): “ a crise apresenta-se como um aspecto da


transformação”. E seguindo aos chineses e a cultura oriental: a crise deve ser vista
como uma oportunidade.

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