Alun@ Janaina Queiroz Sales Data:19/05/2020 Título do artigo Mecanismos fisiológicos da fadiga Autor Nelson Kautzner Marques Junior
A fadiga é um mecanismo utilizado pelo organismo para interromper ou diminuir a intensidade da
atividade que esteja sobrecarregando este corpo, dessa forma o sistema nervoso central (SNC) antecipa o problema para que uma “catástrofe fisiológica” seja evitada. Compreender a fadiga é um elemento fundamental para identificar as respostas fisiológicas que limitam o desempenho físico durante e pós o exercício. Diferentemente do que se costuma abordar, a fadiga não se reduz ao sistema musculoesquelético, seus sintomas serão apresentados no organismo como um todo, de forma que afetará a todos os sistemas. No SNC a fadiga está relacionada a queda de unidades motoras ativas em uma ação ou queda na frequência dos disparos dessas unidades (POWERS & HOWLEY, 2005). Contudo, a maioria dos fenômenos da fadiga ocorrem no sistema nervoso periférico (SNP), pois é neste local que o impedimento da produção da tensão torna-se mais eficaz.A fadiga no SNP se concentra na junção neuromuscular, no sarcolema, nos túbulos transversos (T), no retículo sarcoplasmático, depleção de substratos energéticos, etc. O metabolismo energético é o responsável pela distribuição energética nos tecidos, dessa forma, a fadiga neste setor está relacionada com o volume, intensidade, tipo de exercício e sua complexidade, neste aspecto, cada esforço físico utilizará um meio de metabolismo energético que corresponderá a depleção de um substrato diferente, neste aspecto, cada fibra muscular exige um tipo de substrato diferente. Nos metabolismos anaeróbios, o sistema alático predomina em atividades de alta intensidades de curta duração, dessa forma, sua participação é maior nos primeiros 15 segundos, já o sistema lático é predominante nos 16 segundos a 1 minuto e 59 segundos, já o aeróbio está presente nas atividades de baixa e média intensidade a partir do 1 segundo. Durante o esforço físico, para evitar a fadiga devido à alta demanda de substratos energéticos é indicado ingerir esses nutrientes já degradados, principalmente o carboidrato. Há estudos que apontam que em atividades de curta duração o principal causador da fadiga é o acumulo de íons de H+ no interior da fibra muscular, isso ocorre devido à quebra do glicogênio muscular e hepático, sendo os íons de H+ um subproduto do metabolismo anaeróbio lático. A fadiga é desencadeada quando a quantidade de hidrogênio é maior do que a necessária para a produção do lactato, reduzindo o pH para menos de 7,4, isto causa uma inibição na enzima fosfofrutocinase (PFK), responsável pelo controle da velocidade do metabolismo anaeróbico lático, interferindo diretamente no aumento do fornecimento de ATP. Dessa forma, é acumulado fosfato inorgânico no sarcoplasma, que diminui a força da contração muscular por ser nocivo as proteínas contráteis, a soma do fosfato inorgânico com o hidrogênio dentro do retículo sarcoplasmático inibe a liberação de cálcio que prejudica a ação das proteínas contráteis.
PROGRAMA DE TRABALHO - FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO – II / 2020/1
Na junção neuromuscular há uma inervação do músculo pelo neurônio motor alfa que é responsável pela geração da força, é por meio deste ato que se inicia o potencial de ação (PA), ao chegar aos terminais pré- sinápticos a vesícula sináptica libera neuro transmissores, principalmente a acetilcolina (ACh), transformando esse potencial de ação em estímulo químico, a diminuição da liberação de ACh e a deterioração da contração muscular é uma das principais respostas da junção neuromuscular relacionadas a fadiga. Para identificar a fadiga e estabelecer um limiar é utilizado a eletromiografia (EMG), este limiar é o limite que o indivíduo consegue aguentar no trabalho muscular sem entrar em fadiga neuromuscular. Na eletromiografia a fadiga é apresentada através da frequência, neste aspecto quando há sinal de fadiga a quantidade de ondas por período de tempo é menor, além das ondas terem uma maior amplitude. A fadiga ocorre também em toda estrutura contrátil do músculo, neste aspecto, a fadiga na junção neuromuscular proporciona um menor potencial de ação acarretando uma menor liberação de cálcio, este elemento também é prejudicado pelo excesso de Fósforo inorgânico e hidrogênio, inibindo a liberação do cálcio, e consequentemente prejudicando a contração. O desequilíbrio iônico também é prejudicial para a contração muscular, ele também diminui a frequência e a amplitude do potencial de ação. Como resposta fisiológica de um exercício, pode ocorrer mialgia aguda ou tardia. A mialgia aguda não está diretamente ligada a fadiga, ela acontece devido a uma isquemia nos músculos, causando o acúmulo dos subprodutos que estimulam os receptores da dor. Já a mialgia tardia acontece entre 24 e 48 horas, este mecanismo se relaciona com a fadiga pois ele é responsável por reduzir a força do indivíduo, a creatina cinase e a mioglobina ficam presentes em maior quantidade no período desse inconveniente. Na fadiga respiratória há uma perda de rendimento no diafragma, porém o estudo deste fenômeno ainda precisa de um maior aprofundamento, apesar disto, a fadiga no diafragma ocorre por haver um menor fluxo sanguíneo durante o exercício. A fadiga cardiovascular ocorre devido a redução do débito cardíaco, com intuito de preservar o miocárdio de uma isquemia.
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