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RESUMO
A legislação brasileira admite a importância da manutenção da vegetação nas margens de rios
por se tratar de um agente que promove, entre outros, a preservação dos recursos hídricos e
biodiversidade, privilegiando não apenas o proprietário, mas todos os membros da sociedade.
No entanto, está previsto também a autorização da supressão vegetal em casos de atividades
de utilidade pública ou de interesse social. Este último se enquadra no caso das extrações de
argila e areia, em que a rigidez locacional é uma condição do empreendimento. Tal
autorização só é adquirida após a garantia do mínimo impacto ambiental assim como a
recuperação da área após a exaustão da jazida. Na prática, percebe-se em muitos casos o
descumprimento da lei, restando cavas abandonadas sem prévia recuperação, como as tantas
existentes no município de Marabá/PA.
ABSTRACT
The Brazilian legislation admits the importance of the maintenance of the vegetation in the
margins of rivers, for taking care of an agent that promotes, among other, the preservation of
the water resources and biodiversity, not just privileging the proprietor, but all of the members
of the society. However, it is also foreseen the authorization of the vegetable suppression in
cases of activities of public usefulness or of social interest. This last one is framed in the case
of the clay extractions and sand, in that the rigidity locacional is a condition of the enterprise.
Such authorization is only acquired after the warranty of the minimum environmental impact
as well as the recovery of the area after the exhaustion of the bed. In practice it is noticed in
many cases the noncompliance of the law, remaining abandoned diggings without previous
recovery, as the so much ones existent in the municipal district of Marabá/PA.
Marabá encontra-se no sudeste do estado do Pará, cidade que se iniciou com bases
extrativistas (castanha-do-pará) e que hoje sua maior fonte de emprego e renda é a
agropecuária e principalmente a siderurgia. O Município possui uma área de 15.157,90km2 e
está contido entre as seguintes coordenadas geográficas dos pontos extremos: Norte
04º56’24”S e 48º57’08”W; Sul 06º13’09”S e 51º08’40”W; Leste 05º52’23”S e 48º42’53”W;
Oeste 06º03’15”S e 51º24’01”W. Limita-se ao Norte com os municípios de Itupiranga por
uma extensão aproximada de 285 Km, Nova Ipixuna, 67 Km e Rondon do Pará, 23 Km; ao
Sul com os município de Parauapebas, por uma extensão aproximada de 291 Km,
Curionópolis, 52 Km, Eldorado de Carajás, 79 Km e São Geraldo do Araguaia, 26 km. a
Leste com os município de São Domingos do Araguaia, São João do Araguaia e Bom Jesus
do Tocantins por uma extensão aproximada de 58 Km, 27 Km e 50 Km respectivamente e a
Oeste com o município de Novo Repartimento por uma extensão aproximada de 148 Km. O
perímetro do Município de Marabá alcança 1.046,6km (Marabá, 2006).
Figura 1: Encontro dos rios Tocantins e Itacaiúnas e localização das extrações de argila e
porto de desembarque de areia. Fonte: Google Earth®, 2010.
METODOLOGIA
Tendo o entendimento dos aspectos físicos territoriais da região e conhecendo as leis que
regem tais minerações, passou-se a planejar e posteriormente realizar os trabalhos de campo
que envolveram visitas as áreas exploradas com o intuito de colher dados e imagens a fim de
analisar se as ações que visam à sustentabilidade de tais empreendimentos estão sendo
praticadas.
Após o trabalho de campo promoveu-se a interpretação dos dados colhidos e foi avaliado se
realmente as minerações em áreas de preservação permanente seguem tanto o que é citado no
plano diretor de Marabá como as leis que regem tais áreas.
DISCUSSÃO DE RESULTADOS
As extrações de areia são realizadas quase que integralmente nos rios Tocantins e Itacaiúnas,
sendo algumas poucas unidades em locais distantes de recursos hídricos, sendo estes
basicamente para usos industriais, como é mostrado na figura 2. O restante é integralmente
para sua utilização na construção civil. Os tamanhos das áreas licenciadas variam de 3,2 a 50
ha, sendo seus requerentes constituídos por empresas especializadas em extração de areia,
construtoras e empresas de materiais de construção.
Figura 4: À esquerda, canalização para retorno da água ao rio e, à direita, falta dessa
canalização. Fonte: Vinícius Moreira, 30/03/2010.
No caso das extrações de argila no município os impactos ambientais são bem mais evidentes,
uma vez que há inúmeras cavas abandonadas, hoje constituídas por lagoas (figura 6). Tais
cavas são na sua grande maioria resultado da exploração da argila por oleiros, que
abandonavam o local com o fim jazida ou por motivos operacionais, como alagamentos no
período da cheia do rio. Posteriormente partiam para locais vizinhos, recomeçando a extração
do mineral. A falta de conhecimento desses trabalhadores e estrutura das operações foram
fatores primordiais, uma vez que desconheciam a necessidade da obtenção de licenciamento
para exploração dessas áreas, assim como a obrigatoriedade da recuperação das cavas
desativadas. Esses fatos aconteceram no município durante muitos anos, e continuam
acontecendo, mas em uma escala bem reduzida, uma vez que a fiscalização é crescente e a
obtenção do licenciamento é de conhecimento de todos. Como se pode perceber na figura 7,
grande maioria das áreas licenciadas para extração de argila se concentram no perímetro
urbano do município.
CONCLUSÃO
Nas extrações de areia é perceptível o baixo aproveitamento, o que obriga o produtor de areia
a dragar mais locais para se adquirir a mesma quantidade de areia que obteria se tivesse
melhores instalações de beneficiamento. Uma simples solução para esse problema seria um
maior investimento nestas instalações, evitando que a areia retorne ao rio, podendo ser
comercializada, de forma a aumentar a lucratividade da empresa e ainda reduzir a necessidade
de novas dragagens, consequentemente reduzindo os impactos ambientais. Outra simples
forma de se reduzir tais impactos é a utilização de canalizações para o retorno da água ao rio,
evitando erosões. Foi percebida em um mesmo empreendimento a adoção dessa canalização
em um local e falta dela em outro, esta é a realidade na maioria das minerações de areia no
município.
Buscando alternativas para alguns dos problemas observados, podemos afirmar que no caso
das cavas de mineração abertas para a extração de argila que resultaram em lagoas uma
solução seria a utilização dessas cavas para a piscicultura ou pesque-pague na maioria dos
planos de recuperação.
Apesar dos problemas citados, pode-se perceber que a preocupação com o meio ambiente
vem crescendo no município, principalmente com a criação da SEMMA, órgão que passou a
gerenciar as questões ambientais no município, aumentando as fiscalizações e fazendo
cumprir as legislações vigentes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Brasil (2006). Resolução CONAMA 369/06 de 28 de março de 2006. Dispõe sobre os casos
excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que
possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-
APP. Acessado em < www.cetesb.sp.gov.br/.../federal/.../2006_Res_CONAMA_369.pdf>.
Acessado em: 11 de maio de 2010.
Marabá (2002). Lei Orgânica do Município de Marabá. Título IV: Do Meio Ambiente,
Capítulo I: Dos princípios Gerais, Artigo 212, §1°. Prefeitura Municipal de Marabá. Pág. 80.
Souza, G., Rodrigues, D.M., Siqueira, R.C., Rodovalho, F.C.C., Antunes, E.C. (2004).
Degradação em área de preservação permanente por extração de areia no rio Turvo em
Adelândia, Goiás.