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MINERAÇÃO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE, O CASO DE

EXTRAÇÕES DE ARGILA E AREIA NO MUNICÍPIO DE MARABÁ-PA,


AMAZÔNIA ORIENTAL

Moreira, V.S., Engenharia de Minas e Meio Ambiente


Resplandes, J.P., Engenharia de Minas e Meio Ambiente, jordan_pacini@hotmail.com
Tourinho, R.A.V.B., Engenharia de Minas e Meio Ambiente
Paiva, R.S., Engenheiro Químico

RESUMO
A legislação brasileira admite a importância da manutenção da vegetação nas margens de rios
por se tratar de um agente que promove, entre outros, a preservação dos recursos hídricos e
biodiversidade, privilegiando não apenas o proprietário, mas todos os membros da sociedade.
No entanto, está previsto também a autorização da supressão vegetal em casos de atividades
de utilidade pública ou de interesse social. Este último se enquadra no caso das extrações de
argila e areia, em que a rigidez locacional é uma condição do empreendimento. Tal
autorização só é adquirida após a garantia do mínimo impacto ambiental assim como a
recuperação da área após a exaustão da jazida. Na prática, percebe-se em muitos casos o
descumprimento da lei, restando cavas abandonadas sem prévia recuperação, como as tantas
existentes no município de Marabá/PA.

Palavras-chave: área de preservação permanente; legislação; argila; areia.

ABSTRACT
The Brazilian legislation admits the importance of the maintenance of the vegetation in the
margins of rivers, for taking care of an agent that promotes, among other, the preservation of
the water resources and biodiversity, not just privileging the proprietor, but all of the members
of the society. However, it is also foreseen the authorization of the vegetable suppression in
cases of activities of public usefulness or of social interest. This last one is framed in the case
of the clay extractions and sand, in that the rigidity locacional is a condition of the enterprise.
Such authorization is only acquired after the warranty of the minimum environmental impact
as well as the recovery of the area after the exhaustion of the bed. In practice it is noticed in
many cases the noncompliance of the law, remaining abandoned diggings without previous
recovery, as the so much ones existent in the municipal district of Marabá/PA.

Keywords: area of permanent preservation; legislation; clay; sand.


INTRODUÇÃO

Marabá encontra-se no sudeste do estado do Pará, cidade que se iniciou com bases
extrativistas (castanha-do-pará) e que hoje sua maior fonte de emprego e renda é a
agropecuária e principalmente a siderurgia. O Município possui uma área de 15.157,90km2 e
está contido entre as seguintes coordenadas geográficas dos pontos extremos: Norte
04º56’24”S e 48º57’08”W; Sul 06º13’09”S e 51º08’40”W; Leste 05º52’23”S e 48º42’53”W;
Oeste 06º03’15”S e 51º24’01”W. Limita-se ao Norte com os municípios de Itupiranga por
uma extensão aproximada de 285 Km, Nova Ipixuna, 67 Km e Rondon do Pará, 23 Km; ao
Sul com os município de Parauapebas, por uma extensão aproximada de 291 Km,
Curionópolis, 52 Km, Eldorado de Carajás, 79 Km e São Geraldo do Araguaia, 26 km. a
Leste com os município de São Domingos do Araguaia, São João do Araguaia e Bom Jesus
do Tocantins por uma extensão aproximada de 58 Km, 27 Km e 50 Km respectivamente e a
Oeste com o município de Novo Repartimento por uma extensão aproximada de 148 Km. O
perímetro do Município de Marabá alcança 1.046,6km (Marabá, 2006).

Com a chegada de grandes empreendimentos siderúrgicos e de laminação, a cidade encontra-


se em forte ritmo de crescimento urbano, fortalecendo dessa forma a construção civil. Para o
abastecimento desse último setor têm-se as extrações de areia e argila no próprio município,
que por se localizar no encontro de dois grandes rios é privilegiado no que diz respeito às suas
reservas desses minerais, a figura 1 mostra alguns locais de extração de argila e areia no
município.

Figura 1: Encontro dos rios Tocantins e Itacaiúnas e localização das extrações de argila e
porto de desembarque de areia. Fonte: Google Earth®, 2010.

A areia comercializada na cidade é extraída principalmente do rio Tocantins por dragagem, e


em alguns casos são armazenados em portos às margens do rio Itacaiúnas. Próximos a esses
portos encontram-se as extrações de argila, utilizadas para a confecção de tijolos. A grande
demanda por esses materiais atrai interesses de empresas para esse setor, que anteriormente
era dominada apenas por trabalhadores autônomos, os oleiros.
Por sua localização próxima aos rios, a cidade possui uma grande área do seu território
constituída por áreas de preservação permanente (APP). A resolução CONAMA 369/2006
define como sendo APP as áreas de interesse nacional, que tem o papel de preservar os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, entre outros, de
forma a garantir a proteção do meio ambiente para a presente e as futuras gerações. Dada as
motivações dessa proteção, não é permitido qualquer tipo de supressão da vegetação assim
como o aproveitamento econômico das mesmas (Skorupa, 2003). No entanto o artigo 4° da
mesma resolução autoriza essa supressão em casos em que há utilidade pública ou interesse
social. Este último é o caso das extrações de argila e areia, uma vez que se mostra de caráter
necessário ao desenvolvimento local e ainda justificado por sua rigidez locacional.

Entretanto para se adquirir autorização para supressão de vegetação em APP’s é necessário a


prévia comprovação da inexistência de alternativas técnica e locacional aos projetos ou
atividades, inexistência de riscos de agravamentos de enchentes, erosão ou movimentação de
rochas, como é citado em seu artigo 3°. Em casos em que tal supressão situa-se em área
urbana a autorização para tanto deve ser concedida pelo órgão municipal. Tal órgão ainda
deverá estabelecer medidas de caráter mitigador a serem adotadas pelo requerente, conforme
o artigo 5°.

As extrações de argila durante muitos anos foram realizadas de forma indiscriminada e


artesanal, trabalhadores autônomos retiravam a argila para a confecção de tijolos, e com a
exaustão daquela área simplesmente deslocavam-se para outro local, sempre próximos às
margens do rio Itacaiúnas, não respeitando, portanto, o limite de trinta metros determinado
pela resolução CONAMA 303/02 como área de preservação permanente. Esse problema se
deu durante muitos anos pelo fato de inexistir um órgão de cunho municipal para a
fiscalização, a fim de se fazer cumprir a legislação. Dessa forma, em 2003, foi criada a
Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SEMMA, que passava a adquirir responsabilidades
que antes era do estado. Assim, gerou-se a preocupação com a regularização daqueles
empreendimentos mineiros, passando a exigir o cumprimento das leis ambientais, como as
licenças e a posterior recuperação dos locais explorados.

METODOLOGIA

A elaboração deste trabalho procedeu-se com a divisão das seguintes etapas:

(i) Levantamento e análises bibliográficas sobre os temas relacionados à mineração em


APP;
(ii) Levantamento da legislação e controle ambientais vigentes a nível federal, estadual e
municipal;
(iii) Planejamento e realização do trabalho de campo na região em estudo;
(iv) Interpretação das informações e elaboração do trabalho técnico.

Através do levantamento e análise bibliográfica, montou-se um acervo sobre as principais


informações necessárias para a identificação dos principais problemas e deficiências ocorridos
no escopo da mineração em áreas de preservação permanente no município de Marabá.

Em seguida, realizou-se o levantamento da legislação e controle ambientais vigentes, sendo


analisado inclusive o plano diretor da cidade, com objetivo de verificar quais são as principais
leis preventivas e mitigadoras em relação a estas áreas de preservação e que órgãos têm a
incumbência de fiscalizar e punir as empresas mineradoras dessas áreas.

Tendo o entendimento dos aspectos físicos territoriais da região e conhecendo as leis que
regem tais minerações, passou-se a planejar e posteriormente realizar os trabalhos de campo
que envolveram visitas as áreas exploradas com o intuito de colher dados e imagens a fim de
analisar se as ações que visam à sustentabilidade de tais empreendimentos estão sendo
praticadas.

Após o trabalho de campo promoveu-se a interpretação dos dados colhidos e foi avaliado se
realmente as minerações em áreas de preservação permanente seguem tanto o que é citado no
plano diretor de Marabá como as leis que regem tais áreas.

DISCUSSÃO DE RESULTADOS

As extrações de areia são realizadas quase que integralmente nos rios Tocantins e Itacaiúnas,
sendo algumas poucas unidades em locais distantes de recursos hídricos, sendo estes
basicamente para usos industriais, como é mostrado na figura 2. O restante é integralmente
para sua utilização na construção civil. Os tamanhos das áreas licenciadas variam de 3,2 a 50
ha, sendo seus requerentes constituídos por empresas especializadas em extração de areia,
construtoras e empresas de materiais de construção.

Figura 2: Áreas licenciadas à extração de areia em Marabá. Fonte: DNPM, 2010.


Tais extrações estão em consonância com a legislação, uma vez que possuem licenciamento e
realizam um ciclo sazonal de deslocamento ao longo do leito dos rios, favorecendo a
deposição das áreas anteriormente exploradas. Entretanto os locais em que há o
beneficiamento dessa areia estão muito próximos às margens dos rios, portanto dentro da área
de preservação permanente, como pode ser percebido na figura 3. A resolução CONAMA
303/02 e Código Florestal Brasileiro dispõem das restrições para utilização dessas áreas. A
água utilizada nesse beneficiamento deve retornar ao rio por canalizações, o que evita a
erosão da margem do rio (Souza et al, 2004). A figura 4 mostra, em um mesmo
empreendimento, canalização para o retorno da água ao rio e a falta da mesma, podendo
causar erosão da margem desse rio.

Figura 3: Imagem ampliada da figura 1, referente ao quadrado da direita. Porto de


desembarque da areia extraída do rio Tocantins. Fonte: Google Earth ®, 2010 e Vinícius
Moreira, 30/03/2010.

Figura 4: À esquerda, canalização para retorno da água ao rio e, à direita, falta dessa
canalização. Fonte: Vinícius Moreira, 30/03/2010.

Os impactos ambientais inerentes às extrações de areia em APP são diversos, entre os


principais destacam-se os observados nos empreendimentos localizados em Marabá:
desmatamento de APP para localização de pilhas assim como peneiras e caixas de areia;
compactação do solo pelo tráfego de máquinas pesadas e erosão em pontos de retorno d’água;
baixo aproveitamento ocasionado pela precariedade das instalações de beneficiamento. Este
último é realidade da grande maioria das extrações de areia no município, um exemplo desse
problema é visualizado na figura 5. Além desses impactos Mattos & Lobo (1995) enumera
outros de igual relevância, como cortes de taludes, emissão de ruídos e óleo combustível pelas
dragas, turbidez da água ocasionadas pelas dragagens, distinção inadequadas de resíduos
sólidos.

Figura 5: Peneiramento da areia realizada em equipamentos improvisados. Fonte: Renan


Tourinho, 08/05/2010.

No caso das extrações de argila no município os impactos ambientais são bem mais evidentes,
uma vez que há inúmeras cavas abandonadas, hoje constituídas por lagoas (figura 6). Tais
cavas são na sua grande maioria resultado da exploração da argila por oleiros, que
abandonavam o local com o fim jazida ou por motivos operacionais, como alagamentos no
período da cheia do rio. Posteriormente partiam para locais vizinhos, recomeçando a extração
do mineral. A falta de conhecimento desses trabalhadores e estrutura das operações foram
fatores primordiais, uma vez que desconheciam a necessidade da obtenção de licenciamento
para exploração dessas áreas, assim como a obrigatoriedade da recuperação das cavas
desativadas. Esses fatos aconteceram no município durante muitos anos, e continuam
acontecendo, mas em uma escala bem reduzida, uma vez que a fiscalização é crescente e a
obtenção do licenciamento é de conhecimento de todos. Como se pode perceber na figura 7,
grande maioria das áreas licenciadas para extração de argila se concentram no perímetro
urbano do município.

Figura 6: Imagem ampliada da figura 1, referente ao quadrado da esquerda. Cavas


abandonadas de antigas extrações de argila, hoje constituídas por lagos. Fonte: Google
Earth®, 2010, e Jordan Pacini, 08/05/2010.
Figura 7: Áreas licenciadas à extração de argila em Marabá. Fonte: DNPM, 2010.

Projetos potencialmente causadores de desequilíbrio ecológico só podem ser implantados


após aprovação do órgão técnico de controle ambiental do município, exigindo o estudo
prévio de impacto ambiental (Marabá, 2002). Sendo assim os requerentes devem elaborar o
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (Rima). Tais
documentos também são exigidos para áreas de extração superiores a 20 ha, para
movimentações superiores a 5.000.000 m³, supressões de vegetação nativa acima de 5 ha,
quando houver intervenção em nascentes ou cursos d'água inseridos em mananciais de
abastecimento público, para áreas inseridas em Zona de Amortecimento de Unidades de
Conservação de Proteção Integral, nos termos da Lei Federal n.9.985/00, ou se houver
extração de rochas carbonáticas em regiões com evidências de fenômenos cársticos. Alguns
empreendimentos de extrações de areia em Marabá necessitam da elaboração da EIA/Rima,
uma vez que possuem áreas licenciadas superiores a 20 ha e em alguns há necessidade de
supressão de áreas superiores a 5 ha de vegetação nativa. A quantidade de empresas
licenciadas vêm crescendo nos últimos anos em Marabá, resultado da crescente fiscalização.

CONCLUSÃO

A mineração no estado do Pará é uma atividade impulsionadora da economia da região. E o


mesmo acontece em Marabá, como é o caso do Projeto Salobo, um grande empreendimento
de exploração de cobre. Mas não são apenas grandes projetos de mineração que se destacam,
mas também as extrações de argila e areia no município, que possibilita o barateamento do
setor local da construção civil, impulsionada pelos projetos de siderurgia e laminação que
estão sendo implantados na cidade. Dada tal importância, é imprescindível a manutenção de
tais empreendimentos no município. Entretanto, como qualquer atividade mineradora, tais
extrações geram impactos ambientais. Sendo, portanto, necessária a aplicação da lei de forma
efetiva para se desenvolver de forma sustentável.

Nas extrações de areia é perceptível o baixo aproveitamento, o que obriga o produtor de areia
a dragar mais locais para se adquirir a mesma quantidade de areia que obteria se tivesse
melhores instalações de beneficiamento. Uma simples solução para esse problema seria um
maior investimento nestas instalações, evitando que a areia retorne ao rio, podendo ser
comercializada, de forma a aumentar a lucratividade da empresa e ainda reduzir a necessidade
de novas dragagens, consequentemente reduzindo os impactos ambientais. Outra simples
forma de se reduzir tais impactos é a utilização de canalizações para o retorno da água ao rio,
evitando erosões. Foi percebida em um mesmo empreendimento a adoção dessa canalização
em um local e falta dela em outro, esta é a realidade na maioria das minerações de areia no
município.

Analisando o Plano Diretor da cidade de Marabá constatou-se a falta de uma legislação


específica para reger a questão mineral, avaliando pormenores e julgando crimes ambientais
executados no ato de minerar. Grandes cidades com planos diretores bem atualizados às
questões ambientais trazem planos específicos para a mineração, principalmente quando estas
se localizam em perímetro urbano.

Buscando alternativas para alguns dos problemas observados, podemos afirmar que no caso
das cavas de mineração abertas para a extração de argila que resultaram em lagoas uma
solução seria a utilização dessas cavas para a piscicultura ou pesque-pague na maioria dos
planos de recuperação.

Apesar dos problemas citados, pode-se perceber que a preocupação com o meio ambiente
vem crescendo no município, principalmente com a criação da SEMMA, órgão que passou a
gerenciar as questões ambientais no município, aumentando as fiscalizações e fazendo
cumprir as legislações vigentes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brasil (2002). Resolução CONAMA 303/02 de 20 de março de 2002. Dispõe sobre


parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente. Disponível em:
<www.mma.gov.br/port/conama/res/res02/res30302.html>. Acessado em: 11 de maio de
2010.

Brasil (2004). Lei N° 4.771 de 15 de setembro de 1965. Código Florestal Brasileiro.


Disponível em: <www.controleambiental.com.br/codigo_florestal.htm>. Acessado em: 09 de
maio de 2010.

Brasil (2006). Resolução CONAMA 369/06 de 28 de março de 2006. Dispõe sobre os casos
excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que
possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-
APP. Acessado em < www.cetesb.sp.gov.br/.../federal/.../2006_Res_CONAMA_369.pdf>.
Acessado em: 11 de maio de 2010.

DNPM (2010). Departamento Nacional de Pesquisa Mineral. Acervo pertencente à Secretaria


Municipal de Meio Ambiente. Prefeitura Municipal de Marabá.

Marabá (2002). Lei Orgânica do Município de Marabá. Título IV: Do Meio Ambiente,
Capítulo I: Dos princípios Gerais, Artigo 212, §1°. Prefeitura Municipal de Marabá. Pág. 80.

Marabá (2006). Plano diretor participativo de Marabá. Prefeitura Municipal de Marabá-PA.


Pág. 18.

Mattos, S. C. e Lobo, R. L. M. (1995). Areia para Construção Civil em Goiás: da Produção,


Danos Ambientais e Propostas de Mitigação. 5° Simpósio de Geologia do Centro-Oeste.
Sociedade Brasileira de Geologia.

Skorupa, L.A. (2003). Áreas de preservação permanente e desenvolvimento sustentável.


Embrapa meio ambiente.

Souza, G., Rodrigues, D.M., Siqueira, R.C., Rodovalho, F.C.C., Antunes, E.C. (2004).
Degradação em área de preservação permanente por extração de areia no rio Turvo em
Adelândia, Goiás.

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