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XII Encontro de Pesquisa em Ensino de Física – Águas de Lindóia – 2010 1

PESQUISAS SOBRE O ESTADO DA ARTE EM CTS:


APROXIMAÇÕES E CONTRAPONTOS

RESEARCHES ABOUT THE STATE OF ART IN STS:


APPROACHES AND COUNTERPOINTS

Roseline Beatriz Strieder1, Maria Regina Dubeux Kawamura2


1
Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências/USP e Universidade Católica de Brasília,
roseline@if.usp.br
2
Instituto de Física/USP, mrkawamura@if.usp.br

Resumo

A proposta de uma abordagem de ensino que contemple discussões sobre


interações entre Ciência – Tecnologia – Sociedade (CTS) vem ganhando cada vez
mais interesse e destaque no Ensino de Física. Aliado a isso, têm crescido as
pesquisas sobre esse tema, cujo aumento e diversidade têm apontado para a
necessidade de estudos de revisão bibliográfica sobre essa produção. Nesse
sentido, ainda que de forma embrionária, alguns pesquisadores tem se preocupado
em analisar os desdobramentos e rumos do movimento e das propostas CTS,
trabalhos esses que vêm sendo publicados, nos últimos anos, em anais de
congressos e periódicos da área de Ensino de Ciências. Com o intuito de contribuir
para um maior diálogo entre os pesquisadores que se propõem a trabalhar nessa
perspectiva, apresentamos uma análise e sistematização de pesquisas sobre
estudos que envolvem o estado da arte em CTS. Seguindo a metodologia da Análise
Textual Discursiva, foram analisadas onze pesquisas, mapeando seus objetos de
estudo, períodos analisados, motivos atribuídos às análises, metodologias
empregadas, natureza das análises e principais resultados e considerações. Os
resultados dessa análise apontam duas questões a serem discutidas e
aprofundadas, que se referem (i) à necessidade de construção de um panorama que
contemple as diferentes perspectivas e práticas educacionais das propostas sobre
CTS e (ii) à necessidade de analisar a forma como as relações entre CTS vêm
sendo abordadas. Diante disso, destaca-se que o aprofundamento e diversificação
de análises sobre propostas CTS nos parecem importantes no momento atual,
principalmente no que diz respeito às intenções educacionais e seus reflexos em
diferentes práticas.
Palavras-chave: Abordagens CTS, Ensino de Ciências, Estado da Arte.

Abstract

The proposal for an approach of teaching that includes discussions about the
interaction between Science – Technology – Society (STS) is gaining increasing
interest and emphasis in the Teaching of Physics. Allied to this, have grown
researches about this subject, whose growth and diversity have pointed to the need
for studies to review about this production. In this sense, even in embryonic form,
some researchers have bothered to analyze the developments and directions of the
STS movement and its proposals, works that have been published in recent years, in
proceedings of conferences and journals in the area of Science Teaching. Aiming to
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contribute to a greater dialogue between researchers who intend to work with this,
we present an analysis and systematization of research about studies involving the
state of the art in STS. Following the methodology of Discourse Textual Analysis,
eleven studies were analyzed by mapping their objects of study, study periods,
reasons attributed to the analysis, methodologies employed, nature of the analysis
and main results and considerations. The results of this analysis point out two issues
to be discussed and debated, which concern (i) to the need of construction of a
panorama that contemplates the different perspectives and educational practices of
the proposals about STS and (ii) to the need for analyzes of the way that
the relationship between STS have been approached. So, it is emphasized that the
deepening and diversification of analysis about STS proposals seem important at the
moment, especially with regard to educational intentions and its consequences in
different practices.
Keywords: STS Approaches, Science Education, State of Art.

Introdução

No Brasil, os currículos de ciências começaram a incorporar as discussões


sobre Ciência – Tecnologia – Sociedade (CTS) no final da década de 80, quando
passou a ser reivindicado um ensino de ciências que contribuísse para a
compreensão e uso da tecnologia e para a consolidação da democracia (SANTOS,
2008). Desde então, embora em diferentes âmbitos e com diferentes ritmos, têm
crescido o interesse e as preocupações em torno dessa questão. Com isso tem
aumentado, também, a diversidade das propostas CTS, apontando a necessidade
de investigações sobre os rumos dessa produção.
Esse momento parece estar de acordo com as colocações feitas por
Aikenhead (2003), quando discute a multiplicidade de enfoques e as transformações
que a designação CTS deve sofrer com o passar do tempo, chamando atenção para
a importância de se descrever os múltiplos significados que a mesma engloba.
Dentre essas diferentes designações, tem recebido destaque, recentemente, a
CTSA (Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente), que vem sendo usada
principalmente por pesquisadores que buscam evidenciar a dimensão ambiental, a
exemplo de Dori e Herscovitz (1999) apud Cachapuz, et al. (2008); Solbes e Rios
(2007) e Bernardo, Vianna e Fontoura (2007).
Assim, como campo em formação e em transformação, emerge a
importância de se obter uma melhor compreensão das características e evolução
das abordagens CTS. Torna-se necessário identificar suas possibilidades e
potencialidades, não só no sentido de acompanhar tendências e localizar prioridades
de pesquisa, mas, sobretudo, como condição necessária para o encaminhamento de
novas práticas. Como apontado por Cachapuz et al. (2008),
A análise da evolução das linhas de pesquisa em educação em ciência
traduz o foco de interesse da comunidade científica e permite fazer um
exercício de reflexão útil no sentido de, prospectivamente, identificar
problemas e prioridades num sentido estrategicamente relevante para o
desenvolvimento da área. (CACHAPUZ, et al., 2008, p.28)
Inspirados por esse panorama, alguns pesquisadores têm se preocupado
em analisar os trabalhos sobre CTS que vem sendo publicados em anais de
congressos e em periódicos da área de Ensino de Ciências. A necessidade de tal
movimento se deve à diversidade de aspectos envolvidos na questão e a percepção
de certo impasse na elaboração de novas práticas. Essas investigações, ainda que
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inspiradas por pressupostos comuns, apresentam diferentes abordagens e


metodologias de análise, indicando ser necessário identificar características e
preocupações das mesmas.
Esses trabalhos, ao buscar analisar o estado da arte das pesquisas CTS,
parecem defrontar-se com uma dificuldade adicional, envolvendo a própria definição
de categorias apropriadas para sua sistematização. Assim, passaram a constituir-se
em trabalhos com diferentes perspectivas sobre a área, sem que se obtenha, ainda,
uma visão abrangente dos percursos e perspectivas dessa linha de pesquisa.
A diversidade de identificações dessa natureza pode contribuir para o
aprofundamento das pesquisas do tipo estado da arte em CTS, que se encontram
numa fase bastante preliminar, indicando possíveis metodologias e elementos a
serem analisados com mais detalhes. Nesse sentido, no presente trabalho
apresentamos uma sistematização das pesquisas sobre o estado da arte em CTS,
buscando estabelecer elementos comuns e localizando as diferenças metodológicas
entre elas. Consideramos esse esforço como uma contribuição para que se
estabeleça um maior diálogo entre os pesquisadores que se propõem a trabalhar
nessa perspectiva.
Pesquisas do tipo “estado da arte” são de natureza muito abrangente, sem
dispor de uma metodologia específica, além da própria análise bibliográfica, como
destacado por Ferreira (2002):
Nos últimos quinze anos, no Brasil e em outros países, tem se produzido
um conjunto significativo de pesquisas conhecidas pela denominação
“estado da arte” ou “estado do conhecimento”. Definidas como de caráter
bibliográfico, elas parecem trazer em comum o desafio de mapear e de
discutir uma certa produção acadêmica em diferentes campos do
conhecimento, tentando responder que aspectos e dimensões vêm sendo
destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares, de que formas e
em que condições têm sido produzidas certas dissertações de mestrado,
teses de doutorado, publicações em periódicos e comunicações em anais
de congressos e de seminários. (FERREIRA, 2002)
Diante da diversidade de trabalhos dessa natureza, Salem e Kawamura
(2009) apontam que os mesmos quase se configuram como uma linha de
investigação específica. Nesse sentido, as autoras destacam que
Na medida em que, nessas várias pesquisas [sobre o estado da arte], vêm
sendo adotadas múltiplas abordagens e metodologias, além de diferentes
recortes para o mapeamento da área, torna-se relevante uma análise dos
muitos estados da arte, buscando delinear e compreender suas diferentes
contribuições, além das diversas compreensões sobre o que seja descrever
uma área interdisciplinar de pesquisa”. (SALEM; KAWAMURA, 2009)
Na análise que essas autoras desenvolvem sobre o estado da arte das
pesquisas sobre a área de Ensino de Ciências, identificam três naturezas de
trabalhos, com ênfases, respectivamente em (i) abordagens histórico-sociais, que
acompanham os principais eventos e acontecimentos significativos na evolução da
área; (ii) abordagens teórico-metodológicas, que procuram acompanhar o campo do
desenvolvimento das idéias e da constituição dos referenciais e, finalmente, (iii)
abordagens que priorizam a sistematização dos focos de interesse, ou focos
temáticos. Ainda que se trate de âmbitos diferentes, essas considerações sobre
pesquisas em estado da arte podem orientar as reflexões sobre o estado da arte em
CTS, como proposto neste trabalho.
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Encaminhamento Metodológico

Como universo para o levantamento de dados da presente investigação,


buscamos trabalhos sobre estado da arte em CTS/CTSA publicados em periódicos
nacionais e em eventos da área de ensino de ciências. Dentre os periódicos, foram
consultados: Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Ciência & Educação, Ensaio,
Investigações em Ensino de Ciências, Ciência & Ensino; Revista Brasileira de
Pesquisa em Educação em Ciências e Alexandria. Os anais de eventos consultados
são: ENPEC - Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências; EPEF -
Encontro de Pesquisa em Ensino de Física; SNEF - Simpósio Nacional de Ensino de
Física e Congreso Internacional sobre Investigación en Didáctica de las Ciencias.
Nessa pesquisa encontramos onze trabalhos, cuja relação encontra-se em anexo.
Todos os trabalhos encontrados foram publicados nos dois últimos anos, o que
aponta ser uma preocupação recente dos pesquisadores, possivelmente
influenciados pelo crescimento da linha de pesquisa e pelo aumento de sua
diversidade.
Cabe destacar que embora tenhamos considerado tanto trabalhos que
utilizam a designação CTS quanto CTSA, no momento da análise não os
distinguimos. Uma análise preliminar indicou que isso seria desnecessário, devido à
natureza das categorias e ao fato de os trabalhos fazerem alusão tanto à CTS e
CTSA, utilizando a sigla CTS/CTSA. Além disso, em apenas um dos trabalhos há
uma preocupação em identificar se existem diferenças entre as duas abordagens, e
nesse caso, os autores apontam que não conseguiram encontrar evidências de
distinção quanto aos objetos e interesses de pesquisa (ABREU, FERNANDES,
MARTINS, 2009).
Para a análise desses trabalhos utilizamos a metodologia da Análise Textual
Discursiva (ATD) que “corresponde a uma metodologia de análise de dados e
informações de natureza qualitativa com a finalidade de produzir novas
compreensões sobre os fenômenos e discursos” (MORAES; GALIAZZI, 2007).
Assim, a escolha dessa forma de análise é justificada por sua proposta de combinar
análise rigorosa e síntese subsequente, permitindo a reconstrução do texto/discurso
de forma a ampliar seus significados, especialmente no sentido da reconstrução dos
discursos implícitos. Além disso, a ATD permite um processo de categorização
emergente, no qual as categorias são construídas ao longo do processo, ou seja, à
medida que a análise for realizada.
De acordo com os autores que a propõem, a ATD organiza-se em três
etapas, que são descritas, resumidamente, da seguinte maneira:
Inicialmente, leva-se o sentido até o limite do caos, desorganizando e
fragmentando os materiais textuais da análise. A partir disso, é possibilitada
a formação de novas estruturas de compreensão dos fenômenos sob
investigação, expressas então em forma de produções escritas. (MORAES;
GALIAZZI, 2007, p. 46)
Seguindo essa proposta metodológica, para a análise dos trabalhos, após a
definição do corpus de análise, realizamos a desconstrução dos textos e sua
unitarização. Esse processo implica em identificar e destacar, no corpus, enunciados
que nos interessam. Esses enunciados, que podem ser frases, parágrafos ou partes
maiores dos textos, foram, num segundo momento, reunidos em grupos que
abarcam elementos comuns. Nessa etapa “emergiram” as categorias, que
representam o ponto de partida para a produção, sob a forma de metatextos, das
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descrições e interpretações possibilitadas pela análise, ou seja, o terceiro momento


da investigação realizada.
Na sequência desse trabalho encontram-se os resultados dessa análise.
Num primeiro momento é apresentado um panorama geral dos trabalhos analisados,
o que envolve: o objeto de estudo, o período analisado, os motivos atribuídos à
análise, a metodologia empregada, a natureza das análises e seus principais
resultados e considerações. Do cruzamento das informações oriundas dessa análise
emergiram duas questões, que serão discutidas num segundo momento e dizem
respeito (i) à necessidade de construção de um panorama que contemple as
diferentes perspectivas e objetivos educacionais das propostas sobre CTS e (ii) à
necessidade de analisar, também, a forma como as relações entre CTS vem sendo
abordadas.

Resultados

A maior parte dos trabalhos analisados (9 trabalhos) utiliza como objeto de


estudo os anais de eventos ou os periódicos brasileiros da área de ensino de
ciências. Dentre os eventos, o mais analisado é o ENPEC, devido a sua
representatividade na área. Dentre os periódicos destaca-se: Caderno Brasileiro de
Ensino de Física, Ciência & Educação, Ensaio, Investigações em Ensino de
Ciências, Ciência & Ensino e Alexandria. Além desses 9 trabalhos, há um que
analisa artigos publicados em três revistas de circulação internacional (Science
Education, Journal of Research in Science Teaching e International Journal of
Science Education) e outro que analisa os artigos publicados na Revista Electrónica
de Enseñanza de las Ciencias (REEC). Nenhum trabalho apresenta análises de
Teses e Dissertações da área, apesar de haver um número considerável sobre CTS.
Dentre os motivos ou objetivos da análise, alguns autores evidenciam a
necessidade de conhecer a linha de pesquisa em CTS, que se encontra em
ascensão, como destacado por Cachapuz et al. (2008):
O nosso objectivo é evidenciar a evolução da Pesquisa em Educação em
Ciência (PEC), ao longo de uma década (1993-2002), no que respeita às
suas principais linhas de pesquisa e analisar, de modo particular, a linha de
estudos CTS pela sua demarcada ascensão ao longo da década
considerada. (CACHAPUZ et al., 2008, p. 4)
Para esses autores, análises dessa natureza são importantes para
compreender a natureza do conhecimento construído no âmbito dessas pesquisas, o
que contribui para traçar prioridades futuras.
(...) o seu interesse [do estudo] é ajudar a uma melhor caracterização da
área e sugerir pontos de reflexão que permitam uma maior e melhor
compreensão da natureza do conhecimento que a PEC produz ao mesmo
tempo que pode contribuir para impulsionar reorientações e prioridades a
adoptar pela mesma. (CACHAPUZ et al., 2008, p. 1)
Essa busca por perspectivas futuras também foi encontrada por Salém e
Kawamura (2009) ao analisar trabalhos sobre o estado da arte da pesquisa em
Ensino de Ciências no Brasil. Além desse grupo, denominado “perspectiva”, as
autoras encontraram mais três: “memória” (preocupados em resgatar as origens e
caminhos traçados pela área); “identidade” (buscam apresentar um panorama geral
ou de elementos constituintes da área) e, “disseminação” (objetivam promover o
intercâmbio entre os diversos estudos realizados, compartilhar e comparar
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resultados e/ou trocar informações e reflexões). Esses grupos são entendidos como
não excludentes, ou seja, o mesmo trabalho pode conter mais de uma preocupação.
No caso das pesquisas analisadas para este trabalho, também encontramos
um grupo que pode ser classificado como “identidade”. Esses pesquisadores
chamam atenção, explicitamente, para a diversidade atual do movimento CTS e a
necessidade de compreendê-lo melhor, a exemplo de Abreu et al. (2009) e Strieder
e Kawamura (2009a e 2009b):
(...) com o crescimento da produção nessa área [Linha de pesquisa CTS]
ocorreu também uma diversificação das perspectivas e abordagens CTS
(SANTOS e MORTIMER 2002) gerando uma heterogeneidade no interior do
campo, que tornam essas perspectivas plurais e, em alguns casos, até
mesmo contraditórias entre si. Isto nos levou à tentativa de identificação dos
principais temas, autores e referenciais teórico-metodológicos para as
pesquisas identificadas com a linha CTS. (ABREU et al., 2009, p. 2)
O interesse com abordagens CTS, no contexto educacional, vem crescendo
ao longo dos últimos anos. Com isso tem aumentado, também, a
diversidade de suas propostas, apontando a necessidade de investigações
sobre os rumos dessa produção. Assim, o objetivo deste trabalho é buscar
acompanhar esse movimento, identificando ou caracterizando possíveis
tendências CTS presentes no Ensino de Ciências. (STRIEDER;
KAWAMURA, 2009b, p. 1)
Nessa mesma linha, mas preocupado com um aspecto específico, está a
pesquisa de Toti et al. (2009), ao analisar, nos trabalhos sobre CTS, compreensões
ou perspectivas de cidadania. Justificam sua análise a partir da importância e
diversidade que o termo cidadania assume nos trabalhos sobre CTS. Segundo
esses autores,
Esse argumento [necessidade de preparar para o exercício da cidadania] é
especialmente importante no enfoque CTS, porém, como observam Santos
e Mortimer (2002), a idéia de cidadania ainda não está bem esclarecida nos
trabalhos com este enfoque. Segundo os autores, falta, por exemplo,
esclarecer que cidadão se pretende formar. Os autores constroem o
seguinte questionamento: seria esse cidadão o indivíduo pronto a consumir
demasiadamente e sem se preocupar com o ambiente e a qualidade de vida
da maior parte da população? (TOTI et al, 2009, p. 2)
Seguindo a categorização proposta por Salém e Kawamura (2009),
encontramos pesquisadores preocupados em divulgar as produções dessa linha de
pesquisa aos demais educadores, a exemplo de Lopes et al. (2009), o que
caracteriza a categoria “disseminação”.
O objetivo desse mapeamento é de divulgar a educadores e pesquisadores
da área a produção acadêmica e possíveis tendências das pesquisas
produzidas nesta linha no país. (LOPES et al, 2009, p.1)
Além desses grupos, que possuem semelhanças com os grupos
encontrados por Salém e Kawamura, em nosso caso é necessário acrescentar mais
um, que representa as pesquisas realizadas com o objetivo de conhecer melhor as
propostas CTS, na intenção de utilizá-las nas práticas dos autores, professores da
Educação Básica, a exemplo de Fagundes et al. (2009):
Visando encontrar aportes teóricos - metodológicos que nos permitam
enriquecer o trabalho docente em sala de aula e nos subsidiem junto à
prática didática, analisamos 108 trabalhos apresentados nas seis edições
do evento ENPEC – Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em
Ciência sobre a perspectiva CTS/CTSA. (FAGUNDES et al., 2009, p. 1)
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Também é importante destacar que nenhum dos trabalhos apresenta uma


preocupação com a “memória” da linha de pesquisa, possivelmente por essa ser
recente. Como destacado por Auler (2002), até o início deste século o enfoque CTS
apresentava-se de forma bastante embrionária no ensino de ciências no Brasil.
Aspecto também observado em diferentes reconstituições da trajetória histórica da
área (DELIZOICOV, 2004; SALEM; KAWAMURA, 2006) e evidenciado por
Lemgruber (2000) ao analisar os trabalhos de dissertação e teses da área de Ensino
de Ciências no período 1972-1995; dentre um universo de 288 trabalhos, o autor
encontra apenas sete que podem caracterizar-se como pertencentes a uma
abordagem CTS. No entanto, ele já observava que essa abordagem poderia estar
assumindo o caráter de tema emergente, com uma intuição que parece estar sendo
comprovada, como destacado pelas pesquisas que são foco de análise deste
trabalho.
Assim, no que diz respeito às motivações das pesquisas sobre o estado da
arte em CTS, constatamos que se resumem à: (i) traçar prioridades futuras; (ii)
compreender as diferentes propostas e/ou tendências, (iii) compartilhar resultados e,
(iv) subsidiar as práticas docentes.
Considerando que a evolução temporal do movimento CTS não é foco de
atenção, o período analisado nesses trabalhos refere-se a produções publicadas
entre 1995 e 2008, com uma predominância de trabalhos que focalizam o presente
século. Apenas em uma pesquisa há menção a trabalhos anteriores a 1995, mais
especificamente, a publicações presentes em dois periódicos: Caderno Brasileiro de
Ensino de Física e Investigações em Ensino de Ciências, mas, mesmo nesse
trabalho, a intenção não é analisar a “memória” do movimento CTS.
Para a realização das análises os autores utilizam abordagens qualitativas.
Dentre os encaminhamentos metodológicos utilizados, destacam-se a Análise
Textual Discursiva (MORAES, 2003; MORAES; GALIAZZI, 2007) e a Análise de
Conteúdo (BARDIN, 2008). Contudo, algumas pesquisas apresentam também uma
preocupação em quantificar os trabalhos sobre CTS, comparando essa quantidade
com o total de trabalhos publicados nos eventos e revistas.
Especificamente sobre a quantidade de trabalhos analisados, Abreu et al.
(2009) destacam que:
Os números mostram que a produção acadêmica em CTS ou CTSA ainda é
pouco expressiva nos periódicos nacionais em relação à produção total do
campo de pesquisa em ensino de ciências. Em um universo de 2921 artigos
levantados, apenas 23 artigos se declaravam CTS ou CTSA, ou seja,
apenas cerca de 0,78 % da produção. (ABREU et al., 2009, p. 5)
No que se refere aos eventos da área, os resultados não são diferentes.
Analisando a quantidade de trabalhos sobre CTS apresentados nos ENPEC’s,
Strieder e Kawamura (2009b) destacam que:
(...) foram selecionados 77 trabalhos, cuja distribuição ao longo dos eventos
[ENPEC’s] expressa e confirma a significativa expansão dessa tendência
em termos absolutos, com uma produção que passa de 03 para 29
trabalhos. Ao mesmo tempo, é interessante observar que o percentual de
trabalhos apresentados nos últimos três encontros também tem aumentado
[passou de 2% para 5%]. (STRIEDER; KAWAMURA, 2009b)
Da mesma forma, Pansera-de-Araújo et al. (2009) chamam atenção para o
aumento de trabalhos sobre CTS nos eventos da área de Ensino de Ciências:
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Embora a porcentagem total dos estudos identificados, que abordam


aspectos do movimento CTS, não apresente uma significativa evolução, a
distribuição dos trabalhos nos eventos vem aumentando consideravelmente
ao longo dos anos, independente da área do conhecimento. Na tabela 1 é
possível notar um acréscimo na variação da porcentagem, por exemplo, o
IV ENPEC com 4,0 % passa para 4,5 % no V ENPEC, assim como no IX
EPEB que era de 1 % passa para 2,17 % no X EPEB. (PANSERA-DE-
ARAÚJO et al., 2009, p. 5)
Em síntese, os autores apontam que o aumento de trabalhos sobre CTS
pode estar articulado ao crescimento da área de Ensino de Ciências. Ou seja,
apesar de haver um aumento de trabalhos, a linha não se sobressai a outras da área
de Ensino de Ciências.
Para atingir os objetivos anteriormente citados, os pesquisadores analisam
diferentes aspectos, ou seja, há diferentes perspectivas de análise. Nos trabalhos
de Sutil et al. (2008a); Pansera de Araújo et al. (2010); Abreu et al. (2009); Strieder
e Kawamura (2009a e 2009b); Lopes (2009) e Fagundes et al. (2009) é realizado um
mapeamento da linha de pesquisa a partir de aspectos mais gerais.
Sutil et al. (2008a) realizaram um levantamento dos artigos sobre CTS
publicados em periódicos nacionais de Ensino de Ciências/Física. Nesse
levantamento, mapearam a quantidade de artigos publicados em cada revista, as
regiões e instituições de pesquisa e a metodologia de pesquisa empregada (se
tratam de trabalhos teóricos ou empíricos). Para isso fazem uso de elementos
característicos da Sociologia da Ciência, mais especificamente, as propostas de
Pierre Bourdieu e Bruno Latour, destacando que:
A escrita de artigos científicos traz implícito o reconhecimento das relações
de poder em um campo de conhecimento, assim como faz parte de sua
constituição – Pierre Bourdieu. A escrita de artigos científicos se insere no
processo de consolidação de uma área ou disciplina científica; ela constitui
um intenso processo de recrutamento de aliados na transformação de
opiniões em fatos, em conhecimento tácito – Bruno Latour. Tais
considerações possibilitam algumas discussões sobre os movimentos CTS
e CTSA no ensino de Ciências/Física. (SUTIL et al., 2008, p.5)
Nessa perspectiva encontra-se o trabalho de Pansera de Araújo et al.
(2009). Esses autores analisam produções publicadas nas atas dos eventos
brasileiros sobre Ensino de Biologia, Química, Física e Ciências, identificando as
áreas mais envolvidas, as referências utilizadas para o embasamento das propostas
CTS e as instituições de ensino que fomentaram as pesquisas. Além disso, analisam
a produção em CTS utilizando a epistemologia de Ludwik Fleck, buscam caracterizar
estilos de pensamento (FLECK, 1986).
Esses dois trabalhos (SUTIL et al., 2008a e PANSERA-DE-ARAÚJO et al.,
2009) analisam, portanto, a organização da linha de pesquisa. Já os trabalhos de
Abreu et al. (2009); Strieder e Kawamura (2009b) e Fagundes (2009) analisam a
natureza das investigações e o trabalho de Lopes (2009) busca estabelecer uma
relação entre CTS e as outras linhas de pesquisa da área de Ensino de Ciências.
Abreu et al. (2009) classificam os trabalhos analisados em três grupos, de
acordo com a natureza das investigações: relato de pesquisa empírica, ensaio e
revisão de área. Classificação semelhante é utilizada por Cachapuz et al. (2008),
que afirmam que os trabalhos possuem três orientações distintas: para a pesquisa,
para a prática ou para as políticas.
Na mesma linha desses pesquisadores, ou seja, analisando a perspectiva
das investigações, mas numa perspectiva diferente, Strieder e Kawamura (2009b)
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classificam os trabalhos em quatro grupos distintos: (i) levantamentos e análises de


concepções, (ii) análises de materiais didáticos, (iii) pesquisas e revisões teóricas e
(iv) análise de propostas para a sala de aula. Grupos semelhantes são encontradas
por Fagundes et al. (2009), que classificam os trabalhos analisados em: (i)
concepções, (ii) atividades didáticas, (iii) currículo em ciências, (iv) revisão
bibliográfica, (v) análise de livros didáticos, (iv) análise de artigos em
periódicos/trabalhos em eventos.
Também analisando a produção da área, Lopes et al. (2009) classificam os
trabalhos de acordo com sete categorias, que, para eles, representam grandes
áreas de aplicação dos estudos CTS: (i) Formação de professores; (ii) Materiais
Didáticos e Paradidáticos; (iii) Ensino em Espaços não formais; (iv) Ensino por
temas; (v) História e Filosofia da Ciência; (vi) Educação Ambiental e (vii) Estado da
Arte.
Além dessa análise, de caráter mais geral e associada de forma mais direta
ao mapeamento da linha de pesquisa, alguns pesquisadores investigam aspectos
mais específicos, como os associados às práticas educacionais, a exemplo de
Hunsche et al. (2009), ou a elementos de natureza mais teórica, associados de
forma mais direta aos pressupostos do CTS, a exemplo de Strieder e Kawamura
(2009b), Cachapuz et al. (2008) e Toti et al. (2009).
Hunsche et al. (2009) analisam propostas de implementações do enfoque
CTS a partir das seguintes questões: abrangência dos temas; surgimento dos
temas; disciplinas envolvidas na construção/desenvolvimento do trabalho; relação
tema/conteúdo; conteúdo tradicional designado de tema. Também no trabalho de
Sutil et al. (2008) há uma análise voltada para as práticas escolares, no sentido em
que os autores atentam para atividades educacionais, currículo, propostas de
avaliação e disciplinas escolares.
Cachapuz et al. (2008) investigam as diferentes perspectivas CTS presentes
nos trabalhos. Analisam (i) a articulação entre CTS e o conceito de literacia
científica; (ii) os diferentes propósitos para a defesa da linha CTS, que são
classificados em: influência e consequências sociais das inovações científicas e
tecnológicas ou ênfase na dimensão social antecedente aos desenvolvimentos
científicos e tecnológicos; (iii) a valorização de um enquadramento ecológico
focando a controvérsia sócio-ambiental. Com isso concluem que há três diferentes
perspectivas CTS; duas relacionadas às vertentes norte americana e européia e a
terceira (que seria mais recente) preocupada com as questões sócio-ambientais
(sustentabilidade).
Da mesma forma, no trabalho de Strieder e Kawamura (2009b) se faz
presente uma análise de natureza mais teórica, associada à compreensão dos
pressupostos do movimento CTS no contexto educacional. Nesse sentido, as
autoras identificam três tendências ou intenções educacionais das pesquisas atuais
sobre CTS: (i) A busca por um ensino que contribua para a construção de uma nova
imagem do conhecimento científico escolar, dando ênfase tanto para questões
presentes no dia-a dia, quanto para questões científicas e tecnológicas. (ii) A busca
pela compreensão de questões sociais relacionadas à cidadania, e que envolvem
aspectos de ciência e tecnologia. (iii) A busca pelo aprofundamento de questões
envolvendo CTS que transcendem os conhecimentos escolares, exigindo
posicionamentos críticos e ainda não bem estabelecidos ou definidos.
Também Toti et al. (2009), ao investigar as compreensões de cidadania,
apresenta uma análise voltada para os pressupostos teóricos do movimento CTS.
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Destacam que o termo é empregado com dois sentidos diferentes: como justificativa
da relevância do trabalho realizado ou como objeto específico de pesquisa.
Em síntese, foi possível reconhecer duas perspectivas de análise: (1)
realização de um mapeamento geral da linha de pesquisa; (2) análise de elementos
mais específicos, associados às práticas educacionais e/ou aos pressupostos
teóricos das propostas CTS. Essas perspectivas podem ser representadas pelo
esquema a seguir:

Figura 1 - Esquema representativo das perspectivas de análise

É importante deixar claro que um trabalho pode conter mais de uma


perspectiva de análise, como, por exemplo, em Strieder e Kawamura (2009a). Nesse
trabalho as autoras analisam artigos publicados na REEC considerando três
aspectos distintos: (i) os objetivos propostos para as abordagens CTS
(Epistemológica, Social e Didática); (ii) as ênfases adotadas (Cts, cTs e ctS) e (iii) as
preocupações educacionais implícitas (Formação de professores; Propostas e
Implementações e Reforma curricular). Que envolvem tanto uma análise mais geral,
de mapeamento da área (item iii), quanto uma análise mais específica, voltada para
aspectos de natureza mais teórica (itens i e ii).
Em termos de resultados e considerações gerais apontadas nesses
trabalhos destacam-se os questionamentos levantados pelos pesquisadores e a
necessidade de aprofundamento das pesquisas realizadas. Nessa perspectiva,
encontram-se as considerações expressas por Toti et al. (2009) e por Abreu et al.
(2009) apresentadas a seguir:
As idéias aqui desenvolvidas nos levam ao seguinte questionamento,
pensando na elaboração de futuras pesquisas: que contribuições podem as
diferentes perspectivas, quanto a idéia de cidadania, significar no avanço
das discussões alicerçadas nos movimentos CTS e na implementação de
propostas com as abordagens CTS? (TOTI et al., 2009, p. 12)
Considerando as características da comunidade de Educação em Ciências
no Brasil, pensamos ser necessária a continuidade desta investigação
tomando por base anais de eventos, congressos e encontros de pesquisa
em ensino de ciências para avaliarmos os rumos que a pesquisa com
enfoque CTS/CTSA está tomando no país e quais contribuições prática e
teórica estão sendo dadas para o ensino de ciências a partir desse
referencial. (ABREU et al., 2009, p. 12)
Essas considerações apontam para a diversidade das propostas CTS e
reforçam a importância de investigações do tipo estado da arte.
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Considerações sobre a investigação realizada

A partir dos principais apontamentos desses trabalhos de revisão, é


possível, por um lado, identificar dificuldades teórico-conceituais, para além da
simples construção de um estado da arte do campo. Por outro lado, sinaliza-se a
diversidade das dimensões das abordagens CTS envolvidas, resultado de
preocupações de naturezas diferentes e nem sempre comparáveis.
Também foi possível constatar duas questões a serem aprofundadas por
pesquisas do tipo Estado da Arte em CTS: (i) a necessidade de construção de um
panorama que contemple as diferentes perspectivas e práticas educacionais das
propostas sobre CTS; (ii) necessidade de analisar, também, a forma como as
relações entre CTS vem sendo abordadas.
Embora muitos pesquisadores têm destacado a diversidade das abordagens
CTS no que se refere aos objetivos educacionais, a exemplo das discussões
realizadas no II Seminário Ibero-Americano CTS no Ensino de Ciências, realizado
em Brasília em julho do corrente ano, nos trabalhos analisados, não comparece uma
preocupação específica com a construção de um panorama que contemple essa
discussão. Como mostram os resultados, apenas em três trabalhos (Strieder e
Kawamura, 2009b; Cachapuz et al., 2008 e Toti et al., 2009) foi possível reconhecer
uma preocupação, ainda que implícita, com as diferentes perspectivas e objetivos
educacionais das propostas sobre CTS. Os demais trabalhos preocupados com
questões específicas, embora analisem práticas educacionais, não apresentam uma
preocupação com os objetivos propostos pelas mesmas.
Da mesma forma não comparecem discussões a respeito da natureza das
preocupações sobre CTS envolvidas, aspecto fundamental quando se pretende
apontar desafios a serem enfrentados pelos pesquisadores e educadores que se
propõem trabalhar nessa perspectiva. Principalmente porque vem ficando cada vez
mais nítida a carência de uma discussão atualizada de aspectos da função social da
ciência no movimento CTS - Ensino de Ciências. De certa forma, quando as
preocupações CTS repercutiram para o campo da educação em ciências,
aparentemente mantiveram um status mais ou menos inalterado ao longo das
décadas seguintes, genericamente reconhecido como uma crítica a possíveis
impactos negativos do desenvolvimento científico e tecnológico em relação à
sociedade. No entanto, as discussões sobre as articulações e relações da ciência e
tecnologia com o espaço social tem ganhado novos aprofundamentos, discussões
essas pouco incorporadas. O próprio conceito de tecnologia, e as transformações de
sua compreensão que deram origem ao conceito de tecnociência, reconhecida por
muitos autores como unidade indissociável, não encontra praticamente espaço no
campo do ensino de ciências. Dessa forma, parecem indispensáveis análises que
contemplem essas questões, na perspectiva de buscar uma atualização das
discussões sobre as funções, dinâmicas e espaços sociais da ciência e tecnologia,
no contexto de trabalhos mais recentes (a exemplo de Shinn e Ragouet, 2008;
Japiassu, 2005; Pinto, 2005 e Morais, 2005), de forma a que se construam
elementos de referência nesse campo.
Nessa perspectiva, reconhecendo o caráter dinâmico do movimento que é
objeto de atenção, para além de análises bibliográficas ou de estado da arte,
entende-se ser importante a construção de um instrumento teórico capaz de
sistematizar e situar os diferentes recortes ou dimensões relevantes. Trata-se de
identificar planos de análise que se inter-relacionam e são interdependentes, com
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potencial para estruturar teorias, resultados de investigação, propostas e práticas,


permitindo representar a área como ente complexo.
Nesse sentido, por exemplo, poderia ser construída uma matriz de
referência, constituída por planos de análise de diferentes naturezas, onde possam
ser representadas, ou onde seja possível localizar, de forma sistematizada, a
produção da área. Essa representação deve ser suficientemente abrangente para
dar conta tanto da trajetória histórica do movimento quanto de suas características
no momento atual. Dessa forma, no nosso ponto de vista, essa matriz deveria incluir
e permitir a articulação de pelo menos três diferentes dimensões de análise: (i) a
perspectiva educacional, (ii) a função social da ciência e (iii) as práticas relacionadas
ao ensino-aprendizagem.
Diante desse panorama, o aprofundamento e diversificação de análises
sobre propostas CTS nos parecem importantes no momento atual, principalmente no
que diz respeito à função social da ciência e às intenções educacionais e seus
reflexos em diferentes práticas.

Referências
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