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Fronteiras em Gestão Pública

da Origem ao Sonho
Humanidades e Gestão
Contemporânea
Prof. Ricardo Carvalho
2012
Novo mundismo:
Do bandeirismo ao iluminismo tropical,
das artes e ofícios ao cenário
contemporâneo – um percurso na
história viva da gestão.

Material de responsabilidade do professor Ricardo Carvalho


“Os executivos, para serem orientados para o mercado,
devem conhecer bem o mundo à sua volta, mas eles ficam
dentro do escritório o dia todo.”
Domenico De Masi

“Sobre o mundo exterior, a melhor atitude é comportar-se


sempre como um estrangeiro em seu primeiro dia numa terra
estranha – pelo menos evitam-se as ideias preconcebidas
(...)”
Michel de Montaigne

Material de responsabilidade do professor Ricardo Carvalho


JUSTIFICATIVA

A palavra gestão só surge a partir dos anos 1400, na língua


francesa, como “Gestion d’affaires d’autrui” (gestão dos negócios
do outro), quando era preciso, na nascente era mercantilista,
buscar, por mares nunca dantes navegados, novos mercados – logo
“navegar era preciso” e para isso era também preciso deixar
alguém cuidando dos negócios: o gestor. Esse ambiente
renascentista faz também nascer um novo gênero literário: os
“ensaios” na primeira pessoa, convidando o participante a um
exercício de introspecção e análise, servindo ao propósito de
contestar certezas tidas como absolutas.

Material de responsabilidade do professor Ricardo Carvalho


Michel de Montaigne (1533-1592) vai protagonizar o gênero. Em
seus ensaios, fala pela primeira vez em “cabeça-bem-feita” como objetivo
de ensino que se oporia, em detrimento, a uma “cabeça cheia”, querendo
dizer que “enchemos” a cabeça e não trabalhamos na perspectiva da
educação o verdadeiro entendimento das coisas. Saber articular
conhecimentos, tirar conclusões e antecipar cenários tão caros à
educação executiva de hoje está no cerne do pensamento de Montaigne,
que acreditava que a verdadeira formação residia em saber procurar,
duvidar e investigar acerca do mundo para construir um pensamento
próprio e livre das amarras de um conhecimento já pronto e
empacotado. Aqui, o processo formativo coincide com o conhecimento
de si, que é lançar-se nas experiências e tomar decisões perante os
acontecimentos do mundo.

Material de responsabilidade do professor Ricardo Carvalho


INJUNÇÃO / DESAFIOS PARA A GESTÃO NO CONTEXTO
CONTEMPORÂNEO
• A globalização cada vez mais multicultural e a permanência de
ambientes de turbulência.
• A necessidade de desenvolver negócios sustentáveis dentro da
perspectiva do triple botton line: harmonia nos desempenhos
econômicos, sociais e ambientais.
• A retratação do estado e a instalação de uma crise social,
determinando:
 mudanças nas estruturas familiares, assim como o
enfraquecimento das escolas fundamentais como fonte de
conhecimento e socialização, o que vem a repercutir nas
atitudes das novas gerações de talentos entrantes nas
organizações.
• Desafio: Neste contexto as organizações, além de produzirem
bens e serviços, veem-se compelidas e transformarem-se em
instituições que promovem a civilização e a socialização.
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INJUNÇÃO / DESAFIOS PARA A GESTÃO NO CONTEXTO
CONTEMPORÂNEO
• A ausência de disciplinas como filosofia, sociologia e de base
humanista, de uma maneira geral nas escolas regulares e nas
grades das escolas de negócios no Brasil, moldou uma visão de
mundo de gerações que necessitam de ingredientes, de novas
competências para os desafios do novo paradigma emergente.
• O novo paradigma emergente advindo da revolução tecnocientífica
e o fracasso dos modelos funcionalistas exigem revisão de
patamares culturais para estruturar novas práticas no mundo dos
negócios.
• Ausência de temas como história, sociologia, filosofia na formação
de base no Brasil.
• Capital social como insumo para geração de negócios.
• Necessidade mundial de desenvolver relações colaborativas.
• Papel mundial do Brasil cada vez mais relevante no cenário
mundial.
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RELEVÂNCIA DO TEMA PARA O DESENVOLVIMENTO DE
EXECUTIVOS
• Reconstruir modelos mentais e visões de mundo mais consoantes com o
cenário contemporâneo neste novo mundo das organizações e negócios.
• Desenvolver um “novo homem” do terceiro milênio para atuar nas novas
global-players.
• Ampliar o conceito e a prática dos stakeholders: pessoas, empresas,
instituições e sociedades que influem e são influenciadas pelos resultados de
uma organização.
• Estar alinhados com as tendências de educação de executivos mundiais pelas
mais bem conceituadas business-schools globais.
• Estar alinhada com as tendências de educação da Unesco, em que “saber-ser”
e “saber conviver com a diferença” são pilares formativos de um “novo-
homem”.
• Trabalhar em ambientes multiculturais e relacionar-se com a diferença são a
tônica dos ambientes de negócios no século XXI.
• A ética é o grande “espírito” emanador dos negócios no século XXI,
determinando a formação de novas atitudes.

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RELEVÂNCIA DO TEMA PARA O DESENVOLVIMENTO DE
EXECUTIVOS
• A estetização da vida e o refinamento do espírito são atributos de
competência para os negócios no século XXI.
• Se nas organizações não há identidade, não há vínculo com o negócio,
não há senso de propriedade do próprio trabalho.
• A identidade só é construída a partir do sentimento de pertença.
• Necessidade crescente de compreender a própria história e a história
institucional como meios para solidificar a cultura e criar senso de
coesão e pertença.
• Desenvolver senso de pertença e construir vínculos colaborativos para
fortalecer equipes de alta performance.
• Recuperar o histórico da empresa e solidificar a cultura como fonte
emanadora de valores.
• O “fazer negócios” exige cada vez mais ter cultura, saber, história e
visão de futuro.

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RELEVÂNCIA DO TEMA PARA O DESENVOLVIMENTO DE
EXECUTIVOS

• Desenvolver senso crítico e ação reflexiva para criação de processos


diferenciados nos negócios.

• Necessidade premente de novos processos de liderança em que a


“mente aberta” e a criatividade são atributos inequívocos.

• Desenvolver as 5 mentes do executivo, de Henry Mintzberg: as


disposições mentais reflexiva, analítica, cosmopolita, colaborativa e
da ação.

• A gestão das narrativas e das conversas – o living dialogue – tem sido


uma ferramenta de gestão eficaz em alavancagem de situações de
confiança e como fonte de novas ideias para os negócios.

• A gestão das competências tem sido dissociada do processo de


socialização e cultura. O processo de troca, na organização, entre
pessoas é essencial, não pode ser desprezado.

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RELEVÂNCIA DO TEMA PARA O DESENVOLVIMENTO DE
EXECUTIVOS

• A liderança hoje é a capacidade institucional de construir


significados e senso de direção.

• O mundo executivo tem pouco capital social, portanto se faz


necessário valorizar e reconhecer os talentos e possibilitar um
upgrade sociocultural aos high potencials em cargos de direção
e comando.

• A compreensão dos processos histórico-culturais ajuda-nos a


compreender o próprio movimento civilizatório, não repetir
erros históricos e criar visão de futuro com senso crítico e
sustentabilidade.

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PREMISSAS

I. A barbárie e a civilização em confronto. O que essa


tensão nos informa para o atual mundo dos negócios?

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O século XVI, no auge da Renascença, traz a
“boa-nova”, que é a “descoberta” de um
novo mundo – a terra é redonda e não mais é
o centro do universo – e com ele a
descoberta de um novo homem: os silvícolas
(selvagens) das terras prometidas de um
eldorado e mesmo um paraíso na terra.

Objetiva-se compreender esse momento, na sua


importância histórico-cultural, no que representou para o
mundo, na perspectiva desses empreendedores, como visão
antecipada de negócios vindouros.

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Por outro lado, Michel de Montaigne, o primeiro contista moderno,
interrogará nesse contexto: quem, afinal, é selvagem? São os
civilizados europeus que matam para se apropriar dos bens dos outros
ou os antropófagos brasileiros, que o fazem para absorver a coragem
desse outro?
Montaigne conhece os tupinambás, levados por Villegaignon, em 1582,
para a corte francesa, como era moda naquela época. Isso consta no
discurso dos canibais, em seus ensaios, que trazem a reflexão depois
desse encontro, concluindo que os supostos selvagens lhes eram
superiores, graças à coerência com a própria cultura, à dignidade e ao
senso de beleza. Os verdadeiros selvagens eram – segundo Montaigne
– os que estavam promovendo banhos de sangue não só em suas
conquistas na América como nas guerras religiosas.

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PREMISSAS

II. A Escola de Sagres e o achamento do Brasil:


multiculturalismo e diversidade como ingredientes do
negócio.

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“Navegar é preciso, viver não é preciso.”
Fernando Pessoa

A Escola de Sagres (que se estendida da rede do Porto à corte) foi


fundada por Dom Henrique, o Navegador – empreendedor com visão
de futuro. Nela foram construídas caravelas e naus, introduzidas
inovações, como a vela triangular e o mastro, que se permitia ir
“contra o vento” (hoje as organizações têm de ser verdadeiras naus
para navegar contra os ventos). Junte-se a isso a bússola, o astrolábio
e alunos como Colombo e Fernão de Magalhães (este o primeiro a
circunavegar a terra).

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A arte da navegação é a metáfora recorrente para incitar a
curiosidade e a ousadia intelectual como foi com nossos
antepassados lusos que, graças a essa arte e tecnologia, navegaram
por mares nunca dantes navegados e vieram até nós, em terra
brasilis.
A navegação “oceânica” (a pesquisa Blue Ocean realizada pelo
Insead é uma visão sustentável dos negócios) nos mares turbulentos
dos negócios atuais pede cada vez mais colaboração, como Sagres
habilmente soube realizar em sua Escola: um opus técnico, estético e
ético, pois fronteiras do conhecimento davam vazão a uma
articulação entre ciência, arte e técnica além do saber gerado e
conservado pelos mestres de ofício e artesãos.

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Aqui se darão o reconhecimento dos silvícolas (selvagens) e a análise
da antropofagia além de Montaigne, assim como o processo decisório
tribal, que tem sido utilizado como referente, dada a importância dos
rituais (o que tem significado sua perda para a sociedade atual), em
empresas e escolas de negócios.
Numa perspectiva de construção do nacionalismo, a obra de Tarsila do
Amaral O Abaporu (O Canibal) será examinada como referente de
mudança de modelo mental, e a compreensão da antropofagia
modernista como forma de “assimilação” do outro e produção do
novo.

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PREMISSAS

III. Em busca do eldorado no Brasil: Do bandeirismo ao


iluminismo tropical – visão e crença no futuro
oportunizando novos negócios.

Material de responsabilidade do professor Ricardo Carvalho


Século XVIII: ergue-se Vila Rica, avatar do iluminismo cultural, que vai
fundar o ethos civilizatório na América Latina.
Vila Rica sempre vai ter movimentos em busca da liberdade, em busca da
autonomia. O Brasil é nosso, o ouro é nosso, essa coisa do confabular, o que é
confabular? Serão construídas narrativas de confabulação, as conversas quais
sistemas linguareiros preparando a ação. O que é ser livre? Estabelecer metas,
trabalhar em equipe.
Portanto, o bandeirismo paulista aponta para o futuro, para a liberdade, que é a
conjuração. Surge a República, saímos do Império. Levamos para o museu de artes
e ofícios na primeira capital planejada da república – Belo Horizonte – a técnica
com resto de arte. A representação do ofício e das artes.
Chegamos ao século XXI, em que já não existe separação entre o sujeito e o
trabalho, e o artista se autoriza a expor sua subjetividade e interage com a própria
obra.

Material de responsabilidade do professor Ricardo Carvalho


Simbolicamente será feito o percurso rumo a Ouro Preto, e em Vila
Rica será realizado um olhar compreensivo sobre nossas origens, assim como a
busca da liberdade na coragem da conjuração mineira em busca da liberdade.
Nos trópicos, vemos surgir na Vila Rica o Iluminismo Tropical e o Barroco como
metáforas da modernidade. É lição aprendida para o mundo empresarial que a
produção de ideias precisa de autonomia, liberdade e coragem para construir
um senso de propriedade e pertença.
Na liberdade, igualdade e fraternidade desfralda-se o século XIX e com ele a
primeira capital projetada das Américas: Belo Horizonte – o encontro de todos
os ofícios no entremear entre a arte e a técnica: a construção do sentido social
e histórico do trabalho no Museu de Artes e Ofícios de Belo Horizonte – o único
no Brasil – ambiente em um requintado prédio de estilo neoclássico que ainda
abriga a estação ferroviária – das navegações e ferrovias são cinco séculos da
evolução do trabalho e da existência civilizacional do novo mundo.

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PREMISSAS

IV. O homem cordial do Brasil: Ossos do ofício na arte dos


ofícios – do contemporâneo da gestão no país do
futuro.

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De um Brasil independente e imperial, único no mundo de tal
gênero, a um Brasil republicano – e desejado como
“o país do futuro”.

A própria etapa desta viagem é ir ao encontro, agora já nos séculos XX e


XXI, do contemporâneo, com todas as suas turbulências e rupturas. O
maior centro de arte contemporânea do Hemisfério Sul será palco de um
diálogo estético e sensorial sobre a gestão como “gesto de arte” ou a arte
da gestão. A natureza (bioma único de espécies raras de fauna e flora) é
cenário privilegiado entre os enormes galpões que abrigam instalações
gigantescas de renomados e valiosos artistas plásticos contemporâneos.
O espectador não é mais espectador. O convite é o tempo todo este
“entrar dentro da obra” e participar também da sua criação em
processos. Forte inspiração para conquistar o fluxo criativo nas empresas.
Esse exercício será evocado quando de um percurso nos jardins em que a
contemplação favoreça a conexão com a prática empresarial.

Material de responsabilidade do professor Ricardo Carvalho


MATERIAL PARA LEVAR NA BAGAGEM

Valise de saberes e caixa de ferramentas:


Ferramental conceitual/metodológico para levar na viagem como
sinalizador e indicador de sentidos e direções. Arsenal para
guardar na memória os lugares.

Material de responsabilidade do professor Ricardo Carvalho


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E ICONOGRÁFICAS

• ANDRADE, Oswald de. Manifesto antropofágico.


• GOLEMAN, Daniel. A inteligência social. São Paulo: Campus.
• HOLLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil.
• HOLLANDA, Sérgio Buarque de. Visões do paraíso.
• MAUSS, Marcel. O paradigma da dádiva. Revista Brasileira de
Ciências Sociais, São Paulo, v. 13, n. 38.
• MINTZBERG, Henry. As cinco mentes de um executivo. HBR, 2003.
• MONTAIGNE, Michel de. O discurso sobre os canibais. São Paulo:
Martins Fontes.
• MORIN, Edgar. Os 7 saberes da educação do futuro. São Paulo:
Cortez, 2001.
• PINK, Daniel. A revolução do lado direito do cérebro.
• STADEN, Hans. Cadernos de viagem.
• UNESCO. Fundamentos da nova educação.

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