Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Titulo I
Parte geral
1. Evolução histórica do direito comercial
O direito comercial enquanto sistema normativo autónomo regulador da
actividade mercantil, surgiu na época medieval, por volta do século XII, na
Flandres em Itália.
O fraco poder político central e o desenvolvimento do comércio, associado às
corporações de mercadores, que tinham os seus estatutos e tribunais próprios
permitiu que os comerciantes se organizassem, controlando a produção,
distribuição comercial, passando então a ser a classe dominante. O direito
comercial surge assim criado pelos mercadores para regular as suas próprias
actividades.
O direito do comércio – ius mercatorum – surge assim, ajustado à realidade
mercantil adequada às suas características, contrapondo-se ao direito comum
romano-canónico.
O ius mercatorum, tinha como fontes:
- Costumes mercantis;
- Estatutos das corporações de mercadores;
- Jurisprudência dos tribunais consulares;
Pelo que ficou exposto, resulta que o direito comercial nasceu de uma raiz
subjectivista, uma vez que apareceu por iniciativa dos comerciantes para regular
as suas próprias actividades.
Mas o direito comercial pode também ser visto de um teor objectivista, se
atendermos ao acto em si, que será objectivamente comercial, independentemente
da qualidade das pessoas que os pratiquem.
Em Portugal, apesar da proximidade face à Catalunha e à França, nomeadamente
às feiras de Champagne e Lyon, o direito comercial não se autonomizou como
ramo do direito regulador per si, das relações de índole comercial. A actividade
comercial era regulada sobretudo por costumes e por algumas leis constantes nos
forais.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
-1-
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Em 1807 é lançado o code de commerce, que marca o início de uma nova etapa do
direito comercial, acentuando sobretudo o seu carácter objectivo, pondo um pouco
de lado a perspectiva subjectiva com que tinha aparecido, apesar de mais tarde o
código alemão voltar a adoptar uma construção subjectivista do direito comercial.
Com o código francês acentua-se o carácter objectivo do direito comercial, o que
decorre da defesa dos princípios de igualdade, fraternidade e da liberdade, assim o
que passa a interessar é o acto de comércio em si e não a qualidade da pessoa que
pratica o acto.
O primeiro código comercial português nasceu em 1833 pelas mãos de Ferreira
Borges, e o actual redigido por Veiga Beirão, em 1888, adoptam uma perspectiva
objectivista do direito comercial. Assim estabelece o art. 1 CCM “A lei comercial
rege os actos de comércio sejam ou não comerciantes as pessoas que neles
intervém.” Ou seja, para que um acto seja comercial, não é necessário que seja
praticado por um comerciante.
2. Noção de direito comercial português
O direito comercial pode ser entendido como um conjunto de normas jurídicas
que disciplinam os actos de comércio e os comerciantes.
Contudo, o comércio, poder ser entendido em dois sentidos:
1. Comércio em sentido económico: é entendido como actividade de
interposição de circulação de bens ou de interposição de trocas. Há,
todavia certas actividades que embora integrantes do conceito de comércio
em sentido económico não fazem parte do comércio em sentido jurídico,
como sucede com as indústrias extractivas, agricultura, serviços artesanais
e profissões liberais. O comércio em sentido económico é assim entendido
como conjunto de actividades que pertencem ao chamado sector terciário
da economia, relativas à circulação de bens. O sector primário diz respeito
APONTAMENTOS - T.Nogueira
-2-
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
vez, é um direito especial porque apenas regula uma parte específica das relações
que se verificam entre sujeitos privados.
Titulo II
Dos actos de comércio em geral
1. Noção de acto de comércio
Segundo o art. 2 Com “Serão considerados actos de comércio todos aqueles que
se acharem especialmente regulados neste Código, e, além deles, todos os
contratos e obrigações dos comerciantes, que não forem de natureza
exclusivamente civil, se o contrário do próprio acto não resultar”.
A 1.ª parte do artigo refere-se aos actos objectivamente comerciais, isto é,
aqueles que o são independentemente da qualidade da pessoa que os pratica.
A 2.ª parte do artigo refere-se aos actos subjectivamente comercias, isto é,
aqueles qualificados como tal, em virtude de serem praticados por um sujeito que
tem qualidade de comerciante.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
-5-
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
A este propósito cumpre analisar o artigo 230.º CCM, que apresenta uma lista, que
apesar de desactualizada, de actividades consideradas comerciais.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
-6-
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
APONTAMENTOS - T.Nogueira
-8-
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
conexão entre o acto e a actividade comercial, por exemplo se o filho for com ele
para escolher a sua prenda de aniversário, o acto não será subjectivamente
comercial. Note-se que o comerciante não necessita de se identificar como tal,
basta que haja conexão entre o acto e a actividade, sendo que a falta de conexão
pode resultar, do que é dito, do resultado da compra e das circunstâncias que
rodeiam a prática do acto.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 10 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
venda ser comercial, a compra é civil, art. 463.º e 464.º CCM. Contudo, o negócio
vai ser regulado no seu todo pela lei comercial, em cumprimento com o disposto
no art. 99 CCM; porém, no caso do não pagamento, o vendedor só poder exigir a
cada um dos co-obrigados, a uma quota-parte na dívida, e nunca a totalidade
porque o regime da solidariedade típico do comércio não se aplica nestes casos
conforme o estipulado no art. 100.º CCM
Resumo
Requisitos cumulativos para um acto ser subjectivamente comercial
1. O SUJEITO TEM DE SER COMERCIANTE – Artº 13º – O sujeito
adquire a qualidade de comerciante quando pratica reiteradamente, em nome
próprio e profissionalmente actos de comércio;
2. O ACTO NÃO PODE TER NATUREZA EXCLUSIVAMENTE CIVIL –
Os actos que não são exclusivamente civis, são patrimoniais, os actos que são
exclusivamente civis, são pessoais. Actos exclusivamente civis: casamento,
perfilhamento, etc.
3. O QUE RESULTA – Há conexão com a actividade? Não há conexão com a
actividade?. Neste ponto, para averiguar se há ou não conexão, há que apelar à
“teoria da impressão do declaratário” (o homem médio, o bom pai de família).
Pode-se verificar:
• Resulta que tem conexão com o acto do comércio;
• Resulta que não tem conexão com o acto do comércio;
• Não resulta que não haja conexão com o acto do comércio. Dupla negativa,
logo positiva, logo há conexão.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 13 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
FUNÇÃO DO ARTº 230 – Visa catalogar e qualificar quais as empresas que são
comerciais.
EMPRESAS COMERCIAIS – Organização de factores produtivos com
autonomia técnico-funcional. É uma actividade e é uma massificação de actos,
logo esses actos que decompõem estas actividades estão tipificados na lei – Artº
230 – embora de forma implícita. Estes actos, dado que estão tipificados na lei (de
forma implícita) são actos objectivos.
Para Vasco Lobo Xavier, os actos têm de ser fundamentais para a actividade do
comércio, ou seja, têm de ter conexão com o próprio sujeito. Caso seja
fundamental teremos de aferir se o referido acto é objectivo implícito, civil ou
subjectivamente comercial.
Para Coutinho de Abreu, os actos têm de ser típicos da actividade do comércio,
ou seja caracterizadores da actividade do comércio. Assim sendo, se o acto é
típico teremos de aferir se o referido acto é objectivo implícito, civil ou
subjectivamente comercial.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 14 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
2. SE FOR COMERCIANTE:
a) Ver se o acto é objectivamente comercial de forma explícita, ou seja, se
está tipificado na lei;
b) Se não for, pode ser subjectivamente comercial;
c) Se não for, é civil.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 15 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Desta forma respondem por elas todos os bens comuns do casal e, na insuficiência
deles, solidariamente, os bens próprios de qualquer dos cônjuges – Artº 1695/1.
Só assim não será, de acordo com o Artº 1691/1-d), se se provar que as ditas
dívidas, embora derivadas da actividade comercial do devedor, não foram
contraídas em proveito comum do casal, ou seja é sobre o cônjuge que recai o
ónus da prova.
Por outro lado, segundo o Artº 15º do Código Comercial, “as dívidas comerciais
do cônjuge comerciante presumem-se contraídas no exercício do seu comércio”.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 16 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
O cônjuge do devedor poderá, ainda, para evitar que os seus bens respondam pela
dívida, ilidir a presunção do Artº 15º do C. Com., provando que a dívida não tem
qualquer conexão com o exercício do comércio do devedor.
Capítulo I
Os sujeitos
Secção I
Dos comerciantes
1. Sujeitos qualificáveis como comerciantes
Art. 7 CCM “Toda a pessoa, nacional ou estrangeira, que for civilmente capaz de
se obrigar, poderá praticar actos de comércio, em qualquer parte destes reinos e
seus domínios, nos termos e salvas as excepções do presente Código”
Artigo13.º
Quem é comerciante
São comerciantes:
1.º As pessoas, que, tendo capacidade para praticar actos de comércio, fazem
deste profissão;
2.º As sociedades comerciais
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 17 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 18 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
no n.º 1 CSC, sendo-lhe aplicado o regime das sociedades comerciais, art. 1 n.º 4
CSC. Esta sociedades – sociedades civis sob forma comercial - não praticam
contudo, actos subjectivamente comercias nem são comerciantes.
Além das sociedades comercias, há outras pessoas colectivas que podem ser
comerciantes, como empresas públicas, empresas municipais e intermunicipais,
entidades públicas empresariais, agrupamentos complementares de empresas e
agrupamentos europeus de interesses económicos cooperativos. Estas entidades,
podem ser comerciantes, quando tenham por objecto a prática de actos
comerciais.
Podendo estas entidades ser qualificadas como comerciantes, onde será que elas
se enquadram no n.º 1 ou no n.º 2 do art. 13.ºCCM?
Alguma doutrina, entende que quando o n.º 1 se refere a “pessoas” apenas tem
como objectivo abarcar pessoas físicas; Coutinho de Abreu não subscreve esta
posição, porque em regra as pessoas tanto podem ser singulares como colectivas,
dai que o termo usado abarca as duas realidades. Alguns autores entendem que o
enquadramento de tais entidades se deve fazer nos termos do n.º 2 do art. 13.º
CCM.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 23 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Secção II
A empresa
1. A empresa em sentido jurídico
Saber o que é uma empresa em sentido jurídico, isto é, o que o que ela consiste, o
que a caracteriza e distingue dos restante fenómenos jurídicos, não é fácil,
existindo alguns autores que começam por oferecer um conceito pré-jurídico de
empresa e a caracterizam como produto da vida, contudo, no dizer de Coutinho de
Abreu ser rejeitada tal posição.
Para designar o fenómeno empresarial, empregam-se palavras como “empresa” e
“estabelecimento” sendo que em tese geral, não haverá problemas em utiliza-las
como sinónimos.
Não há nenhum conceito geral e operacional de empresa, Orlando de Carvalho,
todavia, defende que só será empresa aquilo que tiver como fim a produção de
algo destinado à troca, a empresa será assim um centro emissor e receptor de
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 24 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 26 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 27 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 29 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Para grande parte da doutrina, estas duas últimas empresas constituem um novo
tipo de sociedades comerciais, porque apesar da sua designação, o seu regime é
semelhante ao das sociedades comerciais, possuindo inclusive, capital social. O
seu regime segue grande parte do direito privado, salvo no que se refere ao
processo de recuperação e insolvência.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 30 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Titulo II
Sinais distintivos de comércio
1. A firma
Como sabemos, nos termos do art. 18.º n.º 1 CCM uma das obrigações especiais
dos comerciantes é a adopção de uma firma. Esta obrigação assume, contudo,
contornos muito diferentes consoante estejamos perante uma pessoa singular, isto
é, uma comerciante em nome individual ou perante uma pessoa colectiva, isto é,
uma sociedade comercial. No que se refere às pessoas singulares a não
constituição de uma firma significa a não obtenção de uma nome comercial, sem
contudo, ser aplicado qualquer sanção ao comerciante. No caso das sociedades
comerciais, a sua constituição implica necessariamente a obtenção do certificado
de admissibilidade da firma, o que significa que a constituição de uma firma no
caso de pessoas colectivas é requisito constitutivo para sua formação.
1.2 Noção
A firma pode ser definida como o nome comercial de um comerciante, servindo
para identificar a sua actividade comercial. A firma tem ainda como função
identificar todas as pessoas colectivas, ainda que não pratiquem actos de
comércio. Qualquer pessoa colectiva tem de possuir uma firma, mesmo que não
seja comerciante, embora a firma se destine por excelência a caracterizar
comerciantes.
1.3 Formas de constituição de uma firma
O mecanismo de constituição de uma firma está regulado pelo Registo Nacional
de Pessoas Colectivas, que estabelece nos artigos 36.º a 38.º as formas pelas quais
podem ser constituídas firmas.
A análise deste artigo permite concluir, que existem três formas pelas quais
podem ser denominadas as firmas das pessoas colectivas:
1. Nome dos sócios que a compõem;
2. Denominação fantasia, mediante expressão alusiva à actividade desenvolvida;
3. Denominação mista, onde conste o nome dos sócios e expressão alusiva à
actividade desenvolvida;
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 31 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
A firma do comerciante individual por sua vez, nos termos do art. 38.º RNPC
apenas pode ser constituído “O comerciante individual deve optar uma só firma,
composta pelo seu nome, completo ou abreviado, conforme seja necessário para
identificação da pessoa, podendo aditar-lhe alcunha ou expressão alusiva à
actividade””
1. Pelo nome civil do comerciante ou alcunha que é conhecido;
2. Denominação mista, onde conste o nome individual do comerciante e uma
expressão alusiva à actividade desenvolvida;
2. Nome do estabelecimento:
É o sinal nominativo que designa ou individualiza um estabelecimento, visando
essencialmente distingui-lo dos demais.
3. Insígnia do estabelecimento
É o sinal figurativo ou emblemático individualizador de um estabelecimento,
visando essencialmente distingui-lo dos demais.
4. Princípios jurídicos
1. Princípio da verdade: de acordo com este princípio a designação da
firma não pode induzir o público nem quem contrata com o
comerciante, em erro, a firma deve por isso, identificar o comerciante
de modo claro e verdadeiro. O nome de uma firma, pode não dar por si
qualquer indicação quando à natureza ou actividade exercida pela
mesma, como sucede no caso das denominações fantasia. Contudo,
quando o nome da firma conter tais informações elas devem ser
fidedignas. No que concerne às sociedades comerciais, quando a sua
designação, conter o nome dos sócios, deverá, na eventualidade de um
deles sair, ser alterada. O sócio que sair poderá sempre autorizar que a
sociedade continue a usar o seu nome, mas neste caso, para não haver
violação do principio da verdade, será responsabilizado pelos prejuízos
que causar a terceiro, pelo que continua a responder com seu
património apesar de formalmente não fazer parte da sociedade
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 32 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 36 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
6. Alteração da firma
Consta do art. 56.º RNPC que a alteração da designação de uma firma deverá ter
lugar sempre que tal se mostre imperativo para dar cumprimento ao princípio da
verdade, o que acontece por exemplo, no caso de saída de um sócio da sociedade
comercial ou no caso do comerciante em nome individual alterar o seu nome civil.
7. Transmissão da firma
O art. 44.º RNPC como sabemos, em cumprimento do princípio da verdade, não
existe uma verdadeira transmissão da firma, quando muito pode verificar-se um
aditamento ao nome de uma firma, fazendo referencia à anterior. 1. O adquirente,
por qualquer título entre vivos, de um estabelecimento comercial pode aditar à
sua própria firma a menção de haver sucedido na firma do anterior titular do
estabelecimento, se esse titular o autorizar, por escrito” 2. Tratando-se de firma
de sociedade onde figure o nome de sócio, a autorização deste é também
indispensável. 3 No caso de aquisição, por herança ou legado, de um
estabelecimento comercial, o adquirente pode aditar à sua própria firma do
anterior titular do estabelecimento, com a menção de nele haver sucedido. 4. É
proibida a aquisição de uma firma sem a do consentimento a que se achar
ligada”.
De acordo com o art. 62.º RNPC “ o uso ilegal de uma firma ou denominação
confere aos interessados o direito de exigir a sua proibição, bem como a
indemnização pelos danos dai emergentes, sem prejuízo da correspondente acção
criminal, se a ela houver lugar”.
Secção II
A propriedade industrial
O Código de Propriedade Industrial divide-se em duas partes:
1. Parte geral – Comum a todos os sinais distintivos do comércio;
2. Parte Especial – Composto por normas reguladoras para cada sinal distintivo
do comércio.
Artº 4 e 257 do Código da Propriedade Industrial – Estes dois artigos admitem
explicitamente o direito de propriedade de coisas incorpóreas, ou seja, de sinais
distintivos do comércio. Assim sendo, vamos recorrer ao regime do direito de
propriedade geral – Artº 1302 e 1303 CC, para os sinais distintivos do comércio.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 38 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
p. ex. não forem pagas as taxas ou se não se usar o direito durante cinco anos –
Artº 36 e 245.
O nome e a insígnia
1. Noção
O nome e a insígnia são coisas diferentes apesar de se encontrarem associados.
Diferentemente do que se passa com a constituição das firmas, em que a sua
constituição é obrigatória, a constituição de nome e de insígnia é facultativa.
Contudo, normalmente é usual a adopção de um nome, até porque grande parte do
aviamento do estabelecimento está dependente da sua capacidade para se
distinguir dos restantes estabelecimentos concorrentes, sendo que essa distinção
passa em grande parte pelo nome do estabelecimento.
O nome pode ser entendido como o sinal nominativo constituído por palavras,
que designa ou individualiza um estabelecimento enquanto a insígnia diz respeito
a um sinal figurativo ou emblemático, constituído por, desenhos, símbolos, sinais
figurativos que identificam o estabelecimento, assim consta do art. 284.º do
código de propriedade industrial, (CPI). “ Considera-se insígnia de
estabelecimento qualquer sinal externo composto de figuras desenhos, simples
combinações com os nomes ou denominações referidos no artigo anterior, ou
com outras palavras ou divisas desde que o conjunto seja adequado a distinguir o
estabelecimento”.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 39 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Quer o nome quer a insígnia estão regulados nos artigos 282.º ss CPI. “ Todos os
que tiverem legítimo interesse, designadamente agricultores, criadores,
industriais, comerciantes e demais empresários, domiciliados ou estabelecidos
em qualquer lugar do território português, têm o direito de adoptar um nome e
uma insígnia para designar, ou tornar conhecido, o seu estabelecimento, nos
termos das disposições seguintes.”
Tal como sucedeu com a firma, relativamente ao nome e insígnia vamos estudar
os princípios que norteiam a sua constituição, bem como a sua garantia. Quanto
aos princípios que se devem observar na constituição do nome insígnia, eles são
os mesmos operados na constituição das firmas, embora devam ser interpretados
em moldes diferenciados precisamente porque agora estamos num âmbito de
protecção diferente.
3. Princípios jurídicos
1. Princípio da verdade: este princípio não pode ser entendido nos
mesmos moldes em que é visto para a firma, aqui o nome ou insígnia
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 40 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 46 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 47 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Secção III
A marca
1. Noção
A marca é um sinal distintivo susceptível de representação gráfica, destinada
sobretudo a distinguir certos produtos de outros produtos idênticos ou afins. Os
princípios orientadores na constituição da marca estão em consonância com o que
se disse em relação à constituição da firma, nome e insígnia, e vêm regulados nos
art. 222.º ss CPI.
2. Espécies de marcas
As marcas podem ser de diferentes espécies atendendo a diversos critérios:
2.1 natureza das actividades a que se ligam
Mmarcas de indústria, de comércio, de agricultura, de serviços, etc. art. 225.º al.
a, b, c, e.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 48 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
A marca pode ser constituída de modo quase ilimitado, mas terá sempre
subjacentes questões relacionadas com marketing e com a obtenção da maior
clientela possível. Assim, a marca protege sobretudo o seu titular.
Por último a marca tem ainda como função, garantia de qualidade do produto.
Em suma a marca tem como funções: distintiva; publicitária, indicação de origem,
protecção do comercializador; garantia de qualidade.
4. princípios jurídicos
1. Princípio da verdade: o princípio da verdade no que concerne à
constituição das marcas tem de ser entendido com uma certa
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 50 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
5.2 O registo
O registo da marca confere ao seu titular o direito de propriedade sobre a mesma,
assim este pode usar a marca em todos os seus produtos, serviços, podendo
inclusive transmitir a marca, quer de modo definitivo quer mediante
licenciamento, sem a respectiva transmissão da empresa, art. 262.º CPI “ Os
registos de marcas são transmissíveis se tal não for susceptível de induzir o
público em erro quanto à proveniência do produto ou do serviço ou aos
caracteres essenciais para a sua apreciação.”
Trespassando-se um estabelecimento, transmite-se naturalmente a marca, a ele
legadas, do mesmo modo, transferindo-se um estabelecimento a título temporário,
vale também a regra da transmissão natural.
A transmissão inter vivos das marcas quando não integrada num negócio sobre o
estabelecimento, deve fazer-se por documento escrito, art. 31.º n.º 6 CPI. Sendo
que em qualquer dos casos, a transmissão só produz efeitos em relação a terceiros
depois do respectivo averbamento no INPI, art. 30.º n.º 1 e 2 CPI:.
Note-se que os direitos conferidos pelo registo de marca no nosso pais, são
eficazes em todo território nacional, art. 4.º CPI
Exemplo
Se, por exemplo o Sr. A começa a usar certa marca sem registo, e B
posteriormente começa a usar a mesma marca e requer o respectivo registo ao
INPI, a lei protege o interesse do Sr. A, concedendo-lhe o direito de pedir e obter
para sí o registo da marca em detrimento do Sr. B, mas com uma condição: a de
que o uso de A ainda não tenha excedido a duração de seis meses e ele apresente a
sua reclamação dentro desse prazo. O uso da marca confere, portanto, um direito
de prioridade para o seu registo, embora apenas limitado no tempo.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 55 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Pode, no entanto acontecer outra situação, de marcas ainda não registadas, o INPI
pode reconhecer, que sendo uma marca usada pelo Sr. A, e aparecendo o Sr. Ba
requerer o registo, B pretende fazer concorrência desleal a A, ou que esta é
possível independentemente as sua intenção, pode recusar o registo requerido por
B.
O registo da marca confere ao seu titular um direito sobre esta pelo prazo de 10
anos, renováveis (art. 255.º CPI).
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 56 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Nota: nos termos do art. 255.º CPI os direitos conferidos pelo registo caducam no
prazo de 10 anos, contudo, a sua renovação é admitida sem qualquer limite
temporal diferentemente do que acontece com as patentes em que o prazo de
registo é limitado.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 58 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
9. Licenciamento da marca
A transmissão da marca como ficou exposta implica a sua transmissão definitiva
por parte do cedente. Não obstante, a marca pode ser alvo de outro tipo de
contratos de transmissão não definitiva da mesma, trata-se de contratos que
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 59 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 60 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Usurpação:
• Imitação – Quando há alguns elementos comuns susceptíveis de
confundibilidade;
• Contratação ou reprodução – Alguém está a utilizar uma marca sem sequer
a ter modificado.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 62 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Artº 274
Ver artº 829 /A CC - Sanão pecuniária compulsória
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 63 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Titulo III
Títulos de crédito
1. Conceito de crédito
CRÉDITO – Troca de prestação presente por prestação futura. Este deferimento
das prestações pode resultar de:
• Convenção das partes ou;
• O crédito pode fazer parte da própria estrutura do negócio jurídico. Exemplo:
um crédito.
Títulos de crédito (TC): Sendo o crédito a troca de uma prestação presente por
uma prestação futura, pelo que os títulos de crédito são documentos escritos
constitutivos pois os direitos só podem ser exercidos com a sua presença, sendo
direitos cartulares (documentais) ou sejam direitos incorporados no título, cujo
exercício não pode ser efectuado sem a sua presença, sendo por isso eficaz, seguro
e rápido na transmissão dos respectivos créditos, vêm assim facilitar essa troca.
2. Características
- 4 Cumulativas:
- Incorporação ou legitimação
- Circulabilidade
- Literalidade
- Autonomia
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 64 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
A lei presume que o possuidor é o seu verdadeiro proprietário, pelo que o devedor
terá de cumprir perante o seu portador, e caso o possuidor não coincida com o seu
verdadeiro titular este só poderá exigir o direito de regresso do possuidor.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 65 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Cheque: Ordem de pagamento à vista dada pelo sacador ao Banco (sacado), pode
ser Nominativo, à ordem ou ao portador:
- Nominativo: Quando tem o nome do beneficiário e é cruzado,
tendo a clausula “não à ordem”.
- Ordem: Quando tem o nome do beneficiário, mas não é cruzado
- Portador: Quando não tem nome, está em branco.
Letra: Ordem de pagamento a prazo, dada pelo credor (sacador), sobre o devedor
(sacado), regra geral é um TC à ordem, podendo transformar-se em TC ao
portador pelo endosso em branco.
O endossante é co-responsável solidariamente perante terceiros no pagamento da
letra, só não sendo responsável o último tomador, como é responsável o sacador,
quando o banco lhe antecipa o valor TC
Pelo que sempre que exista falta de pagamento ou falta de aceite, essa recusa deve
ser certificada através de protesto junto do notário, cfr. art.º 44 LULL.
O protesto pode ser dispensado sempre que exista a clausula se “sem protesto” ou
“sem despesas”.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 66 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Saque: Acto pelo qual o sacador emite uma ordem de pagamento ao sacado, o
sacador é também solidariamente responsável pelo pagamento da obrigação
pecuniária constante do TC caso haja endossos, caso o sacado não o pague o TC
na data do seu vencimento.
Aceite – Art.º 21 e ss. LULL: Declaração de vontade pela qual o sacado assume a
obrigação cambiária principal, ou seja a de pagar na data do seu vencimento uma
determinada quantia, que está inscrita no TC.
Art.º 22, O sacador também pode proibir na própria letra a sua apresentação a
aceite, caso em que é uma letra pagável à vista, que em caso de não pagamento, a
acção será proposta só contra o sacador e os endossantes, cfr. art.º 44 LULL.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 67 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 69 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Na Idade Média, dados os riscos enormes que comportava o transporte, por estradas
pouco seguras e infestadas de salteadores, de grandes quantias de dinheiro, os
comerciantes começaram a entregar o seu numerário a banqueiros, que lhes entregavam
em troca uma carta dirigida a um outro banqueiro estabelecido na localidade onde o
comerciante pretendia efectuar pagamentos, normalmente de mercadorias que ia adquirir
para o seu comércio.
Com o decurso do tempo, tornou-se progressivamente usual utilizar a própria letra para
novos pagamentos, escrevendo nela sucessivas ordens de pagamento a favor de novos
destinatários. Cada título passou a servir para solver sucessivas obrigações, promovendo-
se desta forma a facilitação da concessão e transmissão de créditos.
Desta origem do primeiro dos títulos até ao presente, uma longa evolução decorreu, mas
sempre tendo como base a mesma função: satisfazer de forma eficaz as necessidades da
vida económica no que toca à simplicidade, rapidez e segurança da circulação da riqueza.
Por isso, aos títulos de crédito se chama títulos negociáveis ou circuláveis.
O título garante ao titular do direito que só a ele pertence o direito e não a qualquer outra
pessoa que pretenda arrogar-se tal titularidade. Assim, a emissão do título de crédito
incentiva o credor a conceder o crédito pelo meio próprio de cada espécie de títulos.
Favorece também a posição do devedor: se este paga a quem se mostra legitimado pela
posse do título segundo a respectiva lei de circulação, liberta-se da obrigação, mesmo
que, na realidade, essa pessoa não fosse o verdadeiro titular.
Dá aos terceiros de boa fé, que venham a adquiri-lo, a tranquilidade de que serão, um
após outro, sucessivos titulares de direitos, sem que lhes possam ser opostas pelo devedor
as excepções oponíveis aos anteriores possuidores.
O título de crédito é assim um documento necessário para exercitar o direito liberal e
autónomo nele mencionado.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 70 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Todos eles se disporão a aceitar a emissão e transmissão dos títulos se puderem ter
absoluta confiança em que:
- O titular é quem tem o título em seu poder e por isso está habilitado
para exercer o direito nele referido;
- Cada titular poderá com toda a facilidade transmitir esse título, para
realizar o valor dele, sem necessitar de esperar pelo cumprimento da
obrigação correspondente ao direito nele mencionado;
- O teor literal do título corresponde ao direito que ele representa;
- A posição jurídica do actual detentor do título não poderá ser posta
em causa pela invocação de excepções oponíveis aos anteriores
detentores do título;
O direito cartular tem a sua origem numa relação jurídica que precede o nascimento do
título de crédito - a relação subjacente ou fundamental - da qual podem resultar, ou
apenas um direito para uma das partes e correlativa obrigação para a outra, ou recíprocas
direitos e obrigações para as duas ou mais partes em confronto.
Incorporação ou legitimação:
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 71 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Surgem duas consequências muito importantes: mesmo que o possuidor do título não seja
o verdadeiro titular do direito, ele estará legalmente habilitado a exerce-lo ou transmiti-lo.
O titular do direito estará impossibilitado de exercê-lo ou transmiti-lo se não tiver a posse
do título. Só o possuidor formalmente legítimo do título é que pode exercer o direito
cartular, só ele é que pode transmitir para outrem esse direito.
Isto resulta de uma presunção jurídica de que o possuidor do título está de boa fé e de que
é ele o verdadeiro dono, o titular do direito sobre o próprio título.
O regime jurídico dos títulos de crédito assenta numa presunção de boa fé dos sucessivos
detentores do título.
Ao substituir por essa presunção a regra geral do direito civil, que exige a coincidência da
titularidade do direito com a legitimidade para o seu exercício, o regime dos títulos de
crédito visa reforçar as condições de circulabilidade dos títulos e o desempenho da sua
correlativa função jurídico - económica.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 72 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Circulabilidade:
Os títulos de crédito destinam-se a circular. A sua própria destinação jurídico - económica
implica a potencialidade de serem transmitidos da titularidade de uma pessoa para a de
outra, sucessivamente.
Os documentos que não comportem a possibilidade de circulação não podem ser
considerados como títulos de crédito. Não basta a mera possibilidade da circulação para
que determinados documentos possam como tais ser qualificados. É necessário que esses
documentos sejam destinados à circulação.
Isto não significa que a circulação dos títulos de crédito não possa ser de modo nenhum
condicionada ou regulada.
Literalidade:
O direito cartular é um direito literal, porque para a determinação da sua existência,
conteúdo, limites e modalidades daquele direito é exclusivamente decisivo o teor do
próprio titulo.
E é assim porque a estrita ligação do título com o direito que ele incorpora torna
logicamente indispensável que tal direito valha apenas nos termos que são revelados
pelos dizeres do documento.
Os sucessivos portadores do título podem estar seguros de que só os termos do próprio
título é que os vincula. Nem o possuidor pode exigir ao devedor o que não conste do
título, nem o devedor pode alegar meios de defesa que o documento não mencione.
Os títulos de crédito valem precisamente segundo os termos que a sua letra revela, para
que a sua circulabilidade seja plena.
A letra do título não tem de exprimir todas as regras e condições pertinentes ao direito
cartular.
A literalidade não assume intensidade igual em todos os títulos.
É mais directa e completa nos títulos abstractos, que são aqueles que, além de não terem
uma causa-função típica, são independentes da respectiva causa concreta.
É indispensável que o documento dê a conhecer todos os elementos identificadores dos
termos, limites e modalidades de cada obrigação constante do título.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 73 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Já nos títulos causais, cuja causa-função é típica e única, estando o título a ela vinculado,
esta característica surge mais difusa. Não se cogita de incluir senão os elementos
indispensáveis para a identificação da sociedade emitente e a delimitação básica da
situação jurídica do titular.
Autonomia:
O direito representado pelo título de crédito é autónomo, em dois sentidos:
1 - Existe a autonomia face ao direito subjacente. O direito cartular tem a sua origem
numa relação jurídica logicamente anterior ao surgimento do título - a relação subjacente
ou fundamental. O direito cartular é autónomo do direito subjacente;
2 - Existe a autonomia face aos portadores anteriores. O direito cartular é autónomo,
porque cada possuidor do título, ao adquiri-lo segundo a sua lei de circulação, adquire o
direito nele referido de um modo originário, independentemente da titularidade do seu
antecessor e dos possíveis vícios dessa titularidade. Todo se passa como se o direito
cartular não fosse propriamente transmitido, mas adquirido de forma originária, de cada
vez que o título circula para um novo titular;
6. Títulos impróprios
Habitualmente não são considerados como títulos de crédito certos documentos que,
muito embora tenham, em geral, as mesmas características daqueles, não as têm
geneticamente, também se afastando deles no tocante à sua função jurídico-económica e,
por isso, quanto à característica de circulabilidade, sendo designados como impróprios.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 74 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
7. Tipologia – Classificações:
Critério da causa-função, ou do nexo com a relação subjacente
Segundo este critério, consideram-se duas espécies de títulos:
1 - São títulos causais os que se destinam a realizar uma típica e única causa - função
jurídico económica, inerente a um determinado tipo de negócio jurídico subjacente, do
qual resultam direitos cuja transmissão e exercício o título se destina a viabilizar ou
facilitar. Exemplo disso são as acções das sociedades anónimas.
2 - São títulos abstractos aqueles que não têm uma causa-função típica, pois são aptos a
representar direitos emergentes de uma pluralidade indefinidamente vasta de causas-
funções. Estes títulos são independentes da respectiva causa. O devedor não pode invocar
contra o portador do título excepções fundadas na relação subjacente, que é a causa
mediata da sua obrigação e do correlativo direito do portador.
A abstracção da causa significa que o direito e a obrigação cartular são independentes da
sua causa, no sentido de que eles são vinculativos independentemente dos vícios de que
tal causa possa padecer, os quais são inoponíveis ao portador.
A relação subjacente ou fundamental é apenas a causa mediata ou remota do título e de
cada direito / obrigação cartular, no sentido de que este visa incorporar um dos direitos
originados por aquela relação jurídica, direito esse que poderia perfeitamente subsistir
sem o título de crédito.
Quer os títulos causais, quer os abstractos, têm sempre uma dada causa: nenhum direito
surge sem uma causa, nenhuma transmissão de direito se opera sem uma causa. O que
pode ocorrer é que o título seja propício a dar guarida apenas ao direito provindo de um
dado tipo de causa - será o tipo causal - ou que ele tenha aptidão de recobrir direitos
oriundos de uma variedade atípica de causas - será um título abstracto.
A maior parte dos títulos de crédito hoje em uso incorporam direitos de crédito em
sentido estrito, geralmente direitos a uma prestação pecuniária, e por isso se designam
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 75 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
como títulos de crédito propriamente ditos. É o que sucede com: as letras e livranças, os
cheques, os extractos de factura, etc...
Títulos ao portador: São os que não identificam o seu titular e transmitem-se por mera
tradição manual, por entrega real do documento: o titular é quem for detentor do
documento - art.°483 do C. Com.
O possuidor presumir-se-á sempre o titular do crédito de propriedade do título e, com ele,
do direito cartular, estando por isso legitimado para o exercer.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 76 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Títulos à ordem: São os que mencionam o nome do seu titular, tendo este, para transmitir
o título e, com ele, o direito cartular, apenas de nele exarar o endosso: uma declaração
escrita, no verso do título, ordenando ao devedor que cumpra a obrigação para com o
transmissário e / ou manifestando a vontade de transmitir para este o direito incorporado -
art.°483 do C. Com.
Este endosso que produz o efeito de transmitir a propriedade do título e o direito cartular,
diz-se endosso translativo. Dele importa distinguir, por não terem essa finalidade nem
esse efeito outros tipos de endosso.
O chamado endosso em branco, caracterizado por não mencionar o nome do endossado,
limitando-se o endossante a subscrever o título, o qual passa a partir de então a ser um
título ao portador em vez de um título à ordem, porque ele passará a circular, de pleno
direito, por mera tradição, enquanto não for inserido o nome de detentor no espaço em
branco.
Títulos nominativos: Mencionam também o nome do seu titular e a sua circulação exige
um formalismo complexo, do qual é exemplo modelar o regime da circulação das acções
nominativas: para que a sua transmissão seja válida, deve ser exarada nos próprio título,
pelo transmitente, uma declaração de transmissão, bem como que nele seja lavrado a
quem pertence, isto é, que no local adequado seja inserido o nome do novo titular; além
disso, é ainda necessário o averbamento do acto no livro de registo da acções da
sociedade emitente.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 77 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
regulados na lei. Porém, essa possibilidade genérica sofre limitações muito significativas,
que reduzem a bem pouco o seu alcance:
I. Quer a lei, quer a natureza das coisas, podem restringir a certas categorias de
pessoas ou entidades a emissão de certos títulos de crédito. É o que se passa com os
títulos de dívida pública, que só podem ser emitidos por entes públicos legalmente
competentes; ou com as acções, que só podem ser emitidas por sociedades anónimas ou
em comandita por acções; ou os títulos de participação que só podem ser emitidos por
empresas públicas ou sociedades anónimas pertencentes maioritariamente ao Estado.
No escasso terreno de aplicação deixado livre por estas restrições é que poderá conceber-
se a criação de títulos de crédito inominados.
11. Principais títulos de crédito - Os títulos cambiais: Letra, Livrança e
Cheque
A Letra:
A letra é um título de crédito através do qual o emitente do título - sacador dá uma ordem
de pagamento - saque, de uma dada quantia, em dadas circunstâncias de tempo e lugar, a
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 78 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
um devedor - sacado, ordem essa a favor de uma terceira pessoa - tomador. Ex.: o sacador
A (credor) dá ordem de pagamento ao sacado B (devedor) a favor do tomador C (Banco).
Temos assim uma sucessão de co-obrigados à mesma prestação, que forma a chamada
cadeia cambiária, na qual têm posições diversas apenas na medida em que cada um se
obriga só perante os posteriores titulares, embora todos se obriguem solidariamente
perante o portador.
Resta referir que a eficácia das obrigações cambiárias de garantia depende, em regra, da
comprovação da falta de aceite ou de pagamento pelo sacado, que o portador deve
promover através do protesto no cartório notarial competente.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 79 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
A Livrança:
A livrança menciona uma promessa de pagamento de uma certa quantia, em dadas
condições de tempo e lugar, pelo seu subscritor ou emitente, a favor do tomador ou de um
posterior endossado que for seu portador legítimo no vencimento.
O Cheque:
O cheque exprime uma ordem de pagamento, de determinada quantia, dada por um
sacador a um sacado, que tem a peculiaridade de ser necessariamente um banqueiro, ou
uma instituição de crédito habilitada a receber depósitos de dinheiro mobilizáveis por
essa forma, e a favor de uma pessoa denominada tomador, que pode ser ou não
individualizada. O cheque constitui um meio de pagamento, ao próprio depositante ou a
terceiro, a realizar por força do depósito que o sacador tem na instituição de crédito.
Como o cheque é livremente circulável, ele pode desempenhar a função de transmitir o
crédito, o direito ao pagamento pelo banco da quantia nele mencionada, porque a ordem
de pagamento e os sucessivos actos de transmissão do título não têm uma causa-função
típica, antes podem ter como causa relações subjacentes da mais variada espécie, trata-se
de um título abstracto.
Quanto à forma de circulação, o cheque pode ser título à ordem, quando contém o nome
do beneficiário da ordem de pagamento, que o pode transmitir por endosso; e pode ser
título ao portador, quando não contém o nome do beneficiário da ordem, sendo
transmissível por mera entrega real.
É ainda concebível o cheque pagável a determinada pessoa, mas com a cláusula "não à
ordem", o qual, à semelhança da letra, só é transmissível pela forma e com os efeitos de
uma cessão ordinária de créditos.
O cheque é também um título rigorosamente formal.
No cheque, o sacador e os endossados são solidariamente responsáveis pelo pagamento
do cheque, no caso de falta de cumprimento do sacado, devendo a falta deste, em
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 80 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
O cheque comprado (vulgo cheque bancário), que se caracteriza por ser emitido por um
banco contra si mesmo: ele é ao mesmo tempo o sacador e o sacado. Uma pessoa que
pretenda remeter ou levantar fundos para outra praça compra o cheque ao banco, que o
emite a favor da pessoa indicada pelo comprador.
O cheque viagem, que é uma espécie de cheque comprado, caracterizado por conter a
assinatura do tomador, lançada no cheque no momento da compra, devendo o tomador
nele lançar uma segunda assinatura, para evitar fraudes, quando pretender receber o seu
montante no banco, ou transmiti-lo.
Extracto de factura:
O extracto de factura é um título de crédito em sentido restrito, à ordem, que deve ser
emitido sempre que, no contrato de compra e venda mercantil a prazo entre comerciantes,
a obrigação de pagar o respectivo preço não for titulada por uma letra.
A emissão deste título pressupõe a realização de uma compra e venda de mercadorias
entre comerciantes estabelecidos no território nacional português, na qual o preço deva
ser pago a prazo certo.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 81 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
O vendedor deve emitir uma factura, que será acompanhada de um extracto e remetida ao
comprador. Este deverá ficar com a factura e aceitar o extracto, devolvendo-o ao
vendedor dentro do prazo aplicável.
O extracto factura envolve necessariamente a cláusula à ordem, expressão com a qual o
legislador quis claramente caracterizá-lo como um título de crédito, visto ser destinado à
circulação, que pode ser realizada por endosso.
Trata-se de um título rigorosamente formal, visto enumerar com detalhe os elementos que
ele deve mencionar.
Acções:
Denomina-se acção cada uma das fracções, de valor igual, em que se divide o capital
social de uma sociedade anónima, bem como as participações no capital de uma
sociedade em comandita por acções que sejam detidas pelos sócios comanditários.
As acções podem ser representadas por títulos predispostos para a circulação e que
reúnem as características gerais dos títulos de crédito, os quais são igualmente
denominados - acções.
As acções são títulos de participação social que representam uma situação jurídica de
sócio, um feixe de direitos e obrigações de seu titular face à sociedade emitente. As
acções incorporam essa situação jurídica, pois os respectivos titulares só podem exercer
os direitos pertinentes à sua condição de accionistas desde que detenham os títulos. Só
podem transmitir essa situação jurídica através da alienação dos próprios títulos, segundo
as modalidades que a lei consente.
Tais modalidades são apenas duas: acções ao portador e nominativas. A emissão por uma
sociedade de acções de ambas ou apenas de uma destas espécies decorre do que estiver
previsto nos seus estatutos.
As acções escriturais têm necessariamente que ser registadas, uma vez que não são
representadas por títulos.
A par das acções ordinárias, podem ser estatutariamente criadas acções preferenciais que
conferem certos direitos especiais aos accionistas delas detentores. Existem duas
categorias destas acções preferenciais:
- Acções preferenciais sem voto – Art.º 341 a 344 CSC: conferem aos
seus titulares todos os direitos das acções ordinárias, excepto o de
voto e ainda o direito a um dividendo prioritário, não inferior a 5% do
seu valor nominal, bem como o direito a um reembolso prioritário em
caso de liquidação da sociedade.
Obrigações:
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 84 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Consistem em partes, de igual valor, em que se divide o débito colectivo assumido, sob
determinadas formas e condições, pelas sociedades e demais entidades autorizadas a
emiti-las.
No nosso país, podem emitir obrigações: - sociedades anónimas; - sociedades por quotas;
- outras entidades, mediante autorização por despacho do Ministro das Finanças;
A emissão de obrigações deve ser deliberada pelos sócios, estando também sujeita a
registo comercial.
Outros títulos:
Os títulos de participação são títulos de crédito, que apenas podem ser emitidos por
empresas públicas ou sociedades anónimas de capitais maioritariamente pertencentes ao
Estado, directa ou indirectamente, e que conferem direito a uma remuneração anual
composta de uma parte fixa e de uma variável - esta dependente da actividade ou dos
resultados da empresa apenas podendo ser reembolsados em caso de liquidação da
empresa. Podem ser nominativos ou ao portador.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 85 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
A lei não leva tão longe o alcance da característica da incorporação, antes dispõe o meio
técnico-jurídico adequado para assegurar a sobrevivência do direito cartular, através da
chamada reforma dos títulos de crédito.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 86 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Não é igual o regime da reforma dos títulos destruídos e dos perdidos ou desaparecidos.
O legislador teve manifestamente em conta a circunstância de que, quanto aos primeiros,
não existe o risco de virem a reaparecer, que existe quanto aos segundos.
Daí que se preveja a publicação de avisos convidando a pessoa que tiver o título
desaparecido em seu poder a vir apresentá-lo.
A sentença que deferir a reforma deve declarar sem valor o título desaparecido, sem
prejuízo dos direitos que o portador possa exercer contra o requerente.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 87 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 88 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 89 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
3.1 O Saque:
Denomina-se saque o acto pelo qual o emitente - sacador - cria a letra e, pela indicação
dos elementos correspondentes aos respectivos requisitos essenciais, lhe confere a sua
específica identidade como título. Ele é a ordem de pagamento em que a letra
essencialmente consiste.
Por ele o sacador, além de ordenar ao sacado que pague ao tomador a quantia mencionada
na letra, nas demais condições de tempo e lugar desta constantes, exprime também
implicitamente a promessa, para com todos os futuros portadores da letra, de que o
sacado assumirá a obrigação cambiária principal e pagará a dívida no vencimento e, se
não o fizer, o próprio sacador está obrigado a pagá-la.
O beneficiário da ordem contida no saque, à ordem de quem ele é feito, é o tomador que
em regra será um terceiro, mas pode ser e muitas vezes é o próprio sacador.
O saque também pode ser sobre o próprio sacador, sendo, então, este sacado e sacador ao
mesmo tempo (não se vê qual seja actualmente o interesse)
Nada impede que sejam vários os sacadores da letra, desde que a ordem de pagamento
seja uma só.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 90 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 91 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 92 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
O aval não se confunde com a fiança, pois embora se caracterize a obrigação do avalista
como acessória da do avalizado e se use até a palavra afiançado, para referir este último, a
verdade é que logo se evidencia uma substancial diferença de regimes entre os dois
institutos. Ao passo que a nulidade da obrigação principal aproveita inteiramente ao
fiador, que fica igualmente desobrigado, já no caso de nulidade da obrigação do avalizado
por vício de fundo mantém-se a obrigação do avalista, só ocorrendo a desobrigação deste
no caso de a obrigação do avalizado ser nula por um vício de forma.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 93 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 94 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Pode o protesto ser dispensado, através de uma cláusula "sem protesto" ou "sem
despesas" a qual permitirá ao portador exercer plenamente os seus direitos de acção, sem
necessidade de protesto. Se tal cláusula for aposta pelo sacador, produz efeitos quanto a
todos os intervenientes na letra. Se aposta por um endossante ou avalista, só produzirá
efeitos em relação a ele.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 95 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Exercício
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 96 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 97 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Casos práticos
A, estudante da FDUP comprou uma máquina de café e instalou-se, durante a época de exames,
numa banca num dos corredores onde decorriam orai., servindo café. A sua actividade foi contudo,
proibida pelo conselho directivo, pelo que A acabou por vender a sua máquina de café à
Associação de Estudantes, que a passou a usar no bar que tinha instalado nas suas instalações.
Qualifique, do ponto de vista comercial, os sujeitos em causa bem como os actos por este
praticados.
Para podermos classificar os sujeitos em causa temos de analisar se eles são ou não
comerciantes. Como sabemos com base no art. 13. CCM são comerciantes “As pessoas, que, tendo
capacidade para praticar actos de comércio, fazem deste profissão” Assim é necessário além da
capacidade, que o indivíduo faça da prática de comércio profissão e o exerça em nome próprio.
Contudo, a nossa lei é muito lacunosa, na qualificação de actividades como comerciais, por isso,
existem determinados princípios de direito comercial basilares que são essenciais, para qualificar
certas actividades, que de outra forma não seriam qualificáveis como comerciais. Nestes termos
para enquadrarmos certas actividades teremos de nos socorrer de um mecanismo conhecido como
analogia iuris, trata-se da analogia feita a partir de princípios jurídicos gerais de direito comercial,
mas que não possuem consagração legal.
Extrai-se assim um princípio geral de direito comercial, segundo o qual qualquer actividade de
prestação de serviços exercida por uma empresa transforma-a em empresa comercial, assim as
empresas de prestação de serviços são em regra comerciais. Contudo, a prestação de serviços para
ser encarada como actividade comercial, tem de ser feita no âmbito de uma empresa. Neste caso, A
apesar de exercer uma prestação de serviços, não a presta integrado numa organização empresarial,
não existe na sua actividade vectores de organização e exploração que possam ser negociados, por
isso, A não pode se qualificado como comerciante. Temos assim uma prestação de serviços civil,
que não se rege pelo direito comercial.
Quanto à Associação de Estudantes, sendo uma entidade que não tem por objecto fins lucrativos,
não pode ser classificada como comerciante. Isto não impede contudo que as entidades sem fins
lucrativos não possam exercer actos de comércio desde que tal respeite o princípio da
especialidade do fim consagrado no art. 160.º CC, nada impede a associação de explorar um bar,
isso não a torna, todavia, um comerciante, porque tal actividade é exercida não a título principal
mas a título meramente instrumental.
Uma vez concluído que os sujeitos em causa não são comerciais segue-se a qualificação
dos actos praticados, a compra da máquina e a sua posterior revenda.
A compra efectuada pelo estudante é uma compra civil, por interpretação a contraio dos artigo do
art. 463.º e 464.º n.º 1 CCM, pelo que estabelece este artigo que “Não são consideradas
comerciais: As compras de quaisquer cousas móveis destinadas ao uso ou consumo do comprador
ou da sua família, e as revendas que porventura desses objectos se venham a fazer;” A compra não
foi destinada à revenda, este acto acontece por motivos supervenientes, pelo que não se trata de
uma compra comercial, nos termos do art. 463.º CCM, mas de uma compra civil.
Temos agora que saber qual o regime que segue compra, porque apesar desta ser civil, poderá
seguir os trâmites do CCM.
O estudante, comprou a máquina numa loja, tudo leva a concluir que a venda foi comercial, assim,
a comercialidade da actividade apenas se verifica em relação a uma das partes, o acto é deste
modo, unilateralmente comercial. Para estes, estabelece o art. 99.º CCM “Embora o acto seja
mercantil só com relação a uma das partes será regulado pelas disposições da lei comercial quanto
a todos os contratantes, salvo as que só forem aplicáveis àquele ou àqueles por cujo respeito o acto
é mercantil, ficando, porém, todos sujeitos à jurisdição comercial”
Assim os actos unilateralmente comerciais são regulados pela lei comercial exceptuando-se as
disposições da lei comercial que só forem aplicáveis àquele ou àqueles por cujo respeito a lei é
mercantil. Nestes termos basta que uma das partes seja comercial para se aplicar o regime do
CCM.
Conclui-se portanto, que apesar da compra ser civil, vai estar sujeita ao regime comercial, por
força da lei mandar aplicar ao acto unilateralmente comercial o regime do CCM. Todavia, apesar
disto, não será aplicado à compra o regime da solidariedade previsto no art. 100.º CCM por tal
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 98 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
preceito estabelecer que “ Esta disposição não é extensiva aos não comerciantes quanto aos
contratos que, em relação a estes, não constituírem actos comerciais”
Relativamente ao negócio efectuado com a AE, consideramos que a venda é civil, porque a
máquina não foi adquirida como intuito de revenda, art. 463.º n.º 3 CCM a contrario. Contudo, a
compra é já comercial, porque foi comprada pela AE com intuito de explorar uma actividade
comercial. Assim, temos uma situação semelhante à acima explicada, um acto unilateralmente
comercial, que leva a que os efeitos comercia se estendam também à venda que é neste caso civil,
por força do art. 99 CCM, salvo a excepção prevista no art. 100 .º do mesmo diploma.
B, com 17 anos, organiza periodicamente actividades radicais no rio Paiva, sendo que
para dar continuidade ao negócio, adquire dois novos barcos de borracha contraindo para tal um
empréstimo de 2.500 € junto de um tio C, que explora uma pensão.
Admita ainda que C tinha emprestado a D serralheiro3.000 € para que este pagasse a última
prestação do seu carro.
Classifique do ponto de vista comercial, os sujeitos em causa bem como os actos por este
praticados.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 99 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
porque este é devido ao facto dele se destinar a financiar uma actividade comercial. Refira-se
apenas que o empréstimo comercial não carece de ser realizado formalmente, a lei não exige forma
específica, art. 396.º CCM “O empréstimo mercantil entre comerciantes admite, seja qual for o seu
valor, todo o género de prova”
Quanto à compra dos barcos, sendo esta praticada no âmbito de uma empresa comercial, estamos
perante um acto objectivamente comercial, art. 463.º n.º 1 CCM.
Não podemos esquecer que C tinha emprestado D serralheiro 3.000 € para que este pagasse a
prestação do carro.
C é sem dúvida à luz do art. 13.º CCM um comerciante, D contudo, não o é, porque, de acordo
com os princípios gerais de direito comerciais, uma actividade de prestação de serviços só é
considerada comercial se for realizada no âmbito de uma empresa, o que não é o caso.
Quanto ao empréstimo enquanto acto acessoriamente comercial, não é aqui, objectivamente
comercial, conforme o disposto no art. 394.º CCM porque não se destina a financiar uma
actividade comercial, mas antes particular. Questiona-se agora saber se o empréstimo poderá ser
subjectivamente comercial.
Para que um acto seja considerado subjectivamente comercial é necessário que estejam
preenchidos três requisitos, art. 2 CCM.
1. Que o sujeito seja um comerciante porque como vimos C é comerciante,
2. Que o acto tenha natureza patrimonial porque se destina pagamento de uma prestação
pecuniária;
3. “Se do contrário do próprio acto não resultar” Assim, um acto patrimonial praticado por
um comerciante, só não é subjectivamente comercial, se da prática do acto resultar o
contrário, isto é desde que haja desconexão com a actividade praticada pelo comerciante.
Ora é precisamente isto que resulta desta caso, não há qualquer ligação entre o
empréstimo e a actividade desenvolvida por D, pelo que o empréstimo segue os trâmites
do CC e não do CCM.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 100 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
que pelo desempenho destas actividades C já pode se considerado comerciante? Mais uma vez
temos de analisar o que dispõe o art. 230.º parágrafo único nesta matéria que refere que não serão
comerciantes “proprietário ou o explorador rural que apenas fabrica ou manufactura os produtos
do terreno que agriculta acessoriamente à sua exploração agrícola, nem o artista industrial, mestre
ou oficial de ofício mecânico que exerce directamente a sua arte, indústria ou ofício, embora
empregue para isso, ou só operários, ou operários e máquinas.” Pelo que decorre deste artigo
conclui-se que aquilo que releva é a actividade transformadora, se esta for uma actividade
acessória relativamente à exploração agrícola então, C não é considerado comerciante. Se por
outro lado, a actividade de transformação for uma actividade principal paralelamente à exploração
agrícola, C é considerado comerciante. O critério que de deve usar para qualificar uma entidade de
exploração agrícola que se ocupa também de transformação e venda do produto, será então o da
acessoriedade, mediante análise nomeadamente do tempo dispendido na actividade, no
investimento, o trabalho desenvolvido. Se se concluir que a actividade principal é actividade de
transformação, então C deverá ser considerado comercial.
Mas, C além da actividade agrícola e transformadora dedica-se ainda à venda dos seus
produtos numa loja, assim, ele vende directamente sem intermediário fornecedor os seus produtos
por si transformados. Conforme decorre do art. 464.º n.º 2 CC “Não são consideradas comerciais:
As vendas que o proprietário ou explorador rural faça dos produtos de propriedade sua ou por ele
explorada e dos géneros em que lhes houverem sido pagas quaisquer rendas” Daqui se conclui
portanto, que as venda realizadas por um produtor rural para revenda são civis, contudo, a compra
de tais produtos será comercial, nos termos do art. 463.º n.º 1 CCM, pelo que nos termos do art.
99.º CCM se aplicará quanto à compra e venda no seu todo, o regime do CCM salvo np que se
refere à solidariedade conforme estabelece o art. 100.º CCM.
Mas a questão neste caso é diferente porque C não vende o produto original, como sucederia
com fruta por exemplo, C antes de proceder à venda do produto tem de transforma-lo, será então
considerado comerciante? C só será considerado comerciante em virtude do exercício de venda de
produtos na loja, se tiver sido considerado comerciante a título transformador dos produtos, porque
neste caso, a actividade principal será a transformação, sendo a venda do mesmo produto uma
espécie de secção da indústria transformadora.
Se C não foi considerado como comerciante, em virtude da sua actividade de exploração ser
meramente acessória à exploração agrícola, então quando procede à venda dos produtos nua loja
também não deve ser considerado comerciante.
Resta apenas concluir que C preenche os requisitos do art. 13.º CC uma vez que
tendo capacidade para o exercício de direito, porque em nada resulta o contrário, faz deste
profissão e pratica os actos de comercio em nome próprio.
É ainda dito que a loja de C a funcionar em Beja, se encontra instalada num prédio
arrendado, pelo que aqui importa descortinar se se trata ou não de um arrendamento comercial, nos
termos do art. 110.º RAU “ considera-se realizado para comércio ou indústria o arrendamento de
prédios ou parte de prédios urbanos ou rústicos tomados para fins directamente relacionados com
uma actividade comercial ou industrial.” Neste caso a actividade desempenhada no prédio é uma
actividade comercial, logo, o arrendamento tem-se como comercial. Assim, apesar do
arrendamento constar de lei civil, o acto será objectivamente comercial.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 101 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Por fim Mas nem todos os actos praticados por comerciantes de natureza patrimonial são
subjectivamente comerciais, tal só sucede “se do contrário do próprio acto não resultar” art. 2
CCM in fine. Assim, um acto patrimonial praticado por um comerciante, só não é subjectivamente
comercial, se da prática do acto resultar o contrário, isto é desde que haja desconexão com a
actividade praticada pelo comerciante.
Deste modo, se na compra das tintas, C se identificasse como comerciante do ramo
agrícola, resultaria claramente da prática do acto a falta de conexão com a sua actividade, pelo que
o acto não seria subjectivamente comercial. Se nada fosse, dito, em contrário, o acto seria encarado
como sendo subjectivamente comercial. Contudo esta diferenciação não releva porque em
qualquer dos casos o regime a aplicar seria o do CCM, porque como sabemos aos actos
unilateralmente comercias, se aplica o disposto no art. 99.º CCM pelo que “Embora o acto seja
mercantil só com relação a uma das partes será regulado pelas disposições da lei comercial quanto
a todos os contratantes, salvo as que só forem aplicáveis àquele ou àqueles por cujo respeito o acto
é mercantil, ficando, porém, todos sujeitos à jurisdição comercial” destacando-se como excepção o
regime da solidariedade previsto no art. 100.º CCM.
Além de ser subjectivamente comercial a compra seria ainda objectivamente comercial,
porque se destina ao exercício de uma actividade comercial.
Sendo a compra das tintas efectuada por uma associação de agricultores, o acto não
poderia ser qualificado como subjectivamente comercial. Assim sucede porque como sabemos os
actos subjectivamente comercias, são aqueles que são praticados por comerciantes, e uma
associação deste género não é comerciante, art. 14.º CCM É proibida a profissão do comércio: 1.º
Às associações ou corporações que não tenham por objecto interesses materiais;” As associações e
fundações que não tenham por objecto interesses materiais, não podem ser comerciantes. Esta
norma, não impede contudo, que tais entidades fiquem impossibilitadas de praticar actos de
comércio desde que respeitem os limites da sua capacidade jurídica, conforme o estabelecido no
art. 160.º CC, contudo, apesar de praticarem actos de comércio, não podem ser qualificadas como
comerciantes.
Nestes termos o que podemos suscitar é se a compra poderá ser objectivamente comercial, ao que
respondemos afirmativamente porque a tinta vai ser usada no âmbito de uma actividade comercial,
a venda de produtos dos agricultores, logo será objectivamente comercial. Mais uma vez,
destacamos que esta qualificação não é muito importante porque se a compra não fosse comercial
aplicar-se-ia na mesma o regime do CCM, por aplicação do art. 99 CCM, porque a venda será a
priori comercial.
Resta agora analisar a contratação do pintor. Como sabemos este desempenha uma
actividade de prestação de serviços, sendo que em nenhuma disposição do CCM se qualifica a
prestação de serviços como sendo uma actividade comercial, contudo, tem-se entendido a
qualificação desta actividade como sendo comercial, mediante o recurso à analogia iuris,
permitindo a partir de princípios de direito comercial, qualificar certas actividades como
comercias. Contudo, note-se que a actividade de prestação de serviços apenas é considerada de
índole comercial no caso de ser exercida no âmbito empresarial, pelo que o pinto que trabalha por
conta própria não possuindo qualquer organização empresarial por de trás da sua actividade não
poderá ser considerado como comercial.
Contudo, ainda que o pintor não pratique uma actividade comercial, por não possuir uma
empresa, a prestação de serviços por ele desempenhada será de âmbito comercial, por se destinar a
uma empresa, assim o regime jurídico a aplicar será o do CCM, em virtude do art. 99.º CCM.
M, Guitarrista, possui uma banda de Rock “M&M sound” sendo sócio único de uma
sociedade comercial, conhecida como “Rock&Rock” que se destina à gravação e emissão de
discos. M comprou recentemente uma guitarra e uma mesa de mistura para o estúdio da editora.
C é considerado comerciante?
Vamos começar por analisar a actividade de M enquanto músico, pelo que se conclui
do art. 464.º n.º 3 CCM “Não são consideradas comerciais: As compras que os artistas, industriais,
mestres e oficiais de ofícios mecânicos que exercerem directamente a sua arte, indústria ou ofício,
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 102 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Caso pratico:
Resolução:
O credor pode pedir responsabilidades no pagamento desta divida ao comerciante e também a sua
esposa, isto porque analisando o art. 1691º, a responsabilidade por uma divida comercial é de
ambos os cônjuges se forem casados num regime de comunhão (o que se verifica pois são casados
no regime de comunhão de adquiridos), se a divida foi contraída no exercício do comércio (que
também acontece, visto A ter comprado mercadoria para revenda no seu estabelecimento, tendo
em conta o art. 15º do código comercial – presunção) e, finalmente, se houver proveito comum do
casal (em principio existe pois todo o acto comercial gera beneficio para toda a família). E como
os requisitos são cumulativos e visto estarem preenchidos os 3, a responsabilidade é atribuída a
ambos os cônjuges.
Caso pratico:
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 103 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
C é comerciante e é casado desde 1999 no regime de comunhão geral de bens com D. C possuiu
um estabelecimento onde se dedica a venda de vinhos. No mês passado, organizou uma festa em
sua casa e foi a um hipermercado comprar 30 garrafas de vinho, as quais foram consumidas na
referida festa. Admitindo que C fica devedor dessa mercadoria, diga quem pode ser
responsabilizado por este pagamento.
Resolução:
O credor vai responsabilizar o casal na medida em que se presume do art. 15º do código
comercial, que todo o acto praticado no exercício do seu comercio, assim como se presume do art.
1691º, 1, d) que o facto que deu origem a esta divida gerou proveito comum do casal. Verificando-
se estes dois requisitos, mais o facto do casal estar casado num regime de comunhão, nos termos
do art. 1691º, 1, d) a divida comercial pode ser imputada a ambos os cônjuges pois estão
preenchidos, cumulativamente, os 3 requisitos necessários.
Resolução:
De acordo com o n.º 1 do 1690 A tem legitimidade para contrair dívidas sem o consentimento do
cônjuge.
Quando o facto que deu origem á divida ocorreu, já eram casados, logo verifica-se o n.º 2 do 1690.
A viatura foi adquirida para o exercício do comércio segundo 15 do C. Comercial, como esta lei
estabelece uma presunção legal, logo verifica-se este requisito, a compra da viatura, ou seja o
negócio subjacente á divida gerou proveito comum do casal, mesmo que não tenha sido
imediatamente evidente a nível económico, presume-se que gerou bem-estar familiar.
Como são casados em comunhão geral de bens e a alínea d) só fala em separação de bens, logo
neste caso concreto respondem solidariamente os bens comuns do casal de acordo com1695 C.
Civil, ou na falta destes, os bens próprios de cada um.
Como se verificam os 3 requisitos e são comulativos, logo pode-se aplicar a alínea d) do n.º 1 do
1691.
Neste caso concreto é difícil ilidir quer a presunção do 15, bem como o proveito comum do casal.
Quanto á presunção do 15 é difícil de ilidir esta presunção porque o próprio enunciado diz que a
viatura foi comprada para o exercício da actividade comercial de A. Quanto á presunção do
proveito comum do casal, também esta presunção não é ilidivel porque é óbvio que ou
imediatamente ou a curto prazo esta aquisição vai gerar bem-estar familiar, na medida em que vai
permitir uma vivência familiar mais pacifica, mais calma quer a nível físico de A quer a nível
mental e intelectual.
Admita que o credor interpôs a acção contra ambos os cônjuges e que o cônjuge B contestou a
acção dizendo que se encontra separado de facto de A, isto á mais de 2 anos, sendo que A não
presta alimentos nem a B nem aos filhos. Estes factos condicionam a invocação da alínea d)
do n.º 1 do 1691?
Assim, verifica-se que não houve proveito comum do casal, sendo A e B separados á mais de
2 anos e como o negócio é de Maio passado, logo é evidente que estes factos ilidem a
presunção da alínea d) n.º 1 do 1691. È obvio que B não beneficia da aquisição da viatura.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 104 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Resolução:
De acordo com o n.º 1 do 1690 tem A legitimidade para contrair dívidas sem o consentimento
de B
Quanto ao facto que deu origem á divida ocorreu A e B eram casados, logo verifica-se o n.º 2
do 1690.
As fazendas foram adquiridas em pleno exercício da actividade comercial de A, logo verifica-
se a presunção legal a que se refere o 15 do C. Comercial, então também se verifica este
requisito.
Lógico é que de acordo com o n.º 1 alínea d) do 1691 que houve proveito comum do casal,
porque o proveito que advirá da revenda das fazendas irá gerar bem-estar á família, logo e
de acordo com o referido artigo verifica-se a presunção legal aí prevista, logo se verifica este
requisito.
Como são casados em comunhão geral de bens e alínea só exceptua os casados em separação
de bens, neste caso concreto e de acordo com 1695 respondem solidariamente A e B com os
bens comuns do casal.
Verificam-se os três requisitos e como são comulativos, pode o credor sem duvida alguma
interpor uma acção judicial contra A e B.
Neste caso concreto é difícil ilidir quer a presunção do 15, bem como o proveito comum do
casal. Quanto á presunção do 15 não se pode na medida em que o próprio enunciado nos diz
que A comerciante de fazendas e se as comprou para revender, é óbvio que está no pleno
exercício da sua actividade comercial. Quanto á presunção do proveito comum do casal, é
lógico que o facto que esteve subjacente á divida irá gerar lucro o que se irá reflectir a vários
níveis no que concerne ao bem-estar familiar.
Admita que em 1999 iniciou um processo de divórcio que transitou em julgado em Janeiro de
2000.
Á data do negócio que esteve subjacente á divida já não havia casamento, logo não posso
aplicar estas normas, até porque já não havia cônjuge á data do negócio.
Admita que a sentença é de Janeiro de 2001 e hoje é que a acção foi interposta.
Assim existe casamento, existe cônjuge, logo são os dois responsáveis.
Admita que estas fazendas eram quentinhas e como se estava a aproximar o Natal A
comprou as fazendas para doar a uma instituição.
Ilide a presunção do 15 porque A não comprou as fazendas as fazendas em pleno exercício
da sua actividade comercial. Ilide também o proveito comum do casal, porque não houve.
Assim, só se verifica o 3.º requisito, mas como os três requisitos são comulativos, não
podemos de forma alguma aplicar o n.º 1 alínea d) do 1691.
Resolução:
De acordo com o n.º 1 do 1690 A tem legitimidade para contrair dívidas sem o consentimento
do seu cônjuge.
Quando o facto que deu origem á divida ocorreu A e B já eram casados, logo verifica-se o n.o
2 do 1690.
O material escolar foi adquirido para revender em pleno exercício da sua actividade
comercial de A, logo verifica-se a presunção legal a que se refere o 15, então verifica-se este
requisito.
De acordo com o n.º 1, alínea d) do 1691, houve proveito comum do casal, dado que com o
lucro da revenda do material escolar adviria uma mais valia a nível familiar e toda a família
iria beneficiar com isso, logo e de acordo com este artigo verifica-se a presunção legal aí
prevista, logo verifica-se também este requisito.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 105 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Caso pratico:
A é comerciante em nome individual e detém uma papelaria. É casado com B desde 2000, no
regime de comunhão de adquiridos e tem um filho menor. Em fevereiro de 2001 adquiriu uma
viatura para efectuar o transporte das suas mercadorias. Admita que A não efectuou o pagamento.
a) Aplicam-se os requisitos constantes no art. 1691º, 1, d)?
Neste caso é aplicável o art. 1691º, 1, d) do código civil porque:
A e B são casados no regime de comunhão de adquiridos.
A divida foi contraída no exercício do seu comercio pois A comprou a viatura para poder efectuar
o transporte da sua mercadoria e não esquecendo também que o art. 15º do código comercial,
presume que todas as dividas contraídas pelos comerciantes, o são no exercício do seu comercio.
Houve proveito comum do casal (como o próprio artigo presume) uma vez que A adquiriu a
viatura para desenvolver a sua actividade comercial e, como tal, gerar beneficio para toda a
família.
Como todos os requisitos são cumulativos e visto estarem preenchidos os 3, a responsabilidade é
de ambos os cônjuges, aplicando-se plenamente o art. 1691º, 1, d) do código civil.
b) Que bens do património do casal poderão responder pelo pagamento desta divida?
Os bens comuns do casal ou o bem próprio de qualquer um dos cônjuges (por solidariedade)
podem responder pela totalidade da divida.
Caso prático
A é comerciante em nome individual e tem um estabelecimento onde se dedica ao comércio de
vinhos. É casado com B desde 1995 no regime de comunhão de adquiridos. Têm um apartamento
propriedade de ambos, um automóvel propriedade de A e um terreno propriedade de B. em
outubro de 1998, A adquiriu vinhos para revenda, cujo pagamento não efectuou.
a) Diga se é aplicável o art. 1691º, 1, d).
Neste caso é aplicável o art. Porque:
A e B são casados no regime de comunhão de adquiridos.
A divida foi contraída no exercício do comercio, pois A comprou vinhos para revenda no seu
estabelecimento e não esquecendo também que o art. 15º do código comercial presume que todas
as dividas contraídas pelo comerciante são contraídas no exercido do seu comercio.
Houve proveito comum do casal (como o próprio art. Presume) uma vez que A adquiriu os vinhos
para desenvolver a sua actividade comercial e, como tal, gerar beneficio para toda a família.
Como todos os requisitos são cumulativos e visto estarem os 3 preenchidos, a responsabilidade é
de ambos os cônjuges, aplicando-se plenamente o art. 1691º, 1, d).
b) Dos bens constantes do enunciado, quais respondem em 1º lugar?
Segundo o art. 1695º, em primeiro lugar responde o apartamento, visto ser um bem comum do
casal. Em segundo lugar e como há solidariedade, pode responder qualquer um dos bens, sem
ordem obrigatória.
Caso prático:
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 106 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
A é titular de uma empresa reputada de comercial em face do Artº. 230/6 do C. Com., pois trata-se
de uma empresa de construção civil a qual certamente visará a construção e edificação de casas.
O Artº. 230º é uma norma qualificadora no sentido de qualificar as empresas comerciais e
consequentemente as actividades dessas empresas como comerciais.
O citado preceito, contudo, também nos fornece um elenco implícito de actos objectivamente
comerciais, em virtude de as mencionadas actividades não serem mais que uma massificação de
actos, ou seja, é possível decompor as ditas actividades em actos, os quais, porque tipificados na
lei e de acordo com o Artº. 2º/1, 1ª parte do C. Com. Serão considerados objectivamente
comerciais.
Quanto a esta problemática, existem duas posições doutrinais defendidas, uma por Lobo Xavier e
outra por Coutinho de Abreu.
Diz Lobo Xavier que os actos implícitos do Artº. 230º só serão objectivamente comerciais se
forem actos fundamentais e se houver conexão com a actividade da empresa.
Coutinho de Abreu não fala na fundamentabilidade dos actos porque, para ele, os actos do elenco
implícito do 230º só serão objectivamente comerciais se forem típicos, ou seja, característicos
daquela actividade.
Parece mais defensável esta última posição, o que corresponde a dizer que só os actos típicos ou
caracterizadores das actividades comerciais merecerão a qualificação de actos de comércio
objectivos, embora implicitamente.
O titular de quaisquer empresas do Artº 230º é comerciante pela conjunção desse preceito com o
Artº 13º/1 e Artº 2º/1ª parte do C.Com.
Diremos que o titular de uma empresa comercial, ao desenvolver uma actividade comercial,
pratica, necessariamente, actos que se incluem na respectiva actividade.
Tais actos são objectivamente comerciais e, por isso mesmo, abrangidos na 1ª parte do artº 2º.
Deste modo ainda serão actos atributivos da qualidade de comerciante, em face do Artº 13º/1, pois
tratam-se de actos objectiva e substancialmente comerciais, praticados habitualmente
profissionalmente e com um fim em si mesmo. Logo estão preenchidos os pressupostos do Artº
13º/1.
A, adquiriu para a sua empresa equipamento de escritório e as duas obras de arte para a sala de
reuniões.
A aquisição do material de escritório e das obras de arte não parece poder ser qualificada como
acto objectivamente comercial, nem explícita nem implicitamente, pois não se trata nem de
compra para revenda (Artº 463), nem se trata de um acto típico da actividade desenvolvida pela
empresa.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 107 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
- os actos em abstracto, de acordo com o tipo negocial, não podem ter natureza exclusivamente
civil, ou seja, terão de possuir natureza patrimonial, como é o caso em análise;
Quanto à aquisição das obras de arte, não resulta que tem conexão, e o acto é civil.
Dado que A é casado com B em comunhão de adquiridos, importa agora caracterizar a dívida
comercial como comunicável, pois, só assim, se responsabilizará ambos os cônjuges e o credor
verá aumentada a garantia patrimonial.
Tendo em conta o Artº. 15º do C.Com. e o Artº 1691/1-d) do CC, dir-se-á que:
- Existem duas presunções legais ilidíveis que visam facilitar a tarefa do credor e aumentar a sua
garantia.
Estas presunções facilitam a tarefa ao credor porque, em face destas duas disposições, o credor só
terá de provar que A é comerciante e que a dívida emergiu de um acto de comércio.
Provados estes dois factos, está automaticamente accionada a presunção do exercício de comércio
(Artº 15º C.Com.) e seguidamente a presunção do proveito comum (Artº 1691/1-d) CC).
Accionada a primeira presunção, a segunda é automaticamente accionada.
O cônjuge de A, na situação concreta, dificilmente conseguiria ilidir alguma das presunções mas,
se conseguisse ilidir a presunção do Artº 15º do C.Com., o credor podia ainda assim
responsabilizá-lo pelo Artº 1691/1-c) CC, tendo, todavia, o ónus de provar o proveito comum.
Deste modo, responderão pela dívida todos os bens comuns do casal (Artº 1695º) e na falta ou
insuficiência deste, solidariamente, os bens de qualquer dos cônjuges.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 108 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Quanto à dívida da aquisição das obras de arte, não sendo comercial, o credor não beneficiará de
qualquer presunção, podendo, no entanto, responsabilizar ambos os cônjuges pelo Artº 1691/1-c),
mas tendo o ónus da prova de proveito comum.
Caso não consiga responsabilizar o cônjuge de A, apenas este responderá pela dívida, nos termos
do Artº 1696º/1 CC, respondendo em primeiro os bens próprios dele e, subsidiariamente, a sua
meação nos bens comuns.
2 - Caso prático:
António proprietário de um café onde exerce a sua actividade em prédio arrendado a Bento, entra
em negociações com Carlos, para efectuar o trespasse do mesmo.
António notifica Bento para que este exerça o seu direito de preferência, o que ele veio a fazer
negativamente.
António celebra então o contrato de trespasse do café com Carlos mas antes de proceder à entrega
do estabelecimento, retira todo o mobiliário, bem como as máquinas que se encontravam no
interior do recinto.
Carlos ao deparar com o estado em que lhe foi entregue o pretenso café quer agora vir a arguir a
invalidas do negócio.
Quid Iuris?
António pode efectuar o trespasse do seu estabelecimento comercial com Carlos sem a prévia
autorização do senhorio, nos termos do Artº 115/1 RAU.
Todavia, antes de efectuar o trespasse, António tem que notificar Bento para que este tome
conhecimento das condições do trespasse e efective, ou não, o direito de preferência que a lei lhe
reconhece, nos termos do Artº 116/1 RAU.
Esta condição foi cumprida e Bento não excedeu o seu direito de preferência, logo António podia
celebrar com Carlos o contrato de trespasse.
Carlos pode arguir a invalidade do contrato de trespasse por via do Artº 115/2-a) RAU, uma vez
que António nunca poderia ter retirado do café nem o mobiliário nem as máquinas, uma vez que
estes utensílios fazem parte do âmbito mínimo que integram o estabelecimento e que,
obrigatoriamente têm que o acompanhar.
3 - Caso prático:
O empréstimo ascendeu a 10000 contos, tendo até hoje apenas pago 1000 contos.
Também no sentido de melhorar o seu estabelecimento resolveu adquirir um ecrã gigante para
instalar no seu café, melhorando assim a qualidade televisiva que proporcionava aos seus clientes.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 109 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
António é casado com Berta no regime de comunhão geral de bens, encontrando-se separado de
facto hà 4 anos. Todavia, continua a contribuir para os encargos da vida familiar, proporcionando
aos seus filhos alguma qualidade de vida.
António para ser comerciante terá que praticar com carácter de profissionalidade e reiteradamente,
actos objectiva e substancialmente comerciais e absolutos, nos termos do Artº 13/1 C. Com.
De acordo com o Artº 2º - 1ª parte do C. Com., actos objectivos são aqueles que a lei comercial
explicitamente enumera e aqueles que se retiram do elenco implícito fornecido pelo Artº 230, que
descreve actividades que se traduzem numa massificação de actos.
António não é titular de uma empresa comercial, porque a actividade por ele desenvolvida
não consta do rol descrito no Artº 230 , mas pratica actos cuja comercialidade radica neles
próprios, ou seja, a compra e venda para revenda, explicitamente tipificada no Artº 463 C. Com..
Deste modo, o requisito necessário para que António adquira a qualidade de comerciante está
preenchido.
Este acto está objectivamente tipificado no Artº 394 C.Com., mas para este acto ser
comercial tem de estar em conexão com a actividade comercial, ou seja, o empréstimo só será
qualificado como acto objectivamente comercial se tiver conexão com a actividade do
comerciante.
Verificam-se em concreto os pressupostos para que tal acto seja qualificado como
objectivamente comercial, de acordo com o Artº 2, 1ª parte.
Quanto à aquisição do ecrã gigante, há a referir que este acto não está tipificado na lei
comercial, por isso, a ser reputado de comercial, só o poderá ser subjectivamente.
Para que um acto possa ser considerado subjectivamente comercial é necessário que se
verifiquem três requisitos cumulativos, a saber:
É necessário que o sujeito seja comerciante o que é o presente caso, como atrás ficou
demonstrado;
Os actos em abstracto não podem ter natureza exclusivamente civil, ou seja, terão de
possuir natureza patrimonial, como acontece neste caso;
Daqui temos de aferir o que resulta e no presente caso não resulta que não tenha conexão
com a actividade do comerciante.
Deste modo conclui-se que as dívidas emergentes, quer do empréstimo, quer da aquisição
serão reputadas como dívidas comerciais.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 110 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
Dado que António é casado com Berta em comunhão geral de bens, importa agora caracterizar a
dívida comercial como comunicável, pois só assim se responsabilizará ambos nos cônjuges e o
credor verá aumentada a garantia patrimonial.
Tendo em conta o Artº15 C. Com. E o Artº 1691-d) dir-se-á que existem duas presunções legais
ilidíveis que visam facilitar a tarefa do credor e aumentar a sua garantia.
Estas presunções facilitam a tarefa ao credor porque, em face destas duas suposições o credor só
terá que provar que António é comerciante e que a dívida emergiu de um acto de comércio.
Provados estes dois factos está automaticamente accionada a presunção do exercício do comércio
– Artº 15 C. Com e presunção do proveito comum – Artº 1691/1-d) CC. Accionada a primeira
presunção acciona-se automaticamente a segunda.
Sendo assim, as dívidas contraídas por António são comunicáveis e serão responsabilizados ambos
os cônjuges.
O cônjuge do António na situação concreta dificilmente conseguiria ilidir algumas das presunções,
mas, se conseguisse ilidir a presunção do Artº 15, o credor podia ainda assim responsabiliza-lo
pelo Artº 1691/1-c) CC, tendo todavia o ónus de provar o proveito comum.
Se o cônjuge ilidisse o proveito comum não seria responsabilizado. No entanto reafirmamos que,
nesta situação não se vislumbraria qualquer possibilidade do cônjuge ilidir qualquer das
presunções. Assim sendo, responderão pela dívida todos os bens comuns do casal – Artº 1695 CC
Imagine que Berta o consulta no sentido de saber se é possível responsabilizar-se pelas dívidas do
marido. O que lhe diria?
Berta apesar de estar separada de facto, recebe contribuições de António para ocorrer aos encargos
normais da vida familiar. Ocorrendo uma separação de facto, continua o cruzamento de
patrimónios, não existindo uma separação entre estes, situação que só se verifica quando haja uma
decisão judicial de separação. Nesta circunstância o cônjuge não terá qualquer hipótese de se
desresponsabilizar tendo que responder perante as dívidas contraídas por António.
Teorias DO ACESSÓRIO – Todos os actos conexos com actividades mercantis, ou seja actos
acessórios do comércio, serão comerciais, mesmo que praticados por não comerciantes – Artº 2º –
2ª parte C. Comercial.
marcas
Caso prático relativo a esta matéria:
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 111 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
multinacional, e as aplicações para escritório da marca “master- office”, desenvolvidas pelos seus
próprios técnicos e programadores. Para além desta vertente, a infotrónica detém ainda 100% do
capital social da “giga soluções”, informática, Lda, que produz e distribui processadores da marca
“luso intel” e monitores da marca “shell PC”
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 112 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 113 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
igual, ou semelhante em produtos ou serviços idênticos ou afins daqueles para os quais a marca foi
registada, e que, em consequência da semelhança entre os sinais e da afinidade dos produtos e
serviços, possa causar um risco de confusão, ou associação no espírito do consumidor” sendo que
se este uso gerar danos será ainda possível accionar o infractor mediante responsabilidade civil nos
termos do art., 483.º CC.
Por fim, a proprietária poderá ainda reagir por via criminal pelo uso ilegal de marcas nos termos
do art. 323.º e 234.º CPI.
Estes mecanismos de reacção apenas se aplicam a marcas registadas, mas imagine-se contudo, que
a marca não se encontrava registada em Portugal, ainda assim a proprietária da marca poderia
reagir, mediante três institutos. O primeiro mecanismo de protecção é aquele conferido pelas
marcas notórias, aquelas que embora não sendo registadas no nosso pais, são conhecidas em
Portugal, pelo que conforme estabelece o art. 241.º CPI “deve ser recusado o registo de marca que
no todo ou em parte essencial, constituída reprodução, imitação ou tradução de outra notoriamente
conhecida em Portugal, se for aplicada a produtos ou serviços idênticos ou afins e com ela possa
confundir-se ou se, dessa aplicação, for possível estabelecer uma associação com o titular da
marca notória”
Esta norma tem assim como objectivo, salvaguardar o interesse público e acautelar a possibilidade
de confusão, evitando que um empresário português se aproveite de uma marca estrangeira, e a
adopte nos seus produtos idênticos ou semelhantes, sendo que não sendo a marca registada em
Portugal não poderia o registo ser recusado se esta norma não existisse. Note-se contudo, que a
marca tem que ser notória, isto é objectivamente conhecida em Portugal, sob pena deste regime
não se aplicar.
O segundo mecanismo de reacção prende-se com o instituto da concorrência desleal, prevista no
art. 317.º código de propriedade industrial. De acordo com este instituto não pode um comerciante
cometer actos contrários aos usos do comércio, nomeadamente adoptar designações semelhantes,
ou factos distintivos de outras firmas, sob pena de ser accionado contra si uma acção de
responsabilidade civil nos termos gerias do 483.º CC. Por último Poderá ainda o lesado socorrer-se
do instituto conhecido como Membros da União de Paris, que congrega um conjunto de membros
comerciantes titulares de firmas com sede na U.E. estes comerciantes estão protegidos em todo o
espaço da união quanto à sua designação e sinais distintivos quer nos países onde se encontram
registados quer nos países que embora o sendo, exercem actividade.
3. Neste caso em concretos A proprietário de um estabelecimento, quer reagir contra uma marca,
baseando-se na violação do princípio da novidade. O nome e a insígnia são coisas diferentes
apesar de se encontrarem associados. Diferentemente do que se passa com a constituição das
firmas, em que a sua constituição é obrigatória, a constituição de nome e de insígnia é facultativa.
Contudo, normalmente é usual a adopção de um nome, até porque grande parte do aviamento do
estabelecimento está dependente da sua capacidade para se distinguir dos restantes
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 114 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
estabelecimentos concorrentes, sendo que essa distinção passa em grande parte pelo nome do
estabelecimento.
O nome pode ser entendido como o sinal nominativo constituído por palavras, que designa ou
individualiza um estabelecimento enquanto a insígnia diz respeito a um sinal figurativo ou
emblemático, constituído por, desenhos, símbolos, sinais figurativos que identificam o
estabelecimento, assim consta do art. 284.º do código de propriedade industrial, (CPI). “
Considera-se insígnia de estabelecimento qualquer sinal externo composto de figuras desenhos,
simples combinações com os nomes ou denominações referidos no artigo anterior, ou com outras
palavras ou divisas desde que o conjunto seja adequado a distinguir o estabelecimento”.
Quer o nome quer a insígnia estão regulados nos artigos 282.º ss CPI. “ Todos os que tiverem
legítimo interesse, designadamente agricultores, criadores, industriais, comerciantes e demais
empresários, domiciliados ou estabelecidos em qualquer lugar do território português, têm o
direito de adoptar um nome e uma insígnia para designar, ou tornar conhecido, o seu
estabelecimento, nos termos das disposições seguintes.”
De acordo com os artigos 283.º e 284.º CPI, a constituição do nome e insígnia obedece ao
princípio da liberdade, qualquer nome, expressão, desenho, símbolo é válido, não tendo o nome de
ter qualquer relação com o estabelecimento ou com a actividade prestada. art. 283.º “ Podem
constituir nome de estabelecimento: As denominações de fantasia ou específicas; Os nomes
históricos, excepto se o do seu emprego resultar ofensa da consideração que, geralmente, lhes é
atribuída; O nome da propriedade ou do local do estabelecimento, quando este seja admissível, ou
acompanhado de um elemento distintivo; O nome, os elementos distintivos da firma ou
denominação social e o pseudónimo, ou alcunha, do proprietário; O ramo de actividade do
estabelecimento, quando acompanhado por elementos distintivos.”
A constituição da insígnia, obedece a este princípio, pelo que pode ser adoptado qualquer insígnia
desde que “ o conjunto seja adequado a distinguir o estabelecimento”, art. 284.º n.º 1 CPI.
A constituição de um nome e insígnia, para cumprirem a sua função individualizadora, têm de ser
novidade nos sentido destes serem distinguíveis dos demais nomes e insígnias anteriormente já
registadas. Ao exigir-se que a constituição de um nome e de uma insígnia obedeça a este princípio
estão a salvaguardar-se, simultaneamente os interesses dos comerciantes, mas também interesses
públicos, de protecção dos bons costumes. O princípio da novidade vêm expresso no art. 285.º
CPI: “ Não podem fazer parte do nome ou insígnia de estabelecimento: O nome individual, que
não pertença ao requerente, salvo se provar o consentimento ou legitimidade do seu uso; a frima
ou a denominação social que não pertença ao requerente, ou apenas parte característica das
mesmas, se for susceptível de induzir o consumidor em erro ou confusão, salvo se se provar o
consentimento ou a legitimidade do seu uso; As expressões “antigo armazém, antiga casa, antiga
fábrica,” e outras semelhantes, referidas a estabelecimentos cujo o nome ou insígnia sejam
registados a favor de outrem, a não ser que se prove o consentimento do respectivo proprietário;
As expressões “antigo empregado, antigo mestre, antigo gerente “ e outras semelhantes, referidas a
outra pessoa singular ou colectiva, salvo se se provar o consentimento desta; as indicações de
parentesco e as expressões de “herdeiro, sucessor, representante, ou agente” e outras semelhantes,
excepto se se provar a legitimidade do seu uso” para sabermos se um nome ou insígnia, é ou não
confundível com outros já existentes, temos de atender à sua fonética, grafia, ao ramo de
actividade em que se encontra, à localização geográfica, dimensão, etc. No âmbito das firmas, a
sua designação abrangia firma concorrentes e não concorrentes, pelo que o nome não poderia em
caso algum ser usado, assim sucede porque uma firma apode exercer várias actividades.
Relativamente ao nome e à insígnia de um estabelecimento ou empresa, apesar deles se
distinguirem uns dos outros com base sobretudo no nome, não lhes é atribuída personalidade
jurídica, assim, este princípio quanto as empresas vale apenas para estabelecimentos concorrentes.
Assim podemos afirmar o princípio da especialidade, uma vez que a novidade é apenas exigida
para estabelecimentos com objecto idêntico ou afim. Esta orientação retira-se literalmente do art.
285.º al. g CPI: “Não podem fazer parte do nome ou insígnia de estabelecimento: Os elementos
constitutivos da marca, ou desenho ou modelo, protegidos por outrem para produtos idênticos ou
afins aos que se fabricam ou vendem no estabelecimento a que se pretende dar o nome ou a
insígnia, ou para serviços idênticos ou afins aos que nele são prestados.” Assim, não podem fazer
parte do nome de um estabelecimento, nomes confundíveis com marcas e produtos afins
produzidos por outro estabelecimento.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 115 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
4. Neste caso estamos perante uma situação contrária da que se passava no número
anterior, temos uma marca que quer reagir contra o nome de uma empresa que usurpou o nome da
marca. Não estamos no caso em que uma marca imita o nome de uma empresa, mas sim num caso
em que um estabelecimento imita o nome de uma marca. Mais uma vez estamos no âmbito do
princípio da novidade, sendo que a protecção da marca se faz nos termos do art. 285.º n.º 1 al. g
CPI “Fundamentos de recusa
1 - Não podem fazer parte do nome ou insígnia de estabelecimento: Os elementos constitutivos da
marca, ou desenho ou modelo, protegidos por outrem para produtos idênticos ou afins aos que se
fabricam ou vendem no estabelecimento a que se pretende dar o nome ou a insígnia, ou para
serviços idênticos ou afins aos que nele são prestados;”. Mais uma vez, o requisito em causa é que
possa haver possibilidade de indução do público em erro.
QUESTÕES:
RESPOSTA
A – Sacado (art.º 1.º LULL) , pessoa sobre a qual se emite o saque, a quem é dada a
ordem de pagamento, tornando-se somente obrigado cambiário quando a mesma lhe seja
apresentada e ele a subscreva (aceite) conforme art.º 28º da LULL, sendo que o aceite é escrito na
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 116 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
própria letra e exprime-se pela palavra “aceite”, ou outra equivalente, e é assinada pelo sacado.
Como o saque também o aceite terá de ser puro e simples.
A letra pode ser apresentada ao aceite do sacado até ao vencimento, pelo portador ou até
por um simples portador (nos termos do disposto no art.º 21 da LULL).
Se o sacado recusar o aceite, não se tornará obrigado pelo pagamento da letra, nem será
garante das obrigações cambiárias nelas expressas, sendo legítimo ao portador fazer lavrar um
protesto por falta de aceite (art.º 44º LULL) e a exercer imediatamente os seus direitos (art.º 43º
LULL).
B – Sacador (art.º 1 LULL), pessoa que emite o saque, isto é, que emite uma ordem
incondicional de pagamento de uma determinada soma pecuniária, a realizar pelo destinatário
(sacado), a certa pessoa (tomador) ou à sua ordem o que acontece neste caso sendo por isso
sacador/tomador, prometendo assim o tomador (e aos sucessivos possuidores da letra)que fará com
que o sacado assuma a responsabilidade cambiária do pagamento (aceite) e pague a letra. De
acordo com o disposto no art.º 3.º da LULL o saque pode fazer-se :
a) à ordem do próprio sacador,
b) contra o próprio sacador,
c) por ordem e conta de terceiro.
C – Portador (art.º 6 LULL), que por endosso – nova ordem de pagamento que acresce ao
saque daí o dizer-se que “ o endosso é um novo saque” emitida pelo portador actual ao novo
portador e que se exprime pela fórmula aposta na letra “pague-se a ...”, (o qual deve ser puro e
simples e compreender o valor total do título, sendo nulo o endosso parcial - art.º 12 LULL) – de
B será a pessoa a quem o pagamento deverá vir a ser feito)
2º) Imagine que a primeira letra foi parcialmente paga. Pode o portador exigir, nesse
momento o restante? justifique.
RESPOSTA
O pagamento executa o cumprimento da ordem emitida pelo sacador.
O portador não pode ser obrigado a receber o se pagamento antes do vencimento da letra
(art.º 40 LULL), não pode igualmente recusar o pagamento parcial, podendo o sacado exigir que o
se faça menção da parte paga na letra e dela lhe seja dada quitação (art.º 39 LULL), podendo
relativamente na situação concreta reformar a letra pelo valor não sujeito a pagamento.
Assim, o portador a quem não seja satisfeito o pagamento integral pelo sacado ou seu
avalista, poderá então apresentá-la a pagamento da diferença não satisfeita aos outros subscritores
da letra, que com a sua intervenção se tornam também garantes, para isso porém é necessário e
indispensável que se faça certificar o não acatamento do sacado através do protesto.
3º) De quem pode o portador E exigir o pagamento do título? O que significa a clásula
“não à ordem” aposta pelo sacador?
RESPOSTA
A cláusula “não à ordem” ou equivalente (art.º 11º 2.ª parte, e art.º 77º da Lei Uniforme)
aposta na letra, implica que o direito nela representada só possa transmitir-se pela forma e com os
efeitos da cessão de créditos disciplinada nos art.º s 577º e 588º do C. Civil, dominando aí o
princípio nemo plus iuris ad alium tranferre potest quam ipse haberet, e a posição do adquirente é
profundamente vulnerável dado que de acordo com as regras da cessão de créditos (cfr. o disposto
no art.º 583º n.º 1 do C. Civil) esta só produz efeitos desde que seja notificada ao devedor ou que
este a aceite, o qual poderá opor ao cessionário, mesmo que este o ignore (art.º 789º do Código
Civil), todos os meios de defesa que lhe seria lícito invocar contra o cedente, com ressalva dos que
provenham de facto posterior à cessão (cfr. art.º 585º C. Civil).
Assim, e porque o tomador da letra sacada “não à ordem” pode endossá-la a terceiro,
simplesmente esse endosso está privado da eficácia normal, os efeitos que surte são os da cessão,
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 117 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
4º) Imagine que no terceiro título (200.000 € a 90 dias), o aceitante possui um avalista, Z,
poderá o portador, D , demandar Z em primeiro lugar? Justifique.
Z – Avalista, que se traduz numa obrigação de garantia dada por uma pessoa a favor de
outra que já é obrigada na letra, obrigação que pode ser chamada a cumprir não beneficiando da
excussão prévia da pessoa por quem se vinculou dada a disposição expressa do art.º 47.º da LULL
que determina que os sacadores, aceitantes, endossantes ou avalistas são todos “solidariamente”
responsáveis para com o portador, e este tem o direito de accioná-las individual ou
colectivamente, sem estar adstrito a observar a ordem por que elas se obrigam.
O dador de aval torna-se responsável da mesma forma que a essa por ele afiançada (art.º
39 LULL), mas a sua obrigação mantém-se , mesmo no caso de a obrigação que ele garantiu ser
nula por qualquer razão que não seja um vício de forma (art.º 32 LULL).
Não pode contudo invocar contra a o portador que estiver na relação imediata com a
pessoa avalizada os meios de defesa que se baseiem na relação fundamental invocáveis pelo
avalizado, uma vez que não é sujeito de tal relação e não estará assim na relação imediata com o
portador, pelo facto de ser só avalista de um obrigado imediato do portador.
RESPOSTA
Dada a desnecessidade de protesto para accionar o aceitante, para o exercício da
obrigação cambiária principal, bastando a apresentação do título a pagamento na data de
vencimento, o direito de acção do portador da letra de câmbio contra o avalista do aceitante não
depende igualmente de protesto por falta de pagamento contra o avalista (art.º 53 LULL).
Assim, D pode demandar em primeiro lugar Z.
5º) D é o portador legítimo da terceira letra e constata que o endossante C apôs uma
cláusula “não à ordem” e que o sacador apôs uma cláusula “sem despesas”.
CONSIDERAÇÕES PERTINENTES
A cláusula “não à ordem” ou equivalente (art.º 11º 2.ª parte, e art.º 77º da Lei Uniforme)
aposta na letra, implica que o direito nela representada só possa transmitir-se pela forma e com os
efeitos da cessão de créditos disciplinada nos art.º s 577º e 588º do C. Civil, dominando aí o
princípio nemo plus iuris ad alium tranferre potest quam ipse haberet, e a posição do adquirente é
profundamente vulnerável dado que de acordo com as regras da cessão de créditos (cfr. o disposto
no art.º 583º n.º 1 do C. Civil) esta só produz efeitos desde que seja notificada ao devedor ou que
este a aceite, o qual poderá opor ao cessionário, mesmo que este o ignore, todos os meios de defesa
que lhe seria lícito invocar contra o cedente, com ressalva dos que provenham de facto posterior à
cessão (cfr. art.º 585º C. Civil).
O sacador, um endossante ou um avalista podem, pela cláusula “sem despesas”, “sem
protesto” ou outra equivalente (art.º 46 da Lei Uniforme) aposta na letra dispensar o portador de
fazer o protesto por falta de aceite ou de pagamento,, para se habilitar a exercer os seus direitos de
acção (art.º 46 LULL).
- a) Diga de quem pode o portador exigir o pagamento do título e porquê ?
RESPOSTA
Os efeitos restritivos da cláusula “não à ordem” apenas aproveitam ao endossante que a
apôs, sendo que os efeitos da cláusula não se estendem ao endossado imediato, o endossante que a
apôs tem a normal responsabilidade cambiária, não aproveitando igualmente ao contrário do que
acontece quando inserida pelo sacador, aos demais endossantes (art.º 15 LULL).
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 118 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
A cláusula “sem despesas” quando inscrita pelo sacador estende-se a todos os signatários
da letra produzindo todos os seus efeitos em relação a todos eles (art.º 46LULL).
Pelo que o portador D pode exigir o pagamento da letra do aceitante.
RESPOSTA
Impende sobre o portador o ònus do protesto, bem como o de avisar da falta de aceite ou
pagamento o seu endossante e o seu sacador - nos termos do artigo 45 da LULL - terá de o fazer
dentro de quatro dias úteis que se seguirem ao que teria para apresentação do protesto.
Devendo cada um dos endossantes por sua vez, dentro dos dois dias úteis que se seguirem
à recepção do aviso, avisar o endossante do aviso que recebeu .
A cláusula “sem despesas” quando inscrita pelo sacador estende-se a todos os signatários
da letra produzindo todos os seus efeitos em relação a todos eles.
Pelo que o portador pode accionar os obrigados de garantia sem a realização do protesto.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 119 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
INDICE
Titulo I......................................................................................................................1
Parte geral.................................................................................................................1
1. Evolução histórica do direito comercial...............................................................1
2. Noção de direito comercial português..................................................................2
3. Fontes do direito comercial português.................................................................3
4. A autonomia do direito comercial e a sua relação com o direito civil................4
Titulo II....................................................................................................................5
Dos actos de comércio em geral..............................................................................5
1. Noção de acto de comércio..................................................................................5
2. Actos de comércio objectivos..............................................................................6
3. Qualificação dos actos de comércio por analogia:...............................................7
4. Princípios de direito comercial.............................................................................7
5. Actos de comércio subjectivo..............................................................................9
6. Classificação dos actos de comércio..................................................................10
6.1 Actos de comércio autónomos:....................................................................10
6.2 Actos de comércio acessórios: ....................................................................10
6.4 Actos formalmente comerciais.....................................................................11
6.5 Actos substancialmente comercias...............................................................11
6.6 Actos bilateralmente comerciais.................................................................11
6.7 Actos unilateralmente comerciais................................................................12
Capítulo I................................................................................................................17
Secção I..................................................................................................................17
Dos comerciantes...................................................................................................17
1. Sujeitos qualificáveis como comerciantes .........................................................17
1.1 Requisitos essenciais para obtenção da qualidade de comerciante no caso
das pessoas singulares: ......................................................................................18
1.2 As pessoas colectivas como comerciantes:..................................................19
2. Sujeitos não qualificáveis como comerciantes...................................................20
3. Consequências jurídicas da qualificação de um acto como comercial...............23
3. Estatuto dos comerciantes..................................................................................24
Secção II.................................................................................................................24
A empresa...............................................................................................................24
1. A empresa em sentido jurídico...........................................................................24
1.1 A empresa em sentido objectivo e subjectivo..............................................25
1.2 Quando é que temos uma empresa?.............................................................26
2. Tipologia das empresas......................................................................................27
Titulo II..................................................................................................................31
Sinais distintivos de comércio................................................................................31
1. A firma...............................................................................................................31
1.2 Noção...........................................................................................................31
1.3 Formas de constituição de uma firma..........................................................31
2. Nome do estabelecimento:.................................................................................32
3. Insígnia do estabelecimento...............................................................................32
4. Princípios jurídicos.............................................................................................32
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 120 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 121 -
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
Direito da actividade comercial
APONTAMENTOS - T.Nogueira
- 122 -