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O combate
Administração Local,
a greve geral de
24 de Novembro
constituiu uma das
maiores paralisações
de sempre e um
intensifica-se
poderoso grito
de revolta e de
disponibilidade
de luta, nas
autarquias, no sector
empresarial local
e nos bombeiros,
contra a política de
austeridade e de
Milhares de
retirada de direitos trabalhadores
protagonizada pelo participaram
manifestações
Governo PS de José de 29 de
Sócrates com o Setembro,
apoio do PSD. convocadas
pela CGTP-IN
no âmbito da
O
STAL saudou «calorosa- jornada europeia
mente os trabalhadores de luta contra a
pelo espírito combativo e austeridade
determinado com que aderiram a
Um crescendo de lutas
Antes da greve geral de 24 de Novembro, os tra-
balhadores da Administração Local realizaram, em
20 de Setembro, uma participada greve no sector,
que teve uma adesão de 70 por cento.
Esta jornada, para além dos objectivos mais am-
plos que se expressaram na greve geral, teve como
motivos específicos a condenação da ingerência do
Governo na autonomia do Poder Local, com vista
a condicionar decisões camarárias favoráveis aos
trabalhadores.
Trata-se, em particular, das chamadas medidas esta jornada de luta contra a política nal mais visível da greve logo no As corporações de bombeiros
de «opção gestionária», que permitem às autarquias imoral e injusta do Governo». início da madrugada. Pela manhã profissionais das autarquias (muni-
fazer progredir profissionalmente os trabalhadores Em nota de imprensa, o Sindica- juntaram-se as paralisações de cipais e sapadores) e diversas asso-
que tenham obtido durante cinco anos uma avalia- to salienta que a greve geral «não milhares de trabalhadores operá- ciações humanitárias de bombeiros
ção de desempenho de bom. pode nem deve ser encarada como rios e auxiliares de sectores ofici- voluntários asseguraram, em regra,
Apesar de este mecanismo estar previsto na legis- um fim em si mesmo», mas sim nais, arruamentos, jardins, cemi- apenas os serviços mínimos indis-
lação, o Governo tudo tem feito para impedir a sua como um etapa que abriu caminhos térios, transportes escolares, ser- pensáveis para garantir a seguran-
aplicação, instrumentalizando a Inspecção-Geral da para a intensificação do protesto e viços de água e de saneamento e ça de vidas e apoio a acidentes.
Administração Local para chantagear eleitos autár- da luta que «têm que continuar e outros.
quicos, com ameaças de sanções penais por alega- vão manifestar-se pelas mais diver- Os transportes urbanos munici- Pressões e violação da lei
do crime de peculato, e o aparelho partidário para sas formas enquanto Sócrates e o pais praticamente não funciona-
pressionar eleitos socialistas a anularem decisões já seu Governo insistirem nas políti- ram, dezenas de escolas, creches e O STAL assinalou «a capacidade
tomadas. cas de direita ao serviço dos gran- jardins-de-infância tiveram as suas de resistência dos trabalhadores
Por outro lado, também no plano da contratação des interesses económicos, em portas encerradas, tal como muitos em greve, apesar de diversos ac-
colectiva, particularmente no âmbito da negociação detrimento de uma aposta efectiva pavilhões desportivos e piscinas tos de chantagem, de coacção e de
de acordos colectivos de entidade empregadora pú- no desenvolvimento, no aparelho municipais. substituição ilegal de grevistas, bem
blica entre o STAL e as autarquias, o Governo têm- produtivo e na valorização dos tra- Trabalhadores administrativos e como da tentativa de imposição de
se imiscuído nos processos em curso, pretendendo balhadores.» técnicos aderiram massivamente e serviços mínimos despropositados
impor a inclusão da adaptabilidade dos horários de levaram ao encerramento de cente- por parte do Ministério do Trabalho
trabalho no sector. Paralisação quase total nas de serviços de atendimento ao e dos tribunais arbitrais constituídos
O STAL sublinha que estes procedimentos violam público, contabilidade, informática no âmbito do Conselho económico
a autonomia do Poder Local, consagrada na Cons- A greve fez-se sentir por todo o e urbanismo, bem como de juntas e Social.»
tituição da República, e reafirma que, por todos os lado e registou níveis nunca antes de freguesia. Em Braga, o Ministério do Traba-
meios – institucionais, jurídicos e reivindicativos –, alcançados em muitos locais de Também o sector empresarial da lho produziu um despacho conjun-
irá continuar a luta para garantir a liberdade de ne- trabalho, sectores ou zonas do País Administração Local se incorporou to para os transportes urbanos que
gociação nestas duas matérias e a justa valorização (dados disponíveis em www.stal.pt). no protesto, paralisando numerosas procurava limitar o direito à greve e
dos trabalhadores das autarquias. A ausência de recolha de lixo na entidades municipais, multimunici- «desvirtuava grosseiramente a filo-
generalidade do território foi o si- pais e intermunicipais. sofia legal de serviços mínimos que
dezembro 2010 jornal do STAL 3
A manifestação
de 6 de
Novembro, que
Editorial
trouxe a Lisboa
mais de 100 mil
trabalhadores
de toda a Separar
o trigo do joio
Administração
Pública, foi um
sinal da forte
disposição de
A
luta antecipando
o êxito da greve situação em que o País se encontra não é con-
geral sequência do acaso ou de qualquer inevitabi-
lidade, mas sim o resultado das políticas seguidas
obstinadamente nas últimas três décadas, com o
objectivo definido de reconstituir os poderio de
meia dúzia de famílias e seus apaniguados, que
hoje reinam novamente em Portugal na abastança.
Na greve geral de 24 de Novembro, os trabalhadores
condenaram estas políticas de classe, exigindo uma rup-
tura, uma mudança efectiva e não apenas de nomes.
Prosseguindo a sua árdua luta, os trabalhadores têm,
nas eleições presidenciais de 23 de Janeiro, uma nova
oportunidade para abrir caminho à mudança política,
penalizando os responsáveis pelo actual estado de
evitem perdas ou prejuízos irrepa- coisas. Para isso devemos reavivar a memória.
ráveis nas populações – como o
Propostas e objectivos
C
direito à vida». Só após uma provi-
avaco Silva, nos dez anos em que esteve no gover-
dência cautelar do STAL, a empre-
no, empreendeu contra os trabalhadores as maio-
sa municipal responsável por este Avaliando a greve geral como uma expressiva manifestação dos
serviço público (TUB) suspendeu a trabalhadores portugueses pela mudança efectiva de políticas, a CG- res tropelias (quem não se lembra do congelamento
prestação de qualquer serviço mí- TP-IN salientou, em comunicado, a necessidade urgente de promo- dos escalões ou do quadro de excedentes?). Da mesma
nimo. ver «uma mais justa distribuição da riqueza, a utilização dos recursos forma, nos cinco anos de mandato presidencial esteve
De entre as várias situações de e das capacidades produtivas do país, a salvaguarda da soberania sempre ao lado da política do Governo Sócrates, mes-
violação da lei da greve, «contra as nacional». mo no que toca às medidas mais impopulares, como
quais o STAL irá accionar os res- Por seu lado, contrariando o discurso do Governo e a sua propa- a retirada de direitos de aposentação, a destruição do
pectivos mecanismos judiciais», sa- ganda nos media dominantes, o STAL divulgou um conjunto de pro- vínculo público, a criação do SIADAP, das quotas de
lienta-se: Na Moveaveiro, empresa postas que, inseridas numa política não enfeudada aos interesses do avaliação ou do novo quadro de excedentes.
M
municipal de transportes urbanos, o grande capital, permitiriam reforçar as finanças públicas e contribui-
director delegado substituiu encar- riam para o desenvolvimento do País: anuel Alegre não lhe fica atrás! É certo que
regados em greve; na Guarda foram - Combater a fraude, a evasão fiscal e a economia paralela; não desempenhou cargos de governação
substituídos trabalhadores do refei- - Obrigar a banca e os grandes grupos económicos a pagar 25% mas, como deputado na Assembleia da República,
tório; em Oeiras, os turnos diurnos e de IRC como qualquer empresa, em vez dos 5% que pagam actual-
ao longo das últimas três décadas, apoiou sempre as
nocturno da recolha de lixo funcio- mente;
principais medidas que caracterizam indistintamen-
naram em parte devido à substitui- - Tributar os capitais enviados para os paraísos fiscais (off-shores);
te a política dos sucessivos governos, sejam eles do
ção de trabalhadores, situação que - Taxar as transacções financeiras em bolsa;
também se registou no Funchal; na - Acabar com o desperdício, os investimentos inúteis, as mordo- PS ou do PSD, sozinhos ou em coligação, com ou
Associação de Bombeiros de Sa- mias, os lucros escandalosos, os salários chorudos, a externalização sem CDS.
cavém foram feitas pressões sobre de serviços; Que disse Manuel Alegre, candidato apoiado pelo PS
um trabalhador em greve; em Va- - Valorizar o poder local democrático e os serviços públicos, en- e BE, do PEC III e das violentas medidas constantes
ladares, a direcção dos bombeiros quanto componente basilar da democracia participativa, motor de no Orçamento do Estado para 2011? Como reagiu
mandou retirar uma faixa colocada desenvolvimento e de criação de emprego. ao congelamento e cortes dos salários e do abono de
pelos trabalhadores em greve. família, do aumento dos impostos e descontos para a
Caixa Geral de Aposentações? Lamuriou-se, mas con-
Na greve
geral de 24 cordou que o Orçamento precisava de ser aprovado;
de Novembro, lamentou, mas não esteve com os 100 mil trabalhado-
muitos res da Administração Pública que, em 6 de Novembro,
milhares de
trabalhadores,
se manifestaram na Avenida da Liberdade, tal como
activistas, foi incapaz de afirmar o seu apoio à greve geral.
P
delegados
e dirigentes ortugal e os trabalhadores precisam de um presi-
sindicais
integraram os dente e de um governo que rompam com 30 anos
piquetes de de políticas ao serviço do capital, que cumpram a cons-
greve, cuja tituição e devolvam ao Estado o controlo dos sectores
acção foi
decisiva para
estratégicos da economia, hoje monopólios privados,
garantir o direito que travem a crescente acumulação de riqueza nas
de greve mãos de alguns, e a façam reverter para o desenvol-
vimento do aparelho produtivo, de serviços públicos
de qualidade, para a construção de um país soberano e
independente, de progresso e justiça social.
Por isso, no dia 23 de Janeiro é preciso distinguir o
trigo do joio e votar no candidato que está connos-
co na luta do dia-a-dia por uma vida melhor. Com
ele prosseguiremos a luta!
4 jornal do STAL dezembro 2010
Edil condiciona
liberdade Conversão dos contratos a termo
sindical
O presidente da CM de Oliveira do
Bairro, Mário João Oliveira, amea-
Novos argumentos
contra precariedade
çou chamar a GNR, durante um
plenário de trabalhadores, que teve
de se realizar no corredor porque
recusou a cedência de uma sala.
abusiva
O STAL repudiou veementemente
a atitude do autarca, considerando-
a «anticonstitucional e ilegal», já que
teve claramente o intuito de condi-
cionar a liberdade sindical, e sublinha
que a lei obriga as entidades patronais
a ceder espaços apropriados para a O recurso abusivo à
realização de reuniões sindicais. contratação precária,
De resto, a má-vontade ficou clara particularmente sob a forma
quando, depois de alegar que o salão
nobre da autarquia estaria ocupado,
de contratos a termo e
apesar de nenhum evento ter ali de- contratos de prestação de
corrido no período do plenário, voltou a serviços (na gíria «recibos
recusar um espaço alternativo e dispo- verdes»), é uma prática
nível como era o caso da biblioteca. condenável da Administração
Como se não bastasse, o edil ou- Pública, inclusive das
sou interromper a reunião de traba-
lhadores e, em tom arrogante e auto-
autarquias, que deve ser
ritário, ameaçou chamar a GNR para combatida.
acabar com o barulho. Esta atitude é
C
qualificada pelo Sindicato como «re- omo é sabido, os contratos pre-
veladora de um autêntico caciquismo cários correspondem, na sua es-
e de desrespeito pelas mais elemen- magadora maioria, ao desempe-
tares normas da democracia». nho de funções de natureza permanente
e não a meras carências temporárias da
Tribunal
Mas apesar das grosseiras ilegalidades traduzem um abuso ao recurso à con- ram na Administração Pública.
que inquinam esses contratos, o regime tratação precária, para exercício de fun- De facto, esses acórdãos permitem-nos
de direito público tem proibido expres- ções de natureza permanente. demonstrar que o abuso continuado nesta
anula penas samente a sua conversão em contratos
sem termo, ao contrário do que sucede
Para esse efeito, os acórdãos invo-
cam também a Directiva 1999/70/CE,
matéria por parte da Administração Pública
constitui uma manifesta ofensa aos princí-
O Sindicato condena
os eleitos das câmaras Em defesa da «opção gestionária»
STAL condena
municipais que, após
terem acordado a
aplicação da opção
gestionária, cederam às
pressões do Governo,
falta de palavra
e, dando o dito por não
dito, obrigaram nalguns
casos os trabalhadores
a devolver os montantes
recebidos.
A
Câmara Municipal de Caste- Situações semelhantes ocorreram e aos tribunais, seja levando a cabo tados e alcançar o seu reconheci-
lo Branco foi um dos muitos nas câmaras de Elvas, Bombarral e processos de luta no sentido de tra- mento nas autarquias que ainda
municípios que, em Janeiro Águeda, todos elas baseando-se var a retirada de direitos conquis- não o fizeram.
deste ano, aplicou a opção gestio- nas posições prepotentes do secre-
nária valorizando os vencimentos tário de Estado da Administração
de um vasto conjunto de trabalha- Local ou em pareceres da DGAL
dores que cumpriam os requisitos. ou da IGAL, cuja fundamentação é
Apesar de diminuto, o acréscimo re- contestada pelo Sindicato.
muneratório, que oscilava entre os 31
e os 42 euros por mês, permitia atenu- Ingerências ilegais
ar a contínua degradação do poder de
compra sofrida nos últimos anos. Sem deixar de responsabilizar os
Porém, passados poucos meses, eleitos autárquicos por faltarem aos
o presidente do município, Joaquim compromissos assumidos, o STAL
Morão, eleito pelo PS, revogou a qualifica as intervenções do Governo,
medida e começou a descontar o di- através da Secretaria de Estado, da
nheiro pago nos parcos vencimentos Direcção Geral ou Inspecção-Geral
dos funcionários da autarquia. das Autarquias Locais, como uma
Face à gritante ilegalidade, os tra- «descarada interferência» na gestão
balhadores manifestaram-se, dia 20 dos municípios e um abuso de poder,
de Setembro, frente aos Paços do que não têm qualquer cobertura legal.
Concelho, exigindo a reposição de O STAL considera que quer a
Os trabalhadores
Governo sacrifica
do sector público
O Orçamento do Estado para 2011
do congelamento na generalidade
das pensões que afectam todas as
sofrerão uma redução nominal de
cinco por cento em média para
é sem quaisquer dúvidas o maior famílias, o Governo criou medidas as remunerações brutas acima
ataque desde o 25 de Abril efectuado específicas contra os funcionários de 1500 euros, enquanto as mais
públicos, cujos salários represen- baixas ficarão congeladas, ou
contra os trabalhadores, pensionistas tam 24,7 por cento de toda a des- seja, perderão poder de compra
e reformados e, em especial, contra pesa do Estado. devido ao efeito da inflação que
os cerca de 850 mil trabalhadores da Assim, depois de este ano te- deverá atingir os 2,2 por cento.
Administração Pública (Central e Local) rem visto o seu vencimento lí- São tantas e variadas as me-
e do Sector Empresarial do Estado. quido diminuir com a subida dos didas que irão afectar a vida dos
descontos da Caixa Geral de funcionários públicos e das suas
P
ara além do aumento dos Aposentações (CGA) de 10 para famílias em 2011, que vale a pena
impostos (IRS, IVA), do cor- 11 por cento, em 2011, pela pri- enunciá-las (ver caixa).
te nas prestações sociais ou meira vez desde o 25 de Abril, A factura que irão pagar é ex-
tremamente pesada. Os cortes
Doze medidas
trabalhadores
Quase um terço da redução do défice
orçamental será obtido à custa dos
intoleráveis
1. Cortes salariais a partir dos 1500 euros,
abrangendo cerca 450 mil trabalhadores, e con-
gelamento para os restantes 400 mil, que auferem
os salários abaixo daquele montante.
2. Aumentos dos descontos para a CGA de 10
salários dos trabalhadores para 11 por cento.
3. Fusão de organismos do Estado, com a colo-
cação de funcionários na mobilidade especial.
4. Congelamento das admissões.
5. Redução do número de contratados.
6. Redução das horas extraordinárias e subsí-
dios (ajudas de custo e subsídios de transporte
vão ser reduzidos e o regime de trabalho nocturno
vai ser unificado);
7. Diminuição dos benefícios na Saúde (a ADSE
vai ser reformulada, o Governo pretende que o
sistema de saúde dos funcionários públicos deixe
de ser obrigatório e passe a ser voluntária a sua
subscrição, serão limitados os serviços a que se
tem direito, bem como o número de medicamen-
tos elegíveis).
8. Cortes nas pensões indexadas aos salários
políticas partilhadas pelos dois 154,3 milhões de euros e a Jeró- (as pensões indexadas aos salários vão sofrer um
maiores partidos. Os pensionis- nimo Martins 193 milhões de eu- corte idêntico ao que está previsto para os funcio-
tas e reformados, os trabalhado- ros. Em contrapartida, as famí- nários no activo. O valor das restantes, mesmo as
res por conta de outrem do sec- lias, na sua esmagadora maioria, mais baixas, ficará congelado no próximo ano).
tor privado, os desempregados empobrecem de ano para ano, e 9. Fim das acumulações de salários com pen-
e os beneficiários de prestações as pequenas e médias empresas sões.
sociais são também duramente estão endividadas e à beira da
10. Transferências forçadas de trabalhadores
atingidos. ruína. (sendo cada vez mais limitadas as situações em
Os poucos que beneficiam são, Ao contrário daquilo que nos que os funcionários podem recusar essas trans-
muito em particular, os grandes pretendem impingir não vivemos ferências).
da Educação para os municípios grupos económicos que conti- uma situação inevitável e achamos
no âmbito da descentralização nuam a acumular lucros sobre que existem alternativas, com os
11. Avaliação de desempenho não produz
efeitos remuneratórios no próximo ano (os funcio-
de competências. lucros. Por exemplo, os lucros trabalhadores e com um sector nários poderão continuar a acumular pontos, mas
Perante este quadro orçamen- dos quatro maiores bancos pri- público forte e ao serviço das po- não poderão subir de posição remuneratória antes
tal, a própria Associação Nacio- vados ascenderam a 4,1 milhões pulações. de 2012).
nal dos Municípios Portugueses de euros nos primeiros nove É possível e desejável um futu-
estima que cerca de um quarto meses do ano; a PT encaixou 5 ro diferente e melhor para o nosso
12. Travagem de qualquer subida salarial, fi-
cando proibidas no próximo ano alterações de
da totalidade dos municípios 617,7 milhões de euros; a Brisa País, mas só através da luta per- posicionamento remuneratório, progressões, pro-
ver-se-ão obrigados a recorrer a 401,7 milhões de euros, a Galp manente dos trabalhadores será moções ou nomeações.
empréstimos para saneamento 266 milhões de euros, a Portucel possível alcançá-lo.
e reequilíbrio financeiro. Muitas
das suas intervenções de apoio Emprego na Administração Pública (1996/2010)
às populações estarão em risco
760,000
e muitos dos protocolos de des- 747,880
centralização de competências
740,000
da Administração Central para
726,523
os municípios poderão mesmo
720,000
ser denunciados. 708,507
Foi este o Orçamento do Estado 716,418
700,000
que PS e PSD viabilizaram no par-
Empregos (Nº)
p
o sector, pondo fim ao ostracismo de
décadas a que haviam sido sujeitos.
C
om a constituição da «Orga-
s d e A
nização Pró-Sindical da Ad-
pe l o s i d e a i
ministração Pública e Local»,
que logo em Maio de 1974 promo-
veu plenários em Lisboa, Setúbal,
Coimbra, Leiria, Braga, Foz do Are-
lho, Praia Grande, Santarém e Tavira,
deu-se início ao complexo processo
de luta pela criação de um sindicato
verdadeiramente representativo dos
trabalhadores.
No plenário realizado em Tavira, municipais do País, que obrigam o Go-
nos dias 19 e 20 de Abril de 1975, máximo de 40 horas e o direito ao As sedes do Sindicato verno a satisfazer algumas das princi-
foi aprovada a constituição de uma subsídio de Natal, direitos elemen- pais reivindicações dos trabalhadores,
Comissão Coordenadora Provisó- tares que não eram então reconhe- A primeira sede provisória do STAL designadamente a atribuição do sub-
ria, inicialmente composta por oito cidos. foi inicialmente instalada na Câmara sídio de férias no valor equivalente ao
membros e mais tarde alargada Em 31 de Maio de 1976 tem lugar a Municipal de Santarém, sendo de- vencimento e o direito ao exercício da
para 12. A 24 de Agosto deste ano primeira manifestação dos trabalha- pois transferida para o Pavilhão do actividade sindical.
é deliberado, em assembleia reali- dores da Administração Local, com Turismo, no recinto da feira daquela A primeira Comissão de Luta foi
Os primeiros
zada no Porto, constituir o Sindi- destino a S. Bento, onde é decidida cidade, em 6 de Maio de 1975. Em constituída em finais de 1975 e, em
passos para
a fundação cato. a realização de uma greve por tempo Maio de 1976 a sede nacional passa Janeiro de 1976, é aprovado um pla-
do STAL cul- No primeiro caderno reivindicati- indeterminado para exigir, entre ou- a funcionar em instalações próprias, no de acção contemplando a realiza-
minaram com vo do STAL (ainda na sua fase em- tras matérias, a publicação dos Es- também em Santarém. ção de uma série de seis greves no
a assembleia brionária), publicado em 24 de Abril tatutos do STAL e a consagração de Em 1990 é inaugurada uma nova mês de Abril. Só a primeira se con-
constituinte
de 1975, exigiam-se a previdência um subsídio de refeição. sede nacional do STAL, que transita cretizou, dado o recuo do governo
realizada em
24 de Agosto e assistência social, o direito a fé- Os trabalhadores das autarquias de Santarém para Lisboa. Finalmen- ao reabrir o processo negocial que
de 1975 rias e respectivo subsídio, a sema- aderem massivamente a esta deci- te, em 1 de Junho de 2000, é inau- vinha protelando.
na de trabalho de cinco dias com o são e realizam a greve de 13 dias, gurada a nova e actual sede, num São incontáveis as acções desen-
que decorreu de 3 a 16 de Junho de edifício de cinco pisos adquirido pelo cadeadas a partir de então, quando o
1976. Sindicato, que, para além de possuir sindicalismo reivindicativo e de clas-
Face a esta paralisação, o gover- um auditório e salas para formação, se estava a dar os primeiros passos
no então liderado por Pinheiro de alberga ainda a Direcção Regional de nos terrenos abertos pela liberdade
Azevedo vê-se obrigado a ceder, e Lisboa. que o 25 de Abril nos legou. Sempre
aprova uma resolução a autorizar a Ao longo dos anos, com início em com o mesmo empenhamento na
criação de sindicatos na Administra- 1976, são abertas progressivamente luta pela dignificação dos trabalha-
ção Pública. sedes sindicais regionais em todo o dores, sempre confiantes de que um
Os Estatutos do STAL são enfim território nacional, algumas em con- Portugal mais justo era possível.
publicados a 20 de Julho de 1976, junto com outros sindicatos e com Nestes tempos, a hora era de con-
legalizando assim a existência do as uniões distritais da CGTP-IN. quista. E as conquistas sucediam-se.
sindicato. A 17 de Novembro de 1977, o STAL
Em 20 de Abril de 1977, por sufrá- Primeiras lutas, grandes assina o primeiro protocolo com o
gio universal, são eleitos os primei- conquistas Governo, estabelecendo o princípio
ros corpos gerentes do STAL. da uniformização de critérios para
A 24 de Outubro de 1977 é cria- A história do STAL, por mais resu- toda a Administração Central, Regio-
da a Frente Comum dos Sindica- mida que se apresente, terá que ter nal e Local.
tos da Administração Pública, de como referência especial a luta desde Já no âmbito da Frente Comum de
que o STAL é um dos 25 compo- sempre travada pela conquista de di- Sindicatos da Administração Públi-
nentes. reitos fundamentais dos trabalhado- ca, realizam-se no âmbito de toda a
O primeiro Boletim Informativo, pu- res e a sua posterior defesa, face aos Administração Pública dois dias de
blicação que antecedeu o Jornal do vis ataques que os sucessivos gover- greve, a 6 de Abril e 10 de Maio de
STAL, criado em 1984, é publicado nos contra eles vêm desferindo. 1978, reivindicando salários e pen-
em Novembro de 1977. Logo em Abril de 1975, na sequência sões de reforma justos e melhoria
Em 13 de Junho de 1994, o STAL da apresentação do primeiro caderno das condições de trabalho.
filia-se na grande central sindical reivindicativo, os trabalhadores da Câ- O STAL bate-se arduamente pela
portuguesa, a CGTP-IN, após os as- mara Municipal do Porto realizam uma consagração da anualidade das ac-
sociados se terem pronunciado fa- greve de 24 horas, desencadeando-se tualizações salariais, princípio que
voravelmente, em assembleia-geral, a seguir, num curto período de tempo, viria a ficar consagrado nas negocia-
por larga maioria (85% dos votos). um surto de greves em várias câmaras ções do ano seguinte.
DEZEMBRO 2010 9
a e resistência
seus objectivos não foram ainda to-
talmente alcançados.
A resistência dos trabalhadores
ao esbulho permanente de que são
vítimas tem sido determinante para
estancar, na medida do possível, a
voracidade dos exploradores, agora
s
já com a máscara bem mais desgas-
tra balhadore
tada pelo seu desmesurado uso.
os
Por isso se realizaram, no decorrer
dos anos e até hoje, inúmeras ma-
nifestações, concentrações, vigílias
e greves sectoriais, nacionais e ge-
rais. Algumas com êxito notório, ou-
tras com resultados que não foram
Abril
imediatamente visíveis. Mas todas
contribuindo para defender direitos
e alertar a consciência nacional dos
perigos que resultam do prossegui-
mento da política de vassalagem ao
grande capital nacional e estrangei-
ro, em detrimento dos trabalhadores
e dos verdadeiros interesses da so-
berania e independência nacionais.
Deputados de vários
grupos políticos do
Parlamento Europeu (PE), Eurodeputados lançam declaração
Manter a água
onde se inclui o deputado
do PCP, João Ferreira,
apresentaram, no dia
15 de Novembro, em
Bruxelas, uma declaração
no sector público
escrita sobre a protecção
da água como bem
público.
O
documento recorda que as Nacional do STAL considerou esta
Nações Unidas reconhece- «iniciativa da maior actualidade e
ram o direito humano uni- oportunidade», salientando que a
versal à água e ao saneamento e sua aprovação pela maioria dos
considera que «muitos cidadãos deputados no Parlamento Europeu,
europeus não gozam» dele «devido «constituirá um passo muito im-
à privatização e mercantilização». portante na luta dos trabalhadores
Estes processos traduziram-se e dos povos em defesa do direito
em «aumentos sensíveis das tari- à água e ao saneamento, de uma
fas» e numa degradação do serviço, gestão pública de qualidade, na
«de tal forma que em alguns casos exigência de uma sociedade mais
a gestão dos serviços regressou ao justa, democrática e desenvolvida.»
sector público». Neste sentido, o STAL «apela à
Deste modo, o texto reitera o teor sua subscrição pelos eurodeputa-
da Resolução do PE de 2004, onde dos portugueses e incentiva todas
se afirma que «a gestão dos recur- as organizações, movimentos e ac-
sos hídricos não deve ser sujeita às tivistas em defesa da água pública
regras do mercado interno» e insta para que se solidarizem com este
a «a Comissão a rever a legislação projecto através da tomada de po-
pertinente (…) a fim de garantir que a sições públicas e do seu envio aos
propriedade e a gestão da água, bem respectivos representantes políti-
O Parlamento
como das empresas de distribuição, pela Europa; Verdes/Aliança Livre deputados, ou seja, pelo menos cos».
Europeu, já em
permaneçam no sector público». 2004, deliberou Europeia; e Aliança Progressista 369 assinaturas. O Sindicato propôs igualmente
A declaração partiu da iniciativa que a gestão da dos Socialistas e Democratas. à Federação Europeia de Sindica-
de cinco deputados representan- água deve ser Para ser adoptada formalmente STAL apoia declaração tos de Serviços Públicos, de que é
do os grupos Esquerda Unitária pública pelo Parlamento Europeu, o docu- membro, uma tomada de posição
Europeia/Esquerda Verde Nórdica; mento deverá recolher no prazo de Em comunicado divulgado no e intervenção em torno desta ini-
Aliança dos Democratas e Liberais três meses o apoio da maioria dos início de Dezembro, a Direcção ciativa.
O
negócio, que, segundo revelou tamento de Saneamento continua a António Costa afirma que só precisa A perspectiva de um brutal au-
na altura, está «está em vias libertar importantes receitas líquidas, de 160 milhões de euros para recupe- mento de taxas e de degradação do
de se realizar», proporcionará que serão perdidas definitivamente a rar a rede. Então, porque não o faz? serviço é reforçada pela intenção do
um encaixe imediato de 100 milhões favor da EPAL. As receitas actuais cobrem facilmente Governo, várias vezes reafirmada, de
de euros, que permitirá à autarquia No entanto, procurando justificar o investimento no prazo indicado. privatizar o conjunto do sector em-
amortizar a sua dívida de curto prazo. uma operação ruinosa, António Costa De resto, como salienta o STML, presarial do Estado, no qual se inte-
Contudo, como denunciou alguns acrescenta que «a rede de saneamen- «o negócio com a EPAL será por 50 gra a Águas de Portugal, que contro-
dias depois o STML (Sindicato dos to» de Lisboa se encontra num «esta- anos! Isto quer dizer que a autarquia la a EPAL a 100 por cento.
Trabalhadores do Município de Lis- do deplorável», e que é necessário in- de Lisboa perderá 2500 milhões de Está bem de ver que o «bom ne-
boa), este «é um mau negócio para o vestir 160 milhões de euros na sua re- euros! Verba que daria para revitali- gócio» de António Costa pode vir a
município e para os lisboetas», para qualificação durante os próximos dez zar, modernizar ou requalificar a rede custar caro à população e aos traba-
além de lançar na incerteza o quadro anos, responsabilidade que passará de saneamento 15 vezes!». lhadores, e não passa afinal de um
de pessoal do actual Departamento para a empresa. Deste modo garante Mas para além desta enorme perda expediente para amortizar dívida no
de Saneamento. que «toda a gente fica a ganhar». de receitas, a alienação do saneamen- imediato e assim libertar meios extra
O mau negócio é demonstrado com to terá ainda outras consequências para projectos eleitoralistas.
clareza pelos números que estão em Expediente eleitoralista nefastas. O facto de a EPAL não ter Em coerência com as suas posi-
jogo. Só em taxas de saneamento, a experiência na área do saneamento ções de defesa da propriedade pú-
CML encaixa anualmente 50 milhões Porém, mais uma vez os números faz com que tenha de recorrer a pres- blica dos serviços essenciais, com
de euros, ou seja, metade do valor que apontam em sentido inverso. As taxas tadores externos, o que se reflectirá gestão pública, o STAL manifesta-se
espera receber com a concessão. de saneamento proporcionam uma re- num aumento dos custos. Ao mesmo contra a concessão do Departamen-
Mesmo tendo em conta que a au- ceita de 500 milhões de euros em dez tempo, dada a sua lógica empresarial, to de Saneamento da CML à EPAL,
tarquia tem encargos anuais de 25 anos. Se descontarmos os encargos a qualidade do serviço tenderá a dimi- solidarizando-se com os trabalha-
milhões de euros, pagos à SIMTEJO, com o tratamento de esgotos, ainda nuir para maximizar lucros, e mais uma dores e apelando à luta contra essa
pelo tratamento de esgotos, o Depar- sobram 250 milhões de euros. Ora, vez quem vai pagar são os utentes. medida.
Novos aumentos
à cultura,
manifestaram
preocupação
incomportáveis
com as
consequências
da reorganização
de serviços.
Os 16 municípios que integram o sistema multimunicipal Águas do
Zêzere e Côa (AdZC) foram surpreendidos, em Outubro, com aumentos
não previstos das tarifas, que se elevam a 10 por cento na água e 15 por
cento no saneamento e têm efeitos retroactivos a Janeiro deste ano.
A nova tabela de preços, aprovada em Agosto pelo Ministério do
Ambiente e Ordenamento do território, «coloca em causa as contas
dos municípios ao exigir o pagamento retroactivo de verbas impossí-
veis de prever com base nos pressupostos previamente estabeleci-
dos e conhecidos», afirmam um comunicado conjunto, emitido em 3
de Novembro, no final de um encontro que reuniu na Guarda a maio-
ria dos presidentes das autarquias afectadas.
Trabalhadores preocupados
Para além disso contestam a tentativa de cobrança de seis por cen- Cerca de 400 trabalhadores do município recolha de resíduos e limpeza urbana, dos
to de IVA, notando que tal taxa apenas entrou em vigor em 1 de Julho, de Lisboa participaram no plenário do STAL museus e galerias municipais, dos refeitórios
não podendo ser aplicada a serviços prestados antes dessa data. e STML, realizado dia 26 de Novembro, na e creches, do sector do urbanismo ao da in-
Escandalizados com o que consideram ser o maior agravamento de Praça do Município, para contestar a pro- formação.
sempre, os eleitos autárquicos salientam ainda que, com tais aumen- posta de «reorganização» dos serviços ca- O STAL considera que a autarquia tem
tos, as tarifas sobem já este ano para valores que só deveriam ser marários. condições para continuar a prestar de forma
atingidos em 2027, de acordo com o estudo de viabilidade económi- Ambos os sindicatos opõem-se ao plano directa aqueles serviços, com evidentes ga-
co-financeira do sistema multimunicipal. da autarquia que pretende entregar a entida- nhos de eficiência e de eficácia, salvaguar-
Acusando a empresa de ser incapaz de cumprir o contrato de con- des terceiras a gestão de um conjunto diver- dando os interesses e direitos dos trabalha-
cessão e de recorrer a sucessivos aumentos para equilibrar as suas sificado de serviços. dores e acautelando os do próprio município
contas, os eleitos declararam-se «lesados pelo sistema municipal» e A proposta da maioria socialista, que foi e da população.
anunciaram que tomarão «todas as medidas entendidas como ne- nesse dia discutida e aprovada em reunião Neste sentido, os dois sindicatos lançaram
cessárias e justificadas para fazer face às pretensões da AdZC que de câmara, preconiza designadamente a um abaixo-assinado em defesa da gestão
continuem a penalizar os municípios e os munícipes». concessão da rede de saneamento em bai- municipal e contra este processo de reorga-
xa à EPAL e alterações na actual gestão da nização na CML.
12 jornal do STAL dezembro 2010
A rejeição generalizada
Bombeiros mobilizam-se
Projecto do governo
do projecto de regime de
carreiras apresentado pelo
Governo foi expressa por
mais de 400 bombeiros,
não serve
reunidos em plenário
convocado pelo STAL e
No plenário do STAL e STML,
STML, em 20 de Outubro, no bombeiros de todo o país
Terreiro do Paço, em Lisboa. reafirmaram a sua determinação de
prosseguir a luta pela dignificação e
A
resolução aprovada no ple- valorização profissional
nário salienta que a proposta
governamental «não serve os ro objectivo de rebaixar os salários do
interesses dos bombeiros nem das sector. Como interpretar de outro mo-
populações», já que «promove a des- do o estabelecimento do salário base
valorização profissional» e «faz tábua em 532,08 euros, valor que incluiria já
rasa das exigências técnicas e huma- a disponibilidade permanente e o su-
nas que a segurança e salvaguarda plemento de risco? Na prática, o salá-
de pessoas e bens exige». rio base da tal futura carreira única se-
Se fosse aplicada, os bombeiros ria inferior ao salário mínimo nacional.
seriam transformados «em trabalha- Como sublinha a resolução sindical
dores de terceira, disponíveis para esta é «uma proposta inaceitável que
todo o serviço 24 horas por dia sem constitui um insulto aos milhares de
qualquer compensação e sem a devi- homens e mulheres» que desempe-
da formação profissional». nham a função de bombeiro.
Entre os muitos aspectos inaceitá- Manifestando a sua determinação
veis, o projecto «bloqueia o acesso de lutar pela negociação de propos-
a níveis superiores da carreira» e, ao tas justas que dignifiquem e valori-
mesmo tempo, exige que «homens e zem a carreira de bombeiro, o plená-
mulheres de 65 anos estejam na linha rio do STAL e do STML aprovou um Em Janeiro terá lugar uma acção na- também profissionais de Gaia, Bra-
da frente do combate a catástrofes na- calendário de acções que se estende cional de sensibilização da população ga e Viana do Castelo; de Coimbra,
turais, incêndios, florestais e urbanos, até Fevereiro próximo. para os problemas do sector, preven- a que se juntam trabalhadores da Fi-
sem ter em conta as exigências físicas Entre as iniciativas destaca-se o do-se a distribuição de comunicados gueira da Foz, Leiria e Viseu; de Lis-
que estas situações impõem». lançamento de um abaixo-assinado nos principais centros urbanos. boa, em que participam igualmente
Para além disso, a proposta de fu- para ser entregue na Assembleia da Em Fevereiro, no dia 3, realizam- bombeiros de Santarém e Setúbal; e
são das carreiras de bombeiro munici- República, à Presidência e aos gru- se concentrações junto dos gover- de Faro, com todos os profissionais
pal e de bombeiro sapador tem o cla- pos parlamentares. nos civis do Porto, onde convergirão do Algarve.
AHBV de Oleiros
STAL impulsiona Punição inadmissível
conselhos de Sílvia Martins, trabalhadora administrativa solvida. No cubículo, onde cumpre o seu ho-
empresa europeus
dos Bombeiros Voluntários de Oleiros, no dis- rário de trabalho, as loiças sanitárias foram re-
trito de Castelo Branco, foi posta de castigo tiradas depois de o Sindicato ter chamado a
numa casa de banho, sem funções atribuídas, Autoridade para as Condições de trabalho.
após o tribunal ter ordenado a sua reintegra- Contudo, Sílvia Martins, que foi alvo de despe-
A convite da FSESP (Federação Sin- y Servicio), accionista minoritário da ção e indemnização, considerando ilegal o dimento abusivo por se ter sindicalizado e exer-
dical Europeia de Serviços Públicos), SUMA, controlada pelo grupo MOTA- despedimento de que fora vítima. cer actividade sindical, continua sem funções
o STAL participou recentemente numa ENGIL, e principal operador privado A situação arrasta-se desde Outubro, e ape- correspondentes à sua categoria profissional,
reunião organizada pela Federação em Portugal no sector dos resíduos. sar da intervenção do STAL ainda não está re- estando proibida de entrar na secretaria.
Europeia dos Sindicatos da Constru- Ao mesmo tempo que manifes-
Encontro defende
ropeus em grupos espanhóis como a abrange várias estruturas sindicais,
FCC, a FERROVIAL e ACS. algumas das quais presentes na ini-
Originários do sector da constru- ciativa, o STAL chamou a atenção
ção, estes grupos são hoje verdadei-
ros gigantes do sector dos serviços,
empregando milhares de trabalhado-
para a necessidade de empreen-
der semelhante esforço de coope-
ração no grupo Sacyr Vallehermoso,
contratação colectiva
res em dezenas de países. que controla a empresa AGS (Admi- Activistas sindicais do STAL Sindicato, Francisco Braz, e de testadas pelos trabalhadores
É o caso do grupo FCC (Fomento nistração e gestão de sistemas de no sector empresarial da Admi- representantes sindicais em di- e pelo STAL, já que põem em
de Construcciones y Contratas), pro- Salubridade), adquirida ao grupo SO- nistração Local reuniram-se, dia versas empresas municipais, causa condições de trabalho
prietário da empresa AQUALIA, deten- MAGUE em 2000. A par da AQUA- 20 de Novembro, em Lisboa, multimunicipais, intermunici- consagradas em acordos ce-
tora em Portugal de vários contratos POR, a AGS é actualmente a empre- num encontro nacional para pais e outras, incluindo conces- lebrados por contratação co-
de concessão dos serviços de água sa privada com mais contratos de discutir os principais problemas sionárias de serviços públicos lectiva. Particular preocupação
e saneamento, designadamente em concessão. dos trabalhadores do sector. locais. foi manifestada em relação às
Abrantes, Elvas, Campo Maior e Car- É objectivo do STAL potenciar a A iniciativa, que também se As medidas impostas pelo empresas do grupo Águas de
taxo, tendo ganho o concurso lançado representação dos trabalhadores, inseriu no âmbito da mobiliza- Governo a grande parte des- Portugal devido aos constantes
pelo Fundão ainda por adjudicar. a sua organização e a defesa dos ção para a Greve Geral de 24 tas empresas, designadamen- boicotes à contratação colecti-
O mesmo se passa com o grupo seus interesses no plano destas em- de Novembro, contou com a te em matéria salarial e outros va por parte do seu conselho
ACS (Actividades de Construcción presas. participação do presidente do direitos, são fortemente con- de administração.
dezembro 2010 jornal do STAL 13
Conversas desconversadas
✓ Adventino Amaro
Cena breve
do nosso quotidiano
Ó
Zefa, anda cá depressa – grita para a cozinha em que o País se encontra? E estão agora a dar as – Ouve-me cá, ó meu atraso de vida. Afinal de que
o Felismino Papa-tudo, sentado de olhos, mesmas receitas de sempre para salvar o País da der- lado estás tu? Do nosso lado, do lado dos nossos fi-
orelhas e todos os demais órgãos sensoriais rocada? E tu ainda vais na conversa deles? lhos, do lado de quem se mata a trabalhar para sobre-
atentos ao que o caixote televisivo, aos berros, lhe O Felismino não gostava muito de se meter em dis- viver, do lado de quem vai garantindo, apesar de tudo,
vai gritando. - Anda ver o Catroga, o Mira Amaral, o cussões com a sua cara-metade, porque ficava inva- uma certa dignidade a este País saqueado por vampi-
Hernâni Lopes, o Mário Soares, o Medina Carreira, o riavelmente a perder. Mas, desta vez, encontrou um ar- ros sem honra nem vergonha, ou do lado de quem te
Marques Mendes e o Marcelo a explicar porque é que gumento infalível para a convencer das suas razões: chupa o sangue para engordar, cada vez mais, a sua já
o País está em crise e o que é preciso fazer para sair – Ó mulher, então tu não conheces aquele trata- abarrotada conta bancária? Estás do lado de quem tra-
dela. Anda depressa, gaita, senão continuas a não sa- mento de choque que se aplica a quem leva uma balha, como tu e eu, ou do lado de quem rouba o fruto
ber as receitas e pões-te para aí abusivamente a es- traulitada na cachola e fica com amnésia? A solução do nosso trabalho para satisfazer a sua insaciável gula?
banjar dinheiro na compra de carapaus para o almo- mais eficaz para a vítima recuperar a memória é dar- Queres, afinal, viver comigo uma vida digna ou preferes
ço e conservas de atum para o jantar, sem te aperce- lhe outra cachaporra no toutiço. É remédio santo, po- prostituir-te, vendendo corpo, alma e consciência aos
beres dos grandes de- que todos os dias escar-
sígnios nacionais, pelos necem de ti, enquanto te
quais todo o bom pa- assaltam a casa com fa-
triota tem a obrigação linhas mansas de enga-
de se sacrificar. na tolos? E presta bem
A Zefa estava na co- atenção, porque o prazo
zinha, de facto, a fritar de validade do nosso ca-
a meia dúzia de jaquin- samento, perante a tua
zinhos que conseguira subserviência, está-se a
comprar no mercado lá esgotar. Eu não suporto
da terra e que iriam ser, mais viver com cúmpli-
com uma chávena de ces do inimigo na minha
arroz bem medida en- própria casa. Não aguen-
grossado na cozedura, to mais. Não posso! Não
o almoço da família na- posso! Não posso!
quele dia de sábado. A Zefa estava quase
Ao ouvir o chama- a chorar. Ela sabia que
mento do marido ainda o companheiro era um
pensou em mandá-lo homem honesto, tra-
dar uma curva ao bilhar balhador, cumpridor
grande. Estava farta de até mais não das suas
tanta ingenuidade (não obrigações. Mas tinha
seria já estupidez cró- aquele terrível defeito
nica?) do seu cara-me- de se prostrar frente à
tade, um pobre homem televisão a engolir pas-
que se matava a traba- sivamente tudo aquilo
lhar por um ordenado que os serventuários do
miserável mas que se poder de lhe impingiam,
orgulhava por o seu patrão, um tal senhor Belmiro, des crer. Ainda no outro dia vi um filme do Bucha e e não se mostrava capaz de se libertar da teia mons-
ser considerado um dos homens mais ricos da Eu- Estica neste canal a tratar do tema. Pois é o que estes truosa em que se deixou envolver.
ropa. – É um orgulho para Portugal, um país tão pe- ilustres senhores estão a tentar fazer. E tu, que devias Esta história acaba aqui, sem ficarmos a saber
quenino, ter gente nos primeiros lugares da riqueza também estar-lhes agradecida pelo patriótico esfor- como vai acabar. Esperemos que a Zefa tenha ainda
individual, e também um orgulho para mim, que para ço que fazem desinteressadamente, só sabes dizer a capacidade de acordar o Felismino para a vida real
isso contribuo com o meu trabalho – dizia por vezes mal deles, andar a vasculhar as fortunas que têm, as e que a coisa não dê em separação. Porque ambos
o nosso Papa-tudo, de olhos brilhantes de prazer pa- muitas reformas chorudas que recebem, os lugares merecem ser felizes. Juntos e unidos, na luta por uma
triótico. em conselhos de administração que ocupam, em vez vida digna numa sociedade sem explorados nem ex-
Ao terceiro chamamento do Felismino, a Zefa pôs de lhes prestar a vassalagem que merecem. Franca- ploradores.
os carapaus a salvo da frigideira e do gato esfomea- mente... Assim o Felismino se liberte das amarras da igno-
do que por ali rondava e chegou-se ao pé do marido. A Zefa, normalmente calma e compreensiva, desta rância em que a chusma de assalariados do grande
Olhando o televisor, comentou: – Olha cá ó Papa- vez passou-se. capital, instalados nas televisões, rádios e jornais, o
tudo, esses gajos todos que aí estão não estiveram Estava farta de tanta ingenuidade, de tanta parvo- querem manter a todo o custo.
já no governo, não foram alguns deles ministros das íce, de tanta estupidez ou sabe lá ela, já, de tanta o Quando tiver tempo, vou tentar saber se ele já con-
Finanças, não contribuíram, todos eles, para a miséria quê. Não pôde, por isso, conter-se: seguiu aderir à greve geral. Depois conto.
14 jornal do STAL dezembro 2010
Comunicar
N.º 97
DEZEMBRO 2010
Publicação
de informação
sindical do STAL
Propriedade
nas redes
STAL – Sindicato
Nacional dos
Trabalhadores
da Administração
Local
sociais
Director:
Santos Braz
Coordenação
Uma vez criada a conta, res- precauções que temos em re- e redacção:
José Manuel Marques
ta constituir a rede de amigos. lação à nossa casa ou à nossa
e Carlos Nabais
Apesar de as RS permitirem a vida privada.
troca de comentários em priva- As RS, designadamente o
gos ou familiares. Em Portugal, do, não acessíveis aos restan- Facebook, permitem divulgar Conselho
As chamadas redes as mais conhecidas são o Fa- tes membros, as páginas pes- eventos ou causas sociais. Ne- Editorial:
Adventino Amaro
sociais na Internet cebook (www.facebook.com), o soais são, em geral, partilhadas las encontramos diverso tipo
António Augusto
(adiante designadas hi5 (hi5.com) e o Twitter (twitter. e mais ou menos públicas, não de entidades e instituições, de-
António Marques
com), sendo esta última diferen- havendo possibilidade de con- signadamente câmaras muni-
por RS) têm tido uma te das duas primeiras pelo facto trolar a informação que lá colo- cipais, sindicatos, a CGTP-IN,
Helena Afonso
Isabel Rosa
divulgação assinalável de condicionar o envio de men- camos, por exemplo, partidos políticos Jorge Fael
nos últimos anos, sagens instantaneamente a 140 Há pois que ter especial cui- e outras organizações sociais e José Torres
Miguel Vidigal
afirmando-se cada caracteres. dado nas informações dadas políticas.
Victor Nogueira
vez mais como um Com menor número de ade- no Perfil (não é forçoso preen- Nos últimos actos eleitorais, as
espaço comunicação, rentes podem ainda citar-se chê-las, total ou parcialmente), forças concorrentes têm utiliza-
o Orkut (www.orkut.com), ge- na escolha da palavra passe, do crescentemente as RS para Colaboradores:
onde se encontram neralista, o MySpace (www. não se devendo divulgar núme- difundirem a sua mensagem e Adventino Amaro
o mais variado tipo myspace.com/), mais dedicada ros de telefone (especialmente programas junto de uma vasta António Marques
de conteúdos e a temas musicais ou o Flickr fixos), moradas, números de rede de «aderentes» ou amigos. Jorge Fael,
José Alberto Lourenço
mensagens. (www.flickr.com), virado para a BI, Contribuinte, Segurança Os candidatos às presidenciais José Torres
fotografia. Social e períodos de ausência também marcam presença no Rodolfo Correia
D
esde o desenvolvimento Qualquer destas RS é aberta de casa nem permitir a locali- Facebook, no Twitter e noutras Victor Nogueira
de amizades virtuais ou e gratuita, mediante inscrição zação do local donde se está redes sociais
reais, à partilha de inte- prévia que exige a disponibiliza- a falar. Nas páginas pessoais e nas Grafismo:
Jorge Caria
resses comuns, generalistas ou ção de alguns dados pessoais. A Apesar da utilidade das RS, institucionais podem existir
especializados, pode-se dizer rentabilidade para os seus cria- é bom não esquecer que nela espaços para comentários ou
que hoje há as redes sociais pa- dores provém das receitas com também navegam pesquisado- para a publicação de notas Redacção
ra todos os gostos. publicidade, que é dirigida em res de gostos para fins comer- de terceiros. O acesso às RS e Administração:
As RS podem ser abertas ou função da informação recolhida ciais ou mesmo criminais. Nas pode ser feito através de tele- R. D. Luís I n.º 20 F
restritas a um grupo de ami- aos subscritores. RS, devemos tomar as mesmas móveis. 1249-126 Lisboa
Tel: 21 09 584 00
Fax: 21 09 584 69
Palavras cruzadas
Email:
jornal@stal.pt.
Site Internet:
www.stal.pt
Horizontais: 1. Montículo; pregoeiro. 2. Dá a soldado; «irra». 4. Onda; filtrara; actuo. 5. Destruas Dama de companhia; rio da Suíça; anteriormente.
forma de anel; que se fazem todos os dias. 3. pelo fogo; outra coisa. 6. Amarrei; o primeiro 9. Acessório para computador ou animal roedor;
Composição:
Observa; apertavas com nó. 4. Pois, é o mal de homem, segundo a Bíblia. 7. Aperfeiçoar. 8. saudável; sinal gráfico. 10. Charrua; sarrafos. 11. pré&press
estarmos velhos; quinta (abr); exala cheiro. 5. A Grito lamentoso do cão; família (fig); batráquio. Charneca de Baixo
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
ele; não tarda nada, nem esta temos para ves- 12. Soarias; dirigi-me a. 13. Lugares onde se Armazém L
tir; viajar. 6. Terras secas reduzidas a pó; dizem 1 guardam ossos; «espalhas-te» outra vez com a 2710-449
que o Mário Soares é o da porcaria da demo- 2 conversa dos charlatães do bloco central. Ral - SINTRA
cracia que temos. 7. Faz o que fizeram os Vi- 3
tais Moreiras que por aí andam; enfurecer; so- 4 ra. 12. Toarias; fui. 13. Ossários; cais; Impressão:
zinho. 8. Desertas; no antigo dialecto do norte Lisgráfica
5
9. Rato; são; til. 10. Arado; ripas. 11. Uivo; lar;
de França, significava sim. 9. Atmosfera; poe- R. Consiglieri
tas primitivos entre os gregos; contra a NATO, 6
al. 6. Atei; Adão. 7. Acrisolar. 8. Aia; aar; suso.
Feri; pre; apre. 14. Ola; coara; ajo. 5. Queimes; Pedroso, nº90,
2730-053 Barcarena
por este objectivo. 10. Se não te queres revol- 7 Verticais: 1. Tampas; camisa. 2. Unido; rimar. 3.
tar, ao menos geme, ou grita; verás que é bom 8
para a saúde. 11. Envaidece-se; o que este pa-
9 Tiragem:
oasis; fa. 12. Sarja; rol; Rui. 13. Areola; mais.
ís continua a ser para os especuladores; nota 9. Ar; aedos; paz. 10. Mia; salutar. 11. Impa; 57 000 exemplares
musical. 12. Tecido entrançado de seda; rela- 10 ir. 6. Poeiras; pai. 7. Trai; irar; so. 8. Ermas; oil. Distribuição gratuita
ção; nome de homem. 13. Terra arenosa; em 11 aos sócios
3. Mira; atavas. 4. PDI; Qta; odora. 5. Ao; cueca;
maior quantidade. 12
Horizontais: 1. Tufo; arauto. 2. Anela; diários.
Verticais: 1. Peças com que se tapa; peça de 13 Depósito legal
SOLUÇÕES
vestuário. 2. Ligado; versejar.3. Magoei; soldo de Nº 43‑080/91
dezembro 2010 jornal do STAL 15
Um livro, um autor
História
O carácter revolucionário do primeiro volume
da História de Portugal (1846) causou viva
controvérsia nos sectores mais reaccionários da
✓ António Marques sociedade. O clero insurgiu-se por o autor excluir,
de Portugal
naturalmente, qualquer intervenção sobrenatural
Alexandre Herculano, nasceu a 18 nos acontecimentos históricos, designadamente na
de Março de 1810, em Lisboa, no Batalha de Ourique. A polémica sobre esta questão
antigo Pátio do Gil, na Rua de São ficou famosa. Note-se que Herculano opunha-se à
interferência da igreja na vida política nacional.
Bento, e faleceu na sua célebre Escreveu incansavelmente: Cartas da História de
Quinta de Vale de Lobos, perto de Portugal, quatro volumes de 1846 até 1853, romances
Santarém, a 13 de Setembro de históricos como o Monge de Cister (1848), O Bobo
1877. Comemoramos pois o duplo (1843), Eurico o Presbítero (1844), Lendas e Narrativas
centenário do nascimento do insigne (1839 e 1844), A Harpa do Crente (poesia, 1837)
historiador, romancista, poeta, etc. E um livro com enorme repercussão: História da
Inquisição em Portugal (1850), que lhe valeu uma nova
jornalista, dramaturgo e combatente polémica com a Igreja. Publicou então três importantes
pela causa da liberdade. opúsculos: Eu e o Clero; Considerações Pacíficas; e
Solemnia Verba. E ainda um estudo sobre o seu muito
A
lexandre Herculano de Carvalho e Araújo foi um admirado Mouzinho da Silveira.
homem de grandes convicções em tudo o que Colaborador de inúmeros jornais, alguns dos
diz respeito aos valores da liberdade e à digni- seus romances foram publicados em fascículos na
dade da pessoa humana. Combateu as tropas absolu- imprensa, como era habitual na época.
tistas de D. Miguel, participando em 1831 na malogra- Como jornalista, Herculano criticou o funcionamento
da revolta militar. Obrigado a procurar refúgio num na- das instituições, bateu-se por reformas no ensino,
vio francês ancorado no Tejo, seguiu para o exílio em na agricultura e na literatura. Defendeu abertamente
Inglaterra, primeiro em Plymouth e depois em Jersey. o municipalismo, que via como a solução político-
Fixou-se depois em França, vindo a residir na cidade administrativa mais adequada ao País e aos seus ideais.
de Rennes. Foi exactamente nesta bela cidade da Bre- Tornou-se redactor principal de O Panorama, em
tanha francesa que Herculano teve oportunidade de 1837, revista editada pela Sociedade Propagadora
frequentar a biblioteca pública e ler em profundidade dos Conhecimentos Úteis, que era então o principal
as obras de Amédée Thierry, Victor Hugo e Félicité Ro- instrumento de divulgação da estética romântica em
bert de Lamennais. Portugal. Ainda nesse ano assumiu a responsabilidade
De França vai para os Açores onde se junta da redacção do Diário do Governo, jornal que
de Alexandre
ao exército liberal de D. Pedro IV, integrando a servia de suporte ao partido no poder. Mais
expedição militar que desembarca na praia do tarde, em 1851 fundou o jornal O País e dois
Mindelo em 8 de Junho de 1832. Participa nos anos depois O Português.
combates, mas logo o rei o nomeia segundo
bibliotecário da Biblioteca do Porto. Intelectual íntegro
Dividida entre o absolutismo de D. Miguel e o
liberalismo de D. Pedro IV, a nação portuguesa A obra de Herculano é indissociável do contexto
Herculano
vive uma violenta guerra civil entre 1832 e histórico em que viveu e do seu empenhamento
1834, que opõe os liberais, defensores de uma nas lutas políticas e sociais. Foi um dos grandes
monarquia constitucional, aos proprietários escritores de sua geração e um dos mais
feudais, liderados por D. Miguel. É neste importantes romancistas do século XIX.
período que o Romantismo chega a Portugal Os seus méritos de cidadão, escritor
– a revolução romântica alimenta-se dessa e estudioso foram reconhecidos quase
revolução social e política. unanimemente no seu tempo, e muitas
Em 1839, por iniciativa do rei D. Fernando, honrarias lhe foram oferecidas. Aceitou
Herculano foi nomeado para dirigir a Real algumas de natureza científica, mas as
Romancista e historiador
Biblioteca da Ajuda e das Necessidades, tendo distinções honoríficas recusou-as sempre. Recusou
conservado esse cargo quase até ao fim da vida. Como romancista, juntamente com Almeida mesmo a sua nobilitação, ao contrário de Garrett e
Chegou a passar pelo Parlamento, eleito pelo Garrett, Herculano foi pioneiro do romantismo em Camilo, que, como sabemos, morreram viscondes.
círculo do Porto em 1840, mas o seu temperamento Portugal. A ele devemos a introdução do romance Desgostoso com a vida pública, retirou-se, em
adequava-se mal à actividade de deputado. histórico, sob a influência de Walter Scott e Victor 1866, para a pequena Quinta de Vale de Lobos,
Sócio correspondente da Academia Real das Hugo. As suas obras situam-se sobretudo na Idade perto de Santarém, onde permaneceu até ao fim dos
Ciências desde 1844, foi admitido em 1852 como Média, objecto privilegiado da sua investigação seus dias, ocupado com os seus escritos literários e
sócio efectivo e eleito vice-presidente em 1855. histórica e, segundo os preceitos do Romantismo, as lides agrícolas.
Em 1853, ano em que funda o Partido Progressista origem e fundamento da identidade nacional. Aí faleceu, a 13 de Setembro de 1877, tendo os
Histórico, percorreu o País, por encargo da Embora Garrett, 11 anos mais velho, se tenha seus restos mortais sido mais tarde trasladados
Academia, inventariando os documentos existentes adiantado com a publicação no exílio de Camões para o Mosteiro dos Jerónimos, onde repousa junto
nos arquivos episcopais e nos mosteiros, preparando e D. Branca, consideradas as primeiras obras dos grandes vultos da cultura como Camões e
aquilo que viria a constituir os Portugaliae Monumenta inequivocamente românticas, Herculano destacou-se Fernando Pessoa.
Historica. como teórico da nova corrente literária pelos artigos Apagava-se a chama do homem de maior prestígio
Pôde então verificar o estado de abandono a que que publicou no Repositório Literário do Porto. intelectual e moral da sua geração, que lutou
estava votado a maior parte do acervo documental É a partir da década de 40, que dedica grande pelo municipalismo e enfrentou o poder absoluto.
espalhado pelo país, realizando um trabalho de parte dos seus esforços à literatura e à história. Capaz da paciência beneditina da investigação, a
grande relevo para o estudo do nosso passado São desta época os seus romances de ambiente par da penetrante agudeza da crítica, histórica ou
histórico. histórico, tendo também iniciado a publicação da literária, era dotado de uma visão arquitectónica na
Herculano participou nos trabalhos de redacção sua História de Portugal, obra precursora no nosso ordenação das ideias, tanto como da imaginação
do Código Civil e defendeu o casamento civil a par País da historiografia científica. Como historiador efabuladora de romancista e dramaturgo.
do religioso. A proposta era inovadora e suscitou afastou-se da concepção da história feita por reis e A sua morte transformou-se numa imensa
forte reacção. Dessa polémica surgiram os Estudos heróis, preocupando-se antes em analisar o papel das manifestação de luto nacional, organizada pelo
sobre o Casamento Civil. colectividades e das instituições na evolução do País. escritor João de Deus.
16 jornal do STAL dezembro 2010
A
ternacional da Paz manifestação culminou
um ano de intensa ac-
22 de Setembro – A Cimeira da Fren- tividade desenvolvida
te Comum discute e aprova a Proposta por mais de uma centena de
Reivindicativa Comum para 2011.
organizações que integram o
29 de Setembro – No âmbito do Dia Eu- movimento da paz em Portu-
ropeu de Luta promovido pela Confede- gal, entre as quais o STAL es-
ração Europeia de Sindicatos, a CGTP- tá desde a primeira hora.
IN promove em Lisboa e no Porto ma- Desfilando pela principal
nifestações de trabalhadores contra as avenida de Lisboa, dezenas
políticas de austeridade do Governo. de milhares de pessoas re-
1 de Outubro – A CGTP-IN assinala o afirmaram a sua convicção A Avenida da Liberdade encheu-se de gente para condenar a NATO, fazendo valer o direito de
seu 40.º aniversário com uma Grande de que a paz só será obtida manifestação sobre o ambiente de intimidação promovido pelo Governo
Assembleia de Dirigentes Sindicais, em mediante a luta consequen-
Lisboa, na Aula Magna da Reitoria da te dos povos contra o impe- titui na actualidade a maior se atacam as condições de nacional e internacional são
Universidade de Lisboa, e anuncia a rialismo e pela libertação do ameaça à paz e à segurança vida e os direitos dos traba- os mesmos que promovem
convocação da Greve Geral para 24 de jugo explorador do capitalis- internacional». lhadores, as despesas mili- a corrida aos armamentos, a
Novembro. mo, cuja existência sempre O seu objectivo é «esmagar tares não cessam de aumen- militarização das relações in-
1 de Outubro – Assinalando o Dia Nacio- foi e será indissociável das os direitos dos povos, vio- tar – os orçamentos milita- ternacionais e a guerra».
nal da Água, o STAL condena, em nota guerras de rapina, de con- lar as soberanias nacionais e res dos países membros da Por outro lado, o texto re-
de imprensa, as privatizações e reclama quista de mercados e recur- subverter o direito internacio- NATO representam, em con- corda que a participação de
a gestão pública do sector. sos naturais. nal». A NATO é responsável junto, cerca de 70 por cen- Portugal numa organização
Na concentração final as por «crimes hediondos». to das despesas militares no agressiva como a NATO «co-
20 de Outubro – O STAL e o STML pro- organizações e manifestan- Ao mesmo tempo que «mi- mundo». lide com princípios funda-
movem em Lisboa um Plenário Nacional tes aprovaram uma declara- lhares de seres humanos O documento salienta que mentais contidos na Cons-
de Bombeiros Profissionais.
ção, na qual a NATO é carac- morrem de fome e de doen- os «grandes responsáveis tituição da República Portu-
6 de Novembro – Mais de 100 mil tra- terizada como uma «aliança ças evitáveis e a pretexto da pela agudização da situação guesa e na Carta das Nações
balhadores participam na Manifestação militar agressiva que cons- crise e do combate ao défice económica e social ao nível Unidas».
Nacional em Lisboa promovida pela
Frente Comum de Sindicatos da Admi-
nistração Pública.