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Sexta objegdo Um Deus amoroso jamais torturaria pessoas no inferno No meu entendimento, existe um defeito muito sério no cardter moral de Cristo, que & acreditar no inferno. Eu nido acho que uma pessoa que seja profundamente hu- mana possa erer na punigéi eterna Bertrand Russell, ateu! O inferno € 0 grande cumprimento que Deus presta a realidade da liberdade huumama e a dignidade da escotha humana. G.K Chesterton, cristio® ‘ \ juiz Cortland A. Mathers estava em dificuldade. Acha- * va-se diante dele uma ré culpada por desempenbar um papel secundério em um processo relacionado com droges. Tratavarse de uma mae pobre de 31 anos, com filbos peque- nos. Estava arrependida do seu crime. Na opiniao do juiz, merecia uma segunda oportunidade. A justica seria aplicada mediante a suspensio condicional da pena. Havia um problema: se Mathers a achasse culpada da acusa- 0, nao teria outra escolha de acordo coma lei de Massachusetts sendo sentencié-la a seis anos de reclusio. Sabia que a prisao a marcaria para sempre. Com muita probabilidade, essa experién- cia destruiria sua frigil familia e a deixaria amargurada, irada, desempregada ¢ destinada a ter novos problemas. 'Por que nao sou cristito e outros ensaios sobre religiéo © assuntos correlatos, So Paulo: Exposigo do Livro, 1960, p. 22. *Citado em Cliffe Kwecsm, Give me an answer, Downers Grove, Illinois InverVarsily Press, 1986, p. 42 250 ENDEFESA nn Esse é um sistema denominado “condenagéo compuls6- ria”, que afasta o arbitrio dos juizes no encaminhamento de certos tipos de casos. O aspecto positivo é que os jutzes so impedidos de serem excossivamente tolerantes. Mas a con- sogiténcia negativa é que em alguns casos a condenagio auto- mética pode ser rfgida demais — como neste caso, em que a 6 estava sujeita a passar mais tempo atras das grades que a maior parte dos condenados por roubo @ méo armada ‘Mathers néo era conhecido por ser um juiz que evitava con- donar criminosos a longas penas de reclusao se as circunstin- cias 0 justificassem. Porém, neste caso ele considerou que a condenagéo compulséria — sem possibilidade de liberdade condiciona] — seria um “absoluto erro judiciério.” Mathers fez a escolha: “Desobedecer a lei a fim de ser jus- to". Ele a declarou culpada de uma infrago menor que nao exigia uma duragéo pré-determinada e a sentenciou a cinco anos de suspensio condicional da pena com exigéncia de aconselhamento, “Se um juiz nao 6 capaz disso, entéo nfo merece estar no tribunal”, disse Mathers ao jornal Boston Globe em uma reporta- gem sobre condenagdo compulséria. “Ou o juiz 6 um autémato, que carimba sentengas, ou 6 movide pelo senso de justica."* Estava pensando nesse caso quando meu avido atervissava no Aeroporto Internacional de Los Angeles em uma abafada manha de setembro, Como ¢ irdnico, refleti, que uma lei des- Ginada a fazer justica ameacasse subverté-la, Podia entender o senso de eqitidade que levou Mathers a pér de lado uma con- denagio padronizada, impondo om sou lugar uma punigio que se ajustasse melhor ao crime. Por muito tempo durante a minha busca espiritual, vio meu senso de justiga sentir-se ofendido com o ensinamento cristéo "Essa hist6ria, incluindo a entrevista com o juiz.Cortland A. Mathers, foi relatada om uma excelente reportagem sobre condenacéa compulséria fei- tapela Equipe Spotlight do The Boston Globe. V. A judgment on sentences: some judges balk at present penalties, de Dick Lehr « Bruce Butterfield, publicado em The Baston Globe, 27/9/1995, Un Deus amoroso jamais torturaria pessoas no inferwo 252 acerca do inferno, que considerava muito mais injusto que ume pena compulséria no processo sob os cuidados de Mathers. Essa doutrina me parecia um massacre césmico, uma condenagao automitica e inapelavel eternidade de tortura e tormento. Era a condenagao compulséria levada ao extremo: todos sofrem as mesmas conseqiiéncias, independentemente das circunstancias. Saia da linha com Deus — mesmo que seja um pouguinho, mesmo que inadvertidamente — e voce serd atingido com uma reclusdo interminavel em um lugar que fazo presidio de Leavenworth’ perecer com aDisneyléndia, ‘Onde esté a justiga nisso? Onde esta a proporcionalidade entre o crime e o castigo? Que tipo de Dous 6 este que gosta de ver as suas criaturas se contorcerem para sempro —sem espe- ranga, sem possibilidade de redengao— em uma camara do torturas que em cada detathe 6 téo horrenda e birbara como um campo de concentragao nazista? O ateu B,C, Johnson nio estaria certo quando acusou que “a idéia do inferno é moral- mente absurda?” Essas si0 questées dificeis e de forte conteitdo emocional. Precisava das respostas de uma autoridade firme, de alguém que nao recuasse diante de desatios honesios, Olhava pela janela do aviio enquanto os subtirbios de Los Angeles passa- vam rapido, reluzindo eo sol brilhante. Estava ansioso para ter 0 meu encontro pessoal com um fildsolo respeitado que tem se debatido longamente com a perturbadora doutrina da condenagao eterna. Sexta entrevista: J. P. Moreland, vu.p. Nao levei muito tempo para elugar um carro e seguir para a residénoia de J. P, Moreland, localizada nao muito longe da “Antiga penitencistla federal localizada no Estado de Kansas; 0 mes- ‘mo municipio tem uma prisdo militar e uma prisdo estadual. (N. do) “The atheist debater's handbook, Buffalo, Now York: Prometheus, 1979, p. 237. 232. Q Enperesc mre Escola de Teologia Talbot, onde leciona no curso de mestrado em filosofia e ética. O livro de Moreland, Beyond death: exploring the evidence for immortality [Além da morte: explorando as evidéncias da imortalidade], mostrou que havia refietido profundamente @ feito uma introspecgo muito pessoal quanto a doutrina do inferno. Ele ¢ 0 seu co-autor Gary Habermas mergulharam também na natureza da alma, nas experiénclas de quase-mor- te, na reencarnagao e na teologia do céu. Escolhi Moreland devido a sua formacao abrangente. Estu- dou ciéncia, diplomando-se em quimica na Universidade de Missouri, detém conhecimento completo da teologia, com grau de mestrado do Seminério Teoldgico Dallas ¢ é um fildsofo altamente respeitado, tendo conquistado 0 doutorado na Uni- versidade do Sul da Califérnia, Escreveu mais de doze livros, entre os quais Scaling the secular city (Atacando a cidade secular]; Christianity and the nature of science [O cristianismo e a natureza da ciéncia}; Does God exist? (Deus existe?] (um debate com Kai Nielsen); The creation hypothesis (A hipotese da criagéio|; Body and soul [Cor poe alma}; Love your Gad with all your mind [Ame o seu Deus cum toda a sua mente]; e 0 premiado Jesus under fire [Jesus sob fogo]. Tudo isto cle tem apenas 51 anos. Vestindo infor- malmente uma camisa de mangas curtas, bermudas e sapa- tos-esporte sem meias, Moreland saudou-me na entrada da sgaragom de sua casa em estilo rural. Saudei-o e Ihe apresen- tei minhas condoléncias. Sabia que tinha viajado a San Diego na noite anterior ¢ assistido a sua querida equipe dos “Kansas City Chiefs” sor humilhada pelo inexpressivo “Chargers”. Es- tava ainda usando um boné de beisebol com o nome do seu time. Dentro de casa, depois de trocar algumas amenidades, deixei-me cair no sofa da sua sala de estar e suspirel. O tema do inferno era grande, pesado, controvertido, o épice para os céticos na drea espiritual. Pensci detidamente sobre como comecar. Un Deus emoros jamais torturara pesoae no inferno 9253 Finalmente decidi simplesmente ser honesto. — Nao estou certo por onde devo comegar — confessei. —Como devemos abordar o tema do inferno? Moreland meditou por um momento e em seguida se re- costou na poltrona verde de almofadas, — Talvez — sugeriu — devamos fazer uma distingao entre gostar ou néo gostar de alguma coisa e julgar se é correto levé-la a cabo, —O que o senhor quer dizer? — Muitas vezes algo de que gostamos nfo a coisa certa a fazer — explicou. — Algumas pessoas dizem que o adultério 6 agradavel, mas a maior parte das pessoas concordaria que é errado. E muitas vezes fazer a coisa certa nao 6 agradavel. Dizer a alguém ume dura verdade que precisa ouvir ou despe- dir alguém que néo esté fazendo um bom trabalho, pode ser muito desagradavel, Exclamei: —E 0 inferno desperta uma resposta visceral. As pessoas reagem fortemente contra a sue simples idéia. — Comreto. Elas tendem a avaliar se 0 inferno 6 adequado com base nos seus sentimentos ou na reagéo emocional. —Como podemos superar o dilema? ~~ Acho que as pessoas deviam tentar por de lado os seus sentimentos — disse. — A base da avaliagio deve ser se 0 infemo é uma condigéo moralmente justa ou moralmente cer- ta, endo se elas gostam ou nao gostam desse conceito, Moreland fez. uma pausa antes de continuar. importante compreender que, se 0 Deus do cristianis- mo é real, ele odeia o inferno e odeia que as pessoas tenham que ir para ld — acrescentou, — A Biblia é muito clara: Deus diz que nao tem prazer na morte dos impios.® ‘Talvez, mas mesmo assim eles acabam pasando a eterni- dade em um lugar de absoluto horror e abjeto desespero. Eu “Ezequiel 33.11: "Diga-lhes: Juro pela minha vida, palavra do Sobe- ano, 0 Sevuot, que ndo tenho prazer na morte dos {mpios, antes te- nho prazer em que eles se dasviem dos seus caminhos vivam’,

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