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Resumo: Esta pesquisa atuou no sentido de analisar a evolução da Voçoroca Vila Vitória,
localizada a montante da cabeceira do Ribeirão Areia Branca, no Município de Loanda, em
cerca de quase quatro décadas, na tentativa de estabelecer suas causas e efeitos. Isso porque o
processo de urbanização do Município de Loanda provocou alterações ambientais na área em
estudo com o surgimento dessa imensa voçoroca que causa prejuízo para a sociedade local. É
fundamental que se conheça a origem e evolução desse processo erosivo, para isso, é
necessário identificar o tipo de solo desse local. Neste sentido, este trabalho apresenta os
resultados obtidos com o desenvolvimento desse projeto, traçando um panorama da evolução
dessa voçoroca nas décadas de 1970, 1980, 1990 e dados atuais.
1. Introdução
2 Revisão de Literatura
Verifica-se no mapa da figura 2, que parte das águas das chuvas que caem na área
urbana de Loanda correm para o setor leste/nordeste (cor roxa) contribuindo sobremaneira
para a expansão da Voçoroca Vila Vitória. Nessa figura a voçoroca está contornada pela cor
rosa, próximo da Estrada do Matadouro.
Para a Prefeitura Municipal de Loanda (2004) isso ocorre porque os resíduos da rede
de esgoto pluvial são lançados nestes locais, onde, muitas vezes, não há estrutura apropriada
para o escoamento dos resíduos, causando processos erosivos intensivos que apresentam
voçorocas.
Figura 2: Mapa do Perímetro Urbano do Município de Loanda, demonstrando as áreas urbanas que pertencem a
quais bacias hidrográficas.
Fonte: Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Loanda, 2007.
Figura 3: Areal no leito da Voçoroca Vila Vitória. Essa voçoroca encontra-se a montante do Ribeirão Areia
Branca, dessa forma, com as chuvas são carreados esses materiais para o rio, comprometendo suas águas.
Fonte: Eugênio C. Cancean, 2008.
Reiterando o que já foi constatado, a erosão dos solos tem início após mudanças do
recobrimento florístico local, determinando modificações nas condições físicas do solo.
Com respeito à análise estrutural da cobertura pedológica, para o estudo dos
processos erosivos Nakashima (1999) ressalta a importância do conhecimento da dinâmica da
circulação de água em superfície e subsuperfície, ou seja, um estudo da estrutura e dinâmica
do meio físico, como as formas de vertentes, declividade, rupturas de declive, material
original do solo, a fauna e a flora, os elementos climáticos e suas inter-relações.
Neste sentido Maack (1968) apud Nakashima (1999) observa que essa vegetação está
agrupada em Floresta Perenifólia , Floresta Subperenifólias, Cerradão e Campos Secundários.
A floresta perenifólia é uma vegetação compacta, com árvores de 30 a 40 metros de altura,
como a peroba, pau d’alho, canela, etc. Nos estratos inferiores aparecem as palmeiras,
arbustos, cipós, vegetação rasteira. Ocorre em áreas de Latossolo Vermelho Escuro, textura
argilosa, Latossolo Vermelho Escuro, textura média, alguns argissolos e aluviões. No que se
refere à floresta subperenifólia, a mesma caracteriza-se por perder folhas durante o período
mais seco. Apresenta árvores com cipós como figueira branca, ipê roxo, pau d’ alho,
palmitos, ervas, arbustos. A mata original foi derrubada para agricultura e pastagem.Ocorre
em todos os solos da região.
De acordo com a Lei nº 4.771 de 15.09.65 que estabelece o Código Florestal
Brasileiro, cada propriedade rural deve ter no mínimo 20% de sua área com reserva florestal
nativa, e de caráter permanente, visando equilíbrio do ciclo hídrico, preservação da fauna e
flora, além do controle da erosão hídrica. Contudo, devido ao sistema de colonização adotado,
aos loteamentos, com ausência de fiscalização para preservação de matas, o Paraná chegou à
situação atual, com cerca de 3% a 5% de suas terras com disponibilidade de cobertura
florestal. No Estado do Paraná, a Lei nº 8014 de 14.12.84 dispõe sobre a preservação do solo
agrícola, considerado Patrimônio Nacional, portanto cabe ao Estado, aos proprietários, aos
ocupantes temporários e a comunidade preservá-lo.
Este município limita-se ao norte com o Município de Marilena, ao sul com Santa
Mônica, a leste com Planaltina do Paraná, a oeste com Santa Cruz do Monte Castelo, a
nordeste com Nova Londrina e Guairaçá, a sudeste com Planaltina do Paraná, a noroeste com
São Pedro do Paraná e Porto Rico, a sudoeste com Santa Isabel do Ivaí.
O município está localizado no Terceiro Planalto Paranaense. Sua forma de relevo
varia de plano a ondulado. De patamares dissecados sob a forma de chapadas e outeiros
constituídos por arenitos Mesozóicos de Formação Caiuá. Apresenta predomínio de vertentes
longas de baixa declividade. A altitude média é de 500 metros. Na sede do município chega a
560 metros de altitude.
De acordo com o Paranacidade (2008) estudos realizados apontam o clima como
Subtropical Úmido Mesotérmico, verões quentes com tendência de concentração de chuvas. A
temperatura média é superior a 22º C, com amplitude térmica anual de cerca de 7º C, em
média. O inverno é ameno, com geadas pouco freqüentes, temperatura média inferior a 18º C,
sem estação seca definida. O verão apresenta média entre 31º C e 33º C.
O regime pluviométrico apresenta totais anuais entre 1.200 e 1.300 mm. A umidade
relativa do ar é em torno de 75%.
A rede de drenagem é formada pelos afluentes dos rios: Paranapanema e Ivaí,
destacando-se o Ribeirão do Tigre, afluente do Paranapanema; Ribeirão Tamandaré, Taquara
e Selma, afluentes do Rio Ivaí.
Além destes, o município é banhado por outros ribeirões sendo que alguns desses
são subafluentes dos rios Paranapanema e Ivaí: Pavão, Atibaia, Aceguá, Bonito, Água
Vermelha, Água da Mina, Todos os Santos e Areia Branca, cujo objeto de estudo encontra-se
a sua montante (Prefeitura Municipal de Loanda, 2004).
Segundo Maack (1981) o Ribeirão Areia Branca, faz parte da pequena bacia
hidrográfica mais setentrional do Rio Paraná, juntamente com o Rio São João, Rio Patrão e de
alguns outros rios pequenos.
Pode-se ainda observar que a Voçoroca Vila Vitória, objeto do presente estudo,
encontra-se instalada a montante da cabeceira de drenagem do Ribeirão Areia Branca.
Através do mapa da figura 2 observa-se que o Ribeirão Areia Branca pertence à
bacia hidrográfica do Rio Paraná, nasce na direção norte/nordeste do Município de Loanda,
percorrendo os Municípios de São Pedro do Paraná e Marilena, desaguando no Rio Paraná.
O solo do Município de Loanda é formado a partir de materiais provenientes de
arenitos da Formação Caiuá, muito friáveis e porosos, acentuadamente drenados, ácidos e de
média a baixa fertilidade natural (latossolo vermelho-escuro). Ocorrem solos profundos,
formados a partir de materiais provenientes de arenitos, porosos, bem drenados, ácidos a
moderadamente ácidos e de fertilidade natural variável: de média a elevada em manchas
isoladas a leste, e de média a baixa em manchas estreitas ao longo dos rios da região
(argissolo vermelho-amarelo).
Figura 10: Mapa das Bacias Hidrográficas da Microrregião de Paranavaí.
Fonte: Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Loanda, 2007.
Loanda está situada na Região Noroeste do Estado do Paraná, onde a economia tem
base na agropecuária. Os problemas de ocupação humana, com o uso inadequado dos solos,
vêem agravar o quadro natural numa área de solos arenosos.
Como já destacamos, o objetivo dessa pesquisa é estudar a evolução de uma
voçoroca na zona periurbana de Loanda. Foram estudadas características da área através de
estudos em fotografias aéreas das décadas de 70, 80 (escala original 1:25.000) e 90 (escala
original 1: 8.000) e levantamento de campo atual.
A ocupação do Noroeste do Paraná, particularmente da área em estudo, se fez sob
pressão do processo econômico, sem levar em conta, em nenhum momento, nem como
preocupação do elemento colonizador, nem como plano da empresa colonizadora, a questão
da preservação dos recursos naturais renováveis e não renováveis. O resultado é que para abrir
espaços para culturas econômicas, a destruição das matas nativas foi rápida e intensa, a ponto
de incorporar aos espaços produtivos até as áreas que normalmente deveriam estar destinadas
à preservação permanente, caso das áreas das matas ciliares. A destruição da mata para o
cultivo da cafeicultura e posteriormente pecuária implicou na degeneração do solo agrícola.
Foi realizada igualmente a análise da mesma área com a fotografia aérea nº 04835 de
24 de abril de 1980 pela Coordenadoria de Cartografia do Instituto de Terras e Cartografia –
ITC- DENGE. Projeto: Paraná.Faixa A-12 I, Quadrícula: SF.22-Y-A-V.Escala aproximada:
1:25.000.Câmera:ZEISS RMK-A 15/23. Executado pelo Serviço Aerofotogramétrico Esteio
S.A., onde observaou-se uma significativa redução na área cafeeira e conseqüente aumento na
área de pastagem, bem como redução da área da mata nativa e o aumento do núcleo urbano. A
essa época a voçoroca apresentava entre 1.300 e 1.500 metros de extensão. No mesmo
período já se pode perceber a ocorrência de sulcos no solo provocados pelas trilhas do gado.
Figura 15: Carta de uso do solo na região periurbana de Loanda-PR (1980). Escala original 1:25000 (sem escala)
Comprimento 1.220,00 m
Maior profundidade 30,20 m
Menor profundidade 6,50 m
Profundidade média 17,86 m
Maior largura 140,46m
Menor largura 77,57m
Largura média 106,13
Área total 126.970,88 m2 ou 12,697 ha.
Volume estimado da área atingida 2.267.699,91 m3
Por meio de imagem obtida por satélite e extraída do software “Google Earth”,
pode-se comparar a evolução da voçoroca nos últimos cinco anos:
1
Equipamento GPS Leica SR 510, Type: TR500. Aut. Nº 667127, Power: 12V, Leica Geosystem AG, CH-9435,
Heerbrugg, manufatured: 2003 – S.Nº 25107. Made in Switzerland.
Figura 17 – Imagem comparativa do avanço da voçoroca entre 2003 e 2008.
Fonte Google Earth editado por Vadeir José Pereira e Marcos Navasconi
Pela análise da imagem pode-se constar um aumento da área voçorocada em
14617,92 m2 entre 2003 e 2008. Nesse mesmo período volume estimado de material (areia)
levado ao leito do ribeirão Areia Branca foi 261.076,04 m3 .
5 Considerações Finais
6. Referências Bibliográficas