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palabra de la lengua
yámana que significa
Sol
© LOM ediciones
Primera edición, 2014.
isbn: 978-956-00-0501-4
rpi: 239.324
Fotografía de portada: Fotograma del filme Río abajo, de Miguel Frank (1950).
edición y composición
LOM ediciones. Concha y Toro 23, Santiago.
teléfono: (56-2) 2688 52 73 | fax: (56-2) 2696 63 88
e-mail: lom@lom.cl
web: www.lom.cl
Solène Bergot
Marina Cavalcanti
Maricruz Castro
Eugenia Guevara
Andrea Cuarterolo
Catalina Donoso
Carmen Luz Maturana
Silvana Flores
Ximena Vergara
Antonia Girardi
Víctor Fajnzylber
Roberto Reveco
Iván Pinto
Alejandro Kelly
Paulina Alfaro
Tania García
Jéssica Toledo
Claudia Bossay
Ana Laura Lusnich
Wolfgang Bongers
Paola Margulis
Bernardita Llanos
Resumen
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Uma breve mirada para os manuais de cinematografia
2 Kriston Thompson, «The formulation of the classical style, 1909-28», en The Classical
Hollywood: Film Style & Mode of Production to 1960, David Bordwell, Janet Staiger y
Kriston Thompson (Londres: Routledge, 1985).
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«Sei que o senhor faz umas sombras maravilhosas. Continue assim, coloque
suas sombras onde bem quiser, menos nos rosto das minhas atrizes»3.
E onde um diretor de fotografia deve posicionar os refletores que comporão
o ataque? «O bom ataque, então, virá de onde?... Virá de onde a luz ficar mais
bonita (para as mulheres)»4. Assim como outros departamentos, maquiagem e
figurino, por exemplo —mas também o de direção, devido ao fato de ele ser o
responsável pela decupagem—, a fotografia cinematográfica precisava buscar
o embelezamento das mulheres. Na verdade, muitas vezes este se convertia
em seu grande objetivo. «Enquanto closes femininos ambicionam a beleza,
nas imagens masculinas é o caráter do indivíduo que nós acentuamos»5.
Para obter tal beleza —ou para enquadrar outros tipos de belezas em
determinado padrão— converte-se a compensação, que necessariamente
precisa ser difusa ou não desempenhará sua função corretamente (pois criará
sombras dentro da área enquadrada), na luz das mulheres por excelência. «Na
compensação, não há penetração. É uma luz feminina, delicada. Pousa, não
bate»6. Sua própria definição dentro desta lógica passa a estar associada ao
efeito que produz sobre a atriz: «a compensação é o brilho nos olhos dela»7.
Um dos fatores que contribuiu para que a compensação se tornasse a luz
recomendada para a mulher, para além da não produção de sombras, é o
fato de a luz difusa não provocar altas-luzes e, por conseguinte, brilho. E o
brilho, como destaca Dyer8, conota suor, lembra da existência do corpo —algo
inapropriado para as brancas ladies— e remete à pele negra, que em geral brilha
quando exposta a uma forte iluminação que claramente não foi desenvolvida
considerando suas particularidades. É, portanto, devido à associação entre
suor, corpo e pele negra que as stars nunca brilham, e sim reluzem.
Ademais, deve-se destacar que a luz difusa é a que melhor atenua marcas,
irregularidades e linhas de expressão —que não combinam com um padrão
de beleza o qual considera que a aparência feminina ideal é aquela que as
mulheres têm entre vinte e vinte e cinco anos9—, já que, ao contrário da
luz ‘dura’, diminui a chance de formação de sombras nos baixos-relevos.
3 Edgar Moura, 50 Anos. Luz - Câmera e Ação (São Paulo: Editora Senac, 2005), 116.
4 Ibíd., 59.
5 John Alton, (1949). Painting with light. (California, Estados Unidos: University of California
Press, 1997), 96
6 Moura, 50 Anos. Luz - Câmera e Ação, 124.
7 Ibíd., 65.
8 Richard Dyer, Las estrellas cinematográficas: historia, ideología, estética (capítulo
complementario de Paul McDonald), (Barcelona: Ediciones Paidós América, 2001), 78.
9 Edgar Morín, As estrelas: mito e sedução no cinema (Río de Janeiro: José Olympio, 1989), 7.
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Logo, na iluminação pensada para embelezar as mulheres até o contraluz,
que em tese deveria ser mais forte inclusive que o ataque, pode ser difuso.
Quando esse contraluz, direto e duro, toca a face das atrizes, é uma
catástrofe. Se essa luz tocar a bochecha da atriz, vinda assim, por trás e
frisante, estará na sua pior direção e revelará volumes e relevos até então
insuspeitados. Qualquer imperfeição na pele aparecerá como um caso para
o dermatologista... Seu uso é mais necessário do que parece à primeira
vista. Em muitos mais casos do que se pensa, é preciso sacrificar a força
necessária ao contraluz em favor da beleza, indispensável à atriz10.
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momentos inexplicavelmente desviante do padrão adotado pelo cinema
mexicano para as mocinhas —o qual costumava coincidir com perfeição às
regras hollywoodianas presentes ainda hoje nos manuais—. Altas relações
de contraste, grandes e densas zonas escuras no rosto, projeções de sombras
sobre seu corpo, nada motivado pelo caráter de Rosaura, por desobediência
aos papéis de gênero ou pelo ponto em que se encontra a história.
Em María Candelaria, Dolores del Río interpreta uma jovem indígena
que se enquadra perfeitamente no tipo social que Manuel Gambio, em 1916,
denominara mulher servil11—aquela que teme a Deus e aos homens—, e
recebe um tratamento fotográfico que, salvo uma única sequência, segue à
risca as regras da boa direção de fotografia no que tange à mulher.
Em Las abandonadas, a visualidade de Margarita, personagem de Del Río,
oscila entre as prescrições para se fotografar a mulher de forma «correta»
e outros arranjos dos elementos fotográficos. Algumas vezes conseguimos
interpretar as mudanças; este é o caso, por exemplo, da assunção da
maternidade pela moça e da sua vergonha em ser uma prostituta. Contudo,
durante seu romance com o general Juan Gómez é retomado o tratamento
fotográfico de mocinha sem que haja uma forte justificativa (de caráter, de
gênero ou narrativa) para isso.
Por fim, em La casa chica acompanhamos a triste história de Amalia (Dolores
del Río), uma mulher que também é fotografada segundo as recomendações
de Alton, Moura e tantos outros o filme inteiro —as exceções ficam por
conta de quando ela decide deixar a casa chica e voltar para a casa de seu
padrinho, em San Esteban, suicidar-se (note-se que nenhuma das duas ações
é posta em prática) e quando Fernando, seu amado, está à beira da morte—.
Como poderíamos explicar os «desrespeitos» que identificamos na prática
de determinados filmes da idade de ouro no que tange às regras contidas
nos manuais de cinematografia? Ao contrário do que indicam o senso
comum, as primeiras impressões e os referidos manuais, nem a fotografia
cinematográfica clássica —e a fotografia da idade de ouro do cinema
mexicano, como veremos em seguida, pode ser assim classificada— era
estruturada apenas pelas questões de gênero, nem tais questões eram tão
simples como pareciam.
De acordo com D’Allonnes12, uma das três principais características da
fotografia cinematográfica clássica era a dramatização. Cabia ao diretor de
fotografia contribuir com a onisciência e a reiteração da obra em seus vários
11 Adriana Zavala. Becoming modern, becoming tradition: women, gender and representation
in Mexican Art. (University Park, PA: The Pennsylvania State University, 2010), 149-150.
12 Fabrice Revault D’Allonnes. La lumière au cinema (París: Editions Cahiers de Cinema,
1991), 29.
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níveis, exprimindo visualmente se determinada pessoa de luz e sombra
era boa ou má, obediente ou rebelde, se o que ia acontecer em seguida era
«bom» ou «ruim», surpreendente ou não, etcétera.
O gênero, dentro da dramatização, era sem dúvida alguma dos aspectos
mais importantes —logo, consistia em um eixo estruturante da fotografia de
homens e mulheres—. Todavia, não é possível ignorar que existiam outros.
Ao menos nos filmes analisados, destacaríamos em pé de igualdade para
a construção da visualidade o caráter e a narrativa, embora em alguns
momentos tenham ficado bastante evidentes atravessamentos étnicos e
de classe.
De que maneira proceder para dramatizar diferentes elementos (os
quais podem, inclusive, ser conflitantes) é algo que não é ensinado de um
fotógrafo para o outro ou em manuais de fotografia cinematográfica —na
verdade, mesmo em memórias e relatos este tipo de caso não costuma ser
abordado—, até porque é muito difícil prever quais serão as características
que precisarão ser equacionadas e em que intensidade elas aparecerão.
Existem diferentes níveis de «maldade», por exemplo. Logo, caberá a cada
diretor de fotografia elaborar a resposta que, por alguma razão, parecer a
mais conveniente para aquele filme (fruição estética, adequação narrativa,
exigência da star, do diretor ou do produtor, etc.).
Ademais, uma das grandes contribuições dos estudos feministas foi
demonstrar que o sentido e a importância atribuídos às diferenças anatômicas
que existem entre homens e mulheres são culturais e têm variado ao longo
da história. Não existe, portanto, um entendimento único, universal e
atemporal do feminino —e, na verdade, não existe nem a obrigatoriedade
de um feminino— para nortear a construção visual de gênero que se exige
nos manuais de cinematografia.
Ao destacar as singularidades do cinema mexicano clássico industrial frente
à produção estadunidense realizada no mesmo período —uma reivindicação
que não é feita de forma tacanha e considera as muitas semelhanças entre
as cinematografias dos dois países—, Julia Tuñón pondera:
Veo originalidad en este cine [da idade de ouro]. Lo encuentro muy diferente
del estadounidense, referencia obligada, en cuanto a la concepción del amor,
de la mujer, del trabajo, etcétera. A diferencia de este, el amor hombre-mujer
no da la felicidad, como no la da el trabajo o la propiedad privada, porque
esos principios no responden a la construcción de género particular que
se realiza en este país en esos años. Observo que, en el celuloide, se recrea
un arquetipo particular del mexicano, más ligada a las ideas de culpa y
sacrificio que a las de logro y eficiencia. En esto es evidente la importancia
de la cultura católica imperante. Veo en este cine a los sujetos propios de
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este país, sus inquietudes, sus rostros y reacciones. Se recrea la tendencia
al sacrificio, la capacidad para aguantar las desgracias, el mérito de sufrir
con dignidad13.
Bibliografía
Alton, John. Painting with light. California: University of California Press, 1997.
D’allonnes, Fabrice Revault. La lumière au cinema. París: Editions Cahiers de
Cinema, 1991.
Dyer, Richard. Las estrellas cinematográficas: historia, ideología, estética
(capítulo complementario de Paul McDonald). Barcelona: Ediciones Paidós
América, 2001.
Morin, Edgar. As estrelas: mito e sedução no cinema. Río de Janeiro: José Olympio,
1989.
Moura, Edgar. 50 Anos. Luz - Câmera e Ação. São Paulo: Editora Senac São Paulo,
2005.
Thompson, Kriston. «The formulation of the classical style, 1909-28». En The
Classical Hollywood: Film Style & Mode of Production to 1960, David Bordwell,
Janet Staiger y Kriston Thompson. Londres: Routledge, 1985.
Tuñón, Julia. Los rostros de un mito: personajes femeninos en las películas de
Emilio Indio Fernández. México, D.F.: Arte e Imagen, 2000.
Zavala, Adriana. Becoming modern, becoming tradition: women, gender and
representation in Mexican Art. University Park: The Pennsylvania State
University, 2010.
13 Julia Tuñón, Los rostros de un mito: personajes femeninos en las películas de Emilio Indio
Fernández, (México, D.F.: Arte e Imagen, 2000), 290.
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