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ISCTE

Mestrado em Comunicação, Cultura e


Tecnologias da Informação

2009/2010

Comunicação e Política

TEMA:
Justaposição dos trechos:

Communication, Power and Counter-power in the Network Society


Politics: Image Versus Substance

Docente: Professor José Barreiros


Discente: Daniel José Tilly Simões de Oliveira (Aluno Nº 10892)
Introdução

Este trabalho, centrado no artigo de Manuel Castells intitulado Communication, Power and Counter-
power in the Network Society datada de Novembro de 2006 e publicada em 2007, procurarei analisar
criticamente a referida obra, à luz de eventos recentemente ocorridos e ao mesmo tempo contrapô-la a um
trecho de Eric LOW, Politics: Image Versus Substance, publicado na obra The Media and Political
Process pela Sage Publications em 2005. Esta análise crítica recorrerá tanto a exemplos do nosso passado
histórico bem como a eventos mediáticos ocorridos nos últimos dias.

2
Manuel Castells, o intelectual espanhol afirma que a luta pela mente humana é a luta central nas relações
pelo poder. O artigo deste autor centra-se na relação entre a comunicação e o poder no contexto
tecnológico da sociedade em rede, conforme refere o abstract e o autor sustenta ao longo do trecho que os
media se tornaram o espaço onde o poder é decidido, traçando linhas de convergência entre o poder
político e políticas de comunicação, política de escândalo, a crise de legitimidade política que é global no
mundo ocidental e a propagação de mass self-communication a partir do desenvolvimento e crescimento
das redes horizontais. Este artigo visionário destaca o desenvolvimento deste tipo de comunicação,
traduzível por intercomunicação individual1é «uma nova forma de comunicação em massa - porém
produzida, recebida e experienciada individualmente». Este deixou no entanto de ser um território exclusivo
dos utilizadores anónimos e tem vindo a ser consolidado através de compras e anexações por parte dos
grandes grupos de media que deste modo se associam e este estrato cada vez mais vigorante do panorama
da comunicação. Castells reporta-se ao Myspace, digg, ao blog, ao vlog, ao Flickr, entendendo-se
igualmente as plataformas exponenciadas desde 2006 como o Facebook e o Twitter ou iReports,
ferramentas criadas a partir de núcleos que se propagaram como meios de intercomunicação individual
entre o grande público que diariamente acede à rede e que hoje é superior a 1.7 biliões de utilizadores2.

Para Castells a esfera pública move-se num sentido claro do espaço institucional em direcção ao espaço da
comunicação porque a mensagem política é uma mensagem de media que é formulada de acordo com o
respectivo código de canal de comunicação e o que não existe nos media, na verdade é inexistente na
mente do público alargado. A omissão é deste modo outro instrumento essencial na modelagem da mente
humana. O meio (medium) influência a mensagem. Mas isto não quer dizer que o poder esteja nos media,
ele simplesmente é exercido nos media. Assistimos a uma diminuição do poder jornalístico porque o ciclo de
noticiários de 24 horas obriga a uma constante e incessante necessidade de conteúdos, encurtando tempos
de edição, de filtrar o trigo do joio e oferecendo esse espaço a políticos. A necessidade de gerar audiências
e receitas num mercado altamente competitivo e de lutar ao mesmo tempo por credibilidade junto do público
é um fio muitas vezes demasiado fino, obrigando os jornalistas a fazer concessões em prol da direcção. O
indexing, descrito por Bennett em 1990 institucionalizou-se, bastando conferir a prática com as notícias que
perfazem as grelhas dos quatro canais com emissão pública em Portugal.
A política dos media leva a personalização da política. São procurados líderes que se possam vender ao
centro, ao voto indeciso que determina o resultado das eleições. Segundo Castells os programas políticos
são desenhados para ir de encontro com esse público que não tem uma votação fiel. Uma vez que os
eleitores não procuram as plataformas partidárias e se baseiam nos media, para daí extrair a sua confiança
num candidato e assim determinar o seu sentido de voto. Existe assim um papel activo por parte do público
na escolha do seu candidato. Os candidatos são moldados em torno de credibilidade, confiança e carácter.
Fazendo um parêntesis e olhando para o Portugal pós 25 de Abril podemos observar dois candidatos
distintos na pessoa do General Ramalho Eanes nas suas duas candidaturas. Existe uma clara modelagem

1
MACEDO, Márcia, (Agosto 2006) “A era da intercomunicação”, (edição mensal) http://diplo.uol.com.br/2006-08,a1379
2
valores referentes a Setembro de 2009 a partir de http://www.internetworldstats.com/stats.htm
3
do candidato que na primeira campanha se apresenta como um homem de armas, vestindo o camuflado e
envergando a boina, um símbolo da época; um homem do exército que visava colocar ordem onde ela fosse
necessária e na sua segunda candidatura onde o mesmo candidato surge transfigurado como homem de
estado de fato escuro, porque o país visava a todo o custo exibir uma nova identidade, uma nova soberania
democrática incompatível com o anterior homem, que anteriormente era imprescindível.
Os exemplos de modelagem na política na Europa são mais recentes e não são tão nítidos como nos
Estados Unidos onde já se enraizou a política de escândalos, outra face da mesma moeda em que a
campanha mediática se faz pela negativa, recolhendo episódios reais ou ficcionais do passado ou presente
do candidatos. Estes mecanismos distanciam a democracia do eleitor que passa a votar contra um
candidato em vez de votar a favor de outro, demonstrando que ainda assim, o eleitorado acredita poder
influenciar os actos eleitorais altamente mediatizados. O artigo de Castells, baseando-se na World Values
Survey, refere que quase 40% do eleitorado americano pensa que a sua mobilização é determinante3.
Emerge o contra-poder, ligado a movimentos sociais/cívicos que gera mobilização social a partir das
plataformas disponibilizadas pelos meios tecnológicos que são rapidamente desenvolvidos no sentido de
servir a necessidade e vontade de comunicação do público, criando deste modo o seu próprio espaço de
comunicação -mass self-communication e confrontando o poder onde este se encontra, na esfera pública
-na esfera da comunicação. Estas ferramentas estão interligadas local e globalmente, e ao invés dos meios
de comunicação tradicionais que comunicam de um para muitos oferecem a possibilidade de promover a
comunicação multimodal de muitos para muitos, em termos sincrónicos, como anacrónicos surgindo a
verdadeira interpretação dos meios bidireccionais interligados, como que uma linguagem natural do
medium. O público vasto e individualizado criou o seu próprio sistema de comunicação de massas com
base em sms, blogs, vlogs, podcasts, wikis, filesharing e sites sociais. Esta expressão é de tal modo gigante
que os mass media aderiram em força na aquisição destes espaços, criando ofertas bilionárias como foi o
caso do Youtube comprado por Rupert Murdoch. Gera-se deste modo um contra-senso porque existe uma
vontade de controlar uma rede que é nativamente self-generated4 na criação de conteúdos, na emissão e na
recepção dos mesmos, possibilitando um diversidade ilimitada e largamente autónoma no seu fluxo,
construindo e reconstruindo a cada minuto, localmente e globalmente, a produção de sentido na mente do
público. A CNN criou, o iReport, um portal autónomo de notícias criadas pelo público, interligado ao site
institucional do gigante de notícias de modo a proporcionar uma ligação umbilical com o grande público que
pode emitir a seu gosto conteúdos que são repescados para a edição oficial da programática noticiosa do
canal que um dia mostrou ao mundo como era a guerra. Na catástrofe natural ocorrida no Haiti no dia 13 de
Janeiro, as imagens disponibilizadas que mostraram a tragédia ao mundo eram exclusivamente retiradas a
partir de plataformas como o Twitter e o Facebook. Michael Holmes, âncora da CNN fez a leitura da situação
nesse dia, via iReport, Skype e pelas plataformas acima referidas. Muitos haitianos recusaram falar em
entrevista para o canal, preferindo alimentar o Twitter ou outras plataformas sociais de partilha. Nesse dia o
Twitter foi o segundo site mais visitado no mundo, apenas batido pela página oficial da Casa Branca após a
intervenção de Obama. A sua longa candidatura à presidência norte-americana foi profundamente marcada
3
Manuel CASTELLS (2007), Communication, Power and Counter-power in the Network Society, International Journal of
Communication 1, 238266, Available at http://ijoc.org/ojs/index.php/ijoc/article/view/46, página 245
4
criado espontaneamente e sem intervenção externa
4
e ampliada por uma campanha na rede horizontal de comunicação, com blog, Twitter e Facebook próprios
que se revelaram fundamentais tanto na procura de apoiantes de campanha que perfazem uma pequeno
exército do candidato, como na recolha de fundos para pagar os orçamentos gigantescos que estão
associados aos tempos de antena e publicidade que diariamente são adquiridos nas mais variadas
plataformas dos mass media tradicionais.
A este propósito refiro que a própria Presidência da República Portuguesa detém desde Janeiro de 2009
uma ligação ao Twitter com comunicações e a agenda de Cavaco Silva. Ao mesmo tempo o site institucional
do Presidente Português oferece ao visitante vídeos e comunicados com uma base quase diária, o que para
um político, que no passado detinha um posicionamento invulgarmente distante quanto à comunicação
social não deixa de ser assinalável e prova da importância vital destes mecanismos, para conquistar e
manter o poder.

Neste ponto Castells e Louw apresentam argumentações distintas.


Se para Castells o contra-poder existe, porque onde existe dominação existirá resistência, para Louw, o
público é profundamente passivo e não detém a capacidade de se mobilizar, à excepção de umas franjas
marginais insuficientes para produzir ruído e arrancar as massas do conforto proporcionado pelo sistema
estabelecido. Louw relembra Combs, que referira que as massas preferem viver nas suas cavernas
mediatizadas, vivendo num mundo de percepção que o autor equipara aos prisioneiros na caverna de
Platão. Para Louw os media servem o poder instituído. Os dois autores convergem quando ambos
assumem que a política se desloca da esfera institucional; do parlamento para os bastidores segundo Louw;
da esfera institucional para a esfera dos media segundo Castells.
Em The Media and Political Process o autor explora o efeito que as comunicações de massas tiveram sobre
a política, já que a política foi sempre uma arte de comunicação, proporcionando uma comunicação política
multidimensoinal e multiforme com um espectro de possibilidades ilimitado que se estende da simpatia à
violência, do dito, ao implícito e ao não-dito. Louw define a actividade política pela tomada de decisões, pela
localização de recursos, pelo enquadramento das decisões e pela legitimação das mesmas. A democracia
liberal será deste modo uma competição para ganhar o poder, manter o mesmo e alterar a sociedade
distribuindo os recursos entre apoiantes. O sucesso desta competição está na capacidade de persuasão.
Louw divide os agentes socais em três categorias, sendo que o cidadão, como outsider está apenas
marginalmente interessado em política e é passivo5, estando sujeito à pressão desenvolvida pelos insideres
que através dos mass media criam o imagem, os mitos e o hype dirigido às massas como armas de
persuasão no jogo do impression management, jogo este que é vital para ganhar e manter o poder. O
político tem de dominar dois campos: o campo da substância, onde a política é delineada e que requer um
discurso, acima de tudo ensaiado na esfera institucional, no parlamento e o campo do hype onde é criada a
imagem, o mito criando o hype que depois é propagado pelo discurso mediático. Estes discursos são
distintos mas terão de ser coordenados. Louw reporta-se aos jornalistas como os semi-insiders numa

5
original: “who are frequently only marginally interested in politics and often, passive citizens.”

Eric LOW (2005), “Politics: Image Versus Substance”, in Eric Low, The Media and Political
Process, Sage Publications, 2005, http://www.sagepub.com/upmdata/9658_022918ch02.pdf (página 16)
5
posição de tensão e em contradição à noção de Quarto Poder, defendida por Schulz em 1998. Enquanto
que Schulz definia que o jornalismo se inseria na esfera de insiders da política, com autonomia em relação
aos mecanismos de governação e que o eleitorado detinha um papel político activo, Louw contradiz esta
noção conferindo ao jornalista apenas o lugar de semi-insider com o papel de cúmplice do político no jogo
de gestão de impressão6. A visão de Louw envolve o político de uma áurea maquiavélica e alinha pela
palavra de Habermas quando este referia que a democracia liberal ofuscava deliberadamente a verdadeira
política para assegurar que o sistema socio-económico fosse eficiente e não pudesse ser interferido pelos
outsiders. Segundo este, o maior desafio para a democracia seria constituído caso as massas se tornassem
activas. Na palavra de Louw, isto não acontece já que existe nas massas um contentamento generalizado e
uma passividade que é cultivada pela sociabilização, educação e pelos media, cujos representantes,
nomeadamente os jornalistas, distraem o público. Os políticos alimentam uma nova classe profissional que
engloba gestores de imagem, argumentistas de discursos, spin doctors para nomear alguns, que pelos mais
variados mecanismos vão aliciando cúmplices no jornalismo, sedento de conteúdos. Louw eleva estes
responsáveis pela gestão da impressão à categoria de indispensáveis já que sem os mesmos não é hoje
possível vencer eleições ou sequer fazer política. A democracia ocidental foi mediatizada ao ponto de tanto
políticos como ideais político serem vendidos através de agentes que são moldados com máscaras 7 e
equiparados a celebridades. O mediatismo que a figura de Obama atingiu ao nível mundial parece ser uma
prova viva das palavras de Louw. Obama é uma estrela mundial, porque a comunicação, seja de massas ou
a comunicação de mass self-communication, identificada por Castells, são transversais a qualquer fronteira,
a qualquer língua. Louw lembra que o terrorismo utiliza igualmente as plataformas de media, e que as
mesmas detêm uma influência tão forte que manipulam inclusive a política externa de democracias
soberanas como foi o caso da Inglaterra no envolvimento com a guerra do Iraque. Campbell, o spin doctor
que acompanhou Blair e o Partido Trabalhista inglês, ao longo de quase uma década, é um exemplo
oferecido por Louw para enfatizar o domínio atribuído aos gestores de impressão no quadro da política no
século XXI. O público apenas tem acesso à política como uma realidade em segunda mão, onde os
políticos se assemelham a actores mediatizados num espectáculo ao qual o público, alienado, assiste
confortavelmente. Louw não contempla na sua obra a possibilidade de um contra-poder se erguer a partir
desse mesmo público, já que o mesmo não tem acesso à plataforma de comunicação pelo lado do emissor,
estando reduzido ao papel de receptor. Embora a obra em causa se reporte ao ano de 2005, o autor não
previu a eficácia, nem a força dos meios de comunicação disponibilizados pelas ferramentas das novas
tecnologias enumeradas por Castells. Para Louw a tónica dominante nos media continua a ser a televisão e
as novas tecnologias não são consideradas enquanto meios de influência. Embora a televisão seja ainda
hoje de facto o meio de recepção dominante, pelo menos em número de espectadores globais, a verdade é
que a mesma começa a ser influenciada determinantemente pela comunicação criada na Internet. O teor da
informação televisiva recorre por muitíssimos momentos aos últimos números e às mais recentes vozes
emanadas em sites, consubstancializando assim programática emitida pela televisão. Para Louw o

6
impression mangment no trecho em inglês
fonte: ver nota nº 4
7
faces em língua inglesa surge aqui retratada por máscaras
fonte: ver nota nº 4
6
individualismo entre o público é reinante e levou à fragmentação desse mesmo público e o papel dos mass
media é equiparado a uma cola social que aglomera os públicos, sem requerer interacção ou comunicação
humana entre os indivíduos de cada público: “They will never know each other or communicate with each
other.”8 Castells partilha uma opinião distinta. Que efectivamente o público se espartilha numa infinidade de
esferas, mas que existe uma franca comunicação entre os públicos, que escolhem as suas fontes de
informação com critérios e que utilizam os meios horizontais para propagar a sua opinião, para interagir e
influenciar o meio que os rodeia. Para Castells o público é claramente activo e usa as ferramentas
disponíveis na rede para se fazer ouvir. Existe efectivamente a prova de um autismo electrónico9 de uma
parte do público, uma vez que muitos blogs são criados para consumo próprio e sem intenção de
propagação de informação, mas existe igualmente uma prova viva de uma vibrante intercomunicação entre
plataformas, entre utilizadores que deste modo desmancham um sistema de comunicação tradicional que
interage sob um único eixo para se multiplicar numa nova era de comunicação que Castells intitula de multi-
axial na qual os mass media tradicionais assimilam técnicas e conteúdos provenientes da mass self-
communication conferindo uma voz activa a estes múltiplos movimentos sociais. Estes movimentos sociais,
que Louw descura ao relegar o público para o papel quase exclusivo de outsider, podem na voz de Castells
deter várias motivações. Podem ser progressivos, reaccionários ou simplesmente alternativos, mas
partilham uma meta que é lutar contra a relação de poder instituída. Para Louw o poder pode apenas ser
acedido por agentes políticos considerados insiders que instrumentalizam os media em prol da sua
manutenção na esfera dominante. As vagas para insiders são reduzidas e acerrimamente desafiadas por
políticos que detém pelo menos uma de três características para aceder a este status: acesso a recursos,
posição social ou domínio sob a linguagem, já que a linguagem, enquanto agente estruturante sobre as
relações, é essencial para o político dominar os vários códigos de comunicação indispensáveis para vestir
as várias máscaras inerentes ao exercício da profissão.
Os vários cenários propostos pelo autor para definir o processo político centram-se, em minha opinião
excessivamente no político enquanto detentor do poder, não conferindo ao público qualquer capacidade de
acção ou reacção. O público é cegamente conduzido em total passividade sem capacidade de progressão
da sua esfera sonâmbula. Este público é guiado por faróis, nomeadamente pelos mitos e imagens criados
pelos media. Os media surgem como instrumentos dominados pela força de governação, confinando-se o
registo de resistência ao surgimento do jornalismo cínico. Os media são em Louw apresentados como o
agente perfeito para a criação de imagens que sustentam a legitimidade ou ilegitimidade do político. Estes
catalizam a informação sem grande poder de interpretação e inquirição. Deste modo controlar os media é
deter a possibilidade de criar ou de derrubar um político, de fazer a informação fluir ou de a reter e com isso
reter ideias e confinar ideais. Ambos os autores reconhecem a importância da comunicação na nossa era,
mas concebem-na de modos distintos. Ambos atribuem enorme importância ao mecanismo de retenção de
informação. Castells confere maior importância à sonegação10 de informação, do que propriamente à
8
tradução: Eles nunca se conhecerão uns aos outros, nem comunicarão uns com os outros.
fonte: nº 4 página 31
9
fonte: ver nota nº 1, página 247
10
“Yet, the main issue is not the shaping of the minds by explicit messages in the media, but the
absence of a given content in the media. What does not exist in the media does not exist in the public
mind, even if it could have a fragmented presence in individual minds.”
7
capacidade dos media em impor determinantemente um registo único ao público. Louw não só reconhece
este mesmo perigo dos mass media em não publicarem determinada informação, como enfatiza o papel da
comunicação social tradicional na alimentação do hype criado por profissionais contratados por políticos,
como um mecanismo que se alavanca na lavagem cerebral e na capacidade de iludir e ludibriar o público
passivo. Em Louw a comunicação é sustentada num eixo único conforme o modelo tradicional e rígido foi
composto a partir da era industrial. Castells identifica um novo padrão de comunicação erguido em múltiplos
eixos que oferece uma dinâmica de influência totalmente distinta a qualquer um dos agentes, seja ele o
político institucional, o grupo de media ou o indivíduo distanciado da esfera institucional de poder.

Conclusão

Onde Louw associa passividade à fragmentação da sociedade, Castells reconhece a possibilidade de o


indivíduo proceder à sua autoconstrução. A participação do indivíduo nas estruturas que perfazem a rede
horizontal é inequívoca e irreversível. Estas estruturas organizam-se de um modo distinto das tradicionais
formas de organização social como o são os sindicatos e os partidos da era industrial. A mass self-
communication é fruto da cultura contemporânea, uma cultura que sublinha a autonomia do indivíduo. A
Internet é a grande arma do público que procura acima de tudo uma coisa, restabelecer um sentido, criar
redes de sentido em oposição às redes de instrumentos, nomeadamente criar uma informação estabelecida
por meios mais democráticos e menos elitistas . O espaço de comunicação está a ser reconfigurado e nesta
luta de transformações devemos atender aos papeis atribuídos aos políticos, aos agentes sociais e aos
grupos de media. Castells propõe que as sociedades evoluem e se alteram, desconstruindo as suas
instituições sob pressão de novas relações de poder, construindo novas instituições que permitam que as
pessoas possam viver em paz, lado a lado mesmo quando detêm interesses contraditórios enquanto que
Louw propõe que um classe política, quase imutável, governe ofuscando a política real por detrás do ecrã
de televisão que estimula uma atmosfera de excitação que vai distraindo o público adormecido. Louw não
concebe o medium da Internet na sua análise e o desenvolvimento desenfreado que o público conferiu a
este meio e o quanto este factor veio relançar os dados quando analisamos a influência à qual os meios de
comunicação social tradicionais estão sujeitos e o quanto estes influenciam o público alargado. A
intercomunicação individual veio alterar profundamente a forma como comunicamos redistribuindo as forças
e com isso alterar profundamente o desenho teórico que anteriormente era baseado num eixo único. Louw
parte na sua análise dessa realidade que já não se verifica. A mentalidade do público já não é formada nas
instituições políticas, mas sim na esfera da comunicação largamente organizada em torno da comunicação
de massas, na intercomunicação individual.

Conforme Giddens, o sujeito social não é sonâmbulo, não sendo apenas marcado pelas estruturas
conforme o preconizam as teorias behavioristas e detém a capacidade de alterar as estruturas que o

fonte: ver nota nº 1, página 241


8
rodeiam. O indivíduo produz e reproduz constantemente as estruturas que o rodeiam interagindo com as
mesmas. Com os actuais meios de tecnológicos, as acessibilidades, e reporto-me tanto à facilidade de
saber-fazer como à autonomia remota, qualquer agente social se arrisca a poder fazer a manchete do dia de
amanhã, principalmente nos media de escândalo. Ausência de saber-fazer, porque os meios de edição e
propagação de informação não requerem saberes técnicos de especialista. A expressão de na óptica do
utilizador é suficiente para conferir ao sujeito o acesso à estrutura, à rede global que este poderá influenciar.
Mais ainda, a distância e anonimato, conferem ao agente uma capa que enfatiza ainda mais este potencial.
A rede foi concebida para privilegiar a velocidade e acessibilidade de modo a que poder absorver fluxos
cada vez mais volumosos e rápidos, fluxos esses que são bidireccionais. A rede não foi nunca um mero
catálogo de consulta. Desde o seu início, através do e-mail, do chat, dos comentários a rede apresentou-se
como bi-direccional, tendo-se alargado progressivamente este espectro de participação.

Castells termina o seu trecho afirmando que os detentores de poder entraram na arena de disputa pelo
poder das redes de comunicação horizontal, englobando nessa tarefa a supervisão da Internet, o controlo
manual e robótico de conteúdos como acontece na China, perseguindo piratas e hackers na Europa com
legislação recente, numa tentativa de domesticar e de enquadrar o mais recente espaço de comunicação e
empregando para esse efeito, todo o tipo de técnicas. A 13 de Janeiro, surgia a par da catástrofe do
terramoto no Haiti a notícia de uma possível retirada do gigante Google do mercado chinês. A razão desta
retirada, não se prende directamente com a política obscura de censura aplicada a todos os motores de
pesquisa no país com o maior número de cibernautas do planeta, mas com os ataques repetidos a contas
de activistas chineses de direitos humanos. Ataques esses que são considerados pelo gigante norte-
americano como sofisticadas mecanismos de controlo de informação por parte de agentes do estado
chinês11. A posição desta firma americana no mercado chinês tem sido um limbo difícil de gerir e segundo o
porta-voz da empresa uma faca de dois gumes. A presença do gigante, que se orgulha de trabalhar sob o
lema Don´t do evil!12, tem feito concessões, mas alega apresentar os resultados menos censurados dos
motores de busca na China, permitindo aos chineses acesso a um role de informações que de outro modo
lhes estaria provavelmente vedado, enquanto o gigante censura determinados conteúdos conforme
prescrição indefinida13do governo chinês. Muitos movimentos sociais chineses têm usado as plataformas de
comunicação e sociabilização apresentadas por este gigante por lhe confiarem mais que a firmas como a
Bidu.com, motor exclusivamente chinês e ao Yahoo.cn, uma firma joint-venture com capitais maioritários
chineses. No presente momento, a Google procura maximizar os proveitos morais implicados por esta
notícia/ameaça de fechar o seu portal na China, existindo até quem considere em Wall Street que a perda
de um mercado de 300.000.000 de utilizadores, o maior mercado único do mundo, pode até ser uma
manobra que seja compensado na própria bolsa de valores norte-americana. Se tal se confirma ou não,
veremos nos próximos dias ou semanas, mas uma coisa é certa, a notícia de violação de algumas caixas de

11
DRUMMOND. David, A new approach to China, http://googleblog.blogspot.com/2010/01/new-approach-to-china.html
12
tradução: Não pratiques o mal!
13
indefinida, uma vez que não existe uma black list de assuntos ou palavras-chave que deverão ser inacessíveis aos
utilizadores chineses. A censura transforma-se deste modo, em auto-censura por parte das firmas presentes na China
que deverão sempre ter em conta os interesses e sensibilidades do estado chinês.
9
correio de activistas, já valeu um hype tremendo na comunicação social e promete trazer lucro à praça ao
mesmo tempo que nos vai lembrando que a luta pelo espaço público emergente, enraizado na
comunicação, não está predeterminado na sua forma por um qualquer fado histórico ou necessidade
tecnológica. Será antes mais o resultado do novo palco da mais antiga luta da humanidade: The struggle to
free our minds (a luta pela libertação das nossas mentes).14

14
original: Thus, as in previous historical periods, the emerging public space, rooted in communication, is
not predetermined in its form by any kind of historical fate or technological necessity. It will be the result
of the new stage of the oldest struggle in humankind: the struggle to free our minds.

fonte: ver nota nº1, página 259


10
Bibliografia

CASTELLS, Manuel (2007), Communication, Power and Counter-power in the Network Society,
International Journal of Communication 1, 238266, Available at
http://ijoc.org/ojs/index.php/ijoc/article/view/46

DRUMMOND. David, A new approach to China, (12/01/2010)


http://googleblog.blogspot.com/2010/01/new-approach-to-china.html

LOW, Eric (2005), “Politics: Image Versus Substance”, in Eric Low, The Media and Political
Process, Sage Publications, 2005, http://www.sagepub.com/upmdata/9658_022918ch02.pdf

MACEDO, Márcia, (Agosto 2006) “A era da intercomunicação”, (edição mensal)


http://diplo.uol.com.br/2006-08,a1379

Webliografia

www.cnn.com

http://diplo.uol.com.br/2006-08,a1379

http://googleblog.blogspot.com/2010/01/new-approach-to-china.html

http://www.internetworldstats.com/stats.htm

11
ISCTE | Departamento de Sociologia

Curso: Mestrado em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação

Unidade curricular: Comunicação e Política

Nome do docente: Professor José Barreiros

Ano lectivo: 2009/10

Título do trabalho: Justaposição dos trechos:


Communication, Power and Counter-power in the Network Society de Manuel Castells e
Politics: Image Versus Substance de Eric Louw
Nome do aluno: Daniel José Tilly Simões de Oliveira

Número do aluno: Aluno Nº 10892

Data: 15/01/2010

Declaração

Declaro que este trabalho é integralmente da minha autoria, estando devidamente


referenciadas as fontes e obras consultadas, bem como identificadas de modo claro
as citações dessas obras. Não contém, por isso, qualquer tipo de plágio quer de textos
publicados, qualquer que seja o meio dessa publicação, incluindo meios electrónicos,
quer de trabalhos académicos.

12
Assinatura:

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