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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

MESTRADO ACADÊMICO EM HISTÓRIA – MAHIS

EM BUSCA DA IDENTIDADE ESTUDANTIL: REFLEXÕES SOBRE AS PRÁTICAS


POLÍTICAS E COTIDIANO DO ESTUDANTE CEARENSE (1950-1960).

FORTALEZA

2014

1
TEMA/DELIMITAÇÃO TEMÁTICA

Este projeto se propõe a refletir como as práticas políticas e ações de sociabilidade


desenvolvidas pelos estudantes secundaristas e universitários do Ceará se relacionavam
com o ideal do ser estudante. De partida, o que se percebe é que esse ideal é resultado de
relações de força que se encontram dentro e fora do próprio grupo estudantil. O ser
estudante, então, é o encontro, nem sempre harmonioso, de dizeres externos (Igreja,
Estado e Sociedade) e internos (Grêmios, Centros Acadêmicos, Diretório Central dos
Estudantes).
Chamamos de práticas políticas as manifestações e passeatas que tinham,
explicitamente, um cunho de combate a certas iniciativas autoritárias do Estado, como a
imposição do sistema de passes estudantis pela Prefeitura Municipal de Fortaleza em
19651. Já no que diz respeito às ações de sociabilidade2, tomamos como exemplos os
campeonatos esportivos, as festas, os piqueniques e as comemorações referentes ao Dia
do estudante, no período entre as décadas de 1950-60. Todos esses conjuntos de ações
serviam para fortalecer uma coesão de grupo.
Ao analisar o sujeito/estudante, a partir do uso da imprensa como fonte, pretende-
se perceber a importância dos estudantes para a sociedade cearense, visto a visibilidade
dada a este grupo social na divulgação de suas atividades pelos jornais escolhidos para
este estudo. As revistas e jornais produzidos pelos próprios estudantes nos fazem
mergulhar no universo desses indivíduos que procuram se mostrar como sujeitos ativos
no cotidiano da cidade, que agem além de seus estabelecimentos de estudo ou entidades
de representação política, como grêmios e centros acadêmicos. Sabemos que os registros
que se encontram na imprensa da época, seja ela produzida dentro ou fora do corpus
estudantil, não são, em si, traduções simétricas das vivências que denunciam. Esses

1 Cf. RAMALHO, Bráulio E. P., Foi Assim!: O Movimento Estudantil no Ceará de 1928 a 1968. Rio – São
Paulo – Fortaleza: ABC Editora, 2002. p. 198.
2 Para Georg Simmel, interação e sociabilidade não são sinônimos, assim, a interação se dá quando os
“interesses e necessidades individuais, conteúdos, fazem com que indivíduos se juntem. Isso por si só, se
configura numa interação, ou seja, sociação”. Já sociabilidade, conceito o qual nos interessa nesse estudo, é
quando “esses indivíduos além de estarem sociados por interesses específicos, se relacionem em função de
um ‘sentimento e por uma satisfação mútua de estarem socializados’. [...]. Dito de outro modo, para que a
relação seja de sociabilidade é preciso que ambas as pessoas que estejam envolvidas, sintam o prazer nessa
sociação”. (Lopes Alves, F.: “A dinâmica da sociabilidade em Georg Simmel”, em Contribuciones a las
Ciencias Sociales, Julio 2013. O texto encontra-se disponível no site: www.eumed.net/rev/cccss/25/georg-
simmel.html)

2
documentos são dispositivos que ajudam a disparar a imaginação historiográfica, para nos
fazer refletir sobre a História que os grupos estudantis experienciaram nas décadas de
1950 a 60.
Pretendemos, através do diálogo com a documentação, compreender como alguns
grupos estudantis cearenses vão galgar uma posição de prestígio junto à sociedade, tendo
assim, sua participação legitimada em diversos lugares de poder. Para esta análise
escolhemos, entre as diversas agremiações estudantis ativas no período, o Centro
Estudantal Cearense (CEC), por ter um caráter de entidade que pretendeu uma
representatividade do coletivo estudantil do estado; a Juventude Estudantil Católica
(JEC), por ser um grupo de ação/orientação ligado à Igreja Católica; o Centro Liceal de
Educação e Cultura (CLEC), agremiação pertencente ao Liceu do Ceará, terceiro colégio
mais antigo do Brasil e mais importante do estado; e por fim, não podemos esquecer os
estudantes do Colégio Militar de Fortaleza (CMF)3, já que as escolas militares propõem
uma formação diferenciada aos estudantes que a frequentam.
Para entendermos como se configurava o perfil dos estudantes do Ceará, neste
período, é preciso retomar a conjuntura na qual o país e o estado estavam imersos. O
estudante cearense, assim como no restante do país, é, em larga escala, um filho da elite,
mesmo com a preocupação governamental acerca do analfabetismo e a ampliação da
educação primária cearense, desde o final do século XIX4, por muito tempo os estudantes
vão sair das camadas privilegiadas da sociedade.
Entre as décadas de 1950 e 1960, a capital cearense deu continuidade ao acelerado
processo de desenvolvimento e urbanização que teve início no pós-1945. A dinâmica da
cidade muda, as mudanças desencadeadas através da remodelação urbana e das políticas
públicas deram novos sentidos às relações entre os indivíduos e a cotidianidade. Porém,

3 Muitos foram os nomes dados às instituições que detinham a responsabilidade de perpetuar a educação
militar no Ceará. A primeira escola com essas características no estado foi Colégio Militar do Ceará, criado
em março de 1919. Para o estudo proposto nesse projeto utilizaremos documentos produzidos pelos alunos
da Escola Preparatória de Fortaleza (criada em 1942, através do decreto nº 4.006, de 09/01/1942 e extinta
em 1961) e do Colégio Militar do Ceará (criada através do decreto nº 166, de 17 de Novembro de 1961 e
instalada em 1º de janeiro de 1962). Informações retiradas do site do Museu do Colégio Militar de
Fortaleza – Gustavo Barroso. Disponível em:
http://www.cmf.ensino.eb.br/sites/museovirtualnovo/site/index.php (Ultimo acesso: 10.09.2014)
4 Cf. DAMASCENO, Ana Daniella. O analfabetismo nos discursos produzidos no Ceará do início do
século XX. Anais do IX Congresso Nacional de Educação – EDUCERE/ III Encontro Sul Brasileiro de
Psicopedagogia, 2009. p. 3269 – 3282.

3
mesmo com as mudanças promovidas pelo governo estadual, por exemplo, a implantação
do ônibus coletivo em face à extinção do bonde elétrico, o ordenamento da cidade não
acompanhava seu crescimento demográfico. A despeito desses problemas estruturais,
Fortaleza intensificava sua vivência com os signos da modernidade. A frota de
automóveis particulares tomou conta das ruas e avenidas da cidade, a eletricidade
proporcionou um maior conforto e comodidade aos habitantes (mais abastados), o rádio e
os eletrodomésticos adentraram nas casas da elite cearense e os cafés espalhados pela
Praça do Ferreira, deram um toque de classe a nova espacialidade surgida no final dos
anos 19505.
Quando refletimos sobre o perfil desse estudante, percebemos que este deveria
pregar e propagar seus valores e ideais, de acordo com projeto político
desenvolvimentista implantado ao longo das décadas de 1950-60. Como se sabe, nesse
período o Brasil vivia um intenso processo de “modernização” política e econômica e
sofria todos os impactos, positivos e negativos, daí decorrentes6.
Nesse cenário de redefinição do papel do Estado e de suas relações com a
população, também os estudantes são alvo de legislações e dizeres que visam normatizar
sua ação. Assim, o sujeito/estudante teria, claro, o dever de estudar, mas também poderia
divertir-se , pois é jovem. Porém, não poderia esquecer-se de dedicar uma parcela de seu
tempo ao cumprimento dos seus deveres para com a Pátria7.
Assim, para compreendermos a multiplicidade do universo estudantil, é
importante o estudo de suas ideias, valores e concepções, como também, das práticas de
sociabilidade e ações políticas que dão significação ao sujeito/estudante entre os

5 Existem diversos trabalhos que retratam o cotidiano da capital cearense durante as décadas de 1940 a
1960. Para compreendermos as mudanças ocorridas em Fortaleza no entremeio desses anos, escolhemos
duas teses que são de extrema importância para a historiografia cearense desse período. A primeira delas é
de autoria de Antonio Luiz Macêdo e Silva Filho, Entre o fio e a rede: a energia elétrica no cotidiano de
Fortaleza (1945-1965), defendida em 2008 na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), já
a segunda é de Gisafran N. M. Jucá, Verso e reverso do perfil urbano de Fortaleza, defendida na
Universidade de São Paulo (USP), em 1993.
6 “O Brasil que Vargas deixou: Vargas e as bases do desenvolvimento”, texto disponível do site do Centro
de Pesquisa e Documentação da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC-FGV). Disponível em:
http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/artigos/OBrasilQueVargasDeixou/BasesDesenvolvimento Último
acesso em: 16.08.2014
7 Sexto mandamento do Código de Ética do Estudante, documento redigido em 1946, pelo Partido De
Representação Popular. No Ceará, esse código foi publicado no Jornal Gazeta de Notícias, na sessão
semanal produzida e dedicada aos estudantes cearenses, o GN Estudantil. Trataremos mais especificamente
deste periódico posteriormente.

4
diferentes grupos que compõem o conjunto estudantil cearense em meados dos anos 1950
a 1960.

JUSTIFICATIVA E PROBLEMATIZAÇÃO
Muitos são os estudos que têm como temática as ações estudantis em períodos de
tensão política, no Brasil, mostrando sua importância nas lutas empreendidas contra os
autoritarismos e pela ampliação de seus direitos8, como os descontos de 50% nas casas de
exibições cinematográficas e nos transportes coletivos9. Os estudantes são projetados
como força de transformação social, não dando tanta importância à sua condição de
indivíduos em processo de formação pessoal, intelectual e cidadã. Afinal, muitos desses
sujeitos são jovens e estão experimentando pela primeira vez responsabilidades outras,
além dos estudos.
Durante as pesquisas iniciais, junto à hemeroteca da Biblioteca Pública Menezes
Pimentel, tivemos a oportunidade de observar a grande quantidade de notícias sobre os
estudantes, o que é indício da sua participação na vida social e política da cidade de
Fortaleza. Buscávamos algumas fontes que revelassem um pouco mais da relação entre a
Ditadura civil-militar, instalada em 1964, e os diversos setores da sociedade cearense.
Pretendíamos compreender as maneiras pelas quais o Estado autoritário intervinha no
cotidiano da cidade nos primeiros momentos pós-golpe. Porém, aos poucos fomos
percebendo a importância dos estudantes como atores sociais, grupos que despertavam a
atenção de outras forças da sociedade, como a Igreja e o Estado. Assim, as primeiras
questões que surgiram estavam relacionadas ao destaque reservado a esse grupo, como o
porquê dos estudantes ocuparem tanto espaço nas preocupações da sociedade? E as
questões que vão nortear o estudo ora proposto: O que é ser estudante, visto que esse
grupo não nasce pronto e acabado? Quais os pontos que indicam os percursos de sua

8 Citamos alguns exemplos da vasta produção acadêmica de trabalhos sobre o universo do Movimento
Estudantil, como: BARCELOS, Jalusa. Histórico UNE: 60 Anos a Favor do Brasil. Rio de Janeiro: UNE,
1997. BERLINK, Manoel T. M. O Centro Popular de Cultura da UNE. Campinas, Papirus, 1984. BRITO,
Sulamita de. A Crise entre Estudantes e Governo no Brasil In: Revista Paz e Terra, Rio de Janeiro, nº 3, p.
191-240. s/d. POERNER, Artur José. O Poder Jovem. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 2004.
Essas e outras referências encontram-se dispostas no site da União Nacional dos Estudantes. Disponível
em: http://www.une.org.br/2011/08/bibliografia/
9 Cf. RAMALHO, Bráulio E. P., Foi Assim!: O Movimento Estudantil no Ceará de 1928 a 1968. Rio – São
Paulo – Fortaleza: ABC Editora, 2002. p. 44.

5
historicidade? Como esse grupo se autodefine e como ele é pensado e definido por outras
forças sociais?
A partir de uma primeira leitura das fontes impressas, muito me inquietou a
visibilidade que estes jornais davam a algumas atividades estudantis, por exemplo,
piqueniques, festas dançantes, manifestações e passeatas como as famosas “Passeatas dos
Calouros ou dos Bichos” nos anos 196010, etc., práticas que ao longo dos anos vão dar
lugar à dicotomia entre os grupos que vão apoiar o governo golpista e os que vão
participar das ações ditas subversivas e desordeiras do movimento estudantil no pós-64.
Essa inquietação, ao longo da leitura de algumas dessas notícias, foi se multiplicando e
começamos a nos questionar como as concepções acerca do sujeito/estudante
relacionavam-se às mudanças nas práticas estudantis da época, pensando sempre a
importância dada pela imprensa cearense na promoção desses eventos durante a
redemocratização pós-Vargas e golpe civil-militar.
Embora muito da relação entre os estudantes e a história do Brasil no século XX
já tenha sido estudada, é pertinente manter aceso o insight de Antoine Prost para quem a
escrita da história nunca estará encerrada (2008: 80); para tanto, entendermos como as
múltiplas concepções sobre o sujeito/estudante se relacionam à conjuntura política e,
além disso, direcionam a organização de suas intervenções na sociedade, é propor uma
reavaliação do papel estudantil nas questões que a contemporaneidade traz consigo.
As análises atuais devem ir além dos saudosismos de muitos discursos sobre o
movimento estudantil da década de 1960, mais especificamente nos idos de 1968. Como
afirma Carla de Sant’Ana Brandão Costa, em sua tese de doutoramento, houve uma
construção do mito da juventude revolucionária.
Podemos considerar que o mito da juventude revolucionária, capaz de enfrentar
os problemas da sociedade e gerar mudanças inimagináveis, divulgado na
mídia e em algumas obras sobre o tema, é, de fato, um mito. A construção da
imagem da juventude, associada à rebeldia, utopia e idealismo, é resultante da
marcante presença dos estudantes em manifestações durante a década de 1960.
Porém, Abramo (1997) ressalta que esta construção não ocorreu no momento
em que os estudantes se destacavam no cenário nacional, pois, neste período,
apenas uma minoria percebia a juventude como sendo comprometida com a
transformação da sociedade. (COSTA, 2004: 243)

10 A famosa “Passeata dos Calouros ou dos Bichos” realizada, sempre no primeiro sábado do semestre
letivo, aonde os alunos novos e veteranos iam às ruas da cidade, para comemorar os calouros ingressantes
da Universidade do Federal do Ceará. Cf. MAIA JR., Edmilson Alves. Memórias de Lutas: Ritos políticos
do movimento estudantil universitário (Fortaleza, 1962-1968). Fortaleza: Edições UFC, 2008.

6
Irmos além dessa perspectiva na qual os estudantes pós-1960 foram sacralizados é
cotejarmos outros olhares sobre esse sujeito, ora posto como ser capaz de grandes
transformações sociais, ora tido como um despreocupado e omisso do cenário político.
A proposta deste estudo é seguirmos por diferentes caminhos para compreender
como os estudantes, no período anterior ao golpe civil-militar, organizavam suas
participações no cotidiano da cidade de Fortaleza. A ideia é sairmos um tanto do
ambiente das passeatas e manifestações (embora jamais neguemos que são esses atos
políticos que conferem maior visibilidade às ações sociais do sujeito/estudante) e
pensarmos outras estratégias, como as práticas de sociabilidade que legitimavam a
atuação política e social do grupo estudantal, como, também, proporcionavam um
sentimento de pertença em meio a outras forças políticas.
Ao refletirmos sobre outras maneiras/formas pelas quais os estudantes interagiam
com a sociedade, durantes os anos 1950-60, o dia 11 de agosto, data comemorativa em
homenagem aos grupos estudantis, imprimiu na cidade de Fortaleza grandes festividades
e atividades que encontravam nas páginas dos diferentes jornais locais um espaço
importante de divulgação. Os concursos para Rainha dos Estudantes, os torneios
esportivos, palestras etc., mobilizavam não somente os estudantes sócios das agremiações
promotoras, mas todos os grupos estudantis de Fortaleza, como se pode observar nas
diversas notas11 sobre os jogos estudantis. Esses eventos esportivos tinham, em destaque,
como objetivo promover a ideia do estudante saudável, através de um maior
disciplinamento do corpo.
Os jornais não se limitavam, apenas, a dar notícias sobre passeatas ou
manifestações dos estudantes, mas como já dito acima, festas, reuniões, horários e tabela
de jogos estudantis estavam sempre espalhados entre suas páginas. Um dos
questionamentos surgidos após a leitura desses periódicos foi quais espaços eram
reservados aos assuntos estudantis? Qual a importância da imprensa na divulgação e
promoção das ideias e valores estudantis no período estudado?

11 Durante o mês de maio de 1960, o GN Estudantil, sessão dominical especial dos estudantes editada nos
Jornal Gazeta de Notícias, em parceria com alguns colégios de Fortaleza promove um torneio de Volêi Ball
feminino que tem como objetivo “aproximar os laços desportivos à juventude feminina”. (GN Estudantil,
15 de maio de 1960).

7
Um caminho possível para a investigação dessa problemática está na análise
criteriosa dos periódicos, apontada pela historiadora Tânia Regina de Luca (2011: 139),
para quem a imprensa periódica seleciona, ordena, estrutura e narra, de uma
determinada forma, aquilo que se elegeu como digno de chegar até o público. No contato
com essa documentação, a despeito do seu caráter seletivo, percebemos subsídios para a
compreensão do lugar dado aos estudantes nos jornais cearenses.
Outra fonte que nos ajudará a desenvolvermos nossas reflexões sobre a temática
proposta são as produções impressas feitas pelos estudantes. Na medida em que avançava
com a leitura destes jornais e revistas ― como, por exemplo, o periódico confeccionado
pelo departamento feminino do Centro Liceal de Educação e Cultura (CLEC), o
Educação e Cultura e as revistas produzidas pelos humanistas do Colégio Militar de
Fortaleza (CMF) ― outros questionamentos foram se desenvolvendo, pois na tentativa de
divulgar suas atividades e ações cotidianas eles expunham seus valores e ideais. Assim,
nos perguntamos quais grupos estavam à frente dessas iniciativas? Qual a repercussão
desses impressos para além de suas escolas e entidades?
Destarte, este projeto se insere nas discussões referentes à linha de Práticas
urbanas, ao propor uma análise das concepções multifacetadas acerca do
sujeito/estudante e como estas se relacionavam com suas práticas cotidianas. Buscamos,
através do estudo das ações/experiências de alguns grupos estudantis, historicizar suas
ideias, valores e expectativas com o intuito de compreender como estes estudantes se
entendiam como sujeitos atuantes no meio social, como se mostravam para a sociedade
cearense e também reivindicavam sua parcela de participação nas movimentações
sociopolíticas que marcaram o final da década de 1950 e início dos anos 1960. De certo,
para nós, isso significa uma crítica à noção comum que trata o termo “estudante” de
forma contínua e simétrica, como se a palavra, em si, desse conta da experiência
estudantil em todos os tempos e espaços da sociedade cearense, como se a condição e a
experiência do ser estudante não tivessem, elas mesmas, suas transformações.

De um modo geral as questões suscitadas acima se relacionam com a


problemática de estudar as especificidades de alguns grupos estudantis, como por
exemplo, os alunos que compunham o CEC, a JEC, CLEC e o CMF, todos disputando
por um espaço legítimo frente à sociedade cearense. Ao propormos a análise de suas

8
concepções e valores procuramos compreender como se relacionavam com as diferentes
ideias do que seria ser estudante, as aproximações e distanciamentos que existiam entre
si, questionando assim, a ideia de um conceito único do sujeito/estudante.
A problemática que é o fio condutor desta pesquisa está na proposta de uma
historicização do conceito ser estudante, para os grupos e agremiações estudantis e a
sociedade em geral, da década de 1950-60, e como a partir dele, foram construídas as
ações empreendidas por estes sujeitos no meio político-social.

O que nos interessa é refletir sobre a atuação dos grupos estudantis, darmos
historicidade ao conceito e não cristalizar uma significação dicionarizada. Agora, estamos
atentos ao fato de que o sentido de ser estudante também muda com o tempo. Embora
possamos dizer, no limite, que estudante é aquele que estuda, não é essa apenas a atitude
que desempenha na sociedade, como sujeito social ele não se define apenas pelo ofício,
mas também, pelas respostas que dão às interpelações da história.

OBJETIVO GERAL

Compreender como as ações políticas e de sociabilidade dos estudantes cearenses


vão se relacionar com o conceito multifacetado do sujeito/estudante, nas décadas de
1950-1960.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Compreender como os estudantes, o Estado, a Igreja e a sociedade em geral entendia o


conceito de ser estudante durante os anos 1950-1960;

- Refletir sobre o espaço dado aos estudantes pela imprensa cearense, na divulgação de
suas ações e na legitimação de sua atuação política e social;

- Perceber qual a importância que os jornais e revistas produzidos pelos estudantes


tinham na promoção de suas ideias, valores e concepções de mundo;

- Analisar como as ações de sociabilidade entre os grupos estudantis e o cotidiano da


cidade de Fortaleza incidiam na dinâmica político-social um do outro.

REFERENCIAL TEÓRICO PRELIMINAR

9
Para entendermos como se deu a formulação da problemática proposta neste
projeto se faz necessário apresentarmos as leituras e autores que dão embasamento
teórico a esta pesquisa. Utilizaremos-nos dos estudos de Reinhart Koselleck, em sua obra
Futuro Passado: contribuição à semântica dos tempos históricos, quando estivermos
tratando das muitas visões sobre o sujeito/estudante e suas experimentações culturais e
políticas durante as décadas de 1950 a 1960.

Ao apostarmos nos estudos sobre o cotidiano nos utilizaremos da obra de Michel


de Certeau e Agnes Heller, pontuando suas contribuições para o desenvolvimento deste
estudo.

Primeiramente, quando nos preocupamos com a constituição e estabelecimento de


um conceito, julgamos válido, ter em mente, as orientações metodológicas de R.
Koselleck, para quem:

[...] ao longo da investigação da história de um conceito, tornou-


se possível investigar também o espaço de experiência e o
horizonte de expectativa associados a um determinado período, ao
mesmo tempo em que se investigava também a função política e
social desse mesmo conceito. (KOSELLECK, 2006: 104)
É ainda Koselleck, quem nos diz que ao pensarmos um conceito único damos espaço
a uma generalização que exclui as divergências, sejam elas políticas, de crença ou
ideológicas.

Uma vez cunhado, um conceito passa a conter em si, do ponto de


vista exclusivamente linguístico, a possibilidade de ser
empregado de maneira generalizante, de construir tipos ou
permitir ângulos de vista para comparação. Quem trata de
determinado partido, de determinado Estado ou determinado
Exército tem que fazer escolhas linguísticas ao longo de um eixo
que pressupõe todos os partidos, todos os Estados e todos os
Exércitos em sua materialidade linguística. Uma história dos
conceitos correspondentes induz, portanto, questões estruturais
que a história social tem de responder. (KOSELLECK, 2006: 115-
116)
Antoine Prost (2008), ao dialogar com Koselleck sobre a utilização dos conceitos na
História, nos faz refletir que num primeiro momento, pensar o conceito geraria uma

10
facilidade de entendimento, seria uma economia de descrição e análise, ou seja, daria
uma ideia aproximada do que se passou.

Por meio dessas advertências, para um estudo da história dos conceitos, nos
propormos a refletir sobre a multiplicidade do conceito de estudante e sua relação com as
práticas de alguns grupos estudantis, que se mostraram ativamente presente em defesa de
seus direitos e posições políticas, buscando legitimidade para suas ações de intervenção
na sociedade.

Outro ponto importante da obra de Koselleck é a utilização do par de conceitos


“espaço de experiência” e “horizonte de expectativa”. O autor nos ajuda a refletirmos,
quando afirma que todas as histórias foram constituídas pelas experiências e pelas
expectativas das pessoas que atuam ou sofrem (KOSELLECK: 2006: 306), acerca das
ações políticas e práticas de sociabilidade desenvolvidas pelos estudantes em defesa de
seus valores e ideais perante a sociedade cearense.

Por meio dos estudos sobre o cotidiano, empreendidos por M. de Certeau,


podemos problematizar os usos e as práticas cotidianas que os grupos estudantis se
utilizavam para legitimar sua participação na vida política e cultura da cidade de
Fortaleza, entre os anos 1950 a 1960. Ao nos utilizarmos da documentação produzida
pelos próprios indivíduos estudados para problematizarmos suas posições, suas ideias e
valores e como estes se entendiam como sujeitos ativos nos permitem compreender o que
autor chama de criatividade cotidiana12. Utilizaremos algumas dessas revistas e jornais,
que podem nos fornecer os subsídios necessários para entendermos mais sobre suas
experiências cotidianas, ações de sociabilidade, vivência escolar, seus valores e
percepções sobre o ser estudante.

Na obra de Agnes Heller, Cotidiano e História, sua reflexão acerca das relações
travadas entre o homem (indivíduo particular e genérico) com a vida cotidiana vão nos

12 Para Certeau, essas “maneiras de fazer” constituem as mil práticas pelas quais usuários se reapropriam
do espaço organizado pelas técnicas da produção sócio-cultural. [...] se trata de distinguir as operações
quase microbianas que proliferam no seio das estruturas tecnocráticas e alteram o seu funcionamento por
uma multiplicidade de “táticas” articuladas sobre os “detalhes” do cotidiano; [...]. (DE CERTEAU, 1994,
p.41)

11
proporcionar um melhor entendimento de como os grupos estudantis relacionavam suas
crenças e valores morais com suas práticas cotidianas. Ao afirmar que as grandes ações
não cotidianas que são contadas nos livros de história partem da vida cotidiana e a ela
retornam (1985:17), a autora nos faz pensar sobre a escrita da História, já que o
historiador escolhe seu objeto de estudo partindo de questionamentos do presente, pois
graças ao seu posterior efeito na cotidianidade, essas grandes façanhas históricas
tornam-se particulares e históricas.

Assim, ao escolhermos estes dois estudiosos das relações dos indivíduos com a
vida cotidiana como referenciais teóricos iniciais da pesquisa, propomos uma
compreensão heterogênea das ações de sociabilidade e práticas políticas de alguns grupos
estudantis cearenses na esfera cotidiana da cidade de Fortaleza, ou seja, entender essas
ações para além da sacralização da juventude revolucionária dos anos 1950-60.

FONTES E INDICAÇÕES METODOLÓGICAS BÁSICAS

A historiografia, através da grande contribuição dada pela escola dos Annales,


teve a oportunidade de trabalhar com uma pluralidade documental13, que acabou por
destronar a majestade dos documentos oficiais, tidos como fonte de verdade absoluta.
Assim, novas possibilidades de pensar o homem no tempo foram postas em evidência.
Ou seja, o alargamento das fontes e as novas abordagens nos trazem diferentes
alternativas de interpretação da História como, também, maiores responsabilidades diante
da análise documental. É por intermédio dos documentos que o historiador tece as
primeiras impressões sobre o tema a ser pesquisado, formula os questionamentos e traça
os caminhos por onde deve seguir metodologicamente, como afirma A. Prost:

Portanto, não há questão sem documento. O historiador nunca se limita a


formular uma “simples questão” – até mesmo quando se trata de uma questão
simples – porque, em seu bojo, traz uma ideia das fontes documentais e dos
possíveis procedimentos de pesquisa. Ela supõe já um conhecimento mínimo
das diversas fontes eventuais e imagina sua utilização por métodos que já
tenham sido experimentados em outras pesquisas... (PROST, 2008: 76)

13
Para Lucien Fevbre, a história faz-se, sem dúvida, com documentos escritos, quando eles existem; e, até
mesmo, na sua falta, ela pode e deve fazer-se. [...]. Em suma, a partir de tudo o que, pertencente ao
homem, depende e está a serviço do homem, exprime o homem, significa a presença, a atividade, as
preferências e as maneiras de ser do homem. (FEBVRE apud PROST, 2008, p. 77).

12
Inicialmente, esta pesquisa pretende fazer um apanhado sobre a atividade
estudantil no período anterior ao golpe civil-militar de 1964, momento que os grupos
estudantis estão em plena atuação na vida política e cultural do país. Assim, entendemos
que essas intervenções no cotidiano mantinham estreitas relações com suas concepções
do que deveria ser o sujeito/estudante, no Ceará.

Partindo da afirmação de Michel Foucault (1996: 10), que o discurso não é


simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo por
que, pelo que se luta, o poder do qual nos queremos apoderar, nos utilizaremos da
análise dos discursos estudantis disponíveis em alguns periódicos produzidos pelos
sujeitos estudados para termos uma maior compreensão acerca dos valores e ideais, assim
como, os projetos defendidos para o conjunto estudantil, seja pelas agremiações e grupos
ligados as instituições de ensino primário e secundário ou por uma única entidade, como
por exemplo, o Centro Estudantal Cearense, que visava representar a unidade estudantil
do Estado.

Para R. Koselleck (2006: 103), a História dos conceitos é, em primeiro lugar, um


método especializado da crítica de fontes que atenta para o emprego dos termos
relevantes do ponto de vista social e político [...]. É por meio dessa afirmativa, que
entendemos a importância do estudo da História dos conceitos para a História Social, e
propomos o estudo do conceito do ser estudante para compreendermos como se deu a
construção desse termo e sua apropriação/identificação pelos diferentes grupos estudantis
que reivindicavam seu espaço nas transformações políticas e sociais que estavam
ocorrendo na capital cearense.

Num segundo momento, para aprofundarmos essas questões procuramos analisar


alguns periódicos locais, como o jornal Gazeta de Notícias14, O Nordeste15, O Unitário e

14
O jornal Gazeta de Notícias, para este estudo, é de extrema importância, por editar, no final da década de
1950, uma sessão dominical dedicada aos estudantes, o GN Estudantil, que tinha como objetivo ser um elo
entre os diversos grupos estudantis do Ceará e a sociedade em geral.
15
O Jornal O Nordeste é um periódico fundado em 1922 pela Igreja Católica do Ceará que visava defender
os valores e interesses da instituição no Estado. Cf. Furtado, Tânia. O Nordeste: a trajetória de um jornal
católico. Monografia apresentada ao Departamento de História da Universidade Federal do Ceará – UFC.
Fortaleza, 1990.

13
por fim o jornal O Correio do Ceará16. Já que durante os últimos anos da década de
1950, os estudantes cearenses estavam em plena atividade político-cultural em seus
centros acadêmicos e entidades, sejam em busca da criação da Universidade do Ceará 17,
uma das lutas mais específicas do grupo, ou por outras demandas sociais, como por
exemplo, a campanha encabeçada pela Assembleia Legislativa do Ceará, Câmara dos
Vereadores, Estudantes e Povo18 exigindo a exoneração do presidente da Comissão de
Abastecimentos e Preços, em 1953. A escolha destes jornais foi pautada no grande espaço
cedido aos estudantes nas edições destes periódicos. Por meio do exame minucioso do
conteúdo de suas sessões e notícias podemos entender um pouco mais do cotidiano
estudantil do período, tentando compreender como esses estudantes se relacionavam com
os fatos do meio estudantil e fora dele.

Ao entendermos que todo homem já nasce inserido em sua cotidianidade, como


afirma Agnes Heller (1985: 18) pretendemos compreender o que é ser estudante nesse
período de intensas mudanças nos diversos âmbitos da sociedade. E, é através do estudo
do cotidiano estudantil, nas suas práticas de sociabilidade, nos rituais de comemoração do
Dia do Estudante, na ratificação de seus valores e concepções de mundo que
ambicionamos responder esse questionamento.

Procuramos dar uma maior atenção às outras formas, pelas quais, os estudantes se
faziam presentes na vida pública da cidade, para além das passeatas e manifestações.
Assim, os eventos esportivos e culturais organizados pelos estudantes vão compor uma
parte significativa das intervenções estudantis no cotidiano de Fortaleza. Ao refletirmos
16
O Jornal O Unitário, criado por João Brígido, tem como marco de sua fundação o ano de 1903. O
Correio do Ceará é fundado em 1915, por A.C. Mendes. Ambos têm seus títulos comprados por Assis
Chateaubriand e são incorporados aos Diários Associados. Cf. SILVA FILHO, Antonio Luiz Macêdo. Na
senda do moderno: fortaleza, paisagem e técnica nos anos 40. São Paulo: PUC, Dissertação de Mestrado
em Historia, 2000, p.19.
17
A luta para a criação de uma universidade no Ceará estende-se desde os anos 1940, sendo a Universidade
do Ceará, finalmente criada, através da Lei nº 2.373, de dezembro de 1954, porém instalada somente em
1955. Antônio Martins Filho foi o principal intelectual que mediou o processo de criação e instalação de
uma universidade no Estado, sua importância foi reconhecida quando foi nomeado para ser o primeiro
reitor dessa nova Instituição de Ensino Superior. Através da união das escolas e faculdades que existiam na
capital os primeiros cursos oferecidos pela nova instituição foram de Agronomia (Escola de Agronomia do
Ceará), Direito (Faculdade de Direito do Ceará), Medicina (Faculdade de Medicina do Ceará) e Farmácia e
Odontologia (Faculdade de Farmácia e Odontologia do Ceará).
18
Matéria de capa publicada em 11 de setembro de 1953, no jornal O Povo, destacando a vitória acerca do
pedido de afastamento do presidente da COAP, em virtude dos escândalos no órgão de fiscalização.

14
sobre o grande incentivo ao esporte, nos anos 1960, percebemos que essa promoção das
atividades físicas teria relação tanto com ideia do corpo saudável, quanto com produção
de um indivíduo dócil/útil, pensamento em desenvolvimento desde o final do século XIX
e início do XX, juntamente com as propostas de remodelação dos centros urbanos.

Percebe-se que a importância dada disciplinarização e às utilidades do corpo estão


diretamente ligadas à proposta do estudante perpetrador do progresso do país, ao
indivíduo que tem o dever de dar continuidade às mudanças que levarão o Brasil ao
desenvolvimento. É nesse sentido que Michel Foucault (2011: p.133) afirma, que essa
disciplinarização associa-se aos métodos que permitem o controle minucioso das
operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma
relação de docilidade-funcionalidade. Assim, articulando-se a uma economia do corpo,
cuja característica não é apenas a sua mecanicidade econômico-produtiva, mas espraia-se
pelo controle, pela ordem, portanto, dos movimentos, pela métrica e estética dos gestos,
que o futuro do país estará garantido.

Não podemos deixar de ressaltar as possibilidades de fontes que esta temática nos
apresenta. Os documentos aqui expostos não invalidam o uso de outras tipologias, no
decorrer do trabalho investigativo. Ao entendermos que a utilização da História Oral
enriquecerá as reflexões propostas nesta pesquisa que pretendemos incorporar entrevistas
com alguns indivíduos que fizeram parte, enquanto estudantes, dos grupos escolhidos
para compor as análises desse estudo.

BIBLIOGRAFIA

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UNE aos nossos dias. Rio de Janeiro: Relume Dumará: Fundação Roberto Marinho,
2007.
COSTA, Carla Sant’Ana Brandão. Movimento Estudantil Contemporâneo: uma análise
compreensiva das suas formas de atuação. Tese de Doutoramento defendida em 2004, no
programa de pós-graduação em Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco.
DE CERTEAU, Michel. A invenção do Cotidiano: 1. Artes de fazer. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1994.

15
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1996.
HELLER, Agnes. O cotidiano e a História. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1985.
HOBSBAWM, E. & RANGER, Terence. A Invenção das Tradições. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1997.
JUCÁ, Gisafran N. Mota. Verso e reverso do perfil urbano de Fortaleza. Tese
(doutorado), defendida na Universidade de São Paulo (USP), em 1993.
KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado. Contribuição à semântica dos tempos
históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, Editora Puc-RJ, 2006.
POERNER, Artur José. O Poder Jovem. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 2004.
PROST, Antoine. Doze lições sobre a história. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
SILVA FILHO, Antonio Luiz Macêdo. Entre o fio e a rede: a energia elétrica no
cotidiano de Fortaleza (1945-1965). Tese (doutorado) defendida em 2008, na Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo.
SOUSA, Simone (Org.). Uma Nova História do Ceará. Fortaleza: Edições Demócrito
Rocha, 2002. 2ed.

CRONOGRAMA DE TRABALHO

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