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CIÊNCIA E RELIGIÃO
WILLIAM LANE CRAIG

Durante o último quarto de século, um rico diálogo entre a ciência e a religião tem
acontecido na América do Norte e na Europa. A ciência e a religião descobriram que têm
importantes interesses mútuos e contribuições a fazer uma à outra. Deixe-me mencionar
quatro maneiras como a ciência e a religião estão relacionadas.

Primeiro, a religião fornece a estrutura conceitual onde a ciência pode florescer. A ciência
não é algo natural para a humanidade. Como Loren Eisley argumenta, “a ciência é uma
instituição cultural inventada que requer um solo único para florescer.” A ciência moderna
não surgiu no Oriente ou na África, mas na civilização Ocidental. Por que isso é assim?
Eisley argumenta que isso é devido à contribuição única da fé cristã para a cultura
Ocidental. O empreendimento científico é baseado em certas suposições que não podem ser
provadas cientificamente, mas que são garantidas pela cosmovisão cristã. Por exemplo, as
leis da lógica, a natureza ordenada do mundo externo, a confiabilidade de nossas
faculdades cognitivas e a objetividade dos valores morais usados na ciência. A ciência nem
poderia existir sem essas suposições, porém, essas suposições não podem ser comprovadas
cientificamente. Elas são suposições filosóficas, que, interessantemente, são parte de uma
cosmovisão cristã. Assim, a religião é relevante para a ciência no sentido de que ela pode
fornecer uma estrutura conceitual na qual a ciência pode existir. Mais do que isso, a religião
cristã forneceu a estrutura conceitual na qual a ciência moderna nasceu e foi sustentada.

Segundo, a ciência pode verificar ou falsificar as declarações da religião. Quando


religiões fazem declarações sobre o mundo natural, elas intersectam o domínio da ciência e
estão, de fato, fazendo previsões que a investigação científica pode verificar ou falsificar.
Deixe-me dar alguns exemplos de cada caso.
Primeiro, exemplos de falsificações. Alguns exemplos são óbvios. As visões de religiões
gregas e hindus de que os céus ou o mundo descansavam nos ombros de Atlas ou nas
costas de uma grande tartaruga foram facilmente falsificados. Mas exemplos mais sutis
também estão disponíveis. Um dos mais notórios foi a condenação de Galileu pela igreja
medieval por afirmar que a terra se move ao redor do Sol, em vez de vice-versa. Baseados
em interpretações incorretas de certas passagens bíblicas, teólogos medievais negaram que
a Terra se move, mas evidências científicas falsificaram essa hipótese e a Igreja
posteriormente veio a admitir seu erro.

Outro interessante exemplo da ciência falsificando uma visão religiosa é a declaração de


muitas religiões orientais, como o hinduísmo e o taoísmo, de que o mundo é divino e,
portanto, eterno. A descoberta, durante o século vinte, da expansão do Universo revela que,
longe de ser eternas, toda matéria e energia, até mesmo os próprios espaço físico e o tempo,
vieram a existir em um ponto finito antes do qual nada existia. Stephen Hawking diz, em
seu livro A Natureza do Espaço e do Tempo, “Quase todo mundo agora acredita que o
Universo e o próprio tempo tiveram um começo no Big Bang.” Mas, se o Universo veio a
existir no Big Bang, então é temporalmente finito e contingente em sua existência e,
portanto, não é nem eterno nem divino, como religiões panteístas têm declarado.

Por outro lado, a ciência pode também verificar declarações religiosas. Por exemplo, uma
das doutrinas principais da fé judaico-cristã é que Deus criou o Universo do nada há um
tempo finito atrás. A Bíblia começa com as palavras “no começo, Deus criou os céus e a
terra.” A Bíblia, assim, ensina que o Universo teve um começo. Esse ensino foi repudiado
tanto pela filosofia grega antiga quanto pelo ateísmo moderno. Então, em 1929, com a
descoberta da expansão do Universo, essa doutrina foi dramaticamente verificada. Os
físicos John Barrow e Frank Tipler, falando sobre o começo do Universo, explicam, “Nessa
singularidade, o espaço e o tempo vieram a existir; literalmente nada existiu antes da
singularidade. Então, se o Universo foi originado em tal singularidade, nós
verdadeiramente teríamos uma criação a partir do nada.” Contra todas as expectativas, a
ciência, assim, verificou essa predição religiosa.

Uma segunda verificação científica de uma crença religiosa é a declaração das grandes fés
monoteístas de que o mundo é o produto de um projeto inteligente. Os cientistas
originalmente pensaram que, sejam quais forem as condições iniciais do Universo,
eventualmente o Universo evoluiria as formas de vida que vemos hoje. Mas, durante os
últimos 30 anos, os cientistas têm ficado maravilhados pela descoberta do quão complexo e
sensível deve ser o equilíbrio de condições iniciais dadas no Big Bang para que o Universo
permita a evolução e a existência de vida inteligente. Em vários campos, descobertas têm
repetidamente revelado que a existência de vida inteligente depende de um
incompreensivelmente delicado equilíbrio de constantes e quantidades físicas, de forma
que, se qualquer uma delas fosse alterada em um fio de cabelo, o equilíbrio seria destruído
e a vida não existiria. De fato, o Universo parece ter sido finamente sintonizado, desde o
momento de sua origem, para a produção de vida inteligente. Dada a incompreensível
improbabilidade das condições iniciais necessárias para nossa existência, é plausível
acreditar que elas não são o resultado do acaso, mas de um projeto.

Assim, a ciência pode tanto verificar quanto falsificar as declarações da religião.

Terceiro, a ciência encontra problemas metafísicos que a religião pode ajudar a resolver.
Um possível exemplo é o chamado Problema da Medição da Física Quântica. De acordo
com a Física Quântica, partículas subatômicas não têm todas as suas propriedades
intrinsecamente, mas apenas em relação a um aparato de medição. O problema é que o
próprio aparato de medição em si mesmo também pode ser descrito pela Física Quântica,
mas então este também carece de certas propriedades a menos que seja relacionado a outro
aparato de medição. Mas esse aparato também pode ser descrito pela Física Quântica e aí
nós entramos em um vicioso regresso infinito. A menos que haja algo para quebrar a
corrente, nada possui nenhuma dessas propriedades, o que é absurdo! Agora, alguns físicos
propuseram que a corrente é quebrada quando a medição é observada por uma
consciência. Mas, parece ultrajante dizer que todo o Universo depende da consciência
humana para existir. Além disso, a consciência humana é ligada a um substrato físico, o
cérebro, que pode receber uma descrição da Física Quântica. Então a questão
inevitavelmente surge, “quem observa os observadores humanos?” O que é necessário aqui
é uma espécie de observador cósmico transcendental que observe imediatamente o
resultado de qualquer situação de medição quântica. Mas, é claro, esse é exatamente o ser
em quem o teísta acredita. E, assim, a pessoa que acredita em Deus parece ter os recursos
necessários para resolver o Problema da Medição, que atormenta a Física Quântica.

Finalmente, número quatro, a religião pode ajudar a justificar teorias científicas. Em


casos onde duas teorias científicas são empiricamente equivalentes, questões metafísicas,
inclusive questões religiosas, entram em jogo. Um excelente exemplo é a teoria especial da
relatividade. Há duas formas de interpretar a matemática da relatividade especial. Na
interpretação de Einstein, não há um agora absoluto no mundo. Em vez disso, o que é o
agora é relativo a diferentes observadores em movimento. Mas, na interpretação de Lorentz,
existe um agora absoluto no mundo, mas não podemos ter certeza de quais eventos estão
acontecendo agora no mundo, pois o movimento afeta nossos instrumentos de medição.
Essas duas interpretações são empiricamente equivalentes, mas eu quero argumentar que,
se Deus existe, então Lorentz estava certo. Esse é o argumento:

Se Deus existe, então Ele está no tempo, porque Ele está realmente relacionado ao mundo.
Mas, se Deus está no tempo, então um observador privilegiado existe. E, se um observador
privilegiado existe, então um agora absoluto existe. Então, um agora absoluto existe,
exatamente como Lorentz declarou. Então, se Deus existe, a teoria lorentziana da
relatividade, em vez da einsteiniana, está correta. É difícil imaginar como a religião poderia
ter uma maior relevância para a ciência do que essa: mostrar que uma teoria está certa e a
outra está errada.

Então, em suma, eu descrevi quatro formas como a ciência e a religião podem se relacionar.
A religião pode fornecer a estrutura conceitual onde a ciência pode florescer, a ciência pode
verificar ou falsificar as declarações da religião, a ciência encontra problemas metafísicos
que a religião pode ajudar a resolver e a religião pode ajudar a justificar teorias científicas.
E é por isso que, afinal de contas, o diálogo entre essas duas disciplinas está florescendo
hoje.

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