ESCALAPB
JT - SP - 6 - 05/01/11
%HermesFileInfo:6-A:20110105:
6A JTCIDADE
Filhosdaciência
Gravidezcom
aids:cadavez
maissegura
Risco de transmissão da
doença para o bebê é de
apenas 1% se o casal
tiver orientação médica
MARIANALENHARO
mariana.lenharo@grupoestado.com.br
Quando Marta Fernandes da Con-
ceiçãoHilário,de37anos,secasou,
há 14 anos, ser mãe era um sonho
distante para portadoras do HIV.
De fato, se a gestante não tomasse
os remédios adequados e tivesse
um parto normal, o risco de trans-
mitir o vírus à criança poderia che-
gar a 80%, segundo estimativas do
Ministério da Saúde. Hoje, no ter-
ceiro mês de gestação, Marta é
uma das beneficiadas pelos pro-
gressos que a medicina tem feito
neste setor: se o casal tiver um
acompanhamentomédico,orisco
deinfecçãoparaobebêficaemtor-
no de 1%, dizem os especialistas.
Ainda que o procedimento não
seja 100% seguro, o risco é consi-
derado baixo – uma mulher que
engravida após os 40 anos, por
exemplo, corre o risco de 1% de
ter um filho com síndrome de Do-
wn. No caso da transmissão do
HIV, também chamada de trans-
missão vertical, o risco sobe para
25% se a mãe não tomar os medi-
camentos indicados, segundo o
Ministério da Saúde.
No ano passado, quando o País
registrou o maior número de ca-
sos novos de aids da década – fo-
ram 38.538 diagnósticos, 1.073 a
mais do que em 2008 – a capital
ganhouumserviçoexclusivamen-
te voltado a casais infectados pelo
HIV que desejam aumentar a fa-
mília. É o Ambulatório de Repro-
duçãoAssistidadoCentrodeRefe-
rência e Treinamento em Doen-
ças Sexualmente Transmissíveis/
Aids (CRT DST/AIDS-SP).
Segundo a médica Rita Sarti,
coordenadoradoCRTDST/AIDS-
SP, um dos fatores que motivou
suacriaçãofoioaumentodaquali-
dade de vida e da longevidade dos
pacientes. “Felizmente, atual-
mente observamos um aumento
da expectativa de vida das pes-
soasquevivemcomHIV/AIDSde-
Transmissão
vertical em SP
é a menor do País
Oíndicedetransmissãodo
HIVdemãeparafilhoéde
2,7%emSãoPaulo,deacordo
comdadosdaSecretariaEsta-
dualdaSaúde.Onúmeroéome-
nordoPaís,quetemmédiade
7%.DeacordocomamédicaLui-
zaHarunariMatida,doPrograma
EstadualdeDST/AIDSecoorde-
nadoradapesquisa‘Avaliaçãoda
TransmissãoverticaldoHIVno
EstadodeSãoPaulo’,aindanão
sepodefalaremerradicaçãoda
transmissãovertical–mas,sim,
deeliminação.“Oconceitode
eliminaçãoétermosduascrian-
çassoropositivasemcada100
gestantessoropositivas”.
Paramanteros índicesbaixos
detransmissãovertical, Luiza
FALECIMENTOS
Sylvia Noronha de Melo Sarti
CONTADORA
Voluntária,
trabalhava ao
lado do marido
Aoladodomarido,acontadoraSylviaNoro-
nhadeMeloSartiajudavaumasenhoraque
adotara diversas crianças. O casal a conhe-
ceu depois de uma viagem que ele fez a Ju-
quitiba,nointeriorpaulista.Todososmeses,
então, os dois passaram a arrecadar manti-
mentosparaela.Empoucotempo,outrosco-
meçaramaapoiaracausaelogoforamcria-
dasassociações.Otrabalhoparouquandoo
maridomorreu,nosanos70.
No entanto, anos mais tarde, seu filho
JORNAL DA TARDE
QUARTA-FEIRA, 5 . 1 . 11
AVANÇODADOENÇA
22
PORCENTO
foioaumentode
novoscasosdeaids
em2009ante2000
vidoaoacessoàterapiaantirretro-
viral.Esabemosque80%dessapo-
pulação,hoje,seencontraemida-
de reprodutiva”, diz.
Na vida de Marta, casada com o
vendedor Greicio Hilário Lira, 38
anos, também soropositivo, a pos-
sibilidade de gerar um filho repre-
sentouaconfirmaçãodequeospla-
nos de vida não terminam no mo-
mento do diagnóstico. “A gravidez
foi um impulso em nossa vida, um
sinal de que temos de continuar
com nossos sonhos, uma injeção
de ânimo e autoestima”, diz Lira.
Segundoo vendedor, com o tra-
tamento à base de antirretrovi-
rais, o casal vive de forma quase
normal.Quase,porqueaindaexis-
te o preconceito. “É uma barreira,
carregamos o estigma de ter uma
doençaquevaimatar.Muitospen-
sam que a pessoa que tem HIV
não presta, é promíscua”.
SERVIÇO
>> CRTDST/AIDS-SP
RuaSanta Cruz,81,VilaMariana
☎ 5087-9911 E-mail:
contato@crt.saude.sp.gov.br
Site:www.crt.saude.sp.gov.br
>> Serviços municipais
deDST/AIDS
Há15unidades deassistência da
SecretariaMunicipal deSaúde
queproporcionamo atendimento
apessoascomAids.
Vejaalistacompleta no site:
www10.prefeitura.sp.gov.br/dstai-
ds/novo_site/unidades/index.php
destaca,além danecessidadede
agestantetomaros antirretrovi-
rais,terqualidade de vida–isso
ajudaadiminuiracargaviral do
corpo,proporcionandoo momen-
toidealparase tero bebê.
Entre2008 e2009,pelo me-
nos6 mil brasileiras portadoras
doHIV engravidaram no País,de
acordocomo Ministério daSaú-
de.E,naúltima década,houve
reduçãode 44,4%natransmis-
sãovertical.A forma maisco-
mumde transmissãoé quando
ocorremproblemas, comoperfu-
raçãodaplacenta, aumentando
orisco decontato do sangueda
mãecomo sangue do bebê.
Noanopassado, o Brasilapre-
sentouo maisalto índicede ca-
sosnovos deaids dadécada.Na
comparaçãocom dadosdo ano
2000,verifica-sequeo número
denovos casossubiu22%, se-
gundoo Ministério daSaúde. ::
reassumiuaentidadeeSylviavoltouàativa.
Ajudava no que podia e ainda trabalhava na
administração do Lar Mei Mei e, depois, no
LarVinicius.
Técnicadecontabilidade,elafoifuncioná-
ria do Iapi (antigo INSS) por 30 anos. Dia 2,
aos84anos.
ESCALACOR
6A -
Presidente da ONG Grupo pela
Vidda–SP,quetrabalhacomsoro-
positivos há 21 anos, Mário Sche-
ffer afirma que o preconceito ain-
da pesa sobre os casais com HIV
que planejam uma gravidez. “Há
quem acredite que a pessoa que
vive com HIV não deve ter filho e
tem profissionais de saúde que
não oferecem essa possibilidade,
não conversam com os pacientes
sobre esse direito”, declara.
A americana Lolisa Gibson, de
23anos,sentiuumaemoçãoespe-
cial ao gerar um bebê saudável.
Ela mesma, segundo os médicos,
foiumavítimadatransmissãover-
tical. Mas, apesar de ter nascido
com o vírus, só recebeu a notícia
dequetinha HIV aos17 anos.Para
não repetir essa história, conta
que tomou todos os cuidados
quando decidiu engravidar do
noivo, que não tem aids. “Para as-
segurar que o meu filho nasceria
sem o vírus HIV, tive de me certifi-
cardequeestavatomandoamedi-
cação corretamente durante toda
a gravidez”, lembra.
O bebê de Lolisa também rece-
beu cuidados especiais. “Assim
que meu filho nasceu, ele teve de
tomar AZT (um antirretroviral) a
cada seis horas nas primeiras seis
semanasdevida”,diz.“Meuconse-
ARQUIVO PESSOAL
lho para as pessoas com HIV que
desejem ter filhos é fazer pergun-
tas e construir uma relação boa e
confortável com seu médico”. ::
BAIXO RISCO
Aids não é empecilho
para engravidar
Mulher soronegativa + Homem soropositivo
Antes da inseminação
1 o esperma passa por
um preparo especial para
eliminação do vírus
Mulher soropositiva + Homem soronegativo
O sêmen é injetado na
1 mulher com o auxílio de somente com fórmulas
uma seringa, o que pode ser infantis, já que há risco de
feito pelo próprio casal
Mulher soropositiva + Homem soropositivo
A relação sexual sem
1 preservativo é
desaconselhada, pois o casal
pode ter subtipos diferentes do
vírus e cargas virais diferentes.
Uma possibilidade é fazer o
procedimento de eliminação do
vírus do esperma
HelenaTaclaYazigi–Dia1º,aos99anos.Dei-
xa filhos, netos e bisnetos. O enterro foi no
CemitérioSãoPaulo.
NerinaUgliengoGerodetti–Aos95,eraviú-
va de Franco Gerodetti. Deixa filhos, netos e
bisnetos. O corpo foi transladado para Cre-
matóriodaVilaAlpina.
AntoniaBenincasaCorrente–Aos83anos.
FilhadeGiuseppeBenincasaeRoccoAngela-
maria. Deixa os filhos Claudio, Rosa Maria e
Rosana Aparecida. O corpo foi transladado
parao CrematóriodaVilaAlpina.
Dra.SolangeMariadeLimaTaccola–Dia3,
aos52anos,eracasadacomMarcosRibeiro.
Deixa a filha Carolina. O enterro foi em Cer-
quilho.
JoséSantosdaSilva–Aos87anos.Deixaos
filhosAuro,Alcides,CristinaeRoberto.Oen-
terro foi no Crematório e Cemitério Memo-
rialParquePaulista.
WilmarPereiraNunesGalvão– Dia 31, aos
Alternativas para planejar a gravidez
com o mínimo risco de contaminação
para o bebê e o parceiro
A concepção é feita por
2 inseminação artificial.
Sem risco de contaminação
no parto e na amamentação
O recém-nascido deve
2
receber medicamento via
oral durante os primeiros 40
dias. A alimentação tem de ser
transmissão via amamentação
Seguido pela
2 inseminação artificial.
As recomendações para
a gravidez, parto e pós-
parto seguem aquelas
descritas acima
INFOGRÁFICO/AE
79 anos, era casado com Nadiejda San-
tos Nunes Galvão. Deixa filhas, genros e
netos. O enterro foi no Cemitério São
Paulo.
ValterLuizMedeiros–Aos57anos, eraca-
sado com Regina. Deixa filhos. O enterro
foi no Crematório e Cemitério Memorial
Parque Paulista.
MISSAS
NeusaOliveiraBarbosa(D.Baby)–Hoje,às
18h30, na Igreja Nossa Senhora Aparecida,
naPraçaNossaSenhoraAparecida,Moema
(InMemoriam).
Nerina Ugliengo Gerodetti – Hoje, às 19 ho-
ras, na Igreja São Domingos, na Rua Caiubi,
164,Perdizes(7ºdia).
RuthMarcondesLisbão – Hoje, às 19 horas,
naIgrejaNossaSenhoradeCasaluce,naRua
CaetanoPinto,608,Brás(7ºdia).
Adela Dubrez Caiuby (Pilonga) – Amanhã,
às 9 horas, no Santuário Nossa Senhora do
Rosário de Fátima, na Avenida Dr. Arnaldo,
1.831,AltodoSumaré(7ºdia).
Agravidezfoiumimpulso
emnossavida,umsinalde
quetemosdecontinuar
comnossossonhos,uma
injeçãodeânimoe
autoestima.Paramuitos,
apessoaquetemHIVnão
presta,épromíscua”
GREICIOHILÁRIOLIRA
SOROPOSITIVO,ÀESPERADOFILHO
‘Hoje,aidsécomouma
doençacrônicaqualquer’
O Ambulatório de Reprodução
Assistida do Centro de Referência
e Treinamento em Doenças Se-
xualmente Transmissíveis/Aids
(CRT DST/AIDS) foi inaugurado
em São Paulo no segundo semes-
tre do ano passado. Projeto da Se-
cretaria de Estado de Saúde, ele já
fez mais de 95 atendimentos e ini-
ciou os preparativos para a fertili-
zação em 17 casais.
Foi também em 2009 que o Con-
senso Terapêutico – documento
com recomendações a profissio-
naisdasaúde,lançadopeloMinisté-
rio da Saúde – trouxe um capítulo
específico que orienta o médico a
tomarainiciativadefalarsobregra-
videz com portadoras do HIV.
“Em 2004, começamos a pensar
no serviço, mas ainda não tínha-
mos pacientes. Divulgações na mí-
dia acabaram incentivando muita
gente e, aí, passamos a ter deman-
da”, conta o médico Waldemar Pe-
MariaReginaGonçalvesSimões–Amanhã,
às 11 horas, na Igreja São José, na Rua Dina-
marca,32,JardimEuropa(7ºdia).
Isaura Moraes Barros Mesquita – Dia 7, às
11horas,naIgrejaSãoJosé,naRuaDinamar-
ca,32,JardimEuropa(7ºdia).
Lolisa tem HIV,
mas seu noivo
é soronegativo:
o bebê teve de
tomar AZT
durante as
primeiras
semanas de
vida para que o
casal pudesse
evitar que ele
fosse infectado
Háquemacreditequea
pessoacomHIVnão
deveterfilhoetem
profissionaisdesaúde
quenãooferecemessa
possibilidade,nãofalam
sobreessedireito”
MÁRIOSCHEFFER,
PRESIDENTEDOGRUPOPELAVIDDA-SP
reira de Carvalho, ginecologista do
CRTDST/AIDS.“OHIVaindasofre
muito preconceito. A gente quer
derrubar isso. Hoje, é como uma
doença crônica qualquer”.
A Secretaria Municipal de Saúde
tem15unidadesassistenciaisvolta-
das para a população com HIV.
“Quando recebemos os pacientes,
conversamossobreotemae,apar-
tir do momento em que apresen-
tam o desejo de engravidar, come-
çamosaacompanharosexamesdo
casalparaveromelhormomento”,
diz a assessora técnica do Progra-
ma Municipal DST/Aids, Marina
Aragão Wahlbuhl Gonçalves.
Marina diz que, no início da epi-
demia, os médicos tinham muito
medo de que as mulheres engravi-
dassem,poisnaépocanãosesabia
qualera aprofilaxia(formasde evi-
taratransmissão).“Hoje,asmulhe-
resperdemomedoecomeçaradis-
cutir o desejo de engravidar”. ::
PaulodaCruzMachado–Hoje, às 17h30, no
SantuárioNossaSenhoradoRosáriodeFáti-
ma,naAvenidaDr.Arnaldo,1.831,AltodoSu-
maré(7ºdia).
AlbanoBrasilFrizzo–Amanhã,às12horas,
naIgrejaNossaSenhora doBrasil, naAveni-
daBrasil,JardimAmérica(1mês).