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A CULTURA DO INDICADOR BACTERIOLÓGICO

Biol. Dr. Daniel Adolpho Cerqueira


cerqueira@task.com.br

A qualidade da água, em seu aspecto microbiológico, tem sido avaliada apenas


em seu caracter bacteriológico, ainda que a ciência da Microbiologia, aplicada ao
Saneamento, tenha avançado de forma exponencial nestes últimos anos. Isto se
deve ao processo histórico de estabelecer um indicador bacteriano para o
comprometimento da água de abastecimento por matéria fecal.

Os trabalhos do médico e bacteriologista Theodor Escherich, em 1885,


possibilitaram a identificação de um parâmetro que caracterizasse a poluição fecal
da água de consumo. Esse parâmetro se mantém, até os dias de hoje, com o uso
de micro-organismos do grupo coliforme e está tão incorporado ao hábito da
comunidade técnica que sua reversão deverá exigir um longo caminho até
esclarecer as inequívocas fragilidades e incertezas desse critério.

Atualmente, não sem esforço de sua implementação, o uso da espécie


Escherichia coli como parâmetro tem permitido otimizar a identificação de perigo
ao abastecimento de água. Esse parâmetro, extremamente útil e frágil, tem
provocado uma inversão de valores em sua aplicação. Seu uso é devido na
caracterização da poluição fecal e inadequado para a avaliação da qualidade da
água que passa pelo processo produtivo.

A E. coli enquadra-se em todos os quesitos para um bom indicador de qualidade


da água de consumo, excetuando-se a equivalência de sua persistência ambiental
e resistência aos processos de inativação aos micro-organismos patogênicos,
notadamente os vírus entéricos e os protozoários patogênicos. Seu Ct é cerca de
dez vezes inferior aos vírus entéricos e milhares de vezes aos oocistos de
Cryptosporidium e Toxoplasma.
A partir das orientações emanadas dos Guias (WHO, 2011) da Organização
Mundial da Saúde, novos critérios devem ser adotados para a caracterização da
qualidade microbiológica da água. A abordagem do controle de processo ganha
ênfase, em lugar do controle do produto. A nova ordem é assegurar a qualidade
da água incorporando os conceitos e instrumentos das barreiras múltiplas e da
avaliação do risco.

Parâmetros bacteriológicos são importantes mas não soberanos. Pode-se dizer


que, em se tratando de definir a qualidade microbiológica da água de um sistema
de abastecimento, cada caso é um caso. Água potável é uma meta universal,
mas seu controle deve ser local e relativo. Isso vai de encontro a uma tendência
comum de indexação na gestão do controle, quando busca-se o padrão simplista
do valor máximo permitido de ausência de micro-organismos indicadores.

Portanto, a abordagem de controle da qualidade microbiológica da água não deve


ser fracionada, seccionada em cada etapa do processo de captação, produção,
abastecimento e consumo. A qualidade microbiológica da água de um ponto de
consumo não deve ser a qualidade bacteriológica, baseada em indicadores e
restrição de amostras. A caracterização da qualidade nesse ponto deve considerar
e incorporar a avaliação do risco em todo o sistema de abastecimento.

Em outras palavras e explicitando o usual, não deve ser a presença ou ausência


de bactérias do grupo coliforme, em um determinado ponto da distribuição e/ou
consumo da água, o critério suficiente para a caracterização da qualidade
microbiológica da água. A água, naquele ponto deve ser avaliada desde suas
características na fonte e nas eficiências dos processos de tratamento em remover
e/ou inativar os possíveis micro-organismos que o grau de poluição permitiria.

Excetuando-se a presença de E. coli na água de consumo, ausências de bactérias


coliformes e heterotróficas na água de consumo não são critérios seguros e
suficientes para garantir a qualidade microbiológica da água de um sistema de
abastecimento, independente das características de poluição da fonte e fragilidade
ou eficiência do tratamento. Esses parâmetros, na prática, são quesitos muito
mais ligados à garantia da integridade do sistema de distribuição que indicadores
do comprometimento da qualidade sanitária da água de consumo.

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