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Iconografia e Iconologia Uma introdução ao estudo da Arte do Renascimento

Erwin Panofsky considerou que uma análise de uma obra de arte constitui-se em três
fases: 1- O significado primário ou natural, subdividido em factual e expressional. Esta fase
decorre em situações em que a identificação de um aspecto ou de um pormenor,
observado numa obra de arte, é óbvia para nós. Quando a nossa experiência quotidiana
nos diz automaticamente o significado de uma expressão, de um gesto ou de uma
representação de uma figura ou motivo numa obra de arte. Logo por isso, pela nossa
experiência social e cultural, podemos identificar expressões ou factos naturalmente, mas
só no caso de as ditas expressões ou factos nos dizerem algo que tenha familiaridade com
a nossa cultura ou civilização. Essa familiaridade aplica-se tanto nas situações
convencionais como nas práticas, assim, estas reflexões sobre as imagens de uma obra
de arte podem-se inserir numa descrição pré- iconográfica.
2- Significado secundário ou convencional, ou análise iconográfica. A análise iconográfica
é já um campo mais profundo. Esta fase exige-nos mais do que a nossa experiência
quotidiana ou cultural (significado primário ou natural), neste caso é necessário o nosso
conhecimento adquirido de leituras dos Evangelhos, da mitologia ou de História. Leituras
essas, dirigidas aos temas e conceitos das imagens, histórias ou alegorias que analisamos
numa obra de arte. Uma observação iconográfica está então sujeita a uma interpretação e
identificação escrupulosa das imagens ou outros motivos expostos na obra que estamos a
examinar, proporcionando-nos um correcto estabelecimento de datação e muitas vezes a
autenticidade da obra de arte. Portanto, a correcta utilização da iconografia obriga-nos a
possuir um conhecimento dos conceitos e temas que o autor da obra de arte dominava
quando a executou. Porém, a análise iconográfica baseada nas informações adquiridas
através das fontes literárias, não nos assegura sempre uma interpretação sem qualquer
dúvida do tema que estamos a investigar. Nesse caso, além das fontes literárias teremos
que utilizar o nosso conhecimento da história dos estilos, isto é, comparando as várias
maneiras de como o motivo foi representado ao longo da história por outros artistas.
Quando estamos a analisar uma obra de arte e, temos dúvidas em relação à sua
iconografia, devemos então verificar se mais algum artista, em época anterior, teria tratado
do mesmo assunto e de que maneira, se sofreu influências dogmáticas ou políticas
diferentes do artista posterior.
3- Significado intrínseco ou conteúdo, ou análise Iconológica. Ao contrário da Iconografia,
a Iconologia não se limita à descrição do está numa obra de arte, procura o significado,
isto é, deslinda o significado simbólico do tema exposto na obra de arte, por exemplo:
Antes da Contra Reforma, Maria era representada em diversas pinturas, numa atitude de
prostração aos pés de Cristo Crucificado, a partir da Contra Reforma, passou a ser
retratada numa atitude mais rígida e firme (Stabat Mater). Sabemos hoje que foi uma das
muitas reacções dogmáticas da Igreja, em oposição à Reforma de Martinho Lutero,
descobrir e compreender o significado desta modificação simbólica e o que é que ela
transmitiu aos homens do seu tempo, é uma análise iconológica. Apesar destas três fases
de análise serem apresentadas numa forma separada, não quer dizer que sejam aplicadas
separadamente, se não houver uma correcta identificação iconográfica dos motivos, a
interpretação iconológica fica irremediavelmente comprometida, assim como uma
incorrecta percepção do significado primário ou pré iconografia, também prejudicaria as
análises seguintes. Panofsky no entanto, aponta o cuidado que se deve ter na aplicação
da análise iconológica num estudo de uma obra de arte. Sendo a fase da procura do
significado e da interpretação de conceitos simbólicos, poder-se-á cair em explicações
especulativas ou místicas, principalmente quando essas explicações não tenham sido
baseadas em conhecimentos sólidos da História da cultura. Por isso, o historiador terá que
ter sempre o cuidado de comparar as suas conclusões com factos, fenómenos políticos ou
religiosos que tenham a ver com época da obra que está a ser estudada. De facto, a
chamada de atenção para este perigo que Panofsky nos faz, lembra-nos as polémicas em
torno dos painéis de S. Vicente, de Nuno Gonçalves, por causa das várias interpretações
iconológicas de algumas das figuras representadas. O que Panofsky afirma levam-nos,
então concluir, que a procura de um significado iconológico numa obra de arte é a fase de
análise mais complicada, em que podemos cair em conjecturas nada científicas. Panofsky
menciona a necessidade de o investigador precisar de ter uma espécie de “sexto sentido”,
de uma capacidade de observação sumária do conteúdo da obra de arte, evidenciando
uma contradição no aspecto em que defende ao mesmo tempo que o estudo iconológico
sério depende de um apoio iconográfico baseado em conhecimentos ou documentos que
comprovem as conclusões a que o investigador chegou. Logo, apesar de a iconografia e a
iconologia serem em certo aspecto diferenciadas, elas funcionam como um todo numa
análise, haverá então, sempre a questão de saber quando é que o historiador sabe ao
certo até aonde pode ir com a sua “intuição sintética”, sem correr o risco de situações
como o exemplo das controvérsias iconológicas dos painéis de S. Vicente.

Partindo da premissa de que a arte sempre trás consigo um sentido, Erwin Panofsky
expõe em seu livro Significados das artes visuais[1], a análise dos objetos imagéticos
através de seu tema. Ao apresentar a arte por meio de seus aspectos temáticos, este
teórico formula os conceitos iconografia e iconologia, orientando seu estudo a uma
percepção não apenas simbólico cultural, mas também histórica. Para melhor
compreensão destes conceitos, Panofsky mostra uma metodologia fundamentada em três
níveis de análises, que, por sua vez, são baseadas na descrição, na identificação e na
compreensão da obra de arte.
Segundo este estudioso, a análise temática deve ser iniciada através da descrição visual
do objeto artístico. Esta descrição tem como finalidade identificar as formas puras, ou seja,
os elementos, as cores, os formatos, assim como, as expressões e as variações
psicológicas inerentes às imagens. Nomeado de pré-iconografia, este primeiro nível de
observação, no qual o olhar minucioso é fundamental, é uma das bases para a boa
compreensão simbólica contextual da obra de arte.
O segundo nível de análise, proposto por Panofsky, é baseado na identificação das
imagens, estórias e alegorias que permeiam os costumes e as tradições de determinadas
épocas e civilizações. Sendo apreendido por iconografia, este exame permite reconhecer
a personificação de conceitos e símbolos em imagens. Segundo Panofsky, esta parte da
análise se diferencia da primeira por causa de dois motivos: “em primeiro lugar por ser
inteligível em vez de sensível e, em segundo, por ter sido conscientemente conferido a
ação prática pela qual é veiculada[2]”.
Por fim, há o terceiro nível de observação, no qual a obra de arte é compreendida como
documento histórico. Conhecida como iconologia, esta análise é feita através do
condicionamento da arte a época e a sociedade na qual ela foi concebida. É a
interpretação de imagens através dos princípios que norteiam a escolha, a produção e a
apresentação das estórias e das alegorias presentes na obra de arte.
Portanto, Panofsky expõe os objetos artísticos como documentos, que juntamente a outras
fontes se tornam passíveis de análise. Fazendo da arte uma importante ferramenta para
compreensão de momentos e conjunturas históricas pelo historiador. [1] PANOFSKY,
Erwin. O sentido das artes visuais. 2ª. ed. [trad: Maria Clara F. Kncese] São Paulo:
Perspectiva. 1979. [2] Ibidem, p. 49.

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