Rio de Janeiro
Junho/2013
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Mestrado em Economia Empresarial
Rio de Janeiro
Junho/2013
Eduardo Rocha de Freitas
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________________
Prof. Dr. Marcelo de Sales Pessoa / UCAM / RJ
Orientador
_______________________________________________________
Prof. Dr. José Cláudio Ferreira da Silva / UCAM / RJ
_______________________________________________________
Profª. Drª. Roberta Montello Amaral / UCAM / RJ
Rio de Janeiro
Junho/2013
Sempre foi por causa de vocês:
à minha esposa Ana Paula
e aos meus filhos Fabrício e Rodrigo.
AGRADECIMENTOS
Ao Sr. Sargento (AD) Livingston Brito de Jesus e à Sra. Cabo (AE) Lívia dos Anjos
Silveira Ferreira pelo apoio no manuseio do software livre R e pela primorosa dedicação à
manutenção da base de dados do Fundo Naval, sem a qual este trabalho não seria possível.
Aos Profs. Drs. José Cláudio Ferreira da Silva e Roberta Montello Amaral
componentes da banca examinadora pelas valiosas críticas que em muito contribuíram para o
aperfeiçoamento do trabalho.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Marcelo de Sales Pessoa, pela paciência, entusiasmo e
dedicação com que norteou os caminhos a serem percorridos.
SUMÁRIO
Expanding the use of management tools, originated in the private, within the public
sphere, especially in the area of risk management, this paper aims to verify the application of
methodologies for estimating the value at risk on a specific portfolio of the Naval Fund’s of
Brazilian Navy. Given this proposal were revisited the concepts of Value at Risk (VaR), their
calculation methodologies and results of the tests. The Naval Fund’s portfolio, under which
the methodologies were applied, consists exclusively of fixed-income securities, for which
methodologies have been applied to specific portfolios composed of these roles. The initial
analysis of the data pointed to the fragility of the hypothesis of normality of the portfolio
returns, which compromised the results of delta-standard methodologies. However, the results
of backtesting performed were inconclusive, considering the limitations and working
hypotheses. Still, it was possible to identify the methodologies nonparametric VaR calculation
are the most recommended to be introduced as part of the Risk Analysis Section of the Naval
Fund, prioritizing the personnel involved in the use of autoregressive conditional by quantile
regression.
A cada dia, “boas práticas” de gestão no âmbito da iniciativa privada são incorporadas
ao setor público. A profissionalização do gestor ocorre em diversos níveis e esferas da
Administração Pública.
Do ponto de vista da gestão financeira, não obstante a postura conservadora que deve
ser adotada pelos órgãos públicos, somente é possível cumprir os objetivos de forma
sustentável e eficaz mediante o uso racional dos recursos econômicos disponíveis.
Até aquela ocasião, os recursos do Fundo Naval somente podiam ser aplicados no
Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal. A baixa concorrência resultava em taxas de
juros pouco vantajosas. Com a previsão legal, a concorrência e a diversidade de produtos
disponíveis para aplicação aumentaram e as taxas obtidas foram melhorando. Em paralelo, a
Marinha percebeu a necessidade de especializar seus operadores (gestores militares), os quais
não reuniam, em suas qualificações básicas, a noção referencial do mercado.
Desse modo, as aplicações dos recursos do Fundo Naval possuem uma característica
conservadora, avessa ao risco, mas que exige constante atualização técnica do pessoal
envolvido e recursos de tecnologia da informação capazes de subsidiar as estratégias e
decisões a tomar, uma vez que não podem gerar prejuízos financeiros.
Criado pelo Decreto nº. 20.923, de 8 de janeiro de 1932, alterado pelo Decreto 21.313,
de 21 de abril de 1932 e pelos Decretos-Lei 7.365, de 8 de março de 1945; 9.651, de 23 de
agosto de 1946; 204, de 27 de fevereiro de 1967 e 1.754, de 31 de dezembro de 1979, e pela
Lei 4.905, de 17 de dezembro de 1965, teve seu regulamento aprovado pelo Decreto 46.429,
de 14 de julho de 1959 e tem como principal finalidade a renovação do material flutuante de
toda a Marinha de Guerra Brasileira.
1
Segundo determinação da Junta Administrativa do Fundo Naval, somente podem ser disponibilizadas
informações relativas ao fundo de caráter ostensivo.
O FN passou a integrar o orçamento anual da MB a partir do final da década de 90.
Antes, contudo, a aprovação de seus gastos era limitada apenas ao âmbito da própria Força,
servindo, por diversas vezes, para suprir as insuficiências decorrentes do Orçamento Geral da
União (OGU). Atualmente, como parte integrante da Lei de Orçamento Anual (LOA), o
orçamento do FN integra o Orçamento da Marinha do Brasil, que por sua vez está incluído no
Orçamento Geral da União, aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo Presidente
da República.
A Tabela 1 mostra que entre os anos de 2009 e 2012, as receitas com os juros mensais
das aplicações financeiras corresponderam a quase um terço da receita total do Fundo.
De acordo com o estabelecido em norma interna (DFM, 2009), “as aplicações no país
deverão ser efetuadas na Conta Única do Tesouro Nacional, no Banco do Brasil, na caixa
Econômica Federal, e também em bancos privados nacionais de primeira linha”. Além disso,
os recursos serão investidos exclusivamente, em ativos de renda fixa, utilizando-se das
seguintes alternativas:
De uma maneira geral, as aplicações do FN estão mais expostas aos riscos de mercado
(taxa de juros), risco de investimento e risco de crédito. Este trabalho visa a gestão do risco de
mercado, ao indicar subsídios para a escolha e implantação de uma metodologia de VaR que
possa ser calculada de forma rotineira na Seção de Análise de Risco do FN.
Para tanto, utilizará, como base de dados, a composição da carteira do fundo exclusivo
junto à CEF, o fundo Acanthus, no primeiro semestre de 20122. A Tabela 2 apresenta os tipos,
os órgãos emissores, as datas de vencimento, os valores e as participações na carteira de cada
papel. A carteira de trabalho ALFA, definida na seção de Metodologia desta pesquisa terá
como ativos alguns dos papéis desta carteira.
2
Na seção de metodologia deste trabalho é explicado o motivo da escolha da carteira, bem como do período
analisado.
Tabela 2: Composição da carteira do fundo Acanthus (03/01/12).
Valor
Nome TIPO Emissor Vencimento
(R$ milhões) Part. carteira
LFT 210100 - TRBC TP Tesouro Nacional 07/09/2017 2,33 1,63%
LFT 210100 - TRBC TP Tesouro Nacional 01/03/2018 35,33 24,79%
LF N LF0010000MX - 105% CDI Flut LF BRADESCO 27/08/2012 10,54 7,40%
LF N LF0010000MU - 106.5% CDI Flut LF BNP 27/08/2012 10,58 7,42%
DPGE N DPGE10001RV - 108% CDI Flut DPGE FIBRA 15/08/2012 10,60 7,44%
DPGE N DPGE100003N - 110% CDI Flut DPGE MERCANTIL 20/12/2012 6,30 4,42%
LF N LF00110012O - 108% CDI Flut LF SANTANDER 18/02/2013 35,77 25,10%
LF N LF00110012M - 106.5% CDI Flut LF BRADESCO 18/02/2013 21,17 14,86%
LF N LF001100041 - 105% CDI Flut LF BANCO DO BRASIL 07/01/2013 2,85 2,00%
LF N LF0012003AN - 108% CDI Flut LF VOTORANTIM 17/07/2014 7,05 4,94%
Desse modo, tendo em vista a participação dos rendimentos das aplicações financeiras
do Fundo no total de suas receitas e o caráter estratégico destas, para o orçamento da Marinha,
medir a volatilidade da rentabilidade da carteira, ou em outras palavras, mensurar seu risco,
torna-se fundamental para a uma boa gestão financeira.
3 REVISÃO DA LITERATURA
3
Média ponderada dos prazos de vencimento de um título tendo como pesos o valor atual dos cupons.
Representa o prazo médio de vencimento do título.
4
Atualmente conhecido como RisKMetrics.
5
Em outubro de 1994 o Banco J. P. Morgan tornou pública, por intermédio da Internet, sua metodologia para o
cálculo do risco e o conceito de VaR.
número, o risco de mercado de uma determinada posição. Esta simplificação da medida de
perda potencial em um único valor monetário, tornou o VaR de fácil leitura e interpretação.
Os cálculos iniciais do VaR eram aplicados a um único ativo. Holton (2002) relata a
evolução histórica da métrica VaR ressaltando a contribuição, a partir de 1953, das
ferramentas estatísticas desenvolvidas na construção da Teoria de Carteiras de Markowitz, o
que possibilitou a incorporação do cálculo do VaR para as carteiras.
De acordo com Jorion (2003), para algumas metodologias faz-se necessário mensurar
a correlação entre os diversos ativos que compõem as carteiras. A partir da matriz de
correlação dos retornos e do VaR de cada ativo é possível obter o VaR da carteira.
(1)
Onde:
= variação no valor da carteira no tempo;
nível de significância; e
1-α% = nível de confiança.
A equação (1) nos mostra que variável aleatória é a variação do valor da carteira ou do
ativo. Esta variação ocorre em função dos retornos. Desse modo, o VaR é calculado com base
nos retornos da carteira, sendo fundamental analisar a forma como estes estão distribuídos.
Neste trabalho, para fins de cálculo do VaR, serão utilizados a variação percentual dos
retornos. A apresentação do VaR monetário, quando necessária, será encontrada a partir da
multiplicação do VaR dos retornos em termos percentuais pelo valor da carteira.
nos modelos econométricos pode-se fazer com que as estimativas da variância não
sejam influenciadas pelas estimativas da média do processo. Por último, nos modelos
de precificação de opções a média dos retornos não entra na equação do preço da
opção (MOLLICA, 1999, p. 12).
Deste modo, admitindo-se que “a hipótese usual é a de que os retornos dos fatores de
risco são normais” (SOUZA, 2003, p. 3), o VaR pode ser calculado simplesmente pelo limite
inferior do intervalo de confiança unicaudal para os retornos da carteira:
(2)
Onde:
é o quantil da normal padrão (Z 95% = 1,65 e Z 99% = 2,33);
é o valor da carteira no período anterior; e
é o estimador do desvio padrão.
. (3)
A segunda facilidade, de aplicabilidade mais restrita devido ao fato das séries
financeiras apresentarem heterocedasticidade, incorpora que os retornos são independentes e
identicamente distribuídos. Neste caso, “o VaR de n dias é igual a vezes o VaR de um dia”
(MOLLICA, 1999, p. 13).
As decisões mais consistentes a serem tomadas com base no valor apontado pelo VaR
dependem de uma boa escolha do nível de significância e do horizonte de tempo. “Estes dois
fatores são, de certa forma, arbitrários e devem ser orientados de acordo com o objetivo do
VaR” (MACHRY, 2003, p. 14).
Segundo Silva et al (2010) quanto maior o nível de confiança proposto, maior será o
número de observações que garanta uma estimação segura.
Na opinião de Souza e Silva (1999) o nível de significância possui relação direta com
o objetivo da aplicação do modelo de valor em risco da instituição. Níveis compreendidos
entre o VaR (97,5%) e o VaR (95%) são recomendados para medidas que mensurem perdas
mais freqüentes ou diárias, ou perdas ditas “normais”.Para a mensuração de “perdas raras” ou
situações de stress, os níveis de confiança aconselhados estão entre o VaR (99%) e o VaR
(99,9%).
No que diz respeito ao horizonte temporal, é comum calcular o VaR para um período
de tempo idêntico ao período dos retornos, ou seja, VaR diário com base em retornos diários,
VaR mensal com base em retornos mensais, etc. Contudo, como descrito em Souza (2003),
caso a estimativa para o VaR utilize-se de dados com períodos menores do que o de interesse,
ou seja, VaR semanal com base em retornos diários, teria-se um VaR multiperíodo.
Ainda de acordo com Souza (2003), como são necessárias agregações das perdas
esperadas em cada período, os modelos que se utilizam do VaR multiperíodo são mais
complexos baseando-se em modelos da família ARCH (Autoregressive Conditional
Heterokedasticity).
De acordo com Mollica (1999), este período de tempo costuma ser o prazo necessário
para que a instituição liquide sua posição. Na mesma linha, Dowd (1998 apud MACHRY,
2003) aponta a liquidez dos ativos e dos mercados, onde está inserida a instituição, como fator
principal para definição do horizonte temporal.
Machry (2003) afirma que o horizonte de tempo deve ser determinado pela natureza
da carteira. Por exemplo, os fundos de pensão ajustam-se ao risco mais lentamente, adotando
como padrão o período mensal.
Já Dowd (1998 apud MACHRY, 2003) aponta a liquidez dos ativos e dos mercados,
onde está inserida a instituição, como fator principal de escolha.
Uma das críticas ao VAR, que pode inclusive ser considerada uma limitação, é que
para obtenção dessa medida agregada de risco são efetuadas aproximações, simplificações e
suposições, fazendo com que seu cálculo seja aconselhável somente em situações normais de
mercado. Para carteiras mais complexas e com instrumentos não lineares, Souza (2012),
recomenda a elaboração de cenários de stress e o estabelecimento de regras de stop-loss,
impondo um limite para as perdas em um determinado horizonte de tempo.
6
“organização internacional que fomenta a cooperação monetária e financeira entre seus membros e serve como
banco dos bancos centrais dos países que o compõem” (VEIGA, 2002, p. 3).
3.3.2 A normalidade dos retornos
Como alternativa ao uso do VaR, uma vez constatado que a distribuição dos retornos
da série financeira apresenta caudas mais pesadas ou, que seja do interesse da instituição
prevenir-se contra momentos de crise, é a utilização da Teoria do Valor Extremo. Souza e
Silva (1999) apontam a possibilidade de melhorar as estimativas para o controle do risco
utilizando-se desta teoria. Em seu trabalho, os autores investigam a aplicação da Teoria do
Valor Extremo para modelar caudas com níveis de significância menores ou iguais a 1% e
aconselham modelos tipo GARCH para níveis maiores (2,5% e 5%).
Para Ganem e Baidya (2007), a Teoria dos Valores Extremos vem sendo cada vez
mais utilizada nas modelagens de risco, pois, trata de forma independente a cauda superior e
inferior. Desta forma, consegue maior aderência às observações, o que possibilita uma melhor
predição da estrutura das caudas dos retornos de ativos, principalmente, nos níveis de
significância inferiores (0,50%, 0,25% e 0,10%).
Wiener (1997 apud SILVA et al, 2010) ressalta que o cálculo do VaR já traz
intrínseco uma natureza imprecisa, decorrente do caráter probabilístico com diferentes
parâmetros, erros de aproximações e ruídos nos dados de entrada, o que o leva a aconselhar
que não sejam empregados tantos esforços de cálculo, visando sua precisão.
7
Na literatura de controle de risco o modelo que ficou conhecido como Riskmetrics é o modelo delta-normal
com estimação por suavizamento exponencial da matriz de covariância (MOLLICA, 1999, p.27).
Danielsson e Hartmann (1998 apud SOUZA e SILVA, 1999) defendem que as
exigências de capital estipuladas por acordos como o da Basiléia são exageradas, não sendo
necessário a implantação de modelos de VaR tão precisos.
Nas palavras de Veiga (2002): “o Var paramétrico pode ser obtido a partir de qualquer
função cumulativa de probabilidade cuja incerteza possa ser expressa pelo desvio padrão”.
Chun (2007) apresenta uma classificação em pouco diferente. Para este autor, as
metodologias não-paramétricas são aquelas que não assumem hipótese alguma para a
distribuição dos retornos da carteira. As paramétricas assumem certas hipóteses. Neste
sentido, a Simulação de Monte-Carlo é expressa como um modelo paramétrico quando realiza
“procedimentos estatísticos para estimar o formato de uma dada distribuição de
probabilidades” (KIMURA et al, 2008, p. 51).
Neste trabalho, somente para título de classificação, a simulação de Monte Carlo será
considerada como sendo uma metodologia não-paramétrica. Deste modo, todas as
metodologias baseadas em simulações pertencerão às não-paramétricas. Já as abordagens
pautadas na variância, covariância e em alguns modelos analíticos serão tratadas como
métodos paramétricos de cálculo.
De acordo com Ganem e Baidya (2007), por esta metodologia a carteira é decomposta
em fatores primitivos de risco (ativos). Depois, atribui-se uma distribuição de probabilidade
conhecida aos retornos dos ativos que compõem a carteira. A volatilidade (desvio da carteira)
é medida por intermédio do desvio padrão ou da matriz de variância-covariância.
Isto posto, o cálculo do VaR segue as seguintes etapas: (1) escolha do modelo da
família ARCH; (2) previsão da volatilidade condicional usando o modelo; e (3) construção do
intervalo de confiança. Este último será calculado com base na distribuição condicional dos
retornos, substituindo o desvio padrão não condicional estimado pelo desvio determinado pelo
modelo ARCH.
Ganem e Baidya (2007) afirmam que utilizar a “estrutura real de caudas da carteira
consolidada” ameniza um dos problemas do modelo paramétrico, pois, segundo Mollica
(1999), é possível captar características especificas da série como excesso de curtose e outras
assimetrias. Contudo, ressaltam a importância da escolha do tamanho da amostra para o
modelo histórico:
Janelas muito longas tendem a gerar uma inércia grande na dinâmica de VaR, além de
eventualmente incorporarem contextos de mercado distantes da realidade corrente.
Janelas curtas podem gerar descontinuidades de resultados indesejadas. Além disso,
consolidar ativos com histórias passadas diversas em uma mesma janela pode tornar o
modelo pouco coerente (GANEM; BAIDYA, 2007, p. 8-9).
Para Souza (2003), apesar de este método ser robusto para caudas pesadas, ele utiliza-
se da hipótese de que os retornos são independentes e identicamente distribuídos. Deste
modo, é necessário que a distribuição permaneça estável ao longo do tempo.
Ainda segundo este autor, a simulação histórica possui uma “elevada variância das
estatísticas de ordem, principalmente nos extremos” (SOUZA, 2003, p.5). Sugere então, a
utilização do estimador de Bootsrap8, visando obter estatísticas de ordem de melhor
qualidade, principalmente para amostras pequenas.
Para Danielsson e Vries (1997 apud MOLLICA, 1999), a simulação histórica é eficaz
para estimar retornos em intervalos ao redor da média, onde se concentram os dados
empíricos. Para as caudas, local de interesse do VaR, em virtude da característica discreta dos
retornos extremos, as estimativas não seriam robustas, podendo gerar altas variabilidades nos
números encontrados ao longo do tempo.
Para Machry (2003), no entanto, o mais grave é que a simulação histórica será mais
lenta que os métodos analíticos para tratar de modificações estruturais.
8
De acordo com Souza (2003), a técnica que consiste em retirar amostras a partir de dados históricos com
reposição, de modo a manter constante o tamanho do conjunto de dados.
3.4.4.2 Classificação com base no peso da observação na amostra
Chun (2007) classifica as simulações históricas em: pesos fixos, antitética com pesos
fixos e exponencial. A simulação pesos fixos é a tradicional, ou seja, aquela em que cada
retorno histórico tem o mesmo peso na amostra.
A simulação histórica antitética com pesos fixos visa diminuir os efeitos de tendências
que os retornos possam ter na carteira. Para tanto, é imposta uma simetria na distribuição
através da inclusão do valor do retorno e do seu oposto, dobrando o número de observações
para o cálculo do percentil atrelado ao VaR.
Para Duarte Jr. (1996) é exatamente este número elevado de possibilidades que
confere aderência ao método. Ou seja, o valor médio encontrado para o retorno, a partir de
cenários definidos pela hipótese probabilística, é teoricamente o valor correto de interesse.
Entretanto, mesmo nos dias atuais, para grandes carteiras, os atributos computacionais
ainda podem ser uma barreira dado o elevado número de simulações necessárias para
abranger os cenários probabilísticos possíveis em carteiras com mais de mil ativos. Conforme
Jorion (2003), para mil trajetórias, numa carteira com mil ativos, será gerado, no mínimo, um
milhão de avaliações.
3.4.6 VaR Auto-Regressivo Condicional por Regressão Quantílica
Engle e Manganelli (2004 apud LIMA, 2010) desenvolveram um modelo que não
necessita de hipóteses paramétricas para a distribuição dos dados para o cálculo do VaR,
podendo ser aplicado em distribuições assimétricas com caudas pesadas. Para estes autores:
“como a volatilidade dos retornos dos ativos financeiros possuem algum comportamento
auto-regressivo, o VaR, que é diretamente afetado pela volatilidade, também possui um
comportamento auto-regressivo em sua série temporal” (LIMA, 2010 p. 29).
Esta metodologia pode ser aplicada utilizando-se três modelos: Valor Absoluto
Sintético; Inclinação Assimétrica; e GARCH(1,1) Indireto. De forma geral, no modelo auto-
regressivo condicional por regressão quantílica, o VaR é calculado de acordo com Engle e
Manganelli (2004 apud LIMA , 2010) pela seguinte fórmula:
(4)
Onde:
(β0, β1, γj) são parâmetros desconhecidos a serem estimados; e
xt representa o vetor de tempo t das variáveis observadas.
Para que o modelo possa ser aplicado, faz-se necessário a existência de uma base de
dados contendo uma série temporal de valores de VaR anteriormente calculados.
As carteiras compostas por títulos de renda fixa são afetadas pelas variações das taxas
de juros do mercado. Segundo Stigum e Robinson (1996 apud VEIGA, 2002) a associação ao
risco surge por causa da imprevisibilidade das taxas de juros e por fatores que modelam a
forma da curva de juros.
Para Caselato (2009), uma carteira de renda fixa sujeita ao cálculo do VaR deve ter
seu fluxo de caixa determinado, marcado a mercado e com os vértices mapeados.
A partir da evolução dos estudos sobre a duration foi possível demonstrar que ela,
segundo Ferreira (2004), é uma medida de sensibilidade de primeira ordem de um ativo ou
carteira em relação à taxa de juros. Esta constatação levou à sua utilização nas metodologias
de estimação do VaR .
supõe que a correlação entre a variação das taxas é igual a 1 e a volatilidade de todas
as taxas é a mesma. Essa simplificação se justifica se os movimentos da Estrutura a
Termo (ET) das taxas de juros forem paralelos (VARGA, 2002, p.5).
9
Documento normativo revogado pela Circular nº. 3.361, de 12/09/2207 do Banco Central do Brasil. Os
modelos aplicados a este trabalho estão em conformidade com a Circular nº. 3.361.
No caso da carteira de títulos indexados, o autor sugere duas abordagens para o
cálculo do VaR. A primeira é tratar cada indexador de um título da carteira como uma “outra
moeda”. O passo seguinte consiste em calcular a matriz de variância-covariância dessas
“moedas”. A segunda é converter os títulos indexados em papéis prefixados, tratando a
carteira como prefixada. Contudo, o próprio Varga (2002) admite que esta última abordagem
“tem o inconveniente de precisar de taxas de conversão entre os diferentes ativos que
dificilmente estarão disponíveis”, o que o leva a optar pela primeira.
Veiga (2002) afirma que se pode relacionar a duration da carteira ao cálculo do VaR,
uma vez que a duration modificada10 é uma medida de sensibilidade à taxa de juros. Contudo,
ressalta que esta adaptação é válida somente para pequenas variações na taxa de juros,
oriundas, tal qual em Varga (2002), de movimentos paralelos das curvas.
Haugen (1997 apud PAIVA e SABOIA, 2007) alerta que a duration somente deve ser
aplicada com confiança no cálculo do VaR quando ocorrerem pequenas variações nas taxas de
juros. Segundo Fabozzi (1997 apud VEIGA, 2002) esta limitação é devida ao fato da duration
ser uma aproximação linear ao movimento da curva de juros. Para tanto, é necessário partir
da premissa que a estrutura das taxas é plana e também que os deslocamentos na curva de
juros são paralelos.
Ademais, como ressalta Fabozzi (1997 apud VEIGA, 2002), o problema da aplicação
do conceito de duration ao VaR é que a suposição de que os yields11 para todas as
10
Divisão da duration de Macaulay por (1+ i), onde i é a taxa de juros.
11
De acordo com Vicente (2010), yield é o rendimento efetivo de um título. Se o título for levado até o
vencimento (matutrity) temos o termo Yield-to-maturity, ou rendimento efetivo do título até o vencimento, que
equivale à taxa interna de retorno de um título.
maturidades se alteram igualmente, também conhecida como a suposição do movimento
paralelo da curva de juros, não é a regra.
como o fluxo de caixa estará situado, necessariamente, entre dois vértices adjacentes,
“mapeá-lo” significa transformar o fluxo original em dois fluxos, um em cada vértice
e a carteira original, composta de um número qualquer de fluxos, com diversos
vencimentos, numa carteira padronizada, com fluxos em um número fixo de vértices
(ARCOVERDE, 2000, p.1).
Desse modo, para o cálculo do VaR de uma carteira exclusivamente formada por
títulos de renda fixa será necessário mapeá-los.
Para Veiga (2002), uma vez que a duration não é “capaz de descrever
satisfatoriamente a variação no preço de um título para grandes mudanças nas taxas de juros”,
utilizar a convexidade é refinar o cálculo da sensibilidade da variação do preço de um título à
variação nos juros. Para o autor, quanto maior for o patamar de variação dos juros mais
importante torna-se utilizar a convexidade em lugar da duration.
Uma vez que as rentabilidades dos títulos de renda fixa podem ser descritas por suas
curvas de juros, a alteração nestas curvas modifica o valor presente da carteira. O estudo de
Litterman e Scheinkman (1988) com base na curva de títulos da dívida norte-americana
apontam que o deslocamento paralelo e a rotação da curva são dois fatores que explicam cerca
de 97% da variabilidade da curva.
Veiga (2002) adapta a metodologia para uma carteira de renda fixa. Para este autor, o
fator de risco de uma carteira de renda fixa não será somente a variação nos retornos e sim o
quociente entre a variação dos retornos e 1+ r*, onde r* é a taxa média ao período para os
títulos de mesmo prazo de vencimento.
(5)
Onde:
é o quantil da normal padrão (Z 95% = 1,65 e Z 99% = 2,33);
var (p) é a variância do coeficiente de paralelismo da regressão;
var (b) é a variância do coeficiente de rotação da regressão;
N é o número de ativos da carteira;
i* é o prazo em que há rotação;
VP é o valor presente; e
r* é a taxa média ao período para os títulos de mesmo prazo de vencimento.
3.5 Backtesting
Mas, de acordo com Lima (2010), para que o backtesting seja válido a carteira
analisada deve permanecer constante no horizonte de tempo de previsão.
Mollica (1999) alerta que são poucos os métodos que avaliam previsões de intervalos
para uma variável, como o caso do VaR de um portfólio, pois este “nada mais é do que o
limite de um intervalo de confiança que informa que perdas acima do VaR, somente ocorrem
com uma probabilidade 1-p, sendo p o nível de confiança”.
A Função de Perda, desenvolvida por Lopez (1998), avalia a magnitude das violações.
Não sendo um teste estatístico, a função de perda compara diferentes modelos de estimação
do VaR, elegendo como melhor aquele que possuir o menor valor. “Portanto, nem sempre um
modelo de previsão do VaR com maior quantidade de violações será necessariamente o pior
modelo” (LIMA, 2010, p. 39).
Lima (2010) afirma que o Comitê da Basiléia define como metodologia para o
backtesting que o número de violações de um VaR com horizonte de um dia, não deve
ultrapassar 1% dos casos. Também são definidos que as exceções devem ser mensuradas
usando dados dos últimos doze meses (250 observações em média). Definem-se, então, três
zonas: a zona verde (zero a quatro violações), modelo sem problemas12; a zona amarela (cinco
a nove), modelo posto em dúvida; e a zona vermelha (dez ou mais), modelo com problema.
12
“Basicamente, um VaR calculado com 99% de probabilidade e horizonte de um dia, deveria produzir um valor
esperado de 2,5 violações quando utilizado uma base de dados de 250 dias” (LIMA, 2010, p.55). Contudo,
segundo Jorion (2003) o comitê da Basiléia aceita até quatro exceções na zona verde.
Com base no trabalho de Gaglianone (2007 apud LIMA, 2010), Lima (2010) utiliza
como backtesting um indicador de eficiência, calculado por intermédio de uma regressão
quantílica, que avalia a qualidade de toda distribuição de probabilidade do VaR, em
comparação com a distribuição dos retornos efetivamente observados. Destaca-se que não é
necessário conhecer o modelo ou qualquer hipótese adicional sobre a distribuição de retorno e
VaR para calcular este indicador.
Varga (2002) defende a ideia de que o VaR deve ser aplicado como instrumento para
escolha de investimentos. Segundo este autor, pelo cálculo do VaR, pode-se verificar se um
derivativo aumenta ou reduz o risco de uma carteira, ou ainda estabelecer um limite para
posições atrelado ao valor do VaR.
Desta forma, ainda segundo Jorin (2003), o VaR Marginal mediria a contribuição para
o risco do acréscimo de uma unidade monetária a mais em um componente da carteira. O Var
Incremental avaliaria o impacto de uma mudança de posição na carteira e o VaR Componente,
sendo uma partição do VaR da carteira, indicaria o quanto um ativo agrega ao VaR.
Segundo Vicente (2010), o risco calculado pelo VaR possui relação direta com o valor
da carteira. Crouhy (2004 apud SILVA et al, 2010) é mais enfático, para ele o VaR “é uma
medida de risco que estima o valor financeiro da perda máxima de uma carteira para um dado
nível de confiança e um período de tempo no qual não haja mudança na carteira” (SILVA et
al, 2010, p. 21).
Assim, foi necessário encontrar, entre as carteiras dos fundos exclusivos junto ao
Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal, um intervalo de tempo razoável para a
montagem de uma série mínima de dados, sem que houvesse alteração na composição da
carteira. Desta forma, chegou-se à composição da carteira do fundo Acanthus, que
permaneceu inalterada por um maior número de dias úteis, entre 03 de janeiro a 14 de agosto
de 2012.
• Letras do Tesouro Nacional (LTN): título público prefixado, com valor nominal de mil
reais, sem pagamento de cupons;
• Letras Financeiras do Tesouro (LFT): título público pós-fixado, indexado à taxa Selic,
com valor nominal na data-base de mil reais, prazo de vencimento variável, sem
pagamento de cupons;
• Letras Financeiras (LF): títulos privados com prazo de vencimento mínimo de dois
anos, indexados à taxa do Certificado de Depósito Interbancário (CDI);
• Depósitos a Prazo com Garantia Especial (DPGE): títulos privados, indexados à taxa
do CDI e garantidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até o limite de vinte
milhões de reais, já considerados neste montante o valor dos juros.
Deste modo, este estudo foi desenvolvido a partir da criação de uma nova carteira,
denominada ALFA, composta por papéis pós-fixados marcados a mercado originários da
carteira do fundo exclusivo Acanthus, conforme descrito na Tabela 4.
A Seção do Fundo Naval da DFM recebe dos bancos detentores dos fundos exclusivos
informações diárias sobre o comportamento de cada papel e da carteira como um todo. Desta
forma, rotineiramente, é alimentada uma base de dados com os valores diários dos papéis,
desde a criação dos dois fundos exclusivos.
A partir desta base de dados, foram coletados os valores diários dos papéis que
compõem a carteira ALFA, entre os dias 03 de janeiro e 14 de agosto de 2008, perfazendo um
13
De acordo com Moraes; Araújo (2010), títulos marcados a mercado são papéis precificados pela taxa praticada
pelo mercado secundário, mediante a contabilização de ajustes diários e a possibilidade de resgate a qualquer
momento. Para Vicente (2010), títulos marcados na curva são papéis precificados pela taxa utilizada no
momento da negociação e que serão mantidos obrigatoriamente até o vencimento.
total, por ativo, de cento e cinquenta e três observações, dispostas em planilha eletrônica MS
Excel@14.
(6)
Onde:
rt é o retorno aritmético no dia t;
Vt é o valor da carteira ou do papel no dia t; e
Vt-1 é o valor da carteira ou do papel no dia t-1.
Com a distribuição dos retornos de cada papel que compõem a carteira ALFA e,
utilizando-se as funções DESVPAD e MEDIA do MS Excel@, foram calculados os desvios
padrões e os retornos médios diários dos papéis:
Tabela 5: Desvio padrão e retornos médios diários dos papéis da carteira ALFA.
14
Tendo em vista que um dos objetivos deste trabalho é implantar a metodologia de cálculo do VaR escolhida,
na Seção de Análise de Risco do Fundo Naval da DFM, privilegiar-se-á o uso da planilha eletrônica MS Excel@
por ser de amplo conhecimento dos militares que posteriormente a utilizarão.
15
100 base points (bp) = 1%
Analisando os números da Tabela 5, percebe-se a proximidade dos valores dos desvios
padrão e dos retornos médios de cada papel componente da carteira ALFA.
Diante dessa constatação numérica, admitir-se-á como hipótese, que a correlação entre
os ativos que compõem a carteira ALFA é um. Esta hipótese permite trabalhar a carteira como
se fosse um único ativo, uma vez que os papéis tendem a reagir da mesma forma às alterações
na taxa de juros.
Uma das possíveis explicações para a maior volatilidade neste período pode ser
encontrada a partir da análise do momento econômico brasileiro às vésperas da centésima
sexagésima quarta reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), ocorrida em 17 e 18
16
Moda de Czuber.
de janeiro de 2012. Nesta reunião, o comitê decidiu reduzir a taxa Selic em 0,5 pontos
percentuais, passando ao patamar de 10% a.a. Contudo, as apostas e projeções apontavam um
mercado bastante dividido, oscilando entre análises que indicavam a manutenção da taxa
básica de juros e outras que projetavam uma redução de 1,5 pontos percentuais.
17
Para verificar às oscilações nas projeções de mercado da taxa Selic no período, pode-se consultar o Relatório
de Mercado da pesquisa FOCUS do Banco Central do Brasil, disponível em http://www.bcb.gov.br/?FOCUS.
Observando as estatísticas básicas e os gráficos, não se pode ser conclusivo em relação
à simetria. Verifica-se, entretanto, uma leve simetria à esquerda que, contudo, não é
corroborada pela relação entre média, mediana e moda.
Em relação à média, percebe-se que esta se encontra um pouco acima de zero, que
seria o padrão esperado dos retornos com base em dados de mercado.
Para fins teóricos, verifica-se a seguir o comportamento dos dados supondo que os
retornos ocorridos entre os dias 14 e 15 de janeiro de 2012 até 08 e 09 de fevereiro de 2012
fossem tratados como outliers. A Figura 3 apresenta o histograma sem os dados que geraram
a volatilidade percebida no período inicial.
Cabe ressaltar que os retornos plotados na Figura 1 são todos empíricos, ou seja, a
volatilidade verificada no início do período realmente ocorreu e, em se tratando do cálculo do
VaR, pode tornar a ocorrer com certo grau de probabilidade, impactando nos resultados.
Desse modo, neste estudo, os retornos ocorridos entre os dias 14 e 15 de janeiro de 2012 até
08 e 09 de fevereiro de 2012 não serão tratados com outliers e, integrarão a base de dados
preliminarmente observada.
Este capítulo apresenta os resultados das estimativas de VaR para nove metodologias.
Estas estão divididas entre paramétricas e não-paramétricas, com e sem suavização dos dados,
específicas para carteiras de renda fixa e as clássicas, mais comumente utilizadas pelas
instituições financeiras nacionais, de acordo com as normas do Banco Central do Brasil.
Por exemplo, o VaR da carteira até o dia 13 de agosto de 2012, foi calculado
utilizando-se a planilha eletrônica do MS Excel@ para ordenar os 151 retornos aritméticos
percentuais do maior para o menor valor.
A fim de estabelecer os retornos equivalentes aos percentis de 99; 97,5; 95; e 90% foi
utilizada a função PERCENTIL do MS Excel@, com a seguinte sintaxe:
Onde:
matriz é o intervalo de dados onde se define a posição relativa; e
k = 1-α (nível de confiança).
Os valores da Tabela 8 refletem que o VaR calculado estima para o intervalo de tempo
de um dia: em 1% a chance da carteira perder mais do que R$ 11.813,04; em 2,5% a chance
dela perder mais que R$ 4.672,68; e, em 5% e 10% as chances dela, no mínimo, crescer R$
95,52 ou R$ 149,92 respectivamente, podendo ainda, se desvalorizar.
Tomando como base o que efetivamente ocorreu no dia 14 de agosto de 2008, quando
a carteira teve um retorno positivo de 0,030581%, os VaR’s calculados para qualquer nível de
confiança, não foram violados.
Para fins de backtesting, esta metodologia foi repetida em outras vinte e nove janelas
de tempo consecutivas, a fim de possibilitar a comparação entre o VaR calculado até a data D
e o valor real da carteira no dia D + 1.
Os valores da Tabela 9 refletem que o VaR calculado estima para o intervalo de tempo
de um dia: em 1% a chance da carteira perder mais do que R$ 14,55; em 2,5% a chance dela
perder mais que R$ 9,01; e, em 5% e 10% as chances dela, no mínimo, crescer R$ 0,07 ou R$
0,13 respectivamente, podendo ainda, se desvalorizar.
Para fins de backtesting, esta metodologia foi repetida em outras vinte e nove janelas
de tempo consecutivas, a fim de possibilitar a comparação entre o VaR calculado até a data D
e o valor real da carteira no dia D + 1.
Confrontando com as trinta últimas observações reais, os VaR calculados para os
níveis de confiança de 99; 97,5; 95 e 90% foram violados uma vez cada. No entanto, devido
ao pequeno número de observações não é conclusivo supor que o modelo não esteja bem
ajustado, uma vez que os resultados são possíveis.
Gerados os cinquenta mil números aleatórios, para cada cenário foram calculados, por
intermédio da função PERCENTIL do MS Excel@, os valores equivalentes aos níveis de
confiança de 99%, 97,5%, 95% e 90%. Para cada nível de confiança foram calculadas a média
dos cinquenta cenários, sendo este valor considerado o VaR, conforme apresentado na Tabela
10.
Tabela 10: VaR – Simulação de Monte Carlo
Para fins de backtesting, esta metodologia foi repetida outras vinte e nove vezes, a fim
de possibilitar a comparação entre o VaR calculado até a data D e o valor real da carteira no
dia D + 1.
Para fins de backtesting, esta metodologia foi repetida em outras vinte e nove janelas
de tempo consecutivas, a fim de possibilitar a comparação entre o VaR calculado até a data D
e o valor real da carteira no dia D + 1.
(10)
(11)
Onde:
ri é o retorno no dia i;
λ é o fator de decaimento padrão igual a 0,94; e
n é o número de dias observados.
Para fins de backtesting, esta metodologia foi repetida em outras vinte e nove janelas
de tempo consecutivas, a fim de possibilitar a comparação entre o VaR calculado até a data D
e o valor real da carteira no dia D + 1.
Confrontando com as trinta últimas observações reais, os VaR calculados para o nível
de confiança de 99% não foi violado nenhuma vez. Já o VaR para os níveis de confiança de
97,5; 95 e 90% foram violados uma vez cada. No entanto, devido ao pequeno número de
observações não é conclusivo supor que o modelo não esteja bem ajustado, uma vez que os
resultados são possíveis.
Ao se optar pela utilização dos valores dos retornos geométricos18 ao invés dos
aritméticos, pela manutenção da hipótese da distribuição normal dos retornos, bem como pela
suavização da distribuição de forma exponencial, estará se trabalhando conforme a
metodologia Riskmetrics, originalmente desenvolvida pelo banco J. P. Morgan.
(12)
Onde:
rt é o retorno no dia t; e
rt-1 é o retorno do dia anterior.
Contudo, conforme lembrado por Vicente (2010), para retornos aritméticos menores
que 5%, como no caso deste estudo, os retornos aritméticos e geométricos não possuem
diferença significativa, mantida a mesma escala de observação.
18
Também conhecido como retornos logarítmicos.
5.6 VaR pela metodologia Auto-Regressiva Condicional por Regressão Quantílica
Optou-se tal qual Lima (2010) por utilizar a abordagem da inclinação assimétrica, por
ser esta a que melhor incorpora ao modelo a sensibilidade do VaR à ocorrência de retornos
positivos e negativos.
(13)
Onde:
Esta metodologia foi repetida para cada nível de confiança deste estudo (90; 95; 97,5 e
99%). Os valores encontrados para as séries temporais de VaR gerados aleatoriamente até o
dia 13 de agosto de 2012 constam na Tabela 13.
19
Segundo Engle e Manganelli (2004, apud LIMA, 2010) os estimadores β2 (retornos positivos) e β3 (retornos
negativos) são consistentes e assintoticamente normais.
Tabela 13: VaR – Auto-Regressivo Condicional por Regressão Quantílica
Para fins de backtesting, esta metodologia foi repetida em outras vinte e nove janelas
de tempo consecutivas, a fim de possibilitar a comparação entre o VaR calculado até a data D
e o valor real da carteira no dia D + 1.
Confrontando com as trinta últimas observações reais, os VaR calculados para o nível
de confiança de 99 e 97,5% não foram violados nenhuma vez. Já o VaR para os níveis de
confiança de 95 e 90% foram violados uma vez cada. No entanto, devido ao pequeno número
de observações não é conclusivo supor que o modelo não esteja bem ajustado, uma vez que os
resultados são possíveis.
5.7 VaR com metodologias específicas para uma carteira de renda fixa
(14)
Onde:
Dm é a duration modificada;
é o quantil da normal padrão (Z90% = 1,28; Z95% = 1,65; Z97,5% = 1,96; e Z99% =
2,33); e
é o estimador do desvio padrão dos retornos diários.
Para fins de backtesting, esta metodologia foi repetida em outras vinte e nove janelas
de tempo consecutivas, a fim de possibilitar a comparação entre o VaR calculado até a data D
e o valor real da carteira no dia D + 1.
Tendo calculado a duration modificada (Dm), a convexidade (Conv), tem-se então que a
variação do preço (∆P) de um titulo de renda fixa em função da variação da taxa de desconto,
ou seja do yield (y) do papel (∆y) é dada por:
(15)
Desta forma, calcula-se o impacto no valor de mercado da carteira computando os
impactos estimados pela duration e agregando-se o impacto calculado pela convexidade.
Ao sofisticar o cálculo com o uso da convexidade, o valor absoluto será sempre mais
benéfico (no caso de uma posição ativa em um título de renda fixa), ou seja, no caso do
aumento na taxa de desconto (taxa de juros ou yield), o decréscimo no valor de mercado será
diminuído. Já no caso da redução da taxa de juros, o impacto positivo será melhorado.
Segundo Ohanian (2005), no caso das posições em renda fixa, a maior precisão
causada pelo computo da convexidade geralmente é pequeno, especialmente se as variações
nas taxas de juros não forem muito grandes, razão pela qual este impacto costuma ser
desprezado no cálculo do VaR, quando se usa o modelo paramétrico.
(16)
Onde:
Dm é a duration modificada;
Conv é a convexidade;
é o quantil da normal padrão (Z90% = 1,28; Z95% = 1,65; Z97,5% = 1,96; e Z99% =
2,33), e
é o estimador do desvio padrão dos retornos diários.
Utilizando a planilha eletrônica MS Excel@ foram calculados os VaR, com base nas
observações até o dia 13 de agosto de 2012, para os níveis de confiança, de acordo com a
fórmula específica da metodologia delta-gama-normal com expansão de Taylor (16).
Para fins de backtesting, esta metodologia foi repetida em outras vinte e nove janelas
de tempo consecutivas, a fim de possibilitar a comparação entre o VaR calculado até a data D
e o valor real da carteira no dia D + 1.
Vale ressaltar que se a carteira somente contiver posições ativas, ou seja, compradas
em títulos de renda fixa, como o caso da carteira ALFA, assume-se que os prejuízos ocorrem
por incremento nas taxas de juros. Neste caso, conforme o esperado, a convexidade atua no
sentido de diminuir o VaR da carteira.
No que diz respeito a posições passivas em renda fixa, os cenários ruins para a carteira
são aqueles em que a taxa de juros cai. Desse modo, a convexidade faz com que o impacto
seja pior.
Com auxílio da planilha eletrônica MS Excel@, foram tabeladas para os cento e vinte
e dois dias úteis as rentabilidades para os vértices e calculadas suas variações. A Tabela 17
apresenta os números para as cinco primeiras e as cinco últimas observações.
(17)
Onde:
é a variação da rentabilidade do vencimento i no tempo t;
Segundo Veiga (2002), o prazo em que há rotação é uma constante definida por:
(18)
Ainda segundo o autor, o coeficiente b para um dia pode ser calculado por:
(19)
Diante do exposto e com os dados disponíveis, o i* calculado com base nas três
primeiras observações foi de 63,07 dias.
Conforme atesta Veiga (2002) em seu trabalho, a metodologia original sugerida por
Niffikeer et al (2000) constrói as covariâncias a partir das regressões diárias. Desta forma,
por intermédio da ferramenta Análise de Dados do MS Excel@, escolheu-se a opção
REGRESSÃO para calcular os estimadores.
A fim de calcular o VaR pela metodologia de dois fatores, de acordo com a fórmula
(5) apresentada na seção 3.4.7.4, foram calculadas as taxas médias dos períodos, conforme
exposto na Tabela 19.
Com apoio da planilha eletrônica do MS Excel@ foi calculado o VaR diário estimado
com base nas observações até o dia 13 de agosto de 2012, para os níveis de confiança, de
acordo com a fórmula (5) específica da metodologia de dois fatores.
Para fins de backtesting, esta metodologia foi repetida em outras vinte e nove janelas
de tempo consecutivas, a fim de possibilitar a comparação entre o VaR calculado até a data D
e o valor real da carteira no dia D + 1.
De fato, como as estimativas de VaR calculados foram comparadas aos valores reais
dos retornos ocorridos nas trinta últimas observações e estas apresentam um comportamento
menos volátil ao longo do período analisado, eleva-se a tendência de que os testes apontem
uma superestimação dos VaR calculados, o que pode justificar os valores encontrados no
backtesting.
Esta disparidade entre os valores estimados permanece para todos os demais níveis de
significância que foram utilizados neste trabalho. Isto ocorre devido à tendência de, em uma
distribuição normal, as estimativas se concentrarem em torno da média, diminuindo a chance
da ocorrência de valores extremos. Esta característica é absorvida pelos modelos que
trabalham com a distribuição normal dos retornos. Já os modelos não paramétricos costumam
atribuir probabilidades mais igualitárias de ocorrência aos valores afastados da média.
O teste de aderência aplicado indicou ser fraca a hipótese de normalidade dos retornos
diários da carteira ALFA. A análise da Figura 2, apresentada no capítulo 4, página 50,
também nos leva a desconsiderar esta hipótese. Entretanto, para testar e conhecer as
aplicações práticas, as metodologias que usam a normalidade dos retornos como base, foram
utilizadas na estimativa do VaR, mas seus resultados sofreram distorções.
Deste modo, foi significante para as estimativas de VaR apuradas por cada
metodologia, a forma como os modelos trataram a concentração de volatilidade ocorrida no
início do período observado e o seu peso na estimação do comportamento futuro.
6.2 Backtesting
Optou-se, então, por utilizar uma metodologia de backtesting que avaliasse o impacto
das violações. A metodologia escolhida foi a função de perda de Lopez, uma vez que esta
técnica pode ser aplicada em casos de séries históricas curtas.
Segundo Lima (2010), a função de perda de Lopez “avalia o tamanho das violações,
ou seja, o impacto causado no portfólio acima do previsto, que pode impactar a estrutura de
limites definidos pela alta administração de uma organização ou pelos gestores de riscos”
(LIMA, 2010, p. 35).
(20)
Ou seja, associa o número zero toda vez que o retorno observado (ro) for maior ou
igual ao VaR estimado (VaRe); e associa o valor da expressão 1 + (ro - VaRe)2 toda vez que o
retorno observado for menor que o VaR estimado.
Ainda de acordo com Lima (2010), a função de perda de Lopez inclui a sensibilidade
ao tamanho da violação ao incluir a diferença entre o valor do VaR estimado e o retorno
observado.
Uma vez definida a função, será escolhido como melhor modelo aquele que minimizar
o seguinte somatório:
(21)
O valor mínimo calculado para cada metodologia está posicionado na Tabela 23.
Contudo, nota-se que o teste de Lopez privilegia os modelos que superestimam o VaR
ao penalizar os modelos que possuem violações, uma vez que a diferença entre o VaR
estimado e o retorno observado possui um pequeno peso.
Isto posto, a Seção de Análise de Risco do Fundo Naval, em primeiro lugar, deve
sempre acompanhar a distribuição dos retornos diários. Com o passar do tempo, caso a
distribuição dos retornos se torne mais próxima da curva normal, a sugestão é reativar as
metodologias delta-normal. Mas até que isto ocorra, as estimativas ao VaR devem ser
calculadas com base em metodologias não paramétricas. Em um primeiro momento deve-se
priorizar a simulação histórica com suavização exponencial e a simulação de Monte-Carlo,
enquanto são aprimorados os conhecimentos técnicos do pessoal envolvido para a
implantação da metodologia auto-regressiva condicional por regressão quantílica.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mesmo assim, foi possível indicar quais as metodologias de VaR devam ser
implantadas na Seção de Análise de Risco da Diretoria de Finanças da Marinha, respondendo
ao problema de pesquisa inicialmente proposto. A pesquisa sugere a utilização inicial da
simulação histórica com suavização exponencial e/ou da simulação de Monte-Carlo, além de
acompanhar o comportamento da distribuição dos retornos da carteira. Caso, no futuro, com
um maior número de observações, a distribuição dos retornos se aproxime da curva de Gauss,
pode-se introduzir alguma metodologia de base delta-normal.
Basicamente, as limitações deste trabalho podem ser divididas em três grandes grupos.
O primeiro grupo consiste na suposição de que existe uma relação explicável entre os valores
do passado e do presente com o comportamento futuro. O segundo é pautado nas
simplificações e suposições dos modelos aplicados, como por exemplo, a de que os retornos
diários são normalmente distribuídos. O terceiro grupo refere-se a escolha do(s) sistema(s) de
software utilizado(s) nos cálculos e estimativas. As demais limitações são decorrências dos
detalhamentos, aprofundamentos, desdobramentos ou mesmo consequências destes três
grandes grupos.
A geração das estimativas numéricas do VaR não somente envolve uma série de
problemas de cunho probabilístico, como também aspectos afetos a área da inferência
estatística, o que por si só já traz um forte componente de incerteza ao número calculado.
Ainda segundo Ohanian (2005), uma maneira de fazer a aproximação do VaR das LFT
seria efetuar um cálculo de sensibilidade usando choques na curva do CDI. Seria necessário
identificar qual seria a duration de um título pré-fixado de mesmo montante da LFT que
resultasse na mesma sensibilidade a uma oscilação de 1 ponto base na taxa de juros obtida
acima. Mesmo assim, esta metodologia, para o caso da LFT seria de difícil aplicação, pois
necessitaria de uma hipótese sobre o diferencial entre a curva do CDI e a curva da taxa Selic.
Diante do exposto, optou-se, neste trabalho, pela retirada das LFT na aplicação das
metodologias específicas para carteiras com títulos de renda fixa.
Como indicação para outros estudos, pode-se continuar esta abordagem verificando o
grau de importância da escolha do fator de decaimento nas suavizações efetuadas,
comparando as volatilidades e os VaR estimados ao se trabalhar com fatores diferentes do
padrão Riskmetrics (λ = 0,94). Vale ressaltar que, segundo Caselato (2009) quanto mais alto
for o fator de decaimento, maior é a contribuição dos retornos passados ao cálculo do VaR.
Como sugestão poderiam ser utilizados os fatores λ = 0,97 e λ = 0,91 para imputar maior ou
menor peso às observações passadas, respectivamente.
Uma análise preliminar sugere que sejam aprimorados os estudos em conjunto com as
áreas técnicas dos bancos e os gestores dos fundos no que se refere à formação da carteira.
Como sugestão, podem ser elaborados estudos, a nível acadêmico, propondo uma nova
composição para os fundos com base na teoria de montagem e avaliação de carteiras.
Pode-se também verificar a contribuição de cada papel para o risco total da carteira.
Para tanto, podem ser estudados, ainda, os modelos analíticos de VaR, tais como: VaR
diversificado e não diversificado; VaR individual; VaR marginal; VaR incremental e VaR
componente.
KIMURA, H. et al. Value at Risk – Como entender e calcular o risco pelo VaR.
Ribeirão Preto: Inside Books, 2008. 251 p.
KLEIBER, C., ZEILEIS, A. Applied Econometrics with R (Use R!). New York,
Springer New York, 2008. 221p.
LAPPONI, J. C. Estatística usando o Excel. 4ª. ed. rev. e atual. São Paulo, Elsevier-
Campus, 2005. 476 p.
Diante desta exposição e considerando que o VaR pela metodologia que utiliza a
duration baseia-se na sensibilidade do valor do título em relação às oscilações das taxas de
juros, foram descartadas da carteira as LFT para aplicação dos cálculos da duration e da
convexidade.
Vale destacar que a duration varia na medida em que se modificam os prazos até o
vencimento e os valores presentes dos papéis. Isto implica a necessidade de realizar cálculos
diários.
A.2 Duration
(22)
Onde:
Dd é a duration diária da carteira ALFA;
VPi é o valor presente do i-ésimo papel da carteira ALFA;
duvi são os dias úteis até o vencimento do i-ésimo papel da carteira ALFA; e
n é o número de papéis da carteira.
Elaboração: autor
O valor presente da carteira (VPC) é a soma dos valores presentes dos papéis (VP).
(23)
(24)
Onde:
é a duration modificada diária; e
ITS é a taxa de juros do título sintético20 equivalente à carteira.
No intuito de calcular ITS, foi necessário remunerar os títulos até a data da duration, a
fim de calcular diariamente os valores futuros em D.
O procedimento utilizado para levar os títulos até a data da duration passa pela
necessidade de calcular para cada papel, a rentabilidade média diária (taxas a termo). Para
isto, escolheu-se como parâmetro o vencimento DIJan13 extraído da Plataforma Bloomberg
(função “ICVS” – curva Pré x DI BM&F), sobre o qual foram aplicadas rentabilidades pós-
fixadas. Tendo em vista que entre os dias 04/07/2012 e 14/08/2012 a Caixa Econômica
Federal não registrou novas cotações dos papéis constantes da carteira, foi considerado que as
rentabilidades referenciadas em CDI se mantiveram inalteradas para esta análise para todos os
instantes da curva.
Para o cálculo dos valores futuros de cada papel foi utilizada a fórmula seguinte:
(25)
Onde:
VFd é o valor futuro do papel na data da duration;
VPi é o valor presente do papel na data i;
DIJAN13i é a taxa DI do papel para Jan13 na data i;
PerP é o percentual negociado do papel; e
Ddi é a duration do papel no dia i.
20
Título sintético, segundo Securato (2008), corresponde a um título fictício equivalente a um conjunto de
papéis com vencimentos distribuídos ao longo do tempo. O fluxo de caixa deste título tem seu valor de resgate
na data da duration.
Tabela 25: Carteira ALFA sem as LFTs em 13/08/12. Valores futuros na data da duration.
Elaboração: autor
Desse modo, a taxa de rentabilidade da carteira (1+ITS) para cada dia foi assim
calculada:
(27)
A.4 Convexidade
(28)