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Obras Especiais de Saneamento Básico

Choque Hidráulico em Conduta Gravítica

Grupo 3
(presidente) Sérgio Amorim nº 38183

(secretário) João Fonseca nº 35182

Joaquim Peixoto nº 50577

Rui Andrade nº 42903

César Pereira nº 32873

Universidade do Minho

Departamento de Engenharia Civil


Obras Especiais de Saneamento Básico
Universidade do Minho Choque Hidráulico em Conduta Gravítica

Departamento de Engenharia Civil Grupo 3

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 3
2. OBJECTIVOS ....................................................................................................................... 3
3. DADOS DE BASE ................................................................................................................. 4
3.1. Topografia ................................................................................................................. 4
3.2. Açude ........................................................................................................................ 4
4. CONDUTA FORÇADA .......................................................................................................... 4
4.1. Traçado (Planta e Perfil)............................................................................................. 4
4.2. Verificação Hidráulica ................................................................................................ 5
4.3. Material e Instalação ................................................................................................. 7
5. TURBINA ............................................................................................................................ 8
5.1. Tipo e Potência .......................................................................................................... 8
5.2. Circuito Hidráulico ................................................................................................... 10
6. CHOQUE HIDRÁULICO ...................................................................................................... 11
6.1. Análise Preliminar – Métodos de Joukowsky e de Michaud ...................................... 11
6.2. Análise recorrendo ao Método de Allievi ................................................................. 14
6.2.1. Equações de Allievi .......................................................................................... 14
6.2.2. Aplicação do método ....................................................................................... 15
6.3. Método das Características – Software Epanet ........................................................ 17
6.4. Envolvente das Pressões .......................................................................................... 23
7. MÉTODOS DE OPERAÇÃO E CONTROLO ........................................................................... 24
7.1. Dispositivos ............................................................................................................. 24
8. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 28

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1. INTRODUÇÃO

No âmbito da unidade curricular de Obras Especiais em Saneamento Básico o grupo 3


propôs um estudo do choque hidráulico em conduta gravítica.

O choque hidráulico (também conhecido como golpe de aríete) é uma brusca variação
de pressão devido a uma rápida alteração do caudal. O choque hidráulico provoca
ruídos desagradáveis e pode danificar tubagens, equipamento e até as próprias
instalações.

Este fenómeno pode acontecer em qualquer sistema hidráulico mas é nos sistemas de
grande escala que o seu estudo é requerido, já que as consequências tanto ao nível
material ou humano podem ser graves.

2. OBJECTIVOS
Os objectivos que foram definidos para o trabalho foram:

 Escolha de um traçado para uma adutora gravítica entre o açude e a turbina;


 Escolha de um tipo de turbina para a situação em estudo;
 Definição do sistema hidráulico;
 Estudo do choque hidráulico usando os métodos preliminares (Michaud e
Joukowsky), método de Allievi e método das características;
 Estudo do choque hidráulico usando um programa próprio para o efeito;
 Estudo e escolha de dispositivos para atenuação dos efeitos de choque hidráulico.

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3. DADOS DE BASE

3.1. Topografia

A planta topográfica foi colocada em anexo.

3.2. Açude

Foi considerado para o cálculo do choque hidráulico que a cota da água seria constante,
(situação teórica de reservatório ilimitado), tendo como valor de altitude 245,5 metros.

4. CONDUTA FORÇADA

4.1. Traçado (Planta e Perfil)

Para o problema presente foi fornecido uma planta de um terreno em que estava definido a
localização e cota máxima da água num açude. A partir daí foi definido o traçado tanto em
planta como verticalmente.

Foi definido à partida que a diferença de cota entre o local do açude e o da turbina teria que
ser maior que 50 metros. Isso permitiria obter-se um caso em que o problema do choque
hidráulico poderia ser significativo tanto para a segurança da conduta como da turbina.

Foram experimentados vários traçados tendo em conta factores económicos e técnicos. Para o
trajecto em planta da conduta foram definidos os seguintes factores de decisão:

 A proximidade da conduta do rio permitiria minorar os custos de expropriação.


 Usar um traçado o mais directo possível de modo a minorar os custos do material.
 Minorar o número de mudanças de direcção de modo a diminuir a perda de carga e a
quantidade de derivações.
 Evitar na conduta mudanças de direcção com 90˚ devido às forças criadas localmente em
condutas forçadas.
 Evitar o derrube de árvores de modo a diminuir o impacto no local da obra, para o
traçado na vertical foram tidos em conta os seguintes condicionantes.
 Deveria manter-se a conduta à vista de modo a evitar gastos com movimentos de terra.
 No caso de haver necessidade de escavação evitar que a sua profundidade ultrapassa-se
os 2 metros.
 Ter em conta a linha piezométrica e o relevo do terreno como condicionantes para o
traçado da conduta.

O traçado resultante está em anexo.

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4.2. Verificação Hidráulica


Para sabermos se a conduta não ultrapassa condições básicas hidráulicas como o
ultrapassar da linha piezométrica, situação que provocaria cavitação.

Para isso temos que definir qual será a nossa perda de carga.

Perda de carga - Adutora

No catálogo da marca Saint-Gobain o k (rugosidade) está entre 0,03 mm e 0,1 mm.

Como queremos dimensionar para o caso de choque hidráulico mais gravoso, vamos optar
pelo caso de perda de carga menor possível, k=0,03 mm.

Viscosidade cinemática – ν = 1,15*

Perda de carga contínua

Usaram-se as seguintes equações:

Equação de perdas contínuas:

Factor de resistência Colebrook White (f):

Número de Reynolds:

Com diâmetro interior de 350 mm e velocidade de 2 m/s obteve-se os seguintes valores:

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Fazendo as iterações necessárias da equação anterior, obtivemos f=0,013934

A perda contínua para a nossa conduta obtida através da equação de perdas contínuas é:

Perdas de carga localizadas

Considerou-se as perdas contínuas que ocorrem nas curvas de 45 o, na saída do


reservatório e na válvula borboleta. Não foram consideradas as perdas de carga nas curvas
com ângulo menos acentuado por serem desprezáveis.

Usou-se a expressão geral para perdas localizadas que é a seguinte:

A partir daí, e considerando a velocidade igual à 2 m/s, achamos o K para cada caso de
modo a sabermos a perda de carga localizada.

K (m)
o
Curva 45 0,0291 0,00593
Saída de Reservatório 0,3 0,0612
Válvula Borboleta 0,3 0,0612

A perda de carga resultante de se juntar as perdas localizadas e a perda contínua será:

Assim a linha piezométrica estará situada 1,679 m abaixo do ∆H em condições de


escoamento uniforme e permanente. Como o ∆H é de 50,5 m teremos:

∆H – P = 48,818 m

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Assim não teremos problemas resultantes de parcelas da conduta acima da linha


piezómetrica, como se pode ver na figura seguinte:

4.3. Material e Instalação

 A conduta gravítica é feita de ferro fundido com diâmetro de 350 mm (DN 350) da
classe K7 (marca Saint Gobain).

A tubagem tem como pressão de serviço admissível de 3,4 MPa e de pressão máxima
de serviço (para casos pontuais como o choque hidráulico) de 4,1 MPa. Para segurança
admitimos que a pressão terá como limite o valor de pressão de serviço admissível e
não poderá atingir o valore de pressão máxima de serviço.

 As juntas consideram-se com classificação (por pressão admissível) PN25 sendo do tipo
JG.
 As curvas serão também da classe PN25 e terão como ângulos de derivação definidos:
45o, 22o30’, 11o15´. Evita-se curvas de ângulo de 90o pois as pressões suportadas
seriam muito maiores do que nos outros casos.
 Considerou-se uma válvula borboleta com actuador pneumático e também da classe
de pressão PN25.
 Para atenuação dos efeitos de choque hidráulico seria também instalada uma válvula
de alívio da marca CSA de classe PN40.

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5. TURBINA

5.1. Tipo e Potência

Para o nosso trabalho, a escolha da turbina foi feita através de uma pesquisa na internet.
Dessa pesquisa descobriu-se o site http://www.saltosdelpirineo.com/ que continha uma
informação bastante simplificada para a nossa escolha. Ficou-se a saber que as turbinas mais
utilizadas são as Kaplan, Francis e Pelton. No quadro seguinte fica o resumo feito para decidir
qual a turbina que melhor se adequa às nossas necessidades.

Turbina H (m) Q (m3/s) P (kW)

4 Palas 2a9 4 a 10 100 a 400

Kaplan 5 Palas 9 a 18 1,5 a 4 100 a 300

Autoconsumo 2 a 18 0,4 a 1,1 5 a 30

Francis 15 a 80 0,2 a 2 20 a 400

Pelton 80 a 350 0,05 a 0,5 50 a 400

Os nossos dados são: H de 50,5m e um Q de 0,19m 3/s. Sendo assim escolhemos a turbina
Francis.

A turbina de Francis é uma turbina de reacção porque o escoamento ocorre com uma pressão
inferior à pressão atmosférica. A principal característica desta turbina é por esta ter uma roda
formada por uma cora de aletas fixas, que têm a finalidade de constituir uma série de canais
hidráulicos que recebem a água radialmente e a orientam para a saída do rotor numa direcção
axial.

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Animação: http://www.coche.unlugar.com/Animaciones/animation/inicial/TurbinaFrancis.gif

Esquema de uma turbina de Francis

(http://www.caballano.com/francis2.JPG)

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5.2. Circuito Hidráulico

Para a obra em estudo teve que se fazer uma análise de qual seria a melhor solução
para a protecção dos efeitos do choque hidráulico.
Chegou-se à conclusão que, por razões económicas e de sensibilidade do
equipamento, no caso de surgir um imprevisto e haver necessidade de parar todo o
sistema, a prioridade seria proteger a turbina dos efeitos do choque hidráulico.
Por essa razão optou-se pela colocação de uma válvula tipo borboleta a montante da
turbina com fecho pneumático, sendo esse fecho accionado automaticamente quando
ocorre alguma avaria a jusante que fará com que haja necessidade de parar o sistema.
Existirá também uma válvula de seccionamento, a montante da válvula tipo borboleta
de accionamento manual que servirá para seccionamento do sistema.
O objectivo deste sistema da forma como está preconizado garante a protecção da
obra e uma manutenção eficiente promovendo desta forma o seu bom uso durante
sua vida útil para que foi projectado.

Esquema tipo de uma turbina.

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6. CHOQUE HIDRÁULICO

6.1. Análise Preliminar – Métodos de Joukowsky e de Michaud

A celeridade - que é a velocidade com as ondas de choque hidráulico se propagam ao


longo da conduta - foi obtida através de uma fórmula fornecida pelo fabricante das
condutas:

a = 1093,2 m/s
Em que:
é o módulo de elasticidade da água - 2,05*
ρ é o peso volúmico da água – 1000 kg/m³
D é o diâmetro interno da conduta
E, é o módulo de elasticidade do material da conduta (ferro fundido dúctil 1,7*10 11
N/m2)
e é a espessura da conduta

A partir desse valor podemos saber a fase da nossa conduta, que consiste no tempo
que uma onda de choque demora a ir ao outro extremo e voltar ao ponto inicial do
choque hidráulico.

Fórmula de Michaud - serve para casos de fecho lento que dá valores aproximados desde que
haja variação linear do fecho:

∆H=2*LV/(gT)

Com Joukowsky (fecho rápido) teremos:

∆H=2*aV/g

A pressão irá variar com o tempo de fecho da válvula de borboleta. Quanto mais lento for o
fecho da válvula menor será a pressão instalada na conduta e nas peças do sistema.

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Para o fecho rápido, até 0,35 s, foi usada a fórmula de Joukowsky, para fecho lento a fórmula
de Michaud. Na tabela abaixo são mostrados os resultados correspondentes do valor de
pressão com o tempo de fecho.

Tempo de fecho (s) Valor de Pressão (m)

0,175 222,8746177 Fecho Rápido -


Fórmula de
0,35 222,8746177 Joukowsky

0,525 147,8685501

0,7 110,9014126

1 77,63098879

Fecho Lento -
2 38,81549439
Fórmula de Michaud

3 25,87699626

4 19,4077472

5 15,52619776

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Gráfico geral das pressões para os tempos de fecho é o seguinte:

Pressão
250

200
Pressão (m)

150

100
Pressão
50

0
0 1 2 3 4 5 6
Tempo de fecho (s)

Envolvente de pressões: sobrepressão/subpressão (para tempo de fecho igual a 0,35 s)

Sobrepressão: H - ∆H + a = 50,5 -

Subpressão: H - ∆H – a = 50,5 –

Analisando o aumento de sobrepressão, e tendo em conta que os elementos construtivos e


dispositivos críticos à nível de pressão suportada do nosso caso de estudo são PN25, sabemos
que só haverá problemas com o choque hidráulico com tempo de fecho próximo de 0,35 s.

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6.2. Análise recorrendo ao Método de Allievi

Para o cálculo do choque hidráulico na conduta, foi usado o método de Allievi. Este é um
método numérico de integração que permite determinar o caudal (Q) e a altura da coluna de
água (H) numa determinada secção da conduta num instante de tempo.

6.2.1. Equações de Allievi

As equações de Allievi resultam da aplicação da lei de conservação de massa e do teorema da


quantidade de movimento numa secção da conduta.

Onde:

H(x,t) : Carga hidráulica


Q(x,t) : Caudal
H0 : Altura inicial
Q0 : Caudal inicial
F(x,t) : Ondas de pressão
f(x,t) : Ondas de pressão
g : Aceleração da gravidade
S : Área da secção
c : Celeridade

As funções F(x,t) e f(x,t) representam as ondas de pressão na conduta que provocaram o


choque hidráulico aquando do fecho da válvula de borboleta. As suas dimensões são em
metros, pois representam uma pressão equivalente ao metro coluna de água.

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A onda de choque F(x,t) percorre a conduta no sentido positivo de V para R, como mostra a
figura, a uma velocidade igual á da celeridade (c).

A onda f(x,t) é originada com a reacção do choque da onda F(x,t) no reservatório, esta desloca-
se com sentido oposto á anterior, de R para V, desfasada de um intervalo de tempo igual a
metade da fase (μ) com velocidade igual á celeridade (c).

6.2.2. Aplicação do método

Na aplicação deste método ao nosso caso de estudo, foram usados os seguintes dados:

Comprimento da Conduta (L) 190,39 m


Celeridade (c) 1093,2 m/s
Diâmetro da Conduta (D) 0,35 m
Velocidade em regime permanente (V 0) 2 m/s
Carga estática do obturador (H0) 50,5 m
Área da tubagem (S0) 0,0962 m
Fase (μ) 0,35 s

O valor do tempo de fecho considerado para a válvula borboleta é igual a 0,35 s com
fecho linear (condição fronteira a jusante) que corresponde ao tempo de fase, de
modo a obtermos um valor de choque hidráulico que corresponde ao estado limite
último, desta forma teremos um fecho quase instantâneo. A partir daqui obtemos o
maior valor de pressão e sub-pressão a que a conduta e acessórios estarão solicitados.

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A condição fronteira a montante será a albufeira do açude que será considerada de


altura constante, altura essa que é a máxima que poderá ocorrer na albufeira, logo é
uma situação adequada para o estudo do choque hidráulico.
A lei de fecho definida para a válvula de alívio foi a seguinte:

Tempo (s) 0 0,175 0,35


B (m1/2.s-1) 0,28135 0,14067 0

Gráficos da pressão, para o tempo de fecho de 0,35 segundos.


Pressão (m)

300,000
270,875
250,000

200,000

150,000 153,064

106,905
100,000

50,000
48,023
Tempo (s)
0,000
0,00 0,18 0,35 0,53 0,70 0,88
-50,000
-57,064
-100,000

-150,000
-174,875
-200,000
F+f

No método de Allievi, só é possível medir a pressão a que a conduta estará sujeita


aquando do fecho da válvula borboleta e nos instantes que o precedem. Sendo que
nos intervalos posteriores a função torna-se cíclica e não se torna possível medir a
variação da diminuição da pressão até ao instante de tempo em que a pressão
estabiliza e se torna igual á altura da água equivalente. Isso acontece porque as perdas
de carga não são consideradas no cálculo pelo método de Allievi. Para medir essa
variação de pressão é necessário utilizar o Método das Características.

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6.3. Método das Características – Software Epanet

Breve Explicação do método das Características

O método das características é um método mais exacto do que Allievi pois tem em conta as
perdas de carga que ocorrerão devido ao movimento da água durante o regime transitório.

É um método muito usado na criação de software de análise do choque hidráulico em


condutas sob pressão.

Tal qual o método de Allievi também é baseado nas leis de continuação da massa e da
quantidade de movimento.

Também as condições fronteiras são idênticas às consideradas com Allievi.

A conduta é dividida em n parcelas, cada uma com comprimento ∆x e tempo ∆t (tempo


demorado pela onda de choque a percorrer ∆x).

Para saber a pressão em P e a partir das equações de quantidade de movimento e conservação


da massa obtém-se as seguintes equações:

Em que:

Hp, Ha e Hb são as pressões nas secções correspondentes

Qa, Qb e Qp são os caudais nas secções respectivas

a é a celeridade

A é a área da secção

D é o diâmetro da secção

∆x é a parcela em estudo

g é a aceleração da gravidade

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Pondo as equações em ordem a Hp e considerando B = a/gA e R = f∆x/2gDA2

Simplificando, temos:

Em que Cp e Cm são constantes conhecidas quando se aplicam as equações:

Para obter a pressão num determinado ponto e eliminando o caudal temos:

Com isto vamos obter a pressão para cada instante e secção que se pretende.

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Aplicação de software

Para nos auxiliar no cálculo do choque hidráulico numa adutora gravítica nós recorremos a
software de cálculo hidráulico como são exemplo o Epanet ou o Sobek.

O modelo para a verificação das condições de ocorrência do choque hidráulico, utilizando o


software Epanet, foi construído com as ferramentas que permitissem a simulação dum
reservatório, tubagem, válvulas.

A ferramenta reservatório permite-nos armazenar água que depois será libertada para o
sistema adutor.

A ferramenta válvula serviu para definir a turbina e a válvula borboleta.

Os resultados deste modelo não foram satisfatórios porque o caudal turbinado ao longo do
tempo não sofreu alterações, ou seja o regime de escoamento é uniforme e optimizado para
os limites regulamentares de calculo, ( 0.5m/s >velocidade < 1.5m/s).

Foi construído um outro modelo usando o mesmo software acrescentando ao modelo anterior
um tanque, que não é mais do que um reservatório, mas com esta ferramenta nós
conseguimos definir um volume mínimo e máximo de água ao contrário da ferramenta
reservatório. O tanque foi colocado a jusante da turbina com o objectivo de variar o caudal ao
longo do sistema.

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Com este modelo os resultados obtidos também não foram satisfatórios. Isto porque apesar
do caudal oscilar ao longo do tempo não se conseguiu definir um tempo suficientemente
pequeno para o estudo do choque hidráulico. Isto é, o programa não permite intervalos de
tempo de cálculo que sirvam para o tempo de fecho da nossa válvula.

Finalmente, optou-se por recorrer ao software Hytran que nos deu resultados mais em conta
do que se podia esperar pelos cálculos anteriores.

A nossa solução traduzida para o programa era a seguinte, com um reservatório a montante
para simular a albufeira e uma válvula do tipo borboleta a jusante.

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Ao executar o programa pode-se verificar que a sequência do sentido de escoamento da água


estava de acordo com o que se tinha sido estudado na teoria. Com fases de escoamento na
direcção “normal” e fases em que o escoamento se dava na direcção contrária.

sentido regular do escoamento

sentido inverso

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O resultado obtido traduz-se neste gráfico pressão/tempo para a secção imediatamente a


montante da válvula borboleta.

Nota-se que a subpressão não deu valores como eram espectáveis, ficando pouco abaixo de
zero. Isso talvez tenha ocorrido por algum erro na escolha do dispositivo/condição fronteira a
montante.

Quanto à sobrepressão deu-nos valores como era expectável. Também se obteve um efeito de
atenuação da amplitude da onda devida às perdas de carga, tal como numa situação real.

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6.4. Envolvente das Pressões

A envolvente das pressões para tempo de fecho igual à 0,35 s recorrendo ao método de
Joukowsky (o diferença de grandezas entre o resultado com Joukowsky ou com outros
métodos é mínimo no nosso caso) deu o seguinte resultado:

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7. MÉTODOS DE OPERAÇÃO E CONTROLO

7.1. Dispositivos

Existem vários dispositivos que tem como função atenuar eventuais choques hidráulicos em
condutas. Para este trabalho foi necessário fazer uma análise ponderada de cada um deles de
modo a encontrar a solução mais adequada ao nosso problema.

De seguida enumeram-se os diferentes dispositivos e analisam-se as vantagens e desvantagens


ou adequação para o nosso caso específico.

Chaminés de equilíbrio – são dispositivos que não necessitam de manutenção, mas que
dependem da topografia para a sua implementação e que podem ser de construção muito
dispendiosa. Logo não serão a hipótese mais conveniente para o nosso caso.

Volantes de Inércia – são dispositivos adequados não para condutas gravíticas, como é o nosso
caso mas sim para condutas elevatórias, pois elas “desaceleram” a paragem de uma bomba
elevatória de modo a criar menores subpressões no início do fenómeno.

Reservatórios de ar comprimido – São dispositivos que necessitam de bastante manutenção e


que apresentam elevados custos de manutenção, logo não são o mais adequado ao nosso
problema.

Válvula de alívio – Vai ser o dispositivo escolhido para o nosso caso pois é um dispositivo
adequado a condutas gravíticas em que o efeito inicial do choque hidráulico é uma
sobrepressão que pode ser atenuada pela válvula pela libertação de água correspondente à
essa aumento de pressão, o que diminui também o efeito posterior de subpressão. São
dispositivos que necessitam de alguma manutenção mas que são de relativo baixo custo.

Assim foi feita uma análise mais detalhada da instalação de uma válvula de alívio no sistema.

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Válvula de alívio

Escolheu-se uma válvula de alívio da marca CSA.

Princípio de Funcionamento

A válvula de alívio é um equipamento usado para expulsão


de água de uma conduta quando a pressão chega a
valores demasiado elevados para a conduta e seus
equipamentos (sobrepressão). Ao chegar a esses valores a
compressão na mola torna-se tão elevada que haverá
abertura da válvula e libertação de água para o exterior.

Dimensionamento da válvula

O catálogo da marca disponibiliza um gráfico que serve para o dimensionamento da válvula


que estabelece a relação entre caudal e pressão.

Com dados de caudal igual à 0,191 m³/s e de pressão de 271,62 m teremos DN150 – o ponto
dado pelas nossas condições dão-nos um valor à esquerda da curva logo será o diâmetro
escolhido.

(De notar que o gráfico disponibilizado pela marca é feito para até PN25 mas a CSA tem
disponível PN40 que será o diâmetro escolhido)

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Tempo de reacção

= 0,008 * 150 * = 0,732 s (fórmula do catálogo da CSA)

Tr é o tempo de reacção

D – válvula - diâmetro em mm – 150 mm

Pt a pressão em que a válvula é accionada em m – considera-se que será 20% da pressão


máxima que teremos com Tf=0,35s que será de 271,36 - 271,36 * 0,2 ≈215 m

Para o caso de haver necessidade de aliviar a sobrepressão que actuará sobre a conduta e
equipamentos a válvula não terá uma reacção rápida o suficiente em relação à fase do choque
hidráulico já que o tempo de fecho da válvula borboleta será de 0,35 segundos enquanto a
reacção da válvula de alívio é bastante maior, sendo de 0,732 s.

Isso faz com que a válvula de alívio em causa seja redundante no caso de Tf = 0,35 s. Como só
haverá problemas com o choque hidráulico para tempos de fecho também quase instantâneos
a válvula nunca terá efeito para esta adutora gravítica. Poderia ser usada em casos em que
tempos de fecho maiores poderiam provocar problemas, como por exemplo casos com maior
liderança de cota entre os dois extremos da obra.

Assim, em caso algum o sistema poderá ser fechado em tão pouco tempo, para salvaguarda da
integridade de condutas e equipamento.

Instalação

A válvula tem que ser instalada numa posição vertical, o mais próximo possível do local de
ocorrência do choque hidráulico e dentro de uma câmara para esse efeito. Tem que existir
válvula de seccionamento que permita retirar a válvula de alívio caso seja necessário. Como,
em caso de choque hidráulico, haverá grande expulsão de água pela válvula de alívio haverá a
necessidade de existir um sistema de drenagem.

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Dimensionamento do sistema de drenagem

(fórmula do catálogo do construtor)

Qs= 191 l/s

Pmax = 274 m

D = 108,775 mm, então teremos DN150

Manutenção

As válvulas de alívio, sendo um equipamento com alguma sensibilidade, precisam de


inspecções regulares de modo a verificar se estão com condições de bom funcionamento.

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8. CONCLUSÃO

O presente trabalho serviu para o estudo do choque hidráulico em adutora gravítica


para aproveitamento hidroeléctrico com escolha de traçado sendo a velocidade de
escoamento e dimensão da secção da adutora dados fornecidos.

O fenómeno do choque hidráulico ocorre quando existem mudanças bruscas de


regime de escoamento, sendo que este, de uma forma geral, caracteriza-se pela
velocidade inicial com que se processa o escoamento.

A análise do fenómeno feita pelo grupo de trabalho concluiu, que este, influencia
pouco o bom funcionamento do circuito hidráulico da mini-hídrica em estudo, pois
forçando uma lei de fecho lenta este praticamente não se processa, contudo para uma
lei de fecho rápida, considerando a interrupção abrupta do funcionamento da turbina,
o choque hidráulico ocorre numa ordem de grandeza aquém de danificar a conduta
em F.F.D. mas que poderá danificar os acessórios. Logo foi necessário arranjar uma
solução de forma a satisfazer essa situação, como está demonstrado no relatório.

O grupo de trabalho concluiu também que o fenómeno do choque hidráulico deve ser
sempre alvo de estudo, da parte do projectista para todas as situações que possam
envolver mudanças bruscas de regime, pois o negligenciar este facto pode traduzir-se
em avultados prejuízos humanos, económicos e sociais pois o seu efeito pode ser
devastador. O projectista, sempre numa luta contra o tempo, dispõe de software de
fácil acesso e amigo do utilizador e se quiser ser expedito, as análises preliminares,
simples contas, podem logo eliminar o estudo do fenómeno mais profundamente,
decisão essa que é da responsabilidade do projectista.

A forma como o grupo de trabalho lidou com o tema, como foi instituído pelo docente,
foi muito didáctica, motivante e de agrado ao grupo pois baseou-se numa forma
pragmática de estudar e engenhar um fenómeno, um projecto e um problema numa
perspectiva que se aproxima da realidade dos gabinetes de engenharia, onde as
situações em estudo não se podem isolar dado que a realidade é inclusiva de
variadíssimos fenómenos função de outros, de ordem de grandeza diferentes e por
vezes aparentemente díspares que obrigam ao bom engenheiro ser uma entidade
pragmática alicerçada em conceitos teóricos sempre presentes para que minimize o
erro que advém da escolha.

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Bibliografia

J. Novais-Barbosa, Mecânica dos Fluídos e Hidráulica Geral, Porto Editora

Júlio F. Ferreira da Silva, Outubro 2002, Estudos de Engenharia Hidráulica Aplicada aos
Sistemas Urbanos, Universidade do Minho

Eng. Teixeira da Costa et al., 2001, Choque Hidráulico (Golpe de Aríete), Universidade
do Algarve

John Parmakian, 1966, Water Hammer Analysis, Dover Publications

E. Benjamin Wylie & Victor L. Streeter, 1978, Fluid Transients, McGraw-Hill Inc.

Catálogos:

http://www.saint-gobain-canalizacao.com.br/home/

http://www.bermad.com.au/files/assets/VRCA-Relief-valve.pdf

http://www.elan.ind.br/valvulas/valvulas-borboleta-alta-performance.html

http://www.saltosdelpirineo.com/

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ANEXOS

Topografia do terreno

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Planta do terreno com


conduta gravítica assinalada

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Perfil Vertical da adutora gravítica

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