Sie sind auf Seite 1von 3

file:///C:/Users/DRJOSI~1/AppData/Local/Temp/online-41.

html

Tribunal de Justiça do Estado da Bahia


PODER JUDICIÁRIO
CAMAÇARI
1ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - CAMAÇARI - PROJUDI

Centro Administrativo, s/n, anexo F. Clemente Mariani, Centro - CAMAÇARI


camacari-1vsj@tjba.jus.br - Tel.: 71 3621-8700

Processo Nº: 0006176-04.2016.8.05.0039

Parte Autora:
WILLIAM BARBOSA ARAUJO

Parte ré:
ADMINISTRADORA DE CONSORCIO NACIONAL HONDA LTDA

SENTENÇA

Vistos etc.

Dispensado o relatório, de acordo com o disposto no art. 38 da Lei 9.099/95.

Afirma a parte autora que celebrou junto a Acionada contrato consorcial e,


posteriormente percebeu a inclusão de serviço de SEGURO DE VIDA supostamente
não autorizado. Pleiteia a restituição dos valores atinentes ao serviço não
contratado, assim como a condenação do Acionado a condenação por danos morais.

Passo a adentrar no mérito.

Do contexto probatório observa-se que de fato, nas faturas há a cobrança de serviço


intitulado como SEGURO DE VIDA.

Dessa forma, entendo que as alegações da parte Autora hão de ser tidas como
verossímeis, na medida em que não foram elididas por prova idônea. Ademais,
restou demonstrado que o serviço prestado pela Acionada não foi aquele contratado
pela Autora, principalmente no que tange às informações prestadas pela mesma.

A hipótese dos autos deve ser analisada sob a ótica do Código de Defesa do
Consumidor, vez que as partes subsumem-se nas figuras de consumidor e
fornecedor.

Compulsando os autos, tenho que razão assiste a parte autora. Trata-se de evidente
venda casada, porque não possibilita ao consumidor a adquirir tão somente o serviço
de natureza consorcial.

A venda casada é considerada abusiva e constitui prática vedada no ordenamento


jurídico (CDC, art. 39, I), pois condicionar o fornecimento de produto ou de serviço
a outro implica constranger o consumidor a contratar ou adquirir o produto/serviço
que está embutido naquele que efetivamente almeja.

No caso, o fornecedor impôs a contratação de seguros adjeta à compra do produto,


situação própria dos contratos de adesão celebrados entre consumidores tomadores
do empréstimo e a instituições financeiras.

Nessa senda, configurada a prática abusiva pela Acionada, que violou direitos

Assinado eletronicamente por: JOSIMARIO


SALOMAO VILAS
DE ALMEIDA
BOAS FRANCA;
SANTOS;
Código de validação do documento: 5f1e8462
61cb330e aa ser
ser validado
validado no
no sítio
sítio do
do PROJUDI
PROJUDI -- TJBA.
TJBA.
1 de 3 07/12/2017 07:35
file:///C:/Users/DRJOSI~1/AppData/Local/Temp/online-41.html

básicos do consumidor, pelo que deve ser rechaçado. Assim, ainda que insista a
Acionada em afirmar que agiu de forma legítima a conduta mostrou-se inteiramente
irregular, pelos fundamentos já explicitados.

O que resta patente é que a Acionada incorreu em prática abusiva, nos termos do
art. 39, incisos III e IV do CDC, violando direitos do consumidor.

Outrossim, dúvidas não subsistem de que a demandada praticou ato ilícito e, por
este motivo, tem obrigação de indenizar, como preceitua o artigo 186 do Código Civil
e artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal de 1988 considerando que, por ação
voluntária negligente, violou direito e causou dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral.

De qualquer forma, verifica-se que existe uma relação de consumo e, por isso, resta
patente a incidência do Código de Defesa do Consumidor ,visto que o(a) autor(a) se
utilizaria de serviço prestado pela ré como destinatário final. Por seu turno, o artigo
3º, parágrafo segundo, afirma que fornecedor é toda pessoa que presta serviço
mediante remuneração.

Prescreve a lei 8.078/90, artigo 14, que:

“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição
e riscos.

§ 1º. O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o


consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as
circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - o modo de seu fornecimento;

II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III - a época em que foi fornecido.

§ 2º. O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas


técnicas.

§ 3º. O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando


provar:

I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

§ 4º. A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será


apurada mediante a verificação de culpa.”

Diante do supracitado dispositivo legal, a responsabilidade do Requerido é objetiva,


ou seja, independe de culpa e só pode ser afastada por culpa exclusiva do usuário
do serviço ou de terceiro, o que não restou provado nos autos.

Ao prestar serviços defeituosos, não fornecendo ao consumidor a segurança


necessária para impedir que sejam vítimas de práticas abusivas, os requeridos
fizeram surgir um dano moral decorrente da violação da honra do(a) requerente que
deve ser reparado, ainda que não tenha agido com culpa. Ademais, ressalto que
incumbia ao Acionado a prova de que a requerente contratou os produtos descritos
na proemial, o que não foi feito.

Se o dano moral se constitui em dor, vexame, tristeza, humilhação,


constrangimento, o simples fato de o autor ter sido vítima de prática abusiva e
cobrado por produto não contratado, é suficiente e bastante para ensejar o dever de
Assinado eletronicamente por: JOSIMARIO
SALOMAO VILAS
DE ALMEIDA
BOAS FRANCA;
SANTOS;
Código de validação do documento: 5f1e8462
61cb330e aa ser
ser validado
validado no
no sítio
sítio do
do PROJUDI
PROJUDI -- TJBA.
TJBA.
2 de 3 07/12/2017 07:35
file:///C:/Users/DRJOSI~1/AppData/Local/Temp/online-41.html

indenizar. Desnecessário, por isso, que se prove qualquer outro fato, haja vista que
não se pode pretender que alguém prove a tristeza ou dor que passou.
Caracterizada, assim, a existência de dano moral e, consequentemente, a obrigação
de indenizar.

Registre-se que inexistem critérios legais para se fixar o valor da indenização pelos
danos morais. Portanto, e segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, deve
o magistrado considerar que a quantia a ser paga tem que representar, para quem a
recebe, uma compensação pelo vexame e humilhação sofridos. Ao mesmo tempo,
deve se constituir em uma sanção ao violador, desestimulando-o a repetir a conduta
ilícita. Não se pode olvidar, entretanto, as condições sociais das partes, nem
permitir-se que a indenização percebida se transforme em um enriquecimento ilícito.

Analisando estas circunstâncias, mormente as condições sociais das partes,


verifica-se que a quantia não pode ser tão diminuta ao ponto de se tornar
inexpressiva para o suplicado, empresa de grande porte, fazendo com que valha a
pena repetir a conduta e continue lesando outros consumidores. Digno de nota,
também, é que o requerente em nada contribuiu para o cometimento do fato.
Destarte, arbitro a verba indenizatória em valor equivalente à R$ 4.000,00 (quatro
mil reais).
No tocante ao pleito de devolução, em dobro, entendo que merece prosperar ante a
violação ao preceito legal do art. 42 do CDC.

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTES EM PARTE os pedidos contidos na exordial


para CONDENAR A ACIONADA a restituir, em dobro, os valores efetivamente pagos
sob a rubrica SEGURO DE VIDA, a qual deverá ser devidamente atualizada
monetariamente, a partir do efetivo pagamento, assim como condenar a parte
Acionada a pagar Autora, a quantia de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), a título de
danos morais, corrigido monetariamente pelo INPC e acrescido de 1% a.m., a contar
da data de prolação da sentença, conforme Súmula 362 do STJ.

Sem custas e honorários advocatícios.

P.R.I.

CAMAÇARI, 1 de Novembro de 2016.

MELISSA MAYORAL PEDROSO COELHO LUKINE MARTINS

Juíza de Direito
Documento Assinado Eletronicamente

Assinado eletronicamente por: MELISSA MAYORAL PEDROSO COELHO LUKINE MARTINS


Código de validação do documento: 573a12de a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.

Assinado eletronicamente por: JOSIMARIO


SALOMAO VILAS
DE ALMEIDA
BOAS FRANCA;
SANTOS;
Código de validação do documento: 5f1e8462
61cb330e aa ser
ser validado
validado no
no sítio
sítio do
do PROJUDI
PROJUDI -- TJBA.
TJBA.
3 de 3 07/12/2017 07:35

Das könnte Ihnen auch gefallen