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Ele está sentado sobre um lótus e um disco de lua na postura vajra. Em seu
coração, sobre um lótus e um disco de lua, está́ a silaba HUNG circundada
pelo mantra.
Essa base é o aspecto mais profundo em nós. Essa base não é uma ausência,
ela é uma base lúcida, é a base de onde surgem todas as sabedorias de todos
os Budas. É a fonte silenciosa de onde, ao olharmos a nossa própria
experiência mental e as aparências, a lucidez surge.
O Prajnaparamita descreve essa base como a que origina Rigpa, que origina a
lucidez. Ele descreve essa base como a mãe de todos os Budas dos tempos
passados, também dos tempos presentes e dos tempos futuros. Essa base
corresponde ao Buda primordial, corresponde a Samantabadra ou
Kuntuzangpo. Essa base é a natureza verdadeira do Buda da Medicina.
Assim, o Buda da Medicina manifesta essa luz incessante. Essa luz incessante
é também a qualidade que nós mesmos temos.
Nós estamos aqui falando, agora, dos meios hábeis do Buda da Medicina.
Ainda assim, a aparência que ele manifesta está livre dos três venenos, está
livre da ignorância – avidya, está livre da ignorância – moha; está livre da
aquisitividade e está livre da raiva. Ela está livre, também, das emoções
perturbadoras dos seis reinos. E está livre de cada um dos doze elos da
originação dependente e, por isso, o Buda da Medicina tem a aparência de
Nirmanakaya.
Ele senta sobre a lucidez de Bodicita que busca trazer benefícios a todos os
seres. Esse lótus tem mil pétalas, que correspondem a todos os meios hábeis
da manifestação do Buda. O disco de lua manifesta a luminosidade, a energia
natural que se originam da natureza primordial.
Essa é a expressão do meio hábil em ação. Então, nós temos a sílaba HUNG
que transforma a confusão em lucidez. No centro do nosso coração, que é a
união da mente e da energia, está a sílaba HUNG. Enquanto o mantra é
recitado, ele gira ao redor da sílaba HUNG – isso é a ação da nossa prática, é
a ação da recitação do mantra.
O princípio ativo do remédio que cura todas as aflições, que é o rei dos
medicamentos, é justamente a sílaba HUNG. A sílaba HUNG, quando se dirige
à multiplicidade de seres e à multiplicidade de dores em todas as direções,
elimina a ignorância, elimina avidya, elimina moha, elimina a aquisitividade e
também a raiva. A silaba HUNG elimina, ainda, as seis emoções
perturbadoras. Pelo poder da lucidez, todas essas aflições cedem.
Enquanto nós recitamos podemos olhar com a nossa mente os seres que
queremos beneficiar.
Todos os seres que buscamos beneficiar têm uma relação não-dual com o
solo-morada do ser. Eles são inseparáveis no aspecto original, são
inseparáveis da natureza primordial do Buda Primordial. Eles já são
inseparáveis, portanto, eles têm o poder de se liberar totalmente. Esse poder
de liberação é essencialmente a capacidade de reconhecer os aspectos
construídos como expressão luminosa do solo morada do ser, da natureza não
construída e livre. Ele vem da capacidade de reconhecer e purificar as
aparências como uma manifestação da clara luz, incessantemente manifesta a
partir da natureza primordial.
Então, nós adivinhamos isso. Nós olhamos para os nossos filhos, para os
nossos pais, para os nossos irmãos, para os nossos amigos – que podem estar
em aflição – e adivinhamos que eles podem, simplesmente, reconhecer todas
as aparências. E reconhecer a sua própria expressão luminosa, lúcida.
Reconhecer a sua própria inteligência condicionada como expressão de
darmata, darmakaya, tsal, lung, da energia incessantemente presente e
radiante da natureza primordial.
E assim, nós podemos trazer benefícios aos seres vivos, aos seres que estão
em aflição, e aos seres que faleceram.
Nós podemos, não apenas olhar os seres humanos, mas olhar todos os seres.
Nós podemos olhar, também, todas as plantas, todas as expressões de vida
que se manifestam a partir da natureza primordial. Nós podemos olhar,
também, todas as bactérias e todos os vírus, que manifestam inteligência de
construção de outras realidades e de transformar seu próprio corpo físico em
outras expressões e, desse modo, se relacionarem à vida como um todo.
Enquanto nós recitamos, vocês não pensem que a recitação é alguma coisa
mística. A recitação é uma forma de mantermos um eixo na mente,
que sustenta a visão correspondente ao Buda da Medicina.
Então, aqui, nós estamos colocando a nossa mente na forma da sílaba HUNG,
e a partir da sílaba HUNG estamos olhando as expressões da ignorância. A
partir desse olhar, com a sílaba HUNG, nós reconhecemos o solo morada do
ser. E reconhecemos a luminosidade da mente e a vida existindo em todos os
lugares como uma expressão luminosa da natureza primordial.
[Lama faz a recitação do mantra]
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
Enquanto nós recitamos, isso pode ser muito longo, pode ser um trajeto
espiritual de uma duração incerta, pode ser uma vida, podem ser várias vidas
também.
Nós reconhecemos que a própria vida, como nós estamos vendo, se expressa
através dos três venenos, das seis emoções perturbadoras. E assim nós temos
essa experiência de que a própria vida é um obstáculo. E nós seguimos
recitando:
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
E nós vemos todos os seres com impulsos equivocados, porque eles buscam
resolver os problemas da vida simplesmente mudando de paisagem mental,
mudando de bolha, transmigrando numa outra direção e fixados à upadana,
tentando acumular e ganhar algum nível de solidez. E reconhecemos que isso
não vai produzir resultados.
[Lama faz a recitação do mantra]
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
E o que nos faz compreender melhor? O que nos faz compreender melhor é
justamente o fato de que nos aproximamos desse lugar amplo e livre – onde
não há conteúdos – e olhamos os conteúdos. Quando passamos a olhar os
conteúdos naturalmente purificamos esse lugar, progressivamente purificado,
que se aproxima do solo morada do ser aonde não há nenhuma limitação
proveniente da elaboração. Nos aproximamos da forma não fabricada de estar.
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
Enquanto a nossa visão purifica reconhecemos que nós, assim como cada um
dos outros seres que estamos focando (esses seres, eles têm a natureza
luminosa dentro deles, que vai produzindo a partir de referenciais anteriores e
construídos – ou seja, vai construindo através do que nós chamamos de
originação dependente, vai construindo as expressões que eles mesmos
manifestam; é como o vírus, nesse momento, ele adquire uma outra forma) nós
também, incessantemente, adquirimos outras formas e outras formas.
Com essa visão Guru Rinpoche previu que o templo de Samye, nos tempos de
degenerescência, se tornaria abrigo de animais selvagens e, também, local de
tortura para seres dos infernos.
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
E seguimos recitando.
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
Enquanto nós recitamos com essa clareza, entendemos por que o Buda da
Medicina é chamado o Supremamente Bem-Aventurado Buda da Medicina.
Nós sabemos por que ele é pacífico e sorridente, e porque ele brilha numa
auréola de luz, e porque ele tem esse HUNG circundado pelo mantra em seu
coração.
Todos os seres podem brilhar numa auréola de luz, porque essa é a condição
natural deles. Todos os seres podem repousar no equilíbrio meditativo e
podem manifestar todas as marcas maiores e menores da perfeição. E podem
se expressar como nirmanakayas.
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
OM BEKA DZE BEKA DZE MAHA BEKA DZE RADZA SAMUDGATE SOHA
Homenagem! Ó Buda da Medicina, que tudo permeia, tudo conhece e tudo vê,
você dissipa nossos sofrimentos e enfermidades.
Por meio dessa virtude, que todos os seres possam alcançar o estado búdico
rapidamente.