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A beleza da vida não se encontra no marasmo, ela não é uma linha reta sem
desafios, sem perdas... Ao contrário, a Vida é desafio, envolve enfrentamentos,
superações, construções de sentidos, alegrias, momentos de intenso prazer e momentos
de fazer lutos por perdas. O incrível é que quanto mais acreditamos na tal felicidade plena,
mais somos infelizes, angustiados, doentes, e acabamos fazendo uso impensado das
drogas que se oferecem, numa tentativa (por vezes desesperada) de apaziguar o caos ou
a sensação de vazio. E o pior: parece que tudo que se contrapõe à tal felicidade, logo vira
doença!
A Psicanalista Maria Rita Kehl afirma que hoje estão aparecendo nos
consultórios aqueles Sujeitos que já tentaram por todas as outras vias curar suas dores
psíquicas. Estes “se queixam, com sinceridade, não suportar mais a desafetação e o
automatismo de seu funcionamento “normal”... (...) Já não suportam o vazio e a
insignificância de seu “bem estar”. (...) ...o bem-estar não é a cura, porque curar-se
significa ser capaz de sofrer, de tolerar o sofrimento. Estar curado, desse ponto de vista,
não é simplesmente ser feliz, é ser livre”.
Diante da falta de sentido para a vida, tão presente nos discursos da clínica
contemporânea, a Psicanálise mostra que o processo da fala e escuta se oferecem como
possibilidade de produzir uma compreensão de si. A partir daí poderá surgir a coragem tão
necessária à vida, a coragem (e a satisfação) de desejar, realizar, agir.
Célio Pinheiro
CRP 08/0578