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Curso: Direito
O Estado absolutista
- A primeira forma de Estado moderno que devemos destacar é o absolutismo. Ele foi o
resultado de um longo processo histórico que começa com a crise da sociedade feudal, a partir
do século XIV, na Europa ocidental. Os tradicionais estamentos aristocráticos – a nobreza e o
clero – passavam a defrontar uma nova classe social em formação: a burguesia. Enriquecida
pelas actividades comerciais que renasciam, a burguesia buscou estabelecer uniões políticas
com monarcas. Ao aproveitar a forte disputa entre essas camadas sociais para ampliar seu poder
político. Um novo tipo de Estado, formando com o apoio burguês, acabou por centralizar todas
as decisões políticas, e sua força se estendeu por vastos territórios antes controlados pelos
senhores feudais. A realeza foi assumido directamente a administração económica
(mercantilista), a justiça e o poder militar. É claro que a formação dos Estados absolutistas não
seguiu um mesmo trajecto em todos os países europeus. Fortes conflitos entre países, entre
burguesia e aristocrata, entre católicos e protestantes, entre camponeses e senhores e entre
Estado e sociedades civil marcaram todo esse período histórico de formação do mundo
capitalista. O Estado absolutista teve em Thomaz Hobbes (1588-1679) o seu grande
representante teórico. De um ponto de vista lógico, a sua teoria procurava as origens do Estado,
sua razão de ser, sua finalidade. Em Hobbes, o Estado soberano significava a realização
máxima de uma sociedade civilizada e racional. Em estado natural, isto é, sem o jugo político
do Estado, os homens viveriam em igualdade segundo os seus instintos. O egoísmo, a ambição,
a crueldade, próprios de cada um, gerariam uma luta sem fim, limitando a vida em sociedade,
levando-os. Somente o Estado, um poder acima das individualidades, garantiria segurança a
todos. Quanto mais soberano fosse este, mais humanos, e portanto racionais, seriam os homens
vivendo em sociedade. A acumulação de poder, a soberania do Estado deveria ser permanente
para evitar que os institutos naturais do Estados deveriam ser permanentes para evitar que o
instituto natural manifesto nos homens rompesse o equilíbrio necessário ao desenvolvimento da
consciência racional. As ideias de Hobbes refletiam as características principais da sua época.
Em pouco tempo quase toda a Europa seria absolutista. O máximo do absolutismo ocorreu no
século XVII, e a França, sob o reinado de Luís XIV (1661-1715), é apontada como a nação que
o vivenciou em sua forma mais plena. Alguns dos antagonismos que marcam o início das
monarquias nacionais permaneceram no período do Estado absolutista, ainda que com menos
intensidade. A luta entre o Estado e o papo, ou seja, a Igreja Católica, é um deles. Ao Estado
nunca interessou afastar Igreja da cena política, tampouco destruí-la enquanto instituição
religiosa que cuida do lado espiritual das pessoas, de suas crenças. Melhor seria submetê-la ao
seu poderio, mas conversando sua função religiosa, posto que o próprio Estado dela se
beneficiaria. Cabe lembrar que o Estado absoluto legitimou a sua dominação por meio de certos
princípios retirados o catolicismo, que princípios foram encontrados na teoria do direito divino
dos reis, elaborada pelo bispo francês Jacques Bénigne Bossuet (1627-1704), em sua obra. A
política inspirada nas Sagrada Escritura, de 1679. Segundo a doutrina do direito divino dos reis,
o monarca é representante do poder de Deus na Terra e a sua autoridade deve ser sagrada. Mas a
vontade do rei deveria Ter alguns limites que seriam ditados pelos mandamentos de Deus, não
podendo, portanto, subverter as regras gerais da moral e da justiça. O monarca não possuía o
direito de fazer aquilo que bem entendesse. De certa maneira a legitimidade divina do rei se
assemelha aquela do senhor feudal em seu domínio, que, devido à posição hierárquica mais alta
em relação aos seus dependentes, mais próximo estaria da hierárquica divino, que, enfim, o
levaria a Deus. Entretanto, a semelhança com o senhor feudal termina aí, pois a hierarquia
terrestre já estava bem modificada e o subordinado foi substituído pelo súbdito.
O Estado Liberal