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DIREITO ECONÔMICO
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em dois casos: quando houver relevante interesse coletivo estará cometendo crime, pois esse serviço seria privativo
ou imperativo de segurança nacional. da ECT. Ocorre que esta lei é anterior à CF/88 que não
considerou serviço postal como seu monopólio, ao
O Estado democrático de direito só foi implantado contrário, traz em seus artigos 21, X e 22, V que a União
com a CF/88. compete administrar e legislar sobre serviço postal. Por
O que caracterizou a mudança do Estado social isso, não está tipificado na CF que é monopólio da União.
para o Estado democrático de Direito foram as Assim, de acordo com a maioria da doutrina, a Lei 6.538/78
desestatizações. Por exemplo: O Estado ao invés de não foi recepcionada pela CF/88.
realizar atividade econômica de energia elétrica com a light,
ele desestatizou a light e passa para um particular e criou
uma agência reguladora, pois é mais barato fiscalizar do A estatal existe para concorrer com empresas
que realizar atividade econômica. privadas, por isso não pode ser monopolista.
O processo de desestatização nada mais é do que Estatal: pessoa jurídica de direito privado
o efetivo cumprimento da CF/88, art. 173.
Regime pessoal da Estatal: celetista. Por Ex:
Assim, se uma estatal realiza atividade econômica advogado da Petrobrás é empregado público (celetista), por
que não apresenta interesse coletivo ou imperativo de concurso.
segurança nacional, ela deverá ser privatizada e o Estado
só poderá intervir indiretamente. A privatização é uma Art.170 da CF/69 dizia que o Estado podia ou não
exigência do constituinte ordinário. exercer atividade econômica, a CF/88 rompeu com essa
idéia prevendo que o Estado só realiza atividade econômica
FORMAS DE ATUAÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA: se tiver interesse coletivo ou imperativo de segurança
nacional (art.173, CF)
Dica: Prof. de banca adora fazer comparações
●Indireta (art.174 CF) - Fomento (incentivo) entre a CF/88 e as anteriores. (ler: Constituições do Brasil –
Campanoli).
- regulações
Nunca falar em uma prova oral “eu entendo
- sancionamento que.....”; ou “a doutrina majoritária entende que...”, deve-se
- planejamento falar: “alguns entendem que...”
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A subsidiariedade está prevista no art. 173 e diz 2) Regime societário – a sociedade de economia
que o Estado só poderá atuar diretamente na atividade mista tem previsão em lei (Lei 6404:;76, art.235 –
econômica se tiver interesse coletivo ou imperativo de Lei das S.A). Toda sociedade de economia mista é
segurança nacional. uma S.A. . Já a empresa publica não tem forma
O princípio da abstenção diz que o Estado não prescrita em lei, e deve trazer qualquer forma
pode tomar estratégia econômica empresarial em nome de mercantil prescrita em lei civil ou comercial.
agente econômico (particular). Quem deve escolher
estratégia empresarial é o particular. Em situações 3) Foro competente para seus interesses – a
excepcionais o Estado poderá intervir na estratégia empresa pública federal é julgada pela Justiça
empresarial, por exemplo, no que diz respeito a tabela de Federal, art.109, I, esse artigo não fala na
preços. Há divergências: competência para sociedade de economia mista,
logo, quem irá julgar é a Justiça Estadual, mesmo
Entendimento majoritário: Entende que o se for federal. Súmulas 42 STJ e 517 STF.
tabelamento de preços não viola a abstenção. Condições
para sua validade: OBS: antigamente existia uma quarta diferença
que dizia que a sociedade de economia mista não pode falir
- que haja anormalidade no mercado, desequilíbrio. Por e a empresa pública pode. Hoje em dia não se fala mais
exemplo, o que ocorre com os medicamentos. nisso, pois entende-se que as duas estão sujeitas a
falência.
- que só seja implementado pela União
Regime Pessoal da Estatal: É celetista. Art.37, II
- não pode afastar o mínimo da lucratividade das empresas.
CF. O empregado da estatal passou por concurso público,
Precedente: ADIN 319. Julgou improcedente o não tem estabilidade. Art.41 CF
pedido de declarar a inconstitucionalidade da Lei 8.669, que
Estabilidade: o servidor público só poderá ser
dizia que as mensalidades escolares só poderiam ser
demitido mediante processo administrativo disciplinar.
aumentadas conforme os índices oficiais de educação.
Alegavam que violava o princípio da abstenção, uma vez A estatal só se submete ao teto do funcionalismo
que o Estado estava intervindo na estratégia empresarial. se receber recursos orçamentários para cobrir despesas de
pessoal, ou despesas em geral. Art.37, XI, c/c § 2.
A segurança jurídica diz que o particular tem o
direito constitucional de planejar sua vida econômica com a A Estatal pode realizar atividade econômica ou
segurança observada no direito, na lei. Como conseqüência serviço público. Não é importante saber qual o tipo de
desse princípio temos o princípio da não surpresa, que diz atividade que a estatal realiza, a não ser para fins de
que ele não pode ser surpreendido por medidas estatais de responsabilidade civil.
caráter econômico que inviabilizem sua atividade
econômica. Serviço público, art.37, § 6 – responsabilidade objetiva
Precedente: ADIN 2666; Julgou constitucional a CPMF da Atividade econômica: art.173, § 1, II – responsabilidade
EC 37. subjetiva
Divergências:
Há três tipos de empresas estatais:
- sociedade de economia mista
Entendimento majoritário: não há responsabilidade
- empresa pública
subsidiária do Estado porque só responde pelo dano que
- subsidiárias imediatamente causou (teoria da causalidade imediata)
Entendimento minoritário:
As subsidiárias são pessoas jurídicas vinculadas a uma Carvalhinho Se a estatal não tiver como reparar os
outra pessoa jurídica, por exemplo, a Petrobrás tem como prejuízos, deverá responder subsidiariamente (culpa in
sua subsidiária a BR distribuidora. eligendo).
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Outros autores: Bens privados de natureza pública. A desestatização é um fenômeno genérico que
RE 220.906 / DF e informativo 193. Entendeu que pode se realizar de quatro formas diferentes:
os bens da ECT são impenhoráveis. A estatal ECT é - privatização
prestadora de serviço público (serviço postal). - concessão
- regulação
Princípio da continuidade do serviço publico. O STF não diz - terceirização
que o bem é publico ou privado só diz que o bem e
impenhorável. Por isso, não se deve deixar influenciar por
Não devemos confundir privatização com
esta decisão quanto à natureza jurídica.
desestatização, porque a privatização é uma espécie do
LICITAÇÃO: ARTIGO 173, § 1, III C/C ARTIGO gênero desestatização. A desestatização é um fenômeno
22, XXVII CF que busca atender os princípios constitucionais da
eficiência (garantia de melhores resultados) e da
Aula 3 - 13.01.2005 economicidade (realização de menores custos com maiores
No Brasil ainda não existe um estatuto jurídico benefícios )
para empresa estatal. Artigo 173, § 1, III As estatais devem Artigo 70 CF
ter uma lei diferenciada para licitação por que se ela tiver A idéia da privatização é que melhore o
que aplicar a lei de licitação 8666/90, ela terá prejuízo na serviço e diminua a tarefa, só que no Brasil não e assim
concorrência com as demais empresas privadas, porque se que acontece.....
o fornecedor pode vender seu produto diretamente para A privatização pressupõe a alienação de
Texaco, por que ele iria entrar com processo licitatório ativos / bens móveis e imóveis de uma estatal. É regulada
burocrático para vender o mesmo produto para a pela lei 9491/97. Essa lei tem o nome ‘’ programa de
Petrobrás? Desestatização’’ , foi uma confusão do legislador que
equiparou a desestatização com privatização. Essa
Porém esta lei diferenciada ainda não existe nem confusão do legislador tem fundamento na corrente
sequer em projeto. Em razão disto, que tipo de licitação minoritária que defende a equiparação da desestatização
deverá ser feita pelas estatais? com a privatização.
Divergências:
Os objetivos da desestatização são: Art. 1º da
Primeira corrente: Enquanto não for elaborado o estatuto Lei 9491/97
das estatais previsto no art. 173 da CF, as empresas
públicas e as sociedades de economia mista devem
- reduzir a divida publica
observar a lei 8666, já que estão adstritas ao principio da
- regular
legalidade. (entendimento minoritário)
- incentivar a entrada de
Segunda corrente: Enquanto não for elaborado o estatuto capital privado
jurídico a estatal poderá fazer regulamentos próprios para - incentivar o
cada tipo de licitação, não devendo ser aplicada a lei 8666. desenvolvimento da
Essa tese rompe com a primeira corrente. tecnologia
A estatal fará regras próprias já que não se tem uma lei - concentrar esforços em
genérica (entendimento minoritário) áreas residenciais
Terceira corrente: Enquanto não vier o estatuto da estatal,
A Lei 9491/97 é uma lei de ‘’ privatização’’ , que
deverão ser observados tão somente os princípios gerais
vai regular o processo de alienação de bens públicos (bens
da lei 8666 não precisando observar o rito dessa lei, que
móveis e imóveis das estatais).
são os que estão expressos no art. 173, § 1º, III CF
O art. 2º dessa lei é que demonstra a confusão do
(entendimento majoritário). Existe uma grande variação na
legislador influenciado pela corrente minoritária que
doutrina do que sejam os princípios gerais da
equipara desestatização com privatização. Mas não importa
administração, a doutrina majoritária entende que são os
o que diga a lei e sim a ciência do direito econômico.
princípios constitucionais.
O art. 4º dessa lei fala das modalidades de
III - Desestatização
alienação dos bens públicos. A forma mais clássica de
alienação desses bens é o leilão (art. 4º, § 3º)
Ocorre quando o Estado se retira da atividade
econômica por entender que não representa imperativo de
A alienação de bem público deve se submeter ao
segurança nacional ou relevante interesse coletivo.
processo licitatório (Lei 8666) O art. 17 da Lei 8666 diz que
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todo bem da Administração Pública deve obedecer dois 2) Fundo Nacional de Desestatização (FND)
requisitos para ser vendido: avaliação prévia e demonstrar
interesse público em alienar o bem. Esse mesmo artigo diz O BNDES (Banco nacional de desenvolvimento
que em se tratando de bem imóvel outros dois requisitos econômico e social) é o gestor do FND. É o orgão executor
são exigidos: licitação na modalidade de concorrência e do processo de desestatização (marca leilão, faz o edital,
autorização legislativa (Decreto de Lei) Normatização publica no DO.)
genérica. Art. 9º (composição), artigos 17, 18, (competência)
A lei 9491/97 dispõe que para alienação dos bens
públicos a modalidade a ser seguida é o Leilão e ainda diz
que no processo de privatização a autorização para alienar Processo de privatização:
o bem vem através de Decreto do Presidente da Republica
( art. 6º, I). 1) Instauração: se instaura com Decreto do Poder
Executivo, desde que haja prévio pronunciamento
Logo que surgiu essa Lei foram interpostas duas favorável do CND (artigo 6, I ), sob o fundamento de
ADINs, a ADIN 204 e a ADIN 562 questionando a evitar que a privatização seja uma medida política do
constitucionalidade dessas duas modificações (autorização Executivo (discricionariedade) O Presidente da Republica
por decreto executivo e alienação por leilão ) sobre os não está vinculado ao parecer do CND. Uma vez elaborado
seguintes argumentos : o decreto, poderá ser feito o edital.
- A lei 9491/97 viola o principio da legalidade, art.
37, XXI e XIX, CF, que diz que a estatal será criada
mediante lei, pois se precisa de lei para criar estatal 2) Edital: art. II. Deverá ser publicado em diário oficial e
não pode um decreto extinguir ( principio da simetria das em jornal de grande circulação. Esta exigência gerou
formas) problema no caso da venda da
- O bem sendo público só poderia ter alienação Vale do Rio Doce que publicou o edital apenas na
realizada pelo representante do povo e não pelo Executivo. Gazeta Mercantil. Ocasionou uma ação sob o
O STF entendeu constitucional a Lei 9491/97 sob argumento que o jornal Gazeta Mercantil é um jornal
os argumentos de que essa lei atende o art. 37, XXI CF, ao mais técnico do que popular. O juiz entendeu que
dispor que será criada por lei, entende-se que bastava a publicação do jornal na íntegra.
qualquer lei poderá criá-la, não somente a lei 8666. Atende
assim ao principio da legalidade. Também não viola o 3) Habilitação: Os indivíduos devem demonstrar o
principio da simetria das formas, pois a única exigência interesse, capacidade econômica de adquirir e capacidade
que se faz é quando da criação da estatal, ela deverá ser técnica (geral,especifica e operativa).
criada por lei,
e uma vez criada segue a mesma forma das empresas Não basta ter dinheiro para adquirir a estatal, tem
privadas podendo ser extinta da mesma forma. que demonstrar capacidade técnica de desenvolver a
Cabe ao Executivo através de decreto atividade econômica ou serviço público.
individualizar aqueles bens que integrarão a privatização, Capacidade técnica geral: a empresa interessada
porque o Executivo está muito mais próximo do interesse deve apresentar “alguma” capacidade técnica.
público do que o legislador, ninguém melhor do que o Capacidade técnica específica: a empresa
Executivo para saber se uma empresa merece ou não ser interessada deve apresentar além da capacidade técnica
privatizada. uma capacidade específica. Por exemplo: uma empresa de
telefonia se habilita em processo de privatização de uma
Privatização pressupõe alienação. empresa de energia elétrica. Não é possível, pois, ela tem
capacidade técnica geral mas não especifica.
Processo de privatização Capacidade técnica operativa: capacidade de
desempenhar a atividade com eficiência e exclusividade
1) Instauração - art. 6º ,I para o Estado.
2) Edital - art. 6º, II
3) Habilitação 4) Leilão: fase onde há a alienação dos bens. Feita em
4) Leilão bolsa de valores, oralmente. Toda oferta pública feita em
5) Pagamento leilão deve ter registro na CVM (lei 6385/76). Na
privatização é dispensado esse registro da oferta publica, já
Orgãos que atuam no processo de privatização: que está sugerida pelo orgão público (CND,FND). A norma
que dispensa o registro da oferta publica na privatização é
1) Conselho Nacional de Desestatização (CND) artigos a Deliberação nº 14/92 da CVM.
5º e 6º.
O leilão pode ser feito de três formas:
É o conselho de assessoria técnica do governo
que faz estudos sobre a viabilidade da privatização de uma - Lance aberto (quem dá mais)
empresa (se tem atividade econômica relevante, se merece - Envelope fechado (aberto em sessão publica)
ou não ser privatizada) ela é composta por ministérios. - Por repique (feito em dois turnos, em que a
É o orgão superior de decisão sobre questões da autoridade pública vai escolher as duas mais vantajosas e
privatização. será realizada uma nova sessão pública entre as duas mais
vantajosas. (pode ser aberto ou por envelope).
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regulação não pressupõe a agência reguladora, pois setor específico da economia (art. 174). Uma corrente
existem no Brasil inúmeros órgãos que não tem o nome de minoritária, porém capitaneada por Di Pietro, entende que
agência reguladora, mas exercem atividades de regulação. agência executiva não se confunde com agência
Ex: o BACEN é considerado pela doutrina como um órgão reguladora, pois para ela, agência reguladora é essa que
regulador sem essa definição, pois fiscaliza o mercado estamos estudando (é uma autarquia de regime especial,
financeiro (mercado bancário, bolsa de valores e etc.), que atua indiretamente na economia, controlando
expede normas, pune abusos de bancos, determina a atividade…); já a agência executiva, não é um instituto do
liquidação e intervenção de bancos, etc. Em contrapartida, direito econômico e sim do direito administrativo, ou seja,
o Brasil tem órgãos reguladores por natureza, que não agência executiva executa atividade de índole social, é
regulam nada na prática. Ex: ANCINE (Agência Nacional de aquela entidade (pessoa jurídica) que exerce, atua numa
Cinema), ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), pois o atividade de índole social, e, portanto não tem nada a ver
brasileiro gostou da moda das agências, influenciado pelos com direito econômico. Ex: atividades de pesquisa, cultura,
EUA, etc. biblioteca, apoio à infância, à saúde, à educação, ou seja, o
que faziam as fundações antigamente. Agência reguladora,
A Agência Reguladora tem origem nos EUA, em por ser uma autarquia, já nasce com esse nome, enquanto,
1887, através do ICC (Interstate Commerce Commission), a agência executiva é um título que se adquire, portanto,
que foi o primeiro órgão regulador do mundo e fiscalizava e qualquer entidade pública ou privada pode se tornar uma
regulava o serviço interestadual de transporte ferroviário. agência executiva. Para Di Pietro, agência reguladora
A nossa Constituição prevê apenas dois órgãos representa atuação indireta e a executiva direta. A autora
reguladores: cita dois decretos de regulamentação do executivo (Dec
2487 e 2488) que para ela, esses decretos tratariam das
1) Art. 21, XI – para o serviço de agências executivas (pessoas jurídicas de direito público ou
telecomunicações (no caso a privado que recebem o título de executiva e tem
ANATEL). benefícios). Ressalta-se que essa não é a posição
2) Art 177, parág. 2º, III – para o majoritária, pois para a corrente majoritária, não há
petróleo (no caso a ANP). distinção dessas nomenclaturas.
Quando surgiram as primeiras leis das agências No Brasil não existe uma lei geral para a agência
reguladoras em 1996, alguns doutrinadores alegaram a reguladora, existe uma lei específica para cada agência. Ex:
inconstitucionalidade das mesmas, por não estarem lei da ANATEL, da ANEEL, da ANP, etc. Obs: na página do
baseadas em nenhum artigo constitucional. Ex: Lei 9427/96 planalto é possível visualizar o número de todas as leis das
que tratou da ANEEL (Agência Nacional de Energia agências reguladoras. A única lei geral que abrange todas
Elétrica) em que alguns alegaram a inconstitucionalidade as agências é a lei de regime de pessoal das agências
dessa lei por não estar prevista em nenhum artigo da CF. (está sendo objeto de ADIN e por isso está um pouco
Entretanto é quase unânime, a visão da doutrina de que esvaziada), no resto, cada agência tem sua lei própria, com
essas leis são perfeitamente legítimas, pois a ausência de suas normas específicas.
previsão constitucional para outros órgãos reguladores, não Existe uma tese que costuma comparar o BACEN
impede o legislador de criá-las, e isso demonstra o e o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)
atendimento ao princípio da eficiência. As normas acima com uma agência reguladora. A doutrina cita dois exemplos
mencionadas (21, XI e 177, 2º, III), são denominadas de autarquias consideradas pela lei como autarquias
“normas constitucionais formais”, e só são denominadas comuns, mas que exercem função típica de agência
dessa forma porque estão presentes na CF, pois apesar de reguladora. Com relação ao CADE, existe uma posição
se encontrarem na CF, não trazem matérias tipicamente (minoritária) de Alexandre Aragão (Procurador do Estado),
constitucionais, como direitos fundamentais, organização que é professor de Direito Administrativo do curso e
política do Estado e etc. Portanto, não havia a necessidade normalmente está em banca de concurso para a
das normas constitucionais formais se encontrarem na CF, Procuradoria do Estado. Ele diz que o CADE não pode ser
como as normas constitucionais materiais (que tratam de comparado com agência reguladora, pois segundo ele o
matéria constitucional), poderiam estar simplesmente na lei CADE não faz regulação, porque ele é genérico (trata da
infraconstitucional. economia, de toda a atividade econômica) e porque o
As agências reguladoras têm como natureza CADE não age em abstrato, só age em casos concretos,
jurídica a caracterização de Autarquias integrantes da como por exemplo, no caso Nestlé/Garoto (se pode haver
Administração Pública Indireta, entretanto, não são ou não a junção dessas duas empresas), no caso
autarquias comuns como o INSS, IBAMA etc, são Brahma /Antártica (idem) e etc. Entretanto a posição
denominadas pela doutrina, “Autarquias de Regime majoritária é de que o CADE e o BACEN exercem
Especial”( estudaremos depois). atividades de agências reguladoras, sem possuir a
denominação de agências reguladoras.
É importante não confundirmos as expressões,
agências reguladoras e agências executivas, pois existe A agência reguladora é conceituada na doutrina
uma divergência na doutrina sobre o que seja agência como uma autarquia de visão especial, e Hely Lopes
executiva e agência reguladora. A maioria da doutrina em Meireles, pioneiramente, já tratava as agências reguladoras
Direito Econômico não faz distinção entre elas, ou seja, como autarquias diferenciadas. Ele tratava a agência como
tanto faz chamar de reguladora ou executiva, pois com um uma autarquia diferenciada e definia a agência como uma
nome ou com outro, será sempre um órgão regulador com autarquia de regime especial com maior autonomia,
personalidade jurídica própria com a função de regular um entretanto não explicava o que seria esse regime especial,
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não se aprofundou mais do que isso. A doutrina, baseada regime estatutário, pois para isso é obrigatória previa
nas leis posteriores a 1990, posteriores a morte dele, autorização legal. Assim, em virtude da impossibilidade de
passou a enunciar alguns critérios caracterizadores desse adotar os dois regimes (seletista e estatutário), as agências
regime especial. reguladoras passaram a optar por uma terceira via, que é o
Regime Temporário (concurso público para função
Alguns critérios diferenciam as agências temporária).
reguladoras das autarquias comuns (INSS, IBAMA e etc). O
primeiro critério diferenciador é a questão do regime de No final de 2003, foi editada a MP 155 que foi
pessoal (que hoje a partir de 2004, perdeu um pouco a convertida na lei 10481/04. Essa MP, pela 1º vez criou
importância). Para entender porque essa peculiaridade já cargos públicos no âmbito das agências reguladoras e
não é importante, é preciso fazer um histórico: a CF de 88 obviamente revogou todos os artigos da lei 9986 que faziam
em relação ao regime de pessoal, pregava um único regime previsão do regime seletista. Assim, a partir de maio de
de pessoal na administração pública (para as pessoas 2004, esse regime seletista saiu e atualmente só temos o
jurídicas de direito público), um único regime de pessoal regime estatutário. As autarquias comuns são regidas pela
para as autarquias, que era o regime estatutário (art. 39- emenda 19 (ainda não foi julgada inconstitucional, pois o
regime jurídico único da administração pública direta julgamento está em aberto, está suspenso) que prevê
autárquica e fundacional), portanto as autarquias, assim regime estatutário e regime seletista; e a agência
como a União, os estados e os municípios só poderiam ter reguladora hoje só tem regime estatutário.
servidores públicos estatutários. As agências antes mesmo
de qualquer regulamentação, eram estudadas na doutrina Em cada lei das agências há um nome
como um órgão que poderia ter o seu regime de pessoal diferenciado para o “dirigente maior”. Algumas agências
seletista, para flexibilizar melhor a sua atuação falam que o dirigente maior é o Presidente e outras que é o
administrativa, ou seja, a agência reguladora, ao contrário Diretor Geral, e outras Gerente Geral. Assim, a lei 9986 à
da autarquia, poderia ter o seu regime de pessoal. Isso partir do art. 5º trata dessa figura como “dirigente maior”. A
acabou motivando a emenda constitucional 19/91 (Reforma peculiaridade do dirigente maior da agência reguladora em
Administrativa) que acabou com o regime jurídico único. relação ao da autarquia é que a nomeação do dirigente
maior da agência é feita pelo Presidente da República
A emenda instituiu o regime estatutário e também (chefe do executivo), depois de ratificada pelo Senado
o regime seletista no âmbito das autarquias, assim, com a federal (legislativo).
emenda 19, aquilo que era mera doutrina, tornou-se
realidade com a lei 9986/2000 que fez previsão em seu art. Pergunta-se: Essa ratificação de uma escolha do
1º, que o regime de pessoal adotado nas reguladoras seria executivo agride a Separação dos Poderes? R: Não, pois o
única e exclusivamente seletista, não deixando qualquer art. 52, III, f da CF, diz que a lei poderá convencionar
possibilidade de regime estatutário no âmbito das agências. nomeações do Presidente à ratificação por parte do Senado
Na época esse artigo dessa lei foi muito criticado, pois (a famosa “Sabatina”). O art 5º da lei 9986 prevê
segundo alguns, o regime seletista não dava segurança ao expressamente o art. 52, III, f, ou seja, o Senado
funcionário para atuar imparcialmente. Ex: Como um fiscal necessariamente deverá aprovar a escolha do presidente
da ANP iria interditar um posto de gasolina de uma grande da República e também reza que o indivíduo nomeado só
bandeira (Shell, Texaco, Petrobrás, etc), sabendo que no pode ser da área econômica da agência reguladora. Ex: o
dia seguinte poderia ser demitido por contrariar interesses dirigente maior da ANATEL deve ter conhecimentos
econômicos de empresários influentes no congresso, no técnicos na área de telecomunicações, etc., por isso não
executivo e etc? Essa lei 9986 gerou uma ADIN 2310 que pode ser amigo do presidente, deputado que perdeu eleição
questionava, dentre outras coisas, a revisão de um único e foi nomeado, etc. Portanto dois são os requisitos para ser
regime seletista no âmbito das agências reguladoras; então, dirigente maior da agência reguladora: aprovação do
no dia 19/12/2000, o ministro Marco Aurélio, deferiu senado e conhecimento técnico específico. Já nas
monocraticamente, liminar dessa ADIN para suspender a autarquias comuns, o Presidente da República nomeia que
eficácia dos artigos da lei 9986 que tratavam do regime ele quer, ou seja, não há interferência do Senado e nem é
seletista das agências reguladoras. necessário conhecimentos técnicos na área de atuação.
O argumento do Marco Aurélio é que já havia uma O dirigente maior da agência não exerce cargo em
ADIN proposta contra a emenda 19 que é a ADIN 2135 que comissão (que pode sofrer exoneração), pois está no cargo
dentre outras coisas questiona na reforma administrativa a para cumprir um prazo descrito na lei para o mandato, é
quebra do regime jurídico único seletista, ou seja, a nomeado para exercer um mandato (art. 6º e 7º da lei
possibilidade de se ter na administração autárquica o 9986). O mandato não deve coincidir com o mandato
chamado regime seletista. Essa ADIN atualmente já está presidencial, para garantir maior autonomia técnica, para
3X0 para a inconstitucionalidade da emenda 19 que trata que o indivíduo exerça as suas funções técnicas sem
dessa parte e hoje em dia há o entendimento que o regime interferência política. Ex: se o diretor geral da ANP entender
seletista é incompatível com as pessoas jurídicas de direito que é devido o aumento de combustíveis no ano da eleição
público. O regime seletista era o que existia antes da CF e presidencial, não pode o presidente interferir, exonerando-
a CF veio inserir o regime único justamente para combater o, pois ele deverá cumprir o seu mandato.
a insegurança que o servidor tinha para realizar sua função. A destituição também não pode ser por mera
Em virtude da lei 9986 (regime unicamente vontade do Presidente da República, como ocorre nos
seletista) ter sua eficácia suspensa pela liminar em ADIN Ministérios ( art. 9º da lei 9986 que trata da destituição),
2310, as agências não podem ter o regime seletista e ao pois para destituí-lo é necessário no mínimo de um
mesmo tempo as agências não poderem contratar em processo administrativo disciplinar. Pode deixar o cargo
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também nas hipóteses de renúncia e condenação judicial Poder Regulamentar Específico - Lembra elaborar
transitada em julgado. normas. Pergunta-se: Elaborar normas originárias, ou
normas secundárias baseadas numa lei prévia?
Há uma crítica do governo atual, em relação ao
mandato não coincidente e existe um projeto de lei Nos EUA, a agência reguladora pode inovar no
tramitando no congresso nacional, que visa acabar com o mundo jurídico, pode criar normas originárias, normas
mandato do dirigente maior e com o seu mandato não jurídicas, se autorizadas pelo poder legislativo. A maioria da
coincidente com o mandato presidencial. A doutrina critica doutrina do Direito Econômico no Brasil defende a
parcialmente esse projeto, pois segundo ela, acabar com o possibilidade do regulamento autônomo, ou seja, admite-se
mandato do dirigente maior é um retrocesso, ou seja, se o que a agência reguladora inove no mundo jurídico. Os
presidente da agência não toma a decisão que o Presidente argumentos são basicamente os mesmos daqueles autores
da República quer, ele é exonerado, ou seja, é uma volta ao do direito constitucional que defendem o decreto autônomo
passado. Entretanto, a doutrina já admite a extinção do (no direito constitucional, existem alguns autores que
mandato não coincidente, pois o mandato não coincidente defendem o decreto autônomo, ou seja, um decreto
viola a legitimidade do Estado, a cidadania, a democracia e executivo inovador, que é minoritário, pois a maioria dos
outros princípios do Estado democrático de direito, pois em constitucionalistas defende o decreto regulamentador).
se tratando de um caso de eleição de novo Presidente,
poderia essa eleição estar renunciando o modo de Os argumentos em prol da regulamentação
administração anterior, ou o próprio Presidente e etc, logo, autônoma, da resolução autônoma, da portaria autônoma,
não estaria correta a presença de um dirigente maior (que são: A própria interpretação do Princípio da Legalidade, que
defendesse os interesses de governo anterior) no novo é estudado através de dois sub princípios: Reserva Legal e
governo, etc. da Preferência Legal ou Preferência de Lei; isso quer dizer,
que algumas matérias estão reservadas à lei de expressa
O artigo 8º prevê uma espécie de quarentena, ou condição constitucional (crime, tributo – não há crime sem
seja, o dirigente maior ou conselheiro, ao deixar o cargo, lei anterior que o defina, não há tributo sem lei anterior que
fica impedido até 4 meses, de atuar na área em que o defina), entretanto existem outras matérias que não estão
trabalhava na agência. Ex: se o presidente saiu da ANP, ele reservadas à lei, pois o legislador não deve legislar todos os
deverá ficar 4 meses afastado do mundo do petróleo e assuntos do meio social.
derivados, ou seja, se ele for chamado para trabalhar na
TEXACO, deve ficar 4 meses de quarentena. Existe uma Ex: O traje mínimo para circular no interior do
crítica à esses 4 meses, pois alega-se ser muito pouco e Fórum, não necessita de lei, pois pode o tribunal expedir
não adiantar nada, pois o indivíduo tem informações uma portaria que discipline sobre isso. Por isso, é nesse
privilegiadas e etc. campo que seria admitido o decreto autônomo e por
conseqüência a resolução autônoma, ou seja, a resolução
Portanto a Agência tem mais autonomia técnica poderia tratar de assuntos que não estivessem
que a Autarquia comum. Ela não se rege por orientações especificados na lei. O segundo argumento tem base no
políticas e sim por orientações técnicas. A autonomia, Princípio da Reserva Administrativa ou da Reserva de
portanto é um diferencial em relação as autarquia. Administração (quem defende bem esse princípio é o
doutor Sérgio Ferraz - Procurador do Estado do RJ -
Também temos uma outra peculiaridade que é a publicou um dos melhores livros de Mandado de
licitação mais flexível prevista no art. 24 parág. único da Segurança), ou seja, da mesma forma que o legislador tem
lei 8666, que trata dos casos de Dispensa de Licitação. O seu campo de reserva legal, o administrador também tem
parágrafo único fala expressamente que o percentual de seu campo de reserva próprio. Se o administrador só pode
dispensa de licitação das agências reguladoras será de fazer o que a lei determina, o poder executivo não é igual
20% ao invés de 10% como é aplicado para as autarquias ao legislativo, o poder executivo é um braço do legislativo; o
comuns, ou seja, existem alguns valores no art. 23 que executivo deve ter um status de atuação que independa do
dispensariam a licitação. O art. 23 diz que acima de legislador, senão ele não tem como cumprir o interesse
R$150.000,00 podemos ter a modalidade de licitação de coletivo, ou seja, como o executivo vai materializar o
carta convite. O art. 24, I diz que até 10% desse valor, interesse coletivo se ele não está regulamentado; desta
dispensa ter licitação. Ex: um contrato a ser executado pelo forma, esse argumento afirma que existe a reserva do
INSS de R$ 15.000,00 dispensa licitação. Já a agência administrador e é nesse campo do administrador que
reguladora dispensa licitação no valor de R$ 30.000,00. caberia o decreto autônomo, a resolução autônoma.
Portanto a agência tem uma licitação mais flexível.
O terceiro e último argumento veio positivado na
Obs: É importante ressaltar a divergência da de emenda constitucional 32, no seu art. 84, VI que fala sobre
Pietro, pois o art 24 parág. único fala de “entidade a extinção de cargo público por decreto, entretanto esse
qualificada como agência executiva”, assim, dependendo argumento falhou, pois esse decreto trata-se de decreto
da posição que ele vai adotar, haverá uma solução diversa. não normativo. O quarto e mais importante argumento que
Para de Pietro, à agência reguladora não se aplica isso, é levantado pela doutrina de direito econômico é o Princípio
pois essa norma pede para aquelas entidades que foram da Eficiência e o próprio Princípio da Regulação(174), ou
qualificadas, que receberam o título de agência executiva, seja, não é função do legislador tratar de funções
que por realizar uma atividade social, recebe um benefício específicas da economia, de tecnologia GSM de celular e
que é a dispensa de licitação maior. Mas para a grande etc…, não é função do legislador tratar de matérias
maioria que não faz distinção entre ag. reguladora e ag. específicas; assim, em nome da eficiência, a agência
executiva, a agência reguladora poderia perfeitamente reguladora tem que regulamentar nos setores da economia,
dispensar no percentual de 20%. para que materialize a sua própria atuação indireta, além
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disso, é importante ressaltar que a economia é um tipo de concentração de mercado (existem várias formas de
fenômeno altamente volátil, está em constante concentração de mercado).É objeto também do direito
desenvolvimento e mudança, assim, não se pode esperar o concorrencial, coibir o abuso nos lucros, o lucro abusivo.
legislador para fazer essas normas, por isso a agência deve Ex: quando age-se em monopólio, tem lucro injustificado,
fazer sua regulamentação específica. Ex: a ANP tem uma etc. Esses objetivos estão delineados expressamente na
resolução famosa que diz que para a empresa ser CF no art 173, parág. 4º da CF. O direito concorrencial é
caracterizada como distribuidora de derivados do petróleo, chamado também de antitruste, pois para alguns autores a
deve um número X de tanques de armazenagem de palavra truste é uma concentração genérica de mercado,
combustível, etc. outros autores (maioria) acreditam que o truste é uma
concentração de mercado específica diferente das demais,
Assim, não seria o legislador quem iria dizer se é pois existem várias formas de concentração de mercado
ou não distribuidor, pois não teria nem mesmo capacidade como o cartel, o monopólio, o oligopólio, o dumping e o
de fazê-lo. A ANP volta e meia é chamada na justiça, pois truste é mais uma dessas formas de concentração.
as empresas que fizeram a licença para desenvolver a
atividade, alegam que a resolução é autônoma, e inova no Temos também, além da lei 8884, outras leis
mundo jurídico e que por isso viola a legalidade, que não há importantes para o direito antitruste. A lei 8078/90 (Código
lei autorizando essa resolução. Portanto a maioria do direito de Defesa do Consumidor), que também é considerada
Econômico entende como possível a regulamentação de pela doutrina uma lei de direito concorrencial, pois abrange
assuntos originariamente, desde que não viole a reserva aspectos de direito concorrencial, pois fala de cláusulas
legal. Os fundamentos da minoria são dois: Princípio da abusivas e etc, pois o consumidor é importante não só para
Legalidade - a resolução, a portaria da agência, não pode o direito civil, mas também para o direito concorrencial.
inovar no mundo jurídico, deve estar baseada na lei e só a
lei pode inovar no mundo jurídico. Outra lei é a 9021/95 , que trata de uma Secretaria
importante do governo, que atua na defesa da
O segundo argumento é que a agência que inova concorrência, que é a Secretaria de Acompanhamento
no mundo jurídico, viola a democracia, pois a agência é Econômico SEAE (vinculada ao Ministério da Fazenda).
dirigida por um indivíduo que não foi eleito pelo voto popular Temos também uma lei penal que é a Lei 8137/90 que em
e se o decreto autônomo já é questionado, pelo menos o seu art. 4º fala dos crimes contra a ordem econômica, ele é
decreto deve ser feito por alguém que foi eleito (Presidente considerada também uma lei de direito concorrencial, pois o
da República), pois do contrário teríamos uma norma que direito concorrencial tem seu aspecto penal. A lei 8884 é a
foi feita por um indivíduo que sequer foi eleito e pior, que as principal e em seu art. 3º fala sobre o principal órgão de
vezes foi nomeado por presidentes derrotados na eleição defesa da concorrência, que é o CADE (Conselho
passada e que, portanto, essas agências representam uma Administrativo de Defesa Econômica - vinculado ao
ideologia derrotada na eleição popular. Ministério da Justiça), o CADE é uma autarquia federal com
personalidade jurídica própria.Obs: toda a autarquia está
Obs: a corrente minoritária não admite que as vinculada à um ministério específico e toda a estatal e
agências inovem no mundo jurídico, pois iria ferir o estado fundação também.
democrático de direito, não pode ser feita por alguém que
não tem o voto popular e o presidente pelo menos tem o Obs: o art. 3º, da lei 8884, fala que o CADE é
voto popular; já o dirigente maior não tem o voto popular e órgão judicante e isso é um erro da lei, pois ele não é do
muitas vezes representa uma ideologia passada, e para poder judiciário, ele só julga processo administrativo e isso
evitar esse tipo de situação não de pode permitir que a não o transforma em órgão judicante. A lei do CADE não é
agência reguladora regulamente de maneira originária, a 8884. A lei que criou o CADE é uma lei antiga, hoje já
diferencial. Isso a diferencia da autarquia comum que não revogada que é a lei 4137/72 e essa lei criou o CADE como
necessariamente tem produção normativa, nós até temos, órgão despersonalizado, desta forma, o CADE sempre
por exemplo, normas do INSS, portaria reconhecendo existiu desde 72 e o que fez a lei 8884 foi apenas
procedimentos e etc, mas isso não é comum, pois não é transformar o CADE de órgão, em autarquia, ou seja, o
função da autarquia comum ter poder regulamentar, pois CADE que não tinha personalidade jurídica, passou a tê-la
quem tem poder regulamentar é a administração central, é no art. 3º.
o poder executivo, pois quem regulamenta as leis
previdenciárias é o presidente através do decreto e não o O CADE é o principal órgão que faz defesa da
INSS, isso não ocorre com as agências reguladoras, pois concorrência, mas não é o único. Ao seu lado temos: SDE
quem regulamenta o setor da economia específico não é o (Secretaria de Direito Econômico – órgão despersonalizado
presidente e sim a própria agência, pois afinal de contas a vinculada ao Ministério da Justiça) que tem papel
agência reguladora é um órgão que substitui o Estado importante na defesa da concorrência. Temos a SEAE –
naquela fiscalização específica da economia. Portanto não (vinculada ao Ministério da Fazenda) que auxilia a SDE e o
há agência sem poder regulamentar. CADE em estudos de mercado, de cartel, truste e etc. Além
desses 3 órgãos muito importantes, podemos citar mais 2
Direito Concorrencial ou Anti-Truste (Lei 8884/94) órgãos muito importantes para o direito concorrencial. O
primeiro é o MPF (Ministério Público Federal) mencionado
Direito concorrencial é o ramo do direito no art 12º da 8884, que fala que o MP também faz controle
econômico cuja preocupação é materializar o Princípio da de concorrência e o segundo é a AGU (Advocacia Geral da
Livre Concorrência, previsto no art. 170, IV da CF e por União), mencionada no art. 35-A, que também faz controle
conseqüência busca viabilizar outro princípio, que é o da concorrência.
Princípio da Livre Iniciativa., previsto no 170 caput. Busca
incentivar a concorrência no mercado, busca coibir qualquer Definição da doutrina das formas de concentração de
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evitar maiores prejuízos podem consultar o CADE antes da Ato de Concentração é o processo administrativo
intenção de realizar a fusão. Nada impede de a empresa apto a avaliar atos legítimos que possam gerar prejuízos.
fazer a fusão e depois pedir autorização ou o referendo do Dentro desse ato de concentração é que tem ensejo o
CADE. A empresa que fizer a fusão primeiro deverá compromisso de desempenho. Não confundir com
obrigatoriamente comunicar posteriormente. Processo Administrativo Econômico (PAE) que é o
processo apto a apurar infrações a Ordem Econômica
Existe um projeto de lei tramitando no Congresso (art.20 e 21).
Nacional em que vai ser exigida previamente a autorização
do CADE antes de se materializar os atos societários COMPROMISSO DE CESSAÇÃO é um acordo
(fusão, incorporação...) e o prazo para essa autorização feito dentro do Processo Administrativo Econômico, ou
será de 60 (sessenta) dias. Isso já vem sido criticado já que antes, da sua instauração, na fase de inquérito, no sentido
todos sabem que na Economia muitas vezes perde-se um de afastar a ilicitude de um ato (o objeto é um ato ilícito).
negócio por demorar a tomar uma decisão. Diante de uma infração praticada o CADE ou a SDE
referendada pelo CADE podem fazer um compromisso de
Artigo 54 §3° c/c Resolução n° 15 do CADE de cessação com o indivíduo que realizou ato ilícito previsto
1998 (disciplina a obrigatoriedade de comunicação de atos). em lei. Retificado aquele ato, extingue-se o PAE e o
Não havendo a comunicação no prazo de 15 (quinze) dias, indivíduo não será punido.
haverá multa a ser aplicada pelo CADE (§4°) Ex: Se
quando a AMBEV foi criada, a fusão não fosse comunicada Ação Civil Pública (Termo ou Compromisso de
ao CADE, as empresas sofreriam uma multa, sem prejuízo Ajustamento de conduta – art. 5° § 6° da Lei 7347/2005). O
de eventual desfazimento do ato. MP antes ou no curso da Ação Civil Pública pode fazer um
acordo com as empresas que estão sendo objeto naquela
Nada impede que a empresa faça a fusão e depois ação ou no inquérito civil e faz um acordo no sentido de
peça a autorização do CADE, mas pode haver uma afastar a ilicitude daqueles atos. Afastada a ilicitude,
negativa, gerando como conseqüência prejuízos financeiros consertados os atos as empresas não serão punidas. ( O
(modificar empresa, estatuto social, redirecionar órgãos da CC e Termo de Ajustamento de conduta são iguais).
empresa geram custos).
É um acordo feito com as empresas onde se
No caso Nestlé/Garoto, em que o CADE negou a estabelecem metas a serem cumpridas para afastar a
incorporação da Garoto a Nestlé também houve um início ilicitude.
de modificação societária. O CADE nem visualizou nessa
situação a possibilidade de compromisso de desempenho, OBS: Não confundir: Enquanto o compromisso de
porque entendeu que a incorporação geraria maiores cessação pressupõe ato ilícito, ou seja, infração a ordem
prejuízos que qualquer benefício. econômica; o compromisso de desempenho pressupõe ato
lícito, legítimo, mas que pode ser lesivo em concentrar o
Alguns agentes econômicos reclamaram da mercado. Obviamente o compromisso de cessação gera
decisão do CADE em relação ao caso da Brahma e da uma decisão do CADE, que tem força de título executivo
Antártica, já que ambas sozinhas já tinham grande domínio extrajudicial (art.60 da Lei 8884).
do mercado e gerariam juntas concentração econômica.
Porém o CADE avaliou que a AMBEV traria maiores A Lei 8884 começa a disciplinar as infrações a
benefícios como a arrecadação tributária, maior oferta de ordem econômica em seu artigo 20 e 21. Para análise das
emprego, maior competição de mercado internacional, entre infrações, é importante saber dois institutos técnicos
outros. previstos no art.20:
A decisão do CADE é considerada uma decisão O primeiro deles é o MERCADO RELEVANTE e o
técnica, baseada em pareceres técnicos, mas pode ser segundo é a POSIÇÃO DOMINANTE.
contestado judicialmente. O Judiciário pode anular a
decisão do CADE para que haja outra decisão com outros MERCADO RELEVANTE é um mercado onde os
fundamentos, porém não poderá dizer as condições para a agentes econômicos realizam as suas atividades. Mas a
incorporação, nem autorizar pelo CADE. Fazer ou não doutrina de Direito Econômico normalmente define o M.R.
compromisso de cessação, estabelecer quais as metas que como aquele local de realização de atividades econômicas
serão estipuladas são atos discricionários do CADE. O com equilíbrio e concorrência. O M.R. não é uma situação
Judiciário não pode adentrar ao mérito administrativo, concreta, é um ideal, uma situação abstrata. Essa definição
substituindo o CADE naquilo que se considera conveniente doutrinária é encontrada na Resolução 18 do CADE de
e oportuno. 1998, que faz uma divisão entre mercado relevante
geográfico (dentro de uma concorrência, é analisado pelo
CONLUSÃO = Compromisso de desempenho é local físico de atuação dos agentes econômicos. EX: como
um acordo cujo objeto é um ato legítimo que precisa está o M.R. de produção de borracha no Amazonas?) e
cumprir algumas condições para se tornar mais legítimo mercado relevante material (é analisado pela atividade,
ainda, evitando assim danos à concorrência (art. 54 c/c art. independentemente do local físico Ex: como está o
58). mercado de combustíveis no Brasil? Existe uma tendência
dessa atividade ser desenvolvida no RJ, no norte do Paraná
OBS: Esse acordo gera uma decisão que tem - não está preocupado com o local físico, e sim com a
caráter de título executivo extrajudicial. O descumprimento atividade; como está o mercado de indústria têxtil? Existe
de uma das condições prevista no compromisso de uma grande indústria no Norte do país e outra em Minas
desempenho gerará um Processo de Execução. gerais – não está preocupado em analisar a competição no
local, mas a competição entre as atividades).
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Dentro do artigo 20 veremos uma infração que é ARTIGO 21 = prevê inúmeras condutas
dominar o mercado relevante, causando um desequilíbrio a específicas
ordem econômica.
VI – Exemplo: Quando a empresa faz um contrato
POSIÇÃO DOMINANTE é o exercício de uma de exclusividade com o distribuidor, está negando acesso
grande parcela do mercado relevante. O agente econômico do concorrente a esse distribuidor.
tem posição dominante quando detêm uma parcela
significativa do M.R. A posição dominante por si só não é 1) Dentre essa condutas específicas, eu chamo a
infração a ordem econômica. Uma empresa pode ter 100% atenção de algumas em especial como é o caso do
do mercado e isso não significar infração. Muitas vezes o DUMPING, que não tem tradução até hoje, que está
indivíduo tem 100% do mercado porque o seu produto é previsto para grande parte da doutrina em dois incisos do
altamente eficiente ou porque a empresa é pioneira. A art. 21: XVIII e XIX.
doutrina costuma dar como exemplo uma cidade do interior A maioria da doutrina diz que DUMPING é vender
onde surge a primeira loja de eletrodomésticos. Como se produto ou serviço abaixo do preço de mercado sem motivo
sabe se a empresa exerce uma infração a ordem justo. Se a média do mercado do valor do produto é de R$
econômica? Se ela exercer uma posição dominante 100, 00, vender injustificadamente a mercadoria por R$
abusiva, saber se a sua atuação exclusiva se deve a 80,00 constitui infração a ordem econômica. Se a empresa
práticas que inviabilizem o surgimento de novos não tiver uma marca forte para entrar no mercado e
concorrentes.Ex: A Empresa vende os eletrodomésticos por competir, ela precisa chamar a clientela por um preço mais
um determinado preço e toda vez que há o surgimento de baixo (não será DUMPING).
um novo concorrente, ela abaixa exageradamente o preço
para que o outro não sobreviva no mercado. Ex2: Gillete DUMPING é um ilícito, abaixar o preço sem
domina o mercado não por ato anti concorrencial, mas por justificativa. Uma grande empresa vende o seu produto por
sua eficiência. R$ 300,00. Surge a pequena empresa que não tem a
marca, nem o conhecimento da clientela, nem do
DAS INFRAÇÕES consumidor e vende o produto por R$ 150,00. A grande
Enquanto o artigo 20 tipifica condutas empresa diminui o preço para R$ 150,00. Diante dessa
infracionárias genéricas (tipos abertos); o artigo 21 enuncia situação, a conduta natural do consumidor é escolher o
condutas específicas (detalhadas). produto conhecido fazendo com que pequena empresa
desapareça do mercado. Uma vez desaparecendo.
Para que a empresa seja punida pelo CADE basta
a sua conduta se adequar a um tipo genérico do art. 20. OBS: Alguns autores fazem distinção entre
Isso contraria o raciocínio adotado no Direito Penal, que a DUMPING e PREÇO PREDATÓRIO.
conduta criminosa deverá se adequar ao tipo previsto no O DUMPING surgiu do comércio exterior da
Código Penal (tipicidade cerrada ou fechada). Esse seguinte forma: O produto importado ingressa no território
raciocínio não se aplica ao Direito Concorrencial. A sua nacional com preço abaixo do custo acarretando um
conduta pode estar fora dos 24 incisos do art.21, mas se prejuízo aos concorrentes nacionais. Mesmo pagando a
adequar ao art. 20, vai haver penalidade na forma do art. tributação, muitos varejistas e atacadistas acabam
23. preferindo importar determinado produto, deteriorando a
ARTIGO 20 = “culpa” (responsabilidade objetiva). competição dos produtores nacionais. Por conta dessa
Esse artigo diz que mesmo que os danos não sejam concorrência existe uma lei e várias portarias disciplinando
causados, a simples conduta tendente a dominar mercado, a taxa antidumping. Além dos tributos, o importador vai
tendente a exercer posição dominante abusiva, tendente a pagar uma taxa para pelo menos equilibrar o preço e inibir a
aumentar arbitrariamente os lucros será punida. O art. 20 importação. Alguns autores dizem que o DUMPING não
contraria a Teoria Geral da Responsabilidade (conduta, pode ser aplicado em contratos de comércio interno. Seria o
nexo de causalidade e dano). Existe responsabilidade sem caso do exemplo de venda de produtos abaixo do mercado.
dano? O art. 20 é uma exceção. Se existe a diminuição de preço para prejudicar a
concorrência, na verdade essa diminuição se chamaria
O artigo 20 em seus três parágrafos procura definir PREÇO PREDATÓRIO. Então para alguns autores o inciso
posição dominante e excluir a ilicitude da conduta. Há uma XVIII seria preço predatório e o inciso XIX que fala de
crítica na doutrina em relação à posição topográfica desses importação seria DUMPING. Mas a maioria da doutrina não
parágrafos. A doutrina diz que primeiro deveria vir o § 2°, faz essa distinção.
depois o § 3° e por último o § 1°, porque o §2° define
posição dominante, o § 3° presume o abuso da posição Exemplo de DUMPING: empresas aéreas. Quando
dominante e dispõe quando a posição dominante pode ser a GOL surgiu no mercado os preços da passagem eram
abusiva e o § 1° exclui a ilicitude do ato, ou seja se a menores do que as empresas já consolidadas no mercado
posição dominante decorre da maior eficiência de seu e continua sendo. Se a Varig diminuir os preços para
produto não significa infração a ordem econômica (é uma prejudicar a Gol será um caso de DUMPING.
excludente de ilicitude). OBS: Não configurará DUMPING se a grande
Artigo 20 e parágrafos c/c Portaria Conjunta empresa que diminua os preços em razão de dívida, em
SDE/SEAE n° 50/2001. Essa portaria tem por fim razão de recuperação da empresa, por estar em estado
especificar o que vem a ser posição dominante abusiva, pré-falimentar. O importante para configurar o DUMPING é
percentual que pode ser alterado pelo CADE, ou seja, a ausência de motivo relevante, intenção de derrubar a
regulamenta o art.20 e parágrafos. concorrência.
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2) XXIV – O aumento injustificado abusivo também Art.97 c/c Resolução 101 da ANATEL (Importante)
é considerado infração a ordem econômica. Aquilo que o CADE fez em relação a AMBEV, a ANATEL
vai fazer em relação às telecomunicações. Se a TIM quiser
3) Outra infração muito comum na prática é a fazer uma fusão com a OI, deverá passar pelo crivo da
chamada CONDUTA CONCERTADA, que é criar um ANATEL e não pelo crivo do CADE, porque existe norma
padrão de conduta uniforme entra algumas empresas. especial autorizando a atuação da agência.
Então algumas empresas combinam uma estratégia
parecida para prejudicar a concorrência (VIII). 2) CRITÉRIO DA SUBSIDIARIEDADE:
minoritário
4) VENDA CASADA (XXIII):
O CADE só estará autorizado a agir
Ex: Refrigerante. Todos sabem que há contrato de subsidiariamente (obviamente em se tratando de uma
exclusividade de refrigerante em alguns restaurantes. É atividade econômica regulada - Petróleo, energia elétrica,
errado. É difícil ver num restaurante Pepsi e Coca-cola. E etc.) quando houver inércia da agência reguladora naquela
quando o varejista adquire a coca-cola, ele também é função de controlar concorrência. Esse critério prega que
obrigado a adquirir outros refrigerantes da mesma marca em se tratando de atividade econômica regulada quem
(guaraná, fanta, etc.). deve atuar é a agência reguladora, mesmo que não haja
É uma prática ilícita, mas é comum no Brasil. norma especial nesse sentido; ou seja, genericamente as
leis das agências já autorizaram a atuação da agência
ARTIGO 23 = fala das penas a serem impostas de reguladora, inclusive no que tange a controle da
multa ou obrigação de fazer. concorrência.
ARTIGO 27 = fala da Dosimetria da pena, os Se houver, por exemplo, uma prática abusiva por
critérios para se dosar a pena. È uma espécie de artigo 59 parte da LIGHT, que é controlada pela ANEEL, se a
do Código penal aplicado na lei do CADE. agência não fizer nada, está autorizado o CADE a agir. Se
Artigo 27 c/c Resolução do CADE n° 36/2004. a ANEEL atuar, fica afastada a atuação do CADE.
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