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DIREITO ECONÔMICO

PROF. PAULO ANDRÉ ESPÍRITO SANTO 1

ultrapassado porque a idéia desse Estado era de que nós


Aula 1 e 2 - 11.01.2005 tínhamos uma divisão na sociedade, de um lado a pobreza
e o clero, e de outro lado a plebe, que eram os produtores
da atividade econômica, porém, não tiravam proveitos
I – Ordem Econômica Constitucional (art.170 CF) dessa atividade econômica, pois, repassavam os proveitos
II – Regime Jurídico das “Estatais” para o rei, a nobreza.

III –Desestatização Com a revolução francesa e a burguesia no poder,


surge então o Estado Liberal, que é aquele Estado que
IV –Regulação deve respeitar não só as liberdades dos indivíduos como
V - Direito concorrencial ou antitruste também a livre iniciativa dos produtores de atividade
econômica, não podendo se intrometer nas atividades dos
VI –Ordem Econômica Internacional indivíduos, e nem tirar proveito. Assim, o Estado Liberal é
aquele que prega a livre iniciativa, que é a idéia científica
que a atividade econômica é atividade típica do particular e
I – Ordem Econômica Constitucional não do Estado. Por isso, é que a revolução francesa
rompeu com o Estado absolutista, que tiravam proveito da
atividade econômica produzida pela plebe.
Conceito: Conjunto de normas materialmente A revolução industrial se deu com base nos ideais
constitucionais que influenciam a vida econômica dos do Estado Liberal, porém gerou alguns problemas na ordem
particulares. Essas normas materialmente constitucionais social, pois ela trouxe inúmeras mudanças
são as normas que tratam de direito econômico e são (desenvolvimento da economia, tecnologia) que fez com
essenciais para regulação do Estado na economia. que a sociedade se deteriorasse ( o trabalhador não tem
A ordem econômica constitucional é, na verdade, a horário de trabalho, a gestante não tem limitação de
composição das normas constitucionais que interessam ao trabalho, ect) não tinham direitos sociais. Com isso, o
direito econômico. Estado percebeu que deveria intervir na ordem social e
econômica. Daí o surgimento do Estado Social, que era
O art. 173 diz como deve se realizar a relação completamente diferente do Estado Liberal.
entre Estado e indivíduo.
O Estado Social é aquele que intervém
diretamente na economia com o intuito de arrecadar fundos
Direito Econômico: para investir em direitos sociais (educação, saúde,
previdência).
Conjunto de normas de direito público que buscam
disciplinar a intervenção do Estado na economia. O Estado social tem um marco que foi a
constituição mexicana de 1917 e a constituição alemã de
A ordem econômica constitucional busca dar a 1919, que foram as primeiras a positivarem os direitos
noção do que é Estado na economia já o direito econômico sociais.
é ciência do direito público, que diz de que forma o Estado
pode atuar na economia. O Estado Social é adotado no Brasil com a
constituição de 1934. Porém o Estado Social também
Características: apresentou problemas, pois, com sua intervenção na
atividade econômica gerou inchaço onde o Estado não
Se preocupa com interesses antagônicos, deverá
conseguia dar conta de tanta atividade econômica,
sempre fazer uma ponderação de interesses, aplicando o
gerando, assim, a dívida pública. Como o Estado não
princípio da razoabilidade para solução dos conflitos.
consegue dar conta de tanta atividade econômica, ele
Se preocupa com interesses macroeconômicos, ou descentraliza, criando pessoas jurídicas paralelas para a
seja, que dizem respeito a toda a coletividade. Não trata de realização dessas atividades, daí o nome de empresas
direitos individuais, só se interessa pela economia em geral. paraestatais. É nessa época que surgem autarquias,
Petrobrás.
O objeto do direito econômico varia de acordo com
a evolução do Estado e da economia. No pós 2ª guerra mundial, depois de todas as
crises econômicas que o mundo passou (queda da bolsa de
A atividade econômica é típica de particular e não Nova Iorque, New Deal), a sociedade começa a perceber
do Estado. que o Estado social não é a solução e que ele não pode
Estado absolutista – Revolução Francesa realizar atividade econômica porque esta é privativa do
particular e estaria violando a livre iniciativa. Com isso,
Estado Liberal – Revolução Industrial surge o Estado Democrático de Direito.
Estado social O Estado democrático de direito é chamado de
Estado mínimo, gerencial, regulador, que respeita a livre
Estado democrático de direito
iniciativa, ou seja, é o Estado que deixa o particular realizar
Para entendermos a ordem econômica atual atividade econômica. Atua de forma indireta, gerenciando
devemos retornar ao Estado absolutista, que era o Estado apenas (fiscalizando, regulamentando a atividade
em que os poderes estatais são concentrados na mão do econômica) e não realizando a atividade econômica. O
rei. Com a revolução francesa o Estado absolutista foi Estado só realiza atividade econômica excepcionalmente

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em dois casos: quando houver relevante interesse coletivo estará cometendo crime, pois esse serviço seria privativo
ou imperativo de segurança nacional. da ECT. Ocorre que esta lei é anterior à CF/88 que não
considerou serviço postal como seu monopólio, ao
O Estado democrático de direito só foi implantado contrário, traz em seus artigos 21, X e 22, V que a União
com a CF/88. compete administrar e legislar sobre serviço postal. Por
O que caracterizou a mudança do Estado social isso, não está tipificado na CF que é monopólio da União.
para o Estado democrático de Direito foram as Assim, de acordo com a maioria da doutrina, a Lei 6.538/78
desestatizações. Por exemplo: O Estado ao invés de não foi recepcionada pela CF/88.
realizar atividade econômica de energia elétrica com a light,
ele desestatizou a light e passa para um particular e criou
uma agência reguladora, pois é mais barato fiscalizar do A estatal existe para concorrer com empresas
que realizar atividade econômica. privadas, por isso não pode ser monopolista.
O processo de desestatização nada mais é do que Estatal: pessoa jurídica de direito privado
o efetivo cumprimento da CF/88, art. 173.
Regime pessoal da Estatal: celetista. Por Ex:
Assim, se uma estatal realiza atividade econômica advogado da Petrobrás é empregado público (celetista), por
que não apresenta interesse coletivo ou imperativo de concurso.
segurança nacional, ela deverá ser privatizada e o Estado
só poderá intervir indiretamente. A privatização é uma Art.170 da CF/69 dizia que o Estado podia ou não
exigência do constituinte ordinário. exercer atividade econômica, a CF/88 rompeu com essa
idéia prevendo que o Estado só realiza atividade econômica
FORMAS DE ATUAÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA: se tiver interesse coletivo ou imperativo de segurança
nacional (art.173, CF)
Dica: Prof. de banca adora fazer comparações
●Indireta (art.174 CF) - Fomento (incentivo) entre a CF/88 e as anteriores. (ler: Constituições do Brasil –
Campanoli).
- regulações
Nunca falar em uma prova oral “eu entendo
- sancionamento que.....”; ou “a doutrina majoritária entende que...”, deve-se
- planejamento falar: “alguns entendem que...”

- regulamentação Atividade Econômica:

A regra é a atuação indireta e, excepcionalmente a - Entendimento majoritário: Em sentido amplo (art.173, § 1º


direta, porque atividade econômica é típica do particular CF):
(Estado mínimo). – atividade econômica em sentido estrito
Livre iniciativa: art.170, caput, parágrafo único. – serviço público
Prova: O Estado do RJ aprova uma lei criando - Entendimento minoritário: Atividade econômica é
uma estatal para vender sorvete na praia. Essa lei é diferente de serviço público
constitucional? Não, ela viola a CF porque o Estado estaria
autorizando uma lei que teria atuação direta do Estado sem Princípios:
relevante interesse coletivo ou imperativo de segurança
nacional (art.173 CF).
●Explícitos – previstos no art.170
- outros federativos (art.24, I)
●Direta – monopolista
- devido processo legal material (art.5º, LIV)
- concorrencial
- subsidiariamente (art.173)
Monopolista: o monopólio é um ilícito econômico.
O único monopólio admitido pela CF é o monopólio público
da União, do Estado e que tenha previsão constitucional
(art.177). ●Implícitos - abstenção

O art.177 da CF foi modificado pela Emenda 9/95, - segurança jurídica


que flexibilizou o monopólio da União, ou seja, aquilo que - não surpresa
só poderia ser feito pela União agora “em parte” pode ser
feito por particular.
Tem gerado muita divergência na doutrina é se o Os princípios não têm hierarquia, devem ser
serviço postal é monopólio da União. Não, porque não está ponderados diante do caso concreto.
expresso no art.177 da CF. A Lei 6.538/78 trata do serviço
postal que é feito pela ECT, e diz em seu art.42 que Os princípios do art.170 não são únicos, existem
qualquer pessoa que realize serviço postal sem a ECT muitos outros princípios implícitos.

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A subsidiariedade está prevista no art. 173 e diz 2) Regime societário – a sociedade de economia
que o Estado só poderá atuar diretamente na atividade mista tem previsão em lei (Lei 6404:;76, art.235 –
econômica se tiver interesse coletivo ou imperativo de Lei das S.A). Toda sociedade de economia mista é
segurança nacional. uma S.A. . Já a empresa publica não tem forma
O princípio da abstenção diz que o Estado não prescrita em lei, e deve trazer qualquer forma
pode tomar estratégia econômica empresarial em nome de mercantil prescrita em lei civil ou comercial.
agente econômico (particular). Quem deve escolher
estratégia empresarial é o particular. Em situações 3) Foro competente para seus interesses – a
excepcionais o Estado poderá intervir na estratégia empresa pública federal é julgada pela Justiça
empresarial, por exemplo, no que diz respeito a tabela de Federal, art.109, I, esse artigo não fala na
preços. Há divergências: competência para sociedade de economia mista,
logo, quem irá julgar é a Justiça Estadual, mesmo
Entendimento majoritário: Entende que o se for federal. Súmulas 42 STJ e 517 STF.
tabelamento de preços não viola a abstenção. Condições
para sua validade: OBS: antigamente existia uma quarta diferença
que dizia que a sociedade de economia mista não pode falir
- que haja anormalidade no mercado, desequilíbrio. Por e a empresa pública pode. Hoje em dia não se fala mais
exemplo, o que ocorre com os medicamentos. nisso, pois entende-se que as duas estão sujeitas a
falência.
- que só seja implementado pela União
Regime Pessoal da Estatal: É celetista. Art.37, II
- não pode afastar o mínimo da lucratividade das empresas.
CF. O empregado da estatal passou por concurso público,
Precedente: ADIN 319. Julgou improcedente o não tem estabilidade. Art.41 CF
pedido de declarar a inconstitucionalidade da Lei 8.669, que
Estabilidade: o servidor público só poderá ser
dizia que as mensalidades escolares só poderiam ser
demitido mediante processo administrativo disciplinar.
aumentadas conforme os índices oficiais de educação.
Alegavam que violava o princípio da abstenção, uma vez A estatal só se submete ao teto do funcionalismo
que o Estado estava intervindo na estratégia empresarial. se receber recursos orçamentários para cobrir despesas de
pessoal, ou despesas em geral. Art.37, XI, c/c § 2.
A segurança jurídica diz que o particular tem o
direito constitucional de planejar sua vida econômica com a A Estatal pode realizar atividade econômica ou
segurança observada no direito, na lei. Como conseqüência serviço público. Não é importante saber qual o tipo de
desse princípio temos o princípio da não surpresa, que diz atividade que a estatal realiza, a não ser para fins de
que ele não pode ser surpreendido por medidas estatais de responsabilidade civil.
caráter econômico que inviabilizem sua atividade
econômica. Serviço público, art.37, § 6 – responsabilidade objetiva

Precedente: ADIN 2666; Julgou constitucional a CPMF da Atividade econômica: art.173, § 1, II – responsabilidade
EC 37. subjetiva

II – REGIME JURÍDICO DAS ESTATAIS art.173 CF Responsabilidade Subsidiária do Estado

Divergências:
Há três tipos de empresas estatais:
- sociedade de economia mista
Entendimento majoritário: não há responsabilidade
- empresa pública
subsidiária do Estado porque só responde pelo dano que
- subsidiárias imediatamente causou (teoria da causalidade imediata)
Entendimento minoritário:

As subsidiárias são pessoas jurídicas vinculadas a uma Carvalhinho Se a estatal não tiver como reparar os
outra pessoa jurídica, por exemplo, a Petrobrás tem como prejuízos, deverá responder subsidiariamente (culpa in
sua subsidiária a BR distribuidora. eligendo).

As diferenças entre a sociedade de economia


mista e a empresa pública são Natureza jurídica dos bens das estatais
1) Formação do capital – a empresa publica tem
capital exclusivamente público. A sociedade de
economia mista tem um misto de capital privado Divergências:
com capital público, sendo que este deve ser Hely Lopes Meirelles:Bens públicos de uso
majoritário. É criada com base em lei, art.37, XIX, especial, por que são bens que interessam a coletividade.
CF. Artigo 65 e 66 ,II c/c art.16

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Carvalhinho – (entendimento majoritário) : Bens


privados com base na CF,artigo 173 , § 1, II Muitas vezes o Estado reconhece o relevante
interesse coletivo da atividade econômica mas percebe que
Bandeira de Mello: Bens vinculados ao serviço essa atividade poderia ser realizada com muito mais
público são bens públicos, e se não estiver vinculado ao eficiência pelo particular; é o caso da telefonia no Brasil que
serviço público só a atividade econômica é bem privado. foi privatizada, passando o Estado a atuar apenas de forma
Vai depender de sua destinação. indireta na atividade através da Anatel (agência
reguladora ).

Outros autores: Bens privados de natureza pública. A desestatização é um fenômeno genérico que
RE 220.906 / DF e informativo 193. Entendeu que pode se realizar de quatro formas diferentes:
os bens da ECT são impenhoráveis. A estatal ECT é - privatização
prestadora de serviço público (serviço postal). - concessão
- regulação
Princípio da continuidade do serviço publico. O STF não diz - terceirização
que o bem é publico ou privado só diz que o bem e
impenhorável. Por isso, não se deve deixar influenciar por
Não devemos confundir privatização com
esta decisão quanto à natureza jurídica.
desestatização, porque a privatização é uma espécie do
LICITAÇÃO: ARTIGO 173, § 1, III C/C ARTIGO gênero desestatização. A desestatização é um fenômeno
22, XXVII CF que busca atender os princípios constitucionais da
eficiência (garantia de melhores resultados) e da
Aula 3 - 13.01.2005 economicidade (realização de menores custos com maiores
No Brasil ainda não existe um estatuto jurídico benefícios )
para empresa estatal. Artigo 173, § 1, III As estatais devem Artigo 70 CF
ter uma lei diferenciada para licitação por que se ela tiver A idéia da privatização é que melhore o
que aplicar a lei de licitação 8666/90, ela terá prejuízo na serviço e diminua a tarefa, só que no Brasil não e assim
concorrência com as demais empresas privadas, porque se que acontece.....
o fornecedor pode vender seu produto diretamente para A privatização pressupõe a alienação de
Texaco, por que ele iria entrar com processo licitatório ativos / bens móveis e imóveis de uma estatal. É regulada
burocrático para vender o mesmo produto para a pela lei 9491/97. Essa lei tem o nome ‘’ programa de
Petrobrás? Desestatização’’ , foi uma confusão do legislador que
equiparou a desestatização com privatização. Essa
Porém esta lei diferenciada ainda não existe nem confusão do legislador tem fundamento na corrente
sequer em projeto. Em razão disto, que tipo de licitação minoritária que defende a equiparação da desestatização
deverá ser feita pelas estatais? com a privatização.
Divergências:
Os objetivos da desestatização são: Art. 1º da
Primeira corrente: Enquanto não for elaborado o estatuto Lei 9491/97
das estatais previsto no art. 173 da CF, as empresas
públicas e as sociedades de economia mista devem
- reduzir a divida publica
observar a lei 8666, já que estão adstritas ao principio da
- regular
legalidade. (entendimento minoritário)
- incentivar a entrada de
Segunda corrente: Enquanto não for elaborado o estatuto capital privado
jurídico a estatal poderá fazer regulamentos próprios para - incentivar o
cada tipo de licitação, não devendo ser aplicada a lei 8666. desenvolvimento da
Essa tese rompe com a primeira corrente. tecnologia
A estatal fará regras próprias já que não se tem uma lei - concentrar esforços em
genérica (entendimento minoritário) áreas residenciais
Terceira corrente: Enquanto não vier o estatuto da estatal,
A Lei 9491/97 é uma lei de ‘’ privatização’’ , que
deverão ser observados tão somente os princípios gerais
vai regular o processo de alienação de bens públicos (bens
da lei 8666 não precisando observar o rito dessa lei, que
móveis e imóveis das estatais).
são os que estão expressos no art. 173, § 1º, III CF
O art. 2º dessa lei é que demonstra a confusão do
(entendimento majoritário). Existe uma grande variação na
legislador influenciado pela corrente minoritária que
doutrina do que sejam os princípios gerais da
equipara desestatização com privatização. Mas não importa
administração, a doutrina majoritária entende que são os
o que diga a lei e sim a ciência do direito econômico.
princípios constitucionais.
O art. 4º dessa lei fala das modalidades de
III - Desestatização
alienação dos bens públicos. A forma mais clássica de
alienação desses bens é o leilão (art. 4º, § 3º)
Ocorre quando o Estado se retira da atividade
econômica por entender que não representa imperativo de
A alienação de bem público deve se submeter ao
segurança nacional ou relevante interesse coletivo.
processo licitatório (Lei 8666) O art. 17 da Lei 8666 diz que

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todo bem da Administração Pública deve obedecer dois 2) Fundo Nacional de Desestatização (FND)
requisitos para ser vendido: avaliação prévia e demonstrar
interesse público em alienar o bem. Esse mesmo artigo diz O BNDES (Banco nacional de desenvolvimento
que em se tratando de bem imóvel outros dois requisitos econômico e social) é o gestor do FND. É o orgão executor
são exigidos: licitação na modalidade de concorrência e do processo de desestatização (marca leilão, faz o edital,
autorização legislativa (Decreto de Lei) Normatização publica no DO.)
genérica. Art. 9º (composição), artigos 17, 18, (competência)
A lei 9491/97 dispõe que para alienação dos bens
públicos a modalidade a ser seguida é o Leilão e ainda diz
que no processo de privatização a autorização para alienar Processo de privatização:
o bem vem através de Decreto do Presidente da Republica
( art. 6º, I). 1) Instauração: se instaura com Decreto do Poder
Executivo, desde que haja prévio pronunciamento
Logo que surgiu essa Lei foram interpostas duas favorável do CND (artigo 6, I ), sob o fundamento de
ADINs, a ADIN 204 e a ADIN 562 questionando a evitar que a privatização seja uma medida política do
constitucionalidade dessas duas modificações (autorização Executivo (discricionariedade) O Presidente da Republica
por decreto executivo e alienação por leilão ) sobre os não está vinculado ao parecer do CND. Uma vez elaborado
seguintes argumentos : o decreto, poderá ser feito o edital.
- A lei 9491/97 viola o principio da legalidade, art.
37, XXI e XIX, CF, que diz que a estatal será criada
mediante lei, pois se precisa de lei para criar estatal 2) Edital: art. II. Deverá ser publicado em diário oficial e
não pode um decreto extinguir ( principio da simetria das em jornal de grande circulação. Esta exigência gerou
formas) problema no caso da venda da
- O bem sendo público só poderia ter alienação Vale do Rio Doce que publicou o edital apenas na
realizada pelo representante do povo e não pelo Executivo. Gazeta Mercantil. Ocasionou uma ação sob o
O STF entendeu constitucional a Lei 9491/97 sob argumento que o jornal Gazeta Mercantil é um jornal
os argumentos de que essa lei atende o art. 37, XXI CF, ao mais técnico do que popular. O juiz entendeu que
dispor que será criada por lei, entende-se que bastava a publicação do jornal na íntegra.
qualquer lei poderá criá-la, não somente a lei 8666. Atende
assim ao principio da legalidade. Também não viola o 3) Habilitação: Os indivíduos devem demonstrar o
principio da simetria das formas, pois a única exigência interesse, capacidade econômica de adquirir e capacidade
que se faz é quando da criação da estatal, ela deverá ser técnica (geral,especifica e operativa).
criada por lei,
e uma vez criada segue a mesma forma das empresas Não basta ter dinheiro para adquirir a estatal, tem
privadas podendo ser extinta da mesma forma. que demonstrar capacidade técnica de desenvolver a
Cabe ao Executivo através de decreto atividade econômica ou serviço público.
individualizar aqueles bens que integrarão a privatização, Capacidade técnica geral: a empresa interessada
porque o Executivo está muito mais próximo do interesse deve apresentar “alguma” capacidade técnica.
público do que o legislador, ninguém melhor do que o Capacidade técnica específica: a empresa
Executivo para saber se uma empresa merece ou não ser interessada deve apresentar além da capacidade técnica
privatizada. uma capacidade específica. Por exemplo: uma empresa de
telefonia se habilita em processo de privatização de uma
Privatização pressupõe alienação. empresa de energia elétrica. Não é possível, pois, ela tem
capacidade técnica geral mas não especifica.
Processo de privatização Capacidade técnica operativa: capacidade de
desempenhar a atividade com eficiência e exclusividade
1) Instauração - art. 6º ,I para o Estado.
2) Edital - art. 6º, II
3) Habilitação 4) Leilão: fase onde há a alienação dos bens. Feita em
4) Leilão bolsa de valores, oralmente. Toda oferta pública feita em
5) Pagamento leilão deve ter registro na CVM (lei 6385/76). Na
privatização é dispensado esse registro da oferta publica, já
Orgãos que atuam no processo de privatização: que está sugerida pelo orgão público (CND,FND). A norma
que dispensa o registro da oferta publica na privatização é
1) Conselho Nacional de Desestatização (CND) artigos a Deliberação nº 14/92 da CVM.
5º e 6º.
O leilão pode ser feito de três formas:
É o conselho de assessoria técnica do governo
que faz estudos sobre a viabilidade da privatização de uma - Lance aberto (quem dá mais)
empresa (se tem atividade econômica relevante, se merece - Envelope fechado (aberto em sessão publica)
ou não ser privatizada) ela é composta por ministérios. - Por repique (feito em dois turnos, em que a
É o orgão superior de decisão sobre questões da autoridade pública vai escolher as duas mais vantajosas e
privatização. será realizada uma nova sessão pública entre as duas mais
vantajosas. (pode ser aberto ou por envelope).

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administração a contratar mediante licitação, salvo em caso


4) Pagamento: Não ha restrição ao pagamento em de dispensa de licitação previsto na CF.
moeda estrangeira. (dólar , Euro etc…), apesar de não Em relação à Responsabilidade Civil, há um
estar previsto no art.14 (formas de pagamento) que é entendimento na doutrina, que o Estado se responsabiliza
meramente exemplificativo. Não é o leilão que transfere a subsidiariamente pelo ato do terceirizado, pois quem está
propriedade e sim o pagamento que fecha o procedimento agindo não é o terceirizado e sim a própria administração
de privatização. pública. É diferente da idéia de responsabilidade civil da
Estatal, pois quando a estatal causa um dano a alguém, é
ela que está figurando naquela relação jurídica. Ex: quando
a PETROBRAS lança óleo na Bahia de Guanabara, é ela
que está lançando óleo, ou seja, há uma nítida diferença
Aula 4 e 5 – 14/01/2005 entre a PETROBRAS e a União, por exemplo. Já a
empresa terceirizada não aparece. Ex: quando o vigilante
Terceirização do INSS humilha um aposentado na fila do INSS, quem
Regulação está agindo é o próprio INSS, ou seja, o nome da empresa
Agências – origem e função de vigilância contratada pelo INSS não aparece, pois se
Previsão Constitucional - art. 21 XI e art. 177 parág. 2º, trata de uma atividade meio. Portanto, haverá sempre a
III. responsabilidade do Estado pela empresa terceirizada.
Agências Reguladoras e Agências Executivas
Obs: existe um enunciado do TST, que
expressamente fala de responsabilidade de empresa que
- regime de pessoal contrata empresa terceirizada e também do Estado quando
terceiriza.(enunciado 331 do TST). No direito do trabalho a
- dirigente maior (nomeação)- lei 9986/00 regra é a mesma, ou seja, uma empresa não pode
(mandato)- art. 6º e 7º terceirizar uma atividade fim. Ex: uma empresa de ônibus
(destituição)art. 9º não pode contratar uma empresa terceirizada para fornecer
mão de obra de motorista, entretanto poderia contratar uma
“Regime Especial” - autonomia técnica empresa terceirizada para fazer a manutenção dos ônibus
- licitação mais flexível (atividade meio) etc.
- poder regulamentar Regulação – É um termo amplo que não se
confunde com fiscalização e também não se confunde com
Terceirização - Transferência para o particular da regulamentação (que é uma das atividades da Regulação).
atividade meio da adm. pública. Só existe terceirização Regulação é a representação da atuação indireta do Estado
sobre atividade meio; se for sobre atividade fim da na economia, ou seja, é um instrumento pelo qual o Estado
administração (do Estado), a terceirização é ilegal, pois materializa a atuação indireta na economia. Está no 174 da
certamente irá contra o princípio do concurso público ou da CF e pressupõe fiscalização, incentivo, planejamento,
licitação. Ex.1: ao invés do INSS contratar guardas de regulamentação etc. A regulação pressupõe atuação num
regime estatutário, servidor público, ele contrata uma setor específico da economia, ou seja, a atividade
empresa que fornece mão de obra de vigilância por regulatória do Estado pressupõe a criação de órgãos
exemplo. Ex2: Não poderá, ao invés de contratar um fiscal específicos para os diversos ramos específicos da
de renda, contratar uma empresa de auditoria, pois economia. As agências reguladoras não podem ser
esbarrará, nesse caso, no princípio do concurso público genéricas, devem ser específicas, conforme os ramos da
pois a atividade fim deve ser preenchida por concurso economia. Ex: ANP (Agência Nacional do Petróleo); ANEEL
público (art. 37, II). (Agência Nacional de Energia Elétrica), ANATEL (Agência
Obs: segundo Marcos Juruema (banca de Dir. Nacional de Telecomunicações), são agencias com funções
Administ. -PGE), o Estado estaria autorizado a contratar completamente diferentes.
mão de obra terceirizada em algumas atividades fim. Ex: Temos exemplos de agências reguladoras
Saúde - o art. 199 da CF fala que a saúde será aplicada genéricas, como no RJ (Agência Estadual Reguladora de
pelo Estado e por terceiros, então essa expressão “e por Serviços Públicos - AGEP), entretanto é uma exceção, pois
terceiros” destinaria a terceirização sobre atividade fim, pois no âmbito federal isso não ocorre. (há discussão doutrinária
a saúde é uma atividade fim (principal) do Estado e não sobre possibilidade de agências genéricas). A regulação,
atividade meio, então por conta dessa expressão, estaria portanto se materializa através das agências reguladoras.
autorizado o estado realizar terceirização sobre atividade
fim. (corrente minoritária, entretanto por ser um autor A regulação é uma forma de desestatização, mas
importante, vale ressaltar). nem sempre a regulação pressupõe uma prévia
privatização. Ex: criação da ANVISA (Agência Nacional de
É importante falar também que a terceirização Vigilância Sanitária), que não provém de nenhuma
necessita de licitação. O fundamento normativo da licitação privatização e também a ANS (Agência Nacional da Saúde)
na terceirização não é o 175 da CF e sim o art. 37 inc. 21, para a saúde pública que é função, atividade do Estado e
pois o 175 está se referindo à atividade fim (serviço público para controlar os planos de saúde.
é atividade fim) do Estado, já a terceirização é exercício das
atividades meio do Estado, então funciona como um É importante ressaltar que a regulação pode
contrato em geral, que estão no art. 37 XXI, que obriga a também ser feita sem a agência reguladora, ou seja a

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regulação não pressupõe a agência reguladora, pois setor específico da economia (art. 174). Uma corrente
existem no Brasil inúmeros órgãos que não tem o nome de minoritária, porém capitaneada por Di Pietro, entende que
agência reguladora, mas exercem atividades de regulação. agência executiva não se confunde com agência
Ex: o BACEN é considerado pela doutrina como um órgão reguladora, pois para ela, agência reguladora é essa que
regulador sem essa definição, pois fiscaliza o mercado estamos estudando (é uma autarquia de regime especial,
financeiro (mercado bancário, bolsa de valores e etc.), que atua indiretamente na economia, controlando
expede normas, pune abusos de bancos, determina a atividade…); já a agência executiva, não é um instituto do
liquidação e intervenção de bancos, etc. Em contrapartida, direito econômico e sim do direito administrativo, ou seja,
o Brasil tem órgãos reguladores por natureza, que não agência executiva executa atividade de índole social, é
regulam nada na prática. Ex: ANCINE (Agência Nacional de aquela entidade (pessoa jurídica) que exerce, atua numa
Cinema), ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), pois o atividade de índole social, e, portanto não tem nada a ver
brasileiro gostou da moda das agências, influenciado pelos com direito econômico. Ex: atividades de pesquisa, cultura,
EUA, etc. biblioteca, apoio à infância, à saúde, à educação, ou seja, o
que faziam as fundações antigamente. Agência reguladora,
A Agência Reguladora tem origem nos EUA, em por ser uma autarquia, já nasce com esse nome, enquanto,
1887, através do ICC (Interstate Commerce Commission), a agência executiva é um título que se adquire, portanto,
que foi o primeiro órgão regulador do mundo e fiscalizava e qualquer entidade pública ou privada pode se tornar uma
regulava o serviço interestadual de transporte ferroviário. agência executiva. Para Di Pietro, agência reguladora
A nossa Constituição prevê apenas dois órgãos representa atuação indireta e a executiva direta. A autora
reguladores: cita dois decretos de regulamentação do executivo (Dec
2487 e 2488) que para ela, esses decretos tratariam das
1) Art. 21, XI – para o serviço de agências executivas (pessoas jurídicas de direito público ou
telecomunicações (no caso a privado que recebem o título de executiva e tem
ANATEL). benefícios). Ressalta-se que essa não é a posição
2) Art 177, parág. 2º, III – para o majoritária, pois para a corrente majoritária, não há
petróleo (no caso a ANP). distinção dessas nomenclaturas.

Quando surgiram as primeiras leis das agências No Brasil não existe uma lei geral para a agência
reguladoras em 1996, alguns doutrinadores alegaram a reguladora, existe uma lei específica para cada agência. Ex:
inconstitucionalidade das mesmas, por não estarem lei da ANATEL, da ANEEL, da ANP, etc. Obs: na página do
baseadas em nenhum artigo constitucional. Ex: Lei 9427/96 planalto é possível visualizar o número de todas as leis das
que tratou da ANEEL (Agência Nacional de Energia agências reguladoras. A única lei geral que abrange todas
Elétrica) em que alguns alegaram a inconstitucionalidade as agências é a lei de regime de pessoal das agências
dessa lei por não estar prevista em nenhum artigo da CF. (está sendo objeto de ADIN e por isso está um pouco
Entretanto é quase unânime, a visão da doutrina de que esvaziada), no resto, cada agência tem sua lei própria, com
essas leis são perfeitamente legítimas, pois a ausência de suas normas específicas.
previsão constitucional para outros órgãos reguladores, não Existe uma tese que costuma comparar o BACEN
impede o legislador de criá-las, e isso demonstra o e o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)
atendimento ao princípio da eficiência. As normas acima com uma agência reguladora. A doutrina cita dois exemplos
mencionadas (21, XI e 177, 2º, III), são denominadas de autarquias consideradas pela lei como autarquias
“normas constitucionais formais”, e só são denominadas comuns, mas que exercem função típica de agência
dessa forma porque estão presentes na CF, pois apesar de reguladora. Com relação ao CADE, existe uma posição
se encontrarem na CF, não trazem matérias tipicamente (minoritária) de Alexandre Aragão (Procurador do Estado),
constitucionais, como direitos fundamentais, organização que é professor de Direito Administrativo do curso e
política do Estado e etc. Portanto, não havia a necessidade normalmente está em banca de concurso para a
das normas constitucionais formais se encontrarem na CF, Procuradoria do Estado. Ele diz que o CADE não pode ser
como as normas constitucionais materiais (que tratam de comparado com agência reguladora, pois segundo ele o
matéria constitucional), poderiam estar simplesmente na lei CADE não faz regulação, porque ele é genérico (trata da
infraconstitucional. economia, de toda a atividade econômica) e porque o
As agências reguladoras têm como natureza CADE não age em abstrato, só age em casos concretos,
jurídica a caracterização de Autarquias integrantes da como por exemplo, no caso Nestlé/Garoto (se pode haver
Administração Pública Indireta, entretanto, não são ou não a junção dessas duas empresas), no caso
autarquias comuns como o INSS, IBAMA etc, são Brahma /Antártica (idem) e etc. Entretanto a posição
denominadas pela doutrina, “Autarquias de Regime majoritária é de que o CADE e o BACEN exercem
Especial”( estudaremos depois). atividades de agências reguladoras, sem possuir a
denominação de agências reguladoras.
É importante não confundirmos as expressões,
agências reguladoras e agências executivas, pois existe A agência reguladora é conceituada na doutrina
uma divergência na doutrina sobre o que seja agência como uma autarquia de visão especial, e Hely Lopes
executiva e agência reguladora. A maioria da doutrina em Meireles, pioneiramente, já tratava as agências reguladoras
Direito Econômico não faz distinção entre elas, ou seja, como autarquias diferenciadas. Ele tratava a agência como
tanto faz chamar de reguladora ou executiva, pois com um uma autarquia diferenciada e definia a agência como uma
nome ou com outro, será sempre um órgão regulador com autarquia de regime especial com maior autonomia,
personalidade jurídica própria com a função de regular um entretanto não explicava o que seria esse regime especial,

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não se aprofundou mais do que isso. A doutrina, baseada regime estatutário, pois para isso é obrigatória previa
nas leis posteriores a 1990, posteriores a morte dele, autorização legal. Assim, em virtude da impossibilidade de
passou a enunciar alguns critérios caracterizadores desse adotar os dois regimes (seletista e estatutário), as agências
regime especial. reguladoras passaram a optar por uma terceira via, que é o
Regime Temporário (concurso público para função
Alguns critérios diferenciam as agências temporária).
reguladoras das autarquias comuns (INSS, IBAMA e etc). O
primeiro critério diferenciador é a questão do regime de No final de 2003, foi editada a MP 155 que foi
pessoal (que hoje a partir de 2004, perdeu um pouco a convertida na lei 10481/04. Essa MP, pela 1º vez criou
importância). Para entender porque essa peculiaridade já cargos públicos no âmbito das agências reguladoras e
não é importante, é preciso fazer um histórico: a CF de 88 obviamente revogou todos os artigos da lei 9986 que faziam
em relação ao regime de pessoal, pregava um único regime previsão do regime seletista. Assim, a partir de maio de
de pessoal na administração pública (para as pessoas 2004, esse regime seletista saiu e atualmente só temos o
jurídicas de direito público), um único regime de pessoal regime estatutário. As autarquias comuns são regidas pela
para as autarquias, que era o regime estatutário (art. 39- emenda 19 (ainda não foi julgada inconstitucional, pois o
regime jurídico único da administração pública direta julgamento está em aberto, está suspenso) que prevê
autárquica e fundacional), portanto as autarquias, assim regime estatutário e regime seletista; e a agência
como a União, os estados e os municípios só poderiam ter reguladora hoje só tem regime estatutário.
servidores públicos estatutários. As agências antes mesmo
de qualquer regulamentação, eram estudadas na doutrina Em cada lei das agências há um nome
como um órgão que poderia ter o seu regime de pessoal diferenciado para o “dirigente maior”. Algumas agências
seletista, para flexibilizar melhor a sua atuação falam que o dirigente maior é o Presidente e outras que é o
administrativa, ou seja, a agência reguladora, ao contrário Diretor Geral, e outras Gerente Geral. Assim, a lei 9986 à
da autarquia, poderia ter o seu regime de pessoal. Isso partir do art. 5º trata dessa figura como “dirigente maior”. A
acabou motivando a emenda constitucional 19/91 (Reforma peculiaridade do dirigente maior da agência reguladora em
Administrativa) que acabou com o regime jurídico único. relação ao da autarquia é que a nomeação do dirigente
maior da agência é feita pelo Presidente da República
A emenda instituiu o regime estatutário e também (chefe do executivo), depois de ratificada pelo Senado
o regime seletista no âmbito das autarquias, assim, com a federal (legislativo).
emenda 19, aquilo que era mera doutrina, tornou-se
realidade com a lei 9986/2000 que fez previsão em seu art. Pergunta-se: Essa ratificação de uma escolha do
1º, que o regime de pessoal adotado nas reguladoras seria executivo agride a Separação dos Poderes? R: Não, pois o
única e exclusivamente seletista, não deixando qualquer art. 52, III, f da CF, diz que a lei poderá convencionar
possibilidade de regime estatutário no âmbito das agências. nomeações do Presidente à ratificação por parte do Senado
Na época esse artigo dessa lei foi muito criticado, pois (a famosa “Sabatina”). O art 5º da lei 9986 prevê
segundo alguns, o regime seletista não dava segurança ao expressamente o art. 52, III, f, ou seja, o Senado
funcionário para atuar imparcialmente. Ex: Como um fiscal necessariamente deverá aprovar a escolha do presidente
da ANP iria interditar um posto de gasolina de uma grande da República e também reza que o indivíduo nomeado só
bandeira (Shell, Texaco, Petrobrás, etc), sabendo que no pode ser da área econômica da agência reguladora. Ex: o
dia seguinte poderia ser demitido por contrariar interesses dirigente maior da ANATEL deve ter conhecimentos
econômicos de empresários influentes no congresso, no técnicos na área de telecomunicações, etc., por isso não
executivo e etc? Essa lei 9986 gerou uma ADIN 2310 que pode ser amigo do presidente, deputado que perdeu eleição
questionava, dentre outras coisas, a revisão de um único e foi nomeado, etc. Portanto dois são os requisitos para ser
regime seletista no âmbito das agências reguladoras; então, dirigente maior da agência reguladora: aprovação do
no dia 19/12/2000, o ministro Marco Aurélio, deferiu senado e conhecimento técnico específico. Já nas
monocraticamente, liminar dessa ADIN para suspender a autarquias comuns, o Presidente da República nomeia que
eficácia dos artigos da lei 9986 que tratavam do regime ele quer, ou seja, não há interferência do Senado e nem é
seletista das agências reguladoras. necessário conhecimentos técnicos na área de atuação.

O argumento do Marco Aurélio é que já havia uma O dirigente maior da agência não exerce cargo em
ADIN proposta contra a emenda 19 que é a ADIN 2135 que comissão (que pode sofrer exoneração), pois está no cargo
dentre outras coisas questiona na reforma administrativa a para cumprir um prazo descrito na lei para o mandato, é
quebra do regime jurídico único seletista, ou seja, a nomeado para exercer um mandato (art. 6º e 7º da lei
possibilidade de se ter na administração autárquica o 9986). O mandato não deve coincidir com o mandato
chamado regime seletista. Essa ADIN atualmente já está presidencial, para garantir maior autonomia técnica, para
3X0 para a inconstitucionalidade da emenda 19 que trata que o indivíduo exerça as suas funções técnicas sem
dessa parte e hoje em dia há o entendimento que o regime interferência política. Ex: se o diretor geral da ANP entender
seletista é incompatível com as pessoas jurídicas de direito que é devido o aumento de combustíveis no ano da eleição
público. O regime seletista era o que existia antes da CF e presidencial, não pode o presidente interferir, exonerando-
a CF veio inserir o regime único justamente para combater o, pois ele deverá cumprir o seu mandato.
a insegurança que o servidor tinha para realizar sua função. A destituição também não pode ser por mera
Em virtude da lei 9986 (regime unicamente vontade do Presidente da República, como ocorre nos
seletista) ter sua eficácia suspensa pela liminar em ADIN Ministérios ( art. 9º da lei 9986 que trata da destituição),
2310, as agências não podem ter o regime seletista e ao pois para destituí-lo é necessário no mínimo de um
mesmo tempo as agências não poderem contratar em processo administrativo disciplinar. Pode deixar o cargo

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também nas hipóteses de renúncia e condenação judicial Poder Regulamentar Específico - Lembra elaborar
transitada em julgado. normas. Pergunta-se: Elaborar normas originárias, ou
normas secundárias baseadas numa lei prévia?
Há uma crítica do governo atual, em relação ao
mandato não coincidente e existe um projeto de lei Nos EUA, a agência reguladora pode inovar no
tramitando no congresso nacional, que visa acabar com o mundo jurídico, pode criar normas originárias, normas
mandato do dirigente maior e com o seu mandato não jurídicas, se autorizadas pelo poder legislativo. A maioria da
coincidente com o mandato presidencial. A doutrina critica doutrina do Direito Econômico no Brasil defende a
parcialmente esse projeto, pois segundo ela, acabar com o possibilidade do regulamento autônomo, ou seja, admite-se
mandato do dirigente maior é um retrocesso, ou seja, se o que a agência reguladora inove no mundo jurídico. Os
presidente da agência não toma a decisão que o Presidente argumentos são basicamente os mesmos daqueles autores
da República quer, ele é exonerado, ou seja, é uma volta ao do direito constitucional que defendem o decreto autônomo
passado. Entretanto, a doutrina já admite a extinção do (no direito constitucional, existem alguns autores que
mandato não coincidente, pois o mandato não coincidente defendem o decreto autônomo, ou seja, um decreto
viola a legitimidade do Estado, a cidadania, a democracia e executivo inovador, que é minoritário, pois a maioria dos
outros princípios do Estado democrático de direito, pois em constitucionalistas defende o decreto regulamentador).
se tratando de um caso de eleição de novo Presidente,
poderia essa eleição estar renunciando o modo de Os argumentos em prol da regulamentação
administração anterior, ou o próprio Presidente e etc, logo, autônoma, da resolução autônoma, da portaria autônoma,
não estaria correta a presença de um dirigente maior (que são: A própria interpretação do Princípio da Legalidade, que
defendesse os interesses de governo anterior) no novo é estudado através de dois sub princípios: Reserva Legal e
governo, etc. da Preferência Legal ou Preferência de Lei; isso quer dizer,
que algumas matérias estão reservadas à lei de expressa
O artigo 8º prevê uma espécie de quarentena, ou condição constitucional (crime, tributo – não há crime sem
seja, o dirigente maior ou conselheiro, ao deixar o cargo, lei anterior que o defina, não há tributo sem lei anterior que
fica impedido até 4 meses, de atuar na área em que o defina), entretanto existem outras matérias que não estão
trabalhava na agência. Ex: se o presidente saiu da ANP, ele reservadas à lei, pois o legislador não deve legislar todos os
deverá ficar 4 meses afastado do mundo do petróleo e assuntos do meio social.
derivados, ou seja, se ele for chamado para trabalhar na
TEXACO, deve ficar 4 meses de quarentena. Existe uma Ex: O traje mínimo para circular no interior do
crítica à esses 4 meses, pois alega-se ser muito pouco e Fórum, não necessita de lei, pois pode o tribunal expedir
não adiantar nada, pois o indivíduo tem informações uma portaria que discipline sobre isso. Por isso, é nesse
privilegiadas e etc. campo que seria admitido o decreto autônomo e por
conseqüência a resolução autônoma, ou seja, a resolução
Portanto a Agência tem mais autonomia técnica poderia tratar de assuntos que não estivessem
que a Autarquia comum. Ela não se rege por orientações especificados na lei. O segundo argumento tem base no
políticas e sim por orientações técnicas. A autonomia, Princípio da Reserva Administrativa ou da Reserva de
portanto é um diferencial em relação as autarquia. Administração (quem defende bem esse princípio é o
doutor Sérgio Ferraz - Procurador do Estado do RJ -
Também temos uma outra peculiaridade que é a publicou um dos melhores livros de Mandado de
licitação mais flexível prevista no art. 24 parág. único da Segurança), ou seja, da mesma forma que o legislador tem
lei 8666, que trata dos casos de Dispensa de Licitação. O seu campo de reserva legal, o administrador também tem
parágrafo único fala expressamente que o percentual de seu campo de reserva próprio. Se o administrador só pode
dispensa de licitação das agências reguladoras será de fazer o que a lei determina, o poder executivo não é igual
20% ao invés de 10% como é aplicado para as autarquias ao legislativo, o poder executivo é um braço do legislativo; o
comuns, ou seja, existem alguns valores no art. 23 que executivo deve ter um status de atuação que independa do
dispensariam a licitação. O art. 23 diz que acima de legislador, senão ele não tem como cumprir o interesse
R$150.000,00 podemos ter a modalidade de licitação de coletivo, ou seja, como o executivo vai materializar o
carta convite. O art. 24, I diz que até 10% desse valor, interesse coletivo se ele não está regulamentado; desta
dispensa ter licitação. Ex: um contrato a ser executado pelo forma, esse argumento afirma que existe a reserva do
INSS de R$ 15.000,00 dispensa licitação. Já a agência administrador e é nesse campo do administrador que
reguladora dispensa licitação no valor de R$ 30.000,00. caberia o decreto autônomo, a resolução autônoma.
Portanto a agência tem uma licitação mais flexível.
O terceiro e último argumento veio positivado na
Obs: É importante ressaltar a divergência da de emenda constitucional 32, no seu art. 84, VI que fala sobre
Pietro, pois o art 24 parág. único fala de “entidade a extinção de cargo público por decreto, entretanto esse
qualificada como agência executiva”, assim, dependendo argumento falhou, pois esse decreto trata-se de decreto
da posição que ele vai adotar, haverá uma solução diversa. não normativo. O quarto e mais importante argumento que
Para de Pietro, à agência reguladora não se aplica isso, é levantado pela doutrina de direito econômico é o Princípio
pois essa norma pede para aquelas entidades que foram da Eficiência e o próprio Princípio da Regulação(174), ou
qualificadas, que receberam o título de agência executiva, seja, não é função do legislador tratar de funções
que por realizar uma atividade social, recebe um benefício específicas da economia, de tecnologia GSM de celular e
que é a dispensa de licitação maior. Mas para a grande etc…, não é função do legislador tratar de matérias
maioria que não faz distinção entre ag. reguladora e ag. específicas; assim, em nome da eficiência, a agência
executiva, a agência reguladora poderia perfeitamente reguladora tem que regulamentar nos setores da economia,
dispensar no percentual de 20%. para que materialize a sua própria atuação indireta, além

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disso, é importante ressaltar que a economia é um tipo de concentração de mercado (existem várias formas de
fenômeno altamente volátil, está em constante concentração de mercado).É objeto também do direito
desenvolvimento e mudança, assim, não se pode esperar o concorrencial, coibir o abuso nos lucros, o lucro abusivo.
legislador para fazer essas normas, por isso a agência deve Ex: quando age-se em monopólio, tem lucro injustificado,
fazer sua regulamentação específica. Ex: a ANP tem uma etc. Esses objetivos estão delineados expressamente na
resolução famosa que diz que para a empresa ser CF no art 173, parág. 4º da CF. O direito concorrencial é
caracterizada como distribuidora de derivados do petróleo, chamado também de antitruste, pois para alguns autores a
deve um número X de tanques de armazenagem de palavra truste é uma concentração genérica de mercado,
combustível, etc. outros autores (maioria) acreditam que o truste é uma
concentração de mercado específica diferente das demais,
Assim, não seria o legislador quem iria dizer se é pois existem várias formas de concentração de mercado
ou não distribuidor, pois não teria nem mesmo capacidade como o cartel, o monopólio, o oligopólio, o dumping e o
de fazê-lo. A ANP volta e meia é chamada na justiça, pois truste é mais uma dessas formas de concentração.
as empresas que fizeram a licença para desenvolver a
atividade, alegam que a resolução é autônoma, e inova no Temos também, além da lei 8884, outras leis
mundo jurídico e que por isso viola a legalidade, que não há importantes para o direito antitruste. A lei 8078/90 (Código
lei autorizando essa resolução. Portanto a maioria do direito de Defesa do Consumidor), que também é considerada
Econômico entende como possível a regulamentação de pela doutrina uma lei de direito concorrencial, pois abrange
assuntos originariamente, desde que não viole a reserva aspectos de direito concorrencial, pois fala de cláusulas
legal. Os fundamentos da minoria são dois: Princípio da abusivas e etc, pois o consumidor é importante não só para
Legalidade - a resolução, a portaria da agência, não pode o direito civil, mas também para o direito concorrencial.
inovar no mundo jurídico, deve estar baseada na lei e só a
lei pode inovar no mundo jurídico. Outra lei é a 9021/95 , que trata de uma Secretaria
importante do governo, que atua na defesa da
O segundo argumento é que a agência que inova concorrência, que é a Secretaria de Acompanhamento
no mundo jurídico, viola a democracia, pois a agência é Econômico SEAE (vinculada ao Ministério da Fazenda).
dirigida por um indivíduo que não foi eleito pelo voto popular Temos também uma lei penal que é a Lei 8137/90 que em
e se o decreto autônomo já é questionado, pelo menos o seu art. 4º fala dos crimes contra a ordem econômica, ele é
decreto deve ser feito por alguém que foi eleito (Presidente considerada também uma lei de direito concorrencial, pois o
da República), pois do contrário teríamos uma norma que direito concorrencial tem seu aspecto penal. A lei 8884 é a
foi feita por um indivíduo que sequer foi eleito e pior, que as principal e em seu art. 3º fala sobre o principal órgão de
vezes foi nomeado por presidentes derrotados na eleição defesa da concorrência, que é o CADE (Conselho
passada e que, portanto, essas agências representam uma Administrativo de Defesa Econômica - vinculado ao
ideologia derrotada na eleição popular. Ministério da Justiça), o CADE é uma autarquia federal com
personalidade jurídica própria.Obs: toda a autarquia está
Obs: a corrente minoritária não admite que as vinculada à um ministério específico e toda a estatal e
agências inovem no mundo jurídico, pois iria ferir o estado fundação também.
democrático de direito, não pode ser feita por alguém que
não tem o voto popular e o presidente pelo menos tem o Obs: o art. 3º, da lei 8884, fala que o CADE é
voto popular; já o dirigente maior não tem o voto popular e órgão judicante e isso é um erro da lei, pois ele não é do
muitas vezes representa uma ideologia passada, e para poder judiciário, ele só julga processo administrativo e isso
evitar esse tipo de situação não de pode permitir que a não o transforma em órgão judicante. A lei do CADE não é
agência reguladora regulamente de maneira originária, a 8884. A lei que criou o CADE é uma lei antiga, hoje já
diferencial. Isso a diferencia da autarquia comum que não revogada que é a lei 4137/72 e essa lei criou o CADE como
necessariamente tem produção normativa, nós até temos, órgão despersonalizado, desta forma, o CADE sempre
por exemplo, normas do INSS, portaria reconhecendo existiu desde 72 e o que fez a lei 8884 foi apenas
procedimentos e etc, mas isso não é comum, pois não é transformar o CADE de órgão, em autarquia, ou seja, o
função da autarquia comum ter poder regulamentar, pois CADE que não tinha personalidade jurídica, passou a tê-la
quem tem poder regulamentar é a administração central, é no art. 3º.
o poder executivo, pois quem regulamenta as leis
previdenciárias é o presidente através do decreto e não o O CADE é o principal órgão que faz defesa da
INSS, isso não ocorre com as agências reguladoras, pois concorrência, mas não é o único. Ao seu lado temos: SDE
quem regulamenta o setor da economia específico não é o (Secretaria de Direito Econômico – órgão despersonalizado
presidente e sim a própria agência, pois afinal de contas a vinculada ao Ministério da Justiça) que tem papel
agência reguladora é um órgão que substitui o Estado importante na defesa da concorrência. Temos a SEAE –
naquela fiscalização específica da economia. Portanto não (vinculada ao Ministério da Fazenda) que auxilia a SDE e o
há agência sem poder regulamentar. CADE em estudos de mercado, de cartel, truste e etc. Além
desses 3 órgãos muito importantes, podemos citar mais 2
Direito Concorrencial ou Anti-Truste (Lei 8884/94) órgãos muito importantes para o direito concorrencial. O
primeiro é o MPF (Ministério Público Federal) mencionado
Direito concorrencial é o ramo do direito no art 12º da 8884, que fala que o MP também faz controle
econômico cuja preocupação é materializar o Princípio da de concorrência e o segundo é a AGU (Advocacia Geral da
Livre Concorrência, previsto no art. 170, IV da CF e por União), mencionada no art. 35-A, que também faz controle
conseqüência busca viabilizar outro princípio, que é o da concorrência.
Princípio da Livre Iniciativa., previsto no 170 caput. Busca
incentivar a concorrência no mercado, busca coibir qualquer Definição da doutrina das formas de concentração de

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mercado: fazer nesses casos, ou seja, decidir de acordo com o


princípio da razoabilidade.
Truste - Segundo a doutrina é uma concentração
vertical de mercado relevante. É uma concentração vertical A empresa pode materializar a fusão e
dentro da cadeia econômica. Normalmente ele é visto na posteriormente avisar a o CADE, ou pode antes de realizar
prática através do contrato de exclusividade. Ex: o produtor a fusão, avisar o CADE; tanto faz.
só pode comprar matéria prima de um único distribuidor.
Aula 6 e 7 - 27/01/2005
Cartel – É uma concentração horizontal de
agentes econômicos dentro de uma mesma fase da cadeia DIREITO CONCORRENCIAL (continuação):
econômica. Normalmente é visualizado pelo acordo de Compromisso de Desempenho x Compromisso de
preços. Ex: varejistas de postos de gasolina (todos têm + ou Cessação:
– o mesmo preço, ou seja, não há uma concorrência
verdadeira). Existem dois acordos que não podem ser
confundidos. Um deles é o compromisso de desempenho,
Monopólio - É a atuação exclusiva de um agente que está previsto no artigo 58 da Lei 8884 e o outro é o
econômico no mercado, com o intuito de eliminar a compromisso de cessação, previsto no artigo 53.
concorrência. A atuação exclusiva no mercado não significa
necessariamente monopólio, pois muitas vezes o sujeito Nós vimos que alguns atos privados econômicos
atua sozinho no mercado, pois o produto é que em tese não precisam ser autorizados, em razão de
reconhecidamente mais eficiente, portanto, no monopólio o poder gerar algum prejuízo a concorrência, precisam passar
indivíduo não só age sozinho, como toma atitudes para não pela autorização do CADE. É o que ocorreu com a
permitir a concorrência. AMBEV, que foi uma fusão de duas grandes empresas que
poderia gerar concentração de mercado. O artigo 54 diz
Oligopólio - Ocorre da mesma forma que o que qualquer ato seja qual forma ele assumir passará pela
monopólio, mas ao invés de o mercado ser dominado apreciação do CADE se houver a possibilidade de gerar
apenas por um agente econômico, é dominado pela concentração de mercado. Não precisa efetivamente gerar
atuação de um grupo. dano a concorrência para o ato ser apreciado pelo CADE.
Dumping - É a diminuição injustificada de preços Muitas vezes, com base no artigo 54 § 1°, o CADE cria
para abolir a concorrência e não para beneficiar o algumas condições para que aquele ato seja autorizado. O
consumidor. Existe uma divergência entre dumping e preço CADE visualiza que a situação completa não deve ser
predatório, entretanto isso não é importante agora para rejeitada de plano, mas também não pode ser autorizada
nosso estudo. sem qualquer condição. Esse meio termo será através do
compromisso de desempenho, que será autorizado o ato
Venda Casada - Instituto que obriga o agente sob a condição de que algumas metas serão cumpridas.
econômico da fase posterior da cadeia econômica, a
adquirir outros produtos da obrigação contratada. Ex: Portanto, COMPROMISSO DE DESEMPENHO é
exclusividade da Coca Cola. um acordo entre o CADE e as empresas onde são
estabelecidas algumas metas a serem cumpridas como
Conduta Concertada - Há um acordo de condutas condição para autorização do ato, que é oficialmente lesiva
no mercado para viabilizar concorrências e prejudicar a Ordem Econômica.
concorrentes que não utilizam essa conduta.
Através desse acordo ficou estabelecido que a
A atividade econômica é típica do particular, salvo nova empresa (AMBEV) deveria aumentar a arrecadação
nos casos que necessitam de autorização, quando tributária, manter ou aumentar a oferta de emprego,
prejudica a livre concorrência. demonstrar uma maior lucratividade. Obviamente se as
condições não forem cumpridas, a autorização para a fusão
O art. 3º fala sobre órgãos de defesa da das duas empresas será revogada. O próprio artigo 55
concorrência: prevê isso. A fusão que anteriormente foi considerada
CADE (MJ) legitimada passará a ser considerada ilegítima, se não
cumpridas as condições.
SDE (MJ)
Quando deveria a empresa comunicar ao CADE
SEAE (MF) sobre a fusão? Qualquer fusão deve ser comunicada ao
CADE – compromisso de desempenho (Art. 58 da CADE?
lei com remissão para o 54)- acordo para estipular metas A própria Lei 8884 em seu artigo 54 §3° já cria um
como condições à aprovação daquele ato. mínimo de requisitos para que as empresas notifiquem o
O CADE trata de casos “potencialmente lesivos à CADE. Se algum agente econômico dessa nova corporação
concorrência”. tiver o último faturamento anual superior a R$
400.000.000,00 tem por obrigação comunicar ao CADE
Quando o CADE visualizar que a fusão e etc, trará esse tipo de modificação societária. A Brahma e Antártica
mais benefícios do que prejuízos, ele a autorizará. Ex: com se situavam nessa condição mínima.
a fusão da Brahma e Antártica, a AMBEV trará mais
benefícios (geração de empregos, competir mais fortemente Não há uma regra em que a comunicação ao
no mercado internacional, etc) do que prejuízos. Isso CADE deve ser prévia ou posterior a fusão. As empresas
decorre da ponderação de interesses que o CADE deve podem fazer a fusão e depois comunicar ao CADE, ou para

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evitar maiores prejuízos podem consultar o CADE antes da Ato de Concentração é o processo administrativo
intenção de realizar a fusão. Nada impede de a empresa apto a avaliar atos legítimos que possam gerar prejuízos.
fazer a fusão e depois pedir autorização ou o referendo do Dentro desse ato de concentração é que tem ensejo o
CADE. A empresa que fizer a fusão primeiro deverá compromisso de desempenho. Não confundir com
obrigatoriamente comunicar posteriormente. Processo Administrativo Econômico (PAE) que é o
processo apto a apurar infrações a Ordem Econômica
Existe um projeto de lei tramitando no Congresso (art.20 e 21).
Nacional em que vai ser exigida previamente a autorização
do CADE antes de se materializar os atos societários COMPROMISSO DE CESSAÇÃO é um acordo
(fusão, incorporação...) e o prazo para essa autorização feito dentro do Processo Administrativo Econômico, ou
será de 60 (sessenta) dias. Isso já vem sido criticado já que antes, da sua instauração, na fase de inquérito, no sentido
todos sabem que na Economia muitas vezes perde-se um de afastar a ilicitude de um ato (o objeto é um ato ilícito).
negócio por demorar a tomar uma decisão. Diante de uma infração praticada o CADE ou a SDE
referendada pelo CADE podem fazer um compromisso de
Artigo 54 §3° c/c Resolução n° 15 do CADE de cessação com o indivíduo que realizou ato ilícito previsto
1998 (disciplina a obrigatoriedade de comunicação de atos). em lei. Retificado aquele ato, extingue-se o PAE e o
Não havendo a comunicação no prazo de 15 (quinze) dias, indivíduo não será punido.
haverá multa a ser aplicada pelo CADE (§4°) Ex: Se
quando a AMBEV foi criada, a fusão não fosse comunicada Ação Civil Pública (Termo ou Compromisso de
ao CADE, as empresas sofreriam uma multa, sem prejuízo Ajustamento de conduta – art. 5° § 6° da Lei 7347/2005). O
de eventual desfazimento do ato. MP antes ou no curso da Ação Civil Pública pode fazer um
acordo com as empresas que estão sendo objeto naquela
Nada impede que a empresa faça a fusão e depois ação ou no inquérito civil e faz um acordo no sentido de
peça a autorização do CADE, mas pode haver uma afastar a ilicitude daqueles atos. Afastada a ilicitude,
negativa, gerando como conseqüência prejuízos financeiros consertados os atos as empresas não serão punidas. ( O
(modificar empresa, estatuto social, redirecionar órgãos da CC e Termo de Ajustamento de conduta são iguais).
empresa geram custos).
É um acordo feito com as empresas onde se
No caso Nestlé/Garoto, em que o CADE negou a estabelecem metas a serem cumpridas para afastar a
incorporação da Garoto a Nestlé também houve um início ilicitude.
de modificação societária. O CADE nem visualizou nessa
situação a possibilidade de compromisso de desempenho, OBS: Não confundir: Enquanto o compromisso de
porque entendeu que a incorporação geraria maiores cessação pressupõe ato ilícito, ou seja, infração a ordem
prejuízos que qualquer benefício. econômica; o compromisso de desempenho pressupõe ato
lícito, legítimo, mas que pode ser lesivo em concentrar o
Alguns agentes econômicos reclamaram da mercado. Obviamente o compromisso de cessação gera
decisão do CADE em relação ao caso da Brahma e da uma decisão do CADE, que tem força de título executivo
Antártica, já que ambas sozinhas já tinham grande domínio extrajudicial (art.60 da Lei 8884).
do mercado e gerariam juntas concentração econômica.
Porém o CADE avaliou que a AMBEV traria maiores A Lei 8884 começa a disciplinar as infrações a
benefícios como a arrecadação tributária, maior oferta de ordem econômica em seu artigo 20 e 21. Para análise das
emprego, maior competição de mercado internacional, entre infrações, é importante saber dois institutos técnicos
outros. previstos no art.20:
A decisão do CADE é considerada uma decisão O primeiro deles é o MERCADO RELEVANTE e o
técnica, baseada em pareceres técnicos, mas pode ser segundo é a POSIÇÃO DOMINANTE.
contestado judicialmente. O Judiciário pode anular a
decisão do CADE para que haja outra decisão com outros MERCADO RELEVANTE é um mercado onde os
fundamentos, porém não poderá dizer as condições para a agentes econômicos realizam as suas atividades. Mas a
incorporação, nem autorizar pelo CADE. Fazer ou não doutrina de Direito Econômico normalmente define o M.R.
compromisso de cessação, estabelecer quais as metas que como aquele local de realização de atividades econômicas
serão estipuladas são atos discricionários do CADE. O com equilíbrio e concorrência. O M.R. não é uma situação
Judiciário não pode adentrar ao mérito administrativo, concreta, é um ideal, uma situação abstrata. Essa definição
substituindo o CADE naquilo que se considera conveniente doutrinária é encontrada na Resolução 18 do CADE de
e oportuno. 1998, que faz uma divisão entre mercado relevante
geográfico (dentro de uma concorrência, é analisado pelo
CONLUSÃO = Compromisso de desempenho é local físico de atuação dos agentes econômicos. EX: como
um acordo cujo objeto é um ato legítimo que precisa está o M.R. de produção de borracha no Amazonas?) e
cumprir algumas condições para se tornar mais legítimo mercado relevante material (é analisado pela atividade,
ainda, evitando assim danos à concorrência (art. 54 c/c art. independentemente do local físico Ex: como está o
58). mercado de combustíveis no Brasil? Existe uma tendência
dessa atividade ser desenvolvida no RJ, no norte do Paraná
OBS: Esse acordo gera uma decisão que tem - não está preocupado com o local físico, e sim com a
caráter de título executivo extrajudicial. O descumprimento atividade; como está o mercado de indústria têxtil? Existe
de uma das condições prevista no compromisso de uma grande indústria no Norte do país e outra em Minas
desempenho gerará um Processo de Execução. gerais – não está preocupado em analisar a competição no
local, mas a competição entre as atividades).

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DIREITO ECONÔMICO
PROF. PAULO ANDRÉ ESPÍRITO SANTO 13

Dentro do artigo 20 veremos uma infração que é ARTIGO 21 = prevê inúmeras condutas
dominar o mercado relevante, causando um desequilíbrio a específicas
ordem econômica.
VI – Exemplo: Quando a empresa faz um contrato
POSIÇÃO DOMINANTE é o exercício de uma de exclusividade com o distribuidor, está negando acesso
grande parcela do mercado relevante. O agente econômico do concorrente a esse distribuidor.
tem posição dominante quando detêm uma parcela
significativa do M.R. A posição dominante por si só não é 1) Dentre essa condutas específicas, eu chamo a
infração a ordem econômica. Uma empresa pode ter 100% atenção de algumas em especial como é o caso do
do mercado e isso não significar infração. Muitas vezes o DUMPING, que não tem tradução até hoje, que está
indivíduo tem 100% do mercado porque o seu produto é previsto para grande parte da doutrina em dois incisos do
altamente eficiente ou porque a empresa é pioneira. A art. 21: XVIII e XIX.
doutrina costuma dar como exemplo uma cidade do interior A maioria da doutrina diz que DUMPING é vender
onde surge a primeira loja de eletrodomésticos. Como se produto ou serviço abaixo do preço de mercado sem motivo
sabe se a empresa exerce uma infração a ordem justo. Se a média do mercado do valor do produto é de R$
econômica? Se ela exercer uma posição dominante 100, 00, vender injustificadamente a mercadoria por R$
abusiva, saber se a sua atuação exclusiva se deve a 80,00 constitui infração a ordem econômica. Se a empresa
práticas que inviabilizem o surgimento de novos não tiver uma marca forte para entrar no mercado e
concorrentes.Ex: A Empresa vende os eletrodomésticos por competir, ela precisa chamar a clientela por um preço mais
um determinado preço e toda vez que há o surgimento de baixo (não será DUMPING).
um novo concorrente, ela abaixa exageradamente o preço
para que o outro não sobreviva no mercado. Ex2: Gillete DUMPING é um ilícito, abaixar o preço sem
domina o mercado não por ato anti concorrencial, mas por justificativa. Uma grande empresa vende o seu produto por
sua eficiência. R$ 300,00. Surge a pequena empresa que não tem a
marca, nem o conhecimento da clientela, nem do
DAS INFRAÇÕES consumidor e vende o produto por R$ 150,00. A grande
Enquanto o artigo 20 tipifica condutas empresa diminui o preço para R$ 150,00. Diante dessa
infracionárias genéricas (tipos abertos); o artigo 21 enuncia situação, a conduta natural do consumidor é escolher o
condutas específicas (detalhadas). produto conhecido fazendo com que pequena empresa
desapareça do mercado. Uma vez desaparecendo.
Para que a empresa seja punida pelo CADE basta
a sua conduta se adequar a um tipo genérico do art. 20. OBS: Alguns autores fazem distinção entre
Isso contraria o raciocínio adotado no Direito Penal, que a DUMPING e PREÇO PREDATÓRIO.
conduta criminosa deverá se adequar ao tipo previsto no O DUMPING surgiu do comércio exterior da
Código Penal (tipicidade cerrada ou fechada). Esse seguinte forma: O produto importado ingressa no território
raciocínio não se aplica ao Direito Concorrencial. A sua nacional com preço abaixo do custo acarretando um
conduta pode estar fora dos 24 incisos do art.21, mas se prejuízo aos concorrentes nacionais. Mesmo pagando a
adequar ao art. 20, vai haver penalidade na forma do art. tributação, muitos varejistas e atacadistas acabam
23. preferindo importar determinado produto, deteriorando a
ARTIGO 20 = “culpa” (responsabilidade objetiva). competição dos produtores nacionais. Por conta dessa
Esse artigo diz que mesmo que os danos não sejam concorrência existe uma lei e várias portarias disciplinando
causados, a simples conduta tendente a dominar mercado, a taxa antidumping. Além dos tributos, o importador vai
tendente a exercer posição dominante abusiva, tendente a pagar uma taxa para pelo menos equilibrar o preço e inibir a
aumentar arbitrariamente os lucros será punida. O art. 20 importação. Alguns autores dizem que o DUMPING não
contraria a Teoria Geral da Responsabilidade (conduta, pode ser aplicado em contratos de comércio interno. Seria o
nexo de causalidade e dano). Existe responsabilidade sem caso do exemplo de venda de produtos abaixo do mercado.
dano? O art. 20 é uma exceção. Se existe a diminuição de preço para prejudicar a
concorrência, na verdade essa diminuição se chamaria
O artigo 20 em seus três parágrafos procura definir PREÇO PREDATÓRIO. Então para alguns autores o inciso
posição dominante e excluir a ilicitude da conduta. Há uma XVIII seria preço predatório e o inciso XIX que fala de
crítica na doutrina em relação à posição topográfica desses importação seria DUMPING. Mas a maioria da doutrina não
parágrafos. A doutrina diz que primeiro deveria vir o § 2°, faz essa distinção.
depois o § 3° e por último o § 1°, porque o §2° define
posição dominante, o § 3° presume o abuso da posição Exemplo de DUMPING: empresas aéreas. Quando
dominante e dispõe quando a posição dominante pode ser a GOL surgiu no mercado os preços da passagem eram
abusiva e o § 1° exclui a ilicitude do ato, ou seja se a menores do que as empresas já consolidadas no mercado
posição dominante decorre da maior eficiência de seu e continua sendo. Se a Varig diminuir os preços para
produto não significa infração a ordem econômica (é uma prejudicar a Gol será um caso de DUMPING.
excludente de ilicitude). OBS: Não configurará DUMPING se a grande
Artigo 20 e parágrafos c/c Portaria Conjunta empresa que diminua os preços em razão de dívida, em
SDE/SEAE n° 50/2001. Essa portaria tem por fim razão de recuperação da empresa, por estar em estado
especificar o que vem a ser posição dominante abusiva, pré-falimentar. O importante para configurar o DUMPING é
percentual que pode ser alterado pelo CADE, ou seja, a ausência de motivo relevante, intenção de derrubar a
regulamenta o art.20 e parágrafos. concorrência.

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2) XXIV – O aumento injustificado abusivo também Art.97 c/c Resolução 101 da ANATEL (Importante)
é considerado infração a ordem econômica. Aquilo que o CADE fez em relação a AMBEV, a ANATEL
vai fazer em relação às telecomunicações. Se a TIM quiser
3) Outra infração muito comum na prática é a fazer uma fusão com a OI, deverá passar pelo crivo da
chamada CONDUTA CONCERTADA, que é criar um ANATEL e não pelo crivo do CADE, porque existe norma
padrão de conduta uniforme entra algumas empresas. especial autorizando a atuação da agência.
Então algumas empresas combinam uma estratégia
parecida para prejudicar a concorrência (VIII). 2) CRITÉRIO DA SUBSIDIARIEDADE:
minoritário
4) VENDA CASADA (XXIII):
O CADE só estará autorizado a agir
Ex: Refrigerante. Todos sabem que há contrato de subsidiariamente (obviamente em se tratando de uma
exclusividade de refrigerante em alguns restaurantes. É atividade econômica regulada - Petróleo, energia elétrica,
errado. É difícil ver num restaurante Pepsi e Coca-cola. E etc.) quando houver inércia da agência reguladora naquela
quando o varejista adquire a coca-cola, ele também é função de controlar concorrência. Esse critério prega que
obrigado a adquirir outros refrigerantes da mesma marca em se tratando de atividade econômica regulada quem
(guaraná, fanta, etc.). deve atuar é a agência reguladora, mesmo que não haja
É uma prática ilícita, mas é comum no Brasil. norma especial nesse sentido; ou seja, genericamente as
leis das agências já autorizaram a atuação da agência
ARTIGO 23 = fala das penas a serem impostas de reguladora, inclusive no que tange a controle da
multa ou obrigação de fazer. concorrência.
ARTIGO 27 = fala da Dosimetria da pena, os Se houver, por exemplo, uma prática abusiva por
critérios para se dosar a pena. È uma espécie de artigo 59 parte da LIGHT, que é controlada pela ANEEL, se a
do Código penal aplicado na lei do CADE. agência não fizer nada, está autorizado o CADE a agir. Se
Artigo 27 c/c Resolução do CADE n° 36/2004. a ANEEL atuar, fica afastada a atuação do CADE.

OBS: (MP Federal) atuação do CADE junto das 3) CRITÉRIO DA HIERARQUIA:


agências reguladoras no controle da concorrência.Nós Os autores que defendem esse critério assumem
sabemos que as agências reguladoras eram criadas para que não há lei autorizando hierarquia do CADE sobre as
regular um ramo específico da Economia. Em tese não agências, mas pregam essa hierarquia com base nos
deveria haver agência genérica, mas sim agência artigos 174 e 173 §4°da CR/88, que representa a atuação
específica (do petróleo, das telecomunicações, energia indireta do Estado na Economia e diz que um órgão fará a
elétrica, plano de saúde).Então a agência reguladora defesa da concorrência e o órgão é o CADE. Não pode se
também faz controle da concorrência na sua área conceber que existam vários órgãos de defesa da
específica de atuação. concorrência e que eles sejam conflitantes. Deve existir um
A maioria dos autores compara o CADE com órgão maior e os outros específicos. Pelo critério da
agência reguladora. O CADE seria uma agência reguladora hierarquia as decisões das agências poderiam ser
sem esse nome. A posição do prof. Alexandre Aragão que reformadas pelo CADE. A interpretação desse critério é
nega esse tipo de comparação, já que o CADE só age em feita pela Constituição porque não há lei nesse sentido. Ex:
situações em concreto. Já as agências em tese agem em Se a ANATEL autorizar a fusão da TIM e da OI, amanhã o
abstrato, controla mercados. Numa área econômica CADE poderia reformar a decisão.
regulada, quem é que deve agir? O CADE ou agência 4) CRITÉRIO DA DEFINIÇÃO DE ÁREA:
reguladora?
Se a atividade econômica representar atividade
Em relação ao conflito CADE e Agências econômica propriamente dita atua o CADE. Ao contrário se
reguladoras há quatro critérios de solução adotado na a atividade econômica representar um serviço público atua
doutrina. A doutrina diverge quanto ao critério de solução a agência reguladora. Serviço Público se existe
dos conflitos: concentração de mercado quem deve atuar é a agência
específica, se a concentração se da no âmbito das
1) CRITÉRIO DA ESPECIALIDADE = é o atividades econômicas atua o CADE. Esse critério é falho
mais adotado pela doutrina. É defendida a tese que a porque existem agências reguladoras que não cuidam de
agência reguladora só vai controlar a concorrência naquela qualquer serviço público. Ex: ANP.
atividade econômica regulada se houver norma especial na
lei da agência legitimando essa atuação. A agência só vai O que prevalece é o primeiro critério
agir se houver norma especial (na lei da agência) acompanhado do segundo. Na prática muitas vezes os
autorizando essa atuação. Ex: Lei da ANATEL (94172/97) conflitos são resolvidos através de convênios entre o CADE
nos artigos19, inciso XIX; art.71 e art.97. e a Agência Reguladora, com base no artigo 7° inciso XVI
da lei 8884.
No artigo 19 XIX diz que naquilo que há lei
especial atua a agência, se não houver norma especial Aula 08 28/01/2005
sobre determinado assunto de concorrência atua o CADE.
PROCESSO ADMINISTRATIVO ECONÔMICO
No artigo71, a lei esta delegando a agência à
É um processo administrativo tendente a apurar
emissão de resoluções sobre as questões de exercício da
infrações à ordem econômica.
atividade quando será abusiva ou não.

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DIREITO ECONÔMICO
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Fases: OPTATIVO. É opção da SDE.


1) Instauração O artigo 31 da Lei 8884. Ao final das AP há duas
opções para a SDE através de seu Secretário. i)
S 2) Defesa instauração de PAE; ii) arquivamento da AP.
D 3) Instrução Destaca-se que se o Secretário da SDE optar pelo
E 4) Alegações Finais arquivamento da AP ( ou seja, entendendo que não há o
mínimo de indícios de autoria e materialidade ou que não
5) Relatório está ocorrendo nenhuma conduta economicamente ilícita),
deve comunicar seu intento primeiramente ao CADE, para
que este convalide ou não a decisão da SDE.
C
OBS: o professor e a doutrina opõem severa
A crítica à expressão "recurso de ofício" constante da Lei
8884, uma vez que recurso pressupõe insatisfação e
D 6) Julgamento
voluntariedade da parte insatisfeita. "Recurso de Ofício"
E seria a parte insatisfeita com a própria decisão e ela mesma
remeter seu mérito para nova apreciação.
Prazo de 60 dias. Pode ser ultrapassado. É
Na prática quem fiscaliza, quem faz os estudos é a conhecido como prazo impróprio - é aquele prazo cuja a
Secretaria de Direito Econômico. Mas como quem dá a não observação não gera nenhuma sanção legal. O oposto
palavra final é o Conselho Administrativo de Defesa seria o prazo peremptório, sendo aquele cuja não
Econômica, ele acaba por receber a notoriedade pela observância ocasiona alguma sanção prevista em lei.
imprensa.
Concluídas as APs reza o artigo 32 da Lei 8884
Destaca-se que há a possibilidade de ser que em 8 dias deverá ser instaurado o PAE. Este artigo
instauradas Averiguações Preliminares (art. 30 Lei 8884) deve ser lido fazendo-se remissão à Resolução do CADE
antes de um PAE. As Averiguações Preliminares nada mais 20/99. Não há nenhuma formalidade prevista em lei para o
são do que um inquérito que poderá embasar um PAE. As ato de instauração do PAE. Diferentemente do Processo
AP tem a finalidade de encontrar um mínimo probatório de Administrativo Disciplinar, por exemplo, que determina que
autoria e materialidade para determinar se deverá ser o PAD deve ser instaurado por Portaria.
deflagrado um PAE ou não. Pode ocorrer de, por exemplo,
a SDE não saber quem é que está compondo um cartel, um A partir do artigo 33 a lei inicia a observância da
oligopólio. Outras vezes a SDE não tem a conduta Defesa. "Representado" - agente econômico objeto de
economicamente lesiva delineada para a instauração de um investigação.
PAE. São nessas situações que há a instauração de APs.
Discussão Doutrinária:
As APs são dispensáveis para a instauração de
Parte da doutrina (doutrina minoritária) sustenta
um PAE, da mesma forma que um inquérito policial é
que a previsão da fase de defesa antes da fase de
dispensável para o oferecimento de uma Denúncia.
instrução violaria o artigo 5º, incisos LIV e LV da CRB, que
O artigo 30, § 2º da Lei 8884 cria uma tratam respectivamente do devido processo legal e do
dispensabilidade absoluta das APs.É uma dispensabilidade contraditório e ampla defesa, uma vez que o representado
que não é verificada em nenhum outro inquérito. Todos os não poderia se defender plenamente uma vez que ele ainda
outros inquéritos possuem uma dispensabilidade relativa. A não sabe quais provas serão contra ele produzidas na fase
dispensabilidade relativa dispensa o inquérito quando de seguinte: a de instrução. Os autores que defendem esta
houver um mínimo de autoria e materialidade, ou seja, tese remetem-se ao exemplo do PAD, onde a instrução é
depende do caso concreto; por isso é chamada de relativa. anterior à fase de defesa.
O artigo 30 § 2º reza que a representação, ou seja, A doutrina majoritária, por seu turno, entende que
a comunicação do fato sendo proveniente de qualquer não há qualquer violação ao devido processo legal ou à
órgão interno do Congresso nacional, a SDE é obrigada a ampla defesa e contraditório, uma vez que após a instrução
instaurar desde logo o PAE e não pode instaurar uma AP, existe uma fase que não existe no PAD, que é a fase de
ainda que a representação não tenha um mínimo probatório alegações finais, onde o representado poderá ventilar
de autoria e materialidade satisfatório. outras matérias de defesa, outros fundamentos de
defesa,adicionar novas provas que não foram aludidas na
Pergunta "casca de banana" (segundo o professor) fase própria para a defesa.
poderia ocorrer a respeito da dispensabilidade das APs ser
relativa ou absoluta. Como já supramencionado, É O princípio da Eventualidade que existe no
ABSOLUTA A DISPENSABILIADE DE AVERIGUAÇÃO processo civil (artigo 300 do CPC) reza que o réu deve
PRELIMINAR, pelo menos na hipótese específica do artigo alegar todas as matérias de defesa na fase de contestação,
30 § 2º da Lei 8884. sob pena de perda da oportunidade. Então no PAE este
princípio não prevalece, podendo o representado alegar
Outro detalhe importante é que o artigo 30, § 3º da defesa também na fase de alegações finais.
lei 8884 dá a opção de sigilo. O inquérito policial é
naturalmente sigiloso. Porém, neste caso o SIGILO É O artigo 35 trata da fase de instrução. Nesta fase é

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que serão produzidas as provas contra o representado ou a B).


favor do representado. É a fase em que tanto a SDE poderá
produzir provas ou o representado requerer, por exemplo, a Ressalta-se o fato de que o acordo não é feito pela
oitiva de testemunhas. SDE, mas sim pela União. (cuidado em prova de ME!)

Discussão Doutrinária O artigo 35-B, § 1º atenta para o fato de que o


Acordo de Leniência não se aplica às empresa que
Refere-se a questão de prova pericial no PAE. estiverem encabeçando a infração. (Ex: a empresa que
tomou a frente do cartel).
A doutrina minoritária defende que a prova pericial
seria uma prova inadmissível no PAE, pois a prova pericial O Artigo 35-C remete ao fato de que a celebração
pressupõe um órgão julgador imparcial. A prova pericial do Acordo de Leniência promove i) a suspensão do prazo
seria uma prova técnica em auxílio do juiz para que ele prescricional e ii) impede o oferecimento da Denúncia.
imparcialmente decida melhor sobre determinado assunto.
A perícia independentemente de ser requerida pelo autor ou O impedimento de oferecimento da Denúncia é
pelo réu ela é considerada uma prova do juízo, pois ela bastante controvertido. Na visão do legislador o Acordo de
auxilia o juiz em um conhecimento técnico que ele não Leniência impediria o oferecimento da Denúncia porque não
possui. haveria justa causa. Ou seja, não haveria justa causa para
a instauração de um processo penal se existe um processo
No PAE não há este julgador imparcial. A SDE ao administrativo tendente a averiguar aquela infração.
mesmo tempo em que avalia, que valora as provas
(cuidado! A SDE não é órgão julgador, ela não julga!), ela Por outro lado a doutrina majoritária entende que o
também é a parte de acusação. Então para os autores que impedimento de oferecimento de Denúncia é
sustentam esta tese, a perícia não alcançaria sua função de manifestamente constitucional. Violaria diretamente o artigo
auxiliar em um juízo imparcial, não podendo ser produzida 127, § 2º da CRB, relativo à independência do Ministério
no PAE. Público. Alega-se que o MP não poderia ter seu legado
Constitucional de persecução penal obstado por um acordo
Em contra partida a doutrina majoritária entende administrativo que não se sabe se vai ser cumprido ou não.
que é possível a produção pericial no PAE. razões: i)
Apesar de determinada pela SDE ela pode beneficiar o Na Teoria Geral de Responsabilidades existe a
representado; basta que a perícia resulte na Teoria da Independência das Instâncias. As instancia penal,
descaracterização de uma concentração de mercado, por administrativa e cível são independentes. Mesmo que não
exemplo. ii) nada impede que o representado requeira a houver a Ação Civil, haverá a Ação penal ou a
perícia. Administrativa, por exemplo. Se o indivíduo realiza um dano
doloso à Administração Pública ele vai ter um processo
A doutrina minoritária parte do pressuposto de que administrativo, um cível e um penal. Um processo não
a perícia seria sempre requerida pela SDE para prejudicar o impede o outro. A única vinculação que vai existir é a
representado, o que não é verdade. vinculação da esfera penal para as outras esferas, sendo
que apenas dois tipos de decisão penal inviabilizam a
Ainda na fase de instrução, o professor chama a esfera cível e a administrativa: i) a afirmada negativa de
atenção para o artigo 38 da lei 8884 que trata da intimação autoria e ii) a afirmada negativa de materialidade, pois
obrigatória da Secretaria de Acompanhamento Econômico quando fica provado que aquele indivíduo não é autor do
(SEAE - artigo 10 da lei 9021). Atenção para o fato de dano doloso ele não pode ser processado nem no cível,
somente a comunicação é obrigatória. Não por outro lado a nem no administrativo. Afinal de contas no processo penal
obrigatoriedade de juntada de parecer da SEAE. O PAE as provas são muito mais profundas, vige nele o princípio
não será nulo se não contiver nenhum documento da da verdade material, onde não importa o que está nos
SEAE; será nulo se não houver comunicação da SEAE. autos, o que importa é o que está no mundo dos fatos.
Os artigos 36 e 37 prevêem uma figura que é O juiz no processo penal não se contenta com a
constante da ADIN, que é o amicus curiae (terceiro verdade formal. Por exemplo: no processo civil se o réu não
interessado na causa que se manifesta na ADIN – artigo 7º contesta, presumem-se verdadeiros os fatos alegados
da Lei 9868). Esse terceiro interessado pode apresentar contra ele. Já no processo penal não vige essa regra.
parecer sobre a matéria.
A lei pelo artigo 35-C inverteu essa ordem. Ela
Acordo de Leniência vinculou a esfera cível e a penal pelo processo
Ocorre quando a União, através da SDE, faz com administrativo. É um absurdo uma decisão administrativa
as empresas representadas, no sentido de que estas vincular a persecução penal.
empresas se beneficiem com a redução de pena ou com a OBS: não confundir a afirmada negação de autoria
extinção da punição se identificarem outros co-autores da com ausência de provas de autoria. (art. 386 do CPP) Esta
infração ou administrativa, ou indicar outros fatos conexos última não vincula coisa alguma.
que venham sendo praticados naquela conduta investigada.
Pode ocorrer de esta tese doutrinária chegar ao
O acordo de Leniência está previsto no artigo 35- STF e cair por terra. Recentemente o StF julgou um caso
B. O direito penal possui um instituto que é análogo ao onde entendeu que enquanto há processo administrativo
Acordo de Leniência. Trata-se do artigo 13 da Lei 9807/99 tributário, tendente a verificar a exigibilidade ou não do
(Lei da Delação Premiada). (O professor atentou para o fato crédito tributário, não pode o MP oferecer denúncia por
de se fazer remissão a este artigo quando se estudar o 35- crime contra a ordem tributária. E aquelas ações penais que

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estão instauradas devem ser trancadas por falta de justa JULGAMENTO


causa. Ora, se o contribuinte está discutindo na Receita
Federal se deve ou não aquele tributo, como é que o MP Esta fase é exercida pelo CADE, que é um órgão colegiado.
pode dizer se ele pagou ou não tributo devido? Pode ser Art. 42
que no final do procedimento administrativo verifique-se que
o contribuinte realmente não deva nada. Então pode vir o A Procuradoria do artigo 42 é a procuradoria do
STF a entender de maneira análoga. CADE. O MPF atua nos processos administrativos perante
o CADE. Como a lei foi omissa, na prática verifica-se que o
Para finalizar a Instrução, chama-se atenção para MPF atua após a manifestação do Procurador do CADE.
o artigo 35-A. Com relação a este artigo discute-se se a Isto se encontra na Resolução 20/99 do CADE.
AGU teria legitimidade ativa para propor ação. Há quem
entenda que não, pois a AGU é um órgão Art. 43
despersonalizado, sendo que quem vai requerer em juízo a O artigo 43 trata da conversão do julgamento em
busca e apreensão não é a AGU nem a SDE, mas sim a diligencias, ou seja, se o CADE entender que o processo
União, e a União logicamente se faz presente através da não está pronto para julgamento ele determina a realização
AGU. Então não seria uma legitimidade especial à AGU. de novas provas. Aqui há um detalhe importante, uma outra
Por exemplo: a SDE quer obter uma busca e apreensão na peculiaridade da lei 8884. Normalmente a autoridade
casa do empresário. A SDE não pode fazê-lo, nem requer julgadora é somente autoridade julgadora, e a autoridade
em juízo, pois sendo órgão não possui personalidade processante é somente autoridade processante. Já foi visto
jurídica. A SDE deve requer à União que através da AGU uma exceção a essa regra, que é a autoridade processante
realize o pedido em juízo para esta busca e apreensão. (SDE) realizando julgamento através de seu relatório.
Então, no artigo 35-A quem vai requerer é a União, Uma outra exceção é com relação ao CADE. Se o
e não a AGU. CADE entender que novas provas deverão ser produzidas,
ALEGAÇÕS FINAIS ele não vai devolver o processo para a SDE. Ele mesmo –
CADE – é que vai realizar novas provas. Então se o CADE
Art. 39 – Aqui as Alegações Finais são somente entender que aquela testemunha é essencial, o relator
do representado; a SDE não apresenta alegações finais, designado pelo órgão colegiado do CADE vai recolher o
pois foi ela mesma que fez o relatório. Após a apresentação depoimento daquela testemunha pessoalmente. Da mesma
das alegações finais, o Secretário de Direito Econômico, em forma, sendo necessário, será o CADE que determinará a
relatório circunstanciado, decidirá pela remessa dos autos perícia. Ou seja: em havendo a conversão do julgamento
ao CADE para julgamento, ou decidirá pelo arquivamento. em diligencia, o processo não será devolvido à SDE.
A lei criou uma outra peculiaridade. O relatório Então atenção: o CADE não pode instruir em
presume o relato de fatos. Serve para dizer o que ocorreu. regra, salvo na hipótese do artigo 43!
Então, como o Relatório da SDE pode ter caráter decisório?
Alei 8884 conferiu um efeito decisório ao relatório da SDE. Art. 45 – Remete ao fato de que o representado
deve ser intimado 5 dias antes do julgamento, no mínimo.
A SDE tem dois caminhos: i) ou ela conclui que
houve infração e neste caso simplesmente vai remeter o Art. 49 – trata do quorum (número mínimo para se
processo para o CADE para julgamento; ii) ou a SDE vai instaurar uma sessão) e da maioria (número mínimo para
determinar o arquivamento do processo disciplinar. se decidir) . O quorum do CADE neste caso é de 5
Destaca-se que a SDE não vai opinar pelo arquivamento, membros, dos 7 que compõem o CADE. Com relação às
mas irá ela mesma fazê-lo. decisões, a maioria exigida pela lei é a maioria absoluta, ou
seja, 4 ou mais membros.
Geralmente a autoridade relatora opina, sendo que
a autoridade julgadora acolhe ou não o entendimento da Art. 48 – Trata do descumprimento da decisão do
primeira autoridade. Este relatório tem caráter decisório CADE. Tanto o Procurador do CADE pode executar
quando a SDE entende que não houve ato ilícito. O judicialmente a decisão, quanto o Procurador da República.
arquivamento será submetido à decisão do CADE através Fazer emissão deste artigo ao artigo 10, II, que fala da
do recurso de ofício (aberração jurídica). Mesmo que o competência da Procuradoria do CADE, e remissão
CADE se pronuncie sobre o arquivamento, já houve um também ao artigo 12, parágrafo único, que trata da
caráter decisório da SDE. competência do MPF.

Tome-se por analogia a obrigatoriedade do Art. 47 – Fazer remissão à Resolução 30/97 do


segundo grau de apreciação de decisão judicial contra a CADE. Essa Resolução criou um órgão, o CAD-CADE –
Fazenda Pública. Não é porque haverá uma reapreciação Comissão de Acompanhamento das Decisões do CADE.
em segundo grau que no primeiro grau não houve Art. 50 – Alude ao fato de que as decisões do
sentença. CADE não comportam revisão no âmbito do Poder
O relatório da SDE é o único relatório que possui Executivo. Então, por exemplo, o Ministro da Justiça, nem o
caráter decisório. Presidente da república podem reformar decisão do CADE.
A regra do Enunciado da Súmula 473 do STF, que diz que
O artigo 41 Da Lei 8884 aduz ao fato de que da a Administração Pública tem o poder-dever de anular seus
decisão do Secretario não caberá recurso a superior próprios atos quando estes são eivados de nulidade, não é
hierárquico. Então se houver indeferimento de uma prova aplicada neste caso.
na fase de instrução, não caberá recurso ao CADE.

2005
DIREITO ECONÔMICO
PROF. PAULO ANDRÉ ESPÍRITO SANTO 18

2005

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