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S-1
5.5.7. Problema resolvido 5-17
5.5.8. Alcalinidade e dureza 5-17
5.6. Equilíbrio carbônico da água: agressividade e incrustabilidade 5-19
8. Floculação 8-1
8.1. Introdução 8-1
8.2. Floculação ortocinética e floculação pericinética 8-1
8.3. Floculação ortocinética, gradiente de velocidade,
tempo de detenção e número de Camp 8-2
8.4. Tipos de floculadores 8-3
8.5. Disposições da NBR 12216 8-3
8.6. Eficiência da floculação e compartimentação de floculadores 8-4
8.7. Gradiente de velocidade em tubulações e passagens 8-6
8.7.1. Introdução 8-6
8.7.2. O modelo matemático 8-7
S-5
8.8. Hidráulica dos floculadores mecanizados 8-9
8.8.1. Disposições de norma 8-9
8.8.2. Tipos usuais 8-10
8.8.2.1. Agitadores do tipo de paletas 8-10
8.8.2.1.1. Tipos Básicos 8-10
a) Floculador de paleta
de eixo Vertical 8-10
b) Floculador de paletas
c) de eixo horizontal 8-12
c) Floculador de paleta
única, de eixo vertical 8-13
Lista de Figuras
S-17
Sabe-se que a existência da água é essencial para o desenvolvimento de
praticamente todas as atividades realizadas pelo homem sobre a terra, sejam
elas urbanas, industriais ou agropecuárias.
A água é essencial para a existência da própria vida sobre nosso planeta.
É um dos principais componentes do protoplasma (no caso do homem, 70%
do seu corpo e 90% do seu sangue) e responsável pelo equilíbrio térmico da
Terra.
Devido a uma série de propriedades físicas, químicas e físico-químicas que
lhe são peculiares, algumas das quais fogem inteiramente às regras gerais
seguidas pelos demais compostos conhecidos (e.g.: o fato de ser, à temperatura
e pressão ambientes, um líquido), a água pode ser considerada o bem mais caro
oferecido pela mãe Natureza, capaz de mostrar, em cada uma de suas múltiplas
propriedades, uma pontinha do Dedo Divino.
Deve-se a Píndaro, o grande poeta lírico da Grécia antiga, a apreciação: de
todas as coisas, a melhor é a água 2.
Como todos os demais tópicos da engenharia, o abastecimento de água tem
sua história.
O primeiro sistema público de água de que se tem notícia, o aqueduto de
Jerwan, foi construído na Assíria (691 a.C.) 3.
Para Fair, Geyer e Okun 6, são especialmente notáveis notáveis os
aquedutos da antiga Roma e seus domínios. Segundo esses autores, Sextus
Julius Frontinus, encarregado de águas de Roma, 97 a.C., reportou a existência
de nove aquedutos abastecendo Roma, com extensões variáveis de 16
quilômetros até mais de 80 quilômetros, e com seções transversais desde 0,65
até 4,65 metros quadrados. Clemens Herschell (1842 – 1930), engenheiro
hidráulico, inventor e tradutor de manuscritos clássicos (Frontinus and the water
supply of the city of Rome, Longmans, Green Co., 1913) estimou a capacidade
somada dos aquedutos em 221,9 milhões de litros por dia. Esse volume diário
corresponde a uma vazão média de 2,57 metros cúbicos por segundo, suficiente
hoje em dia para abastecer uma cidade de 600.000 habitantes, admitidos uma
cota per capita de 300 litros por dia e um coeficiente do dia de maior consumo
igual a 1,2.
Entretanto, somente no início do século XIX é que se passou a dispensar
maior atenção à proteção da qualidade da água, desde sua captação até sua
entrega ao consumidor.
Tal preocupação decorreu das descobertas científicas efetuadas a partir de
então, que mostraram haver relação entre a água e a transmissão de muitas
1-1
doenças causadas por agentes físicos, químicos e biológicos.
Foram notáveis as contribuições devidas a, pelo menos, dois grandes
cientistas médicos: o Dr. John Snow, que demonstrou em 1819 (antes, portanto,
das descobertas de Louis Pasteur), o papel da poluição fecal da água potável no
que se relaciona com a epidemia da cólera, e o Dr. William Budd, que a partir de
1857 estudou a febre tifóide, sua natureza, suas formas de propagação e
prevenção 5.
Atualmente, um sistema de abastecimento de água compõe-se de unidades
projetadas, construídas e operadas de forma a assegurarem desempenho
hidráulico satisfatório e qualidade da água adequada à finalidade a que se
destina.
Além das preocupações com a qualidade da água, acrescentam-se as de
ordem econômica: o aparentemente infindável acréscimo da demanda hídrica,
motivado pelo crescimento dos centros urbanos e industriais, faz necessário
buscar a água de abastecimento a distâncias cada vez maiores. Somente assim
é possível encontrar mananciais suficientemente caudalosos, formados por
extensas bacias hidrográficas e que ainda estejam a salvo da poluição.
Neste ponto, é importante lembrar que a poluição hídrica exige que o
tratamento da água, visando à sua potabilização, utiliza recursos cada vez mais
sofisticados.
É certo que existem possibilidades amplas, praticamente ilimitadas, do ponto
de vista técnico, para a potabilização de águas poluídas. Entretanto, o custo
desse tratamento e a possibilidade de ocorrência de falhas operacionais nas
estações de tratamento, quase sempre conduzem à escolha de um manancial
mais distante e menos poluído.
Naturalmente, o corpo d’água captado é selecionado de forma que suas
características indesejáveis, que se pretende remover através do tratamento,
não excedam as limitações naturais de uma estação de tratamento do tipo
convencional 5.
O conceito de recurso inesgotável que prevalecia até há algum tempo atrás
para a água já foi desmistificado.
Algumas estimativas feitas a médio prazo chegam a ser preocupantes, tais
como a que foi apresentada por Stone 9, segundo a qual por volta de 2020 a
demanda de água excederá a disponibilidade de recursos hídricos nos Estados
Unidos.
Em recente publicação, Rodda 7 descreve: a vazão somada de todos os rios
do mundo está entre 35.000 e 50.000 quilômetros cúbicos de água por ano. Esta
é a maior parte do aporte de água com a qual a humanidade conviverá, o
recurso água doce que também inclui a água subterrânea e algumas fontes de
suprimento localizadamente importantes, tais como a água do orvalho e o
proveniente da dessalinização. É claro que o comportamento da vazão com que
os rios escoam varia, ano a ano, de uma para outra parte do mundo, e nem toda
essa água encontra-se disponível para uso. Como utilizar as águas do rio
Amazonas ou do Mackenzie, isto é, para abastecer São Paulo ou a cidade do
1-2
México? Como utilizar, de modo benéfico, o crescente volume de água poluída,
superficial ou subterrânea?
O mesmo autor afirma que antes do ano 2050 a demanda global mundial de
água poderá ser duas ou três vezes a atual. Nessa época estaremos utilizando
entre 25 e 35% da vazão mundial total dos rios, e grande parte dessa demanda
ocorrerá nas áreas onde atualmente os recursos hídricos já são escassos.
É, portanto, de grande profundidade a afirmação do professor José
Martiniano de Azevedo Netto 2:
O país que, por falta de visão, incapacidade de planejamento ou
negligência, permitir a dissipação de seus recursos, pagará mais cedo ou mais
tarde por seu desleixo.
Realmente, não é sem a aplicação de enormes somas em programas
específicos que os países europeus vêm promovendo a recuperação de seus
recursos hídricos (em certos casos, com muito sucesso: periódicos ingleses
exibiam, orgulhosamente, há pouco tempo atrás, fotos de pescadores em
Londres com seus anzóis mergulhados nas águas do outrora poluidíssimo rio
Tamisa).
Os núcleos urbanos e industriais demandam volumes cada vez maiores de
água para consumo.
Por outro lado, na maioria dos casos a vazão do esgoto produzido por esses
núcleos pouco difere da vazão de água consumida.
É sabido que a demanda per capita de água nas cidades tende a aumentar
com seu desenvolvimento progressivo.
Em Minas Gerais, por exemplo, consomem-se cerca de 150 litros por
habitante por dia em cidades de pequeno porte (população até 5.000
habitantes), enquanto que, em certas regiões de Belo Horizonte, esse valor
chega a atingir a casa dos 400 litros diários.
Acrescenta-se a isto a demanda industrial.
Segundo Silvestre 8, são gastos 18 litros de água para refinar um litro de
petróleo, e 270 litros para produzir um quilograma de aço, o que pode expressar
a importância desse líquido na economia mundial.
As afirmações anteriores explicam a crescente preocupação em preservar e
despoluir os corpos d’água. Não se trata de questão meramente emocional ou
econômica, mas de sobrevivência.
A preocupação com os aspectos econômicos dos sistemas de
abastecimento de água tem levado alguns autores a escreverem sobre a
indústria da água tratada, comparando sua captação com a extração da matéria
prima; o tratamento da água com o fabrico do produto final; a adução da água
tratada com o transporte do produto final ao consumidor, e finalmente o sistema
distribuidor com a entrega do produto final ao consumidos, quando ele é
entregue embalado em prefeitas condições no interior dos tubos da rede de
distribuição 4.
Talvez a maior diferença entre uma indústria qualquer e a indústria da água
tratada resida no fato de que, neste caso, quanto mais inviável seja o mercado
consumidor do produto final, mais necessária se faça a implantação da indústria,
de forma a oferecer, a médio e a longo prazos ao núcleo beneficiado, melhores
1-3
condições de saúde e desenvolvimento, capazes de, algum dia, transforma-lo
em mercado viável.
Questões para recapitulação
(Respostas no final deste Item)
Respostas:
1(v), 2 (f), 3(v), 4(v), 5(v), 6(f); 7(v)
Referências bibliográficas
1-4
7. RODDA, John C. Facing up to the looming world water crisis. Water briefing,
London, n.28, p.1-15, Jan.1995.
8. SILVESTRE, Paschoal. Hidráulica geral. Rio de Janeiro: LTC, 1979, 316p.
9. STONE, Ralph. Water reclamation: techology and public acceptance. Journal
of the Environmental Engineering Division, New York, V.102, n.EE6,
p.582-94, Jun.1976.
1-5
2.1. Generalidades
2-3
Números elevados desses microrganismos podem indicar a presença de algum
ponto de lançamento de esgoto orgânico a montante.
Entre esses organismos, assumem importância especial, do ponto de vista
sanitário, as bactérias do grupo coli (ao qual pertencem as do gênero
Escherichia) que são habitantes normais do intestino humano e de outros
animais homeotermos. Incluem-se nesse grupo também outras espécies
capazes de viver e reproduzir-se em vida livre, como habitantes do solo. É
possível, entretanto, fazer a distinção, no laboratório, entre os dois tipos.
Cabe observar que essas bactérias não causam, em geral, danos ao seu
hospedeiro, mas admite-se que sua ocorrência na água esteja associada à
presença de organismos patogênicos.
Dessa forma, costuma-se considerar que as águas que contenham mais de
1 bacilo coli por 100 mililitros são impróprias para consumo, devendo sofrer, pelo
menos, desinfecção prévia 4.
Existem, além disto, limites pré-estabelecidos por instrumentos legais para a
concentração de coliformes em águas naturais, acima dos quais considera-se
que o tratamento convencional é insuficiente para a sua potabilização 6 (ver
também o Anexo 13 desta publicação).
A parcela de água que se infiltra no solo vai constituir as reservas
subterrâneas.
Em seu caminho, a água absorve e libera gases, interagindo com o
ambiente circundante, conforme sua natureza.
Em solos férteis, ela desprenderá o oxigênio dissolvido e absorverá o gás
carbônico. Ocorrerá, em conseqüência, a abaixamento do pH, e a dissolução de
alguns minerais do solo.
Evidentemente, a água atingirá os lençóis subterrâneos trazendo consigo as
substâncias solúveis presentes nas sucessivas camadas do solo que terá
atravessado, variáveis de região para região, podendo conter íons Ca+2 e Mg+2,
entre outros, responsáveis pelo aumento da denominada dureza da água, e
associados principalmente a bicarbonatos, sulfatos e cloretos.
Poderá conter também ferro e manganês, capazes de encardir louças e
tecidos, entre outros efeitos 1.
Por outro lado, a filtração natural elimina, na maioria dos casos, a matéria
orgânica e os microrganismos 8.
Com menor freqüência, podem ser encontrados nas águas subterrâneas
gases dissolvidos, tais como: gás sulfídrico e metano, resultantes da
decomposição de matéria orgânica.
De modo geral, a água subterrânea é potável, ou necessita pequenas
correções em sua composição para se tornar potável. Na maioria dos casos, o
tratamento da água subterrânea inclui apenas instalações de cloração, de forma
a assegurar-lhe proteção para o caso de ocorrência de pequenas e eventuais
contaminações no sistema distribuidor, e a adição de algum alcalinizante, com
vistas a eliminar sua agressividade, caso necessário.
Algumas vezes, é necessário remover o ferro, sempre que esse metal
estiver presente em concentrações inaceitáveis.
2-4
Com menor freqüência, poderá ser necessário remover o manganês e
certos gases dissolvidos, e reduzir a concentração de fluoretos.
É preciso estar atento, entretanto, à possibilidade de contaminação do lençol
subterrâneo, especialmente do freático.
O lençol freático é especialmente sujeito à contaminação, especialmente à
bacteriológica, que pode originar-se do contato indireto com fossas ou cursos
d’água que recebam lançamentos de esgoto sanitário.
Poços profundos mal construídos costumam buscar corretamente a água do
aqüífero confinado, sob a camada impermeável do solo, mas ao atingirem a
camada impermeável, instalam filtros nesse local, com o objetivo de aproveitar
também a água do aqüífero livre (freático). Caso esse lençol esteja contaminado,
a instalação do filtro terá comprometido a boa qualidade da água do poço e,
possivelmente, estabelecido a contaminação do aqüífero confinado.
Vignoli Filho elaborou interessante levantamento em poços no estado de
Minas Gerais, tendo encontrado contaminação bacteriológica em diversos deles
13,14
.
2-5
São então aproveitados os recursos hídricos superficiais, principalmente
para o abastecimento de centros urbanos de maior porte.
Respostas:
1(v); 2 (f); 3(v); 4(v); 5(v); 6(v); 7(v); 8 (v); 9(v); 10(v); 11(f); 12(f); 13(v); 14 (v);
15(v); 16(f);17(v)
Referências bibliográficas
2-8
3.1. Introdução
a) Água bruta
b) Água tratada
Água tratada é a água que tenha sido submetida a algum tipo de tratamento,
buscando torna-la adequada para o consumo.
Água tratada não é, necessariamente, sinônimo de água potável (embora
freqüentemente o termo seja utilizado com essa finalidade).
Assim, por exemplo, para muitas finalidades industriais, basta remover da
água parte dos sólidos que ela traz em suspensão consigo. Isto não basta para
assegurar a potabilidade da água.
Da mesma forma, a água potável pode não se apresentar suficientemente
tratada para algumas finalidades industriais, que exigem tratamento
complementar, com vistas a torna-la praticamente pura.
c) Água potável
Entende-se por água potável aquela que pode ser bebida sem causar
danos à saúde ou objeções de caráter organoléptico. Por extensão, aquela que
pode ser empregada no preparo de alimentos 2.
Água potável não é água porá, quimicamente falando. Na realidade, a água
potável é uma solução de uma infinidade de substâncias, algumas das quais a
água trouxe consigo da Natureza, outras que lhe são introduzidas ao longo dos
processos de tratamento.
Os limites em que essas substâncias podem estar presentes na água
potável são estabelecidos pelo padrão de potabilidade.
Da definição anterior, resulta que não basta que a água esteja isenta de
substâncias ou microrganismos patogênicos para ser considerada potável. É
também necessário que ela não traga consigo substâncias capazes de
adicionar-lhe cor, turbidez ou gosto desagradáveis, ainda que essas substâncias
sejam inofensivas ao organismo humano.
Cabe salientar que, em muitos casos, à sujeira da água costumam estar
associadas substâncias e microrganismos patogênicos (embora não seja regra
geral).
Além disso, os componentes dessa sujeira costumam atuar como barreiras
protetoras para os agentes desinfetantes comumente utilizados no tratamento da
água.
É importante ter em mente, por outro lado, que águas limpas nem sempre
estão isentas de contaminantes químicos e/ou biológicos.
No Brasil, o padrão de potabilidade é estabelecido pela Portaria número
1469/2000, do Ministério da Saúde.
Para comodidade do leitor, ela é reproduzida no Anexo 15 deste livro.
O leitor verificará que essa Portaria não estabelece apenas os valores
máximos permissíveis para os diversos parâmetros ali relacionados, mas
também a freqüência mínima com que eles deverão ser verificados nas águas de
3-2
abastecimento público.
3-5
3.2.2.1. Padrões de natureza estética e econômica
a) Cor
b) Turbidez
3-7
Tais aparelhos fornecem o valor da turbidez através da simples leitura de
ponteiros que se deslocam sobre escalas graduadas, ou mesmo através de
leitura de visores digitais.
Esses modernos equipamentos fornecem os valores lidos em unidades
nefelométricas de turbidez (UNT ou NTU).
c) Ferro e manganês
3-8
d) Alcalinidade
e) Dureza
3-9
Alguns autores apresentam a seguinte classificação para as águas,
conforme sua dureza:
• 0 - 75 mg/L - brandas
• 75 - 150 mg/L - moderadamente duras
• 150 - 300 mg/L - duras
• Acima de 300 mg/L - muito duras
f) pH
g) Cloretos
h) Sulfatos
i) Cloro residual
j) Flúor (fluoreto)
3-11
No Brasil, a fluoretação da água em sistemas de abastecimento em que
existe estação de tratamento é obrigatória, de acordo com a Lei Federal nº
6.030, de 24 de maio de 1974. Essa lei foi posteriormente regulamentada pelo
Decreto Federal nº 76.872, de 22 de dezembro de 1975.
Os itens cujos valores são limitados por esses padrões constituem a maior
parcela da lista que compõe o denominado padrão de potabilidade, e seu
número tende a aumentar com o tempo, em vista do avanço das técnicas de
análise de laboratório e do crescente número e volume de poluentes lançados
no meio ambiente.
Também nesta seção não cabe análise detalhada de cada um desses
padrões. É válido, entretanto, salientar sua ocorrência e importância, e que é
sempre mais aconselhável buscar água para abastecimento em mananciais
protegidos que noutros que, embora mais próximos do centro consumidor,
demandam formas especiais de tratamento para remoção de poluentes, e cuja
eficiência exija qualificações especiais das equipes de operação, além de
atenção e controle de qualidade redobrados.
É também válido ressaltar alguns aspectos relativos às doenças devidas a
organismos parasitas, de veiculação hídrica, que ainda constituem enorme
flagelo ao país, em vista das condições inadequadas de higiene e à ignorância
das populações.
A análise dos dados de mortalidade e morbidade disponíveis ressalta, na
maioria das vezes, a ausência de saneamento básico como responsável por
parcela apreciável dos óbitos e doenças que atingem a população brasileira. O
dado de mortalidade entre crianças recém-nascidas no Brasil, quando
confrontado com os prevalecentes em países como a Suécia, constitui forte
indicativo do grau de pobreza do país, além de denunciar a deficiência existente
na infraestrutura de saúde 1.
Em estudo especialmente interessante, Vignoli 17 apresentou importante
confrontação entre dados de morbidade e mortalidade e dados de análises
bacteriológicas, mostrando que as águas subterrâneas contaminadas e
consumidas sem tratamento foram responsáveis por grande parte dos primeiros.
Tem sido admitido que, dos óbitos devidos a doenças transmissíveis, 43%
seriam eliminados pelo saneamento 1.
A respeito das doenças de veiculação hídrica, cujo estudo detalhado é um
dos tópicos da disciplina Saneamento Ambiental do curso de engenheiros civis,
constituem elementos básicos para a compreensão de seus ciclos no meio
ambiente os seguintes itens e considerações apresentadas por Branco 4:
3-15
12. Quando se determina a cor de certa amostra sem remover previamente
as partículas em suspensão nela presentes, encontra-se a denominada
cor aparente.
13. Se se determina, em laboratório, a cor aparente de certa amostra de
água, a cor real certamente apresentará valor igual ou inferior ao valor
determinado para a cor aparente.
14. A Portaria 518 do Ministério da Saúde estabelece, como limite para a cor
aparente da água entrando no sistema de distribuição, o valor de 5 UH.
15. O parâmetro turbidez é considerado uma característica física e
organoléptica pela Portaria 518 do Ministério da Saúde.
16. A mesma Portaria estabelece o valor de 1,0 uT como limite de turbidez
para a água entrando no sistema de distribuição.
17. A mesma Portaria estabelece o valor de 5,0 uT como o limite de turbidez
para a água em pontos de distribuição, se a desinfecção não for
comprometida por esse fato.
18. A turbidez de certa amostra de água pode interferir na determinação do
valor de sua cor real.
19. Dureza é considerada pela Portaria 518 do Ministério da Saúde como
característica química que afeta a qualidade organoléptica da água.
20. Águas duras consomem muito sabão.
21. Águas duras quase sempre são também alcalinas.
22. Muitas vezes, dureza e alcalinidade resultam da dissolução, pela água,
de carbonato de cálcio existente no solo.
23. Ferro e manganês são classificados pela Portaria 518 do Ministério da
Saúde como características químicas que afetam a qualidade
organoléptica da água.
24. Felizmente, ferro e manganês raramente são encontrados na Natureza.
25. Ferro e manganês nunca são encontrados juntos: a presença de um
exclui o outro.
26. Nas concentrações usuais, água contendo ferro e manganês têm
inconvenientes apenas estéticos e organolépticos, não oferecendo riscos
à saúde de quem a consome.
27. Cloretos e sulfatos são classificados pela Portaria 518 do Ministério da
Saúde como características químicas que afetam a qualidade
organoléptica da água.
28. Os limites estabelecidos por essa Portaria para cloretos e sulfatos são
250 mg/L Cl- e 400 mg/L SO4=, respectivamente.
29. Cloretos e sulfatos contribuem para acelerar a corrosão de materiais
metálicos.
30. Cloretos e sulfatos podem alterar o gosto da água.
31. Coliformes são organismos altamente patogênicos; daí a necessidade da
determinação de sua presença nas águas destinadas ao consumo
humano.
32. É mais fácil fazer a análise dos coliformes do que uma infinidade de
análises específicas destinadas a detectar a presença de cada um dos
inúmeros patogênicos que podem contaminar a água destinada ao
3-16
consumo humano.
33. Existem coliformes de vida livre, capazes de viver fora do organismo
humano.
34. Os ensaios destinados à detecção dos coliformes têm evoluído bastante.
35. A Portaria 518 do Ministério da Saúde recomenda que a concentração
mínima de cloro residual livre em qualquer ponto da rede de distribuição
deverá ser de 0,2 mg/L.
36. A Portaria 518 do Ministério da Saúde recomenda que se proceda à
análise do cloro residual em todas as amostras coletadas para análises
bacteriológicas.
37. O cloro residual garante que se a água distribuída vier a se contaminar
na rede ou nos reservatórios, ela ainda será capaz de combater essa
contaminação.
38. A fluoretação das águas como forma de prevenção da cárie dentária é
opcional no Brasil.
39. A concentração de íon flúor na água de abastecimento depende da
incidência de cárie na população. Maior incidência exige maior dosagem,
enquanto que menor incidência exige pouca ou nenhuma dosagem.
40. Fluoretos estão classificados pela Portaria 518 do Ministério da Saúde
entre as características químicas, como componente inorgânico que afeta
a saúde.
Respostas:
1(f); 2(f); 3(f); 4(f): 5(v); 6(f); 7(f); 8(v); 9(f): 10(v); 11(v); 12(v); 13(v); 14(v): 15(v);
16(v); 17(v); 18(v); 19(v); 20(v); 21(v); 22(v); 23(v); 24(f): 25(f); 26(v); 27(v);
28(v); 29(f): 30(v); 31(f); 32(v); 33(v); 34(v): 35(v); 36(v); 37(v); 38(f); 39(f); 40(v).
Referências bibliográficas
3-17
7. FEDERAL WATER POLLUTION CONTROL ADMINISTRATION. Water quality
criteria. Washington D.C.: U.S. Department of the Interior, 1968.
8. KNOCKE et al. Examining the reactions between soluble iron, DOC, and
alternative oxidants during conventional treatment. Journal AWWA, v. 86,
n. 11. p.117,27, Jan.1994.
9. MARTINS, M. T. et al. Métodos simplificados e rápidos para o exame
microbiológico da água. In: CONGRESO INTERAMERICANO DE
INGENIERIA SANITARIA Y AMBIENTAL, 21, .1988, Rio de Janeiro.
Anais... Rio de Janeiro: ABES, 1988. v.2, t.1, p.408-19.
10. MOORE, Anne C. et al. Waterborne disease in the United States, 1991 and
1992. Journal AWWA. V.86, n.2, p.87-99, Jan.1994.
11. NORMAN, Thomas S. et al. The use of chloramines to prevent
trihalomethanes formation in Huron, S. D., drinking water. Journal
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12. ORGANISATION MONDIALE DE LA SANTÉ. Directives de qualité pour l´eau
de boisson; recommandations. Genève, 1994, v.1.
13. PASTEUR, Louis. In: ENCYCLOAEDIA Britannica. Chicago, 1967.
14. SAWYER, Clair. McCARTY, Perry L. Chemistry for sanitary engineers.2.ed.
New York: Mc Graw-Hill Book Company, 1967. 518p.
15. STORER, T. I., USINGER, R. L. Zoologia geral. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 1978. 757p.
16.TRIHALOMETHANES in water: diagnosis and prognosis. Journal AWWA,
v.71, n.9, p.473, Sept. 1979.
17.VIGNOLI FILHO, Orlando. Estudo comparativo de ocorrência de organismos
patogênicos em águas subterrâneas e seu relacionamento com os indicadores
biológicos usuais.[S.I;s.n.], 1978. (trabalho não publicado).
3-18
4.1. Introdução
Assim, por exemplo, águas muito "puras" (desde que não sejam originárias
de manancial superficial, pois, neste caso, elas deverão ser filtradas, por força
de legislação – ver Anexo 15 desta publicação) necessitam apenas a adição de
um desinfetante que permita preservá-la contra a possibilidade de uma eventual
contaminação no sistema distribuidor de água.
Entretanto, muitas vezes as águas originárias de fontes e poços, em seu
estado bruto, mostram-se corrosivas ou, ao contrário (ou até simultaneamente)
incrustantes em vista da presença (ou ausência) de compostos em solução.
Em tais casos, não basta desinfetar. A água bruta deverá passar por um
sistema de tratamento capaz de adicionar à água os íons que lhe faltam ou, ao
contrário, remover os que estão presentes em excesso.
Citam-se, por exemplo, as águas dos lençóis subterrâneos existentes no
complexo cristalino mineiro.
Evidentemente, ao percolar pelo solo para atingir o lençol subterrâneo, a
água não terá encontrado muita coisa para dissolver, e estará ávida por dissolver
íons de diversas origens.
Tal água será, em conseqüência, agressiva.
Por seu turno, nos lençóis subterrâneos existentes nas regiões calcárias do
estado de Minas Gerais, a água bruta dissolverá, entre outros compostos, os
carbonatos de cálcio e magnésio. Tal água poderá tornar-se incrustante e dura,
e precisará ser abrandada (denomina-se abrandamento à remoção dos agentes
responsáveis pela dureza), antes de ser encaminhada ao sistema público de
abastecimento, sob pena de causar estranheza à população e prejuízos às
indústrias. Tais prejuízos poderão atingir o extremo de levar aquecedores e
caldeiras à explosão, tendo em vista que, com o aumento da temperatura, os
bicarbonatos passam à forma química de carbonatos. Estes compostos, por
serem menos solúveis que os primeiros, propiciam a formação de depósitos no
interior das canalizações, que poderão obstrui-la com o passar do tempo.
Essa transformação ocorre segundo a reação:
∆
Ca +2 + 2HCO 3− → CaCO3 ↓ + CO2 ↑ +H 2O (1)
O termo correção do pH é, portanto, na realidade, empregado aqui para
designar um processo algumas vezes bem mais complicado que a simples
providência sugerida pelo termo.
Embora fuja ao objetivo central deste livro, algumas noções básicas sobre o
assunto serão tratadas no Item 5.7 do Capítulo 5.
4.3. Filtração
A primeira idéia que ocorre ao se lidar com uma água turva é a de filtrá-la, com o
4-2
objetivo de remover as partículas em suspensão.
Como forma de tratamento doméstico, talvez só perca a primazia para a
decantação.
Atualmente, os filtros podem ser classificados em lentos ou rápidos,
conforme a vazão tratada por unidade de área do filtro. Nos primeiros,
destinados a águas de baixa turbidez, o processo de filtração é
predominantemente biológico, enquanto que nos filtros rápidos o processo é
físico e químico (ver Capítulo 10). Assim sendo, o tratamento químico prévio da
água a ser filtrada, dispensável nos filtros lentos (que, por seu turno, só se aplica
a mananciais cuja água seja de boa qualidade) é fundamental nos filtros rápidos.
Em vista da dificuldade cada vez maior de se encontrar mananciais
adequados aos filtros lentos, e à área relativamente grande que essas unidades
devem ter (a superfície filtrante é de quarenta a cento e vinte vezes superior à
dos filtros rápidos), a filtração lenta vem se tornando cada vez mais rara,
enquanto que os filtros rápidos constituem a opção mais utilizada nas estações
de tratamento.
4.4. Decantação
4-4
Questões para recapitulação
(Respostas no final deste Item)
4-5
Respostas:
1(v); 2 (v); 3(f); 4(v); 5(v); 6(v); 7(f); 8 (v); 9(f); 10(v); 11(f); 12(v); 13(v); 14 (f);
15(v); 16(v)
Referências bibliográficas
4-6
5.1. Introdução
Para efeito do que se descreve a seguir, supõe-se que a água bruta seja
potabilizável, ou seja, atenda aos padrões descritos pelo CONAMA e pelo
COPAM, já do conhecimento do leitor, e anexos a este livro.
5-1
Em tais condições, a turbidez da água bruta é devida principalmente à presença
de partículas de argila, sob forma grosseira (e, assim, facilmente removíveis) ou
de suspensões coloidais (de remoção mais difícil, que exige tratamento químico)
provenientes da erosão do solo, ou, o que é menos comum, à presença de algas
ou a crescimentos bacterianos.
Já a cor (especificamente, a cor verdadeira, tendo em vista que, como foi visto,
há também a cor aparente, devida à reflexão de corpos presentes na água,
separáveis por centrifugação) deve-se principalmente à presença de substâncias
químicas provenientes da degradação da matéria orgânica (folhas e plantas
aquáticas com as quais a água tenha estado em contato).
É interessante ressaltar mais uma vez que, na maioria das águas brutas
com que o sanitarista trabalha, os organismos patogênicos costumam, quase
sempre, estar associados a partículas responsáveis pela turbidez, que parecem
utilizá-las como substrato e forma de proteção.
É interessante ressaltar mais uma vez que, na maioria das águas brutas
com que o sanitarista trabalha, os organismos patogênicos costumam, quase
sempre, estar associados a partículas responsáveis pela turbidez, que parecem
utilizá-las como substrato e forma de proteção.
Assim sendo, quando se promove a redução da turbidez da água bruta, são
também removidos os patogênicos a ela associados. Além disto, os organismos
que porventura atravessem essa fase de tratamento ficam expostos à ação dos
compostos desinfetantes, sendo por eles eliminados.
5-2
O termo argila compreende grande variedade de compostos. Em geral,
refere-se à terra fina (0,002 mm de diâmetro ou menos), às vezes colorida, que
adquire plasticidade ao misturar-se com quantidades limitadas de água.
Arboleda V., em sua obra publicada pelo CEPIS 8, apresenta uma descrição
das argilas mais importantes para o sanitarista. Para efeito do que será visto
neste livro, entretanto, basta saber que, do ponto de vista químico, a argila é um
silicato de alumínio, que forma cristais. Diz-se que as argilas possuem grande
superfície específica.
Por superfície específica entende-se a superfície total que um corpo possui
em relação ao seu volume.
Ora, tomando-se, como exemplo, a forma cúbica, um cubo de aresta L tem a
seguinte área superficial:
A = 6L2
e o seguinte volume:
V= L3
Portanto, sua superfície específica será:
Superfície específica = A/V = 6L2/L3 = 6/L
Um cubo de aresta dez vezes menor tem a seguinte área superficial:
A = 6.(L/10)2 = 6L2/100
e o seguinte volume:
V = (L/10)3 = L3/1000
Portanto, sua superfície específica será:
Superfície específica = A/V = (6L2/100) / (L3/1000) = 60/L
Ou seja, o cubo menor, de aresta dez vezes menor que a do cubo maior,
tem área superficial específica dez vezes maior que a desse cubo.
Assim sendo, quanto menor é a partícula, maior é a sua superfície
específica.
Quanto maior a superfície específica das partículas, maior será a
probabilidade de sucesso de reações e interações que ocorram em suas
superfícies.
Além disto as argilas apresentam a propriedade de interagir com o meio aquoso
que as cercam, substituindo íons metálicos de seus cristais por outros, também
metálicos, mas de cargas elétricas diferentes, o que faz com que suas partículas
se tornem eletricamente carregadas (freqüentemente negativas), assim como o
meio que as circunda ( que, em conseqüência, se torna positivo).
Por seu turno, a cor das águas potabilizáveis deve-se, na maioria dos casos,
à existência de soluções coloidais, constituídas de grande variedade de extratos
vegetais. Entre os principais citam-se os taninos, ácido húmico e humatos,
originários da decomposição da lignina. O humato férrico, algumas vezes
presente, produz intensa coloração 4.
Como no caso das argilas, as partículas coloidais responsáveis pela cor
tornam-se eletricamente desequilibradas, quase sempre negativas. Graças a
este fato, a cor pode ser removida nas estações de tratamento de água
utilizando-se o mesmo processo de remoção da turbidez.
O caráter negativo das partículas descritas anteriormente pode ser
observado da seguinte forma: coloca-se a amostra de água com as partículas
em suspensão sobre uma lâmina de microscópio, e submete-se essa amostra a
5-3
um campo elétrico - vide Figura 5.2. As partículas suspensas migrarão para o
polo positivo do campo elétrico, revelando, dessa forma, sua carga.
5-4
presentes na água, especialmente as que lhe conferem a denominada
alcalinidade, e a própria água.
• Floculação: é o fenômeno através do qual as partículas já desestabilizadas
chocam-se umas com as outras para formar coágulos maiores.
Dois modelos, sumarizados pelo CEPIS 8 e por Campos e Povinelli 4,
nomeadamente o físico e o químico, procuram explicar o que ocorre durante a
coagulação e a floculação. Cada um deles explica parte dos fenômenos que
ocorrem de fato, deixando, por seu turno, outros sem justificativa satisfatória.
Qualquer que seja o modelo que se considere, a prática mostra ser
adequado proceder à aplicação do produto químico coagulante do modo mais
uniforme possível em toda a massa líquida, durante o tempo mais curto que for
possível e com grande intensidade de agitação. Em seguida, a agitação pode (e
deve) ser lenta, diminuindo de intensidade com o passar do tempo.
A adequada coagulação permite economizar produtos químicos e tempo de
aglutinação para a floculação da água em tratamento.
Modernamente, estudos experimentais 5 vêm sendo realizados com o
objetivo de, através da utilização de meios granulares, obter a micro-floculação
e, simultaneamente, a decantação da água em tratamento. Com isto, é possível,
a um só tempo:
a) reduzir as dimensões da unidade de tratamento (por ser necessário um
tempo de floculação bem menor para formar micro-flocos, do que o
necessário para formar flocos, cuja velocidade de sedimentação permita sua
remoção em decantadores convencionais);
b) reduzir o consumo de floculantes, tendo em vista que os colóides
desestabilizados não precisarão crescer.
5-5
Tabela 5.1 - Coagulantes primários e faixas de pH em que são utilizadas
Coagulantes Faixas de pH
Sulfato de alumínio 5,0 a 8,0
Sulfato ferroso 8,5 a 11,0
Sulfato férrico 5,0 a 11,0
Cloreto férrico 5,0 a 11,0
Sulfato ferroso clorado acima de 4,0
Aluminato de sódio e sulfato de alumínio 6,0 a 8,5
5.5.1. Introdução
5-6
Por exemplo, a primeira reação é representada pela equação de equilíbrio:
Al (H 2O )+3 + H 2O → Al (H 2O )5 OH + 2 + H 3O +
6
Pode-se imaginar diversas outras espécies, à medida que as moléculas de
água vão sendo substituídas pelo OH-, que serão positivamente carregadas,
neutra ou negativamente carregadas:
Al (H 2O )+3 OH + 2 → Al (H 2O )4 (OH )2+ →
5
→ Al (H 2O )3 OH 3 → Al (H 2O )2 (OH )−4 →
5-7
Figura 5.3 – A teoria da dupla capa
5-8
Caso os colóides não sejam desestabilizados pelas formas dissociadas do
alumínio, o hidróxido de alumínio poderá desestabilizá-los, mas através de outro
mecanismo, baseado na saturação e arraste dos colóides.
O processo que desestabiliza os colóides através da adsorção, em sua
superfície, de produtos do alumínio, de carga oposta, é denominado
desestabilização por adsorção e neutralização.
O processo que desestabiliza os colóides através da saturação da água em
tratamento com o gel hidróxido de alumínio, e arraste dos colóides aprisionados
nesse gel, denomina-se desestabilização por varredura.
Na prática, os dois processos podem ocorrer combinados, conforme será
visto adiante.
É importante salientar, mais uma vez, o curto período de existência das
formas dissociadas do sulfato de alumínio na água. Decorrido esse tempo,
grande parte do alumínio passará a existir como hidróxido de alumínio, sólido e
precipitável. Desse modo, a primeira equação apresentada neste Item tende a
evoluir para:
Al 2 (SO 4 )3 + 6H 2 0 → 2 Al (OH )3(s )↓ + 6H + + 3SO 4−2
Os Itens a seguir descrevem esses mecanismos.
5-9
Algumas (poucas) estações de tratamento de água possuem um aparelho
eletrônico denominado zetâmetro, capaz de medir o denominado potencial zeta
das partículas (vide Figura 5.2, onde é indicado o potencial zeta da partícula
coloidal).
Quando se neutralizam as partículas coloidais, através da correta adição de
coagulante, consegue-se "zerar" o potencial zeta.
Entretanto, na maioria das vezes não se dispõe desse equipamento, e
determina-se experimentalmente como fazer para desestabilizar corretamente as
partículas, através de ensaios de jarros, em que se testam diversas dosagens de
coagulantes, floculantes e compostos para a ajustagem do pH.
A desestabilização por adsorção exige que a mistura rápida seja feita com muita
energia e durante tempo muito pequeno.
Isto porque, como foi visto, os produtos de dissociação do sulfato de
alumínio que podem ser adsorvidos pelas partículas ficam disponíveis na água
apenas alguns segundos. Em seguida, formam hidróxidos, que são importantes
nas fases seguintes do tratamento, mas não para a desestabilização por
adsorção e neutralização.
Além disto, esses produtos precisam ser lançados energicamente contra as
partículas, para que sejam capazes de atravessar as nuvens de cargas, também
positivas, que as cercam (dupla capa). Somente após atravessarem essas
nuvens é que os íons metálicos poderão ser adsorvidos pelas partículas.
Do exposto, conclui-se que, para que as partículas possam ser
desestabilizadas por adsorção e neutralização, o misturador rápido deverá
apresentar duas características essenciais:
• misturar energicamente o coagulante à água bruta;
• efetuar essa mistura em tempo muito curto.
5-10
Figura 5.5 – Desestabilização por varredura
5-11
Além disto, dosagens excessivas de coagulante podem re-estabilizar as
partículas que se deseja remover.
Isto porque, sendo essas partículas de carga predominantemente negativa,
conforme foi visto, sua desestabilização é conseguida através da adsorção de
cargas positivas.
A adição em excesso, de produtos de dissociação pode fazer com que as
partículas coloidais deixem de ser negativas e se tornem positivas.
Nessas condições, ocorrerá o que se denomina re-estabiização das partículas.
O operador habilidoso saberá combinar os processos da desestabilização
por adsorção e o da desestabilização por varredura.
Para tanto, ele dosará a quantidade correta de floculante, capaz de, ao
mesmo tempo:
• fornecer íons metálicos em quantidade suficiente para que, ao serem
adsorvidos pelas partículas, reduzam suas cargas negativas, o que propiciará
sua aproximação;
• formar hidróxido metálico em quantidade suficiente para adsorver as
partículas parcialmente desestabilizadas e, portanto, mais próximas umas das
outras (por isto, são necessários flocos menores de hidróxidos para adsorvê-
las).
Observe que, neste caso, assim como na desestabilização por adsorção, é
necessário contar com um bom misturador rápido. A combinação dos dois
processos - adsorção e varredura - permite obter flocos bem formados com
pequeno consumo de floculante.
5-13
[ ] [ ]
pK 3 = − log Al +3 − 3 log OH −
pK 3 = − log[Al ]− 3 pOH
+3
5-14
exata para sua desestabilização. No limite superior da dosagem de sulfato,
portanto, a carga negativa com que o colóide se apresentava terá sido anulada.
5-15
Figura 5.8 – Diagrama para projeto e operação utilizando sulfato de
alumínio
5-16
Portanto, da dosagem utilizada, a dosagem de sulfato de alumínio (subtraída
a água de hidratação) foi, na realidade:
342
dosagem = 23 = 13,12mg / L
599,4
O produto químico a ser utilizado na ETA tem, em sua molécula, 20
miligramas de água de hidratação. Portanto, seu peso molecular será:
5-17
Figura 5.9 – Problema resolvido 5.5.7
à água.
Na maioria dos casos o cálcio encontra-se associado ao íon bicarbonato,
que se transforma em carbonato (pouco solúvel) com o aumento da temperatura,
segundo a reação:
Ca(HCO3 )2 → CaCO3 + CO2 + H 2O
∆
5-18
Assim sendo, o aumento do pH faz com que o bicarbonato de cálcio se
transforme em carbonato de cálcio, precipitável, propiciando sua remoção da
água.
Tendo em vista que a dureza devida ao bicarbonato de cálcio pode ser
facilmente removida, quer por elevação da temperatura, quer por aumento do
pH, denomina-se esse tipo de dureza de dureza temporária, contrapondo-se à
dureza devida à associação dos metais descritos com outros tipos de ânions
que, por serem mais dificilmente removíveis, constituem a denominada dureza
permanente.
Quando a água em tratamento possui alcalinidade natural devida à presença
do bicarbonato de cálcio, e a ela é adicionado o ácido sulfúrico (H2SO4), ocorrerá
a seguinte reação, que neutraliza, dessa forma, o ácido que foi adicionado à
água:
Ca(HCO3 )2 + H 2SO 4 → CaSO 4 + 2CO2 + 2H 2O
A reação anterior pode ser re-escrita da seguinte forma, após multiplicar todos
os seus termos por 3:
3Ca(HCO3 )2 + 3H 2SO4 → 3CaSO 4 + 6CO2 + 6H 2O
Em seguida, ela será somada membro a membro com a reação (já vista):
Al 2 (SO 4 )3 + 6H 2O → 2 Al (OH )3( s ) ↓ + 6H + + 3SO4−2
e que pode ser re-escrita da forma:
Al 2 (SO 4 )3 + 6H 2O → 2 Al (OH )3(s ) ↓ + 3H 2SO 4
Obtém-se:
3Ca(HCO3 )2 + 3H 2SO4 → 3CaSO 4 + 6CO2 + 6H 2O
Al 2 (SO 4 )3 + 6H 2O → 2 Al (OH )3(s ) ↓ + 3H 2SO 4
Al 2 (SO 4 )3 + 3Ca(HCO3 )2 → 3CaSO 4 + 6CO2 + 2 Al (OH )3( s ) ↓
Observe que foram cancelados os termos idênticos que aparecem em lados
opostos do sinal (• ).
Não obstante, a adição de sulfato de alumínio à água em tratamento tende a
reduzir seu pH, devido ao fato de que o CO2 resultante tende a reagir com a
água, formando um ácido fraco, o ácido carbônico, segundo a reação:
CO2 + H 2O → H 2CO3
Por outro lado, o bicarbonato de cálcio é convertido a sulfato de cálcio, vale
dizer: parte da dureza temporária é convertida em dureza permanente, o que
pode constituir uma desvantagem do ponto de vista da remoção da dureza.
5-19
CO2 + H 2O → H 2CO3
Se o pH da água é inferior aa 4,5 significa que ela contém ácidos minerais
fortes, não havendo o ácido carbônico (H2CO3). Conforme foi visto, a COPAM e
o CONAMA (vide Anexos 13 e 14) não consideram águas em tais condições
como potabilizáveis (para tanto, o pH deverá estar compreendido entre 6,0 e
9,0).
Se ocorrer a elevação do pH acima de 4,5, o ácido carbônico passa a
encontrar condições para permanecer dissociado na água, combinando-se com
os carbonatos (CO3-2) com os quais entra em contato, transformando-se em
bicarbonatos (HCO3-) segundo a reação:3).
H 2CO3 + CO3−2 ↔ 2HCO3−2
No caso específico do carbonato de cálcio, cuja importância já foi salientada
anteriormente, observa-se que as águas naturais contendo gás carbônico (e,
portanto, H2CO3) são capazes de solubilizar as rochas calcárias (que contêm
CaCO3), tornando-se mais duras, através do aumento de suas concentrações de
bicarbonato de cálcio.
Quanto menos elevado é o pH (e, portanto, maior a concentração de
CaCO3), mais o equilíbrio da concentração é deslocado para a direita, sendo
que, abaixo do valor 8,3, só são encontrados bicarbonatos na água,
desaparecendo os carbonatos (vale dizer, o H2CO3).
Se o pH ultrapassa o valor 8,3, os íons bicarbonato passam a se transformar
em íons carbonato, segundo a reação:
HCO3− ↔ CO3−2 H +
Os carbonatos de cálcio são pouco solúveis na água, Aproveitando-se deste
fato, um dos processos de remoção de cálcio das águas de abastecimento
(causador de dureza, conforme visto) consiste em elevar seu pH acima de 8,3
(normalmente até 10,6 - 10,8, segundo Adad 1). Nestas condições, o carbonato
de cálcio precipita-se, podendo ser removido.
Se a água tiver seu pH superior a 11, significa que contém hidróxidos, sendo
imprópria para fins de potabilização.
Em resumo, tem-se:
a) a água contém carbonatos e hidróxidos: o pH é elevado, acima de 11;
b) a água contém carbonatos e bicarbonatos: o pH é superior a 8,3 e
normalmente inferior a 11;
c) a água contém somente bicarbonatos: o pH é igual ou inferior a 8,3.
Se, por um lado, a presença excessiva de carbonatos e bicarbonatos de
cálcio poderá, como mencionado, incrustar tubulações, sua presença em
quantidades adequadas poderá ajudar a combater a corrosão das superfícies
metálicas que contenham ferro.
Os mecanismos de corrosão das superfícies metálicas são complexos,
sendo difícil avaliar, a partir de alguns parâmetros, se uma água poderá ter sua
agressividade corrigida através de medidas simples, ainda mais quando a água
tratada deverá ser potável (o que elimina de vez uma série de inibidores de
corrosão disponíveis no mercado). O leitor deverá recorrer às referências
5-20
bibliográficas 1,3 para inteirar-se do assunto e permanecer atento às publicações
periódicas que permanentemente trazem novas descobertas sobre esse tema.
Entretanto, simplificadamente pode-se assumir que a corrosão do ferro
ocorre devido à sua ionização (e conseqüente solubilização)em certo ponto da
superfície metálica, denominado ânodo:
Fe − 2e − → Fe +2
o que requer a existência de um cátodo:
2e − + 2H 2O → H 2 + 2OH −
Se a água contém íons cálcio e bicarbonato, a reação no ânodo passará a
ser:
2e − + 2H 2O → H 2 + 2OH −
2Ca +2 + 2HCO3− + 2OH − → 2CaCO3 + 2H 2O
2e − + 2Ca +2 + 2HCO3− → 2CaCO3 + H 2
O CaCO3 formado, por ser insolúvel, deposita-se sobre o ânodo, cobrindo-o
e, em conseqüência, desativando-o.
Assim sendo, o processo corrosivo é inibido.
Para avaliar se as quantidades de cálcio, bicarbonatos e carbonatos (vale
dizer: alcalinidade) e teor de sólidos totais dissolvidos (vale dizer: capacidade de
transporte de elétrons), a dada temperatura, tornam a água agressiva ou
incrustante, Langelier 6 propôs um método, sumarizado sob a forma do diagrama
representado na Figura 5.10.
A partir dos valores extraídos daí, pode-se determinar o denominado índice
de saturação:
I s = pH − pH s
onde:
pH s = pCa + pAlc + C
Se pH < pHs, Is é negativo e a água é corrosiva.
Se pH > pHs, Is é positivo e a água é incrustante.
[ ] [ ]
pCa = − log Ca + 2 , onde Ca +2 é a concentração molar do íon cálcio.
pAlc = − log[HCO ] , onde [HCO ] é a concentração molar do íon bicarbonato.
−
3
−
3
C = índice que depende do teor de sólidos e da temperatura.
Observe, entretanto, que o índice de Langelier tem caráter apenas
qualitativo, não sendo possível, somente através dele, determinar quais os
compostos (e em que proporções) que, adicionados à água, permitiriam corrigir
seu desequilíbrio.
Marques e Leão 7 redigiram um trabalho dirigido à COPASA objetivando
permitir a seus funcionários a correta interpretação do equilíbrio carbônico da
água, com base no modelo originalmente proposto por Caldwell e Lawrence.
Trata-se de um modelo bem mais poderoso, permitindo inclusive determinar
e quantificar os produtos químicos necessários para estabelecer o equilíbrio.
Para os que desejam aprofundar-se no assunto, recomenda-se a leitura da
íntegra do citado trabalho.
5-21
Figura 5.10 – Diagrama para a determinação do índice de Langelier 6
5-22
Questões para recapitulação
(respostas no final deste Item)
5-23
5.c. A alcalinidadde da água é expressa em termos de CaCO3.,
independentemente dos compostos que a causam.
5.d. O cálcio é o único elemento responsável pela dureza.
5.e. Uma água dura requer grandes quantidades de sabão para formar espuma.
5.f. Outros íons bimetálicos, tais como: o Mg+2, quase sempre associado ao SO4-
2
; o Sr+2 associado ao Cl-; o Fe+2 associado ao NO3-; e o Mn+2 associado ao SiO3-
2;
conferem dureza à água bruta.
5.g. O íon bicarbonato transforma-se em carbonato (pouco solúvel) com o
aumento da temperatura.
5.h. A precipitação do carbonato de cálcio provoca o entupimento das
canalizações de água quente e a explosão de caldeiras.
5.i. O aumento do pH converte os bicarbonatos em carbonatos.
5.j. A dureza devida ao bicarbonato de cálcio denomina-se temporária.
6. Assinale a(s) alternativa(s) falsa(s) ou verdadeira(s)
6.a. Se a água contém carbonatos e bicarbonatos, seu pH é superior a 8,3 e
normalmente inferior a 11.
6.b. Se a água contém somente bicarbonatos, seu pH é igual ou inferior a 8,3.
6.c. A presença de carbonatos e bicarbonatos de cálcio em quantidades
adequadas poderá ajudar a combater a corrosão das superfícies metálicas que
contenham ferro.
6.d. Se pH < pHs, Is é negativo e a água é incrustante.
6.e. Se pH > pHs, Is é positivo e a água é corrosiva.
Respostas:
1.a. desestabilização por adsorção e desestabilização; 1.b. desestabilização por
varredura; 1.c. Combinação dos dois processos anteriores; 2.a.(v); 2.b..(v);
2.c..(v); 2.d..(v); 3a. (v); 3b..(v); 3.c..(v); 3.d..(v); 4.a..(v); 4b.(v); 4.c.(v); 4.d.(v);
5.a.(v); 5.b.(v); 5.c.(v); 5.d.(f); 5.e.(v); 5.f.(v); 5.g.(v); 5.h.(v); 5.i.(v); 6a. (v); 6b.(v);
6c.(v); 6.d.(f); 6.e.(f)
Referências bibliográficas
5-24
7. MARQUES, Benjamin Campolina de A., LEÃO, Sérgio França. Dureza e
abrandamento das águas: modelos de análise gráfica. Belo Horizonte, COPASA
MG, 1984. 67p. (trabalho não publicado)
8. TEORIA, diseño y control de los procesos de clarificación del agua. Lima:
CEPIS, 1973. 558p. (serie tecnica, 13)
9. WATER treatment handbook. Paris: DEGRÈMONT, 1991.
5-25
6.1. Introdução
6.2. Massa
6.3. Velocidade
6-1
d = espaço percorrido
t = tempo
Tendo em vista que, nos dois sistemas de unidades:
{d} = metro = m
(t) = segundo = s
então:
{v} = m/s (nos dois sistemas de unidades)
Resolução
d
v=
t
6
v = = 2m / s
3
6.4. Aceleração
Resolução
6-2
∆v
a=
t
No caso, tem-se:
V1 = 0,5 m/s
V2 = 2,5 m/s
Portanto:
∆v = v2 - v1 = 2,5 - 0,5 = 2,0 m/s
t = 10 s
Substituindo os valores, encontra-se:
2,0
a= = 0,2m / s 2
10
6.5. Força
Resolução
6.6. Peso
6-3
Para quem lida com projetos e obras de engenharia a aceleração da
gravidade é igual a:
2
g = 9,8 m/s
(na realidade, o valor de g varia, para mais ou para menos, conforme a latitude,
longitude e altitude; mas essa variação é desprezível, para efeitos práticos)
Peso é, portanto, uma força. Assim sendo, suas unidades são as mesmas da
força.
A unidade de peso no SI é denominada Newton (N):
2
{W} = kg . m/s = N
A unidade de peso no MKfS é denominada quilograma-força (kgf):
2
{W} = (u.t.m) . m/s = kgf
W = mg = 1 x 9,8 = 9,8 N
Assim sendo:
1 kgf = 9,8 N
Resolução
6-4
1 kgf = 10 N
Portanto:
W = 100 / 10 = 10 kgf
6.7. Trabalho
Qual o trabalho que deve ser realizado para elevar um corpo de peso igual a
1000 kgf até um local 50 metros mais elevado?
Resolução
6.8. Energia
6-5
A energia pode ser potencial ou cinética, como será visto a seguir.
A energia potencial pode transformar-se em energia cinética e vice-versa.
É definida como o produto do peso (W) do corpo pela altura (z) em que ele se
encontra em relação a determinado referencial:
Ep,1 = mgz = Wz
Em se tratando da água, ela pode conter energia potencial por estar abaixo
de certa altura h de água (tanto é verdade que, ao se perfurar um recipiente a
uma altura h abaixo da superfície, a água esguicha, transformando sua energia
potencial de pressão em energia cinética).
Assim sendo, a energia potencial de pressão é igual a:
Ep2 = mgh
Uma porção de água, cuja massa é igual a 50 kg, situada no interior de uma
porção maior de água, desloca-se animada de velocidade igual a 1,5 m/s, a
uma profundidade de 20 metros e a 50 metros acima do fundo.
Determine sua energia total, expressa em unidades do Sistema Técnico, em
relação a esse fundo.
Admita que se pode tomar g = 10 m/s2.
Resolução
Determina-se cada uma das três parcelas de energia que a porção de água
pode ter, que são:
• Energia potencial de posição
Ep,1 = m g z = W z
onde, neste caso:
W = 50 kgf
z = 50 m
Portanto:
Ep,1 = 50 x 50 = 2500 kgm
6-6
• Energia potencial de pressão
Ep,2 = mgh
onde, neste caso:
mg = W = 50 kgf
h = 20 m
Portanto:
Ep,2 = 50 x 20 = 1000 kgm
• Energia cinética
Ec = (m v2) / 2
onde, neste caso:
m = W / g = 50 / 10 = 5 kgf.m-1.s2
v = 1,5 m/s
Portanto:
Ec = 5 x 1,52 / 2 = 5,625 kgm
Somando as três parcelas anteriores, obtém-se a energia total:
E = Ep,1 + Ep,2 + Ec = 2500 + 1000 + 5,625 = 3505,625 kgm
6.9 Potência
Resolução:
6-7
No Problema 6.7.1, encontrou-se:
Τ = 50000 kgm
Portanto, a potência será:
P = 50000 / 10 = 5000 kgm/s
Este é o valor da potência no Sistema Técnico de unidades.
No Sistema Internacional, para encontrar o valor numérico correspondente
basta multiplicar o anterior por g (no caso, igual a 10 m/s2):
P = 5000 x 10 = 50000 W = 50 kW (quilowatts)
Sabendo-se que, a 4ºC, 1000 litros de água têm massa igual a 1000 kg,
determine a massa específica desse líquido nos Sistemas Técnico e
Internacional de unidades.
Resolução:
ρ = m/V
onde:
-1 2
m = 1000 kg = 100 kgf . m .s
3
V = 1000 l = 1 m
Portanto, no Sistema Internacional:
3
ρ = 1000 / 1 = 1000 kg/m
e, no Sistema Técnico:
6-8
-4 2
ρ = 100 / 1 = 100 kgf . m .s
Nota: embora, a rigor, ocorra uma pequena variação nos valores da massa
específica da água com a variação da temperatura - ver Anexo 4, para efeitos
práticos e nas faixas usuais de temperatura com que se lida na engenharia civil,
-4 2 3
adota-se sempre ρ = 100 kgf.m .s = 1000 kg/m .
Sabendo-se que, a 4ºC, 1000 litros de água são capazes de conter 1000 kg
de água, determine o peso específico desse líquido nos Sistemas Técnico e
Internacional de unidades.
2
Considere g = 10 m/s .
Resolução
γ=W/V
onde:
2
W = mg = 1000 kg x 10 m/s = 10000 N = 1000 kgf
3
V = 1000 l = 1 m
Portanto, no Sistema Internacional:
3
γ = 10000 / 1 = 10000 N/m
e, no Sistema Técnico:
3
γ = 1000 / 1 = 1000 kgf/m
6-9
Nota: embora, a rigor, ocorra uma pequena variação nos valores do peso
especifico da água com a variação da temperatura - ver Anexo 4, para efeitos
práticos e nas faixas usuais de temperatura com que se lida na engenharia civil,
3 3
adota-se sempre γ = 1000 kgf/m = 10000 N/m .
6.12. Pressão
6.12.1. Definição
Qual é a pressão que resulta da aplicação de uma forca de 1000 kgf sobre
uma área quadrada de 0,20 m de lado, sendo a direção da força normal à área?
2
Determine-a nos dois sistemas de unidades, considerando g = 10 m/s .
Resolução:
a) no Sistema Internacional:
F = 1000 kgf = 10000 N
2
A = 0,20 x 0,20 = 0,04 m
Portanto:
p = F/A = 10000 / 0,04 = 250000 Pa
É comum trabalhar-se com os múltiplos do Pascal:
3
• O quiloPascal (kPa): 1 kPa = 10 Pa
6
• O megaPascal (MPa): 1 MPa = 10 Pa
Assim sendo, pode-se escrever:
p = 250000 Pa = 250 kPa = 0,25 MPa
b) no Sistema Técnico:
F = 1000 kgf
2
A = 0,04 m
2
p = F/A = 1000 / 0,04 = 25000 kgf / m
2
É comum expressar-se a pressão em kgf/cm :
2 2
1 kgf/cm = 10000 kgf/m
Assim sendo, pode-se escrever:
2 2
p = 25000 kgf/cm = 2,5 kgf/cm
Resolução
a) no Sistema Internacional:
p = γh
6-11
onde:
h = 100 m
e, como foi visto no problema resolvido 6.11.1:
γ = 10000 N/m3
Portanto:
p = 10000 x 100 = 1000000 Pa = 1000 kPa = 1 MPa
b) no Sistema Técnico:
p = γh
onde:
h = 100 m
e, como foi visto no problema resolvido 2.11.1:
γ = 1000 kgf/m3
Portanto:
2 2
p = 1000 x 100 = 100000 kgf/m = 10 kgf/cm
6-12
6.13.1. Problema resolvido
Resolução
Aplica-se a expressão:
τ = T/A
onde:
T = 1000 N = 100 kgf
2
A = 0,20 x 0,40 = 0,08 m
Substituindo os valores, encontra-se:
- Sistema Internacional:
2
τ = 1000 / 0,08 = 12500 N/m = 12500 Pa
- Sistema Técnico:
2
τ = 100 / 0,08 = 1250 kgf/m
6.14. Vazão
Através de determinada seção, escoa água com vazão suficiente para encher
um tambor de 250 litros em 60 segundos. Qual é a vazão correspondente, nas
seguintes unidades:
• litros por segundo;
• metros cúbicos por segundo;
6-13
• metros cúbicos por hora;
• metros cúbicos por dia?
Resolução
É igual à vazão que escoa através de determinada seção dividida pela área
dessa seção:
U = Q/A
Nos dois sistemas de unidades, a unidade de vazão é:
{U} = m/s
Resolução
U = Q/A
3
Q = 100 L/s = 0,100 m /s
6-14
2 2 2
A = πD /4 = π x 0,3 / 4 = 0,0707 m
U = 0,1 / 0,0707 = 1,41 m/s
Resolução
t = V/Q
3
V = 90 m
3
Q = 45 l/s = 0,045 m /s
t = 90 / 0,045 = 2000 s
equivalente a:
t = 2000 / 60 = 33,33 minutos
ou:
t = 33,33 / 60 = 0,56 hora.
6-15
Ocorrerão, inevitavelmente, os denominados curto-circuitos, isto é, muitas
partículas permanecerão no recipiente durante tempos menores que o tempo de
detenção.
Alguns autores preferem denominá-lo de tempo de detenção hidráulica, ou
tempo de detenção média. Porém a denominação geral adotada continua sendo
apenas tempo de detenção.
Ele é importante no dimensionamento de misturadores rápidos, floculadores e
decantadores e, em vista de serem inevitáveis os curto-circuitos, as
recomendações apresentadas para o dimensionamento de unidades de
tratamento de água já levam em conta essa possibilidade ao estabelecer os
valores a serem adotados em cada caso.
Os efeitos de curto-circuitos em floculadores e decantadores serão vistos nos
Capítulos 8 e 9 deste livro.
6.17. Carga
Uma porção de água, cuja massa é igual a 50 kg, situada no interior de uma
porção maior de água, desloca-se animada de velocidade igual a 1,5 m/s, a uma
profundidade de 20 metros e a 50 metros acima do fundo.
Determine sua carga total em relação a esse fundo, admitindo que se pode
2
tomar g = 10 m/s .
Resolução:
6-16
E p,2 = mgh
onde, neste caso:
mg = W = 50 kgf
h = 20 m
Portanto:
E p,2 = 50 x 20 = 1000 kgm
• Energia cinética
2
E c= (mv )/2
onde, neste caso:
-1 2
m = W/g = 50 / 10 = 5 kgf .s
v = 1,5 m/s
Portanto:
2
E c = 5 x 1,5 / 2 = 5,625 kgm
Somando as três parcelas anteriores, obtém-se a energia total:
E = E p,1 + E p,2+ E c = 2500 + 1000 + 5,625 = 3505,625 kgm
O peso da porção de água é:
W = mg = 50 x 10 = 500 N = 50 kgf
Dividindo o valor da energia total da porção considerada por seu peso,
obtém-se sua carga:
H = E/W = 3505,625 / 50 = 70,11 m
Esse valor resulta da soma das seguintes cargas:
• carga de posição:
z = 2500 / 50 = 50 m H2O
• carga de pressão:
p/γ = 1000 / 50 = 20 m H2O
• carga cinética:
2
U /2g = 5,625 / 50 = 0,11 m H2O
Mais adiante, no próximo Item 6.19, quando for recordada a equação de
Bernoulli, cada uma dessas cargas que a porção de água pode conter será
novamente recordada.
Considere a Figura 6.2, que representa certa porção de água entre duas
placas paralelas, ambas de área A, espaçadas entre si de uma distancia y.
A placa inferior é fixa e a superior é móvel.
Sobre essa última, aplica-se uma forca F. Em consequência, ela se desloca com
velocidade v.
A relação:
F/A = τ
é conhecida, tendo sido denominada de tensão tangencial.
6-17
Figura 6.2 - Viscosidade e gradiente de velocidade
6-18
6.18.1. Problema resolvido
Qual é a tensão tangencial que se deve aplicar a uma placa plana móvel que
se encontra separada 1 milímetro de outra placa plana fixa, para que ela se
movimente com velocidade igual a 0,5 metro por segundo, sabendo-se que
entre as duas existe água a 20 graus centígrados?
Resolução
Aplica-se a expressão:
µ = τ/(v/y)
F/A = τ = µ(v/y)
onde:
µ = viscosidade absoluta da água a 20oC = 10 kgf.m .s
-4 -2
-1
v/y = gradiente de velocidade = 0,5 / 0,001 = 500 s
Portanto:
2
τ = 0,0001 x 500 = 0,05 kgf/m
A expressão anterior:
τ = F/A = µ(v/y)
escreve-se, em sua forma diferencial:
τ = dF/dA = µ(dv/dy)
onde (dv/dy) é o gradiente de velocidade.
Na realidade, o modelo anterior pressupõe que o escoamento da água entre
as duas placas ocorre de forma laminar. Assim sendo, ele é inadequado para a
situação de regime turbulento (vide Item 6.20.1.2 mais adiante).
Para esse último caso, diversos autores vêm procurando apresentar novos
métodos de dimensionamento de unidades de tratamento, utilizando, para tanto,
a denominada viscosidade turbulenta. Neste caso, a expressão anterior passa a
ser:
τ = dF/dA = (µ+ev)(dv/dy)
onde ev é a viscosidade turbulenta da água, que independe da temperatura.
Mais adiante, no Item 6.26, mais considerações a esse respeito serão
apresentadas.
6-19
Conforme foi visto, a porção de água em questão terá, como energia total, a
soma das seguintes parcelas:
• energia potencial de posição: E p,1 = mgz
• energia potencial de pressão: E p,2 = mg(p/γ)
2
• energia cinética: E c = mv /2
- Seção 2 (jusante):
• altitude do fundo do canal: 949 m
6-20
• lâmina d' água na seção : 0,60 m
Determine a perda de carga entre as duas seções.
Resolução
O valor desse coeficiente varia desde 2,0 para o regime laminar até cerca de
1,1 para o regime turbulento (vide Item 6.20.1.2 para definição de regimes
laminar e turbulento) quando a água escoa no interior de canalizações. No caso
6-21
10
de canais, Chow afirma que os valores de α variam entre 1,03 e 1,36, sendo
mais alto em canais pequenos e mais baixo em grandes correntes de
profundidade considerável.
Não obstante, e para fins práticos, é usual admitir α = 1, voltando-se, dessa
forma à expressão apresentada anteriormente.
Sendo carga, por definição, a energia da partícula (ou porção) líquida por
unidade de peso, o termo perda de carga (vale dizer: perda de energia) soa
incorreto, tendo em vista que energia (e por conseguinte, carga) não se cria nem
se perde: apenas se transforma.
Na realidade, é o que, de fato, ocorre. Conforme foi dito, quando a água
escoa, parte de sua carga se dissipa por atrito, perdendo-se sob forma de calor.
Entretanto, para efeito de aplicação na engenharia civil, essa parcela de fato
se perde, tendo em vista que, do ponto de vista prático, ela não se prestará mais
a nenhuma finalidade útil.
Assim sendo, embora, a rigor, do ponto de vista físico, não seja correto
utilizar a expressão perda de carga (melhor seria designá-las por
irreversibilidades), ela é utilizada pelo engenheiro civil corriqueiramente, já
estando disseminada e aceita no meio técnico.
6.20.1.1. Definição
6-22
Mecânica dos Fluidos e Hidráulica disponíveis na literatura técnica nacional e
internacional.
6-23
hf ∝ L
2
• proporcional à carga cinética U /2g da água em escoamento:
2
hf ∝ U /2g
• inversamente proporcional à dimensão linear λ característica da seção
de escoamento (no caso de condutos de seção circular, λ = D; no caso
de condutos com outras geometrias, λ = Dh = diâmetro hidráulico - ver
Item 6.20.1.2:
hf ∝ 1/λ
Reunindo todas essas grandezas numa só, obtém-se:
L U2
hf ∝
λ 2g
ou, se fôr introduzida a constante de proporcionalidade f':
L U2
hf = f '
λ 2g
A aplicação da equação anterior fica dependendo de se conhecer o valor de
f'.
No caso dos condutos forçados, que trabalham com a água ocupando toda a
seção do conduto (diz-se que o conduto funciona a seção plena) esse problema
já se encontra resolvido, conforme será visto no Item 6.20.1.3.
Por outro lado, o cálculo das perdas de carga em condutos livres (canais)
ainda é feito utilizando fórmulas empíricas, por não ter sido encontrada, até o
momento, uma fórmula racional, aplicável à engenharia, capaz de solucionar
esse problema hidráulico.
O valor de f' (vide Item anterior) depende, entre outros elementos, do regime
de escoamento: se laminar ou turbulento.
No regime laminar, a água escoa como se fosse constituída de lâminas
concêntricas que escoassem umas sobre as outras (não ocorreria mistura entre
elas). Decorre daí sua denominação.
No escoamento turbulento, as partículas de água trocam de posições entre si,
e não ocorre mais esse escoamento em camadas.
Um grande experimentador inglês (Sir Osborne Reynolds) descobriu a partir
de quando ocorre um e outro regime. Para tanto, estabeleceu uma grandeza
adimensional que, em sua homenagem, recebeu seu nome: é o denominado
número de Reynolds, expresso por:
ρUλ
Re =
µ
ou, o que dá no mesmo:
Uλ
Re =
ν
6-24
Observa-se que se:
• Re < 2000 - o regime é laminar
• Re > 4000 - o regime é turbulento
Entre 2000 e 4000, não se pode precisar que tipo de escoamento ocorrerá.
Felizmente, na prática, quase nunca se trabalha nessa faixa de valores.
Conforme foi visto no Item anterior, no caso de condutos de seção circular, λ
= D; no caso de condutos com outras geometrias, λ = Dh = diâmetro hidráulico;
definido como:
Dh = 4 (área molhada)/(perímetro molhado)
Define-se também o denominado raio hidráulico:
Rh = (área molhada)/(perímetro molhado)
ou seja:
Dh = 4 Rh
Tome-se, por exemplo, um canal de largura igual a 0,40 m, no interior do qual
a água escoa, sendo a profundidade da lâmina d'água igual a 0,20 m.
O diâmetro hidráulico dessa seção de escoamento será:
0,40 x 0,20
Dh = 4 = 0,40m
0,20 + 0,40 + 0,20
e o raio hidráulico será:
Rh = Dh/4 = 0,10 m
Tome-se agora um duto de seção retangular, de dimensões: largura = 0,40
m; altura = 0,20 m; no interior do qual a água escoa ocupando toda a seção (diz-
se que o escoamento ocorre a seção plena).
Nestas circunstâncias, o diâmetro hidráulico da seção de escoamento será:
0,40 x 0,20
Dh = 4 = 0,267m
0,20 + 0,40 + 0,20 + 0,40
e o raio hidráulico correspondente:
Rh = Dh/4 = 0,067 m
Finalmente, considere-se o caso de uma canalização, de diâmetro D, no
interior do qual a água escoa a seção plena (isto é, ocupando toda a seção
disponível).
Neste caso, o diâmetro hidráulico será:
πD 2
Dh = 4 4 = D
πD
(observe, portanto, que para seções circulares totalmente cheias, Dh = D)
6-25
Qual e o regime de escoamento correspondente?
Resolução
Utiliza-se a fórmula:
UD
Re =
ν
onde:
D = 300 mm = 0,3 m;
-6 2
ν = 10 m /s
4Q 4 x 0,1
U= = = 1,41m / s
πD 2
π (0,3 )2
Portanto:
1,41x 0,3
Re = = 4,23 x10 5
−6
10
Como Re é maior que 4000, o regime de escoamento é turbulento.
Resolução
Q 0,160
U= = = 2m / s
A 0,2 x 0,4
Pode-se agora determinar o número de Reynolds:
U .Dh 2 x 0,40
Re = = = 8 x10 5
ν −6
10
A água escoará no regime turbulento.
6-26
6.20.1.2.3. Camada limite
6-27
Figura 6.6 - Filme laminar e turbulento em canalizações
onde:
hf = perda de carga, expressa em metros de coluna d’água;
L = mocprimento do conduto, expresso em metros;
λ = dimensão característica da seção de escoamento, expressa em metros;
U = velocidade média da água no interior da canalização, expressa em metros
por segundo;
6-28
g = aceleração da gravidade;
f’ = coeficiente de proporcionalidade.
No caso de seções circulares, como foi visto, λ = D.
Pode-se então escrever:
L U2
hf = f
D 2g
A equação anterior (em que f’ passou a denominar-se f – fator de atrito) é a
denominada fórmula de Darcy-Weisbach.
O coeficiente f depende, como foi visto, do regime de escoamento (vale dizer,
do número de Reynolds) e da relação entre a rugosidade das paredes internas
do tubo e seu diâmetro.Para determinar seu valor, destacam-se:
a) a fórmula de Hagen-Poiseuille, aplicável ao regime laminar;
b) a fórmula de Colebrook e White, ao regime turbulento;
c) a fórmula de von Karman, aplicable a tubos lisos e regime turbulento;
d) d) o ábaco de Moody (ver Anexo 6), que representa gráficamente as três
fórmulas anteriores;
e) a mais recente fórmula de Churchill, com a qual o autor vem obtendo
bons resultados:
1
12
8 12 1
f = 8 + 3
Re
(A + B )
2
onde:
16
1
A = 2,457 ln
0,9
7 0,27k
+
Re D
16
37530
B=
Re
Nas expressões acima, tem-se:
Re = número de Reynolds,
K = rugosidade média das paredes internas da canalização, vide Anexo 1.
6-29
Figura 6.7 – Problema resolvido 6.20.1.3.1
Resolução
6-30
Entretanto, de acordo com as Notas ali apresentadas, e tendo em vista que a
extensão da canalização do Problema é igual a 2000 m (portanto maior que
1000 m), deve-se multiplicar o valor enconrado por 2.
Assim sendo, o valor a ser adotado nos cálculos será:
k = 0,2 mm = 0,0002 m
d) Fator de atrito:
Substituindo os valores de Re, k e D anteriores na fórmula de Churchill,
encontra-se:
21
A = 1,034 x 10
-17
B = 1,4 x 10
f = 0,019
O mesmo valor de f seria encontrado através da consulta ao ábaco de Moody
(vide Anexo 6 deste livro).
e) Perda de carga:
Substituindo os valores anteriores na fórmula de Darcy-Weisbach, encontra-
se:
L U2 2000 1,412
hf = f = 0,019 = 12,85m
D 2g 0,3 2 x 9,8
8f Q 2
hf = L
π 2g D5
Q2
hf = β L
D5
onde:
8f
β=
π 2g
6-31
será admitido constante.
Considere a Figura 6.8, que representa um tubo, de diâmetro D e extensão
L, com distribuição em marcha, isto é, que distribui água ao longo de seu
comprimento. Sejam Qm e Qj as vazões a montante e a jusante desse tubo,
respectivamente.
L Q2
hf = ∫0 β dx
D5
6-32
L
hf = ∫0 β
(Q j + qx )2 dx
D5
Sendo constantes os valores de β , q e D, então:
hf =
β L
5 ∫0
( )
Q j + qx 2 dx
D
hf =
D
β L 2
(
Q + 2Q j .q.x + q 2 x 2 dx
5 ∫0 j
)
L
β 2 q2x3
hf = Q j x + 2Q j .q.x 2 +
D 5 3
0
β 2 q 2 L3
hf = Q j L + 2Q j .q.L2 +
D 5 3
β 2 q 2 L2
hf = Q j + 2Q j .q.L + L
D 5 3
O valor do termo:
q 2 L2
Q 2j + 2Q j .q.L +
3
está entre os seguintes valores:
2 2
q.L 2 q 2 L2 q.L
Qi + ≤ Q j + 2Q j .q.L + ≤ Qi +
2 3 3
ou seja:
q 2 L2
(Qi + 0,5q.L )2 ≤ Q 2j + 2Q j .q.L +≤ (Qi + 0,577q.L )2
3
Nos cálculos corriqueiros de hidráulica, assume-se:
q 2 L2
Q 2j + 2Q j .q.L + = (Qi + 0,5q.L )2
3
e denomina-se esse valor de vazão fictícia, Qf:
Qf = Qi + 0,5q.L
Mas
Qm − Qi
= q ∴ q.L = Qm − Qi
L
Substituindo, encontra-se:
Q − Qi
Qf = Q i + m
2
Qm + Qi
Qf =
2
6-33
como queríamos demonstrar.
Resolução
Portanto:
L U2 3 2,47 2
hf = f = 0,024 = 0,99m
D 2g 0,0254 2 x 9,8
6-34
µ U
j =N
γ R2
h
Tabela 6.1 – Valores de N para seções retangulares
Resolução
Aplica-se a expressão:
µ U
j =N
γ R2
h
para a qual o valor N, extraído da Tabela 6.1, é igual a 3,00.
Os demais valores são:
j = perda de carga unitária;
-2
µ = 0,0001 kgf.m .s
3
γ = 1000 kgf/m
U = 10 cm / minuto = 0,00167 m/s
2,00 x 0,045
Rh = = 0,022m
2(2,00 x 0,045 )
Substituindo os valores, encontra-se:
0,0001 0,00167
j = 3,00 = 0,000001
1000 0,022 2
hf = 0,000001x1,20 = 0,0000012m
6-35
valor desprezível quando comparado com as demais perdas de carga que
ocorrem numa estação de tratamento de água.
Resolução
6-36
6.20.1.5. Por que o regime é laminar ou turbulento?
6-37
Figura 6.9 - Escoamento laminar
6-38
Figura 6.11 - Problema Resolvido 6.20.2.1
Resolução
Singularidade Coeficiente k
Tipo Quantidade Unitário Total
Crivo 1 0,75 0,75
Válvula de pé 1 1,75 1,75
Curva 90o 1 0,40 0,40
Total: 2,90
∅ 100 mm
Singularidade Coeficiente k
Tipo Quantidade Unitário Total
Red. ∅ 150 x 100 1 0,15 0,15
Válv. de Retenção 1 2,50 2,50
Registro de Gaveta 1 0,20 0,20
Cotovelo 90o 1 0,90 0,90
Saída de canaliz. 1 1,00 1,00
Total: 4,75
∅ 75 mm
Singularidade Coeficiente k
Tipo Quantidade Unitário Total
Ampliação ∅ 75 x 100
mm 1 0,30 0,30
Total: 0,30
6-39
Observe que as peças que apresentam dois diâmetros (no caso: a redução e
ampliação) foram incluídas nos referidos quadros conforme seus menores
diâmetros.
As velocidades médias da água nos diversos diâmetros serão:
4 x 0,015
∅ 150 mm: U = = 0,849m / s
π (0,15 )
2
4 x 0,015
∅ 100 mm: U = = 1,910m / s
π (0,10 )
2
4 x 0,015
∅ 75 mm: U = = 3,39m / s
π (0,075 )
2
A Figura 6.12 representa um canal que interliga dois reservatórios (A) e (B),
através de um canal de declividade variável.
Por simplicidade de raciocínio, imaginar-se-á que sua seção transversal é
invariável ao longo de toda sua extensão.
Tão logo a água deixa o reservatório (A) e passa a escoar através do canal,
observa-se a redução da profundidade da lâmina d'água, e o consequente
aumento da velocidade de escoamento. Após certa distância, a profundidade da
lâmina d' água passa a ser constante.
Em seguida, ao se aproximar da mudança de declividade do canal, a água
passa a sofrer nova redução na profundidade de sua lâmina d' água, até que ela
se estabiliza, e passa a ser novamente constante.
Finalmente, ao atingir o reservatório (B), a lâmina d' água poderá sofrer novo
aumento, de forma gradual ou brusca. Neste último caso, ocorre o denominado
ressalto hidráulico, a respeito do qual se tratará no Item seguinte.
6-40
Figura 6.12 - Escoamento em conduto livre
6-41
U = C RI
onde:
8g
C= = coeficiente
f
h
I = f = declividade do canal
L
A expressão anterior é conhecida como Equação de Chezy, e pode ser re-
escrita da forma:
Q = CA RI
tendo em vista que Q = AU
O coeficiente C pode ser calculado através da Fórmula de Manning, segundo
a qual:
1
R 6
C=
n
Resolução
Sabendo que:
3
Q = 200 l/s = 0,2 m /s
U = 1 m/s
então, a área molhada do canal deverá ser:
2
A = Q/U = 0,200 / 1 = 0,200 m
A lâmina d'água resultante será:
A = by ou y = A/b
onde:
2
A = 0,200 m
b = 0,50 m
Portanto:
y = A/b = 0,200 / 0,50 = 0,40 m
O perímetro molhado resultante será:
P = 2 x 0,40 + 0,50 = 1,30 m
e o raio hidráulico:
6-42
R = A/P = 0,200 / 1,30 = 0,154 m
O coeficiente C da equação de Chèzy será, segundo Manning:
1
R6
C=
n
1
C=
(0,154 )6= 57
0,013
Da fórmula de Chèzy, obtém-se:
Q = CA RI
2
Q 1
I =
CA R
2
0,200 1
I = = 0,002
57 x 0,200 0,154
Resolução
6-44
U2
E=y+
2g
onde:
y = profundidade da lâmina d'água na seção de escoamento;
U = velocidade média da água nessa seção.
A expressão anterior pode ser reescrita da seguinte forma, para uma seção
retangular de largura b:
2
1 Q
E=y+
2g by
Para uma dada vazão Q constante, pode-se escrever:
C
E=y+
y2
onde:
2
1 Q
C=
2g b
Assim sendo, a energia específica é a soma de duas parcelas: a primeira,
igual à altura da lâmina d'água no canal; e a segunda, nversamente
i
proporcional ao quadrado dessa altura.
A Figura 6.14 ilustra graficamente o que foi afirmado.
O gráfico apresentado nessa Figura permite verificar que uma mesma vazão
pode ser escoada num canal de largura b com a mesma energia específica e de
duas formas diferentes, conforme seja a declividade do canal: ou com grande
lâmina d'água e pouca velocidade (vale dizer: grande energia potencial e pouca
energia cinética), ou com pequena lâmina d'água e grande velocidade (ou seja,
pequena energia potencial e grande energia cinética).
O primeiro tipo de escoamento é o subcrítico; o segundo é o supercrítico.
Ambos os tipos foram vistos anteriormente no Item 6.21.3.
6-45
Examinando a mesma Figura, verifica-se também a possibilidade de se fazer
escoar a mesma vazão no mesmo canal com tal declividade que a energia
específica seja mínima. Quando isto ocorre, diz-se que o escoamento se dá no
regime crítico.
Em tais condições, pode-se escrever, a partir da equação:
2
1 Q
E=y+ → mín
2g by
Para que o mínimo ocorra, deve-se ter:
dE/dy = 0
ou seja:
d 1 Q
2
Q2 Q2
y + = 0 ∴ 1 − = 0 ∴ =1
dy
2g by
gb 2 y 3 gb 2 y 3
6-46
Figura 6.16 - Escoamento no regime crítico
onde ∆m é a massa
ρ do volume de controle, ou ainda:
ρ
∑ F = ρ∆V
∆U
∆t
ρ
onde ρ é a massa específica da água ∆V é o volume de controle e ∆U é a
diferença entre as velocidades médias da água na saída e na entrada do volume
de controle.
A expressão anterior pode ser re-escrita da forma:
∑ ρ
F = ρ. (
∆V ρ )
ρ
U 2 − U1
∆t
ou ainda:
6-47
∑ F = ρQ(U 2 − U1 )
ρ ρ ρ
Resolução
6-48
0,2
U= = 4m / s
0,50 x 0,10
U2 42
= = 0,80m
2g 2 x10
p U2 42
H =z+ + = = 0 + 0,10 + 0,80 = 0,90m
γ 2g 2 x10
U 4
Fr = = =4
gy 10 x 0,10
Portanto, o egime é supercrítico.
b) Seção a jusante do ressalto
Carga em relação ao fundo:
z=0
p
= 0,40m
γ
0,2
U= = 1m / s
0,50 x 0,40
U2 12
= = 0,05m
2g 2 x10
p U2 42
H =z+ + = = 0 + 0,40 + 0,05 = 0,45m
γ 2g 2 x10
U 1
Fr = = = 0,5
gy 10 x 0,40
Portanto, o egime é subrcrítico.
c) Perda de carga no ressalto:
hf = 0,90 – 0,45 = 0,45 m
6-49
Figura 6.18 – Ressalto hidráulico e forças intervenientes
R = γ .y 1 .b.y 1 − γ .y 2 .b.y 2
A equação da quantidade de movimento (vide Item 6.21.5) permite
escrever que a resultante dos esforços atuantes sobre um volume líquido em
escoamento é igual ao produto dos fatores: vazão, massa específica e diferença
de velocidades, ou seja:
∑
ρ ρ
( ρ
F = ρQ U 2 − U1 )
Tendo em vista que, no caso presente, toas as grandezas têm a mesma
direção (igual à do eixo do canal), pode-se escrever que:
γ .y 1 .b.y 1 − γ .y 2 .b.y 2 = ρQ (U 2 − U1 )
ou seja:
γ .y 1 .b.y 1 + ρQU1 = γ .y 2 .b.y 2 + ρQU 2
Dividindo todos os termos por γ = ρg e substituindo U por Q/A, obtém-se:
Q2 Q2
γ .y 1 .b.y 1 + = γ .y 2 .b.y 2 +
g .A1 g .A2
Sendo retangular a seção do canal, então y = y / 2 , donde
:
y2 y2
C C 2
.b. 1 + = .b. 2 + , onde C = Q /gb
2 .y 1 2 .y 2
Observa-se, e a Figura 6.19 ilustra esta afirmativa, que a força específica
é o resultado da soma de duas parcelas: a primeira, diretamente proporcional ao
quadrado da altura da lâmina d’água, e a segunda, inversamente proporcional a
essa altura.
A Figura 6.20 confronta os gráficos mostrados nas Figuras 6.15 e 6.19 ao se
considerar um ressalto hidráulico estacionário, em que as forças específicas são
iguais. Essa igualdade implica na desigualdade das energias específicas, sendo
maior a energia no regime supercrítico. Portanto, nos ressaltos hidráulicos (nos
6-50
quais, evidentemente, o escoamento passa de supercrítico a subcrítico), ocorre
forçosamente uma dissipação de energia.
6-51
2Q 2 2Q 2
y 12 + = y 22 +
gb 2 y 1 gb 2 y 2
2Q 2 1 1
y 22 − y 12 = −
2 y
gb 1 y 2
2
y 2 − y1
(y 2 + y 1 )(y 2 − y 1 ) = 2Q2
gb y 2 y 1
(y ) = 2gbQ
2
2 2
2 y1 + y1 y 2 2
y y U2
y2 = − 1 + 1 1+ 8
2 2 gy 1
y1 1
= − 1 + 8Fr 22 − 1
y2 2
y2 1
= − 1 + 8Fr12 − 1
y1 2
6-52
Já o comprimento do ressalto é difícil de ser medido, em virtude das
incertezas que cercam a exata fixação de suas seções inicial e final. Vários
investigadores estabeleceram fórmulas para determiná-lo. Silvestre (op. citada)
apresenta as quatro consideradas por ele como as mais simples, e que são
transcritas a seguir.
• Safranes: Lr = 5,2 y2
• Smetana: Lr = 6,02 (y2 –y1)
• Douma: Lr = 3 y2
• USBR: Lr = 6,9 (y2 – y1)
6-53
ve = Cj
Na realidade, não há interesse prático em determinar o valor de ve. Utiliza-se,
ao invés, a denominada velocidade de aproximação, ou velocidade aparente, da
água no meio poroso, que é calculada como se esse meio fosse inteiramente
vazio.
Chega-se então a expressão:
v = kj
onde:
Resolução
v = kj
j = hfL = v/k
hf = vL/k
onde:
3 2
v = 150 m / (m .dia) = 150 / 86400 s = 0,00174 m/s
L = 0,45 m
k = 0,002 m/s
Portanto:
hf = 0,00174 x 0,45 / 0,002 = 0,39 m
6-54
6.22.1.2. Considerações sobre a lei de Darcy e sua aplicação
ne = Ae/A
A equação da continuidade permite escrever:
ve.Ae = v.a
donde:
v = ne.ve = ne (Cj) = (neC)j
Obtém-se, assim, a equação:
v = kj
estabelecida por Darcy em 1856, no estudo "Fontaines publiques de la ville de
Dijon", e que se designa por lei de Darcy.
O coeficiente de proporcionalidade k entre v e j é designado por "coeficiente
de permeabilidade" ou simplesmente "permeabilidade" e tem como dimensões:
[k] = LT-1
Deve ser ressaltado que essa expressão é aplicável para números de
Reynolds inferiores a 10, onde
Re = vd/ν
sendo v a velocidade aparente e d o diâmetro das partículas do meio poroso.
6-55
Tabela 6.2 - Valores de (a) e (b) para diversos materiais granulares,
aplicáveis à equação de Forchheimer8
6-56
6.23. Bombas: altura manométrica
Uma bomba, instalada numa linha de recalque, deve vencer não apenas o
desnível geométrico entre a água em sua posição original e em sua posição
final, mas também as perdas de carga que ocorrerão ao longo da linha de
recalque.
Essas perdas de carga incluem as perdas contínuas e as perdas localizadas.
Denomina-se altura manométrica (Hman) a soma do desnível geométrico (Hg)
mais as perdas de carga em toda a linha de recalque (∑ hf):
Hman = Hg + ∑ hf
Alguns autores preferem discriminar a perda de carga conforme o local em
que ocorre, da seguinte maneira:
Hman = Hg + hs + hr
onde:
Hg = altura geométrica ou desnível geométrico
hs = perda de carga na sucção
hr = perda de carga no recalque
Resolução
Conforme viu-se:
Hman = Hg + ∑ hf
Portanto:
Hman = 40 + 2 + 10 = 52 m
6-57
Figura 6.21 - Potência das correntes líquidas
Resolução:
6-58
2 2
• carga de velocidade: U /2g = 0,6 /(2 x 10) = 0,02 m
Carga total: H = 0 + 1,20 + 0,02 = 1,22 m
Portanto:
P = γQH = 10000 x 5 x 1,22 = 61000 W = 61 kW
ou, no Sistema Internacional:
P = 61000 / 10 = 6100 kgf.m/s
γQH
P=
η
A parcela remanescente (1 - η) é consumida pelo atrito da água com o rotor
da bomba, pelo atrito entre eixo e gaxeta, etc.
Se se deseja obter a potência em cavalos-vapor (CV), que é a forma usual de
expressá-la, então utiliza-se a fórmula:
QH
P (CV ) =
75η
onde devem ser utilizadas as seguintes unidades para cada um de seus
membros:
{Q} = litros por segundo;
{H} = metros
Resolução
6-59
50 x 20
P (CV ) = = 22,22CV
75 x 0,60
d Fd Τ
Fv = F = = =P
t t t
(Ay) = volume d' águ
a entre as duas placas paralelas = V
Portanto:
2
v
P = µV
y
v P
=
y
µV
A expressão anterior mostra que quanto maior fôr a potência dissipada na
água em tratamento, maiores serão as diferenças de velocidade entre suas
partículas (e, portanto, o gradiente de velocidade), resultando, daí, maior
número de choques entre as partículas de impurezas presentes na água.
Por outro lado, gradientes de velocidade muito elevados (ou seja, diferenças
de velocidade muito elevadas entre as partículas) podem levar ao rompimento
de flocos previamente formados.
Conforme será visto nos próximos Capítulos, a fixação dos valores dos
gradientes de velocidade em quase todas as fases do tratamento da água será
uma constante.
Considere-se que, em determinada fase do tratamento, certa potência P seja
dissipada em dado volume V de água.
Denomina-se gradiente médio de velocidade G a grandeza:
6-60
P
G=
µV
Segundo Fair, Geyer e Okun, em sua obra Purificación de aguas y
tratamiento y remoción de aguas residuales (Limusa Wiley, Mexico, 1971), essa
expressão foi desenvolvida por Camp e Stein, tendo sido apresentada no artigo
Velocity gradients and internal work in fluid motion - J. Boston Soc. Civil Engrs -
30, 219 (1943).
Ocorre que a expressão anterior, como visto, foi desenvolvida a partir de um
modelo laminar de escoamento, enquanto que, nas unidades de tratamento de
água, o escoamento é quase sempre turbulento.
Por este motivo, diversos autores vêm procurando apresentar novos métodos
de dimensionamento de unidades de tratamento, utilizando, para tanto, a
denominada viscosidade turbulenta (vide Item 6.18.2).
Neste caso, a expressão que relaciona o gradiente médio de velocidade e a
tensão tangencial passaria a ser:
dF
= (µ + ev )G
dA
onde G é o gradiente médio de velocidade, µ é a viscosidade absoluta, que
depende da temperatura da água (vide Anexo 4) e ev é a viscosidade turbulenta
da água, que independe da temperatura.
Esses novos modelos não serão vistos neste livro, mas são de grande
interesse para o aluno de pós graduação. Por esse motivo, recomenda-se a
5
leitura do texto escrito por Cleasby .
Embora muitas críticas possam ser apresentadas à forma utilizada
atualmente para o projeto de unidades de tratamento de água, que utiliza, para
escoamentos turbulentos, expressões deduzidas a partir de escoamentos
laminares, deve-se ressaltar que os valores estabelecidos para os parâmetros
básicos já foram testados na prática, e oferecem bons resultados.
É como aprender a atirar com uma arma cujo sistema de pontaria estivesse
desregulado.
A pontaria seria feita de forma errada, mas o alvo seria atingido.
O aluno de pós graduação deve estar atento, pois certamente mais cedo ou
mais tarde um modelo matemático correto será apresentado, e as normas para
o dimensionamento de unidades de tratamento de água, entre elas a NBR-
12216 da ABNT, serão alteradas.
Viu-se também neste Capítulo a seguinte expressão para o cálculo da
potência da correntes líquidas:
P = γQH
Em correntes líquidas em que ocorrem perdas de carga, tais como em
vertedouros, ressaltos hidráulicos, orifícios de passagem da água, medidores
Parshall e outros, haverá uma dissipação de potência correspondente à carga hf
perdida:
P = γQhf
6-61
Por esta razão, tais dispositivos serão responsáveis pela introdução de
gradientes de velocidade na água em tratamento, que podem ser determinados
através da expressão:
γQhf
G=
µV
Ora, no Sistema Técnico de unidades, e a 20ºC, os valores de γ e µ são:
3
γ = 1000 kgf/m
-2
µ = 0,0001 kgf.s.m
Substituindo os valores na expressão acima, obtém-se:
1000Qhf
G=
0,0001V
10Qhf
G = 1000
V
A expressão anterior é aplicável aos sistemas Internacional e Técnico, em
que os valores de Q, hf e V são expressos em:
3
{Q} = m /s
{ hf } = m
3
{V} = m
Resolução
Aplica-se a expressão:
P
G=
µV
onde:
P = 0,5 kW = 500 W
µ = 0,001 N x m-2 . s
V = 500 l = 0,5 m3
Obtém-se:
500
G= = 1000 s-1
0, 001x 0, 5
6-62
Quando se movimenta um corpo sólido no interior da água, de forma a
transmitir-lhe uma velocidade v em relação à água, aplica-se sobre ele uma
força Fd para arrastá-lo.
Essa força depende:
2
• da energia cinética v /2g que se deseja transmitir ao corpo;
• da área A desse corpo, perpendicular a direção à velocidade pretendida;
• da forma geométrica do corpo (evidentemente, será mais fácil
movimentar um corpo com ponta em forma cônica do que um corpo com
ponta plana, tendo ambos a mesma área A da forma definida acima): a
influência desse formato mais ou menos favorável é expressa pelo
denominado coeficiente de arraste, denominado Cd.
Resolução
6-63
6.28. Orifícios, bocais e vertedouros
6-64
U 22
é o valor que se deseja encontrar;
2g
hf 1,2 será suposta nula (o que não é verdade; posteriormente, um coeficiente de
correção será introduzido na fórmula de cálculo da vazão que se encontrará no
final desta dedução).
Da expressão anterior, substituindo os valores:
U 22
h+0+0 =0+0+ +0
2g
U 2 = 2gh
Este é o valor da velocidade teórica com que a água sai através do orifício.
Para se conhecer a velocidade real, multiplica-se essa velocidade pelo
denominado coeficiente de velociade Cv, cujo valor, inferior a 1, depende da
geometria do orifício e de sua profundidade, entre outros fatores:
U 2 = Cv 2gh
Observe que, para se obter a velocidade U2, será necessário um valor de h
maior que o teórico, devido à perda de carga no orifício. Essa perda de carga,
igual à diferença entre o h que realmente se deve ter e o h teórico, será:
2 2 U2
1 U 2 U 2 1
hf = − = − 1 2
Cv2 2g 2g Cv2 2g
Para encontrar a vazão, basta multiplicar a velocidade pela área da seção de
escoamento.
Observe entretanto que, no ponto 2, essa seção, denominada Ac, está
contraída em relação à seção A do orifício:
Ac = Cc . A
O valor de Cc, inferior a 1, pode ser encontrado nos manuais de hidráulica.
Por esse motivo, a vazão real é:
Q = (Cc.A) U2 = Cc .Cv .A 2gh
Normalmente fazemos Cc Cv = Cd = coeficiente de descarga, e re-
escrevemos:
Q = Cd A 2gh
onde Cd, denominado coeficiente de descarga, depende de diversos fatores, e
seu valor pode ser encontrado nos manuais de hidráulica.
Entretanto, na prática, ele varia em torno de 0,61. Este valor pode ser
utilizado, como primeira aproximação, na maioria das aplicações práticas.
Embora a fórmula anterior tenha sido deduzida para um orifício, ela pode
também ser aplicada para bocais, sendo também aplicável nesses casos o que
se afirmou para o coeficiente de descarga.
Estando afogado o orifício ou bocal (Figura 6.22 (b)), caso em que se
encontra a maioria dos exemplos encontrados em estações de tratamento de
água, h é também o valor da perda de carga.
6-65
Neste caso, pode-se escrever que a perda de carga será:
2
Q 1
hf =
Cd A 2g
6-66
6.28.2. Vertedouros de descarga livre
• Vertedouros retangulares:
6-67
3/2
Q = 1,838 LH (Fórmula de Francis – ver também Anexo 12 deste livro)
No caso de existência de contrações, tomar:
- para uma contração: L = L – H/10
para duas contrações: L = L – 2H/10
• Vertedouros triangulares:
5/2
Q = 1,4 H (Fórmula de Thomson – ver também Anexo 11 deste livro)
Resolução
6-68
0,060
L= + 0,2 x 0,20 = 0,405m
2
1,838 x 0,20 3
6-69
Figura 6.27 – Equação de Smoluchowsky
dv Rij
J i = 4.n i . ∫
dz z = 0
z R ij2 − z 2 .dz
6-70
R
3
ij
J i = 4.n i
dv 1 2
dz 3
( 2
.− R ij − z 2
)
0
4 dv 3
J i = .n i .R
3 dz ij
Para nj partículas centrais:
4 dv 3
J ij = .n i n j .R
3 dz ij
mas
di + d j
R ij = r i + r j =
2
Portanto:
1
( )
J ij = .n i n j d i + d j 3
6
dv
dz
6-71
1.a.2) 1,0 m/s
1.a.3) 1,5 m/s
1.a.4) 2,0 m/s
6-72
3.b) a energia potencial de pressão da partícula é:
3.b.1) 1 J
3.b.2) 10 J
3.b.3) 100 J
3.b.4) 1000 J
3.c) a energia cinética da partícula é:
3.c.1) 2 J
3.c.2) 20 J
3.c.3) 200 J
3.c.4) 2000 J
6-74
12. Assinale a(s) altenativa(s) falsa(s) ou verdadeira(s):
Em certo trecho de canalização horizontal e de diâmetro constante, dentro da
qual escoa água sob pressão com vazão constante, foram instalados dois
2 2
manômetros, que acusaram pressões de 5 kgf/cm e 4 kgf/cm . A perda de
carga entre as seções em que os manômetros foram instalados era igual a:
12.a) 10 m
12.b) 20 m
12.c) 30 m
12.d) 40 m
15. A altura manométrica H que uma bomba deve ser capaz de vencer é
formada pela soma de três parcelas:
H = Hg + hs + hr
O significado de cada uma dessas parcelas é:
15.a) _________________________
15.b) _________________________
15.c) _________________________
Respostas:
1.a.1 – (f); 1.a.2 – (v); 1.a.3 – (f); 1.a.4 – (f); 1.b.1 – (f); 1.b.2 – (f); 1.b.3 – (f);
1.b.4 – (v); 1.c.1 – (f); 1.c.2 – (f); 1.c.3 – (v); 1.c.4 – (f); 1.d.1 – (f); 1.d.2 – (v);
1.d.3 – (f); 1.d.4 – (f); 2.a.1 – (f); 2.a.2 – (f); 2.a.3 – (f); 2.a.4 – (v); 2.b.1 – (f);
2.b.2 – (f); 2.b.3 – (v); 2.b.4 – (f); 2.c.1 – (v); 2.c.2 – (f); 2.c.3 – (f); 2.c.4 – (f);
3.a.1 – (f); 3.a.2 – (f); 3.a.3 – (f); 3.a.4 – (v); 3.b.1 – (f); 3.b.2 – (f); 3.b.3 – (v);
3.b.4 – (f); 3.c.1 – (v); 3.c.2 – (f); 3.c.3 – (f); 3.c.4 – (f); 4.a – (f); 4.b – (f); 4.c –
(f); 4.d – (v); 5.a.1 – (v); 5.a.2 – (f); 5.a.3 – (f); 5.a.4 – (f); 5.b.1 – (v); 5.b.2 – (f);
5.b.3 – (f); 5.b.4 – (f); 6.a – (v); 6.b – (f); 6.c – (f); 6.d – (v); 7.a – (v); 7.b – (f); 7.c
– (f); 7.d – (f); 8.a.1 – (v); 8.a.2 – (v); 8.a.3 – (v); 8.a.4 – (v); 8.b.1 – (f); 8.b.2 –
6-75
(v); 8.b.3 – (f); 8.b.4 – (f); 9.a – (v); 9.b – (f); 9.c – (f); 9.d – (v); 10.a – (v); 10.b –
(v); 10.c – (v); 10.d – (v); 11.a – (f); 11.b – (f); 11.c – (f); 11.d – (v); 12.a – (v);
12.b – (f); 12.c – (f); 12.d – (f); 13.a – (v); 13.b – (f); 13.c – (v); 13.d – (v); 14.a –
(v); 14.b – (v); 14.c – (v); 15.a – altura geométrica ou desnível geométrico; 15.b
– perda de carga na sucção15.c – perda de carga no recalque.
Referências bibliográficas
6-76
7.1 O conceito de mistura rápida
c) agitadores mecanizados;
Ainda, de acordo com essa Norma, podem ser utilizados como dispositivos
hidráulicos de mistura:
7-1
b) canal ou canalização com anteparos ou chicanas;
c) ressalto hidráulico;
d) qualquer outro trecho ou seção de canal ou canalização que atenda às
condições especificadas por essa Norma para dispositivos de mistura
rápida.
Segundo Hudson (apud 10), o valor de G na mistura rápida deve ser o maior
possível economicamente, e nunca inferior a 1000 s-1, enquanto que o tempo
de detenção deverá ser inferior a 1 segundo, preferentemente menor que meio
segundo.
Em seu Item 5.8.2, a NBB 12216 prescreve que as condições ideais em
termos de gradiente de velocidade, tempo de mistura e concentração do
coagulante devem ser determinadas preferencialmente através de ensaios de
laboratório.
Quando esses ensaios não puderem ser realizados, deve ser observada a
seguinte orientação:
(a) a dispersão de coagulantes metálicos hidrolisáveis deve ser feita a
gradientes de velocidade compreendidos entre 700 a 1100 s-1, em um
tempo de mistura não superior a 5 s;
(b) a dispersão de polieletrólitos, como coagulantes primários ou auxiliares de
coagulação, deve ser feita obedecendo as recomendações do fabricante.
É claro que o tipo de ensaio a ser realizado deverá levar em conta, além da
qualidade da água e os produtos químicos a serem utilizados, o tipo e as
características de tratamento das unidades subseqüentes: se filtração direta de
fluxo descendente ou ascendente, precedida ou não de floculação; se o
tratamento seguirá a linha clássica (floculação, decantação e filtração,
realizadas em unidades separadas), e assim sucessivamente.
A transferência dos resultados experimentais obtidos em laboratório ou em
unidades piloto para a escala real encontra muitas dificuldades, em virtude das
diferenças de regime de escoamento na unidade piloto e na escala real (laminar
no primeiro e turbulento no segundo, por exemplo). O projetista consciente
deverá ater-se a todos esses detalhes.
Não obstante, bons resultados serão obtidos, de modo geral, se as
orientações transcritas na NBB 12216 forem observadas durante a elaboração
do projeto.
7-2
Por outro lado, tempos de mistura superiores ao valor máximo recomendado
pela NBB 12216, igual a 5 s, são desnecessários, e poderão até mesmo ser
contraproducentes, permitindo a denominada retromistura do floculante, o que
poderá reduzir a eficiência da mistura rápida.
(na retromistura, floculante mistura-se com floculante, ao invés de misturar-
se com as impurezas que se deseja remover; ocorrerá, em conseqüência, a
redução da eficiência do processo)
7.3.1 Introdução
Podem ser de diversos tipos. No Brasil, dois tipos são os mais utilizados: o
medidor Parshall e a queda d'água originária de vertedouros.
Outro tipo também utilizado no Brasil, porém com freqüência bem menor, é
a malha difusora, conforme concebida originalmente ou com pequenas
variações.
Cada um desses tipos será descrito a seguir.
7.3.2.1 Generalidades
7-3
Fig. 7.1 - Medidor Parshall
7-4
Esse ressalto precisa ser provocado, fazendo-se tentativas, aumentando-se
a lâmina d'água no canal de jusante através de um artifício qualquer, utilizando,
por exemplo, stop-logs, afogados ou não (vide Figura 7.5 adiante, onde alguns
dispositivos são sugeridos). O ressalto, como foi visto, produz uma dissipação
de energia relativamente grande (vide Item 6.21.6.3). Esse fato, aliado ao
estreitamento da garganta do medidor e à pequena lâmina d'água na garganta,
torna relativamente homogênea a aplicação do coagulante na massa líquida,
permitindo que a mistura rápida seja efetuada de forma bastante proxima à
ideal, do ponto de vista das condições que devem prevalecer nessa fase de
tratamento.
Uma antiga recomendação apresentada por Parlatore 8 estabelece que,
para que o ressalto hidráulico ocorra, deve-se estabelecer o nível d'água no
canal a jusante do Parshall de modo que sua superfície esteja nivelada com o
fundo do canal a montante desse medidor. Entretanto, essa medida é
insuficiente para a produção do efeito desejado, especialmente nos casos em
que a vazão na ETA é variável ao longo do horizonte de projeto.
Embora seja possível tentar determinar matematicamente qual deve ser a
altura do nível d'água a jusante do Parshall que provocará o surgimento do
ressalto, a experiência e os motivos anteriores mostram que é mais razoável
obtê-la experimentalmente. Em experiências realizadas no Departamento de
Engenharia Hidráulica da Escola de Engenharia da UFMG, introduziu-se, no
canal a jusante do Parshall, ranhuras para o encaixe de pequenos anteparos de
madeira (stop-logs) que permitiam elevar a lâmina d' água nesse local (Figura
7.6). Foram testadas diversas alturas desses dispositivos para diversas vazões
ensaiadas, de forma a encontrar, para cada uma delas, qual a menor altura que
produziria o ressalto no local desejado. A Figura 7.7 mostra as curvas obtidas
para a relação G x Q, para duas alturas de anteparos ensaiadas. Pode-se
observar que ambas conduziram ao aumento do valor de G na seção
divergente. Entretanto, a menor altura de anteparo (10 cm) foi a que permitiu
obter os maiores valores de gradientes de velocidade.
Assim sendo, e a menos de considerações teóricas mais profundas, julga-
se válido utilizar a recomendação apresentada por Parlatore, tomando-se o
cuidado adicional de prever dispositivo que permita ajustar a altura da lâmina
d'água no canal de jusante e fazer com que o ressalto hidráulico ocorra no local
desejado.
Evidentemente, em medidores de grande porte, a instalação de stop-logs
poderá se tornar impraticável. Nesses casos, soluções alternativas, tais como as
sugeridas nas Figuras 7.5.a e 7.5.b poderão ser utilizadas.
Cabe salientar que o ressalto hidráulico para a mistura e floculação da água
foi patenteado por J. W. Ellms em 1972. Esse grande especialista de
tratamento, após extensiva experimentação, aplicou-o à importante instalação
de Detroit.
Não obstante a utilização do Parshall com ressalto hidráulico ter sido
originada nos Estados Unidos, foi no Brasil que ela se generalizou após uma
serie de investigações feitas a partir de 1950 4.
7-5
Quando convenientemente instalado, sem estar afogado, é possível
conhecer a vazão que o atravessa efetuando apenas uma medida de altura. Em
seguida, basta comparar a altura lida com uma tabela (vide Anexo 3), para que
se possa conhecer a vazão.
O Parshall estará afogado se a relação H2/H0 (veja a Figura 7.3) for
superior a 0,60, em medidores até 3 polegadas de garganta, ou superior a 0,70,
em medidores de garganta igual ou superior a 1 pé 3.
Se o Parshall estiver afogado, a medição de vazão fica bem mais
complicada. Neste caso, deve-se consultar livros especializados sobre o
assunto. Recomenda-se a leitura do Manual de Hidráulica, de autoria do
professor Jose Martiniano de Azevedo Netto (Editora Edgard Blücher).
Algumas críticas costumam surgir com referência à utilização do Parshall
em estações de tratamento de água, destacando-se, entre elas: (a) possibilidade
de back-mixing (retromistura, ou seja, mistura do coagulante aplicado com a
água ja coagulada), devida à formação do rolo no ressalto hidráulico; e (b)
pouca precisão na medida da vazão escoada, por se tratar de dispositivo
idealizado para fins agrícolas.
As primeiras críticas parecem ser muito rigorosas do ponto de vista prático,
pelo menos no caso de estações de tratamento de água de pequenas vazões.
Em experiências realizadas no Departamento de Engenharia Hidráulica da
Escola de Engenharia da UFMG, constatou-se que o número de Froude na
seção imediatamente a montante do ressalto era pouco superior a 1 (medidores
de 1" e 3" - vide Tabela 7.5 para medidores W = 1"). Já em medidores de maior
porte, esse valor é quase sempre inferior a 2,5. Nesses casos, como visto, não
se tem a formação do ressalto verdadeiro, nem a perfeita caracterização do rolo.
Experiências efetuadas por di Bernardo 6 mostraram o bom desempenho dos
ressaltos hidráulicos como misturadores rápidos, para diversos números de
Froude na seção afluente.
7-6
invés das alvenarias e enchimentos de argamassas utilizadas no passado para a
obtenção de suas formas, os medidores Parshall são construídos de resina
poliéster ou outros materiais que permitam pré-fabricá-los, com dimensões
rigidamente estabelecidas, fazendo com que a imprecisão das medidas tenda a
desaparecer. Basta nivelá-lo corretamente durante sua instalação, e evitar
deformações em suas paredes ao efetuar o enchimento das paredes laterais.
Nos citados estudos experimentais, realizados no laboratório do DEH da
EE.UFMG, a precisão das unidades testadas foi bastante satisfatória.
Utiliza-se a expressão:
P
G=
µV
onde substitui-se P pelo valor da potência obtida em função da energia
dissipada na massa líquida devida à perda de carga hf.
γQhf
G=
µV
ou ainda, tendo em vista que V/Q = t (tempo de detenção):
γhf
G=
µt
Os valores de G obtidos para o Parshall W = 1” são reproduzidos nas
Tabelas 7.3 e 7.4.
Na falta de outros valores experimentais de G para medidores de maior
capacidade, pode-se utilizar o gráfico da Figura 7.4, elaborado pelo engenheiro
Jorge Arboleda Valencia.
7-7
A partir desse gráfico, o autor encontrou a seguinte fórmula empírica, válida
para medidores com garganta até 1´(0,30m):
Q 0,70
G = 1000
W 1,2
onde:
-1
G = gradiente de velocidade, expresso em s ;
3
Q = vazão, expressa em m /s;
W = garganta do medidor, expressa em m.
7-8
b) Qual é o gradiente de velocidade obtido? Esse valor atende à NBR
12216?
Resolução:
7-9
Obtém-se, por interpolação:
-1
G = 1150 s
Ou, utilizando a fórmula empírica fornecida:
7-10
Tabela 7.1 - Calibragem do medidor Parshall da EE.UFMG W = 1"
dados experimentais 11
Lâmina d'água (cm) Vazão (l/s) Lâmina d'água (cm) Vazão (l/s)
3,8 0,39 5,0 0,60
4,1 0,44 6,3 0,78
6,7 0,94 14,6 2,93
7,7 1,10 15,7 3,19
9,0 1,43 16,9 3,67
9,4 1,45 18,3 4,31
10,9 1,82 19,4 4,59
12,0 2,14 20,5 5,56
13,0 2,39 21,1 5,63
7-11
Se ele estiver ocorrendo, e se o gradiente de velocidade for superior a 700s-
1, o medidor Parshall está ótimo como misturador rápido.
7.3.3.1 Generalidades
Utiliza-se uma calha perfurada para esse fim, assegurando-se de que todos
os seus orifícios estarão sempre desobstruídos.
O ideal é que a lâmina d’água vertente caia sobre um pequeno anteparo.
Nestas condições, a energia resultante dessa queda propiciará a máxima
energia, possibilitando excelentes condições de mistura rápida (Figura 7.10).
7-12
Fig. 7.10 – Vertedouros operando como misturadores rápidos
Resolução:
a) O volume d’água em que a mistura é efetuada é:
V = 0,30 x 0,30 x 0,10 = 0,009 m3
Assim sendo, o tempo de detenção correspondente é:
T = V / Q = 0,009/0,012 = 0,75s
A sobre-elevação da lâmina d?água acima do vértice do vertedouro
triangular pode ser extraída da Tabela do Anexo 11:
H = 15 cm = 0,15 m
Assim sendo, a diferença de nível entre a água a montante do vertedouro
triangular e a água na câmara a jusante desse vertedouro será:
7-13
0,30 + 0,15 – 0,10 = 0,35 m
7-14
7.3.4 Difusores ou Malhas Difusoras
7.3.4.1 Generalidades
7-15
(U o
+ Uc )
2
hf ,o =
2g
Assim sendo, se N orifícios dissipam essa carga cinética, a carga total
dissipada será:
(U + U c )2
hf = N.hf ,o = N o
2g
Ora, conforme foi visto:
P = γQhf
Portanto:
(U + U c )2
P = γQo N o
2g
onde Qo = vazão proveniente de cada orifício.
Se S é a área de cada orifício, então:
Qo = S Uo
e reescreve-se:
(U + U c )2
P = γ (S.U o )N o
2g
Azevedo Netto et alii 5 admitem que a dissipação de energia correspondente
ocorrerá no volume de água situado a até duas vezes e meia o espaçamento
entre os orifícios, ou seja (vide Figura 7.13):
V = 2,5 AE
onde:
A = área da seção transversal do tubo em que a malha difusora esta instalada,
m2;
E = espaçamento entre os orifícios da malha, m.
Conhecidos os valores de P e V, pode-se calcular o valor de G, conforme
será visto no problema resolvido 7.3.4.4 adiante.
7-16
Em seu Item 5.8.5, a NBB 12216 recomenda que sejam atendidas as
seguintes recomendações pelas malhas difusoras:
a) a aplicação da solução de coagulante deve ser uniformemente
distribuída, através de jatos não dirigidos no mesmo sentido do fluxo;
b) a área da seção transversal correspondente a cada jato não deve
ser superior a 200 cm2 e sua dimensão máxima não deve ultrapassar 20
cm;
c) a velocidade da água onde os jatos são distribuídos deve ser igual
ou superior a 2 m/s;
d) os orifícios de saída dos jatos devem ter diâmetro igual ou
superior a 3 mm;
e) o sistema difusor deve permitir limpezas periódicas nas
tubulações que distribuem a solução de coagulante.
Na entrada de uma ETA, que trata 500 litros por segundo, foi instalado um
reator para mistura rápida do tipo malha difusora, de diâmetro D = 500 mm.
Nessa malha existem 32 orifícios de diâmetro d = 3 mm cada um.
A malha é composta de 6 tubos de diâmetro igual a meia polegada,
paralelos entre si, espaçados uns dos outros de 8 centímetros, vide Figura 7.14.
Resolução:
7-17
Conforme foi visto, a NBB 12216 recomenda que sejam atendidos os
seguintes itens:
- velocidade mínima da água através do reator: 2 m/s;
- área máxima da seção transversal do reator correspondente a cada orifício:
200 cm2
- diâmetro mínimo dos orifícios da malha difusora: 3 mm;
Assim sendo, vê-se que a terceira recomendação está atendida.
Considere-se a primeira recomendação.
A velocidade da água no reator é:
Q 4.Q
U= =
A π .D 2
onde:
Q = vazão = 500 l/s = 0,5 m3/s
U = 2,55 m/s
estando atendida, portanto, a primeira recomendação.
Considere-se, a seguir, a segunda recomendação.
A área da seção transversal do reator é:
πD 2
A=
4
onde, se se deseja obter a área em centímetros quadrados, deve-se tomar D =
50 centímetros.
Ou seja:
π (50 )
2
A=
4
A = 1963 cm2
Como existem 32 orifícios na malha difusora, a área por orifício será:
A = 1963 / 32 = 61 cm2 / orifício
inferior, portanto, aos 200 centímetros quadrados admitidos pela Norma como
máximos. Está atendida, portanto, a segunda recomendação.
Quanto ao gradiente de velocidade, a fórmula para seu cálculo é:
P
G=
µV
onde:
(U o + Uc )
2
P = γNSU o
2g
V = 2,5 AE
sendo:
N = número de orifícios da malha = 32
7-18
S = área de cada orifício = pi x 0,003^2/4 = 7,07 x 10-6 m2
E = espaçamento entre os orifícios = 8 cm = 0,08 m.
Uo = velocidade da água no reator = 2,55 m/s (já calculada)
Uc = velocidade do coagulante na saída de cada orifício:
Sendo a vazão de sulfato de alumínio igual a 750 ml/s, ou seja, igual a
0,000750 m3/s, a velocidade Uc será:
0,000750
Uc = = 3,32m / s
32 x 0,00000707
Assim sendo:
(U + U c )2
P = γNSU o o
2g
7-19
C = concentração média do produto químico na massa líquida;
c = flutuação da concentração (pode ser positiva ou negativa).
7-20
E pode assumir os seguintes valores extremos, para c’o igual ao RQM das
flutuações junto à malha difusora:
Intensidade de segregação = 0 ? a segregação do produto não mais existe no
ponto considerado, ou seja, a segregação é nula nesse local;
Intensidade de segregação = 1 ? a RQM das flutuações de concentração não se
alterou, vale dizer, o produto químico não se dispersou na massa líquida;
portanto a, a segregação é total.
5
Azevedo Netto et alii consideram que, em misturadores excelentes,
pode-se limitar a segregação ao máximo de 5%, enquanto que, em instalações
consideradas boas, pode-se admitir valores mais elevados, da ordem de 15 a
20%.
Por outro lado, define-se grau de mistura como:
Grau de mistura = 1 – c’/c’o
Ele pode assumir os seguintes valores extremos:
Grau de mistura = 0 ? os valores de c’ e c’o são iguais, não tendo ocorrido,
portanto, a mistura desejada. O grau de mistura é nulo, ou seja, a mistura é
zero;
Grau de mistura = 1 ? o valor de c’ é zero. Isto quer dizer que a mistura é total.
Tendo por base o exposto, Stenquist desenvolveu a expressão:
a
c' x
'
F = α"
co d
onde:
F = número de orifícios por polegada quadrada de malha difusora;
α” = coeficiente aplicável ao processo, igual a 5,0 para os testes efetuados por
Hespanhol;
d = diâmetro dos tubos que compõem a malha difusora;
x = comprimento do trecho de canalização, a jusante da malha difusora,
destinado à mistura do produto químico a aplicar;
a = valor que depende do diâmetro dos tubos que compõem a malha difusora
4
(vide Figura 7.16). Azevedo Netto et alii recomendam a adoção dos seguintes
valores:
d = ¼”: a = -0,80
d = ½”: a = -1,13
d = 1”: a = -1,47
Para maiores detalhes a respeito do modelo matemático apresentado,
recomenda-se a leitura do artigo Mistura rápida e floculação – aspectos de
7
projeto, escrito por Ivanildo Hespanhol .
Para melhor ilustrar o exposto, transcreve-se a seguir o exemplo
numérico apresentado por esse autor no texto citado.
7-21
necessita de uma dosagem média de sulfato de alumínio de 30 mg/L . Assumir a
velocidade média no tubo de 0,80 m/s e o tempo de mistura de 10 segundos.
Resolução:
1ª alternativa:
O grau de mistura é de 95%, ou seja, é permitida uma segregação
máxima de 5% para um tempo de mistura de 10 segundos.
a) seção transversal do reator:
2
A = 0,500 / 0,800 = 0,63 m
b) Diâmetro do reator:
4S
D= = 0,90m
π
c) Comprimento do reator:
x = vt = 0,80 x 10 = 8m = (aprox.)315”
d) Densidade de orifícios:
d = diâmetro da barra adotado = ½”
a = 1,13 (ver Figura 7.9)
c’/c’ o = 0,05 (5% máximo de segregação)
a
c' x
'
F = α"
co d
−1,13
315
0,05F = 5,0 = 0,07
0,5
ou seja, F = 0,07 orifícios por polegada quadrada, ou 0,011 orifícios por
2
centímetro quadrado, ou ainda 1 orifício cada 94 cm .
0,63
Número total de orifícios = = 67
94 x10 − 4
O sistema de mistura constaria de uma grade, cujo esquema é
apresentado na Figura 7.17, e de um reator tubular com 0,90 m de diâmetro e 8
m de comprimento.
A grade consta de um anel de distribuição de solução de sulfato de alumínio que
é alimentado em dois pontos. Do anel o coagulante adentra a tubulação de
distribuição de ½” de diâmetro, onde é distribuída através dos orifícios, voltados
para montante.
7-22
Fig. 7.16 – Resultados experimentais de Stenquist para malhas difusoras 7
7-23
2
M
− 1
d
S= 2
= 0,16 (16% de solidez)
M
d
e a perda de carga é dada por:
S 2 U 2 0,16 2 0,80 2
h= = = 1,18 x10 −3 m
(1 − S ) 2g 0,84 2x 9,8
2 2
7-24
n < 35 orifícios
A distribuição dos orifícios na malha difusora será feita da forma indicada na
Figura 7.18 (foram adotados 32 orifícios).
Nestas condições, serão os seguintes os dados de dimensionamento (D =
500 mm = 20"; d = 1/2" = 0,0127 m):
a = -1,13
Portanto, para α "= 5,0:
c'
0,10 = 5,0 x 0,457 −1,13
'
co
c'
= 0,05
c o'
32
F= = 0,10
π (20 ) 2
4
x 5,80
= = 457
D 0,0127
7-25
750 x10 −6
Qo = = 23,44 x10 − 6 m 3 / s
32
Velocidade média do jato d'água que sai de cada orlfíni9 da malha difuso
ra:
23,44 x10 −6
Uo = = 3,31m / s
π (0,003 )2
4
Velocidade média da corrente líquida dentro do tubo (calculada
anteriormente):
U c = 2,55m / s
Potência dissipada na massa líquida em tratamento, resultante da
dissipação de energia cinética das duas correntes líquidas (água em
escoamento e jatos de todos os 32 orifícios):
P = γQo N
(U o + U c )2
= 3,31m / s
2g
7-26
7.4. Misturadores mecanizados
7.4.1. Introdução
Fig. 7.19 – ETA do Alto Cotia: redução nas dosagens de sulfato de alumínio
obtidas após a introdução do difusor para efetuar a mistura rápida
7-28
nρD 2
Re =
µ
onde:
n é o número de rotações por segundo da hélice ou turbina;
2
ρ = massa específica da água (102 kgf x m-4 x s , ver Anexo 4):
D = diâmetro da turbina, metros;
-4 -2
µ = viscosidade absoluta da água (a 20°C: 10 kgf .m .s, ver Anexo 4).
O número de potência (grandeza adimensional aplicável às turbinas e
hélices) é definido como:
P
Np =
n 3 ρD 5
O gráfico traçado experimentalmente para a turbina em tela, apresentado na
Figura 7.21, mostrou que, para números de Reynolds superiores a 10000, o
número de potência permanece constante e igual a 5.
7-29
Fig. 7.22 – Configuração de agitadores utilizados em ensaios de jarros
7-30
P
5=
n ρD 5
3
P = 5n 3 ρD 5
Substituindo (ro) por seu valor, e n por (N/60) (onde N exprime o número de
rotações por minuto) obtém-se, no sistema MKfS (sistema técnico):
3
N
P = 5 102D 5
60
N 3D 5
P=
423
P
Tendo em vista que G = , decorre que:
µV
N 3D5
G=
423 µV
N 3D 5
G = 4,86 x10 − 2
µV
7-31
Resolução:
O tempo de detenção é:
V
t=
Q
1,5 3
t= = 1,875s
1,8
inferior aos 5 segundos recomendados como valor máximo pela NBR 12216.
Conforme foi visto, se as dimensões do misturador rápido (turbina e tanque)
satisfazem às relações geométricas apresentadas na Figura 7.20 (c), então a
seguinte expressão é aplicável:
N 3D 5
G = 4,86 x10 − 2
µV
onde:
-1
G = gradiente de velocidade, s ;
N = rotação da turbina, RPM;
D = diâmetro da turbina, m;
3
V = volume do tanque de mistura, m .
Para a verificação das relações geométricas, tem-se (ver Figura 7.20.c):
L = 1,50 m
H = 1,50 m;
D = 0,50 m;
B = 0,125 m;
h = 0,50 m;
b = 0,10 m;
e = 0,05 m.
As relações a serem observadas são:
2,7 < L/D < 3,3
2,7 < H/D < 3,9
0,75 < h/D < 1,3
B = D/4
b = D/5
e/D = 0,10
Substituindo os valores:
L/D = 1,50/0,50 = 3 atende;
H/D = 1,50/0,50 = 3 atende;
h/D = 0,50/0,50 = 1 atende;
B = 0,50/4 = 0,125 atende;
b = 0,50/5 = 0,10 atende;
e/D = 0,05/0,50 = 0,10 atende.
7-32
Assim sendo, a expressão é aplicável, e sabendo-se que, a 20°C, a
-4 -2
viscosidade absoluta da água é aproximadamente igual a 10 kgf x m x s,
escreve-se:
N 3D 5
G = 4,86 x10 − 2
µV
V = 1,50 x1,50 x1,50 = 3,375m 3
G
µV
4,86 x10 − 2
N=
D5
1000
0,0001x 3,375
4,86 x10 − 2
N= = 166rpm
0,50 5
7-34
Fig. 7.26 – Rotores de bombas
Resolução:
Págua = Pbomba − QH
QH
Págua = − QH
η
1
Págua = QH − 1
0,7
Substituindo os valores:
7-35
1
Págua = 20x10 − 1
0,7
Págua = 85,71 kgf.m/s.
7-36
7. Aplicar o floculante na garganta do medidor assegura que o floculante se
disperse em todo o volume de água em tratamento que a atravessa.
8. A formação do ressalto hidráulico imediatamente a jusante da garganta do
medidor Parshall assegura grande dissipação de energia num tempo muito
curto e, em conseqüência, condições ótimas de mistura rápida.
9. O limite superior estabelecido para o gradiente de velocidade na mistura
rápida é apenas para que o projetista não desperdice energia. Se ele for
ultrapassado, a mistura rápida não será comprometida.
10. O tempo de detenção é muito pequeno em ressaltos hidráulicos criados a
jusante de medidores Parshall, freqüentemente inferior a 1 segundo.
11. É possível aproveitar a queda d'água resultante dos vertedouros para efetuar
a mistura rápida.
12. Quando se utiliza a queda d'água de vertedouros para a mistura rápida, o
floculante deve ser distribuído, do modo mais uniforme possível, ao longo de
toda a queda d’água.
13. Quando se utiliza a queda d'água de vertedouros para a mistura rápida, uma
calha perfurada pode ser utilizada para a aplicação do produto químico,
assegurando-se de que todos seus orifícios estarão sempre desobstruídos.
14. Ao se utilizar a queda d’água de vertedouros para a mistura rápida, a
energia resultante da queda da lâmina d'água vertente sobre um pequeno
anteparo proporcionará excelentes condições de mistura rápida.
15. Ao contrário dos medidores Parshall e vertedouros, as malhas difusoras não
desempenham simultaneamente o papel de misturadores e medidores de
vazão.
16. Do ponto de vista de resultados obtidos em laboratório, as malhas difusoras
talvez sejam os misturadores rápidos mais eficientes.
17. Do ponto de vista prático, as malhas difusoras ainda deixam a desejar, por
serem relativamente caras e de difícil manutenção.
18. No que diz respeito às malhas difusoras, a NBR 12216 recomenda:
18.a. velocidade mínima da água através do reator: 0,2 m/s;
18.b. área máxima da seção transversal do reator correspondente a cada
2
orifício: 200 m .
18.c. Diâmetro mínimo dos orifícios da malha difusora: 3 mm.
19. O número de potência igual a 5 para números de Reynolds superiores a
10000 aplica-se, em princípio, exclusivamente à turbina estudada por
Parlatore.
20. Os misturadores rápidos mecanizados podem ser classificados como
turbinas ou hélices.
21. Na determinação do gradiente de velocidade introduzido por misturadores
mecanizados na água em tratamento, é importante conhecer a potência
efetivamente dissipada na massa líquida.
22. tempo de detenção é um dos fatores importantes a serem considerados ao
se utilizar misturadores rápidos mecanizados no tratamento da água.
23. ode haver incompatibilidade entre os materiais construtivos da bomba e o
floculante utilizado.
7-37
24.Ao se cogitar sobre a possibilidade de utilização de bombas na mistura
rápida, o fabricante do equipamento deve ser consultado.
25. A potência dissipada pela bomba na água em tratamento depende da
potência efetivamente dissipada pela bomba na água.
Respostas:
1.(v); 2.(v); 3.(v); 4.(v); 5.(v); 6.(v); 7.(v);8.(v); 9(v); 10.(v); 11.(v); 12.(v); 13.(v);
14.(v); 15.(v);16.(v); 17.(v); 18.a.(f); 18.b.(f); 18cc.(v); 19.(v); 20.(v); 21.(v);
22.(v); 23.(v);24.(v); 25(v); 26.(v).
Referências bibliográficas
7-38
8.1. Introdução
8-1
8.3. Floculação ortocinética, gradiente de velocidade, tempo de detenção e
número de Camp
6 dz
onde:
Jij = número de choques, por unidade de tempo e volume, entre nj partículas de
diâmetro dj, e ni partículas de diâmetro di, ambas contidas num volume unitário;
dv
= gradiente de velocidade no ponto.
dz
Fair, Geyer e Okun6 afirmam que se o gradiente de velocidade não for
constante em todo o sistema, o diferencial de velocidade em um ponto, dv/dz,
deverá ser substituído pelo gradiente de velocidade médio temporal G, ao qual
chamaram de gradiente de cisalhamento.
Portanto, para condições médias, tem-se:
J ij = n i n j (d i + d j ) G
1 3
6
Foi visto no Capítulo 6 que:
P
G=
µV
A equação de Smolukowski pode ser reescrita:
J ij = n i n j (d i + d j )
1 3 P
6 µV
Campos e Povinelli4 evoluíram a expressão anterior, e obtiveram:
GΦVt
Nt −
=e π
No
que caracteriza a floculação, e onde:
• No = número de partículas livres, inicialmente em supensão (matéria em
supensão no início do processo, caracterizada, portanto, pela turbidez antes
da floculação);
• Nt = número de partículas livres existentes após o processo (matéria livre ou
não floculada, caracterizada pela turbidez da água floculada após o tempo t);
8-2
• G = gradiente de velocidade introduzido na massa líquida;
• V = volume de flocos existentes na unidade de volume de água;
• Φ = constante, denominada razão de adesão, correspondente à fração das
partículas iniciais que se unem em virtude das colisões;
• t = tempo durante o qual as partículas são mantidas em agitação.
As expressões anteriores permitem caracterizar os elementos básicos
utilizados em projetos de floculadores: o gradiente de velocidade (vale dizer, a
potência dissipada na massa líquida) e o tempo de mistura.
Fair, Geyer e Okun 6 propõem ainda que, sendo G e t (tempo de detenção
correspondente) parâmetros que influenciam a oportunidade de choques entre
as partículas, então o produto de um pelo outro fornece uma medida
adimensional para essa oportunidade de choques.
Esse produto é denominado Número de Camp = Gt
Assim sendo, quando se projeta floculadores dotados de diversas câmaras
de floculação, com gradientes de velocidade decrescentes e tempos de
detenção crescentes de montante para jusante, pode-se fazê-lo de tal forma que
se obtenha valores iguais de Gt. Assim procedendo, confere-se, às câmaras,
iguais oportunidades de choques às partículas em tratamento.
8-3
período de detenção adequado, podem ser adotados valores entre 20 min e
30 min, para floculadores hidráulicos, e entre 30 min e 40 min, para os
mecanizados.
• (5.9.2.2) Não sendo realizados ensaios, deve ser previsto gradiente de
velocidade máximo, no primeiro compartimento, de 70s-1 e mínimo, no
último, de 10s-1.
• (5.9.3) A agitação da água pode ser promovida por meios mecânicos ou
hidráulicos.
• (5.9.4) Deve ser previsto dispositivo que possa alterar o gradiente de
velocidade aplicado, ajustando-o às características da água e permitindo
variação de pelo menos 20% a mais e a menos do fixado para o
compartimento.
• (5.9.8) Os tanques de floculação devem ser providos de descarga com
diâmetro mínimo de 150 mm e fundo com declividade mínima de 1%, na
direção desta.
• (5.9.9) Os tanques de floculação devem apresentar a maior parte da
superfície livre exposta, de modo a facilitar o exame do processo.
6
é possivel prever a redução da concentração das partículas em suspensão da
água, após certo tempo t.
Para tanto, pode-se estabelecer que, decorridos dt segundos, a variação de
concentração dn será função do número de choques Jij entre as partículas
presentes:
dn = −kJ ij dt
onde a constante k (< 1) foi introduzida porquê nem todos os choques serão
eficazes (isto é, nem todos eles propiciarão a aglutinação das partículas). O sinal
negativo deve-se ao fato de que o número de partículas em suspensão
decrescerá com o tempo.
Portanto:
8-4
dn = −k [
1
6
]
n i n j (d i + d j ) G dt
3
∫
nt
no 6
[
dn = −k n i n j (d i + d j ) G dt
1 3
]∫
t
k
6
[ ]
n o − n t = n i n j (d i + d j ) G t
3
k n i n j (d i + d j )
3
no
= 1+ Gt
nt 6 nt
k n i n j (d i + d j )
3
8-5
m
n0 t
= 1 + ηϕG
nm m
A expressão anterior mostra que a compartimentação do floculador aumenta
bastante sua eficiência.
Além disto, a compartimentação do floculador reduz a ocorrência de curto-
circuitos em seu interior. Hudson Jr., num de seus trabalhos clássicos (apud
Parlatore 8), apresenta o gráfico da Figura 8.1, onde mostra que, para um
compartimento, cerca de 40% da água ficam retidos por tempo inferior à metade
do tempo teórico de detenção (tt = V/Q), e que para 5 compartimentos, por
exemplo, apenas 12% ficam retidos por tempo inferior à metade do tempo
teórico.
8.7.1. Introdução
8-7
Fig. 8.2 - Gradientes de velocidade em tubulações e passagens, segundo
Parlatore (Q < 10 l/s)8
8-9
compartimento anterior (para atender a esta recomendação, vide Item 8.7
desta publicação).
8-10
Fig. 8.4 - Floculador mecanizado, do tipo de paletas, de eixo vertical8
8-11
Na primeira delas, o grau de agitação (e, portanto, o gradiente de
velocidade) é mais intenso que na segunda.
Por sua vez, o grau de agitação na segunda câmara (e, portanto, o
gradiente de velocidade) é mais intenso que na terceira.
E, assim, sucessivamente, até a quarta e última câmara.
O gradiente de velocidade depende da rotação do eixo e das características
da paleta: altura, espessura e espaçamento, entre outras.
O gradiente de velocidade depende da rotação do eixo e das características
da paleta: altura, espessura e espaçamento, entre outras.
8-12
Fig. 8.7 - Floculador mecanizado, do tipo de paletas, de eixo horizontal -
perspectiva
v2 v2
Fd = C d Aρ = C d Aγ
2 2g
onde:
Fd = força de arraste;
Cd = coeficiente de arraste;
A = área do obstáculo, perpendicularmente à direção do movimento;
ρ = massa específica do fluido;
v = velocidade do obstáculo em relação ao fluido.
8-14
Fig. 8.9 - Agitadores mecanizados do tipo de paletas
Fd = C d Aρ
[ ]
v p (1 − k )
2
2
Da mecânica, sabe-se que:
8-15
P = F.v
No caso presente:
P = Fd v p (1 − k )
P = Cd Aρ
1
2
[ ]
v p (1 − k )
3
8-16
3
γ 2π
Cd .b.[(1 − k ).N ] ∫ R dR
3 Rej 3
P=
2g 60 R ij
2
Fazendo g = 9,8 m/s , vem:
4 4
3 R ej − R ij
( )
P = 5,859 x10 Cd .γ .b.[(1 − k ).N ]
−5
4
( ) (
P = 1,465 x10 Cd .γ .b.[(1 − k ).N ] Rej − R ij4
−5 3 4
)
Para n paletas, colocadas em B braços iguais (vide Figura 8.12), a
expressão anterior fica:
( ) ( )
P = 1,465 x10 −5 Cd .γ .b.[(1 − k ).N ] Rej4 − R ij4 .B
3
para cada um de seus dois braços. Para ambos, vale dizer, para toda a paleta,
obtém-se:
( )
P = 2,93 x10 −5 C d .γ .b.[(1 − k ).N ] R 4
3
8-17
Fig. 8.13 - Floculador de paleta única, de eixo vertical: integração
b(Rej-Rij) Cd (*)
1 1,10
2 1,15
4 1,19
10 1,29
18 1,40
∞ 2,01
(*) Como primeira aproximação, Fair, Geyer e Okun recomendam adotar Cd = 1,8.
O mesmo autor apresenta ainda as recomendações transcritas a seguir.
• Para valores de k usar 0,24 para rotações de 2 a 5,2 RPM e 0,32 para
rotações de 1,1 a 2,0 RPM, valores estes medidos na estação de Cambridge,
nos EE.UU;
• o valor de k utilizado predominantemente para fins de tratamento tem sido
0,25;
8-18
• contudo, certos cuidados devem ser tomados no dimensionamento do motor,
uma vez que quando ele é acionado, k = 0 e a potência consumida na partida
é elevada;
• a velocidade periférica das paletas não deverá ultrapassar a 75 cm/s;
• a soma das áreas de todas as paletas contidas em um mesmo plano não
deve ser superior a 20% da área da seção transversal da câmara, contida
nesse plano;
• no caso de floculadores de paletas verticais, as bordas superior e inferior
deverão situar-se entre 0,15 m e 0,40 m da superfície da água e do fundo do
tanque, respectivamente;
• para floculadores de paletas horizontais, vale uma condição equivalente em
relação às paredes, fixando-se 0,40 m como distância mínima;
• o diâmetro do equipamento deve estar entre 80% e 90% da largura da
câmara (caso dos floculadores verticais) ou da profundidade da câmara
(caso dos floculadores horizontais).
( )
P = 1,465 x10 −5 .Cd .γ .b.[(1 − k ).N ] .
3
∑ (R
n
j =1
4
ej )
− R ij4 .B
8-19
onde:
γ= 1000 kgf/m3;
b = 3,20 m;
N = 4 RPM
k = 0,24 (segundo Parlatore);
B = 4.
Além disto, tendo em vista que:
b = 3,20 m;
Rej − Rij = 0,15 m;
Então:
b 3,20
= = 21,33
R ej − R ij 0,15
e, portanto, segundo Fair, Geyer e Okun (já que Parlatore não apresenta valor
específico de Cd para o valor anterior):
Cd = 1,8
O fator:
∑ (R )
n 4
j =1 ej − R ij4
é calculado da forma indicada no Quadro a seguir.
P = 13,38 kgf.m/s
O gradiente de velocidade a 20oC é, portanto (tendo em vista que, nessa
temperatura, µ da água é aproximadamente igual a 10-4 kgf.m-2.s):
P 13, 38
G= = = 47 s −1
µV −4
10 x 4, 20 x 4 , 20 x 3, 45
8.8.2.2.1. Descrição
8-20
Fig. 8.15 - Floculador mecanizado, do tipo de turbina
8-21
da massa líquida no interior do tanque, além de difundirem a potência para que
se obtenha o gradiente de velocidade desejado.
Assim sendo, parte-se do já definido número de potência (ver Capítulo 7):
P
Np =
N 3 ρD 5
Caso as condições estabelecidas para a turbina da Figura 8.16 sejam
verificadas, ter-se-á:
Np = 1,3
8-22
Resolução:
G (s-1) N (RPM)
60 67
45 55
30 42
15 26
8.9.1. Introdução
8-24
Atualmente, seu dimensionamento é feito através do cálculo dos gradientes
de velocidade e tempos de detenção em seus diversos compartimentos, de
acordo com o que preceitua a NBR 12216, e com o que será exposto nos
próximos Itens.
a) Chicanas verticais
8-25
Fig. 8.19 - Floculador hidráulico, de chicanas verticais
8-26
b) Chicanas horizontais
8-28
Fig. 8.22 - Floculador hidráulico tipo Cox: perspectiva e diagrama
explicativo
8-29
De fato, é até bom que eles desçam para o fundo da câmara, para que se
choquem com os flocos que estão sendo encaminhados para cima e, além disto,
sejam conduzidos para a passagem seguinte.
Por esta razão os floculadores podem ter menos câmaras que os
floculadores de chicanas verticais.
São, por isto, mais fáceis de operar, no que diz respeito à realização de
limpezas e ajustes.
8-30
(5.9.6) Nos floculadores hidráulicos, a agitação deve ser obtida por meio de
chicanas ou outros dispositivos direcionais de fluxo que confiram à água
movimento horizontal, vertical ou helicoidal; a intensidade de agitação resulta da
resistência hidráulica ao escoamento e é medida pela perda de carga.
(5.9.6.1) A velocidade da água ao longo dos canais deve ficar entre 10 cm/s e 30
cm/s.
(5.9.6.2) O espaçamento mínimo entre chicanas deve ser de 0,60 m, podendo
ser menor, desde que elas sejam dotadas de dispositivos para sua fácil
remoção.
A expressão apresentada no Item 5.9.3.2 da NBR 12216 é obtida do modo a
seguir:
P
G=
µV
Mas
P = γQh e µ = ρν
Portanto:
γQh γ Qh gh
G= = =
νρV ρVν ν t
pois
γ
=g
ρ
e
Q 1
=
V t
Às recomendações anteriores devem ser acrescentadas as que foram
apresentadas no Item 8.5 anterior e, em especial, a constante do Item 5.9.4 da
referida Norma.
Deve ser previsto dispositivo que possa alterar o gradiente de velocidade
aplicado, ajustando-os às características da água e permitindo variação de pelo
menos 20% a mais e a menos do fixado para o compartimento.
Na realidade, o atendimento a esse Item é complicado em floculadores
hidráulicos.
De fato, qualquer que seja o tipo de floculador hidráulico adotado, ele
apresentará, como desvantagem, a difícil regulagem dos gradientes de
velocidade em seus compartimentos, seja para uma dada vazão, seja para
manter os mesmos valores de G para diferentes vazões.
A Figura 8.25 (a) apresenta um engenhoso dispositivo capaz de produzir tais
alterações em floculadores dos tipos Cox e Alabama.
O floculador hidráulico de uma ETA que trata 160 litros por segundo
compõe-se de dezesseis câmaras.
8-31
Fig. 8.25 - Interligação entre câmaras de floculadores7
Resolução:
a) Tempo de detenção
Para calcular o tempo de detenção, precisa-se conhecer o volume útil do
floculador.
Conforme visto, ele é composto de 16 câmaras, cada uma das quais com as
seguintes dimensões uteis:
8-33
Dh = 4 x Am / Pm = 4 x 0,60 / 3,10 = 0,77 m
2. Exemplo de obtenção de G na passagem correspondente à segunda série de
câmaras:
- consulta ao gráfico (de modo semelhante ao ilustrado nas figuras correspondentes)
G = 15 s-1;
- valor de G a 20o C: G = 1,24 x 15 = 19 s-1
Observe que os gradientes de velocidade observados nas passagens são
sempre inferiores aos gradientes de velocidade observados nas câmaras
precedentes.
8.10.1. Introdução
8-34
Os agitadores são do tipo de paletas verticais, e apresentam como
peculiaridade o fato de que, embora estejam presos a um mesmo eixo (o que
lhes confere a mesma rotação), imprimem diferentes valores de G à água em
tratamento devido ao número, forma e disposição das paletas existentes no
interior de cada câmara de mistura.
O cálculo dos valores dos gradientes de velocidade em cada câmara é feito
da forma vista no Item 8.8.2.1.2 anterior.
Esse tipo de floculador foi concebido pelo autor no final da década de 1970,
especialmente para ser utilizado em estações de tratamento de água pré-
fabricadas.
A Figura 8.27 ilustra sua concepção original.
8-35
O gradiente de velocidade é calculado da mesma forma que se calcula esse
valor em cortinas distribuidoras de água floculada no interior de decantadores
clássicos, e que será vista no próximo Capítulo.
A Figura 8.28 apresenta esse tipo de floculador, da forma como vem sendo
concebido pelo autor em seus projetos atuais.
8-36
Os resultados obtidos são discutíveis, havendo indicações de que eles não
suportam bem grandes variações na qualidade da água bruta, especialmente
valores altos de turbidez.
Por este motivo, os floculadores de meio granular não constituem ainda
solução que se possa recomendar com a segurança desejada.
Basicamente, constituem-se de uma estrutura em forma de tronco de
pirâmide ou tronco de cone. Essa estrutura é enchida com material granular,
normalmente seixos rolados selecionados.
A água em tratamento é introduzida na base menor da estrutura, e percorre
o meio granular em direção à sua base maior.
Ao passar pelos interstícios do meio granular, a água é agitada. Desse
processo de agitação resulta a floculação.
A Figura 8.29 ilustra esquematicamente um floculador de meio granular.
Essa forma de floculação já é utilizada, de certa forma, nos filtros de fluxo
ascendente (vide Capítulo 10), no interior de suas camadas inferiores,
especialmente na região correspondente à camada suporte.
A novidade está em utilizar meios granulares em substituição aos
floculadores clássicos, isto é, com a finalidade de produzir flocos capazes de
serem removidos, por sedimentação, nos decantadores.
Constituem vantagens teóricas indiscutíveis dos floculadores de meio
granular sobre os floculadores convencionais as seguintes:
a) no interior dos meios granulares, e com as taxas de trabalho usuais, o fluxo
da água ocorre no regime laminar. Nestas condições, a realidade torna-se
mais próxima das fórmulações teóricas devidas a Camp e Stein e
Smolukowski, e que constituem a base de toda a formulação teórica
aplicável aos floculadores;
b) se o meio granular fôr suposto um floculador cujo número de
compartimentos em série tende para o infinito, então, em vista do que foi
apresentado no Item 8.6, o volume dos floculadores poderá ser
comparativamente muito inferior ao de seus correspondentes floculadores
convencionais.
A breve análise apresentada a seguir procura justificar a segunda vantagem
(a primeira e óbvia: para constatá-la, o leitor deverá recapitular o exposto no
Capítulo 6) e, em seguida, mostrar como pode ser calculado o gradiente de
velocidade num floculador desse tipo. Para melhor se informar sobre este tema,
o leitor poderá recorrer ao artigo Fundamentos Teóricos da Floculação em Meio
Granular, publicado pelo engenheiro Carlos Alfredo Richter na revista
Engenharia número 429.
Conforme foi visto no Item 8.6, o número de partículas em suspensão nm na
água em tratamento após a mésima câmara de floculação pode ser obtido da
expressão:
m
no t
= 1 + ηϕG
nm m
8-37
onde no é o número de partículas em suspensão na água no início do
processo de floculação; n e q são constantes; t é o tempo total de floculação.
Explicitando t, então:
1
m n o m
t=
− 1
ηϕG n m
Admitindo que, no caso em tela, se possa admitir que m tenda para o
infinito, pode-se escrever:
1
m n o m
t = lim − 1
m →∞ ηϕG n m
1
1 n o m
t= lim m − 1
ηϕG m → ∞ n m
Do cálculo, sabe-se que:
1
n
lim n a − 1 = ln a
m →∞
Portanto:
1 n
t= ln o
ηϕG n m
n
ln o = tηϕG
nm
É possível comparar o tempo obtido pelo emprego desta última expressão
com o tempo θ que, através de um floculador de compartimento único, permitiria
obter idêntica remoção de partículas em suspensão.
A expressão correspondente a esse tipo de floculador é:
no
= 1 + ηϕGθ
n1
A relaco t/θ será, portanto:
1 n n
ln o ln o
t ηϕG n m n
= = m
θ 1 no n
− 1 o − 1
ηϕG n1 n1
Richter 9 apresenta as curvas reproduzidas na Figura 8.30, onde são
comparados os tempos de floculação θ correspondentes a ensaios de jarros
(onde o jarro corresponde a um floculador de compartimento único) e os tempos
8-38
t que se fariam necessários num floculador de meio granular, para diversas
relações (no/nm) desejadas, bem como para os respectivos valores de remoção
de turbidez (p = 1 - no/nm).
Interpreta o citado autor que, se em dado ensaio de jarros, forem
necessários 20 minutos de floculação para propiciar uma remoção de turbidez de
90% (no/nm = 10), no floculador em meio granular o mesmo resultado será
teoricamente obtido com cerca de 5,2 minutos.
Pelo gráfico:
no t
= 10 → = 0,26
nm θ
t = 0,26θ = 0,26 x 20 = 5,2
Ainda na Figura 8.30, estão representados alguns resultados obtidos com
águas de 100, 200 e 1000 UNT. As diferenças entre a curva teórica e as curvas
praticas devem ser creditadas às eficiencias de floculação em cada caso.
Para o cálculo do gradiente de velocidade, toma-se a expressão vista no
Item 8.9.3 anterior:
gh
G=
νt
8-39
Em sua fórmulação, Richter 9 toma U = va = velocidade de aproximação, e l
= comprimento (na direção do fluxo) do leito granular:
ghv a
G=
νl
Para o regime laminar, determina-se o valor de h/l através da equação de
Kozeny (ver Capítulo 10):
h 180ν (1 − Po ) v a 1
2 2
=
l g Po3 Ce2 D
e a expressão de G pode ser reescrita:
180ν (1 − P )2 v 1 2
gv a
o a
G=
ν g Po3
Ce2 D
1 − Po v a
G = 13,416
P03 Ce D
Na expressão acima, tem-se:
Po = porosidade;
va = velocidade de aproximação;
Ce = coeficiente de esfericidade;
D = diâmetro das partículas constituintes do meio granular.
Observe que, hidraulicamente, num meio granular a floculação independe
da temperatura da água.
Caso a velocidade imposta à água faça com que a linearidade da lei de
Darcy (ver Capítulo 6) não seja observada (condição essa para a qual a
expressão de Kozeny é aplicável), então à equação:
ghv a
G=
νl
pode-se aplicar a expressão devida a Forchheimer:
h
= av + bv 2
l
Para diversos tipos de materiais granulares, Richter 9 reproduz os dados
transcritos no final do Capítulo 6, de onde é possivel extrair os valores de a e b.
Resolução:
8-41
V 10,08
A= = = 5,04m 2
h 2
l = A = 5,04 ≅ 2,25m
A velocidade de aproximação será:
Q 0,030
va = = = 0,0059m / s
A 2,25 2
Foi visto que:
G=
gv a
ν
( )
av a + bv a2
G=
10 −6
(
9,8 x 0,0059
)
6,614 x 0,0059 + 4299 x 0,0059 2
G = 104s −1
Em vista do resultado obtido, será utilizada maior área em planta para o
floculador, de forma a baixar o gradiente de velocidade para um valor mais
próximo de 85 s-1.
8-42
G=
9,8 x 0,0050
10 −6
(6,614x0,0050 + 4299 x0,0050 )
2
−1
G = 83s
O tempo de detenção correspondente será (considerando a porosidade igual
a 0,50):
V 2,45 2 x 2,0
t = ε = 0,50 = 200s = 3'20"
Q 0,030
e o número de Camp:
Gt = 83 x 200 = 16600
aproximadamente igual ao valor médio utilizado por Richter (14500).
A figura a seguir apresenta o desenho do floculador projetado.
Quando a água flui através de uma tela, suas malhas, interpostas ao fluxo,
introduzem um sensível aumento no perimetro molhado da seção de
escoamento.
Ao mesmo tempo, se a tela possui elevada porosidade (caso considerado
neste Item), a área molhada da seção de escoamento sofrerá pequena redução.
8-44
Fig. 8.34 - Telas instaladas nos canais do floculador da ETA de Tarumã
Ao escoar através de uma tela, a água perde carga. Essa perda pode ser
calculada através da equação das perdas localizadas:
U2
hf = k
2g
onde, no caso, U é a velocidade média da água a montante da tela (ou
velocidade média de aproximação).
O valor de k é função do número de Reynolds, referido ao diâmetro da
malha, conforme mostra a Figura 8.35-c.
UD
Re d =
ν
Nos casos de telas de elevada porosidade e (Red) > 500, então:
1− ε 2
k = 0,55
ε2
8-45
Fig. 8.35 - Perda de carga em telas
8-46
então:
3
Q 0,55 1 − ε 2
G = 350
A e ε 2
k
G = 350 U 3
e
Resolução:
Porosidade: ε = (a - nd)2
sendo:
n = número de barras por metro = 1/ 0,05 = 20
d = diâmetro das barras = 0,006 m
Portanto:
ε = (1 − 20 x 0,006 ) = 0,774
2
8-47
8.10.5.5. Problema resolvido
Resolução:
(a)
Am = 0,60 x 0,50 = 0,30 m
Pm = 0,60 + 2 x 0,50 = 1,60 m
A 0,30
Dh = 4 m = 4 = 0,75m
Pm 1,60
Do ábaco de Moody obtém-se:
f = 0,024
O gradiente de velocidade será (vide item 8.6):
f 3/2
G 0 = 565 U
4 D
f 3/2
G 0 = 565 U x1,24
20 D
0,024 3 / 2 −1
G 0= 565 0,1 x1,24 = 4s
20 0,75
b)
k
G = 350 U 3
200 e
k k
60 = 350 0,13 ∴ = 29,38
e e
1− ε 2
0,55
[
1 − (1 − nd )2 ]
2
0,55
ε 2
= 29,38 ∴
[(1 − nd ) ]
2 2
= 29,38 ∴
e e
8-48
2
1
2
1 − 1 − d
e
0,55
2
1
2
1 − d
e
= 29,38
e
4
d
1 − 1 − 4 4
e 0,006 0,006
= 53,43e ∴ 1 − 1 − = 53,43e1 −
4 e e
d
1 −
e
Obtém-se e = 0,029 m = 29 mm.
Como se trata de um espaçamento não comercial, calcularemos G para e =
1 1/4" e e = 1".
1
e = 1 " = 0,032m :
4
2
1
ε = 1 − 0,006 = 0,660
0,032
1 − 0,660 2
k = 0,55 = 0,713
0,660 2
0,713
G = 350 0,13 = 52s −1
0,032
e = 1" = 0,025m :
2
1
ε = 1 − 0,006 = 0,578
0,025
1 − 0,578 2
k = 0,55 = 1,096
0,578 2
1,096
G = 350 0,13 = 73s −1
0,025
Caberá ao projetista decidir sobre a solução mais conveniente das duas
anteriores.
8-49
Questões para Recapitulação
(respostas no final deste Item)
Respostas:
1.(v); 2.(f); 3.(v); 4.(v); 5.(v); 6.(f); 7.(v); 8.(v); 9.(v); 10.(f); 11.(v); 12.(v); 13.(v);
14.(f); 15.(v); 16. (f); 17.(v); 18.(v); 19.(v)
Referências bibliográficas
8-52
9.1. Noções introdutórias
9.1.1. Descrição
9.1.2.1. Teoria
onde:
ρs = massa específica real da partícula (suposta maior que a massa
específica da água;
ρs = massa específica da água;
g = aceleração da gravidade;
V = volume da partícula
onde:
vt = velocidade terminal da partícula.
Explicitando-a, obtém-se:
2g (ρ s − ρ H O )V 2g (ρ s − ρ H O ) V
vt = 2
= 2
Cd ρ H O A
2
Cd ρ H O
2
A
9-2
Se a partícula fosse esférica, então:
4 d3
V = π
3 8
e:
d3
A =π
4
donde:
V 2d
=π
A 3
Portanto:
2g (ρ s − ρ H O ) 2d 4 g
vt = 2
= (δ s − 1)d
Cd ρ H O
2
3 3 Cd
onde
ρs
δs = = densidade relativa da partícula discreta.
ρH O
2
9-3
3
π (γ s − γ H O )
4 d
W =
3 2 2
3πµvd = π (γ s − γ H O )
4 d
3 2 2
(γ s −γH O ) 2
vt = 2
d
18 µ
g (ρ s − ρ H O ) 2
vt = d 2
18 µ
No caso de resistência devida à turbulência, em presença de valores
elevados do número de Reynolds (Re da ordem de 103 a 104), Cd adquire
valores próximos a 0,4 e obtém-se:
v t = 3,3g (S s − 1)d (lei de Newton)
As Figuras 9.3 e 9.4 permitem determinar a velocidade terminal de
sedimentação de partículas esféricas discretas.
9-4
Valores em água estática a 10ºC. Noutras temperaturas: multiplique o valor de Stokes por ν / 1,31
-2
x 10 , sendo ν = viscosidade cinemática na temperatura desejada.
L bLh
t1 = =
vh Q
9-5
Fig. 9.4 – Determinação de vs8
• tempo que a partícula a ser removida, que sedimenta com velocidade vs,
leva para percorrer toda a profundidade h do decantador:
h
t1 =
vs
9-6
Deseja-se obter:
t1 = t2
ou seja:
bLh h Q
= ∴vs =
Q vs bL
O produto bL é a área, em planta, do desarenador:
Q
vs =
A
vale dizer, a taxa de aplicação superficial (Q / A) na unidade desarenadora deve
ser igual ou inferior à velocidade de sedimentação da partícula a ser removida.
Tendo em vista que, em projetos de engenharia, os dados são e , a área
teórica do desarenador deverá ser:
A = Q / vs
Observe que, do ponto de vista teórico, a profundidade o desarenador não
importa.
Isto porque se, por um lado, a redução de profundidade aumenta a
velocidade de escoamento da partícula, reduzindo seu temo de percurso desde
a entrada até a saída do desarenador, por outro lado menor também será o seu
tempo de percurso desde a superfície até o fundo, pois a distância entre esses
dois pontos terá sido reduzida.
Evidentemente, do ponto de vista prático, há uma limitação para a
velocidade média de escoamento da água no interior do desarenador. Caso
contrário, a partícula recém sedimentada será arrastada até sua extremidade
final.
Nesse sentido, o professor Azevedo Netto recomenda que essa velocidade
não deve ultrapassar 0,40 m/s.
Ao se utilizar, no dimensionamento de unidades desarenadoras, valores de
velocidades terminais determinados a partir das fórmulas deduzidas
anteriormente, deve-se ter em mente as observações apresentadas por Fair,
Geyer e Okun (op. citada) e transcritas a seguir.
A matéria em suspensão na água (...) raras vezes tem forma esférica. As
partículas irregulares que, em geral, compõem as suspensões, possuem maior
área superficial por unidade de volume que a correspondente às esferas e, por
este motivo, sedimentam-se mais lentamente que as esferas de volume
equivalente.Além disto, o arraste por atrito modifica a orientação da partícula em
relação à direção do movimento. Como pode ser visto na Figura 9.2, as
irregularidades de forma exercem maior influência sobre o arraste em valores
altos de Re. Em valores reduzidos (Re < 10), as velocidades terminais de
partículas esferoidais cilíndricas e em forma de disco são, respectivamente, 78%
e 73% da velocidade terminal de uma esfera de igual volume. Em geral, para
partículas de forma irregular:
A / V = 6 / (Ced) = S / d
onde:
Ce = coeficiente de esfericidade, e:
9-7
S = 6 / Ce
recebe o nome de fator de forma (ver Anexo 5 deste livro).
O professor Azevedo Netto apresenta as seguintes velocidades terminais de
sedimentação aplicáveis a grãos de areia (T = 20º C, γareia = 2650 kgf / m3):
Resolução:
9-8
(uma delas é mantida em uso enquanto a outra é submetida à limpeza de seu
depósito).
9-10
Fig. 9.8 - Ensaio de sedimentação: exemplo resolvido
Resolução:
∆hn Rn + Rn +1 Remoção
h5 2 percentual (%)
100 + 80
0, 20
2 18,00
80 + 70
0,11 8,25
2
70 + 60
0,15 9,75
2
0, 54 60 + 50 29,70
1, 0 2 65,70
9-11
9.2 Decantadores
9-12
9.3 Decantadores clássicos
9.3.1 Tipos
9.3.2.1 Descrição
9-13
Fig. 9.10 – Decantador clássico de seção retangular: esquema típico
9-14
9.3.2.2. Avaliação da eficiência
9-15
Fig. 9.11 – Decantador ideal, de fluxo horizontal: avaliação da eficiência
9-16
Considere-se um decantador constituído de N células sucessivas. A
eficiência de remoção de partículas de velocidade de sedimentação vs em cada
uma dessas células será vs / vsc(conforme foi visto) ou, o que é a mesma coisa, h
/ (NH) (porque supõe-se que o decantador é constituído de N células, de alturas
parciais h/ N, ver Figura 9.12).
Denominando-se:
y = número de partículas removidas, de velocidade vs;
yo = número total de partículas;
então pode-se escrever:
y h
E= =
yo NH
O número de partículas remanescentes será dado por:
yr y −y h
= o = 1−
yo yo NH
9-17
Assim sendo, é possível determinar o número de partículas remanescentes
após cada uma das N câmaras sucessivas:
y r1 h
= 1−
yo NH
yr2 h
= 1−
y r1 NH
......................
y rn h
= 1−
y rn −1 NH
de sorte que:
N
y rn y r 1 y r 2 y rn h
= . ... = 1 −
yo y o y r1 y r1 NH
A eficiência de remoção das partículas terá sido a relação entre as
partículas removidas (igual à diferença entre as partículas inicialmente presentes
e as remanescentes na saída do decantador) e as partículas inicialmente
presentes:
N
y − y rn h
E= o = 1 − 1 −
yo NH
ou, tendo em vista que h / H = vs / vsc:
N
v
E = 1 − 1 − s
Nv sc
Fair, Geyer e Okun fazem n = -1 / N e escrevem:
1
−
nv n
E = 1 − 1 + s
v sc
A Figura 9.13 apresenta as curvas de comportamento de decantadores de
diferentes eficiências, traçadas a partir da equação anterior para diferentes
valores de n = -1 / N. Observe que a situação ideal corresponde a n = -1:
1
−
v ( −1) v v
E = 1 − 1 + ( −1) s = 1− 1+ s = s
v sc v sc v sc
conforme visto no item anterior.
Por outro lado, se N → ∞ , então n → 0 .
Assim sendo, pode-se escrever:
9-18
N
1 v s
E = 1 − lim 1 −
N → ∞ N v sc
Procedendo à mudança de variáveis:
v
α = − s ∴N → ∞ ⇒ α → 0
Nv sc
Então:
vs
v
− s 1 v
E = 1 − lim (1 + α ) = 1 − lim (1 + α )− α
sc
αv sc
α →0 α → 0
A expressão entre barras representa o número e (base dos logaritmos
naturais):
v
− s
v sc
E = 1− e
Desta forma, é agora possível traçar a curva correspondente a n = 0
representada na Figura 9.13, e que corresponde ao melhor comportamento de
um decantador real.
Observe que, sob essa curva, a eficiência obtida para vs/vsc = 1 encontra-se
9-19
em torno de 63%, enquanto que, no sedimentador ideal, essa eficiência seria
igual a 100%. Para uma remoção de 75% das partículas de determinada
velocidade de sedimentação, os valores de vs/vsc são iguais a 1,4 para o melhor
comportamento possível (n = 0); 1,5 para comportamento muito bom (n = 1/8);
1,7 para bom comportamento (n = 1/4); 2,0 para comportamento deficiente (n =
1/2) e 3,0 para comportamento muito deficiente. Esses valores implicam que,
para uma remoção de 75%, o tempo de detenção deve ser de 40% a 20% maior
que o correspondente à sedimentação ideal, e que a taxa de escoamento
superficial deve ser adotada entre (100 / 1,4) 71% e (100 / 3,0) = 33% da
velocidade de sedimentação das partículas que se deseja remover.
Fair, Geyer e Okun (op. citada) apresentam a teoria proposta por Ingersoll,
Mc Kee e Brooks (Ingersoll, A.C., Mc Kee, J. E., Brooks, N. A, Fundamentals
concept of rectangular settling tanks. - Transactions of American Society of Civil
Engineers, 121, 1179 (1956)) a respeito do arraste de depósitos de fundo de
decantadores. Segundo esses autores, tais depósitos podem ser levantados do
fundo quando:
τ
vs = (1)
ρ
onde:
vs = velocidade de sedimentação da partícula depositada;
τ = tensão tangencial na interface líquido\/lodo sedimentado;
ρ = massa específica da água sobrenadante.
Admite-se que o arraste exercido pela água ao escoar num canal seja
análogo ao atrito exercido por um corpo que desliza sobre um plano inclinado
devido à ação de seu peso próprio.
Resolução:
9-22
9.3.3 Decantadores clássicos de seção circular
9.4.2.1 Introdução
9-23
Fig. 9.15 – Reduzindo o comprimento do decantador
De modo geral, as unidades desse tipo têm sido construídas com muitas
bandejas, sendo reduzido o espaço entre elas, de tal forma que introduz-se, em
conseqüência, um grande perímetro molhado na seção de escoamento,
Dessa forma, contribui-se para a redução do número de Reynolds (ver
Capítulo 6) do escoamento, tornando laminar o seu regime.
9.4.2.2 Descrição
Nas Figuras 9.18 (a) e (e), são representados módulos que podem ser
adquiridos prontos (existem outros tipos, além desses dois, produzidos por
indústrias especializadas). Ambos são construídos de plástico, e são muito
leves, especialmente quando imersos na água. São de fácil instalação.
Os módulos representados na Figura 9,18 (a) são fornecidos em bloco. Para
sua utilização, basta apenas cortá-los nas dimensões adequadas ao decantador.
9-25
Fig. 9.17 – Decantadores tubulares: tipos
9-26
placas. Ao se sobrepor uma placa à outra, esses espaçadores asseguram a
distância entre as placas.
Consegue-se, desse modo, criar dutos através dos quais a água floculada
escoar.á, deixando sedimentados, em seu interior, os flocos que se deseja
remover.
Os espaçadores são fixados à placa distantes entre si de uma distância
suficiente para evitar a (indesejável) formação de barrigas pelas placas.
A Figura 9,18 (d) representa como obter a constituição de módulos tubulares
sobrepondo telhas onduladas, que podem ser de cimento-amianto, PVC ou fibra
de vidro.
Efeito semelhante pode ser obtido sobrepondo-se telhas de seção
hexagonal, como representado na Figura 9.18 (c).
O adequado funcionamento dos módulos tubulares depende, entre outros
fatores:
(a) do ângulo de inclinação dos módulos em relação à horizontal: embora, do
9-27
ponto de vista teórico, o melhor ângulo seja o de 2 graus e 54 minutos, do
ponto devista prático ele não funciona, pois seria difícil efetuar a limpeza dos
flocos retidos em seu interior. Por esse motivo, utiliza-se um ângulo superior
a 50 graus (quase sempre o de 60 graus, por facilidade construtiva). Com
esse ângulo, a maioria dos flocos sedimentados consegue, por seu peso
próprio, despregar-se das placas e cair para o poço de lodo, localizado no
fundo do decantador (é o que se chama capacidade de auto-limpeza).
(b) Da combinação dos fatores: (1) velocidade de escoamento; (2)
espaçamento entre os dutos ou placas; (3) comprimento dos ditos.
Equações matemáticas, fornecidas pelo denominado modelo de Yao (vide
próximo item) relacionam esses fatores, mais o ângulo de inclinação entre
as placas, e possibilitam definir a melhor relação entre eles.
9-28
• tempo de deslocamento da partícula entre uma placa e outra:
d d
t1 = =
v d v s cos θ
vL = vH2O - vs sen θ
• tempo de deslocamento da partícula para cobrir a distância L:
L L1
t2 = 1 =
v L v H 2O − v s sen θ
Para t1 = t2, resulta:
d L1
=
v s cos θ v H 2O − v s sen θ
L1
1 d
=
v s cos θ v H 2O − v s sen θ
L1
1 d
=
cos θ v H 2O
− sen θ
vs
v H 2O L
− senθ = 1 cos θ
vs d
v H 2O L
= 1 cosθ + senθ
vs d
ou ainda:
vs 1
=
v H 2O L
senθ + 1 cos θ
d
Denominando a relação L1 / d = l1, a expressão fica:
vs 1
=
v H 2O senθ + l1 cos θ
Esta expressão, em sua forma final, incorpora ainda um coeficiente Sc, para
fazer face às diferenças dos perfis de velocidade prevalecentes no interior dos
diversos tipos de módulos utilizados para a construção da zona de decantação
laminar:
v sc Sc
=
v H 2O sen θ + l1 cos θ
onde vsc é a velocidade de sedimentação crítica do sistema de decantação
laminar, vale dizer, deseja-se remover a totalidade dos flocos (partículas em
suspensão) cujas velocidades de sedimentaÇão sejam iguais ou superiores a
9-29
vsc.
Os valores de Sc são os seguintes, segundo a NBR 12216 (item 5.10.3):
. Placas paralelas: 1,0
. Dutos de seção circular: 4/3
Dutos de seção quadrada: 11/8
Na equação anterior, o comprimento L1 (ou l1 = L1/d) deve ser tomado
apenas no trecho em que o escoamento é laminar, ou seja, deve-se descontar,
do comprimento total dos módulos de decantação laminar, o comprimento em
que ocorre a transição do regime turbulento para o laminar. Esse comprimento,
segundo Yao (op. citada), pode ser calculado através da expressão:
L2 v H 2O .d
= 0,058
d ν
ou:
v H 2O .d 2
l 2 = 0,058
ν
sendo:
L
l2 = 2
d
υ = viscosidade cinemática da água.
9-30
Fig. 9.20 – Variação da relação vsc/vH2O com l1
Voltando à expressão:
v sc Sc
=
v H 2O sen θ + l1 cos θ
sua derivada, em relação a θ, para dada relação v sc / v H O constante, fornece:
2
S (cos θ − l1 senθ )
θ = c
sen θ + l1 cos θ
cos θ = l1 senθ
1
tan θ =
l1
A Figura 9.21 ilustra essa relação.
Observa-se que, a partir de 40°, a eficiência do sistema começa a cair de
modo mais acentuado. Entretanto, um fator prático se impõe, qual seja, o da
auto-limpeza dos módulos. Por esse motivo, o ângulo de inclinação adotado é,
normalmente, 60°.
A Figura 9.22 repete o que foi representado na Figura 9.20, após corrigida a
expressão:
v sc 1
=
v H 2O sen θ + l1 cos θ
Introduzindo θ = 60°:
v sc 1
=
v H 2O sen 60 º +l1 cos 60º
9-31
v sc 1
=
v H 2O 0,87 + 0,5l1
9-32
Em decantadores de elementos tubulares, a velocidade longitudinal máxima,
para fluxo laminar, deve ser de 0,35 cm/s e, para fluxo não laminar, de 0,60
cm/s.
Na realidade, a NBR 12216 apresenta uma recomendação anterior, em seu
Item 5.9.5(a) transcrito a seguir,e que não deve ser considerada, pelos motivos
expostos em seguida:
(5.9.5) A velocidade longitudinal máxima não deve ser superior ao valor
resultante das expressões:
(,,,)
Re
a) v o = , para fluxo laminar, com número de Reynolds Re < 2000.
8
(...)
A fórmula anterior foi obtida a partir da expressão (vide Item 9.3.2.3):
8
vo = vs
f
que deriva da fórmula de Darcy-Weisbach, a partir da substituição do diâmetro D
pelo diâmetro hidráulico Dh = 4Rh.
Essa simplificação, válida para o regime turbulento, não se aplica para o
regime laminar.
Veja como a expressão foi (erroneamente) obtida.
No regime laminar, tem-se, de acordo com a equação de Hagen-Poiseuille
(vide Anexo 6: ábaco de Moody):
64
f =
Re
Portanto, a expressão anterior poderia ser re-escrita:
8 8 Re
U= v s ∴U = v s ∴U = vs
f 64 8
Re
que é idêntica à expressão apresentada pela NBR 12216.
Nestas condições, ao se aplicar, para o regime laminar, uma expressão
deduzida para o regime turbulento, corre-se o risco de se chegar a resultados
absurdos.
9-33
Compatibilizar esses interesses opostos é, portanto, o que deve ser
buscado.
Com esse objetivo, o autor desenvolveu o modelo matemático apresentado
no próximo Item.
9-34
Q t .l
v= =
θ θ
2πH 2πH
360 360
A geometria indicada na Figura permite escrever:
l l
tan θ = ∴θ = arctan
H H
Portanto:
t.l .360 º
v=
l
2πH arctan
H
π .H.v l
t= arctan
180 º.l H
Sendo T a taxa virtual de aplicação superficial em metros cúbicos por metro
quadrado por dia (portanto: T = 86400t), então:
86400 H l
t= πv arctan
180 l H
−1
l l
T = 480πv arctan
H
H
Para evitar o arraste de flocos no interior de módulos de decantação
laminar, a NBR 12216 recomenda velocidades médias máximas (vo) iguais a
0,35 centímetros por segundo.
A Figura 9.24 apresenta um gráfico, elaborado tendo por base a
expressão anterior, que permite determinar as relações l/H máximas
correspondentes a esse valor de vo em função à taxa virtual de aplicação
superficial.
Acrescenta-se que a NBR 12216, em seu Item 5.10.8.6, estabelece que:
A distância entre as canaletas ou tubos de coleta não deve ser superior a duas
vezes a altura livre da água sobre os elementos tubulares.
Examinando essa Figura, é possível constatar que a observância desse Item
deixa o projeto bem a favor da segurança, no que diz respeito à possibilidade do
arraste dos flocos sedimentados.
Assim sendo, quando se tratar de obras de adaptação ou ampliação de
estações de tratamento de água existentes, é possível ao engenheiro ousar um
pouco mais no que diz respeito à utilização de alturas livres um pouco menores
que as preconizadas pela Norma, desde que se evidencie a impossibilidade de
atendimento ao referido no Item 5.10.8.6.
9-36
Neste caso, a equação:
v sc Sc
=
v H 2O sen θ + l1 cos θ
reduz-se a:
v H 2O
v sc =
l
tendo em vista que::
θ = 0° (portanto: sen θ = 0, cos θ = 1)
e:
Sc = 1 (placas paralelas)
O dimensionamento do decantador é feito de modo a assegurar o
atendimento da equação acima e de forma a evitar o arraste dos flocos
sedimentados.
A inclinação dos elementos tubulares deve ser igual ou superior a 50 graus,
de forma a permitir que os flocos sedimentados sejam arrastados, pela ação da
gravidade, para o fundo do decantador.
9-37
9.5 Elementos complementares
9.5.1.1 Descrição
A Figura 9.26 ilustra como essas comportas são normalmente dispostas (a)
nos decantadores de seção retangular e (b) nos decantadores de seção circular.
9-38
A distribuição eqüitativa da água floculada através dessas comportas para o
interior do decantador e, portanto, a inexistência de curto-circuitos nessas
unidades, depende muito de se haver feito um bom projeto da unidade a
montante dessas comportas, vide Item 9.5.2 a seguir.
Se o projeto não tiver sido bem feito, ou se a obra tiver sido realizada sem
obedecer a esse projeto (bem feito, é claro), restará ao operador a tarefa
(inglória) de tentar regular a vazão através da regulagem do grau de abertura
das comportas.
Essa é, sem dúvida, uma tarefa difícil. Isto porque a regulagem da vazão
deverá ser feita no “olhômetro”. Além disto, comportas muito estranguladas
poderão quebrar flocos, comprometendo o funcionamento do decantador.
É necessário verificar o valor do gradiente de velocidade nessas comportas,
de forma que eles sejam, no máximo, iguais ao que prevalecia na última câmara
de floculação.
Para efetuar essa verificação, recorre-se aos gráficos devidos a Parlatore,
vistos no Capítulo anterior.
Resolução:
9.5.2.1 Descrição
9-41
2
U
α = ϕ m + θ
UL
Portanto:
U 2 U2
hf = ϕ m + θ L
UL 2g
ou ainda:
U 2 U2 U2 U L2
m L L
∆hf = ϕ +θ + =β
U L 2g 2g 2g
onde:
2
U
β = ϕ m + θ + 1
UL
Comprimento da interligação θ ϕ
Longa 0,4 0,90
Curta 0,7 1,67
(U L )i = (U L )1 β1
βi
Evidentemente a soma das vazões q que escoam através das interligações
deve ser igual à vazão Qo que entra no canal distribuidor:
Qo = q1 + q2 + ...+ qi
Qo = A1(UL)1 + A2(UL)2 + ... + Ai(UL)i
onde Ai é a área da seção transversal da interligação i.
Se as áreas Ai forem todas iguais a A, pode-se escrever:
Qo = A (UL)1 + A (UL)2 + ... + A (UL)i
β1 β1
Qo = A(U L )1 + A(U L )1 + ... + A(U L )i
β2 βi
9-42
β1 β1
Qo = A(U L )11 + + ... +
β2 β i
Resolvendo a equação anterior para (UL)1, obtém-se:
−1
Q n 1
(U L )1 = ∑i = 1
A β1 β i
Resolução:
Iteração nº 1:
Iteração nº 2:
(U L )i = (U L )1 β1
βi
9-44
Por exemplo:
2,545
(U L )3 = 0,155 = 0,156m / s
2,486
Iteração nº 3:
β1
(U L )i = (U L )1
βi
Por exemplo:
2,557
(U L )5 = 0,155 = 0,149m / s
2,755
Os demais cálculos desta iteração são idênticos aos efetuados na segunda.
Os cálculos anteriores podem prosseguir até que determinada condição pré-
estabelecida seja atendida. Pode-se estabelecer, por exemplo, que os cálculos
deverão prosseguir até que a diferença entre as perdas de carga extremas
(máxima e mínima) e a média das perdas de carga seja inferior a 1%.
9-45
Planilha do problema resolvido 9.5.2.3
It = número da iteração
Int = número da interligação (de montante para jusante)
No exemplo:
∆h = 0,003124
Logo:
( )
Para ∆h máx = 0,00315 → ∆h máx / ∆h x100 = 0,8%
Para ∆h mín
= 0,00312 → (∆h máx
/ ∆h )x100 = 0,1%
9-46
Alternativamente, pode-se estabelecer que os cálculos deverão parar
quando as vazões nas interligações, após duas iterações, apresentarem
diferenças relativas iguais ou inferiores a 1%.
Dois decantadores tratam, ao todo, a vazão de 100 litros por segundo. Cada
um deles tem duas comportas de acesso (semelhante ao que mostra a Figura
9.27), de seção quadrada, de dimensões 0,40m x 0,40 m.
A seção do canal que as alimenta tem seção decrescente de montante para
jusante, de modo que a velocidade em seu interior é constante e igual a 0,10
m/s, conforme mostra a Tabela a seguir.
Resolução:
9-47
Planilha do problema resolvido 9.5.2.3
It = número da iteração
Int = número da interligação (de montante para jusante)
9.5.3.1 Descrição
9.5.3.2 Cálculo
9-49
Para se proceder a esse cálculo, utiliza-se a expressão conhecida:
P γQhf γAUhf
G= = =
µV µV µV
2 2
Q 1 U 1
hf = =
Cd A 2g C d 2g
Reescrevendo a expressão de G:
2
γA U 1
G=
µS 2 x Cd 2g
2
ρgU πD 2 U 1
G=
µS 2 x 4 Cd 2g
D πU 3
G=
S 8C 2νx
d
9-51
9.5.3.4 Problema resolvido
Resolução:
0,05 π (0,265 )3
G= = 23s −1
0,50 8(0,61)2 (0,000001)(2,25 )
9.5.4.1 Descrição
9-52
Fig. 9.32 – Tubos perfurados coletores de água decantada
γho γbh 2
o
F1 = p1A1 = bho =
2 2
γhL γbhL2
F2 = p 2 A2 = bhL =
2 2
Por outro lado, o volume do volume de controle é fácil de ser calculado.
Conforme pode ser recapitulado, a área situada na parte côncava da
parábola corresponde a dois terços do retângulo circunscrito, vide Figura 9.36:
x0
A = ∫ dA = ∫ x.dy = ∫ x (2.k.x.dx ) =
0
9-55
( )
xo
2 2x o
= ∫ x 2.k.x 2 .dx = k.x o3 = k .x o2
0
3 3
Mas
y o = kx o2
e:
2
A = x0 y o
3
A essa altura deve ser acrescida a área do trapézio de base maior hL,
base menor (hL – i.L) e altura L:
h + (hL − iL ) i .L2
A'= L L = LhL −
2 2
e obtém-se finalmente:
9-56
2 2h
A + A'=
2
(ho + iL − hL )L + L.hL − i.L = L o + iL + hL
3 2 3 6 3
Em conseqüência, o volume do volume de controle será:
2h iL h
V = bL o + + L
3 6 3
e seu peso será:
2h iL h
W = γbL o + + L
3 6 3
Pode-se agora substituir o valor das forças na equação da quantidade de
movimento:
γ
F1 − F2 + iγV = QU 2
g
2
γbho2 γbhL 2h iL h γ
− + iγbL o + + L = hL bU 2
2 2 3 6 3 g 2
2 2
ho2 hL 2ho iL hL hLU 2
− + iL + + = (1)
2 2 3 6 3 g
A velocidade U2, que será igual ou inferior à velocidade crítica, pode ser
expressa em termos dessa última, como segue:
h
Q = U 2 bhL = Ucbhc ∴ U 2 = c U c (2)
hL
e a velocidade crítica (à qual corresponde o número de Froude igual a 1 – ver
Item 11 do Capítulo 6) pode ser obtida a partir da definição do número de
Froude:
Uc
= 1∴ Uc = ghc (3)
ghc
Substituindo (3) em (2), obtém-se:
h gh 3 gh 3
c 2
U2 = c ghc = ∴U = c
(4)
hL hL 2 2
h
L
Substituindo (4) em (1), obtém-se:
2
ho2 hL 2h iL h h ghc3
− + iL o − + L = L
2 2 3 6 3 g h2
L
4h iL 2h 2h 3
ho2 − hL2 + iL o − + L = c
3 3 3 h2
L
ou ainda:
9-57
2 2 3
4iL i L 2iLhL 2h c 2
ho2+ ho + + − − hL = 0
3 3 3 hL
O valor de ho pode ser determinado resolvendo a equação do segundo grau
anterior.
Logo:
3
4iL 16i 2 L2 i 2 L2 2iLhL 2h c
ho = − + − + − − hL2
6 36 3 3 hL
2iL 4i 2 L2 i 2 L2 2iL 2h 3
ho = − + − − hL + c + hL2
3 9 3 3 hL
3
2iL i 2 L2 2iL 2h c
ho = − + − hL + hL +
2
3 9 3 hL
2 2h 3
2iL iL
ho = − + − hL + c
3 3 hL
Nos casos comuns, as calhas coletoras têm declividade nula. Em tais
condições, obtém-se:
2h 3
2 c
i = 0 → ho = hL + (5)
hL
ou, tendo em conta que
Q2
U c = ghc ∴ Q = bhc ghc ∴ hc3 =
b 2g
pode-se escrever:
Q2
2
ho = hL 2 +
b 2g
hL
Se, além da declividade ser nula, a descarga da calha for livre, então hc = hL.
Em conseqüência, a equação (5) pode ser re-escrita da forma:
ho = hc 2 + 2hc 2 = 3hc 2 = ho 3
ou ainda, tendo em conta que
Q2
hc = 3
b 2g
então:
9-58
2
3 3 Q
ho =
1 b
g3
ou seja:
Q = 1,38.b. h 3
o
Resolução:
9-61
Sendo a largura interna dessas calhas igual a 0,30 m, a altura máxima da
lâmina d’água em seu interior será:
2 2
Q 3 0,01667 3
h= =h=
1,838b 1,838 x 0,30
h = 0,113 m
A NBR 12216 recomenda que o nível d’água máximo no interior da canaleta
situe-se à distância mínima de 10 centímetros abaixo da borda vertente.
Assim sendo, as calhas em consideração seriam construídas com largura
igual a 0,30 m e altura mínima igual a 0,25 m, o que asseguraria, com folga, a
recomendação citada.
c) Verificação dos vertedouros triangulares
Essa verificação é feita através da fórmula de Thomson:
5
Q = 1,4h 2
2
Q 5
h=
1,4
O decantador em tela tem 180 vertedouros triangulares, com altura total
disponível (desde seu vértice até seu topo) igual a 5 centímetros. Assim sendo, a
altura da lâmina d’água em cada um desses vertedouros é determinada do modo
a seguir.
Vazão em cada vertedouro:
0,050
Q= = 0,000278 m 3 / s
180
altura correspondente:
2
0,000278 5
h= = 0,033m
1,4
que, por ser inferior aos 0,05 m disponíveis, mostra que os vertedouros
triangulares funcionarão adequadamente.
9.5.5.1. Tipos
Resolução:
9.5.5.3.1. Introdução
9-66
acionado.
A região interna desses troncos de pirâmide é chamada poço de lodo.
9-67
sedimentado, é succionada pelos orifícios aí existentes.
Assim sendo, consegue-se a limpeza periódica do fundo do decantador.
Observe que todas as paredes internas dos dois poços de lodo (um de cada
lado dos módulos de concreto armado) são inclinadas de ângulo superior a 50
graus, seguindo o que preceitua a NBR 12216, com o objetivo de permitir o
arraste de todo o lodo que se sedimente sobre elas.
9-68
8
U≥ 10 − 3 ∴ U ≥ 0,021m / s = 2,1cm / s
0,018
Considere-se agora a Figura 9.42. Admite-se que cada orifício do manifold
faz surgir superfícies isotáquicas esféricas. Estando o orifício situado na
superfície vertical de um diedro cujo ângulo é 90º, cada superfície isotáquica tem
a área de um quarto da esfera correspondente, ou seja:
ou seja:
4q
x = 0,866
0,021π
x = 6,74 q
Neste caso o valor máximo de L, expresso em função de x, será:
9-71
Decantadores de fluxo laminar: sistema de drenagem de fundo
Espaçamento máximo entre orifícios
Registro de descarga D = 150 mm – orifícios D = 100 mm
h = 3m h = 4m h = 5m h = 6m
N
x L q Q x L q Q x L q Q x L q Q
1 1,23 0,71 33,57 33,57 1,33 0,77 38,76 38,76 1,40 0,81 43,34 43,34 1,47 0,85 47,48 47,48
2 1,12 0,64 27,46 54,92 1,20 0,69 31,71 63,41 1,27 0,73 35,45 70,90 1,33 0,77 38,83 77,66
4 0,90 0,52 18,01 72,04 0,97 0,56 20,80 83,19 1,03 0,59 23,25 93,01 1,08 0,62 25,47 101,89
6 0,77 0,44 12,90 77,40 0,82 0,47 14,89 89,37 0,87 0,50 16,65 99,92 0,91 0,53 18,24 109,45
8 0,67 0,39 9,95 79,57 0,72 0,42 11,49 91,88 0,76 0,44 12,84 102,73 0,80 0,46 14,07 112,53
10 0,61 0,35 8,06 80,64 0,65 0,38 9,31 93,12 0,69 0,40 10,41 104,11 0,72 0,42 11,40 114,05
12 0,55 0,32 6,77 81,24 0,60 0,34 7,82 93,81 0,63 0,36 8,74 104,88 0,66 0,38 9,57 114,90
14 0,51 0,30 5,83 81,61 0,55 0,32 6,73 94,24 0,58 0,34 7,53 105,36 0,61 0,35 8,24 115,42
16 0,48 0,28 5,12 81,85 0,52 0,30 5,91 94,52 0,55 0,32 6,60 105,67 0,57 0,33 7,23 115,76
18 0,45 0,26 4,56 82,02 0,49 0,28 5,26 94,71 0,52 0,30 5,88 105,89 0,54 0,31 6,44 116,00
20 0,43 0,25 4,11 82,14 0,46 0,27 4,74 94,85 0,49 0,28 5,30 106,04 0,51 0,30 5,81 116,17
24 0,39 0,23 3,43 82,30 0,42 0,24 3,96 95,03 0,45 0,26 4,43 106,25 0,47 0,27 4,85 116,39
28 0,37 0,21 2,94 82,39 0,39 0,23 3,40 95,14 0,42 0,24 3,80 106,37 0,43 0,25 4,16 116,52
Nomenclatura:
N = número de orifícios coletores q = vazão em cada orifício, L/s
h = profundidade do registro de descarga (m) Q = vazão total, L/s
L = espaçamento máximo entre orifícios (m)
Nomenclatura:
N = número de orifícios coletores q = vazão em cada orifício, L/s
h = profundidade do registro de descarga (m) Q = vazão total, L/s
L = espaçamento máximo entre orifícios (m)
9-72
Registro de descarga D = 200 mm – orifícios D = 150 mm
h = 3m h = 4m h = 5m h = 6m
N
x L q Q x L q Q x L q Q x L q Q
1 1,81 1,04 72,04 72,04 1,94 1,12 83,19 83,19 2,06 1,19 93,01 93,01 2,15 1,24 101,89 101,89
2 1,58 0,91 54,92 109,83 1,70 0,98 63,41 126,82 1,79 1,04 70,90 141,79 1,88 1,08 77,66 155,33
4 1,23 0,71 33,57 134,28 1,33 0,77 38,76 155,06 1,40 0,81 43,34 173,36 1,47 0,85 47,48 189,91
6 1,03 0,60 23,48 140,90 1,11 0,64 27,12 162,69 1,17 0,68 30,32 181,90 1,23 0,71 33,21 199,26
8 0,90 0,52 17,93 143,45 0,97 0,56 20,71 165,64 1,03 0,59 23,15 185,19 1,07 0,62 25,36 202,87
10 0,81 0,47 14,47 144,68 0,87 0,50 16,71 167,06 0,92 0,53 18,68 186,78 0,96 0,56 20,46 204,61
12 0,74 0,43 12,11 145,36 0,80 0,46 13,99 167,85 0,84 0,49 15,64 187,66 0,88 0,51 17,13 205,57
14 0,69 0,40 10,41 145,78 0,74 0,43 12,02 168,33 0,78 0,45 13,44 188,20 0,82 0,47 14,73 206,16
16 0,64 0,37 9,13 146,05 0,69 0,40 10,54 168,65 0,73 0,42 11,78 188,55 0,77 0,44 12,91 206,55
18 0,61 0,35 8,12 146,24 0,65 0,38 9,38 168,86 0,69 0,40 10,49 188,79 0,72 0,42 11,49 206,81
20 0,58 0,33 7,32 146,37 0,62 0,36 8,45 169,02 0,66 0,38 9,45 188,97 0,69 0,40 10,35 207,00
24 0,53 0,30 6,11 146,55 0,57 0,33 7,05 169,22 0,60 0,35 7,88 189,19 0,63 0,36 8,64 207,25
28 0,49 0,28 5,24 146,65 0,52 0,30 6,05 169,34 0,55 0,32 6,76 189,33 0,58 0,33 7,41 207,40
Nomenclatura:
N = número de orifícios coletores q = vazão em cada orifício, L/s
h = profundidade do registro de descarga (m) Q = vazão total, L/s
L = espaçamento máximo entre orifícios (m)
Nomenclatura:
N = número de orifícios coletores q = vazão em cada orifício, L/s
h = profundidade do registro de descarga (m) Q = vazão total, L/s
L = espaçamento máximo entre orifícios (m)
9-73
Registro de descarga D = 300 mm – orifícios D = 200 mm
h = 3m h = 4m h = 5m h = 6m
N
x L q Q x L q Q x L q Q x L q Q
1 2,47 1,43 134,28 134,28 2,65 1,53 155,06 155,06 2,81 1,62 173,36 173,36 2,94 1,69 189,91 189,91
2 2,23 1,29 109,83 219,66 2,40 1,38 126,82 253,65 2,54 1,46 141,79 283,58 2,66 1,53 155,33 310,65
4 1,81 1,04 72,04 288,18 1,94 1,12 83,19 332,76 2,06 1,19 93,01 372,03 2,15 1,24 101,89 407,54
6 1,53 0,88 51,60 309,59 1,65 0,95 59,58 357,48 1,74 1,00 66,61 399,67 1,82 1,05 72,97 437,82
8 1,34 0,78 39,79 318,29 1,44 0,83 45,94 367,53 1,53 0,88 51,36 410,91 1,60 0,92 56,27 450,13
10 1,21 0,70 32,26 322,57 1,30 0,75 37,25 372,48 1,38 0,79 41,64 416,44 1,44 0,83 45,62 456,19
12 1,11 0,64 27,08 324,97 1,19 0,69 31,27 375,25 1,26 0,73 34,96 419,54 1,32 0,76 38,30 459,58
14 1,03 0,59 23,32 326,45 1,11 0,64 26,93 376,95 1,17 0,67 30,10 421,44 1,22 0,71 32,98 461,67
16 0,96 0,56 20,46 327,42 1,04 0,60 23,63 378,07 1,10 0,63 26,42 422,69 1,15 0,66 28,94 463,04
18 0,91 0,53 18,23 328,08 0,98 0,56 21,05 378,84 1,03 0,60 23,53 423,55 1,08 0,62 25,78 463,98
20 0,86 0,50 16,43 328,56 0,93 0,54 18,97 379,39 0,98 0,57 21,21 424,18 1,03 0,59 23,23 464,66
24 0,79 0,46 13,72 329,19 0,85 0,49 15,84 380,12 0,90 0,52 17,71 424,99 0,94 0,54 19,40 465,55
28 0,73 0,42 11,77 329,57 0,79 0,45 13,59 380,56 0,83 0,48 15,20 425,48 0,87 0,50 16,65 466,09
Nomenclatura:
N = número de orifícios coletores q = vazão em cada orifício, L/s
h = profundidade do registro de descarga (m) Q = vazão total, L/s
L = espaçamento máximo entre orifícios (m)
Nomenclatura:
N = número de orifícios coletores q = vazão em cada orifício, L/s
h = profundidade do registro de descarga (m) Q = vazão total, L/s
L = espaçamento máximo entre orifícios (m)
9-74
9.5.6. Distribuição de água floculada sob os módulos de decantadores
laminares de fluxo vertical
9.5.6.1. Descrição
9-75
Na Figura 9.45 (b), a distribuição de água floculada é feita através de uma
canalização perfurada (alguns decantadores podem ter mais de uma dessas
canalizações para esse fim).
Neste caso, não é possível ao operador efetuar qualquer tipo de ajuste.
Assim sendo, o perfeito funcionamento do sistema dependerá
exclusivamente do projeto, a ser muito bem elaborado, e da correta execução da
obra.
A Figura 9.45 (c) ilustra o caso em que são utilizados tubos de
prolongamento.
Esses tubos têm por objetivo conduzir a água floculada até a região mais
central sob os módulos.
Consegue-se, desta forma, melhor distribuição de água floculada e, deste
modo, melhor desempenho do decantador.
Como pode ser visto, os tubos podem partir de um canal ou de um tubo
distribuidor.
Como no caso dos tubos distribuidores, o perfeito funcionamento do sistema
dependerá exclusivamente do projeto, que deverá ser muito bem elaborado, e
da correta execução da obra.
Ele não permite ao operador efetuar qualquer tipo de ajuste.
9.5.6.2. Dimensionamento
Uma estação de tratamento de água, que trata a vazão de 240 l/s, tem
dois decantadores idênticos ao que é representado na Figura 9.46, que recebem
a água de um floculador cujo gradiente de velocidade, em sua última câmara, é
igual a 20 s-1 a 20° C.
9-76
Verifique se ele atende convenientemente aos seguintes itens:
• gradientes de velocidade nas comportas de acesso e cortina
distribuidora;
• taxa de escoamento superficial;
• velocidade média de escoamento horizontal;
• vazão por metro de calha coletora de água decantada;
• altura interna da calha coletora (supondo descarga livre);
• dimensões dos vertedouros triangulares;
• tempo de esvaziamento do decantador.
Resolução:
9-78
Determinação de G:
D πU 3
G=
S 8Cd2νx
0,06 π (0,37 )3
G=
( )
0,50 8(0,61)2 10 − 6 (2,0 )
G = 19,6 s-1
9-79
superiores a 10000 m3/dia é 40 m3/(m2.dia), o decantador é adequado.
d) Velocidade média de escoamento horizontal
A área útil da seção transversal do decantador é (descontados os 0,50 m
reservados ao acúmulo de lodo):
A = 10 x 3 = 30 m2
Assim sendo, a velocidade procurada será:
U= 0,120 / 30 = 0,004 m/s
Compare-se esse valor ao máximo estabelecido pela fórmula:
Umáx = 18 vs
para a verificação da velocidade máxima.
Tendo em vista que esse decantador poderia trabalhar com taxa de
escoamento superficial máxima igual a 40 m3/(m2.dia), à qual corresponde a
velocidade de sedimentação igual a 2,78 cm/minuto, então obter-se-ia:
Umáx=18 x 2,78 = 50,04 cm / minuto = 0,0083 m/s
Assim sendo, a velocidade máxima de escoamento horizontal é praticamente a
metade do valor máximo permitido, e atende, com folga, ao desejado.
e) Vazão por metro de calha coletora de água decantada
O decantador tem quatro calhas coletoras de água decantada.
O comprimento das bordas vertedouras nas duas calhas centrais é:
12 + 0,30 + 12 = 24,30 m
e nas calhas laterais:
12 + 0,30 = 12,30 m
Em todo o decantador existem, portanto:
24,30 x 2 + 12,30 x 2 = 73,20 m de bordas vertedouras
A vazão por metro de borda vertedoura é, portanto:
120 / 73,20 = 1,64 L/ (s x .m)
inferior, portanto, ao limite máximo estabelecido pela NBR 12216, fixado em 1,80
L / (s x m).
f) Altura interna da calha coletora
A vazão que cada uma das calhas centrais coleta é:
1,64 x (12 + 12 + 0,30) = 40 L/s
Admitindo que as calhas coletoras tenham descarga livre, então a altura
máxima é obtida através da expressão:
2
Q 3
h=
1,38b
2
0,040 3
h=
1,38 x 0,30
h = 0,21 m
inferior, portanto, aos 30 centímetros correspondentes à altura total disponível no
interior dessas calhas.
Entretanto, a NBR 12216 estabelece que a distância entre esse nível e a
borda da calha coletora seja de 10 centímetros.
Assim sendo, para atendê-la, será necessário que a lâmina d´água no
9-80
interior da calha coletora fosse, no máximo, igual a (30 - 10) 20 centímetros.
Portanto, a norma não é atendida (embora, na prática, e face à pequena
diferença encontrada, possivelmente o engenheiro certamente aceitasse os
riscos de não atender a esse item da NBR 12216!).
g) Dimensões dos vertedouros triangulares
Conforme indica a Figura 9.46, existe um vertedouro triangular a cada 15
centímetros de borda vertedoura.
O número aproximado desses vertedouros em todo o decantador será,
portanto:
73,20 / 0,15 = 488
A vazão em cada vertedouro será:
120 / 488 = 0,246 L/s
A altura da lâmina d´água acima do vértice de cada vertedouro pode ser
obtida através da fórmula de Thomson:
5
Q = 1,4h 2
2
Q 5
h=
1,4
2
0,000246 5
h=
1,4
h = 0,033 m
inferior aos 0,05 m disponíveis (portanto, a água não passará sobre a soleira
vertedoura).
h) Tempo de esvaziamento do decantador
É obtido através da fórmula:
0,74 As
t= h
A
onde:
As = área superficial do decantador = 10 x 30 = 300 m2
2
h = altura da lâmina d'água sobre a abertura de saida =π.(0,25)
[ /4] =
2
= 0,0491 m .
Portanto:
0,74 x 300
t= 3,50 = 8458s = 2h21min
0,0491
inferior ao tempo máximo recomendado pela NBR 12216, fixado em 6 horas.
Resolução:
9-83
c) Placas paralelas
O espaço disponível para a instalação de placas no interior do decantador é:
(6,00 - 1,20 x cos 60o) x sen 60o = 5,40 x 0,866 = 4,67 m
O número de placas que pode ser instalado no interior do decantador é:
...
A área útil disponível entre as placas (e perpendicular ao fluxo) é, portanto:
78 x 0,05 x 4,00 = 15,60 m2
O problema afirma ainda que o decantador deverá estar apto a remover a
totalidade das partículas cuja velocidade de sedimentacão seja igual ou superior
a 0,000405 m/s.
Serão utilizadas as fórmulas:
Lt = L + L'
v sc Sc
= ∴
vo sen θ + l 1 cos θ
v Sc
∴ sc = ∴
vo L1
senθ + cos θ
d
d v H2O .Sc
∴ L1 = − senθ
cos θ v sc
v H O .d
∴ l 2 = 0,058 2 ∴
ν
L v H O .d
∴ 2 = 0,058 2 ∴
d ν
v H2O .d 2
∴ L2 = 0,058
ν
Assim sendo, obtém-se:
d v H2O .Sc v H2O .d 2
Lt = L1 + L2 =
− senθ + 0,058
cos ϑ v sc
ν
Substituindo os valores, obtém-se:
0,05 Qx1 Q(0,05 )2
1,20 = − 0,866 + 0,058
0,50 15,60 x 0,000405 15,60 x10 − 6
1,20 = 15,83 Q - 0,09 + 9,29 Q
Q = 1,29 / 25,1 = 0,051 m3/s = 51 L/s
- Calha coletora de água decantada:
A vazão máxima recomendada pela NBR 12216 por metro de bodas
vertedouras dos decantadores de fluxo laminar é:
q = 2,5 L/(s . m)
No decantador em tela existem, ao todo, 12 m de bordas vertedouras.
Portanto, a vazão máxima que elas suportam é:
Q = 2,5 x 12 = 30 L/s
9-84
Além disto, a lâmina d'água máxima que elas suportam em seu interior,
respeitados os 0,10 m de borda livre, é:
h = 0,30 - 0,10 = 0,20 m
A vazão correspondente é calculada pela expressão:
3
Q = 1,38bh 2
Substituindo os valores:
Q = 1,838 x 0,30 x 0,203/2
Q = 0,059 m3/s
Conclusão:
A capacidade do decantador está limitada pela capacidade vertedoura da calha
coletora de água decantada, que permite o tratamento de, no máximo, 30 litros
por segundo.
9-85
Questões para recapitulação
(respostas no final deste Item)
Respostas:
1. (v); 2. (v); 3. (v); 4. (v); 5. (v); 6. (v); 7. (v); 8. (v); 9. (v); 10. (v); 11. (v); 12. (v);
13. (v); 14. (f); 15. (f); 16. (v); 17. (f); 18. (v); 19. (v); 20. (v); 21. (v); 22. (f); 23.
(v); 24. (v); 25. (f); 26. (v); 27. (v)
9-87
Referências bibliográficas
9-88
10.1. Introdução
10.2.Generalidades
10-1
• de alta taxa de filtração: filtros rápidos ascendentes (ou clarificadores de
contato, ou filtros russos) - vide Obs. (II)
Observações:
(I) Embora só tenham sido citados aqui os filtros de camada dupla e simples,
poder-se-ia citar também os filtros de camada tripla (utilizando granada, areia e
antracito, nesta ordem, de baixo para cima). Teoricamente, poder-se-ia
empregar quantas diferentes camadas fossem desejadas. Entretanto, na prática,
os filtros de camada simples e dupla são os mais utilizados (a NBR 12216 só faz
menção a esses dois tipos). No que se refere ao comportamento hidráulico, o
que será visto para esses tipos de filtros poderá ser estendido para um maior
número de camadas.
(II) Na realidade, qualquer dessas denominações não faz jus à excepcional
capacidade de tratamento desse tipo de unidade. isto porque, no interior dos
filtros ascendentes ocorrem, simultaneamente, a floculação, a decantação e a
filtração. Assim sendo, ao denominá-los de filtros ascendentes deixa-se de
mencionar suas duas outras funções, tão importantes quanto a primeira. Por
outro lado, a palavra clarificação é muitas vezes utilizada como sinônimo de
decantação; repete-se, dessa forma, a injustiça; já a denominação filtros russos"
provém da origem das primeiras unidades de fluxo ascendentes implantadas no
Brasil, cuja concepção evoluiu tanto nos últimos anos que as atuais unidades
diferem, em quase tudo, das originais. Entretanto, do ponto de vista hidráulico,
os fenômenos que ocorrem em seu interior podem ser estudados utilizando o
mesmo ferramental matemático deduzido para os demais tipos de filtros. A
denominação filtros ascendentes está sendo adotada neste livro em homenagem
ao cientista que mais tem se dedicado a estudá-los no Brasil - professor Luis Di
Bernardo - que a adota em seus trabalhos.
10-2
amadurecimento a que se fez referência anteriormente) e passa a subsistir da
matéria orgânica trazida pela água a ser filtrada.
Tal comunidade biológica é capaz de reter partículas e impedir a passagem
de microrganismos, inclusive os patogênicos, o que é responsável pela
excelente qualidade bacteriológica apontada para o efluente de filtros lentos.
No segundo caso, a água é filtrada inicialmente pela denominada camada
suporte e, em seguida, pelo leito filtrante propriamente dito.
Os defensores dessa concepção atribuem a esse tipo de filtro maiores
carreiras de filtração, tendo em vista que a passagem da água ocorre primeiro
por grãos mais grossos e, somente então, por grãos mais finos, o que propiciaria
a oportunidade do desenvolvimento da camada biológica filtrante não apenas na
superfície do filtro, mas em boa parte do seu volume.
10-3
Acima da camada de areia, calhas coletoras ou tubos perfurados recolhem a
água filtrada.
A lavagem é efetuada injetando-se água para lavagem da mesma forma - de
baixo para cima - com velocidade suficiente para expandir o leito de areia.
A água de lavagem é recolhida por calhas coletoras instaladas acima do
leito de areia.
Na maioria dos casos, a mesma calha que recolhe a água filtrada recolhe
também a água de lavagem (Figura 10.3).
Fig. 10.3 – Filtro de fluxo ascendente: calha coletora comum para água
filtrada e água de lavagem
10-4
Assim sendo, o destino da água que cai em seu interior - se vai para o
reservatório de contato ou para o esgoto - é determinado por comportas
instaladas a jusante dessas calhas.
Alguns consideram ser esta uma falha dos filtros ascendentes. Eles não são
a prova de descuido - um operador descuidado pode permitir a contaminação da
água tratada, se manobrar equivocadamente essas comportas, e permitir o
desvio da água de lavagem para o reservatório de contato.
Outros criticam o fato de que pela parte superior dos filtros ascendentes
passa água filtrada ou água de lavagem, conforme a hora, o que torna possível a
contaminação da água tratada nesse tipo de filtro.
Existe também a evidente limitação dos filtros ascendentes para o
tratamento de águas com elevados teores e sólidos, que podem fazer com que
eles colmatem rapidamente.
Nesses casos, a necessidade de lavagem dos filtros pode tornar-se muito
freqüente (no limite, toda a água tratada por eles seria gasta para lavá-los).
Críticas à parte, os filtros ascendentes constituem importante alternativa
para o tratamento da água, com custo bastante interessante (inferior, em muitos
casos, ao das instalações clássicas de tratamento, envolvendo floculação,
decantação e filtração em unidades separadas).
Sabe-se hoje que a camada suporte exerce importante papel na filtração
ascendente. É grande a quantidade de sólidos retidos em seu interior.
Assim sendo, alguns estudos apontam para a conveniência de se realizar
descargas de fundo periódicas, antes de se proceder à lavagem ascencional.
Outros estudos apontam para a conveniência de se instalar uma malha de
tubos perfurados no interior da camada suporte, com o objetivo de lavá-la melhor
(uma espécie de sistema auxiliar de lavagem, semelhante ao que existe nos
filtros de fluxo descendente) (Figura 10.4).
Utilizados principalmente na Europa, esse tipo de filtros começa a ser
estudado no Brasil. Seu leito filtrante é constituído por grãos maiores e não
estratificados.
Para lavá-lo sem estratificá-lo, é necessário injetar a água para lavagem
com velocidade inferior à que seria necessária para expandi-lo.
Entretanto, assim procedendo, não se consegue remover o material que foi
retido durante a filtração.
Por este motivo, esses leitos filtrantes são lavados simultaneamente com ar
e água.
Por não ser comum no Brasil, esse tipo de filtro não será examinado em
detalhe neste livro.
Entre os estudos experimentais realizados a respeito desses filtros, Di
Bernardo5 relatou experiências realizadas por ele com areia de diâmetro quase
uniforme (tamanho efetivo igual a 1,00 mm e coeficiente de uniformidade igual a
1,18) e profundidade de 1,20 metro. Esse filtro chegou a operar satisfatoriamente
com taxas de até 750 m3 / (m2.dia).
O diâmetro quase uniforme permite que se fluidifique o leito filtrante durante
a lavagem, tendo em vista que praticamente não ocorrerá fluidificação.
10-5
O mesmo autor relatou novas experiências comparativas com materiais
semelhantes e diferentes granulometrias (tamanhos efetivos: 0,86; 1,00; 1,30
mm; coeficientes de uniformidade respectivos: 1,16; 1,18; 1,08), e mesmas
profundidades para os leitos filtrantes, iguais a 1,20 m 6.
10-6
10.3. Leitos filtrantes, camada suporte e fundos falsos
10.3.1.1. Areia
10-7
As características granulométricas estabelecidas pela NBR 12216 para a
areia destinada a leitos filtrantes são transcritas a seguir.
• Areia para filtros lentos:
Tamanho efetivo: de 0,25 mm a 0,35 mm
Coeficiente de uniformidade: menor que 3
Espessura mínima: 0,90 m
• Areia para filtros rápidos de fluxo descendente, de camada simples:
Tamanho efetivo: de 0,45 a 0,55 mm
Coeficiente de uniformidade: de 1,4 a 1,6
Espessura mínima: 0,45 m
• Areia para filtros rápidos de fluxo descendente, de camada dupla:
Tamanho efetivo: de 0,40 a 0,45 mm
Coeficiente de uniformidade: de 1,4 a 1,6
Espessura mínima: 0,25 m
• Areia para filtros rápidos de fluxo ascendente:
Tamanho efetivo: de 0,7 a 0,8 mm
Coeficiente de uniformidade: inferior ou igual a 1,2
espessura mínima: 2,0 m.
A especificação adotada pela COPASA difere um pouco da anterior, sendo a
que se apresenta a seguir.
• Areia para filtros lentos:
Tamanho efetivo: de 0,30 mm a 0,40 mm
Coeficiente de uniformidade: de 2 a 3
Diâmetro do grão menor: 0,25 mm
Diâmetro do grão maior: 1,68 mm
• Areia para filtros rápidos de fluxo descendente, de camada simples:
Tamanho efetivo: de 0,50 a 0,60 mm
Coeficiente de uniformidade: de 1,4 a 1,6
Diâmetro do grão menor: 0,42 mm
Diâmetro do grão maior: 1,68 mm
• Areia para filtros rápidos de fluxo descendente, de camada dupla:
Tamanho efetivo: de 0,45 a 0,55 mm
Coeficiente de uniformidade: de 1,4 a 1,6
Diâmetro do grão menor: 0,42 mm
Diâmetro do grão maior: 1,68 mm
• Areia para filtros rápidos de fluxo ascendente:
Tamanho efetivo: de 0,7 a 0,8 mm
Coeficiente de uniformidade: de 1,8 a 2,0
Diâmetro do grão menor: 0,50 mm
Diâmetro do grão maior: 2,38 mm
10.3.1.2. Antracito
10-8
Sua massa específica, da ordem de 1,4 a 1,6 gramas por centímetro cúbico,
é inferior à da areia.
Isto faz com que ele possa ser utilizado em filtros rápidos de camada dupla
sobre a areia, sem se misturar com ela.
Sendo o antracito mais leve, e sendo a granulometria da areia e do antracito
adequadamente especificadas, todas as vezes que o filtro for lavado, o antracito
subirá mais que a areia. Terminada a lavagem, a areia ficará por baixo e o
antracito por cima.
A diferença de pesos específicos faz com que o antracito possa ser
especificado com grãos maiores que a areia: a areia continuará ficando por baixo
e o antracito por cima.
Isto possibilita que filtros com areia e antracito trabalhem com taxas de
filtração superiores às dos filtros que só utilizam areia porque, nesses filtros, a
água passa primeiro pelo antracito, que tem grãos maiores (que retêm grande
parte dos flocos); caberá à areia reter a parcela remanescente.
Entretanto, para evitar que areia e antracito se misturem, sendo maiores os
grãos de antracito e menores os de areia, Fair, Geyer e Okun 7 recomendam a
observância da seguinte equação:
Du (c e )e ρ e − ρ H2O
=
De (c e )u ρ u − ρ H2O
onde os índices u e e referem-se, respectivamente, aos grãos maiores da
camada superior e aos grãos menores da camada inferior, e os demais termos
traduzem as seguintes grandezas:
D = diâmetro dos grãos constituintes da camada filtrante (vide Item a
seguir);
ce = coeficiente de esfericidade dos grãos constituintes do leito filtrante
(vide Anexo 5 deste livro);
ρ = massa específica do material constituinte da camada filtrante;
ρ H2O = massa específica do material constituinte da camada filtrante;
O conteúdo de carvão livre do antracito não deve ser inferior a 85% em
peso, e a percentagem máxima de partículas planas deve ser de 30%.
Sua solubilidade em ácido clorídrico (HCl) a 40% durante 24 horas deve ser
desprezível, e em soda cáustica (NaOH) a 1% não deve ser superior a 2%.
Uma das principais características do antracito deve ser sua resistência à
abrasão (atrito com outras partículas), pois, não sendo o antracito
suficientemente resistente, suas partículas acabarão se desintegrando. Em
conseqüência, o volume de antracito (e, portanto, sua altura dentro do filtro)
diminuirá rapidamente.
Por esta razão, deve-se escolher um antracito que apresente perda de
material não superior a 1% após 60 horas de lavagem (o ideal é que essa perda
não seja superior a 0,5%).
As características granulométricas estabelecidas pela NBR 12216 para o
antracito destinado a leitos filtrantes são transcritas a seguir.
• Antracito para filtros rápidos de fluxo descendente, de camada dupla:
Tamanho efetivo: de 0,80 mm a 1,0 mm
10-9
Coeficiente de uniformidade: inferior ou igual a 1,4
Espessura mínima: 0,45 m
A especificação adotada pela COPASA difere um pouco da anterior, sendo a
que se apresenta a seguir.
• Antracito para filtros rápidos de fluxo descendente, de camada dupla:
Tamanho efetivo: de 0,80 mm a 1,0 mm
Coeficiente de uniformidade: de 1,4 a 1,7
Diâmetro do grão menor: 0,71 mm
Diâmetro do grão maior: 2,83 mm
a) Bocais
10-10
Observe que existem bocais próprios para quando se deseja efetuar a
lavagem auxiliar com ar, dotados de um pequeno tubo que desce certa distância
abaixo da laje do fundo falso.
Nesse pequeno tubo, há um rasgo, ou alguns furos, por onde o ar poderá
entrar.
Ao ser introduzido o ar para a lavagem auxiliar do filtro, é criado um colchão de
ar entre a face inferior a laje e o rasgo, ou os furos, dos tubos dos bocais, no
qual circulará o ar utilizado na lavagem auxiliar.
No caso de filtros de fluxo ascendente, em que a água coagulada é
introduzida sob o fundo falso e em que a camada suporte desempenha papel
primordial, não há qualquer vantagem em se utilizar bocais com ranhuras muito
pequenas; pelo contrário, quanto maiores forem os orifícios dos bocais, melhor.
b) Blocos perfurados
10-11
Em filtros ascendentes são utilizados blocos adequados à lavagem
apenas com água.
A Figura 10.7 ilustra esse tipo de bloco instalado com um dispositivo que
permite lavar-lhes internamente quando for necessário, através da injeção de
água para lavagem em seção oposta à saída de água de lavagem.
Fig. 10.7 - Filtro de fluxo ascendente com fundo falso utilizando blocos
cerâmicos
10-12
10.3.2.2. Fundos que podem ser construídos no canteiro de obras
a) Tubulação perfurada
10-13
O arranjo recomendado para sistemas de tubos perfurados utilizados como
fundo falso de filtros de fluxo ascendente é representado esquematicamente na
Figura 10.9.
Observe a diferença de concepção entre a que é apresentada nessa
Figura e a que foi apresentada para a tubulação perfurada dos filtros de fluxo
descendente.
A diferença permite assegurar a limpeza do sistema, com o objetivo de
desobstrui-lo.
b) Vigas pré—fabricadas
10-14
Fig. 10.10 – Vigas pré-fabricadas (californianas) para fundos falsos
Fig. 10.11 – Camada suporte utilizada pela COPASA para fundos falsos que
utilizam vigas californianas
10-15
Fig. 10.12 – Filtro ascendente utilizando vigas californianas como fundo
falso
10-16
d) os seixos maiores de um estrato devem ser iguais ou inferiores aos
menores do estrato situado imediatamente abaixo;
e) o estrato situado diretamente sobre os bocais deve ser constituído de
material cujos seixos menores tenham o tamanho pelo menos igual ao dobro dos
orifícios dos bocais e dimensão mínima de 1 cm;
f) o estrato em contato direto com a camada filtrante deve ter material de
tamanho mínimo igual ou inferior ao tamanho máximo do material da camada
filtrante adjacente.
Em caso de filtro de fluxo ascendente, a espessura mínima da camada
suporte deve ser de 0,40 m, sendo que cada estrato deve ter espessura mínima
de 7,5 cm.
O Anexo 9 deste livro contém orientações para o projeto da camada
suporte, inclusive para a denominada camada simétrica.
A camada suporte simétrica difere da cama suporte tradicional porque,
enquanto nestas, a granulometria é decrescente de baixo para cima; na primeira
a granulometria é decrescente até certa altura, voltando a crescer em seguida.
Ela tem se mostrado útil em filtros que utilizam lavagem auxiliar com ar e
também em modernos filtros de fluxo ascendente, conforme será visto nos
próximos Itens.
A Figura 10.13 compara os dois tipos descritos.
10-17
10.4. Velocidades de interesse na filtração
Essa última velocidade tem pouco interesse prático, no que diz respeito ao
projeto e à operação de estações de tratamento de água. Por este motivo, este
livro destacará apenas a velocidade de aproximação ou taxa de filtração.
Exemplo: Uma estação de tratamento de água que trata 100 litros por segundo
e que é equipada com quatro filtros, sendo as dimensões, em planta, do leito de
cada filtro, iguais a 3,00 m x 4,00 m, terá a seguinte taxa de filtração:
Q = 100 x 86,4 = 8640 m3/dia
A (cada filtro) = 3 x 4 = 12 m2
taxa de filtração = Q/A = 2160 / 12 = 180 m3/(m2.dia)
Se se admitir que a porosidade média de seu leito filtrante é da ordem de
40%, então a velocidade média intersticial será:
vi = 180 / 0,4 = 450 m3/(m2.dia)
10-18
(5.12.5) A taxa de filtração a ser adotada é determinada por meio de filtro
piloto operado com a água a ser filtrada, com camada filtrante igual à dos filtros a
serem construídos.
Não sendo possível proceder a experiências em filtros piloto, as taxas
máximas são as seguintes:
a) para filtros de camada simples, 180 m3/(m2.dia).
b) para filtros de camada dupla, 360 m3/(m2.dia).
A taxa máxima em filtros de fluxo ascendente é fixada, pela citada Norma,
em 120 m3/(m2.dia).
As experiências piloto de Di Bernardo, no entanto, vêm mostrando que essa
taxa pode chegar a 300 m3/(m2.dia).
Resolução:
Uma estação de tratamento de água tem quatro filtros, de leito filtrante simples
de areia, com as seguintes dimensões em planta:
comprimento: 2,50 m
Largura: 1,00m
Deseja-se ampliar sua capacidade, que passará de 40 litros por segundo.
Se os leitos filtrantes forem alterados para do tipo duplo, com areia e
antracito, os filtros assim reformados terão condições de suportar a nova vazão?
Resolução:
10-19
Que é inferior aos 360 m3/(m2.dia) recomendados como valor máximo pela NBR
12216.
Assim sendo, eles suportarão a nova vazão.
10-20
Define-se coeficiente de esfericidade como s relação entre as áreas de duas
partículas de mesmo volume: a partícula esférica e a partícula real (ver Anexo 5
deste livro):
Aesfera / Apartícula = Ce ... Apartícula = Aesfera / Ce
Nestas condições, a equação de Kozeny pode ser reescrita como:
2
hf K µ
= k va
(1 − Po )2 Aesfera
l g ρ Po3 V particula .Ce
ou, tendo em vista que, da definição de coeficiente de esfericidade, Vpartícula =
Vesfera:
Porém:
4
Aesfera = 4πR2 e Vesfera = πR 3
3
Portanto:
Aesfera 3 6
= =
Vesfera R D
Logo:
K µ v a (1 − Po )2 6
2
hf
= k
l g ρ Ce2 Po3 D
Fazendo Kk = 5, encontra-se:
hf 180 µ v a (1 − Po )2 1
2
=
l g ρ Ce2 Po3 D
ou ainda:
hf 180ν v a (1 − Po )2 1
2
= (4)
l g Ce2 Po3 D
10-21
g = aceleração da gravidade;
Po = porosidade inicial;
va velocidade de aproximação;
Ce = coeficiente de esfericidade dos grãos do meio filtrante;
xi = fração, em peso, do material filtrante retido entre duas peneiras
consecutivas.
Fair, Geyer e Okun (op. citada) determinam a abertura média das malhas
das duas peneiras consecutivas .através da expressão:
Di = D j .Dk
onde:
Di = tamanho médio das malhas de duas peneiras consecutivas, de tamanhos
iguais a Dj e Dk.
Do exposto, obtém-se que o valor do coeficiente de permeabilidade k da lei
de Darcy, correspondente à situação de leitos filtrantes estratificados limpos, é:
−1
180ν (1 − Po )
2
n x i
k0 = ∑ i = 1 2
gC 2 Po3
e Di
Com o passar do tempo, seu valor tende a diminuir cada vez mais, até
atingir o valor correspondente à perda de carga máxima admissível, quando
então o filtro deverá ser lavado.
Esse valor é estabelecido tendo por base os resultados de estudos piloto, ou
a experiência regional adquirida para águas semelhantes àquela cujo tratamento
estiver sendo projetado.
10-22
Resolução:
10-23
D = 0,71x 2,83 = 1,417 mm = 0,001417 m
Substituindo os valores, encontra-se:
−1
180 x 0,000001 (1 − 0,46 )2 1
ko =
9,8 x 0,70 2 0,46 3 0,001417 2
ko = 0,0182
A equação da perda de carga no antracito será, portanto:
h v l
va = ki ∴ i = f = a ∴ hf = v a
l k k
0,45
hf = v a = 24,73v a
0,0182
A equação da perda de carga total no leito filtrante limpo será:
hf = hf ,areia + hf , antracito
hf = (36,23 + 24,73 )v a = 60,96v a
Assim, por exemplo, se esse filtro trabalhar com taxa de filtração (va) igual a
360 m3/(m2dia) (0,00417 m/s), a perda de carga correspondente no leito filtrante
limpo será:
hf = 60,96 x 0,00417 = 0,25 m
10-24
−1
180 (1 − P )2 1 2
ν o n xi
ko = ∑
g Po
3
Ce i =1 Di
Assim como nos leitos filtrantes estratificados, também neste caso, com o passar
do tempo, seu valor tende a diminuir cada vez mais, até atingir o valor
correspondente à perda de carga máxima admissível, quando então o filtro
deverá ser lavado.
Resolução:
10-25
Recorrendo aos valores fornecidos para a granulometria dos diversos
estratos da camada suporte, determina-se o valor de:
n x
∑i =1 Di
i
Este cálculo é apresentado a seguir.
Observe que, sendo a camada suporte constituída por quatro estratos de
espessuras iguais, o valor de x correspondente a todas elas será igual a 0,25.
1/2 1/2
Estrato Espessura Diâmetro Diâmetro (d.D) x x/(d.D)
número (m) menor (m) maior (m)
1 0,10 0,00168 0.00336 0,00237 0,25 105,48
2 0,10 0,00336 0,00635 0,00462 0,25 54,11
3 0,10 0,00635 0,0127 0,00898 0,25 27,84
4 0,10 0,0127 0,0254 0,01796 0,25 13,92
Σ = 201,35
Substituindo os valores na equação anterior, obtém-se:
−1
180 x 0,000001 (1 − 0,39 )2 1
2
ko = x 201,35
9,8 0,39 3 0,94
ko = 0,189
A equação da perda de carga na camada suporte será, portanto:
l
hf = v a
ko
0,40
hf = v a = 2,116v a
0,189
Assim, por exemplo, se esse filtro trabalhar com taxa de filtração (va) igual a
360 m3/(m2.dia) (0,00417 m/s), a perda de carga correspondente no leito filtrante
limpo será:
hf = 2,116 x 0,00417 = 0,009 m
10-26
As perdas de carga no fundo falso dependem do tipo utilizado.
Os tipos mais utilizados no Brasil são descritos nos sub-itens a seguir.
As Figuras 10.14, 10.15, 10.16 e 10.17, fornecidas pelo fabricante desse tipo
de fundo de filtros, permitem calcular a perda de carga desejada em diversas
situações.
10-27
lateral é igual a 3,00 m e partindo de um duto principal situado junto à parede do
filtro (diz-se, portanto, que o comprimento do lateral é igual a 3,00 m).
Determine a perda de carga que ocorrerá no fundo falso durante a lavagem
do filtro nas seguintes situações:
a) o filtro está sendo lavado com ar e água simultaneamente, sendo a taxa de
aplicação do ar igual a 0,90 Sm3/(m2.minuto) e a velocidade ascencional da água
igual a 0,20 m/minuto (5 gpm/ft2).
b) o filtro está sendo lavado apenas com água, quando a velocidade ascencional
passa a ser igual a 0,90 m/minuto.
Resolução:
10-28
1 m = (1/0,3048) ft = 3,283 ft
Portanto:
1 m3 = (3,28 ft)3 = 35,29 ft3
Assim sendo, 0,90 Nm3 correspondem a 31,76 SCF.
Além disto:
1m = (3,28 ft)2 = 10,76 ft2
2
ou seja:
0,90 Nm3/(m2.minuto) = 31,76 / 10,76 Scfm/ft2 = 2,95 Scfm/ft2
Consultando o gráfico da Figura 10.17, obtém-se:
hf = 4,8" = (4,8 x 0,0254) m H2O = 0,12 m H2O
b) Deve-se consultar o gráfico apresentado na Figura 10.16.
Para tanto, algumas conversões de unidades devem ser feitas.
Assim sendo, e tendo em vista que 1 galão = 3,785 litros = 0,003785 metros
cúbicos:
10-29
=1 gal / (ft2.min)
Da citada Figura, extrai-se:
hf = 16" H2O = 16 x 0,0254 m H2O = 0,41 m H2O
c) Deve-se consultar o gráfico apresentado na Figura 10.15.
Para tanto, a mesma conversão relativa à taxa de lavagem deve ser feita.
Encontra-se:
0,90 m/min = 22,1 gal / (ft2.min)
Conforme descrito no enunciado no problema, o comprimento dos laterais é igual
a 3,00 m, ou seja:
3,00 / 0,3048 = 10 ft
Tendo em vista que a Figura 10.15 não apresenta uma curva específica
para esse comprimento, utilizar-se á a curva correspondente ao comprimento de
15 ft, que deixa o cálculo a favor da segurança.
Obtém-se:
10-30
10.6.2.1. Problema resolvido
Resolução:
10-31
(0,0075 + 0,0011)/2 = 0,0043m3/s
Velocidade média:
0,0043
U= = 5,43m / s
π
(0,0254 x1,25 )2
4
Carga cinética correspondente:
U2/2g = 1,51 m
Número de Reynolds:
5,43 x (0,0254 x 1,25) / 0,000001 = 172000
Rugosidade equivalente do tubo de PVC (vide Anexo 1):
k = 0,06 mm
Relação k/D:
0,06
= 0,0019
1
1 x 25,4
4
Do ábaco de Moody (Anexo 6) obtém-se:
f = 0,017
e da fórmula de Darcy-Weisbach:
1,85
hf = 0,017 (1,51) = 1,50m
1
1 x 25,4
4
A perda de carga no principal é determinada utilizando o conceito de vazão
fictícia vista no Capítulo 6.
Vazão a montante do principal: 0,18 m3/s
Vazão a jusante do principal: 0,18/12 = 0,015 m3/s
Vazão fictícia: (0,018 + 0,15)/2 = 0,0975 m3/s
Velocidade média:
0,0975
U= = 1,08m / s
0,3 x 0,3
Carga cinética correspondente:
U2/2g = 0,06 m
Número de Reynolds:
Para efetuar este cálculo, utiliza-se, no lugar do diâmetro, o diâmetro hidráulico
da seção (vide Capítulo 6):
0,3 x 0,3
Dh = 4R h = 4 = 0,3m
4 x 0,3
Portanto:
Re = 1,08 x 0,3 / 0,000001 = 34000
Rugosidade equivalente do duto de concreto (vide Anexo 1):
k = 0,3 mm (correspondente ap Item 2.3 desse Anexo)
Relação k/D:
Utiliza-se novamente o diâmetro hidráulico da seção, igual a 0,3 m, = 300 mm,
no lugar de D:
0,3/300 = 0,001
10-32
Do ábaco de Moody (Anexo 6), obtém-se:
f = 0021
E da fórmula de Darcy-Weisbach (utiliza-se novamente o diâmetro hidráulico da
seção, igual a 0,3 m, no lugar de D):
3.5
hf = 0,021 (0,06 ) = 0,015m
0,3
Somando as perdas anteriores, obtém-se a perda de carga total:
hf = 7,77 + 1,50 + 0,015 = 9,285m
que é muito elevada, quando comparada pela que é proporcionada por outros
tipos de fundos falsos.
10-33
10.6.3.1. Problema resolvido
Um filtro de dimensões 3,00 x 4,00 m (planta), tem fundo falso do tipo de vigas
californianas, com orifícios de diâmetro 1/2 polegada, espaçados entre si, eixo a
eixo, de 15 cm. As vigas estão dispostas no fundo do filtro de tal forma que seus
comprimentos estão na direção correspondente aos 4,00 m.
Determine a perda de carga que ocorrerá no fundo falso durante a lavagem
do filtro, supondo que ela seja feita com velocidade ascencional igual a 0,90
m/minuto.
Resolução:
10-34
U2 2
2 2
hf = ∑ k = ∑ k 4Q
= ∑ k 16 1 A v a
2g 2g πD 2
2g π D 4
2
Portanto:
8A2
kt = ∑k
gπ 2 D 4
Fig. 10.19 - Filtro de fluxo descendente com perda de carga total constante
e velocidade de aproximação variável: arranjo do filtro
10-35
Fig. 10.20 - Filtro de fluxo descendente com perda de carga total constante
e velocidade de aproximação variável:evolução da taxa de filtração com o
tempo
10-36
Fig. 10.21 - Filtro de fluxo descendente com perda de carga total e
velocidade de aproximação constantes: arranjo de filtro (concepção
clássica)
10-37
No Brasil ainda existem algumas antigas estações de tratamento de água
que possuem filtros que funcionam dessa forma.
Mas os novos projetos de estações de tratamento de água não a utilizam
mais. Nesses projetos, vem sendo utilizada principalmente a concepção de
sistemas de taxa declinante variável, que é descrita no sub-item 10.7.1.d
adiante.
A respeito desse tipo de filtros, Di Bernardo (op. citada) apresenta os
comentários transcritos a seguir.
Geralmente, os controles de vazão e nível utilizados na prática permitem
uma variação relativamente pequena para ajustamento do nível. Assim, quando
um filtro de uma bateria é retirado de operação para que seja efetuada a
lavagem, o nível de água tenta subir nos demais e, em consequência, o
dispositivo de controle de nível aciona o controlador de vazão, permitindo que
uma vazão maior seja filtrada. Há possibi;idade dessas variações de vazão
serem bruscas e prejudicarem a qualidade dos efluentes dos filtros em operação.
Os dispositivos de controle de vazão, instalados na canalização efluente,
funcionam segundo o princípio de causa e efeito, isto é, nenhuma correção é
feita a menos que ocorra variação da característica controlada (...) Os principais
inconvenientes dos filtros operados (segundo essa concepção) são:
(I) custo elevado do equipamento;
(II) custo elevado de operação e manutenção;
(III) necessidade de controle de nível, automático ou manual;
(IV) possibilidade de deterioração do efluente produzido devido aos ajustes de
vazão e de nível realizados pelos equipamentos..
A Figura 10.23 apresenta uma concepção alternativa para esse tipo de filtro,
onde a constância da vazão é assegurada por um vertedouro instalado em sua
entrada, e a constância da perda de carga é conseguida através do ajuste de
nível de um vertedouro instalado a jusante de sua canalização de saída.
A Figura 10.24 representa esquematicamente um filtro com essa concepção.
Observa-se que a vazão de água a filtrar é mantida constante, fixada pelo
vertedouro existente em sua entrada. O coeficiente das perdas de carga
turbulentas permanece inalterado ao longo do tempo.
Assim sendo, tendo em vista que o coeficiente de perdas laminares aumenta
com o tempo, devido à colmatação do leito filtrante, a perda de carga total do
filtro crescerá ao longo do tempo, uma vez que a vazão a filtrar mantém-se
constante.
Observe que a soleira do vertedouro de água filtrada está ligeiramente mais
alta (cerca de 10 centímetros acima) que o topo do leito filtrante.
Caso essa providência não seja tomada, haverá a possibilidade do nível
d'água no interior do filtro baixar demasiadamente, deixando descoberto (e,
portanto, cheio de ar em seus interstícios) o leito filtrante.
10-38
Fig. 10.23 - Filtro de fluxo descendente com perda de carga total e
velocidade de aproximação constantes: arranjo do filtro (concepção
alternativa)
Fig. 10.24 - Filtro de fluxo descendente com perda de carga total variável e
velocidade de aproximação constante: arranjo do filtro
10-39
c) Filtros com perda de carga total variável e velocidade de aproximação
constante
Fig. 10.25 - Filtro de fluxo descendente com perda de carga total variável e
velocidade de aproximação constante: evolução da taxa de filtração e da
perda de carga ao longo do tempo
10-40
Essa perda de carga aumenta apenas no leito filtrante (é a denominada
perda de carga laminar), pois é ele que se suja ao longo do tempo. A perda de
carga turbulenta (que é a que ocorre no fundo falso, nas canalizações e nas
válvulas e passagens) permanece constante ao longo do tempo.
A soma dessas duas perdas de carga é a perda de carga total no filtro.
Observe que a curva da perda de carga total é paralela à curva da perda de
carga laminar. Isto porque, como foi dito, a distância que separa as duas curvas,
que é a perda de carga turbulenta, é constante ao longo do tempo.
10-41
Fig. 10.26 - Filtro de fluxo descendente com perda de carga total e
velocidade de aproximação variáveis: arranjo de filtro
10-42
Fig. 10.27 - Filtros de fluxo descendente com perda de carga total e
velocidade de aproximação variáveis: evolução da taxa de filtração e da
perda de carga ao longo do tempo
10-43
trazem importantes subsídios aos profissionais especializados na área do
tratamento da água.
Esse tipo de filtro pode ser implantado segundo duas concepções básicas, a
saber:
a) filtros de taxa constante e carga variável
b) filros de taxa e carga variáveis
Os sub-itens a seguir descrevem cada uma dessas concepções.
10-44
b) Filtros de taxa e carga variáveis
Embora a perda de carga seja a mesma para todos os filtros, ela será variável
para o sistema de filtros, aumentando, com o passar do tempo, à medida que ele
for se tornando mais sujo.
A vazão em cada filtro será variável ao longo do tempo, porque a água a
filtrar procurará o filtro que estiver menos sujo para atravessar.
A Figura 10.30 ilustra um sistema desse tipo, e a Figura 10.31 representa a
evolução da taxa de filtração e da perda de carga num desses filtros.
10-45
a) quando for atingida a perda de carga máxima suportada hidraulicamente pela
instalação
b) quando houver risco de deterioração da qualidade da água filtrada se o filtro
for mantido em operação.
Fig. 10.30 - Filtros ascendentes de taxa e carga variáveis: arranjo dos filtros
Como foi visto, nos filtros lentos tratando água bruta de qualidade adequada
às suas características, a colmatação do leito é devida principalmente ao
desenvolvimento de uma comunidade microbiana que, permanecendo fixada aos
10-46
grãos do leito filtrante, passa a alimentar-se de parte das partículas trazidas pela
água a ser tratada, retendo a parcela remanescente, que vai se aderindo aos
grãos (evidencia-se, dessa forma, uma limitação no emprego desses ffiltros, qual
seja, a do conteúdo de matéria em suspensão da água a ser filtrada, que deve
ser baixo).
No caso dos filtros lentos de fluxo descendente (mais comuns no Brasil), a
lavagem do leito filtrante é feita manualmente, através da remoção, com o auxílio
de enxada, de sua camada superficial (aproximadamente 2,5 cm de areia), se
desenvolve praticamente toda a comunidade microbiana responsável pela
filtração - Figura 10.32.
10-47
Fig. 10.33 - Filtro lento de fluxo ascendente: lavagem do leito filtrante
10-48
Para tanto, considera-se que cada filtro leva, no mínimo, dez minutos para ser
lavado, e que a velocidade ascencional não é inferior a 60 centimetros por
minuto.
Na prática, observa-se que esse tempo pode ser reduzido à metade, se
houver lavagem auxiliar (vide Item 10.9).
No caso de filtros de fluxo ascendente, esse tempo mínimo deve ser
considerado igual a 15 minutos.
A partir do reservatório, a água escoa por gravidade até os filtros, caso seu
posicionamento altimétrico seja favorável, ou é bombeado partir deles até essas
unidades.
No primeiro caso, o enchimento dos reservatórios deve ser feito
automaticamente, por meio de bombas ou derivações, por exemplo, da linha de
recalque de água tratada.
Em qualquer caso, ele deverá estar em condições de ser enchido em
sessenta minutos.
O parágrafo anterior não se aplica aos denominados sistemas autolaváveis
de filtros, que serão descritos no Item 10.8.2.4.
Algumas vezes efetua-se também a lavagem auxiliar, com água ou com ar.
A lavagem auxiliar será vista no próximo Item 10.9.
Os sub-itens a seguir descrevem as formas normalmente utilizadas para a
lavagem em contracorrente, utilizada em qualquer caso: com ou sem a lavagem
auxiliar.
Resolução:
O volume de água para lavagem pode ser estimado admitindo que, para
lavá-lo, será necessário introduzir água para lavagem com velocidade
ascencional de 0,6 metro por minuto durante 10 minutos.
Assim sendo, obtém-se:
V = 0,6 x 6 x 3 x 10 = 108 m3
10-49
à lavagem do filtro, ele seja capaz de vencer o desnível altimétrico mais as
perdas de carga que ocorrerão no trajeto reservatório-calha coletora de água de
lavagem.
Eventualmente, esse reservatório pode ser construído sobre a casa de
química da estação de tratamento de água.
Na hora de lavar, basta abrir o registro de água para lavagem, situado na
galeria de tubulações.
A água proveniente do reservatório será admitida no fundo falso do filtro e
percorrerá, no sentido ascendente, o leito filtrante, fluidificando-o.
Daí a água de lavagem será coletada pela(s) calha(s) coletora(s) de água de
lavagem, seguindo, após, para o esgotamento da ETA.
A Figura 10.34 ilustra esse tipo de lavagem.
10-50
Fig. 10.35 - Filtros de fluxo descendente: lavagem via reservatório, por
bombeamento
10-51
Fig. 10.36 (b) - Sistema autolavável de filtros: lavagem de um filtro
10-52
Após limpo o filtro, fecha-se a comporta de descarga de água de lavagem e
abre-se a comporta de acesso de água decantada ao filtro, o que fará com que
ele volte a operar normalmente.
Quando os filtros de um sistema autolavável dispõem de sistema de
lavagem auxiliar com ar, é necessário introduzir uma válvula entre a saída de
água filtrada de cada filtro e a câmara de água filtrada (Figura 10.36 (c) - vide
também Item 10.9.1.3), para que ele possa ser temporariamente isolado dos
demais enquanto se procede à lavagem auxiliar.
10-53
essa superfície com forte jato d'água, proveniente de mangueiras dotadas de
esguichos em suas extremidades (ver Figuras 10.37).
10-54
Pela mesma razão, ela não é eficaz na lavagem de filtros ascendentes.
Em se tratando de leitos de areia e antracito, existem sistemas de bocais
rotativos que, permanecendo imersos na camada de antracito, injetam água sob
pressão nos interstícios de seus grãos, estando expandido o leito.
A injeção de ar comprimido no leito filtrante, antecedendo a lavagem com
água ou durante essa lavagem, também é eficiente para a lavagem de leitos
filtrantes simples ou duplos.
Em alguns casos, a lavagem auxiliar com ar, quando efetuada em conjunto
com a lavagem com água, dispensa a necessidade de se expandir o leito
filtrante.
10-55
A Figura 10.40 apresenta um tipo desses equipamentos, adequado à
lavagem superficial.
Esse tipo de lavagem auxiliar é muito utilizado na Europa, onde filtros que
utilizam leitos filtrantes de areia com grande espessura utilizam-na
simultaneamente com a lavagem ascencional com água.
Enquanto que o ar revolve os grãos de areia, provocando, com isto, a
remoção dos flocos aí retidos, a água lava os espaços entre os grãos, levando,
consigo, os flocos removidos.
Por este motivo, em filtros desse tipo não é necessário expandir o leito
filtrante para lavá-lo.
A lavagem auxiliar com ar vem se mostrando muito útil para a lavagem de
leitos filtrantes múltiplos (compressores de baixa pressão, da ordem de 0,5
kgf/cm2, denominados sopradores, são utilizados com essa finalidade).
A prática brasileira tem sido a seguinte (veja Figura 10.41):
(a) Inicia-se a preparação do filtro a ser lavado fechando o acesso de água
decantada;
(b) deixa-se que a filtração da água continue até que uma lâmina d'água de
cerca de vinte centímetros persista sobre o leito filtrante;
(c) fecha-se a saída de água filtrada, pra que se dê início à operação de
lavagem; inicialmente, injeta-se apenas ar sob o leito filtrante, com velocidade
ascencional de cerca de 0,9 metro por minuto, durante alguns minutos (cerca de
4 minutos);
(d) em seguida, corta-se o ar e introduz-se a água para lavagem sob o filtro, com
velocidade ascencional adequada para a obtenção da expansão do leito (cerca
de 0,9 metro por minuto), permanecendo assim durante alguns minutos (cerca
de 4 minutos);
(e) cessada essa lavagem, o filtro pode ser colocado novamente em operação.
10-56
Fig. 10.41 - Lavagem auxiliar com ar
10-57
Fig. 10.42 - Equipamento para lavagem auxiliar com ar para pequenos
filtros de camada filtrante dupla construído na própria ETA
10-58
Os que recomendam esse procedimento têm observado que grande parte do
acúmulo de partículas no filtro ocorre na camada suporte, e não na camada de
areia.
Assim sendo, a descarga de fundo permite arrastar boa parte das partículas
acumuladas, após o que o filtro ainda se mantém em condições de prosseguir
filtrando durante um bom tempo.
Somente quando tanto a camada suporte quanto a camada de areia
estiverem muito sujas é que se realiza a lavagem propriamente dita.
O número de descargas de fundo que se pode realizar antes de se proceder
à lavagem do filtro de fluxo ascendente dependerá da eficiência desse
procedimento em cada estação de tratamento de água.
As descargas de fundo permitem economizar bom volume de água para
lavagem.
Da mesma forma, experiências mostraram a conveniência de se efetuar
também a lavagem auxiliar da camada suporte.
Alguns projetistas instalam, no interior da camada suporte desses filtros,
tubos perfurados, nos quais é introduzida água para lavagem (Figura 10.43).
10-59
v mf =
[ (γ
1,2845 x10 − 6.d 1,82 . γ H
2O
s −γ H
2O
)]
0,94
0,88
µH O
2
onde
γ H O = peso específico da água;
2
d = diâmetro da peneira que deixa passar 60% dos grãos do leito filtrante;
γs = peso específico da partícula constituinte do leito filtrante;
µ H O = viscosidade absoluta da água.
2
O valor de d pode ser obtido através das definições de tamanho efetivo e
coeficiente de uniformidade:
defetivo = d10%
cuni = d60%/d10%
Portanto.
d60% = defetivo . cuni
10-60
k = constante para um dado sistema;
h = coeficiente de expansão, determinado anteriormente.
Aplicando-se esta expressão para a velocidade mínima de fluidificação (na
qual a porosidade do leito filtrante é igual à sua porosidade inicial Po, uma vez
que, para essa velocidade, ainda não há expansão), obtém-se:
v
k = mf
Poµ
A mesma fórmula, aplicada à velocidade de lavagem do filtro, e com os
valores de h e k anteriores, permite calcular a porosidade do leito filtrante
expandido durante a lavagem:
v lavagem
P =η
k
Para o cálculo da profundidade do leito expandido, considere-se que a
profundidade L do leito filtrante sofra um acréscimo ∆L.
Nestas condições, o volume de vazios é acrescido de ∆Vv, = ∆L.A, onde A é
a área do leito filtrante.
Ora, o volume de vazios anterior era Vv,o = Po.Vo, onde Po é a porosidade
inicial e Vo é o volume inicial do leito.
Portanto:
Vv = Vv o + ∆V = Po .Vo + ∆L.A = Po .L.A + ∆L.A
Mas o volume de vazios é também igual ao novo volume do leito filtrante
vezes a nova porosidade:
Vv = A(L + ∆L ).P
Igualando as duas expressões, obtém-se:
A(L + ∆L ).P = Po .L.A + ∆L.A
∆L(1 + P ). = L.(P − Po )
P − Po
∆L = L
1− P
e a profundidade do leito expandido será:
Le = L + ∆L
P − Po
Le = 1 + L
1 − P
onde L é a profundidade do leito filtrante não expandido.
10-61
Coeficiente de uniformidade: 1,5
Massa específica: 2,65 g/cm3
Porosidade: 0,40
Resolução:
10-62
h) Velocidade ascencional:
va = 0,90 m/min = 0,015 m/s
i) porosidade do leito filtrante expandido:
0,015
P = 6,42 = 0,46
2,188
j) Expansão do leito filtrante:
0,46 − 0,40
Expansão (%) = x100 = 15%
0,40
k) Profundidade do leito expandido:
Le = L + ∆L
0,46 − 0,40
Le = 1 + x 0,45 = 0,50m
1 − 0,46
10-63
e obtém-se, finalmente:
hf ,L = (δ s − 1)(
. 1 − Pe ).Le
onde:
hf,L = perda de carga no leito filtrante expandido;
δs = densidade relativa dos grãos constituintes do leito filtrante;
Pe = porosidade do leito filtrante expandido;
Le = espessura do leito filtrante expandido, cuja determinação foi vista no Item
10.10.
Resolução:
Aplicando a expressão:
hf ,L = (δ s − 1)(
. 1 − Pe ).Le
aos dados e rersultados do Problema 10.10.1, obtém-se:
hf ,L = (2,65 − 1)(. 1 − 0,46 ).0,50 = 0,45m
A partir da expressão:
hf ,L = (δ s − 1)(
. 1 − Pe ).Le
se for admitido, simplificadamente, que:
(1 − Pe ).Le = (1 − P ).L
pode-se então escrever:
hf , L = (δ s − 1)(
. 1 − P ).L
Partindo dos seguintes valores:
* areia:
10-68
δs = 2,5
P = 0,4
* antracito
δs = 1,5
P = 0,5
10-64
hf ,L = 0,9.L
* antracito:
hf ,L = (1,5 − 1)(
. 1 − 0,5 ).L
hf ,L = 0,25.L
Resolução:
Resolução:
Conforme foi visto no Item 10.8.2.4 anterior, deve-se fazer com que a soleira
do vertedouro de água filtrada esteja posicionada numa altura tal que seja igual
10-65
à altura da(s) borda(s) da(s) calha(s) coletora(s) de água de lavagem mais uma
altura correspondente, no mínimo, à soma de todas as perdas de carga sofridas
pela água quando ela escoa, com vazão suficiente para propiciar a lavagem de
um filtro, através do fundo falso, da camada suporte, do leito filtrante e de
qualquer outra singularidade existente entre a câmara de água filtrada e a
calhacoletora de água de lavagem.
Serão, em seguida, calculadas todas essas perdas de carga.
Admitindo Cd = 0,61:
0,2 2 1
hf = . x = 0,169m
0,61x 0,3 x 0,6 2 x 9,8
10-66
· Perda de carga total:
0,225 + 0,113 = 0,338 m
10-67
Fig. 10.44 – Calhas coletoras de água de lavagem: seções transversais
10-68
Enquanto a escola americana recomenda colocar muitas calhas coletoras
sobre o filtro (Figura 10.47 (a)), a escola européia costuma adotar apenas um
vertedouro lateral ao longo de uma das paredes do filtro (Figura 10.47(b)).
A Norma Brasileira aceita a proposição européia, desde que a distância
entre a borda do vertedouro e a parede oposta não ultrapasse três metros.
No caso de se adotar a escola européia, é recomendável que seja prevista a
introdução de água na parede oposta, no sentido parede-vertedouro, capaz de
impedir a permanência de impurezas nas regiões de baixa velocidade, vide
Figura 10.47 (c).
De modo geral, aplicam-se a essas calhas as recomendações a seguir.
* O espaçamento entre suas bordas deve ser no mínimo de 1 metro e no
máximo igual a 6 vezes a altura livre da` água acima do leito expandido, não
devendo ser, entretanto, superior a 3 metros.
* A seção transversal das calhas deve ser simétrica em relação ao plano
longitudinal que passa por seu eixo. A parte inferior eve ter inclinação no sentido
longitudinal e transversal, de modo a evitar o depósito de material.
* Filtro com uma dimensão em planta igual ou inferior a 3 m pode ter a água de
lavagem diretamente descarregada em canal lateral, perpendicular a essa
dimensão.
10-69
Em se tratando de filtros ascendentes, em que a filtração é realizada no
mesmo sentido da lavagem, alguns projetistas preferem prever, como unidades
separadas, calhas coletoras de água filtrada e calhas coletoras de água de
lavagem.
Tais projetistas colocam as calhas coletoras de água de lavagem o mais próximo
possível do topo do leito filtrante, e as calhas coletoras de água filtrada bem mais
acima.
Essa providência teria por objetivo oferecer maior segurança às unidades
filtrantes, impedindo que a água de lavagem tenha acesso à calha coletora de
água filtrada.
Entretanto, na maioria dos filtros ascendentes, as calhas coletoras de água
filtrada e as calhas coletoras de água de lavagem constituem uma única
unidade.
Afirmam os defensores desta concepção que os filtros ascendentes
produzem água de boa qualidade durante a maior parte de suas carreiras de
filtração.
Assim sendo, o posicionamento altimétrico das calhas coletoras de água
filtrada não é importante.
Afirmam ainda que, caso ocorra algum fator capaz de propiciar a produção
de água filtrada de má qualidade, essa água rapidamente ocupará o espaço
acima do leito filtrante.
Assim sendo, novamente nesse caso, o posicionamento altmetrico das
calhas coletoras de água filtrada deixa de ser importante.
O dimensionamento dessas calhas é feito de forma idêntica à que é utilizada
para o dimensionamento das calhas coletoras de água decantada com descarga
livre (vide Item 9.5.4.2 deste livro):
3
Q = 1,38bh 2
Esta expressão, aplicável a calhas de seção retangular, permite determinar a
área da seção transversal de uma calha coletora de seção qualquer.
Assim, por exemplo, considere um filtro cujas dimensões, em planta, são
2,00 m x 3,00 m; e que será lavado utilizando-se a velocidade ascencional de
0,9 metro por minuto.
A vazão de lavagem correspondente será:
Q = 2 x 3 x 0,9 = 5,4 m3/minuto = 0,09 m3/s
Considere que cada uma das duas calhas coletoras de água de lavagem
proposta para esse filtro deverá ter seção transversal de formato semi-circular,
com diâmetro igual a 0,60 m.
No interior de uma calha de seção transversal retangular, de largura igual a 0,60
m, a altura da lâmina d'água em seu interior seria:
2
Q 3
h=
1,38b
10-70
2
0,09 3
h= = 0,228m
1,38 x 0,60
A área da seção de escoamento correspondente seria:
A = 0,60 x 0,228 = 0,136 m2
Ora, a área da seção transversal da calha de seção semi-circular de
diâmetro igual a 0,60 m é:
πD 2 π (0,60 )2
A= = = 0,141m
8 8
superior à área necessária, determinada anteriormente.
Assim sendo, conclui-se que as calhas propostas são adequadas.
10-71
• kt é o coeficiente correspondente às perdas de carga turbulentas, que
ocorrem no fundo falso, nas canalizações, comportas e demais singularidades
existentes em cada filtro.
Da mesma forma, foi visto que kL pode ser determinado para a situação em
que o filtro está limpo (ou recém-lavado), mas ele tende a aumentar, à medida
que o filtro vai se colmatando.
Assim sendo, será admitido que ele assuma os seguintes valores na
simulação:
• kL: o filtro está limpo (acabou de ser lavado);
• kL1: o filtro está parcialmente colmatado; ao atingir esse valor, o filtro mais
sujo do sistema estará sendo retirado para ser lavado;
• kL2: o filtro está mais colmatado ainda; ao atingir esse valor, o próximo filtro
mais sujo do sistema estará sendo retirado para ser lavado;
• kL3: o filtro está ainda mais colmatado; ao atingir esse valor, o próximo filtro
mais sujo do sistema estará sendo retirado para ser lavado;
• kL4: o filtro terá atingido seu grau máximo de colmatação, e deverá ser
imediatamente retirado do sistema para ser lavado.
Para efeito desta simulação, será adotada também a seguinte simbologia:
• hmín = perda de carga no sistema quando um dos filtros, recém-lavado, for
colocado em operação;
• hmáx = perda de carga no sistema no intante em que o filtro mais estiver para
ser retirado de operação;
• hlav = perda de carga no sistema na situação em que o filtro que estava mais
sujo estiver fora do sistema, pois estará em processo de lavagem.
(observe que as perdas de carga anteriores referem-se ao sistema como um
todo, uma vez que elas são as mesmas para todos os filtros, como foi visto).
• Q1 = vazão no filtro mais limpo, quando as quatro unidades estiverem
• operando;
• Q2 = vazão no filtro em processo de colmatação, quando as quatro unidades
estiverem operando;
• Q3 = vazão no filtro em processo de colmatação, mais colmatado que o
anterior, quando as quatro unidades estiverem operando;
• Q4 = vazão no filtro mais colmatado de todos, próximo a ser lavado, quando
as quatro unidades estiverem operando;
• Q'1 = vazão no filtro mais limpo, quando apenas três unidades estiverem
operando (o filtro mais sujo está sendo lavado);
• Q'2 = vazão no filtro em processo de colmatação, quando apenas três
unidades estiverem operando (o filtro mais sujo está sendo lavado);
• Q'3 = vazão no filtro em processo de colmatação, mais colmatado que o
anterior, quando apenas três unidades estiverem operando (o filtro mais sujo
está sendo lavado).
Seja Q a vazão total do sistema, igual à vazão afluente à ETA.
Então, tendo em vista que a soma das vazões dos filtros deverá ser igual à
vazão do sistema, pode-se escrever:
Q = Q1 + Q2 + Q3 + Q4 (1)
Q = Q’1 + Q’2 + Q’3 (2)
10-72
Além disto, e tendo em vista que, sendo a perda de carga no sistema (ou
seja, em cada filtro) igual a hmin, um dos filtros estará recém-lavado, pode-se
escrever:
hmin = kL.Q1 + kt.Q12 (3)
hmin = kL1.Q2 + kt.Q22 (4)
2
hmin = kL2.Q3 + kt.Q3 (5)
hmin = kL3.Q4 + kt.Q42 (6)
Na realidade, a jusante desses filtros existe ainda um vertedouro de água
filtrada, cuja equação tem a seguinte expressão geral:
h = kv.Qn
Cada filtro pode ter seu vertedouro próprio, ou pode haver um vertedouro
único para todos eles.
No primeiro caso, as equações anteriores são re-escritas da seguinte forma:
10-73
hmáx = kL1.Q1 + kt.Q12 + kv. Q1n (7)
hmáx = kL2.Q2 + kt.Q22 + kv. Q2n (8)
hmáx = kL3.Q3 + kt.Q32 + kv. Q3n (9)
hmáx = kL4.Q4 + kt.Q42 + kv. Q4n (10)
10-74
Q1; Q2; Q3; Q4.
Q'1; Q' 2; Q'3
hmin; hmáx
kL1; kL2; kL3; kL4.
10-75
Resolução:
10-76
2
k 4Q
hf = ∑ .
2
2g πD
2
k 4Q
hf = ∑ .
2g π (0,25 )
2
hf = 21,17(∑ k )Q 2
onde Σk é determinada a seguir.
Singularidade K
1 entrada normal em canalização 0,50
1 tê passagem direta 0,60
1 registro de gaveta, aberto 0,20
1 saída de canalização 1,0
Portanto:
Σk = 2,30
hf = 21,17 x 2,30 Q2
h f = 49 Q2
10-77
Q1 = 0,0664 m3/s
Q2 = 0,0547 m3/s
Q3 = 0,0440 m3/s
Q4 = 0,0349 m3/s
Q’1 = 0,0792 m3/s
Q’2 = 0,0665 m3/s
Q’3 = 0,0544 m3/s
hmín = 1,179 m
hmáx = 1,547 m
kL1 = 10,864 m/ (m3/s)
kL2 = 17,649 m/ (m3/s)
kL3 = 26,140 m/ (m3/s)
kL4 = 36,585 m/ (m3/s)
A Figura 10.49 apresenta os gráficos representativos do desempenho do
sistema de filtros.
10-78
Questões para recapitulação
(respostas no final deste Item)
10-79
18. Um sistema de taxa declinante variável é composto por diversos filtros
funcionando em paralelo, sendo a água filtrada conduzida até um vertedouro,
geralmente posicionado de tal forma que sua soleira assegura um nível d'água
no interior de cada filtro de, no mínimo, dez centímetros.
19. Em sistemas de taxa declinante variável pode haver um vertedouro apenas,
comum a todos os filtros, acima do topo do leito filtrante, ou um vertedouro a
jusante de cada filtro.
20. O sistema de taxa declinante variável funciona distribuindo menos água para
os filtros mais limpos e mais água para os filtros mais sujos.
21. No sistema de taxa declinante variável a carga (ou seja, o nível d'água no
interior dos filtros) varia, aumentando à medida que os filtros vão se colmatando.
22. Os sistemas de taxa declinante variável são capazes de produzir água de
excelente qualidade, e vêm sendo implantados na maioria das estações de
tratamento de água brasileiras.
23. Basicamente, os materiais utilizados nos filtros das estações de tratamento
de água são granulares, especificados adequadamente, sendo normalmente
utilizados, com essa finalidade, o antracito e a areia.
24. Na maioria das estações de tratamento de água brasileiras, os materiais
filtrantes ficam estratificados no interior dos filtros.
25. A estratificação ocorre porque a lavagem dos filtros é feita com uma
velocidade ascencional da água de lavagem suficiente para fluidificar o leito
filtrante.
26. Existem filtros constituídos de leitos não estratificados, que são lavados sem
que se expanda o leito filtrante (lava-se simultaneamente com ar e água).
27. Sendo o antracito mais denso que a areia, todas as vezes que o filtro de
camada dupla for lavado em contracorrente a areia subirá mais que o antracito.
Terminada a lavagem, a areia ficará por cima e o antracito por baixo.
28. Normalmente, a camada suporte é constituída de seixos rolados, colocados
em camadas sucessivas, umas sobre as outras, de forma a possibilitar a
ransição entre o tamanho dos grãos do leito filtrante e o tamanho dos orifícios
do fundo falso.
29. Durante a filtração em filtros de fluxo descendente, os fundos falsos coletam
a água filtrada, sob a camada filtrante, e, por ocasião da lavagem dos filtros, os
fundos falsos distribuem uniformemente, no leito filtrante, a água destinada a
esse fim.
30. Alguns modelos de bocais apresentam ranhuras tão pequenas que
possibilitam a colocação da camada suporte entre o fundo falso e o leito filtrante.
31. É possível construir, no próprio canteiro de obras, diferentes modelos de
fundos falsos.
32. No Brasil, têm sido utilizadas as denominadas vigas californianas na
construção de fundos falsos.
33. Normalmente, nas ETAs brasileiras, a lavagem é efetuada introduzindo água
tratada em contracorrente no filtro a ser lavado, com velocidade suficiente para
fluidificar o leito filtrante.
34. Algumas vezes, nas ETAs brasileiras, efetua-se também a lavagem auxiliar,
com água ou com ar.
10-80
35. O volume de água a ser armazenado pelo reservatório de água para
lavagem dos filtros deve ser suficiente para promover a lavagem de, pelo menos,
um filtro.
36. Em alguns casos, deixa-se de construir o reservatório de água para lavagem
dos filtros em cota adequada para que a lavagem possa ser realizada por
gravidade, e lava-se cada filtro utilizando a água recalcada por conjuntos
motobomba especialmente instalados para esse fim.
37. Algumas estações de tratamento de água possuem sistemas autolaváveis de
filtros.
38. A lavagem auxiliar dos filtros permite melhorar o desempenho da operação
de lavagem do filtro (o que possibilita, também, economizar água de lavagem).
39. O corte da superfície dos filtros com jato d’água permite quebrar a crosta
superficial de sujeira que se forma sobre ela, reduzindo a possibilidade de
formação das denominadas (e indesejáveis) bolas de lama.
40. As bolas de lama aderem as partículas de impurezas que se deseja filtrar,
permitindo obter água filtrada de melhor qualidade.
41. Filtros que utilizam leitos filtrantes de areia com grande espessura utilizam a
lavagem auxiliar com ar simultaneamente com a lavagem ascencional com água.
42. A lavagem auxiliar com ar vem se mostrando inútil para a lavagem de leitos
filtrantes múltiplos.
43. De modo geral, deve-se preferir calhas coletoras de água de lavagem que
tenham seção de fundo em forma de vê, ou as arredondadas.
44. A altura do fundo da calha em relação ao topo do leito filtrante não é
importante.
45. O número de calhas coletoras de água de lavagem a instalar no interior dos
filtros rrápidos de fluxo descendente é tema controvertido.
46. Filtros russos e clarificadores de contato são denominações outrora
utilizadas para designar os filtros ascendentes.
47. No interior do meio granular existente nos filtros ascendentes ocorrem,
simultaneamente, a floculação, a decantação e a filtração.
48. Basicamente, os filtros ascendentes são constituídos por uma fina camada
de areia colocada sobre uma espessa camada suporte de seixos rolados.
49. A lavagem dos filtros ascendentes é efetuada injetando-se água para
lavagem da forma oposta – de cima para baixo – com velocidade suficiente para
expandir o leito de areia.
50. Uma limitação dos filtros ascendentes é o teor de sólidos, que pode fazer
com que eles sujem rapidamente.
51. A camada suporte ideal exerce importante papel na filtração ascendente. É
grande a quantidade de sólidos retidos em seu interior.
52. Nos filtros ascendentes de taxa constante e carga variável, a água
coagulada é distribuída a cada filtro através, por exemplo, de vertedouros com
descarga livre, que asseguram a distribuição de vazões iguais a todos eles.
53. Nos filtros ascendentes de taxa e carga variáveis, a água coagulada é
distribuída a cada filtro através de um sistema afogado.
54. A areia utilizada em filtros ascendentes é semelhante à utilizada em filtros de
fluxo descendente, diferindo apenas quanto à sua granulometria e espessura.
10-81
55. Nos filtros de fluxo descendente, a camada suporte depende do material
filtrante a ser colocado sobre ela e do fundo falso sobre o qual ela se apóia.
56. Existe uma infinidade de tipos de fundos falsos - tantos quantos se desejar
inventar.
57. No caso dos filtros de fluxo ascendente, tanto durante a filtração quanto por
ocasião da lavagem dos filtros, os fundos falsos distribuem uniformemente, no
leito filtrante, a água destinada a esse fim.
58. Nos filtros de fluxo ascendente, não há o risco de que os fundos falsos
estejam cheios de água coagulada.
59. O projetista atento cuida para que a água afluente aos filtros ascendentes
passe por pré-tratamento adequado ao tipo de fundo falso - e vice-versa.
60. O custo dos fundos falsos patenteados pode tornar-se elevado,
inviabilizando sua utilização.
61. Blocos cerâmicos utilizados em fundos falsos de filtros ascendentes devem
ser instalados com dispositivos que permitam lavar-lhes internamente, através
da injeção de água para lavagem em seção oposta à saída de água de lavagem.
62. A necessidade de se lavar o filtro ascendente é determinada por um dos
seguintes fatores:
(i) se o filtro sujar mais, a câmara distribuidora de água aos filtros transbordará;
(ii) se ele continuar filtrando, a qualidade da água poderá deteriorar-se.
63. Experiências têm mostrado a conveniência de se efetuar, também, a
lavagem auxiliar da camada suporte.
64. O posicionamento altimétrico do reservatório de água para lavagem por
gravidade deverá ser tal que, para a vazão necessária à lavagem do filtro, ele
seja capaz de vencer o desnível altimétrico mais as perdas de carga que
ocorrerão no trajeto reservatório - calha coletora de água de lavagem.
65. O reservatório de água para lavagem nunca deve ser construído sobre a
casa de química.
66. Recentemente, estudos experimentais têm concluído pela vantagem de se
proceder a descargas de fundo nos filtros ascendentes, várias vezes antes de se
proceder à lavagem propriamente dita.
67. Alguns projetistas vêm introduzindo, no interior da camada suporte de filtros
ascendentes, tubulações perfuradas, no interior das quais é introduzida água
para lavagem.
68. Camadas suporte do tipo simétrico diferem das usuais porque, enquanto
nestas, os grãos apresentam diâmetros sempre decrescentes de baixo para
cima, na camada simétrica os diâmetros decrescem e depois voltam a crescer
de baixo para cima.
69. De modo geral, deve-se preferir as calhas coletoras de água de lavagem que
tenham seção de fundo em forma de V, ou as arredondadas.
70. O fundo das calhas de fundo chato costuma acumular certa parcela da
sujeira originária da lavagem do filtro; após cessada a lavagem, ela cairá
novamente sobre o leito filtrante recém-lavado.
10-82
Respostas:
1(v); 2(v); 3(f); 4(v); 5(v); 6(v); 7(v); 8(v); 9(f); 10(v); 11(v); 12(v); 13(v); 14(v);
15(v); 16(f); 17(v); 18(v); 19(v); 20(f); 21(v); 22(v); 23(v); 24(v); 25(v); 26(v); 27(f);
28(v); 29(v); 30(v); 31(v); 32(v); 33(v); 34(v); 35(v); 36(v); 37(v); 38(v); 39(v);
40(f); 41(v); 42(f); 43(v); 44(f); 45(v); 46(v); 47(v); 48(f); 49(f); 50(v); 51(v); 52(v);
53(v); 54(v); 55(v); 56(v); 57(v); 58(f); 59(v); 60(v); 61(v); 62(v); 63(v); 64(v);
65(f); 66(v); 67(v); 68(v); 69(v); 70(v);
Referências bibliográficas
10-83
11.1 Generalidades
11-1
11.2.1 Introdução
11.2. Desinfecção
11.2.2. Cloração
11-3
O cloro combina-se com a água e com as impurezas presentes, para formar
vários compostos. Algumas substâncias formadas são muito ativas
(bactericidas), outras são desinfetantes mais fracos, formando-se, ainda,
compostos inativos.
Ao se examinar o efeito bactericida da cloração, é essencial conhecer os
compostos repoduzidos na água, os quais dependem da natureza das
impurezas presentes e do pH da água. Dois casos podem ser considerados:
O cloro gasoso dissolvido com água pura (ou suficientemente pura) reage
completamente para formar àcido hipocloroso (HCIO):
Cl2 + H2O • HClO- + HCl
O ácido hipocloroso, por sua vez, se dissocia em:
HOCl • ClO- + H+
A extensão dessa dissociação dependerá do pH da água:
pH = 5: apresenta-se apenas HOCl (OCl ausente)
pH = 9: apresenta-se cerca de 4% de HOCl e 96% de ClO-
Em determinas condições, ClO- é apenas cerca de 2% de bactericida quanto
o HCIO
Conclui-se portanto, que o pH é um fator muito importante na cloração das
águas e que a desinfecção é mais eficiente em pH baixo. Isto é mostrado na
Figura 11.2 (curva correspondente ao residual livre).
Quando o cloro é aplicado às águas que não sejam puras( águas brutas), as
substâncias existentes, principalmente a matéria orgânica e a amônia, são
responsáveis por reações secundárias, entre as quais mais importantes são:
• As que levam à formação de cloretos inativos;
• As que causam a formação de cloraminas: monocloramina (NH2CI),
dicloramina (NHCI2) e cloraminas complexas, estas últimas em pequena
quantidade, sendo por isto desprezadas nas considerações.
As cloraminas responsáveis pela desinfecção neste caso têm sua formação
também condicionadas pelo pH:
• pH acima de 8,5: apenas monocloramina;
• pH = 7,0: cerca de 50% monocloramina;
• pH entre 4,4 e 5,0: apenas dicloramina
Os residuais combinados de cloro estão sujeitos ao fenômeno da hidrólise
produzindo maior ou menor quantidade de ácido hipocloroso.
As monocloraminas apresentam constantes hidrólise muito baixas, formando
quantidades de ácido hipocloroso muito pequenas, ao passo que as
dicloraminas produzem maior quantidade de HOCI e, por isso, apresentam
melhor efeito bactericida.
11-4
As cloraminas com desinfetantes diferem do HOCI. Os residuais são muito
estáveis, porém de ação lenta.
A dicloramina é muito mais ativa que a monocloramina (em certos casos,
cerca de três vezes).
Por outro lado, comparando-se a dicloramina com o HCOI na destruição de
esporos do bacilo Anthracis, após um período de contato de 30 minutos, a
dicloramina mostrou ter um poder desinfetante apenas 15% do correspondente
ao HOCI.
Devido à ação do íon OCI (pouco eficaz) na cloração com residual livre de
cloro, as cloraminas são mais eficientes na destruição de cistos com o pH acima
de 7,5.
A figura 11.2 mostra a distribuição percentual de mono e dicloraminas nas
águas dom pH desde 5 até 10.
11-6
tratamento de águas brasileiras.
Vem acomodado em containers de aço, normalmente contendo 45 kg ou
900 kg desse gás (neste último caso, é denominado cilindro de tonelada). Em
estações de tratamento de água de grande porte, ele pode também ser fornecido
em carretas. Por se encontrar pressurizado, o cloro permanece quase todo no
estado líquido, estando sob forma gasosa apenas em sua parte superior.
Os cilindros de 45 kg são utilizados na posição vertical, enquanto que os
cilindros de tonelada são utilizados na posição horizontal. Dos primeiros, o cloro
molecular é sempre extraído da parte superior e, portanto, sempre sob a forma
gasosa. Já nos cilindros de tonelada, o cloro pode ser extraído sob a forma
gasosa ou líquida conforme se abra seu terminal superior ou inferior (vide Figura
11.4).
De modo geral, o cloro é extraído dos cilindros sob a forma gasosa, tendo
em vista que os dosadores de cloro disponíveis no mercado trabalham com o
produto sob essa forma.
É preciso ter cuidado na extração do gás do cilindro. Isto porque, ao sair, o
gás é substituído por igual peso de cloro líquido que se vaporiza absorvendo
calor reduzido a temperatura ao redor do cilindro e das canalizações, podendo
produzir congelamentos, caso a temperatura ambiente e a circulação do ar não
sejam adequadas para evitá-los.
Admite-se como adequada a retirada de até 0,8 Kg de gás cloro por hora
dos cilindros pequenos, e até 7 kg de gás por hora dos cilindros grandes. Se for
necessário efetuar tiragens maiores, pode-se interligar os cilindros a um
barrilete, forma a não ultrapassar a tiragem máxima recomendada de cada
cilindro.
A construção de grandes barriletes pode ser evitada se a tiragem de cloro
for feita sob forma líquida. Admite-se que essa solução sé é vantajosa para
consumos superiores a 500 kg por dia, e nesse caso é necessário fazer com que
o cloro líquido passe por evaporadores antes de ser conduzido aos cloradores.
Embora existam dosadores de cloro do tipo de pressão, de modo geral as
instalações brasileiras utilizam os denominados cloradores de vácuo. A Figura
11.6 ilustra esquematicamente o funcionamento de uma instalação de cloração
equipada com esse tipo de clorador.
A parte do equipamento denominado ejetor (ou injetor, como preferem
outros: trata-se apenas de uma questão de ponto de referência) é basicamente
um Venturi, que produz um vácuo capaz de succionar o gás cloro. Esse gás será
misturado à água afluente ao ejetor, formando uma solução fortemente clorada
(vide Tabela 11.2 para solubilidade do cloro na água).
A válvula redutora de pressão assegura que o gás cloro, após passar por
ela, estará a uma pressão praticamente constante, e muito próxima da pressão
atmosférica. Assim sendo, mesmo que a pressão do cloro no interior do cilindro
varie, a pressão do gás cloro que chega ao ejetor praticamente não varia.Desta
forma, desde que a vazão da água sob pressão que chega ao ejetor não varie, a
quantidade de gás cloro puxada pelo ejetor será constante, pra dada regulagem
da válvula reguladora de fluxo de gás cloro.
11-7
Figura 11.4 – Métodos para aplicação de solução de gás cloro na água em
tratamento 6
11-8
Como qualquer equipamento hidráulico, o ejetor tem sua curva
característica, ou seja, para cada vazão que o atravessa, ele tem uma perda de
carga correspondente.
Essa curva pode ser apresentada de forma como ilustra a Figura 11.7, ou
em forma de tabelas.
Temperatura Solubilidade
ºC (g/l)
10 10,0
20 7,3
30 5,7
40 4,6
50 3,9
60 3,3
70 2,8
80 2,2
90 1,3
100 0
11-9
Fig. 11.6– Esquema de uma instalação cloradora com clorador a vácuo
11-10
Fig. 11.8 – Elementos necessários à seleção do ejetor
11.3. Fluoretação
11-11
TABELA 11.3 - Concentrações de Ótimas (Cót) de Íon Flúor nas Águas de
Abastecimento, em Função da Temperatura Média (Tm)
11.4. Correção do pH
11-13
De modo geral, seu volume útil é calculado para conter o volume de água
produzido pela estação de tratamento de água durante 30 minutos.
Considere, por exemplo, que uma estação de tratamento de água produz à
vazão de 150 litros por segundo, e que, a jusante dela, seja necessário construir
um reservatório de compensação.
O volume útil desse reservatório deverá ser:
V = 150 x 60 x 30 = 270000 litros = 270m³
1.(v); 2.(v); 3.(f); 4.(v); 5.(v); 6.(v); 7.(f); 8.(v); 9.(f); 10.(v); 11.(f); 12.(v); 13.(f);
14.(v); 15.(f); 16.(v); 17.(f); 18.(v); 19.(v); 20.(f); 21.(v); 22.(v); 23.(v); 24.(f);
25.(v); 26.(v); 27.(v); 28.(f); 29.(v); 30.(v).
Referências bibliográficas
11-16
TUBOS:
RUGOSIDADE EQUIVALENTE k (mm)
2. Tubo de Concreto
2.1 Acabamento bastante rugoso: executado com
formas de madeira muito rugosas; concreto pobre
com desgastes por erosão; juntas mal alinhadas 2,0
2.2 Acabamento rugoso: marcas visíveis de formas 0,5
2.3 Superfície inteira alisada a desempenadeira;
juntas bem feitas 0,3
2.4 Superfície obtida por centrifugação 0,33
2.5 Tubo de superfície lisa, executado por formas
metálicas, acabamento médio com justas bem cuidadas 0,12
2.6 Tubo de superfície interna bastante lisa, executado
com formas metálicas, acabamento esmerado,
e juntas cuidadas 0,06
A1-1
5. Tubo Plástico 0,06
6. Tubos usados
6.1 Com camada inferior a 5 mm 0,6 a 3,0
6.2 Com incrustações de Iodo ou
de gorduras inferiores a 25 mm 6,0 a 30,0
6.3 Com material sólido arenoso depositado de forma irregular 60,0 a 300
A1-2
VALORES DE (n) DAS FÓRMULAS DE
GANGUILLET E KUTTER E DE MANNING
A2-1
Valores de (n), segundo Bandini
(Fonte: Hidráulica – Vol I – Prof. Alfredo Bandini)
Material das paredes Valores de (n)
Alvenaria das pedras brutas 0,020
Alvenaria de pedras retangulares 0,017
Alvenaria de tijolos, sem revestimento 0,015
Alvenaria de tijolos, revestida 0,012
Canais de concreto, acabamento ordinário 0,014
Canais com revestimento muito liso 0,010
Canais de terra, em boas condições 0,025
Canais de terra, com plantas aquáticas 0,035
Canais irregulares e mal conservados 0,040
Condutos de madeira aparelhada 0,011
Manilhas cerâmicas 0,013
Tubos de aço soldado 0,011
Tubos de concreto 0,013
Tubos de ferro fundido 0,012
Tubos de cimento amianto 0,011
Canais de concreto, com acabamento liso 0,012
A2-2
A.3.1. Dimensões padronizadas (cm)
W A B C D E F G K N
pol cm
1” 2,5 36,3 35,6 9,3 16,8 22,9 7,6 20,3 1,9 2,9
3” 7,6 46,6 45,7 17,8 25,9 38,1 15,2 30,5 2,5 5,7
6” 15,2 62,1 61,0 39,4 40,3 45,7 30,5 61,0 7,6 11,4
9” 22,9 88,0 86,4 38,0 57,5 61,0 30,5 45,7 7,6 11,4
1’ 30,5 137,2 134,4 61,0 84,5 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9
1,5’ 45,7 144,9 142,0 76,2 102,6 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9
2’ 61,0 152,5 149,6 91,5 120,7 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9
3’ 91,5 167,7 164,5 122,0 157,2 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9
4’ 122,0 183, 179,5 152,5 193,8 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9
5’ 152,5 198,3 194,1 183,0 230,3 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9
6’ 183,0 213,5 209,0 213,5 266,7 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9
7’ 213,5 228,8 224,0 244,0 303,0 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9
8’ 244,0 244,0 239,2 274,5 340,0 91,5 61,0 91,5 7,6 22,9
10’ 305,0 274,5 427,0 366,0 475,9 122,0 91,5 183,0 5,3 34,3
Fonte: AZEVEDO NETTO, J. M. de. Manual de hidráulica, 6.ed. São Paulo, Edgard Blücher, 1973
A3-1
A.3.2. Cálculo da vazão em medidores Parshall
Q = k.Hn
Unidades métricas: [Q] m3/s; [H} = m
Unidades inglesas: [Q] cfs; [H} = pol
W n k
pol cm métricas inglesas
3” 7,6 1,547 0,176 0,992
6” 15,2 1,580 0,381 2,06
9” 22,9 1,530 0,535 3,07
1’ 30,5 1,522 0,690 4,00
1,5’ 45,7 1,538 1,054 6,00
2’ 61,0 1,550 1,426 8,00
3’ 91,5 1,566 2,182 12,0
4’ 122,0 1,578 2,935 16,00
5’ 152,5 1,587 3,728 20,00
6’ 183,0 1,595 4,515 24,00
7’ 213,5 1,601 5,306 28,00
8’ 244,0 1,606 6,101 32,00
Fonte: AZEVEDO NETTO, J. M. de. Manual de hidráulica, 6.ed. São Paulo, Edgard Blücher, 1973
onde:
[Q] cfs;
[W} = ft
[Ha} = ft
A3-2
A3.3. Vazões em medidores Parshall (litros por segundo)
Adaptado de: AZEVEDO NETTO, J. M. de. Manual de hidráulica, 6.ed. São Paulo, Edgard
Blücher, 1973
A3-3
A3.4. Medidores Parshall para promover a mistura rápida
Q W = 3” W = 6” W = 9” W = 12”
(L/s) Ha [m] U [m/s] Ha [m] U [m/s] Ha [m] U [m/s] Ha [m] U [m/s]
20 0,25 1,6
30 0,31 2,0
50 0,45 2,2 0,28 1,8
75 0,36 2,0 0,27 1,8
100 0,44 2,3 0,34 2,0 0,28 1,8
150 0,44 2,3 0,37 2,0
200 0,45 2,2
Fonte: PARLATORE, A. C. Técnica de abastecimento e tratamento de água, vol II. São Paulo,
CETESB, 1974.
A3-4
Peso específico Viscosidade Viscosidade
T Densidade (µ) absoluta cinemática (ν)
3 2 2
(ºC) (δ) [kgf/m ) [kgf.s/m ] [m /s]
0 0,99987 999,87 0,0001828 0,000001792
2 0,99997 999,97 0,0001707 0,000001673
4 1,00000 1000,00 0,0001598 0,000001567
5 0,99999 999,99 0,0001548 0,000001519
10 0,99973 999,73 0,0001335 0,000001308
15 0,99913 999,13 0,0001167 0,000001146
20 0,99823 998,23 0,0001029 0,000001007
30 0,99567 995,67 0,0000815 0,000000804
40 0,99224 992,24 0,0000666 0,000000569
50 0,988 988 0,0000560 0,00000556
60 0,983 983 0,0000479 0,000000478
70 0,978 978 0,0000415 0,000000416
80 0,972 972 0,0000364 0,00000367
90 0,965 965 0,0000323 0,00000328
100 0,958 958 0,0000290 0,00000296
Fonte: AZEVEDO NETTO, J. M. de. Manual de hidráulica, 6.ed. São Paulo, Edgard Blücher, 1973
A4-1
MEIOS GRANULARES: ESFERICIDADE E FATOR DE FORMA
A5-1
As, e 4πR 2 3 6
= = =
Ve 4 R de
πR 3
3
e, portanto:
As, p As, p As,e 1 As,e 6
S= de = de = de =
Vp As,e V p Ce Ve Ce
Assim sendo, as formas indicativas das esferas são:
Coeficiente de esfericidade: Ce = 1,0
Fator de forma: S = 6 / Ce = 6,0
Estes são, respectivamente, o valor mais alto de Ce, e o menorpossível de
S.
Na Figura A5.1 e na Tabela que a acompanha estão mostrados valores
tabelados de Ce e S de medições efetuadas por Carman (CARMAN. P. C. – Fluid
flow through granular beds – Trans. Inst. Engrs, London, 15, 150, 1937).
Esse autor atribui o pequeno valor de Ce=0,28 à esfericidade das lâminas de
mica. Em conseqüência, o fator de forma é elevado (S = 21,4), originando uma
grande resistência hidráulica.
A5-2
A6-1
PERDAS DE CARGA LOCALIZADAS: COEFICIENTE (k)
Peça Peça k
k
Ampliação gradual 0,30* Junção 0,40
Bocais 2,75 Medidor Venturi 2,50**
Comporta aberta 1,00 Redução Gradual 0,15*
Cotovelo de 90º 0,90 Registro de ângulo aberto 5,00
Cotovelo de 45º 0,40 Registro de gaveta aberta 0,20
Crivo 0,75 Registro de globo aberto 10,00
Curva de 90º 0,40 Saída de canalização 1,00
Curva de 45º 0,20 Tê passagem direta 0,60
Entrada normal 0,50 Tê saída de lado 1,30
Entrada de borda 1,00 Tê saída bilateral 1,80
Velocidade 1,00 Válvula de pé 1,75
Válvula de retenção 2,75
A7-1
A 8.1 Filtros Rápidos
1
HUDSON JR, H.E. – Declining rate filtration – JAWWA: Denver, 51, 1455(1959).
A8-1
A 8.2 Filtros Lentos
Para esse tipo de filtros, Azevedo Netto e Hespanhol2 afirmam ter a prática
mostrado que as espessuras que apresentam melhores resultados são aquelas
que variam entre 0,90 m e 1,20 m.
Segundo esses mesmos autores, com relação à granulometria, recomenda-
se empregar material cujo tamanho efetivo oscila entre 0,25 mm e 0,35 mm e
cujo coeficiente de uniformidade esteja entre 2 e 3.
2
AZEVEDO NETTO, J. M. DE,Hespanhol, I – Filtração lenta in: CETESB – Técnica de
abastecimento e tratamento de água, Vol.II – CETESB, São Paulo, 1974
A8-2
A transição entre o leito filtrante e o fundo falso é feita através da camada
suporte. De sua implantação em condições adequadas dependem:
a) a adequada distribuição da água de lavagem em todo o leito filtrante,
uniformizando-o, desde os orifícios do fundo falso até a porção inferior do
leito;
b) o bloqueio do transporte dos grãos do leito filtrante até os orifícios do
fundo falso.
Tipos especiais de fundo falso, tais como os constituídos por placas porosas
(quase nunca utilizados no Brasil) podem prescindir da camada suporte.
Segundo ARBOLEDA V. (CEPIS – Teoria, diseño y control de los processos
de clarificación del agua, Lima, CEPIS, 1973), esses tipos são patenteados pela
Carborundum Co., dos Estados Unidos da América, sendo fabricados utilizando
grãos relativamente grandes de óxido de alumínio, miturados com cerâmica e
fundidos a 1200º C.
Os fabricantes de fundos falsos apresentam suas recomendações para a
construção da camada suporte.
As Companhias de Saneamento, em função da experiência adquirida na
operação de seus sistemas de abastecimento de água, costumam normalizar as
camadas suporte a serem utilizadas em projetos de filtros, bem como as
características de seus leitos filtrantes (ver Figura A9-1).
Fig. A9.1 – Camada suporte padronizada pela COPASA para fundos do tipo
vigas californianas
A9-1
Na ausência de tais elementos, podem ser seguidas as orientações
apresentadas por Fair, Geyer & Okun (Filtración, in: Ingenieria sanitaria y de
aguas residuales – Vol. II – Purificación de aguas y tratamiento y remoción de
aguas residuales – México, Limusa, 1971), aplicável a sistemas drenantes
constituídos por tubulações perfuradas, e que se transcreve a seguir.
A profundidade l, em polegadas, de um estrato componente de camadas
suporte, de diâmetro D polegadas, onde D > 2/64 polegadas (0,119 cm) pode ser
calculada com aproximação bastante satisfatória através da expressão:
l = k (log D + 1.40)
onde k varia entre 10 e 14.
São colocadas pedras que podem chegar a ter diâmetro até 3 polegadas
(7,6 cm), mas em geral não são maiores que 2 polegadas (5,1 cm), próximo aos
tubos.
Para manter o pedregulho graduado em seu lugar durante a retrolavagem,
ele deve ser colocado cuidadosamente. De fato, os tamanhos maiores deveriam
ser colocados manualmente em seus lugares.
(Nota do autor: para as unidades usualmente empregadas em nossos
projetos: [D] = mm; [l] = m; a equação anterior pode ser reescrita:
l = k log D
onde k varia entre 0,2531 e 0,3543)
Exemplo A 9 – 1
Resolução:
A9-2
Fig. A9-2 – Seqüências (a) assimétrica e (b) simétrica da camada suporte de
um leito de areia
A9-3
Exemplo A 9 – 2
Resolução:
A9-4
FUNDOS DE FILTROS: DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS DE
TUBULAÇÕES PERFURADAS
D I L = 20 cm L = 25 cm L = 30 cm
N Q C N Q C N Q C
mm pol cm /m² 1/s m /m² 1/s m /m² 1/s m
6,3 1/4 7,5 66 0,23 2,6 53 0,28 3,8 44 0,34 6,0
9,5 3/8 15,0 33 0,46 2,1 26 0,58 3,4 20 0,75 6,0
12,7 ½ 20,0 25 0,60 1,3 20 0,75 1,8 16 0,94 2,8
15,8 5/8 25,0 20 0,75 0,7 16 0,94 1,1 13 1,15 1,6
19,0 3/8 30,0 16 0,93 0,5 13 1,15 0,8 11 1,36 1,2
Nomeclatura:
D = Diâmetro dos orifícios
I = distância, eixo a eixo, entre os orifícios
L = Espaçamento entre laterais
N = número de orifícios
Q = vazão por orifícios
C = perda de carga
A10-2
VERTEDOUROS TRIANGULARES (*)
Notas:
A11-1
VERTEDOUROS RETANGULARES (*)
Notas:
A12-1
Ministério do Meio Ambiente
Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama
Resolução nº 357, de 17 de março de 2005
A13-1
Considerando os termos da Convenção de Estocolmo, que trata dos
Poluentes Orgânicos Persistentes - POPs, ratificada pelo Decreto Legislativo nº
204, de 7 de maio de 2004;
CAPÍTULO I
DAS DEFINIÇÕES
A13-2
IV - ambiente lêntico: ambiente que se refere à água parada, com movimento
lento ou estagnado;
XVIII - efeito tóxico crônico: efeito deletério aos organismos vivos causado por
agentes físicos ou químicos que afetam uma ou várias funções biológicas dos
organismos, tais como a reprodução, o crescimento e o comportamento, em um
período de exposição que pode abranger a totalidade de seu ciclo de vida ou
parte dele;
XXXV - tributário (ou curso de água afluente): corpo de água que flui para um rio
maior ou para um lago ou reservatório;
XXXVI - vazão de referência: vazão do corpo hídrico utilizada como base para o
processo de gestão, tendo em vista o uso múltiplo das águas e a necessária
articulação das instâncias do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA e
do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos- SINGRH;
XXXVIII - zona de mistura: região do corpo receptor onde ocorre a diluição inicial
de um efluente.
CAPÍTULO II
DA CLASSIFICAÇÃO DOS CORPOS DE ÁGUA
Seção I
Das Águas Doces
c) à pesca amadora;
e) à dessedentação de animais.
a) à navegação; e
b) à harmonia paisagística.
Seção II
Das Águas Salinas
a) à pesca amadora; e
a) à navegação; e
b) à harmonia paisagística.
Seção II
a) à pesca amadora; e
a) à navegação; e
A13-8
b) à harmonia paisagística.
CAPÍTULO III
DAS CONDIÇÕES E PADRÕES DE QUALIDADE DAS ÁGUAS
Seção I
Das Disposições Gerais
Art. 13. Nas águas de classe especial deverão ser mantidas as condições
naturais do corpo de água.
Seção II
Das Águas Doces
A13-11
m) pH: 6,0 a 9,0.
A13-12
3,7mg/L N, para pH < 7,5
A13-13
Glifosato 65 µg/L
Gution 0,005 µg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,01 µg/L
Hexaclorobenzeno 0,0065 µg/L
Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,05 µg/L
Lindano (γ-HCH) 0,02 µg/L
Malation 0,1 µg/L
Metolacloro 10 µg/L
Metoxicloro 0,03 µg/L
Paration 0,04 µg/L
PCBs - Bifenilas policloradas 0,001 µg/L
Pentaclorofenol 0,009 mg/L
Simazina 2,0 µg/L
Substâncias tensoativas que reagem com o 0,5 mg/L LAS
azul de metileno
2,4,5–T 2,0 µg/L
Tetracloreto de carbono 0,002 mg/L
Tetracloroeteno 0,01 mg/L
Tolueno 2,0 µg/L
Toxafeno 0,01 µg/L
2,4,5-TP 10,0 µg/L
Tributilestanho 0,063 µg/L TBT
Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB) 0,02 mg/L
Tricloroeteno 0,03 mg/L
2,4,6-Triclorofenol 0,01 mg/L
Trifluralina 0,2 µg/L
Xileno 300 µg/L
III - Nas águas doces onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de
consumo intensivo, além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo,
aplicam-se os seguintes padrões em substituição ou adicionalmente:
A13-14
Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 µg/L
3,3-Diclorobenzidina 0,028 µg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,000039 µg/L
Hexaclorobenzeno 0,00029 µg/L
Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 µg/L
PCBs - Bifenilas policloradas 0,000064 µg/L
Pentaclorofenol 3,0 µg/L
Tetracloreto de carbono 1,6 µg/L
Tetracloroeteno 3,3 µg/L
Toxafeno 0,00028 µg/L
2,4,6-triclorofenol 2,4 µg/L
IX - fósforo total:
A13-15
Art. 16. As águas doces de classe 3 observarão as seguintes condições e
padrões:
A13-18
Toxafeno 0,21 µg/L
2,4,5–TP 10,0 µg/L
Tributilestanho 2,0 µg/L TBT
Tricloroeteno 0,03 mg/L
2,4,6-Triclorofenol 0,01 mg/L
V - fenóis totais (substâncias que reagem com 4 - aminoantipirina) até 1,0 mg/L
de C6H5OH;
Seção III
Das Águas Salinas
j) pH: 6,5 a 8,5, não devendo haver uma mudança do pH natural maior do que
0,2 unidade.
A13-20
Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg
Níquel total 0,025 mg/L Ni
Nitrato 0,40 mg/L N
Nitrito 0,07 mg/L N
Nitrogênio amoniacal total 0,40 mg/L N
Polifosfatos (determinado pela diferença 0,031 mg/L P
entre fósforo ácido hidrolisável total e
fósforo reativo total)
Prata total 0,005 mg/L Ag
Selênio total 0,01 mg/L Se
Sulfetos (H2S não dissociado) 0,002 mg/L S
Tálio total 0,1 mg/L Tl
Urânio Total 0,5 mg/L U
Zinco total 0,09 mg/L Zn
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Aldrin + Dieldrin 0,0019 µg/L
Benzeno 700 µg/L
Carbaril 0,32 µg/L
Clordano (cis + trans) 0,004 µg/L 30,0 µg/L
2,4-D
DDT (p,p’-DDT+ p,p’-DDE + p,p’-DDD) 0,001 µg/L
Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 µg/L
Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 µg/L
Endossulfan (α + β + sulfato) 0,01 µg/L
Endrin 0,004 µg/L
Etilbenzeno 25 µg/L
Fenóis totais (substâncias que reagem 60 µg/L C6H5OH
com 4- aminoantipirina)
Gution 0,01 µg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,001 µg/L
Lindano (g-HCH) 0,004 µg/L
Malation 0,1 µg/L
Metoxicloro 0,03 µg/L
Monoclorobenzeno 25 µg/L
Pentaclorofenol 7,9 µg/L
PCBs - Bifenilas Policloradas 0,03 µg/L
Substâncias tensoativas que reagem 0,2 mg/L LAS
com o azul de metileno
2,4,5-T 10,0 µg/L
Tolueno 215 µg/L
Toxafeno 0,0002 µg/L
2,4,5-TP 10,0 µg/L
Tributilestanho 0,01 µg/L TBT
Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4- 80 µg/L
TCB)
A13-21
TCB)
Tricloroeteno 30,0 µg/L
III - Nas águas salinas onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de
consumo intensivo, além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo,
aplicam-se os seguintes padrões em substituição ou adicionalmente:
IX - pH: 6,5 a 8,5 não devendo haver uma mudança do pH natural maior do que
0,2 unidades.
Seção IV
Das Águas Salobras
A13-25
Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe
Fluoreto total 1,4 mg/L F
Fósforo total 0,124 mg/L P
Manganês total 0,1 mg/L Mn
Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg
Níquel total 0,025 mg/L Ni
Nitrato 0,40 mg/L N
Nitrito 0,07 mg/L N
Nitrogênio amoniacal total 0,40 mg/L N
Polifosfatos (determinado pela diferença 0,062 mg/L P
entre fósforo
ácido hidrolisável total e fósforo reativo
total)
Prata total 0,005 mg/L Ag
Selênio total 0,01 mg/L Se
Sulfetos (como H2S não dissociado) 0,002 mg/L S
Zinco total 0,09 mg/L Zn
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Aldrin + dieldrin 0,0019 µg/L
Benzeno 700 µg/L
Carbaril 0,32 µg/L
Clordano (cis + trans) 0,004 µg/L 10,0 µg/L
2,4–D
DDT (p,p'DDT+ p,p'DDE + p,p'DDD) 0,001 µg/L
Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 µg/L
Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 µg/L
Endrin 0,004 µg/L
Endossulfan (α + β + sulfato) 0,01 µg/L
Etilbenzeno 25,0 µg/L
Fenóis totais (substâncias que reagem 0,003 mg/L C6H5OH
com 4-aminoantipirina)
Gution 0,01 µg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,001 µg/L
Lindano (γ-HCH) 0,004 µg/L
Malation 0,1 µg/L
Metoxicloro 0,03 µg/L
Monoclorobenzeno 25 µg/L
III - Nas águas salobras onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins
de consumo intensivo, além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo,
aplicam-se os seguintes padrões em substituição ou adicionalmente:
A13-27
I - condições de qualidade de água:
I - pH: 5 a 9;
CAPÍTULO IV
DAS CONDIÇÕES E PADRÕES DE LANÇAMENTO DE EFLUENTES
Art. 24. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados,
direta ou indiretamente, nos corpos de água, após o devido tratamento e desde
que obedeçam às condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e
em outras normas aplicáveis.
A13-29
II - exigir a melhor tecnologia disponível para o tratamento dos efluentes,
compatível com as condições do respectivo curso de água superficial, mediante
fundamentação técnica.
Art. 29. A disposição de efluentes no solo, mesmo tratados, não poderá causar
poluição ou contaminação das águas.
A13-31
I - atender às condições e padrões de lançamento de efluentes;
Art. 34. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados,
direta ou indiretamente, nos corpos de água desde que obedeçam as condições
e padrões previstos neste artigo, resguardadas outras exigências cabíveis:
I - pH entre 5 a 9;
IV - regime de lançamento com vazão máxima de até 1,5 vezes a vazão média
do período de atividade diária do agente poluidor, exceto nos casos permitidos
pela autoridade competente;
V - óleos e graxas:
Art. 35. Sem prejuízo do disposto no inciso I, do § 1º do art. 24, desta Resolução,
o órgão ambiental competente poderá, quando a vazão do corpo de água estiver
abaixo da vazão de referência, estabelecer restrições e medidas adicionais, de
caráter excepcional e temporário, aos lançamentos de efluentes que possam,
dentre outras conseqüências:
Art. 36. Além dos requisitos previstos nesta Resolução e em outras normas
aplicáveis, os efluentes provenientes de serviços de saúde e estabelecimentos
nos quais haja despejos infectados com microorganismos patogênicos, só
poderão ser lançados após tratamento especial.
Art. 37. Para o lançamento de efluentes tratados no leito seco de corpos de água
intermitentes, o órgão ambiental competente definirá, ouvido o órgão gestor de
recursos hídricos, condições especiais.
CAPÍTULO V
DIRETRIZES AMBIENTAIS PARA O ENQUADRAMENTO
CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 39. Cabe aos órgãos ambientais competentes, quando necessário, definir os
valores dos poluentes considerados virtualmente ausentes.
A13-35
§ 3º As instalações de tratamento existentes deverão ser mantidas em operação
com a capacidade, condições de funcionamento e demais características para as
quais foram aprovadas, até que se cumpram as disposições desta Resolução.
MARINA SILVA
Presidente do CONAMA
A13-37
Deliberação Normativa COPAM nº 10, de 16 de dezembro de 1986.
R E S O L V E:
c. àdessedentação de animais.
a. ànavegação;
b. àharmonia paisagística;
c. aos usos menos exigentes.
Substâncias tensoativas que reagem com o azul de metileno: 0,5 mg/l LAS
e. óleos e graxas:
i. sólidos em suspensão:
Disposições Gerais
RESOLVE:
Capítulo I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 3º Esta Norma não se aplica às águas envasadas e a outras, cujos usos e
padrões de qualidade são estabelecidos em legislação específica.
Capítulo II
DAS DEFINIÇÕES
Art. 4º Para os fins a que se destina esta Norma, são adotadas as seguintes
definições:
A15-2
se a água fornecida à população é potável, assegurando a manutenção desta
condição;
A15-3
b) cilindrospermopsina - alcalóide guanidínico cíclico produzido por
cianobactérias, inibidor de síntese protéica, predominantemente hepatotóxico,
apresentando também efeitos citotóxicos nos rins, baço, coração e outros
órgãos; e
Capítulo III
DOS DEVERES E DAS RESPONSABILIDADES
Seção I
Do Nível Federal
Seção II
Do Nível Estadual e Distrito Federal
A15-4
I - promover e acompanhar a vigilância da qualidade da água em sua área de
competência, em articulação com o nível municipal e os responsáveis pelo
controle de qualidade da água, nos termos da legislação que regulamenta o
SUS;
Seção III
Do Nível Municipal
Seção IV
Do Responsável pela Operação de Sistema e/ou Solução Alternativa
A15-6
pela ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas e com outras normas e
legislações pertinentes;
A15-8
VI - manter registros atualizados sobre as características da água distribuída,
sistematizados de forma compreensível aos consumidores e disponibilizados
para pronto acesso e consulta pública;
Capítulo IV
DO PADRÃO DE POTABILIDADE
A15-9
§ 3º Amostras com resultados positivos para coliformes totais devem ser
analisadas para Escherichia coli e, ou, coliformes termotolerantes, devendo,
neste caso, ser efetuada a verificação e confirmação dos resultados positivos.
A15-10
(2) Unidade de turbidez.
Art. 13. Após a desinfecção, a água deve conter um teor mínimo de cloro
residual livre de 0,5 mg/L, sendo obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2
mg/L em qualquer ponto da rede de distribuição, recomendando-se que a
cloração seja realizada em pH inferior a 8,0 e tempo de contato mínimo de 30
minutos.
A15-12
(3) É aceitável a concentração de até 10 µg/L de microcistinas em até 3 (três) amostras,
consecutivas ou não, nas análises realizadas nos últimos 12 (doze) meses.
(4) Análise exigida de acordo com o desinfetante utilizado.
Art. 16. A água potável deve estar em conformidade com o padrão de aceitação
de consumo expresso na Tabela 5, a seguir:
A15-13
Xileno mg/L 0,3
NOTAS:
(1) Valor máximo permitido.
(2) Unidade Hazen (mg Pt-Co/L).
(3) critério de referência
(4) Unidade de turbidez.
Capítulo V
DOS PLANOS DE AMOSTRAGEM
A15-14
autoridade de saúde pública, o plano de amostragem de cada sistema,
respeitando os planos mínimos de amostragem expressos nas Tabelas 6, 7, 8 e
9.
Subterrâneo Diária
Cianotoxin Superficial Semanal - - -
as (Conforme § 5º do
artigo 18)
Superficial Trimestral Trimestral Trimestral Trimestral
Trihalomet Subterrâneo - Anual Semestral Semestral
anos
(3) (3) (3)
Demais Superficial ou Semestral Semestral Semestral Semestral
parâmetros Subterrâneo
(2)
NOTAS:
(1) Cloro residual livre.
(2) Apenas será exigida obrigatoriedade de investigação dos parâmetros radioativos quando da
evidência de causas de radiação natural ou artificial.
(3) Dispensada análise na rede de distribuição quando o parâmetro não for detectado na saída do
tratamento e, ou, no manancial, à exceção de substâncias que potencialmente possam ser
introduzidas no sistema ao longo da distribuição.
A15-17
classificação e enquadramento de águas superficiais, avaliando a
compatibilidade entre as características da água bruta e o tipo de tratamento
existente.
Capítulo VI
DAS EXIGÊNCIAS APLICÁVEIS AOS SISTEMAS E SOLUÇÕES
ALTERNATIVAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Art. 22. Toda água fornecida coletivamente deve ser submetida a processo de
desinfecção, concebido e operado de forma a garantir o atendimento ao padrão
microbiológico desta Norma.
Art. 23. Toda água para consumo humano suprida por manancial superficial e
distribuída por meio de canalização deve incluir tratamento por filtração.
§ 1º Caso esta situação não seja observada, fica o responsável pela operação
do serviço de abastecimento de água obrigado a notificar a autoridade de saúde
pública e informar à população, identificando períodos e locais de ocorrência de
pressão inferior à atmosférica.
A15-18
Art. 25. O responsável pelo fornecimento de água por meio de veículos deve:
§ 1º A água fornecida para consumo humano por meio de veículos deve conter
um teor mínimo de cloro residual livre de 0,5 mg/L.
Capítulo VII
DAS PENALIDADES
CAPÍTULO VIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
A15-19
na freqüência mínima de amostragem de determinados parâmetros
estabelecidos nesta Norma.
A15-20
Entre os métodos de ajustagem de curvas a pares de valores [x, y = f(x)], o
método dos mínimos quadrados destaca-se por sua simplicidade.
Considere-se, por exemplo, a sucessão de pares de valores:
x1, y1
x2, y2
........
xn, yn
Deseja-se ajustar a eles uma função:
y = f(x)
tal que a somatória das diferenças:
[yi – f(xi)]2
seja mínima.
Ou seja:
n
D ∑ [y i − f (x i )]2 = 0
i =1
É preciso definir inicialmente o tipo de função que se deseja ajustar: se polinomial
(e de que grau), se exponencial, se logarítmica, etc.
A Figura A16.1 representa o efeito que se deseja obter.
Fig. A16.1 – Ajustagem de uma curva a pares de valores [x, f(x)] conhecidos
Exemplo prático:
A16-1
d
(
∑ h − av − bv
da
)
2 2
=0
d
db ∑
( )2
h − av − bv 2 = 0
Obtêm-se:
[( ) ]
∑ 2 h − av − bv 2 (− v ) = 0
(
∑ 2 h − av − bv )( )
2 2
−v2 =0
∑ vh − a ∑ v 2 − b ∑ v 3 = 0
∑ v 2 h − a ∑ v 3 − b ∑ v 4 = 0
Do sistema anterior, encontra-se:
a=
∑ vh∑ v 4 − ∑ v 2 h∑ v 3
∑v 4 ∑v 2 − ∑v 3( )
2
b=
∑ v 3 ∑ v 2 h − ∑ v 3 ∑ vh
∑v 4 ∑v 2 (
− ∑v 3 )
2
Q (L/minuto) hf (cm)
2 3
4 8
6 12
8 20
10 32
A16-2
Portanto:
hf
h=
100
Q 1 4Q 1
v= = = 0,000531Q
A 1000 x 60 π (0,2 ) 60000
2
2 -6 3 -9 4 -12 -5 2 -8
Q (L/min) hf (cm) v (m/s) h (m) (*) v (x10 ) v (x10 ) v (x10 ) vh (x10 ) v h (x10 )
2 3 0,00106 0,015 1,126 1,194 1,267 1,592 1,689
4 8 0,00212 0,040 4,503 9,556 20,278 8,488 18,013
6 12 0,00318 0,060 10,132 32,251 102,659 19,099 60,792
8 20 0,00424 0,100 18,013 76,448 324,453 42,441 180,126
10 32 0,00531 0,160 28,145 149,312 792,121 84,882 450,314
∑ v 2 = 6,19x10-5
∑ v 3 = 2,688x10-7
∑ v 4 = 1,241x10-9
∑ vh = 1,565x10-3
∑ v 2 h = 7,113x10-5
Substituindo nas expressões deduzidas anteriormente para a e b, encontra-se:
(1,565x10 )(1,241x10 )− (7,113x10 )(2,688x10 )
−3 −9 −6 −7
a=
(1,241x10 )(6,19x10 )− (2,688 x10 )
−9 −5 −7
a = 6,614
(6,19x10 )(7,113 x10 )− (2,688 x10 )(1,565x10 )
−5 −6 −7 −3
b=
(1,241x10 )(6,19x10 ) − (2,688x10 )
−9 −5 −7
b = 4299
Comparando os resultados obtidos dos ensaios com os resultados fornecidos
pela equação de Forchheimer:
h = 6,614v + 4299 v2
v h (m)
(m/s) Medido Calculado
0,00106 0,015 0,012
0,00212 0,040 0,033
0,00318 0,060 0,065
0,00424 0,100 0,106
0,00531 0,160 0,156
A16-3
Massas atômicas e massas moleculares dos
principais elementos e compostos químicos
A17-1
2. Massas moleculares dos principais compostos químicos
A17-2