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Profe Alê Lopes

Curso de História para ENEM 2020

História
Livro DigitalI
Moderna
Renascimento,
Antigo Regime,
Reformas religiosas

Profe. Alê Lopes


Aula 04 - ENEM

História Moderna 1 1
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SUMÁRIO

Introdução ................................................................................................................. 4
1. Antigo Regime: Sociedade Europeia na Época Moderna................................... 5
1.1 – Sociedade Estamental ......................................................................................................... 6
2. Renascimento: formação de uma nova mentalidade........................................ 8
2.1 – Humanismo e Renascimento ............................................................................................... 8
2.2 – O berço e a expansão do Renascimento Cultural ............................................................. 13
2.3 – Ameaças à nova mentalidade ........................................................................................... 14
3. Reformas e Contrarreformas Religiosas ......................................................... 15
3.1 – Reforma Luterana ............................................................................................................. 16
3.2 – Reforma Calvinista ............................................................................................................ 20
3.3 – Reforma Anglicana ............................................................................................................ 21
3.4 – Guerras Religiosas, Contrarreforma e a Inquisição .......................................................... 23
4. Formação dos Estados Modernos Absolutistas............................................... 25
4.1 – O pensamento político favorável às monarquias modernas ............................................ 32
4.2 – Formação das Monarquias Nacionais EUROPEIAS, 3 casos ............................................. 36
4.2.1 - A formação do Estado Absolutista na França .................................................................................................. 36
4.2.2 - O Estado Absolutista na Inglaterra ................................................................................................................... 38
4.2.3 - A monarquia espanhola .................................................................................................................................... 41

5. Sistema Econômico no Antigo Regime: Mercantilismo ................................... 43


6. Lista de Questões ................................................................................................. 48
6.1. Gabarito .............................................................................................................................. 61
7. Questões comentadas .......................................................................................... 61
Considerações Finais ................................................................................................ 88

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Queridas e Queridos Alunos,


Que bom saber que você avançou uma aula, parabéns! Cada dia mais perto da sua
APROVAÇÃO! Nesta aula começaremos a estudar a Idade Moderna, dentro do bloco História Geral.
Novamente estamos em um momento de transição de um velho mundo medieval para um novo
mundo moderno. Falaremos da formação de uma nova mentalidade que enfrentará muita
resistência para se firmar e consolidar.
Há elementos fundamentais nesse assunto que nos ajudarão a compreender as sementes
da formação e contradição do mundo contemporâneo. Então, este período da história é
importante, sobretudo, como conhecimento prévio aos estudos do que está por vir. Enfim, temos
muita história para contar hoje. Por isso aviso, é uma aula mais longa mesmo. Tenha paciência,
concentração e FOCO. É a sua aprovação que está em jogo!
E não me canso de afirmar para você toda questão de história é imperdível! Você precisa estar
preparado para TUDO! Não esquece:
“o segrego do sucesso é a constância no objetivo”.
Como tarefas importantes nessa trajetória, quero lembrá-lo de fazer seu controle de
temporalidade. Atente-se para o período que começamos a estudar e em que momento
terminaremos na aula de hoje. Nesta aula nos aprofundaremos nas experiências dos séculos XV, XVI
e XVII.
Vamos começar? Já sabe: pega seu café e sua ampulheta. Bora!!

XV XVII

XVI

Como cai no ENEM esse tema?


Pela análise de todas as edições anteriores do ENEM, podemos afirmar que o Enem gosta muito
dos aspectos culturais e simbólicos dessa época. Eles abordam o Mundo Moderno como um
momento de formação de uma nova cultura, mentalidade, ideias e forma de organizar a sociedade.
São questões que cobram mais esses aspectos de significados simbólicos da história.
Agora, veja, é impossível saber os significados das “coisas” se sequer sabemos descrevê-las. Isso
significa, na prática, que você precisa saber “contar” a história para, depois, extrair seus significados
simbólicos. Sacaram?
Mas atenção: tudo isso não significa que não possa aparecer alguma abordagem mais clássica,
descritiva e de contextualização. Então, vamos nos preparar, também, para o futuro para não sermos
pegos de surpresa

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INTRODUÇÃO
Chegamos ao período que se convencionou chamar de Moderno ou Modernidade, o qual se
estende do século XV ao século XVIII. A historiografia afirma que, no final da Idade Média, uma série
de transformações ocorridas impulsionaram a desagregação do feudalismo e germinaram as
sementes de um novo modo de pensar, sentir e viver.
Concorda comigo que a expressão “moderno” dá a impressão de algo renovador, progressista
e bastante positivo? Quem não gosta de ser visto como uma “pessoa moderna”? Assim, esse termo
foi cunhado por historiadores renascentistas justamente para atribuir um significado positivo a esse
período, afinal, era preciso diferenciá-lo do período “de trevas” que o precedeu e, ao mesmo tempo,
construir a imagem da Europa como um continente muito importante na história do mundo.
Contudo, apesar dessa tentativa de exaltar positivamente a Modernidade – de certa forma,
encobrindo as continuidades do período anterior, as contradições e as violências dessa experiência
histórica (como veremos ao longo dessa aula e das demais) –, durante a Idade Média, a Europa pode
ser entendida como a “periferia do mundo”. O intelectual Enrique Dussel, em seu livro, 1492: o
encobrimento do outro (1993), defende a tese de “Europa Periférica” a partir da comparação que
estabelece entre o Império Islâmico e a Europa Ocidental e o papel de cada uma dessas civilizações
durante o Medievo. Veja alguns elementos que o autor levanta:

Entendeu a
comparação do autor?
Para ele, e alguns
outros historiadores,
durante a Idade Média a
Europa ficou excluída do
comércio internacional,
sem grande acúmulo de
riqueza em forma de
moeda (a unidade de
valor e riqueza era a
terra, um bem pouco
rentável se não for altamente explorada) e com uma cultura baseada no misticismo religioso da
Igreja Católica e de sua violência, praticada por meio do Tribunal da Inquisição, contra ideias e
pessoas que não reafirmassem os dogmas da Instituição.
Assim, se comparada com o esplendor da cultura islâmica, que formou um grande império e
promoveu um amplo desenvolvimento técnico, científico e filosófico (se você não lembra disso, volta
na aula sobre Império Islâmico e dá um bizu), a Europa era periférica, sem importância real para o
desenvolvimento da humanidade. Sacou?
Contudo, os acontecimentos que ocorrem entre os séculos XV e XVIII, mudaram esse
cenário. As Guerras de Reconquista contra os muçulmanos na Península Ibérica, as viagens “de
descobrimento” durante as “Grandes Navegações”, o estabelecimento de várias rotas marítimas em
diferentes pontos de vários continentes, a subjugação e o controle sobre diversos povos e regiões
fizeram com que a Europa deixasse de ser a “periferia do mundo” para ser “construtora de
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periferias”. E a América Latina, que nos interessa pela importância histórica e por sermos habitantes
dela, foi a primeira experiência de dominação de um continente sobre o outro. Afirma Dussel:
“A modernidade aparece quando a Europa se afirma como centro de uma História mundial que inaugura, e por isso a
periferia é parte de sua própria definição. [...] A modernidade originou-se nas cidades europeias medievais livres, centros de
enorme criatividade. Mas “nasceu” quando a Europa pôde se confrontar com o seu “Outro” e controlá-lo, vencê-lo, violentá-
lo: quando pôde se definir como um ego descobridor, conquistador, colonizador da identidade constitutiva da própria
Modernidade.” (p. 8)

Percebem que estudar a Época Moderna é muito mais que entender a desagregação do
feudalismo e as transformações locais e internas à Europa? Esse momento, como muitos
intelectuais afirmam, é a primeira grande experiência de interação entre os povos de todos os
continentes. O mundo muda e a Europa ocupará um papel central daí em diante. Assim,
precisaremos compreender as contradições que marcaram esse processo – que torna a história mais
rica, mais complexa e mais inter-relacional.
Nesta aula veremos as transformações e os processos ocorridos no território Europeu. Na
aula seguinte, veremos a expansão da Europa e os processos decorrentes disso. Avancemos, bixo!

1. ANTIGO REGIME: SOCIEDADE EUROPEIA NA ÉPOCA MODERNA


Queridas e queridos alunos, como falamos, começaremos essa aula analisando as
características e as transformações que a sociedade europeia experimentou para que pudesse, ao
final do século XV, realizar seu processo de expansão ultramarina.
A transformação do espaço rural, a revitalização da cidade com atividades ligadas à
retomada do comércio, bem como o aumento da circulação de pessoas e negócios por meio das
rotas terrestres e marítimas aumentaram o clima de inquietude intelectual.
De certa forma, esse contexto se tornou favorável ao questionamento e à ruptura com os
padrões econômicos, políticos e sociais vigentes do “velho” feudalismo. Portanto, como resultado
ocorreu:
➢ uma nova forma de pensar – o racionalismo e o método científico.
➢ um renovado movimento cultural – o renascimento.
➢ a centralização do poder político – a formação das monarquias
absolutistas
➢ a complexificação da economia – mercantilismo
➢ as grandes navegações – colonialismo e a conquista da América
Assim, aos personagens e às experiências que ocorreram entre os séculos XV e XVIII, como já
comentamos, atribuiu-se um sentido de retomada do esplendor da outrora antiguidade clássica e,
por isso, Época Moderna. Contudo, é importante ressaltar que essas transformações ocorreram ao
longo dos mais de 300 anos. Por isso, foram percebidas e sistematizadas aos poucos.
Apesar das rupturas com o feudalismo, há muitas continuidades que também marcam esse
momento histórico, como: o poder político baseado na propriedade da terra e, portanto, no título
de nobreza e a estratificação social desigual formatada por meio do nascimento e dos títulos

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nobiliárquicos. Até mesmo a permanência das figuras dos príncipes e monarcas, porém
potencializados e ressignificados, é elemento de continuidade das tradições da nobreza.
Desse modo, entre rupturas e continuidades, historiadores convencionaram nomear o
sistema que se formou nesse período de Antigo Regime: denominação utilizada para definir a
ordem social, política e econômica que predominou em diversos países europeus entre os séculos
XV e XVIII. Esse sistema ou ordem é caracterizado essencialmente por 4 elementos:

Classe dominante: nobreza

Sistema Social: sociedade estamental

Sistema Político: monarquia absolutista

Sistema Econômico: mercantilismo

1.1 – SOCIEDADE ESTAMENTAL


Vejamos alguns dados sobre a sociedade estamental europeia na modernidade.
Cerca de 80% da população europeia continuou vivendo no campo. As relações de trabalho
se flexibilizaram (já no final da idade média) e novas atividades profissionais surgiram. Como vimos,
o rural e o urbano tinham uma relação estreita. A cidade era o centro econômico na transição do
medievo para a modernidade, pois, abrigou as feiras e casas bancárias. Além disso, como ensinou
Jacques Le Goff, a cidade era um centro produtivo.
Contudo, o campo também era um centro produtor. Por exemplo, nele estava o rio – fonte
de energia hidráulica para o moinho - fundamental para a moagem dos cerais, base da alimentação
da população europeia – e para a forja (oficina do ferreiro). Também se encontravam no campo as
mineradoras, local de onde os trabalhadores retiravam pedras para a construção civil.
Assim, vemos que as pessoas continuavam no campo, mas realizando muitas outras
atividades além da agricultura. Em geral, as pessoas que trabalhavam para os proprietários desses
negócios eram livres.
Já em relação aos camponeses, uma parte importante continuava submetida às relações de
servidão, especialmente, no nordeste da Europa. Contudo, as relações foram sendo flexibilizadas ao
longo dos séculos desse período.
Outra persistência da antiga ordem feudal foi a forma como a sociedade se organizava: por
estamentos – definidos pelo nascimento da pessoa. Eram três os estamentos e cada um deles
representava uma ordem social. Você já deve ter lembrado, né, já falamos disso nas aulas anteriores.
Na Idade Média, a sociedade estava formada por clero, nobres e servos. Diante das
transformações econômicas ocorridas na Baixa Idade Média, como já vimos, surgiu uma nova classe

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social – a burguesia – e, também, diversificaram-se as profissões. Existiam as corporações de ofício,


as oficinas, os mestres, contramestres e os aprendizes. Lembra disso?
Pois bem, ocorreu que, nenhuma dessas novas atividades, mesmo as mais rentáveis, não foi
capaz de alterar a relação de poder, direitos e privilégios entre as ordens estamentais. Assim, no
lugar antes ocupado essencialmente pelos servos, no Antigo Regime, esse estamento passou a ser
ocupado, também, por todas as classes sociais que não eram nobres ou, tampouco, parte do clero.
Evidentemente, a burguesia mercantil buscava meios de interferir nas decisões das cortes
monárquicas. Essa pressão foi mais ou menos eficiente a depender do poder econômico da
burguesia e da força das monarquias.
A Inglaterra foi um lugar em que a burguesia teve mais sucesso a ponto de conseguir compor
uma parte do Parlamento, a chamada Câmara dos Comuns. Já na França a monarquia conseguiu
concentrar mais poder e a burguesia ficou mais alijada do poder político. Veremos mais sobre esses
países na aula sobre o século XVIII e a crise do Antigo Regime.
Veja o esquema clássico da divisão estamental da sociedade do Antigo Regime.

De acordo com a visão dominante dessa época, cada uma dessas ordens tinha um estatuto
jurídico específico, com obrigações e direitos exclusivos.
Entre essas obrigações estava, por um lado, o dever exclusivo por parte do 3º Estado de pagar
impostos e de trabalhar.
Por outro lado, o direito exclusivo de participar da política e de ocupar os cargos mais altos
da administração do Estado, o qual era devido ao clero e à nobreza.

Mas, Profe, essa visão é muito medieval, ultrapassada para época, não é?

Pois é querida e querido aluno, realmente é uma visão tradicional, fundada na Idade Média.
Assim, é conservadora porque não alterava substancialmente a forma de enxergar a organização
do mundo e a forma como a sociedade se organizava. Permanecia a antiga concepção de que os
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homens não nasciam iguais e, portanto, não podiam ter os mesmos direitos e deveres. Ou seja, não
havia o que, depois, chamaremos de “igualdade jurídica”.
Logo, a sociedade do Antigo Regime é jurídica, política e socialmente desigual. Aqueles que
têm acesso exclusivo a determinados direitos, os nobres e o clero, são privilegiados.

2. RENASCIMENTO: FORMAÇÃO DE UMA NOVA MENTALIDADE


O Renascimento foi um Movimento Cultural que marcou as mudanças socioculturais
europeias rumo à Modernidade. Esse movimento criou a base conceitual e de valores que permitiu
a ascensão do pensamento racional e do método científico, nos séculos XVI e XVII. Por isso, diversos
historiadores relacionam essa nova mentalidade com as transformações que se verificavam no
processo de transição da Idade Média para a Moderna. Ele tem expressão na filosofia, na política,
nas artes plásticas, na literatura, na música, na arquitetura, entre outros. Vejamos alguns tópicos
importantes sobre esse assunto, que são os mais cobrados no ENEM!

2.1 – HUMANISMO E RENASCIMENTO


No contexto das modificações que ocorreram no final da Idade Média, sobretudo, aquelas
ligadas ao desenvolvimento comercial e urbano, surgiu uma tendência intelectual questionadora
dos dogmas religiosos, os quais monopolizavam justificações para a organização e a explicação da
vida. Essa corrente filosófica propunha uma revisitação e a retomada da cultura greco-romana e de
seus ideais de exaltação do homem e de seus atributos naturais, quais sejam: a razão e a liberdade.
Essa corrente filosófica foi o Humanismo, a qual foi a base original unificadora do Movimento
Renascentista. Vejamos as características do Humanismo e as do Renascimento.

“Que obra-prima é o homem! Como é nobre sua razão! Que capacidade infinita! Como é preciso e bem-feito em forma e
movimento! Um anjo na ação! Um deis no entendimento, paradigma dos animais, maravilha do mundo. ”
(Shakespeare, Hamlet)

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Leonardo da Vinci (1452-1519) foi um dos


personagens mais importante do Renascimento.
Destacou-se como cientista, matemático, engenheiro,
inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto,
botânico, poeta e músico. Um verdadeiro homem
renascentista!! É, ainda, conhecido como o percursor da
aviação e da balística. Ele foi descrito como o arquétipo
do homem do Renascimento, alguém cuja curiosidade
insaciável era igualada apenas pela sua capacidade de
invenção. Essa obra ao lado é um estudo matemático de
uma descoberta de um arquiteto romano chamado
Marcus Vitruvius Polio (I a.C) que havia se perdido com
o tempo. Da Vinci teria confirmado: “o homem é a
medida de todas as coisas”. Por colocar o homem no
centro da vida e não mais Deus, os humanistas, como Da
Vinci, aprimoraram o antropocentrismo. Veja logo
abaixo a definição de antropocentrismo!

O Homem de Vitruviano/Schutterstock

O Humanismo surgiu nas Universidades Medievais. Na verdade, são importantes até hoje,
do contrário você não estaria se dedicando a ler esta aula!!!
Além do que já vimos na aula anterior, nas Universidades Medievais, os estudiosos se
dedicavam à análise dos textos da Antiguidade Clássica. O objetivo inicial desses intelectuais era
devolver a “pureza original” às traduções dos séculos anteriores que, segundo eles, estavam
pautadas em interpretações subordinadas à doutrina cristã. Além disso, consideravam que as
traduções feitas ao longo do tempo deturparam as ideias originais dos autores clássicos. Assim,
redescobriram autores clássicos como Platão, Aristóteles e Cícero. Com isso, colocaram em
circulação novas interpretações e ideias sobre diferentes assuntos.
Os humanistas também se dedicaram ao estudo das línguas e, por isso, recuperaram textos
em grego, em latim e em outras línguas. Essa dedicação acabou por levar os humanistas aos estudos
das instituições políticas e dos métodos de estudos da antiguidade. Dessa forma, o humanismo foi
se expandindo e influenciou diversos setores da intelectualidade.
O traço que melhor caracteriza o princípio humanista, como falamos, foi a ideia greco-
romana de exaltação do homem e de seus atributos naturais: a razão e a liberdade. Para essa
perspectiva, o homem é criador e criatura do mundo em que vive. Sem romper com a Igreja, exalta-
se o individualismo tendo o homem como o centro e ponto de partida da observação e investigação
sobre o mundo. Por exemplo, o humanista italiano Giovanni Pico dela Mirandola (1463-1494),
estudioso de Platão, afirmava que Deus criou o homem dotado de liberdade para construir a si
mesmo.
Como adiantado, isso levou ao desenvolvimento do antropocentrismo e do racionalismo, –
duas características fundamentais do humanismo e que influenciaram o conjunto do Movimento
Renascentista nos séculos subsequentes. Por isso muitos historiadores falam em Revolução
Científica

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O antropocentrismo é a concepção do homem como centro e ponto de partida para o


pensamento e a observação do mundo. Por isso, enaltece-se a liberdade e a capacidade inventiva e
reflexiva dos indivíduos. Esta concepção se opõe ao chamado Teocentrismo – Deus como centro da
organização da vida medieval e, portanto, a exaltação girava em torno da vontade divina. Tendo essa
concepção como princípio, desenvolveram-se novas concepções: o individualismo e o racionalismo.
O racionalismo, uma decorrência da ideia do antropocentrismo, é a valorização da
racionalidade como o grande atributo do ser-humano. A busca de um método lógico para conhecer
a realidade e descobrir as leis que regem os fenômenos. “O que posso conhecer?” e “Como posso
conhecer” eram as perguntas que os renascentistas se faziam. Daí decorre o empirismo, o qual
afirma que o conhecimento do mundo provém da experiência prática. Em decorrência da busca pelo
conhecimento por meio da prática, desenvolveu-se o método científico (método experimental,
observação e análise crítica) que se expressou no aparecimento de importantes teorias, como a do
heliocentrismo.
O heliocentrismo é uma teoria astronômica que coloca o Sol no centro do Universo. Essa
teoria superou a teoria clássica de Ptolomeu – a geocêntrica, defendida oportunamente pela Igreja
Católica. Foi desenvolvida por Nicolau Copérnico, reafirmada por Giordano Bruno, Galileu Galilei e
Johhanes Kepler.
É importante ressaltar que o Humanismo não foi uma corrente
anticristã e, tampouco, uma ruptura com os temas cristãos do
medievo. O que aconteceu foi uma renovação no tratamento
dessas questões, trazendo-as para o campo mais humanístico,
portanto, baseado na observação empírica, na razão e na
liberdade. A proposta era complementar fé e razão, sem perder de vista a perspectiva
crítica capaz de explicar dogmas incompreensíveis.

Vemos, portanto, que há uma interpretação científica do mundo. O resultado disso nas artes, sejam
plásticas ou arquitetônicas, foi o estudo sobre a perspectiva baseada nos princípios da matemática
e geometria. Os historiadores da arte, como Gombrich 1, afirmam que mesmo os gregos e
helenísticos, que conseguiram criar ilusões de profundidade, não conheciam o que se descobriu
na renascença: leis matemáticas da perspectiva.
Foi o pintor renascentista Filippo Brunelleschi (1377-1446) que provocou a revolução que deixou
os florentinos italianos perplexos com uma imagem que desaparece no horizonte da imagem!

Fuvest 2017) Em uma significativa passagem da tragédia Macbeth, de


Shakespeare, seu personagem principal declara: “Ouso tudo o que é próprio de um homem;
quem ousa fazer mais do que isso não o é”. De acordo com muitos intérpretes, essa postura

1
GOMBRICH, E.H. A História da Arte. Rio de Janeiro:LTC, 2015
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revela, com extraordinária clareza, toda a audácia da experiência renascentista. Com relação à
cultura humanista, é correto afirmar que
a) o mecenato de príncipes, de instituições e de famílias ricas e poderosas evitou os
constrangimentos, prisão e tortura de artistas e de cientistas.
b) a presença majoritária de temáticas religiosas nas artes plásticas demonstrava as
dificuldades de assimilar as conquistas científicas produzidas naquele momento.
c) a observação da natureza, os experimentos e a pesquisa empírica contribuíram para o
rompimento de alguns dos dogmas fundamentais da Igreja.
d) a reflexão dedutiva e o cálculo matemático limitaram-se à pesquisa teórica e somente seriam
aplicados na chamada Revolução Científica do século XVII.
Comentário
O movimento renascentista defendia a valorização do homem e de suas capacidades
(ANTROPOCENTRISMO) e da ciência, em detrimento do TEOCENTRISMO característico da
Idade Média. Sendo assim, a observação da natureza, a busca por respostas científicas para
os fenômenos naturais e a pesquisa constante foram elementos humanistas que ajudaram as
sociedades a romper com os dogmas católicos. Assim, não poderia ser:
- Item A, pois, apesar de os mecenas salvarem alguns humanistas das perseguições da Igreja,
não foi sempre assim. Humanistas importantes morreram dramaticamente, como Giordano
Bruno.
- Item B, porque na arte renascentista não há uma predominância de temas religiosos.
- Item C, é a correta, como podemos inferir do comentário acima.
- Item D, afinal, a reflexão dedutiva e o cálculo matemático não se limitaram ao aspecto teórico.
Muitos inventos se beneficiaram das descobertas teóricas.
- Item E, o que favoreceu a renovação das universidades foi a retomada dos textos e autores
da antiguidade clássica. A avidez por conhecimento e poder foram consequências desse
processo. Ademais, não houve valorização dos saberes transmitidos pela cultura letrada, ao
contrário, o método era o saber conquistado por meio da observação da natureza e
experimentação como método.
Gabarito: C

Macbeth é uma das obras mais marcantes do renascentista William


Shakespeare (1564-1616). Nesta tragédia, o autor ressalta a ambição e a
cobiça humana e os fantasmas que assombram os atos criminosos.
Provavelmente essa história foi elaborada entre 1603 e 1607. A arte de
Shakespeare é composta por 37 peças teatrais, entre comédias
românticas, tragédias e dramas históricos.

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A vida desse artista é muito interessante. Aos 13 anos parou de estudar porque sua família
empobreceu e ele precisou trabalhar. Foi praticamente autodidata. Em 1585 morou em Londres –
cidade que vivia um período de efervescência cultural no Governo da Rainha Elisabeth I. Começou a
trabalhar de guardador de cavalos na porta do Teatro, virou copista de peças desse teatro, depois,
copista oficial e, em 1589 já adaptava peças de autores famosos. Não demorou para que fosse um
dos dramaturgos que mais escreveu peças para o Globe Theatre.
O historiador Nicolau Sevchenko afirma que:
“A história de Shakespeare é um pouco a história da sua geração e da burguesia londrina,
uma história de trabalho, esforço, poupança, investimento e ascensão social. Tanto que um das
temáticas centrais na obra dessa dramaturgo é a noção de ordem, posta de perigo pela ameaça das
forças do caos e da anarquia, como em Macbeth, Hamlet ou Henrique VIII, suas grandes tragédias” 2

Maior disposição de Maior postura de A mente ficou mais


RACIONALISTA
MENTALIDADE

investigar o homem e observador da aberta ao livre exame


o mundo natureza do mundo.

Esse conjunto de ideias e posturas racionalista e empirista se opunham a mentalidade da


Idade Média - contemplativa e passiva diante das "verdades incontestáveis da Igreja".

Nesse contexto de reflexões filosóficas, cientificas e políticas, em que o homem era


considerado o centro das elaborações, gerou-se uma visão mais otimista da vida. Essa
perspectiva se chocou com o clima de “fim do mundo apocalíptico” predominante no
século XIV. Veja, aquelas gerações, nas diversas terras da Europa, estavam acabando de sair
das mazelas do Idade Média (fome, peste, guerras). A doutrina católica havia construído uma
ideia de que todos eram pecadores e só havia salvação na vida eterna. Qualquer visão
otimista da vida era um contrassenso para o período e praticamente uma ideia
revolucionária em potencial.
Pois bem, a moral humanista estabeleceu que os homens, apoiados na razão e na
graça divina, poderiam construir um novo mundo, baseado na promoção do bem. Para
tanto, seria preciso processos de autorreflexão, de autoconhecimento, ou seja, sair da
passividade medieval. Com efeito, um elemento importantíssimo para viabilizar esse
autoconhecimento foi a luta pela preservação da liberdade individual, pois as amarras da vida
(a servidão, a opressão dos governos e a doutrinação alienante) não permitiriam a busca
racional do bem.
Um dos pensadores que tentou construir uma visão de sociedade baseada nesses
pressupostos morais foi o inglês Thomas More (1478-1535). More escreveu a obra Utopia

2
SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. Coleção Discutindo a História. São Paulo: Ed. Atual, 1994, p. 50.
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(1516) em que elaborou uma sociedade ideal baseada na condenação dos governos
autoritários (absolutos), dos privilégios e da busca incessante pelo dinheiro.
O movimento humanista também inspirou o pensamento político daquele período,
mas este nós iremos desenvolver na parte específica desta aula sobre formação das
monarquias, pois pensadores como Nicolau Maquiavel (1469-1527) e Thomas Hobbes (1588-
1679) nos ajudam a entender o processo de centralização do poder até a formação das
monarquias absolutistas e os Estados Nacionais. Vamos em frente!!!

2.2 – O BERÇO E A EXPANSÃO DO RENASCIMENTO CULTURAL


Os historiadores afirmam que o berço do movimento renascentista foi a Itália. Alguns foram
os motivos para isso:
➢ Predomínio das atividades comerciais nessa região;
➢ Acentuada vida urbana;
➢ Migração de estudiosos que viviam em Constantinopla para a Península Itálica, depois
da tomada da capital Bizantina pelos turcos em 1453;
➢ Prática do mecenato (patrocínio) por parte dos ricos comerciantes, especialmente em
Florença, Gênova e Veneza;
Quero ressaltar o mecenato pela importância que essa prática teve para a expansão e
divulgação do renascimento cultural. Naquele contexto de transformações, nos centros urbanos e
comerciais, havia uma competição - não apenas econômica-, mas também de influência política e
social. Por isso, os mercadores importantes, bem como bispos e até mesmo os nobres, patrocinavam
a arte e a cultura para se tornarem figuras importantes na sociedade. Ter um retrato de si pintado
era sinal de poder e status social.
Para além de uma prática, o mecenato se constituiu como uma relação entre o mecenas e o
artista. Ou seja, a prática do mecenato era uma forma de ambos ganharem status na nova sociedade
que se formava na Modernidade.
O historiador Peter Burke, no seu livro A Fabricação do Rei: a construção da imagem pública
de Luís XIV, sistematizou 3 formas de mecenato. Dá uma olhada:

Sistema Doméstico: uma pessoa rica mantém um artista em sua casa, garantindo
dinheiro, moradia, alimentação e lazer em troca de serviços artísticos e literários;
Sistema sob encomenda: quando a relação entre o mecenas e o artista dura o
tempo da produção de um trabalho encomendado
Sistema de mercado: quando um artista tenta vender no mercado um trabalho
pronto. Era o menos comum e malvisto justamente por conta do caráter
personificado das obras

As ideias humanistas se espalhavam pela Europa por meio das rotas comerciais e dos
diversos eventos produzidos por vários mecenas. Contudo, em 1456, a expansão ganhou
grande e significativo impulso: era a criação da prensa de Guttenberg. O primeiro livro
impresso foi a Bíblia – impressa em vernáculo alemão (mais adiante nesta aula você verá a

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importância desse feito para a Reforma Protestante na Alemanha). Era um cenário muito
significativo para a profusão dessa nova realidade renascentista. Façamos uma pequena
reflexão:
Falamos até aqui que o humanismo forja uma
nova mentalidade, racionalista e antropocêntrica,
mas sem ruptura com os dilemas e questões
eclesiásticas. Havia uma crítica e reinterpretações dos
dogmas, mas não um afastamento do divino. Assim, a
impressão da Bíblia já era em si a expressão do conhecimento técnico científico, já que a prensa foi
fruto de uma invenção humana. Além disso, ela foi traduzida do latim para o alemão o que garantiu
a possibilidade da leitura por parte de muitas outras pessoas, que não apenas os membros da igreja.
Dessa forma, era o homem chegando diretamente perto de Deus e do divino, por meio da sua
própria leitura individual do texto sagrado, sem intermediações dos clérigos. Percebe, querido e
querida, como este cenário era mais humanista e antropocêntrico? O homem inventa uma máquina
de imprimir livros, traduz a Bíblia (o mais importante livro de todos, naquele momento), imprime-a
e depois distribui para muitas pessoas lerem. Cara, isso era o cenário renascentista no dia a dia, em
uma forma popular, para além das reflexões e contribuições individuais dos grandes pensadores.
Abria-se a possibilidade de toda uma coletividade refletir. Por isso, não havia como as ideias não se
desalojarem dos seus pedestais dogmáticos.

2.3 – AMEAÇAS À NOVA MENTALIDADE


A transição para essa nova mentalidade não foi um processo sem resistência, consensual e
tranquilo, afinal, as bases dessa nova forma de ver, sentir e viver questionavam os alicerces sobre
os quais estavam assentados os velhos padrões de pensamento medieval ligados ao catolicismo.
A Igreja Católica se tornou conservadora (no sentido de aversão à mudanças e inovações)
e, em conjunto com um setor da nobreza medieval, inicialmente lutou dura e violentamente
contra as transformações em curso. Mais adiante veremos que a Igreja precisou se adaptar ao novo
momento histórico e precisou passar por mudanças.
Diante do perigo das ideias inovadoras, o papado reativou o Tribunal da Santa Inquisição e
perseguiu vários pioneiros da ciência moderna, como, por exemplo:
 Nicolau Copérnico (1473-1543), católico e responsável pela elaboração da teoria
heliocêntrica, considerado o “Pai da Astronomia”, foi condenado à morte pela
Inquisição;
 Giordano Bruno (1548-1600), seguidor da teoria heliocêntrica, defendia que o
universo era infinito e ele estava inacabado, também foi condenado pela Inquisição e
queimado vivo em praça pública;
 Galileu Galilei (1564-1642), aprofundou-se em estudos sobre movimento dos corpos,
considerado Pai da Física Matemática forneceu base para as ideias posteriores de Isaac
Newton, foi condenado à prisão perpétua. O vento abrasador da intolerância religiosa
ficou marcado na história pelo uso de inúmeros instrumentos de sevícia e tortura.

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3. REFORMAS E CONTRARREFORMAS RELIGIOSAS


A Reforma Protestante se encontra no mesmo contexto do Renascimento Cultural: as
transformações em curso na Europa. O humanismo e sua expressão quanto ao individualismo
ultrapassavam as fronteiras das artes e da política para atingir as bases doutrinárias da Igreja.
A Igreja Católica sofreu alto grau de questionamento por volta do século XV. As disputas de
poder, os abusos, os desvirtuamentos da fé religiosa e a própria mudança de mentalidade da
população medieval – mais adepta ao dinamismo da força econômica do comércio - provocaram
movimentos por novas doutrinas religiosas. Nesse contexto, apareceram as reformas religiosas.
Portanto, alguns historiadores afirmam que os reformistas estavam respondendo a esse contexto
e, assim, colocaram em xeque o poder papal e a hierarquia da Igreja apontando suas limitações,
hipocrisias e a incapacidade de dar respostas para as crises que se arrastavam desde o século XIV.
Vejamos 3 blocos de problemas que a Igreja estava envolvida:

1- Problemas com a nova mentalidade mercantil. A Igreja condenava a usura


(empréstimo de dinheiro a juros) e defendia o “preço justo” das mercadorias, ou seja,
comercialização pelo preço do trabalho e não pela especulação do mercado. Com isso,
a atividade bancária e o acúmulo de dinheiro ficavam prejudicadas. Logo, a
“mentalidade econômica” da Igreja torvou-se um entrave para o desenvolvimento
mercantil. Os mercadores não se sentiam plenamente representados e protegidos.
2- Problemas com debates teológicos. Havia na Igreja 2 sistemas teológicos se
enfrentando:
- Tomismo: assumida pela cúpula da Igreja. Defendia que a salvação se dava pela fé e
pelas boas obras, sendo o homem possuidor do livre-arbítrio para garantir ou não sua
salvação.
- Agostiniana: fundada no princípio da salvação pela fé e pela predestinação. O indivíduo
era dotado de graça!
3- Problemas com a crise moral da Igreja. Havia uma desmoralização de parte do clero
devido ao seu envolvimento com casos de abuso de poder que contradiziam abertamente
com seus discursos e pregações moralizantes, especialmente, de condenação da usura.
Além disso, fazia-se a venda de bens eclesiásticos “bentos”, venda de cargos eclesiásticos.
Mas, naquele contexto, o pior elemento era a venda de indulgência. A indulgência existia
há muito tempo no cristianismo e estava relacionada à realização de alguma obra para
compensar algum pecado. O conceito foi distorcido e as boas obras foram substituídas
por pagamentos aos clérigos.

(FUVEST 2013)
“O senhor acredita, então”, insistiu o inquisidor, “que não se saiba qual a melhor lei?”
Menocchio respondeu: “Senhor, eu penso que cada um acha que sua fé seja a melhor, mas não

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se sabe qual é a melhor; mas, porque meu avô, meu pai e os meus são cristãos, eu quero
continuar cristão e acreditar que essa seja a melhor fé”.
Carlo Ginzburg. O queijo e os vermes. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 113
O texto apresenta o diálogo de um inquisidor com um homem (Menocchio) processado, em
1599, pelo Santo Ofício. A posição de Menocchio indica
a) uma percepção da variedade de crenças, passíveis de serem consideradas, pela Igreja
Católica, como heréticas.
b) uma crítica à incapacidade da Igreja Católica de combater e eliminar suas dissidências
internas.
c) um interesse de conhecer outras religiões e formas de culto, atitude estimulada, à época,
pela Igreja Católica.
d) um apoio às iniciativas reformistas dos protestantes, que defendiam a completa liberdade
de opção religiosa.
e) uma perspectiva ateísta, baseada na sua experiência familiar.
Comentário
Essa é uma questão que demanda interpretação. Contudo, se sabemos o conteúdo do assunto
sobre crise da Igreja Católica e Reformas religiosas, matamos a questão em 30 segundos. Com
o avanço das Reformas Protestantes, a partir do século XVI, a Igreja Católica usou a Inquisição
com vistas a combater princípios religiosos contrários àqueles por ela defendidos. Com base
no texto, é possível perceber que Menocchio tinha acesso a outros CRENÇAS religiosas, ainda
que permanecesse fiel ao cristianismo, sobretudo por questões culturais, já que sua família era
cristã. Veja que o trecho traz a noção de individualismo e humanismo, na medida em que cada
indivíduo é capaz de compreender por si mesmo e escolher qual fé seguir. Veja que não poderia
ser nenhuma das demais alternativas porque nenhuma delas se encaixa no excerto de texto
trazido no comando da questão.
Gabarito: A

3.1 – REFORMA LUTERANA


No final da Idade Média a centralização do poder na figura de monarcas estremeceu a relação
entre Igreja e reis.
Com o fortalecimento dos reis e a centralização de poder, como veremos na próxima seção, os
membros do clero, que exerciam influência sobre os reinados – principalmente se beneficiando de
tributos feudais –, tiveram sua força diminuída. Alguns monarcas, ao questionarem o sistema feudal,
também questionavam a vasta extensão de terras da Igreja Católica. Para você ter uma ideia, a Igreja
possuía 1/3 das terras no Sacro Império Romano-Germânico.
Além disso, articula comigo: até então, como vimos nas aulas anteriores, a Igreja Católica
apresentava a Igreja como uma Instituição Universal, ou seja, acima de qualquer rei ou reino. No
entanto, essa noção se chocava com a noção de nacionalidade que surgia nesse momento como
impulsionador da expressão do poder real (isso ficará mais claro na parte desta aula sobre aspectos
políticos do Antigo Regime, os Estados Nacionais). Também por esse motivo, muitos monarcas viam

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a Igreja, com sede em Roma, como uma instituição estrangeira que tentava interferir
demasiadamente nas questões internas, ou nacionais. Sacou?

Para você não ficar com dúvidas onde se localiza o Sacro


Império e onde estavam os demais reinados na virada da Idade
Média para a Idade Moderna, veja os mapas:

O Sacro Império Romano


Germânico é originariamente parte
1Banco de imagens Estratégia Vestibulares

do antigo Reino Franco. Com o


Tratado de Verdun, o Reino foi
divido em 3 partes. Carlos, o Calvo
ficou com a porção do que viria a ser
a França e Luís o Germânico ficou
com o a porção Leste Europeu. Em
962, Oto I foi coroado Imperador do
Sacro Império Romano Germânico.
Durante a Idade Média, o
feudalismo típico que estudamos
não se desenvolveu plenamente nessa
região, especialmente, quanto ao seu
aspecto político. Vários príncipes mantiveram grandes extensões de terra, bem como o
controle sobre outros senhores feudais. Além disso, escolhiam um imperador para
representá-los. Com isso, mantiveram exércitos mais permanentes, bem como cobrança de
impostos. Além disso, os príncipes germânicos mantiveram certo controle sobre a estrutura
da Igreja Católica.

A Igreja também se chocou com os interesses comerciais da burguesia ascendente. Isso


porque os negócios da burguesia comercial dependiam de uma expansão que muitas vezes
contrariava a mentalidade religiosa, como mencionamos antes. É só pensar no debate se a Terra era
redonda ou plana, discussão que influenciava as saídas para o mar e as rotas marítimas. (por sinal,
uma discussão que toma as redes sociais nos dias atuais, né 😊)

3
VICENTINO, Claudio; DORIGO, Gianpaolo; VICNTINO, José. Projeto Múltiplo: história. São Paulo:
Scipione, 2014.
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Os católicos também se posicionavam contrários à usura (empréstimos de dinheiro à juros),


elemento determinante para as práticas comerciais da época.
Além disso, a questão das indulgências acentuava as críticas à Igreja. Originalmente praticada
como realizações de fiéis para pagar por seus pecados no plano terreno, a venda de indulgências se
transformou em um verdadeiro negócio eclesiástico. Essa mudança contribuiu para desmoralizar a
Igreja. Isso porque parte considerável dos clérigos – de todas as hierarquias, incluindo o Papa –
passou a cobrar pagamentos religiosos.
Nessa ocasião, o papa Leão X, visando arrecadar recursos para a construção da Basílica de São
Pedro, em Roma, autorizou a venda de indulgência. Assim, ele oficializava o desvirtuamento do
sentido da indulgência como caminho para salvação.
Martinho Lutero (1483-1546) foi uma das lideranças religiosas que, à época, insurgiu-se
contra tal estado de coisas. Membro do clero e professor da Universidade de Wittenberg, ele
escreveu e divulgou, em 1517, um documento que ficou intitulado As 95 teses. O texto, que continha
críticas à Igreja e ao Papa, foi literalmente colado nas paredes da Igreja de Wittenberg. Das 95 teses
quero destacar 3 pontos essenciais, pois refletiam o enfrentamento com dogmas estruturais do
catolicismo. Reflitam:

➢ Em relação ao ponto 1, há uma afronta ao poder da hierarquia eclesiástica que


tinha, até então, o monopólio da interpretação da Bíblia. Isso conferia ao clero um
superpoder, concordam? Afinal, ele poderia passar qual ideia lhes conviesse. Além
disso, quero que note como isso tem um traço humanista: a capacidade do
indivíduo de interpretar o mundo (inclusive religioso) por si mesmo.
➢ No que se refere ao ponto 2, há uma afronta ao poder papal, pois ele era
considerado o único homem infalível e sua palavra tinha um caráter sagrado. Por
meio da ideia de Lutero, percebemos que a única palavra é a que se extrai
diretamente da escritura sagrada, logo, qualquer ser humano é falível, inclusive o
papa.
➢ Por fim, o ponto 3 é uma crítica profunda à concepção de salvação da alma. Este
tema é muito importante e acompanha não apenas o dogma católico, mas as
preocupações filosóficas humanas. Martinho Lutero negava qualquer outro meio
de salvação da alma que não seja a fé em Deus.

Em resposta, em 1520 o Papa Leão X condenou Lutero, ameaçou-o de excomunhão e exigiu


uma retratação pública. O manuscrito com a ordem do Papa, que foi divulgada por meio de uma
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bula (um tipo comum de documento daquele período), foi queimado por Lutero publicamente. Uma
afronta direta ao Papa.
Em 1521, Carlos V, Imperador do Sacro Império Romano Germânico, convocou a assembleia
denominada de Dieta de Worms e, nesta reunião, conseguiu, juntamente com o papado, considerar
Marinho Lutero como herege.
Apesar da condenação, Lutero foi abrigado por parte da nobreza e, protegido, passou a
dedicar-se a traduzir a Bíblia do latim para o alemão, bem como a elaborar princípios para uma nova
doutrina religiosa. Um desses nobres, Cranach, que era dono de uma prensa, chegou a distribuir 1
milhão de cópias de As 95 teses, de Lutero.
No fundo, apesar do estopim, a divergência de Lutero com a cúpula da Igreja Católica
possuía razões doutrinárias. De um lado, a Igreja com sede em Roma seguia o tomismo, para o qual
o livre-arbítrio e as boas intenções seriam o caminho correto para a salvação. De outro, Lutero seguia
a teologia agostiniana, fundada no princípio da salvação pela fé de modo que o indivíduo seria
predestinado à salvação. Além disso, Lutero também defendia a submissão da Igreja ao Estado.

Note que, ao propor a submissão da Igreja ao Estado, Lutero foi ao encontro dos
interesses de parte da nobreza alemã que estava descontente com a influência do poder
da Igreja, principalmente porque a Igreja possuía muitas terras. Com efeito, a força das
ideias de Lutero, além de viabilizar alianças entre os detentores de poder, também
estimulou revoltas populares. Isso porque as ideias dele também acabavam questionando
a interpretação divina da estratificação social (uma vez pobre, sempre pobre!).

Em 1530 a doutrina luterana foi mais bem delineada por meio da Confissão de Augsburgo a
qual passou a dar forma mais acabada à Reforma Luterana.

A Confissão de Augsburgo incluía:


• O princípio da salvação pela fé;
• A livre leitura da Bíblia, principalmente após a tradução
para o alemão (popularização da Bíblia);
• A utilização do alemão nos cultos religiosos, e não mais o
latim;
• Supressão do clero regular, do celibato e das imagens
religiosas;
• Submissão da Igreja ao Estado.
A tensão entre protestantes e católicos gerou muitos conflitos de modo que, em 1555, foi
selada a Paz de Augsburgo. O acordo definiu que cada governante, nas diferentes localidades do
Sacro Império Romano-Germânico, escolheria sua religião e a de seus súditos.

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3.2 – REFORMA CALVINISTA

A exemplo de Martinho Lutero, João Calvino (1509-1564), mas


agora na França, desenvolveu uma teoria que reformava os
ensinamentos católicos. Ele desenvolveu a Teoria da
Predestinação.

Veja o esquema teórico do argumento calvinista:

Ética
ascética

Para ele o homem estava predestinado a ser salvo ou a ser condenado a danação eterna. Os
predestinados eram os escolhidos de Deus. A partir dessa teoria, o trabalho intenso e a riqueza
proveniente dele eram interpretados como sinal da salvação. Como não se sabia quem eram os
salvos e os condenados, havia que se buscar e testar constantemente os sinais da salvação.
Tal entendimento contribui para uma “ética protestante” ou “ética ascética”. O modo de
vida ascético consistia em viver constantemente uma vida metódica, racionalizada e de sacrifícios;
rejeitar prazeres, e se dedicar a tudo o que de alguma forma agradasse a Deus. Essa era a forma
como calvinistas entendiam que poderiam testar a própria salvação.
Calvino nasceu na França, em 1509. Pertenceu e uma família de aristocratas e contou com
um benefício eclesiástico (algo como uma bolsa ou ajuda de custo) que custeou toda sua formação
intelectual e sua vida material.
Em 1533, converteu-se ao protestantismo. Foi considerado herético e precisou fugir para
Suíça.

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Em 1536, foi publicada a primeira edição da Instituição da Religião Cristã (ou Institutas),
introduzida por uma carta ao rei Francisco I da França contendo um apelo em favor dos evangélicos
perseguidos.
João Calvino viveu quase toda a vida em Genebra, ocupou cargos políticos importantes,
trabalhou com refugiados religiosos que chegavam a esta cidade e se tornou Bispo na Catedral Saint
Pierre. Combateu a perseguição aos protestantes, mas também perseguiu os chamados “libertinos”
– aqueles que não seguiam os princípios ascéticos que pregava.
Nesse sentido, foi um grande líder religioso do movimento que ficou conhecido como
Movimento Reformado – daí a expressão: Igreja Reformada. O calvinismo deu origem ao
Presbiterianismo.

Embora luxo e a ostentação fossem moralmente


condenados, havia a legitimação da poupança, ou do
lucro, bem como da usura e de todo a forma de
riqueza como sinal da predestinação. Isso atendia às
expectativas espirituais dessas classes sociais mais
ricas.

3.3 – REFORMA ANGLICANA


A reforma anglicana foi impulsionada pelo rei inglês Henrique VIII e teve motivações e
características distintas das reformas luterana e calvinista. Não havia questões doutrinárias e, por
isso, não constituiu um rompimento radical com os dogmas e rituais católicos. Por isso, há muitos
historiadores que afirmam que houve uma fusão entre elementos católicos e protestantes.

4
Os esponsais dos Arnolfini, 1434. Jan van EYCK. Retirado de: GOMBRICH, E.H. A História da Arte. Rio de Janeiro: LTC, 2015, p.
241.
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Henrique VIII era um aliado da “Santa Sé”, mas uma série de questões o levaram a romper com
a Igreja Católica. Pega o bizu dos motivos mais importantes:

Veja que os motivos são mais


conjunturais e de natureza política e
Motivos da ruptura
econômica.
➢ O primeiro se insere no
contexto da centralização do poder
Anulação do
Reduzir a influência político, como veremos a seguir na
Apropriar-se dos casamento do Rei
do Papa dentro da
bens da Igreja Henrique com seção específica sobre esse tema.
Inglaterra
Catarina de Aragão
➢ Seguindo esse sentido, os
nobres tinham intenção de se
apropriar dos bens da Igreja, pois passavam por um processo de concentração de terras
(cercamentos). Para tanto, só um clero enfraquecido cederia aos interesses da nobreza.
➢ Por fim, o terceiro elemento é aparentemente de interesse pessoal do rei, mas, na
verdade, possuia fins políticos. Afinal, naquela época, os casamentos estavam a serviço
das relações diplomáticas e das relações de poder nos processos de sucessão dos tronos.
Henrique VIII não queria continuar casado com Catarina de Aragão, pois ela era espanhola
e isso poderia abrir um problema de sucessão, especialmente porque ela nunca ficou
grávida de um homem. Por fim, e não menos importante. Henrique VIII amava Ana Bolena
– a cortesã da Corte. E queria com ela se casar.
O terceiro elemento da ruptura constitui o motivo pontual da ruptura com a Igreja, pois a partir
da recusa do Rei em anular o casamento do rei com a espanhola, Henrique VIII recorreu ao
Parlamento, que legitimou a anulação do casamento com a justificativa de interesse nacional. E
para concluir o processo de criação da Igreja Anglicana, em 1534, o Parlamento Inglês votou o Ato
de Supremacia, por meio do qual o Rei se tornava o chefe supremo da Igreja.
A consolidação foi um processo de idas e vindas, de tentativas de implantar o calvinismo e de
reações católicas. Até que no reinado da Rainha Elizabeth Primeira (1558-1603) houve uma
estabilidade. Falaremos mais sobre a Inglaterra ainda nesta aula e também na próxima aula sobre a
modernidade. Quero que você junte as informações, vai fazendo seus post-it da história inglesa e
você vai ter a certeza de que a religião anglicana se consolidará definitivamente no contexto das
Revoluções Liberais.

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3.4 – GUERRAS RELIGIOSAS, CONTRARREFORMA E A INQUISIÇÃO

No início da ascensão do protestantismo, a principal forma de combater os reformistas, ou


protestantes, foi punir as lideranças, como fizeram com Lutero e Calvino. Esperava-se, com isso,
sufocar as ideias no seu berço dos respectivos nascimentos. Foi em vão. Em 50 anos,
aproximadamente, 40% dos europeus ocidentais se converteram ao protestantismo. Assim, a
Europa viveu décadas de conflitos e disputas religiosas que desencadearam verdadeiras guerras
religiosas.

É interessante saber que cada um dos lados dessas disputas era apoiado por reis e príncipes
de cada religião. Do lado protestante, os príncipes alemães, ingleses e dinamarqueses. O lado
católico contava com o apoio dos reis da Espanha, por exemplo, que eram muito poderosos. Não foi
por outro motivo que a atuação do Tribunal da Santa Inquisição foi mais atuante na Península
Ibérica.

Na França era grande a divisão e extremamente violenta a disputa. Um dos mais trágicos
eventos desse contexto foi a chamada Noite de São Bartolomeu, ocorrida em 24 de agosto de 1572.
Na verdade, foi um dia inteiro de combate. A mando de Carlos IX, os protestantes franceses,
conhecidos como huguenotes (calvisnistas) foram massacrados. Estima-se que 20 mil protestantes
morreram.
Esse contexto nos mostra que os reis queriam impor sua religião aos seus
súditos. Não havia a ideia de liberdade e tolerância religiosa. Ao contrário, em
uma sociedade profundamente marcada e organizada socialmente por
paradigmas religiosos, tal liberdade era incompatível com a paz social. Assim,
para se alcançar paz e ordem era preciso impô-las por meio da religião.
Percebemos, então, uma faceta do poder político absolutista.
Para dar uma resposta à sociedade católica diante das críticas que se espalhavam pela Europa
e para impedir a continuidade do avanço do protestantismo a Igreja Católica organizou uma série de
medidas, que conhecemos por Contrarreforma.
Muitos clérigos que andavam incomodados com os abusos, aproveitaram para realizar uma
verdadeira reforma interna na Instituição. Porém, doutrinariamente, houve uma reafirmação dos
princípios católicos. Foi um longo processo que se estendeu por 4 papados:

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As principais medidas adotadas pelas lideranças religiosas foram:


➢ 1534 - Fundação da Companhia de Jesus: proposta pelo ex-soldado espanhol Inácio de
Loyola, a ordem era inspirada em uma estrutura militar cuja missão era impedir o avanço do
protestantismo e converter indivíduos ao catolicismo por meio da contemplação (na maioria
das vezes, forçada). A principal estratégia era criar escolas religiosas e implementar o estudo
da catequese.
➢ 1545/1563 – Concílio de Trento: reunião de bispos, conduzida pelo Papa, para discutir as
questões relacionadas à doutrina da Igreja. Nesses anos reafirmou-se os pontos básicos e
essenciais do catolicismo:
- Sete sacramentos – batismo, crisma, eucaristia, matrimônio, penitência, ordem e unção dos
enfermos)
- Tese da infalibilidade do papa
- Monopólio do clero para interpretação da Bíblia
- Reafirmação de indulgência por meio de boas práticas de caridade
- Salvação humana por meio da fé e das boas obras
- A Bíblia é a fonte da fé
- A missa é o encontro com Cristo
- Manutenção do celibato sacerdotal
- Criação de seminários para formação aprofundada de padres e demais clérigos
➢ Criação de uma lista de livros proibidos: o Index librorum prohibitorum.
➢ Reativação e reformulação do Tribunal da Santa Inquisição

A Contrarreforma foi eficiente e revigorou a Igreja, que foi obrigada a atuar profundamente
na reconversão de católicos e na conquista de outros. Aquele número de 40% de europeus
convertidos ao protestantismo caiu para 20%. Na França não passaram de 500 mil.

Ademais, a atuação da Igreja Católica não se limitou apenas à Europa. Como veremos, nessa
época houve a dominação da América Latina. E nesse local do Mundo, a Igreja Católica atuou
fortemente, especialmente por meio da Companhia de Jesus no processo de catequese dos
povos ameríndios.

Na aula sobre Idade Média, falamos sobre a criação do Tribunal da Santa Inquisição.
Apenas para relembrarmos, o Tribunal foi criado em 1231 pelo Papa Gregório IX para
perseguir as pessoas consideradas heréticas, ou que praticassem rituais diferentes
daqueles legitimados pela Igreja Católica. Era um contexto de afirmação dos dogmas
católicos. Com o passar do tempo, e a consolidação da Igreja, o Tribunal ficou inoperante.
Contudo, no contexto de transição da Época Medieval para a Moderna, houve a
reativação das acusações e processos baseados em acusações contra heresias. Primeiro
foram os humanistas e renascentistas, como demos o exemplo de Giordano Bruno.
Depois do século XVI, a partir do Concilio de Trento, o Tribunal ganhou maior importância.
O controle sobre as ações da Inquisição se descentralizou e passou a ficar vinculado ao
poder político local. Por isso, muitos reis e demais nobres usaram o poder do Tribunal da
Inquisição no processo de centralização política e disputas de poder para perseguir
desafetos nobres ou mesmo lideranças de revoltas camponesas. A estudiosa sobre

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Inquisição Anita W. Novinsky demonstra isso no seu livro “Viver nos tempos da
Inquisição”. Veja um trechinho:
“A confissão foi utilizada pela inquisição portuguesa e espanhola, durante períodos de
crise, para fins políticos, como, por exemplo, quando os inquisidores apoiavam os
Habsburgos e se utilizavam dos réus para extorquir segredos sobre Antonio, prior de
Crato, durante a Guerra da Catalunha e na guerra de sucessão da Espanha.”5
Além disso, a Inquisição foi utilizada para perseguir judeus. Esse fenômeno ocorreu de
maneira acentuada na Espanha e em Portugal. Em 1492, os reis de Aragão e Castela
usaram a inquisição para expulsar da Península os judeus não convertidos ao cristianismo.
Novisnky afirma que, em Portugal, o maior objetivo da Inquisição, por quase 3 século foi
combater o judaísmo. Essa perseguição se estendeu às colônias ibéricas, como é o caso
do Brasil.
A tortura foi amplamente utilizada pela Inquisição como forma de obter informações,
uma vez que a confissão era a prova mais aceita no Tribunal. Assim, o sistema
inquisitório era formado por 3 ideias centrais:
1- A busca pela verdade real
2- O sistema de provas legais
3- A tortura como método de averiguação.
Por fim, todas as informações levantadas e acontecimentos ocorridos durante o
procedimento investigatória deveria permanecer em máximo sigilo. Os inquisidores
exigiam dos réus e demais testemunhas oculares o SEGREDO. Um processo que ocorre
em segredo, sob tortura, sem direito a defesa, mas apenas com o dever da confissão,
pode ser interpretado, às lentes do direito romano clássico, como um julgamento de
exceção – violento e autoritário, sem respeitar qualquer direito e sem garantir
nenhuma dignidade.

4. FORMAÇÃO DOS ESTADOS MODERNOS ABSOLUTISTAS


Agora, vamos tratar sobre os aspectos políticos do Antigo Regime. Essa é uma parte
fundamental da sua aula. Preste bastante atenção!
É possível afirmar que o Estado Absolutista foi resultado de múltiplas determinações em meio
ao processo de transição política, econômica, social e mental da Idade Média para a Idade Moderna.
Um processo gradual cuja característica marcante foi a progressiva centralização do poder político,
ou a concentração do poder, nas mãos de um soberano (um rei, um monarca, um príncipe).
Já vimos que, em linhas gerais, a organização do sistema feudal favoreceu a descentralização
do poder, de modo que reis, clero e senhores feudais - a nobreza em geral - conviviam sem que um
se sobrepusesse ao outro como verdadeiro soberano. Embora houvesse uma tentativa de
sobreposição do poder espiritual (Igreja) sobre o temporal (dos reis e príncipes), as disputas não
levavam à formação de um soberano. Ainda vimos que, na Idade Média, o poder político estava
fragmentado. Com efeito, o Estado Absolutista da Idade Moderna irá superar as particularidades
e as fragmentações regionais do período histórico antecessor. O modelo FEUDAL da Idade Média,

5
NOVINSKY, Ana W. Viver nos tempos da Inquisição. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2018, p. 95.
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baseado no papel de diversos suseranos feudais no topo de hierarquia da relação de vassalagem,


será substituído por figuras SOBERANAS.
Veja abaixo uma representação gráfica do poder político fragmentado (característica da Idade
Média) e do poder político absoluto (característica da Idade Moderna) para que a ideia fique mais
clara para você.

Entre a metade do século XIV e até o final do XVI, vimos que muitas mudanças passaram a
ocorrer na Europa: o renascentismo; o dinamismo comercial que contribui para deteriorar as
relações de servidão; as reformas religiosas, entre outros. No que diz respeito à organização do
poder, passou a predominar um único centro de poder geral - como no diagrama acima - nos espaços
territoriais dos reinos (Reino Franco, Reino de Leão, Castela e Aragão, por exemplo). Isso porque,
além das novidades, as crises do século XIV (fome, peste, guerra), somadas à reconfiguração das
forças que disputavam e compartilhavam o poder (nobreza, reis, clero), levaram a novas formas
institucionais da administração do poder político, rumo à centralização (absolutismo).

Ademais, o novo ator que


entrou em cena, a
BURGUESIA, não foi capaz
de alterar as tradicionais
relações de poder que até
então existiam. Dessa
forma, em que pese a força
econômica da burguesia
comercial em ascensão, os
reis não sumiram do mapa!
Ao contrário, as
monarquias continuaram
como fonte legítimas dos
reinados.

A burguesia foi sendo aceita pelas classes já existentes, principalmente porque todo mundo
se beneficiava das riquezas geradas pelos negócios comerciais. As cortes e palácios necessitavam de

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dinheiro para manter o luxo, a pompa, a administração burocrática, os exércitos e os nobres que
viviam em torno do rei (a famosa aristocracia palaciana). Esse dinheiro provinha dos impostos
cobrados dos miseráveis e, agora, da burguesia. O clero e a nobreza não pagavam impostos.
Além disso, a fonte dos rendimentos econômicos dos nobres permanecia na posse das
terras, a dos burgueses, no comércio. Por isso, não havia um choque direto entre nobres e
burgueses, havia, sim, uma relação tensa de disputa por espaços e influência junto às cortes. Os
comerciantes, por exemplo, cobravam que os reis interviessem junto aos nobres para que não
cobrassem altos impostos nas estradas localizadas nos territórios desses nobres.
Já parte considerável da nobreza, em razão dos reveses que sofreu no século XIV, estava
enfraquecida.
Ai Alê, quais reveses profe?

Refresco sua memória, Bixo:


➢ gastos com guerras (a dos “Cem Anos”);
➢ perde de terras fruto dessas guerras;
➢ dívidas contraídas com banqueiros e comerciantes;
➢ fome em suas terras;
➢ peste negra;
➢ crises climáticas que destruíram plantações;
➢ revoltas camponesas; etc.

Algumas famílias de nobres superaram as adversidades e conseguiram manter tradições e


o fortalecimento de suas respectivas coroas (reinados). Assim, a parte falida da nobreza, para não
perder privilégios, passou a pedir auxílio e proteção aos nobres mais fortes.
Os nobres falidos passaram a ter dificuldades, principalmente, para lidar com os
camponeses revoltosos que passaram a questionar a condição de miséria em que viviam e, com
isso, a ideia de desigualdade naturalizada. Lembra que a ideia católica de estratificação social já não
fazia muito mais sentido e que os protestantes iniciaram a difusão de uma visão na qual os indivíduos
poderiam agir para mudar? Pois é, como enfrentar todas essas adversidades? Parte da nobreza
feudal precisou entregar sua autonomia a monarcas e, com isso, abrir mão da parcela do poder que
detinha.
Nesse contexto mais geral da Europa e, em síntese, ocorreu que:

➢ com parte da nobreza em crise financeira, sem terras e empobrecida, fortemente dependente
da proteção militar dos reis, príncipes, monarcas em geral;
➢ com o clero católico desmoralizado e sofrendo oposições de todos os lados, ou seja, sem forças
para continuar a reivindicar com exclusividade a teoria do poder divino;
➢ com a dependência da burguesia da proteção oferecida pelos reis para que o comércio
prosperasse;
➢ com a nova mentalidade favorável a mudanças na estrutura social;

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A quem, queridos e queridas alunas, em meio a um “vácuo” de poder, coube assumir as


rédeas da situação, reorganizar impostos, exércitos, territórios e comandar os rumos da história
naquele momento? Chan, chan, chan, chan.... Isso mesmo, aos reis e príncipes!
Todas os vetores, ou variáveis, da história estavam direcionando o poder para as coroas. Em
outras palavras, o momento histórico da Idade Moderna exigia respostas centralizadas e
coercitivas. Dessa forma, os reis acabaram assumindo um papel de mediadores das forças sociais
daquele período, uma espécie de equilibristas dos interesses do clero, da nobreza e da burguesia.

Repare no esqueminha!

Apesar de alguns historiadores apresentarem essa ideia de “equilíbrio” vista logo acima, Perry
Anderson discorda dessa elaboração.
Segundo esse historiador,

“o Estado absolutista nunca foi um árbitro entre aristocracia e a burguesia, e menos ainda um instrumento
da burguesia nascente contra a aristocracia: ele era a nova carapaça política de uma nobreza atemorizada” 6.

Nesses termos, a monarquia absolutista da época moderna teria sido uma monarquia feudal
diferente das monarquias medievais, mas a classe dominante (a nobreza), por ter predominado,
impôs uma nova forma de poder da própria nobreza. Para o historiador inglês,

6
ANDERSON, Perry. Linhas do Estado Absolutista. São Paulo: Editora Brasiliense. 1985, p. 18.
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os “Estados monárquicos da Renascença forma em primeiro lugar e acima de tudo instrumentos


modernizados para a manutenção do domínio da nobreza sobre as massas rurais” 7.

A despeito dessa divergência na historiografia, a qual você deve ficar ligado, os monarcas
lançaram mão de um conjunto de instrumentos de governo para assegurar o Estado. Esses
instrumentos passaram a caracterizar os Estados Absolutistas, são eles:

Sobre o corpo de leis, quero destacar que as novas práticas de troca de mercadorias exigiam
uma nova base jurídica. Até então, predominava o direito canônico, o qual condenava as práticas
comerciais. Além disso, a sociedade medieval estava baseada no direito consuetudinário, próprio
para o sistema feudal. Dessa maneira, os monarcas, a fim de não perderem o apoio dos
comerciantes, apoiaram-se no direito privado romano para orientar as relações jurídicas
mercantis. Sobre esse aspecto do Estado Absolutista, recorro a uma passagem esclarecedora de
Perry Anderson

“A superioridade do direito romano para a prática mercantil nas cidades residia, assim, não somente em suas
bem definidas noções de propriedade absoluta, mas nas suas tradições de equidade, em seus critérios
racionais de prova e na ênfase dada a uma magistratura profissional – vantagens que os tribunais
consuetudinários normalmente não ofereciam. A assimilação do direito romano na Europa do Renascimento
foi, assim um indício da difusão das relações capitalistas nas cidades e no campo: economicamente, ela
correspondia aos interesses vitais da burguesia comercial e manufatureira.”8

O sistema de leis imposto pelos monarcas, baseado no direito romano, ainda favorecia a
própria centralização política do poder. Isso porque a noção de propriedade privada inscrita nos
direitos civil e público romano foi a fonte que ajudou a legitimar as propriedades – territoriais ou de
outra ordem - dos reis absolutistas e a relação dos reis com seus súditos. Assim, a mudança do
sistema de leis de consuetudinário para o romano contribui para:
➢ impulsionar relações mercantis
➢ legitimar a centralização do poder

7
Idem, p. 20.
8
Idem, p. 26.
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Entretanto, alerto você de que, neste momento, apesar de a igualdade jurídica valer para
algumas atividades daquela sociedade (comércio), ainda não existia a ideia de igualdade jurídica
entre os indivíduos. Imagina, um camponês ser equipara a um príncipe? Difícil, né, pelo menos neste
momento da história.
Concomitantemente a esse sistema de leis, foi preciso um corpo de burocratas para aplicar
as legislações e um conjunto de estruturas administrativas para administrar a justiça dos soberanos
e os tributos que sustentavam a realeza.
A fim de proteger todo o patrimônio das Monarquias Absolutistas, também era
indispensável um forte exército, diferente das cavalarias – chamadas de milícias feudais por alguns
historiadores –, que davam suporte às nobrezas locais. Por isso, a partir do século XVI os Estados
Absolutistas começaram a profissionalizar seus exércitos. Agora, havia uma particularidade na
composição dos soldados desse exército. Como os camponeses e plebeus da Europa viam
desencadeando uma onda de revoltas, a nobreza não foi favorável admitir camponeses para a
composição dos exércitos, pois, com armas, eles poderiam se voltar de forma mais violenta contra
toda a realeza e os ricos da Renascença. Concordam?
Com medo de armar o campesinato, de acordo com Perry Anderson, os exércitos francês,
holandês, espanhol, austríaco e inglês arregimentaram albaneses, suíços, irlandeses, turcos,
húngaros, em suma, mercenários. Foi dessa situação que, um dos teóricos do absolutismo, J. Bodin,
escreveu:

“É praticamente impossível treinar todos os súditos de uma comunidade nas artes da guerra e ao mesmo
tempo mantê-los obedientes às leis e aos magistrados”.

(FUVEST 2001)
"É praticamente impossível treinar todos os súditos de um [Estado] nas artes da guerra e ao
mesmo tempo mantê-los obedientes às leis e aos magistrados."
(Jean Bodin, teórico do absolutismo, em 1578).
Essa afirmação revela que a razão principal de as monarquias europeias recorrerem ao
recrutamento de mercenários estrangeiros, em grande escala, devia-se à necessidade de:
a) conseguir mais soldados provenientes da burguesia, a classe que apoiava o rei.
b) completar as fileiras dos exércitos com soldados profissionais mais eficientes.
c) desarmar a nobreza e impedir que esta liderasse as demais classes contra o rei.
d) manter desarmados camponeses e trabalhadores urbanos e evitar revoltas.
e) desarmar a burguesia e controlar a luta de classes entre esta e a nobreza.
Comentário
O comentário dessa questão demonstra o que estamos argumentando: para a formação da
sociedade estamental do Antigo Regime – que representava manter os trabalhadores do
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campo e da cidade sob situação de subordinação à nobreza – era fundamental mantê-los longe
do poder político, mas também do poder militar. Duas forças fundamentais para manutenção
do status quo da sociedade.
Gabarito: D
Veja como os elementos do nosso quadrante acima, os que caracterizaram a formação dos
Estados Absolutistas, faziam sentido, de modo que um elemento puxava o outro. Assim é a dinâmica
histórica, queridos aluno e aluna.
Outro exemplo para você fixar bem essas relações, foi o primeiro imposto regular instituído
para todo o território da França, a taille royale. Ele foi criado para financiar as primeiras unidades
militares da monarquia francesa, em meados do século XV. A primeira unidade foi constituída de
escoceses. Já na Espanha, por volta da metade do século XVI, 80% das rendas do Estado espanhol
era direcionada para as despesas militares.
Essa militarização, sustentada por impostos e pela renda do comércio, ocorreu porque os
conflitos passaram a assumir dimensões internacionais. Principalmente em razão das incursões
além-mar das embarcações comerciais. A Guerra dos Cem Anos, entre Inglaterra e França, teria sido
o anúncio do clima que se instauraria na Europa das Monarquias Absolutistas. Não por menos, um
dos teóricos do absolutismo, Nicolau Maquiavel, assim escreveu sobre qual deveria ser a
preocupação maior dos reis e príncipes:
“Um príncipe não deve, portanto, ter outro, pensamento ou objetivo senão a guerra, nem adquirir perícia em outra coisa
que não seja a guerra, a sua organização e disciplina; porque a guerra é a única arte própria dos governantes”.

Está aí uma justificativa para a profissionalização dos exércitos nos Estados Absolutistas.
Além da guerra e do comércio, os Estados Absolutistas também começaram a desenvolver
intensas relações diplomáticas. Os representantes dos reis em outros territórios também era uma
atividade assumida pela nobreza (lembra-se do quadro Os Embaixadores?). Dentre as atividades da
diplomacia, encontrava-se a promoção dos casamentos entre cortes. De acordo com Perry
Anderson, como o Estado era concebido como um patrimônio do monarca, os títulos que ele e sua
família adquiriam se dava por meio da união de pessoas.
O supremo estratagema da diplomacia era, assim, o casamento – espelho pacífico da guerra, que tantas vezes a provocou 9.

Sobre os sistemas tributários dos Estados Absolutistas, além de eles financiarem o aparato
militar, eles também sustentavam a os cargos e privilégios que a nobreza mantinha junto as cortes.
A burocracia absolutista assumiu um caráter “parasitário”, pois, além dos privilégios, passou a
comercializar os próprios cargos a fim de auferir mais renda.
O curioso é que a venda de cargos, por si só, representava uma prática diferente de
rendimentos da nobreza, pois, diferentemente do direito consuetudinário de heranças, os cargos
comercializados não dependiam puramente das relações tradicionais. Com isso, a própria nobreza
dava um passo para fora do continuísmo dos laços medievais. São as contradições de um tempo
histórico.

9
Idem, p. 38.
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Já para a burguesia comercial, apesar de pagarem altos impostos, algumas medidas


protecionistas foram feitas a favor das atividades comerciais as quais estavam envolvidos. A França,
por exemplo, aboliu inúmeras barreiras internas ao comércio e impôs tarifas externas contra os
concorrentes estrangeiros.
Porém, a centralização política e administrativa do poder ocorreu de forma diferente nas
localidades da Europa (França, Inglaterra, Itália, Espanha, Portugal, entre outros reinos). Isso porque
a relação entre as instituições já existentes e predominantes nos séculos XIII e XIV (o Parlamento
inglês, as Cortes Ibéricas e as Assembleias Gerais francesas) com os monarcas foi marcada por
particularidades regionais. Veremos esses processos logo mais.
Claro que, como vimos acima na parte da aula sobre a Renascença, a força das ideias, seja
dos pensadores seja da mentalidade coletiva em plena transformação (principalmente a
mentalidade religiosa), também foi determinante para sustentar e justificar a gradual
concentração do poder nas mãos dos monarcas.
Por isso, é muito importante entendermos o pensamento dos teóricos do Estado Moderno
Absolutista. Nomes de peso do pensamento político-filosófico que se destacaram no início da Idade
Moderna e até hoje são referência para as Ciências Humanas. Alguns deles são:
• Nicolau Maquiavel (1469-1527) • Thomas Hobbes (1588-1679)
• Jean Bodin (1530-1596) • Jacques Bossuet (1627-1704)

Vamos ver, então, os pensadores e os processos que levaram à centralização do poder nas
Monarquias Absolutistas europeias. Primeiro os pensadores, pois eles ajudaram a legitimar o Estado
Absolutista.

4.1 – O PENSAMENTO POLÍTICO FAVORÁVEL ÀS MONARQUIAS MODERNAS

 Nicolau Maquiavel, conhecido por sua obra O Príncipe,


delimita a separação de política e moral. Isso porque, para
Maquiavel, o governante não poderia ter dúvidas morais ao
tomar decisões políticas. A proposta do autor italiano era que um
rei, um príncipe, um monarca, enfim, o governante, fizesse o
governo funcionar, a qualquer custo. Por isso, desenvolve a
máxima: “os fins justificam os meios”. Principalmente porque, o mundo dos homens,
por ser permeado por guerras, conflitos, corrupção, dissimulações, não permitiria
espaços para um governante benevolente, puro no sentido de entra em conflito moral
para governar.
Nesses termos, Maquiavel se chocou com a doutrina cristã, que exigia um comportamento
corretivo e temente a Deus dos fiéis. Por conta de seu pensamento, O Príncipe foi colocado no Index
– lista de livros proibidos, segundo a Contrarreforma Católica, lembra?
Na prática, com suas obras – além de O Príncipe, também escreveu Mandrágora e Discurso
sobre a Década de Tito Lívio – Maquiavel defendeu a unificação da Itália sob os mandos de um
governante.
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 Jean Bodin foi o teórico do absolutismo que mais difundiu, no


século XVI, a concepção soberana do poder real, acima de qualquer outro
poder. Em uma França marcada por conflitos entre católicos e
protestantes, ele escreveu Os seis livros da República (1576). Segundo o
historiador Richard Bonney, a teoria de Bodin sustentava que, para um
monarca absolutista, o poder significava que ele era suficientemente
poderoso a ponto de agir livremente sem nenhum tipo de obrigação
institucional10. Nesse sentido, ele desenvolve a teoria da soberania
segundo a qual o poder político teria fundamento na capacidade soberana de o
governante criar novas leis e de impor obediência a elas. Nas palavras de Bodin,

“a lei não é senão o mando do soberano no exercício do seu poder”. As limitações do poder soberano seriam
a lei divina e a lei natural.”

A reflexão de Bodin, tal como Maquiavel em relação à Itália, seria uma solução para os
conflitos nos territórios franceses a ponto de o poder absoluto se sobrepor às diferenças políticas e
religiosas. Por defender a teoria do poder monárquico apoiado na razão, e não na religião, bem
como por defender a tolerância religiosa, o livro de Bodin também foi posto no Index.

 Já Thomas Hobbes, justificou a concentração do poder por ser


o Estado produto de um contrato entre os homens, que não
poderia ser rompido entre os governantes e governados.
Em Leviatã (1651), Hobbes argumenta que os homens teriam cedido
direitos (como a autonomia), por meio de um contrato, ao Estado. Como os
homens viviam em guerra permanente no estado de natureza, sem sujeições
a leis, o poder era disputado de forma irracional. A organização da sociedade
civil por meio do contrato permitiria racionalizar a vida dos homens, pois viabilizaria a preservação
da propriedade privada e da paz social. Porém, seria preciso a renúncia de direitos naturais em prol
do soberano.

10
BONNEY, Richard. O Absolutismo. Portugal: Publicações Eropa-America. 1989, p. 27.
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Por fim, Jacques Bossuet, pensador francês, foi um dos defensores mais
fervorosos do direito divino dos reis, concepção segundo a qual os reis podiam
reinar por vontade de Deus, e não por decisão dos súditos ou das assembleias.
Boussuet, que foi tutor de Luis XV, também escreveu Memórias para a Educação
do Delfim.
Dentro dessa ideia, Bossuet também defendeu que o rei deveria ser o
chefe da Igreja francesa. Para ele, o papa só teria autoridade para assuntos
espirituais. Em Política segundo a Sagrada Escritura (1709), assim sistematiza:

Proposição única: há quatro aspectos ou qualidades essenciais à autoridade real:


primeiro, a autoridade real é sagrada; segundo, ela é paternal; terceiro, ela é absoluta;
quatro, ela é sujeita à razão11.

No geral, reunindo saberes desses pensadores, podemos


definir absolutismo como:
“forma de Governo em que o detentor do poder
exerce este último sem dependência ou controle de
outros poderes, superiores ou inferiores. Inteiramente
diferente seria defini-lo como "sistema político em
que a autoridade soberana não tem limites constitucionais", ou apenas "sistema
político que se concretiza juridicamente através de uma forma de Estado em que
toda a autoridade (poder legislativo e executivo) existe, sem limites nem controles,
nas mãos de uma única pessoa"12.

Considerando que o Renascimento foi um movimento ocorrido na passagem da Idade


Média para a Moderna, as ideias de Dante Alighieri (1265-1321), embora um pensador
do período medieval, contribuíram para o movimento humanista. Nesse sentido, como
protagonista do humanismo, esse autor anunciou e sintetizou duas críticas que se
expandiram com os pensadores do período da Renascença que o sucederam, quais sejam:
A crítica aos desvirtuamentos na Igreja Católica, muito em voga durante as Reformas (já
vistas nesta aula);
A crítica à desorganização do poder político na Itália, anunciado o que seriam os
fundamentos do Estado Monárquico Absolutista.
Dante Alighieri, apesar de mais conhecido pela literatura, com A Divina Comédia (obra de
influência no movimento humanista), também foi um autor político, no sentido de pensar

11
BOSSUET, Jacques. Política segundo a Sagrada Escritura. In: LE BRUN, Jacques.
12
BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política. Brasília: Ed. UnB. 1998, p. 2.
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e teorizar sobre a política e de se engajar nela. Segundo o professor Arno Dal Ri Júnior, da
Universidade Federal de Santa Catarina, se coube a Maquiavel retirar o estatuto religioso
da política, coube a Dante Alighieri fazer o mesmo com o Estado, porém, antes do autor
de O Príncipe13.
Dante Alighieri, analisou o Estado em três textos: Convívio (1306); textos reunidos em
Espistolae (1308-1312); e, Monarquia (1313). Esta última obra representa a contribuição
desse autor italiano para o pensamento político moderno. Nela, Dante desenvolve uma
crítica às intervenções do poder da Igreja na política e, conforme o professor Dal Ri Júnior,
teria sido a primeira “exaltação do que mais tarde viria a se tornar o Estado secularizado”,
pois Dante via na instituição de um Estado monárquico mundial (ou pelo menos na
península itálica) a salvação para a humanidade. Com isso, em Monarquia, Dante
argumenta a favor da soberania universal de um imperador para solucionar as constantes
crises que acometiam o território italiano entre os séculos XIII e XIV. Somente essa
autoridade suprema poderia trazer a paz os homens.
Os italianos viviam sob um profundo conflito divisionista entre apoiadores do Império do
Vaticano e apoiadores do Sacro Império Romano-Germânico, cuja influência dominava o
norte da península itálica.
Nos reinados italianos, assim como vimos nas passagens sobre as Reformas, o poder
espiritual da Igreja era muito criticado por dois motivos: a degeneração das instituições
eclesiásticas e a ausência da verdadeira missão espiritual, devido a contaminação do
“dinheiro”; e, a corrupção dos clérigos que atuavam na vida pública. Lembro de que as
indulgências também foram duramente criticadas por Dante em A Divina Comédia.
Com efeito, a teoria dantesca sobre o Estado, ao mesmo tempo que propunha um poder
de um soberano, afirmava a necessidade de limitação do poder da Igreja e do próprio
soberano. Isso porque, para Dante, essas limitações evitariam abusos sobre a sociedade
civil. Essa ideia do poeta florentino é muito próxima de Thomas Morus.
Diante da busca pela proteção da sociedade civil, algo que Dante advogava a seu favor,
pois fora perseguido pela Igreja e por governantes, o bem comum só poderia ser atingido
por uma monarquia racional, capaz de distinguir razão e fé. Nesse sentido, na obra
Monarquia, três elementos marcam a defesa da soberania do povo:
1-a consolidação do princípio da propriedade privada e a sua utilização como limite ao
poder espiritual e do que Dante imaginava como monarquia absolutista;
2-o resgate das instituições públicas e privadas do direito romano;
3-a existência de direitos naturais que resguardam a liberdade e a dignidade humanas.

(Adaptada para FUVEST)

13
DAL RI JR, Arno. Direito e política na Monarquia de Dante Alighieri. Introdução. ALIGHIERI, Dante.
Monarquia. São Paulo: Ed. Lafonte. 2012.
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(...) O príncipe que baseia seu poder inteiramente na sorte se arruina quando esta muda.
Acredito também que é feliz quem age de acordo com as necessidades do seu tempo, e da
mesma forma é infeliz quem age opondo-se ao que o seu tempo exige.
Maquiavel. "O Príncipe". Brasília: Ed. UnB, 1976. p.90.
A formação dos Estados modernos na Europa Ocidental foi fruto de um complexo processo de
alianças entre setores da nobreza e da nascente burguesia. O rei encarnava essa tensa aliança
que expressava as lutas políticas próprias ao período de formação do capitalismo.
Acerca do processo de formação dos Estados modernos, é possível afirmar que
( ) os princípios disseminados na obra de Nicolau Maquiavel, "O Príncipe", são condizentes
com a moralidade política medieval, que defendia a origem divina do poder real; portanto, ao
príncipe caberia aceitar os desígnios divinos e governar para o bem da coletividade.
( ) Maquiavel elabora uma reflexão realista sobre o poder e o homem; portanto, aconselha
o príncipe a governar em nome de uma razão destinada, primordialmente, ao fortalecimento
do poder do soberano.
( ) a imagem do rei estava associada, desde a formação dos Estados feudais, a princípios
religiosos. Os rituais de coroação, mediados pela Igreja Católica, sacralizavam o poder real.
( ) o tumultuado processo revolucionário francês disseminou um medo profundo nos Estados
monárquicos, que, posteriormente, formaram a Santa Aliança, para combater o avanço dos
movimentos revolucionários.
Comentário
A primeira assertiva esta erra porque a teoria política de Maquiavel, por separar moral e
política, chocava-se com a moralidade medieval religiosa. Para Maquiavel, um governante não
deveria se guiar pelos enunciados morais religiosos, do contrário estaria fadado ao fracasso.
Isso porque, em política, o governante tem que tomar posições que, muitas vezes, contrariam
a própria moral, como no caso de conter uma rebelião com força (portanto contra seus irmãos)
em seu próprio território.
As demais assertivas estão corretas.
Gabarito: F V V V

4.2 – FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS NACIONAIS EUROPEIAS, 3 CASOS

4.2.1 - A formação do Estado Absolutista na França


“(...) a história da construção do absolutismo francês seria a de um processo “convulsivo” em direção
ao Estado monárquico centralizado, repetidamente interrompido por recaídas na desintegração e na
anarquia provinciais, às quais se seguiam uma reação intensificada no sentido da concentração do

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poder real, até que, finalmente conseguiu-se chegar a uma estrutura extremamente sólida e
estável”14
Em meio a fragmentação do poder político na França, por volta do século XII, o Rei Felipe II,
pertencente à dinastia capetíngia, iniciou o processo de centralização política francês. Dentre as
razões históricas que o incentivaram, encontrava-se a disputa territorial com os ingleses no norte da
França.
Para repelir os inimigos estrangeiros, Felipe II precisou organizar um forte exército francês,
superior às forças militares de cada senhor feudal francês.
Nesse momento, a formação do exército e a vitória sobre a Inglaterra impulsionaram as
intenções centralizadora de Felipe II. Podemos afirmar que, daqui em diante, os elementos mais
gerais que vimos sobre a formação dos Estados Absolutistas passaram a predominar no processo de
formação da Monarquia Absolutista francesa. Por isso, é comum os livros de história afirmarem
que o centralismo monárquico se desenvolveu de forma mais marcante na França.
Felipe II criou o embrião do corpo de burocratas e, a fim de articular um apoio da burguesia
comercial (também embrionária), garantiu a liberdade de impostos feudais a algumas cidades por
meio da carta de franquia. Em troca, o monarca recebia certa renda do comércio.
Seguiram-se outros reis que, cada qual a sua maneira, contribuiu com os elementos
determinantes para a formação do absolutismo na França. Vejamos dois deles:
A Guerra dos Cem Anos (1337-1453) marcou a formação das Monarquias francesa e inglesa.
Além da necessidade de formação de exércitos para os confrontos, a constituição de impostos para
custear a guerra estimulou o desenvolvimento da estrutura administrativa do Estado. Nesses
termos, na França, foram criados impostos que recaíram sobre os camponeses (a Talha) e outros,
sobre a burguesia. De acordo com o historiador Perry Anderson, essa guerra foi determinante para
um novo modelo fiscal na França, superior ao construído no período medieval.
Além disso, com a crescente centralização do poder, os reis franceses se depararam com o
desafio de administrar um território de vasta extensão. Assim, se a Guerra dos Cem Anos viabilizou
a criação de um exército e impostos permanentes, pouco contribuiu para aprimorar a
administração do território francês. Esse aprimoramento foi realizado em meio ao contexto das
guerras religiosas, portanto, interna ao território francês. Isso porque, os conflitos da reforma
protestante na França envolveram, praticamente, toda a população: burguesia, nobreza,
camponeses, clero, reis. Lembro de que, em linhas gerais, a disputa religiosa na França foi entre a
burguesia calvinista (huguenotes) e a nobreza católica.
Diante de tantas disputas internas, uma forma de suprimir as contendas e controlar o
território foi aprimorar a estrutura burocrática do Estado. Isso foi feito com o rei Francisco (1515-
1547) e o rei Carlos IX (1560-1574), por exemplo.
Cabe lembrar que, em função da guerra religiosa, houve uma crise de sucessão no trono
francês. O rei Henrique III (reinado de 1573 a 1575) foi assassinado por um católico fanático.
Nesse contexto, faltava, então, um elemento importante para liberar o caminho rumo à
consolidação da Monarquia Absolutista francesa, qual seja, a pacificação do território. Isso ocorreu

14
ANDERSON, Perry. Idem, p. 85.
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com o rei Henrique IV, o qual, após se converter ao catolicismo e decretou o Edito de Nantes (1598).
Por meio dessa ação, o rei viabilizou a liberdade de culto aos protestantes. Com isso, o rei também
conquistou a simpatia da burguesia comercial calvinista. Henrique IV também criou o cargo de
intendente, formado por funcionário subordinados apenas ao rei e que possuíam autoridade para
intervir nas províncias.
A distribuição de cargos na administração do Estado francês, que já perdurara por mais de
um século, atingiu ponto máximo e se estabilizou em 1604, com a inovação do instituto chamado
paulette. A paulette era o pagamento de uma percentagem anual em cima do valor da compra do
cargo para que ele – o cargo – passasse a ser hereditário. Tratou-se de uma inovação, pois, com a
medida, a burocracia passou a se retroalimentar e se descolar da nobreza. Esse elemento foi
importante para construir, ao longo dos anos, a autonomia do que virá a ser o Estado soberano
francês em relação à nobreza.
Henrique IV também estabeleceu, pela primeira vez, o poder a presença reais em Paris,
formando, assim, a capital permanente do reino francês.
Seguiu-se o rei Luis XIII, que era menor de idade e, por isso, os poderes reais foram delegados
ao bispo regente Richelieu. Este promoveu uma série de reformas administrativas e foi responsável
por envolver a França na Guerra dos 30 Anos (1618-1648) contra a dinastia Habsburgo (do Sacro
Império Romano-Germâncio) e a Espanha.

Por sua vez, Luís XIV, que governou de 1643 a 1715, e ficou conhecido pela frase “O Estado
sou eu”, consumou o apogeu do Estado Absolutista na França. Ele herdou um Estado com
um exército consolidado, com uma administração burocrática definida, com finanças
regulares e sem grandes conflitos internos. Ou seja, o poder monárquico estava,
praticamente, racionalizado e ampliado.
Contudo, como veremos em aulas futuras, os vultuosos gastos da monarquia inaugurada por
Luís XIV, sucedida por Luís XV (reinou de 1715 a 1774) e por Luís XVI (reinou de 1774 a 1792),
contribuiriam para a crise financeira do Estado francês e para novos desdobramentos em meio ao
contexto da efervescência do iluminismo.

4.2.2 - O Estado Absolutista na Inglaterra

Assim como para a França, a Guerra dos Cem Anos contribui para fortalecer a centralização
do poder na Inglaterra. Porém, entre os ingleses, como os barões (a nobreza) detinham a primazia
dos poderes locais sobre os poderes do monarca, além de o Grande Conselho (futuro Parlamento)
ter significativo poder, foi o enfraquecimento da nobreza nesta guerra que favoreceu a figura do
monarca.
Um detalhe interessante apontado pela historiografia é que o fato de estar localizada em uma
ilha fez com que a nobreza medieval inglesa se tornasse internamente forte, pois não havia inimigos
externos que a ameaçasse. Nesse sentido, também era dispensável a formação de um exército único
e profissional para repelir o inimigo. Cada nobre comandava seu próprio batalhão.
Porém, essa situação de insulamento dos ingleses contribuiu para disputas entre os nobres.
Com efeito, o desenvolvimento histórico das tensões políticas na Inglaterra se deu entre a nobreza

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organizada no Grande Conselho (a futura Câmara dos Comuns, o Parlamento) e aquela em torno da
Coroa.
Prosseguindo, com os altos custos militares na Guerra dos Cem Anos, os nobres começaram
a ficar enfraquecidos, pois os combates eram feitos por seus guerreiros e não por um exército único,
como dito. Na prática, era dinheiro dos nobres que se perdia nos combates. Além disso, logo após a
Guerra dos Cem Anos, iniciou-se em solo inglês uma disputa interna, a Guerra das Duas Rosas (1455-
1485).
Esse conflito, que envolveu toda a nobreza inglesa, foi a disputa pelo trono entre as famílias
York e Lancaster uma vez que, após a Guerra dos Cem Anos, não mais existia uma autoridade real
vitoriosa capaz de unir a nobreza inglesa. Havia um vazio de poder após a derrota para a França.
O desfecho dessa Guerra entre as duas famílias ocorreu com a ascensão dos Tudors ao poder,
por meio da figura de Henrique VII.
Por sua vez, com Henrique VIII (reinado de 1509 a 1547) melhor se delineou a centralização
do poder político, pois, ele decretou o Ato de Supremacia como parte da disputa com o papado.
Mais uma vez, lembro de que o protestantismo possuía muito mais afinidade com os interesses
comerciais da burguesia em ascensão do que a condenação do comércio feita pela Igreja Católica.
Por isso, a nova religião na Inglaterra agradou os burgueses a ponto de Henrique VIII conseguir
articular seu fortalecimento.
Essa força de Henrique VIII também se desenvolveu porque para se defender dos ingleses
defensores do Vaticano, convocou o Parlamento a fim de mobilizar a classe fundiária a seu favor. Ele
conseguiu legitimidade para confiscar os bens da Igreja, bem como transferiu para suas mãos o
poder religioso.
Dando sequência a uma política voltada para o comércio e, portanto, interessada em auferir
renda para a Coroa, a rainha Elizabeth (reinado de 1558 a 1603) desenvolveu medidas mercantilistas,
de característica expansionista:
➢ construiu uma frota marítima;
➢ explorou colónias na América;
➢ invadiu colônias da Espanha.
Nesse processo de fortalecimento do setor do comércio-marítimo, os Tudors fortaleceram os
mercadores ingleses, grupo nos quais os monarcas dessa dinastia se apoiaram para defender seus
interesses dinásticos que, em diversos momentos, se opunham aos da nobreza.
No geral, é importante você entender que duas fontes de poder predominavam na
organização institucional da Inglaterra: a Coroa e o Grande Conselho. A dinâmica, ora mais tensa,
ora menos, entre o que virá a ser a Monarquia central e o Parlamento – dividido em 2 Câmaras – foi
o que ditou os rumos da formação do absolutismo inglês. Segundo o historiador Perry Anderson,
“A existência na Inglaterra desses parlamentos medievais, a partir do século XIII, não constituía
evidentemente uma peculiaridade nacional. O que os distinguia era mais o fato de se tratarem de instituições
ao mesmo tempo “únicas” e “conglomeradas”. Em outras palavras, havia apenas uma assembleia desse tipo,
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cujos limites coincidiam com os do próprio país, e não uma para cada província; e no seio dessa assembleia
não existia a divisão tripartida de nobres, clero e burgueses, geralmente predominante no continente ”15

Por isso, a teoria absolutista dos pensadores que advogam que o rei poderia
legislar de forma suprema não encontrou viabilidade prática entre os
ingleses. Havia uma limitação que se esbarrava no Parlamento, pois esta
instituição contrabalanceava qualquer tentativa absolutista.

A rainha Elizabeth foi sucedida por Jaime I, que governou de 1603 a 1625, dando início a
dinastia Stuart. Com os Stuarts foi dado mais um passo rumo à consolidação da monarquia inglesa,
pois em razão da origem escocesa da família, Inglaterra e Escócia foram unificadas sob o mesmo
reinado. Contudo, os Stuarts tinham tendências absolutistas e se enfrentavam o tempo todo com o
Parlamento e com os interesses quer seja da burguesia quer seja da nobreza.
No século XVII, divergências religiosas e econômicas levaram a dois conflitos:
Em 1640, a disputa física entre os cavaleiros partidários do rei, de um lado, e, do outro, dos
chamados “cabeças redondas” em defesa do Parlamento, cindiu os ingleses em dois grandes grupos
e originou a chamada Revolução de Oliver Cromwell. O Rei foi decapitado e instalou-se uma
Repúbica.
Com a morte de Cromwell as forças monárquicas se reorganizaram para restaurar a Casa dos
Stuarts. Mais uma vez, a tensão entre Rei e Parlamento, provocou um conflito conhecido Revolução
Gloriosa, em 1688. A burguesia comercial, a qual foi beneficiada pelos Atos de Navegação de
Cromwell venceu a batalha e afastou do poder os Stuarts. Com efeito, o trono real passou a ser
ocupado pelo protestante Guilherme de Orange, muito mais propenso a defender os negócios
mercantis.
É importante ressaltar que nesse processo, Guilherme de Orange foi obrigado a assinar uma
declaração que estabelecia um equilíbrio de poderes entre a Coroa e a Câmara dos Comuns. Nesse
sentido, o documento assinado foi a Declaração de Direitos (Bill of Rights) segundo a qual o monarca
não se sobreporia ao Parlamento, e nem tentaria fazê-lo.
Dessa forma, diferentemente de uma monarquia absolutista com um único foco de poder,
na Inglaterra se constituiu uma Monarquia Constitucional. Para alguns, do ponto de vista do
absolutismo, tratou-se de uma monarquia absolutista acanhada. Perry Anderson define o processo
ocorrido na ilha normanda como uma centralização concorrente entre o poder real e o poder de
representação da nobreza16 (no Parlamento).

15
Idem, pp. 113-114.
16
Idem, p. 113.
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4.2.3 - A monarquia espanhola

A Espanha foi considerada a uma grande potência da Europa Moderna, por isso é importante
falarmos um pouco sobre ela, sem contar que ela impactou diretamente a colonização na América
Latina.
A formação da monarquia espanhola estava ligada às guerras de Reconquista da península
Ibérica e aos arranjos entre os nobres para a constituição do território. Nesse sentido, em 1469, o
casamento de Fernando (do reino de Aragão) com Isabel (do reino de Leão e Castela) uniu três
reinos. Em seguida, em 1492, esse reinado reconquistou o sul da Espanha e expulsou
definitivamente os árabes da Península Ibérica.
Com a união de Fernando e Isabel, os reis católicos, a monarquia espanhola, dentre todas do
continente europeu, foi a que mais se beneficiou – do ponto de vista territorial- da instituição do
casamento. Lembre-se, o casamento tinha um papel importante na diplomacia entre os reinos.
Outro ponto importante da singularidade dessa monarquia foi que ela, com as conquistas do
Novo Mundo, acumulou uma riqueza fruto dos metais preciosos. Segundo Perry Anderson, a
pilhagem da América fez com que a Monarquia Espanhola tivesse um tesouro muito superior a
qualquer outra casa real do período da Renascença17. A consequência disso foi que, diferentemente
dos demais reinos, o absolutismo na Espanha pode dispensar (durante um tempo) a constituição de
um sistema administrativo de tributação eficiente.
Nos territórios espanhóis também ocorreu um fenómeno similar ao ocorrido na França. As
revoltas camponesas fruto da fome, da peste, enfim da miséria, fizeram com que os senhores de
terra procurassem a tutela do rei. Essa situação reforçou a centralização do poder na Espanha.
Adiciona-se que a Santa Inquisição funcionou em todo o território espanhol e cumpriu um papel
ideológico poderoso ao impor o medo. Os reis eram católicos e abriram um vasto espaço para a
atuação da Igreja Católica espanhola, formando-se uma aliança estratégica entre governo e religião.
Aqui não houve tolerância com os protestantes.
Poderosos e com recursos para financiar seus planos expansionista, seja no continente, seja
nas Américas (com a famosa armada de navios espanhóis), os reis espanhóis não tiveram dúvidas
em promover guerras. Anexaram regiões do sul da Itália e de Portugal. Tentara investidas contra
França e Inglaterra e invadiram principados da Alemanha. Por esses motivos, considera-se que a
Espanha foi a primeira potência da Europa no século XVI.
A fim de controlar todo o território, Fernando e Isabel iniciaram uma série de medidas
autoritárias: as ordens militares regionais forma anexadas ao poder central; para alunar poderes
regionais, castelos baroniais foram demolidos; as guerras privadas (resoluções de conflito
diretamente) foram proibidas; a autonomia das cidades foi suprimida a partir da instalação das
corregedorias oficiais responsáveis por administrá-las; o Estado assumiu o controle das finanças da

17
Idem, p. 59.
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Igreja, eliminando, assim, a influência do papado na Espanha. Nos dizeres de Perry Anderson, “a
máquina de Estado castelhana foi, em outras palavras, racionalizada e modernizada”18.
Nesse contexto, entre 1556 e 1598, reinou Felipe II, que foi a expressão da centralização
absolutista. O viés autoritário do absolutismo de Felipe II apareceu com a repressão aos protestantes
luteranos, calvinistas e anglicanos. Também expulsou judeus e mulçumanos da Espanha. Para tanto,
a Inquisição foi imprescindível.
A ambição de Felipe II e a certeza de sua soberania foi tamanha que, com a armada espanhola,
tentou invadir a Inglaterra. Nesse ponto, podemos perceber o papel do casamento na promoção de
guerras e pacificações. Veja:

# Felipe II, casou-se com a inglesa Maria I Tudor e, com esse casório, tentou adquirir
direitos à coroa da Inglaterra (1554), com a morte de Maria (em 1558), o projeto de união
dos dois reinos falhou, pois não chegaram a ter um filho. # A terceira das mulheres de
Felipe II foi a francesa Isabel de Valois, filha de Henrique II da França. Esse casamento foi
parte do processo de pacificação entre França e Espanha.
Ocorreu que, na tentativa de invasão da Inglaterra, os espanhóis foram derrotados pelos
ingleses. De toda forma, a característica expansionista da Monarquia espanhola e a centralização
política-administrativa aprimorada por Felipe II demonstram a formação do absolutismo em solo
castelhano.
Quero que você articule a seguinte associação, após vermos os exemplos da França, Inglaterra e Espanha:

Fiz essa relação para você


perceba que o maior ou
menor espaço à burguesia
comercial em ascensão (em
geral protestante) estava
diretamente ligada à fonte de
renda que financiava o
Estado absolutista. Aproveito
para explicar que vermos a
formação da monarquia
portuguesa na próxima aula,
quando tratarmos sobre a
expansão ultramarina de
Portugal e a colonização
portuguesa na América.

18
Idem, p. 64.
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5. SISTEMA ECONÔMICO NO ANTIGO REGIME: MERCANTILISMO


Queridos e queridas, resta-nos fechar nossa primeira parte dos estudos sobre a Modernidade
discutindo os aspectos econômicos que se formaram.
O renascimento comercial e urbano foram transformações sem volta para o feudalismo.
Contudo, no século XIV e início do século XV, uma grande crise abateu-se sobre a Europa, como
afirma Nicolau Sevcenko19. A Peste, a Guerra dos Cem Anos e as rebeliões camponesas geraram um
clima de insegurança e retração demográfica e econômica. Além disso, como falamos nessa aula, a
mentalidade católica condenava várias práticas importantes para o desenvolvimento econômico,
como a usura.
Assim, a retomada do crescimento econômico esbarrava em diversos obstáculos, como: a
escassez da moeda, a produção agrária deficitária e estagnação do comércio com o Oriente devido
ao monopólio das rotas comerciais marítimas mantido pelas cidades italianas.
Portanto, era necessário romper com este controle das cidades italianas sobre as rotas
marítimo-comerciais e chegar direto às fontes das especiarias, dos produtos de luxo, dos tecidos,
entre outros, – nas “Índias”. Portanto, a solução seria lançarem-se ao Oceano em um grande
empreendimento de expansão marítimo-comercial e, então, alterar o eixo comercial do
Mediterrâneo para o Oceano Atlântico.

Veja o esqueminha:

estagnação
produção agrícola
escassez de moeda marítimo-
deficitária
comercial

Mudança do eixo
Solução: Expansão
comercialdo
Marítimo-
Mediterrâneo para
comercial
Oceano Atlântico

19
SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo: Ed. Saraiva, 1994.
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20

primeiro atlas moderno, resultado das intensas explorações marítimas


de Abraão Ortélio, publicado em 1570 em Antuérpia, considerado o
Perceba que a
questão econômica da
Modernidade está

"Theatrum Orbis Terrarum" ("Teatro do Globo Terrestre")


relacionada com o comércio. A
atividade era mercantil. Nesse
sentido, a solução para os
problemas econômicos
europeus passava,
necessariamente, por
melhorar e aumentar as rotas
comerciais, chegar e controlar a
fonte de distribuição de
mercadoria. Evidentemente, esse
empreendimento demandava uma
grande monta de recursos e uma
coordenação arrojada para
implementá-lo, concorda? Isso justificava a necessidade da centralização política na Monarquia e
uma série de práticas econômicas que, posteriormente, foram sistematizadas como
MERCANTILISMO.
Assim, querido e querida, Mercantilismo foi o Sistema Econômico predominante no período
da Modernidade, ou seja, foi o conjunto de ideias e de práticas (uma doutrina) que conduziram a
economia dos Estados Modernos Absolutistas. Essas práticas não foram universalistas, ou seja, elas
variaram de país para país a depender do seu contexto interno e das oportunidades relacionadas
com o domínio das rotas econômicas, especialmente, as marítimas. Contudo, os modelos locais
tinham em comum o fato de o Estado intervir fortemente na economia, em parceria com setores
mercantis.

Vejamos algumas ideias que caracterizam a intervenção do Estado na Economia:


➢ Metalismo: A prática de acumular metais preciosos dentro das fronteiras do Estado Nacional.
Isso porque a riqueza de um reino passou a ser medida pela quantidade de metais preciosos
que existia dentro de suas fronteiras. Não importava a forma da obtenção de metais. Também
pode ser chamado de bulionismo. Este é o primeiro princípio do mercantilismo.
➢ Balança Comercial Favorável: Para acumular riqueza era necessário exportar mais que
importar, gerando superávit.
➢ Protecionismo: Para fazer a balança comercial se tornar superavitária, o Estado deveria
proteger o mercado interno impedindo, ou pelo menos dificultando, a entrada descontrolada
de mercadorias dos países concorrentes. O protecionismo poderia se dar pelo incentivo ao

20
Ortelius, Abraham, Aegid. Coppenius Diesth, and Humphrey Llwyd. Theatrum Orbis Terrarum.
Antverpiae: Apud Aegid. Coppenium Diesth, 1570. Map. https://www.loc.gov/item/98687183/. Acessado
em 15-03-2019.
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desenvolvimento de manufaturas e por meio da política alfandegária (taxa de importação e


exportação).

Vejamos alguns tipos de mercantilismo


➢ Metalismo: Objetivo era obter diretamente os metais preciosos. Caso clássico da Espanha
que, por meio de suas colônias latino-americanas, conseguiu extrair quantidade enorme de
outro e prata.

➢ Industrialismo: Objetivo era o desenvolvimento da produção


manufatureira. Perceba que o nome é industrialismo, mas não se
trata (nem de longe) de algo parecido com MAQUInofatura
(fenômeno do século XVIII). Outra denominação é colbertismo,
porque foi o Ministro Francês Jean-Baptiste Colbert quem
sistematizou as ideias do desenvolvimento da manufatura para
garantir a balança comercial favorável. Deveria produzir mais do que
comprar. Para isso era preciso reforçar o protecionismo. Assim, o
industrialismo corresponde ao modelo francês.

➢ Comercialismo: Objetivo era o fortalecimento do comércio, especialmente, o controle do


comércio marítimo. Esta foi uma política desenvolvida na Inglaterra que atuou no sentido de
controlar o transporte dos produtos que circulavam no Oceano Atlântico. Por isso,
desenvolveram uma forte marinha mercante.
Observe que Portugal não se encaixa muito bem em nenhum desses modelos. Ele tinha
colônias, mas estas não lhe garantiu extrair imediatamente e em grandíssima quantidade os metais
que precisava. Assim, ele usou as colônias como mercado consumidor das mercadorias que ele
obtinha em outras regiões. É sabido que Portugal transformou algumas regiões africanas, como as
atuais Moçambique, Cabo-Verde, Açores, Guiné-Bissau, Angola, em protetorados comerciais,
comercializando, inclusive, pessoas. Do Brasil, sua principal colônia, além de mercado consumidor,
o Brasil garantia a produção em larga escala de gêneros tropicais. Primeiro o açúcar, as especiarias
silvestres (temperos). Só depois, no século XVII veio o ouro para colocar em prática a transferência
de metais preciosos da colônia para a metrópole.
É verdade que muitas provas adoram os modelinhos. Você
também gosta das palavras-chaves que eu sei!! É verdade
que tudo isso ajuda a gente a sistematizar assuntos muito
complexos. Contudo, em algumas situações podem aparecer
exemplos “fora da curva”. Por isso, modelinhos e palavrinhas
ajudam, mas não são suficientes na hora das questões mais
cabeludas. Seja safo, todo esforço é POUCO!! 😉

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Para finalizar, articula comigo uma ideia: se tomarmos as concepções mercantilistas como
ponto da análise, podemos chegar à conclusão de que houve concorrência entre os países europeus
no sentido de ver quem acumulava mais metais precisos. Assim, ao longo da história dessa época
moderna, tomaremos contato com diversos momentos em que esses reinos entram em conflito.
Portanto, como elemento fundamental desse contexto, Portugal e Espanha, que foram os
pioneiros das Grandes Navegações, como veremos, desenvolveram um dos maiores sistemas de
lucratividade da época moderna: O Colonialismo!
✓ Para ter superávit comercial foi necessário o COLONIALISMO;
✓ Para extrair diretamente metais preciosos foi necessário o colonialismo;
✓ Para exportar gêneros tropicais também.
Os reinos europeus que dominaram territórios e os transformaram em colônias tinham um
mercado cativo e um baratíssimo fornecedor de matérias-primas e produtos tropicais (sucesso na
Europa). Vendiam tudo muito mais caro para suas colônias que, por sua vez, não podiam fazer
comércio se não com suas metrópoles. Isso gerava enorme superávit para metrópole. Portugal e
Espanha foram pioneiros nesse sistema.
No entanto, olha que coisa, ao terem muitas possibilidades econômicas com o colonialismo
na América Latina, esses reinos ibéricos não se importaram em desenvolver a manufatura. Nesse
sentido, passaram a depender exclusivamente do sucesso da colônia.
Segundo o professor Fernando Novais21, o sistema de exploração colonial foi uma peça
fundamental do Mercantilismo. Por isso, vamos nos aprofundar sobre esse tema na próxima aula.
Porque, afinal, como começou essa história de Colonialismo, você poderia me perguntar. Ela começa
com a “descoberta” do Novo Mundo ou a chegada dos europeus à América por meio do que
chamamos de Grandes Navegações – mas isso será tema da nossa próxima aula.
E aí Bixo, quem lembra como se chama essa relação entre metrópole e colônia? ... (30 segundos
depois...) Aposto que você respondeu “na lata”: pacto colonial ou exclusivo metropolitano!! Já tatua
na mente essa informação porque será assunto da nossa próxima aula!

(FUVEST 2009)
"Da armada dependem as colônias, das colônias depende o comércio, do comércio, a
capacidade de um Estado manter exércitos numerosos, aumentar a sua população e tornar
possíveis as mais gloriosas e úteis empresas."
Essa afirmação do duque de Choiseul (1719-1785) expressa bem a natureza e o caráter do:
a) liberalismo.

21
NOVAIS, Fernando A. Portugal e Brasil na crise do sistema colonial (1777-1808). In: VAINFAS,
Ronaldo. Dicionário do Brasil colonial (1500-1808).
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b) feudalismo.
c) mercantilismo.
d) escravismo.
e) corporativismo.
Comentário
Vamos desenhar essa cadeia causal de dependências mencionada na questão?

Essa relação de dependência entre colônia, mercado, exército e Estado forte e interventor é
característica do mercantilismo. No feudalismo não tem Estado e nem exército centralizado,
bem como no liberalismo não tem intervenção estatal na economia. Nas atividades com
características mercantis como as mencionadas no texto, não há escravismo e, por fim, o
corporativismo é o modelo de Estado ligado ao fascismo italiano. Logo o gabarito é letra C
Gabarito: C

Bem, querida e querido aluno, chegamos ao final da aula sobre a primeira parte do Período
Moderno. Ainda teremos mais uma aula para falar sobre as transformações desse modelo
absolutista que findará na Contemporaneidade.
Como eu falei, esta não é um tema muito cobrado, mas sem entendê-lo, depois, ficará difícil
entender as causas do Iluminismo, da Revolução Americana e Francesa, por exemplo. Por isso, gatos,
estude bem!
Faça seu controle de temporalidade!! Dá uma estudada no dicionário conceitual, coloquei
itens importantes lá.
Faça todos os exercícios. ESTUDE os comentários das questões. Cada uma delas é comentada
com o máximo apreço pelo detalhe da explicação, para fazer você aprender não apenas a resposta
certa, mas como realizar a questão. Além disso, os comentários trazem, algumas vezes, o
aprofundamento sobre o que foi dito na aula teórica. Fiz com muito cuidado e carinho. Aproveite
bem!
Faça também os exercícios desafio da segunda fase. Aventure-se!
E se pintar dúvida, me acha no Fórum de Dúvidas.
Nos vemos na próxima aula!
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Um beijo, um abraço apertado e um suspiro dobrado, de amor sem fim!


Alê @profe. ale.lopes

6. LISTA DE QUESTÕES

(Enem 2012)

Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem fabricada por um conjunto de estratégias que
visavam sedimentar uma determinada noção de soberania. Neste sentido, a charge
apresentada demonstra
a) a humanidade do rei, pois retrata um homem comum, sem os adornos próprios à vestimenta
real.
b) a unidade entre o público e o privado, pois a figura do rei com a vestimenta real representa
o público e sem a vestimenta real, o privado.
c) o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao conhecimento do público a figura de um rei
despretencioso e distante do poder político.
d) o gosto estético refinado do rei, pois evidencia a elegância dos trajes reais em relação aos
de outros membros da corte.
e) a importância da vestimenta para a constituição simbólica do rei, pois o corpo político
adornado esconde os defeitos do corpo pessoal.
(Enem 2010)
O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito é
manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente
do que outros que, por muita piedade, permitem os distúrbios que levem ao assassínio e ao
roubo.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe, São Paulo: Martin Claret, 2009.
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No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão sobre a Monarquia e a função do


governante.
A manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na
a) inércia do julgamento de crimes polêmicos.
b) bondade em relação ao comportamento dos mercenários.
c) compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.
d) neutralidade diante da condenação dos servos.
e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe.
(Enem 2006)
O que chamamos de corte principesca era, essencialmente, o palácio do príncipe. Os músicos
eram tão indispensáveis nesses grandes palácios quanto os pasteleiros, os cozinheiros e os
criados. Eles eram o que se chamava, um tanto pejorativamente, de criados de libré. A maior
parte dos músicos ficava satisfeita quando tinha garantida a subsistência, como acontecia com
as outras pessoas de "classe média" na corte; entre os que não se satisfaziam, estava o pai de
Mozart. Mas ele também se curvou às circunstâncias a que não podia escapar.
Norbert Elias. Mozart: sociologia de um gênio. Ed. Jorge Zahar, 1995, p. 18 (com adaptações).
Considerando-se que a sociedade do Antigo Regime dividia-se tradicionalmente em
estamentos: nobreza, clero e 3º Estado, é correto afirmar que o autor do texto, ao fazer
referência a "classe média", descreve a sociedade utilizando a noção posterior de classe social
a fim de
a) aproximar da nobreza cortesã a condição de classe dos músicos, que pertenciam ao 3º
Estado.
b) destacar a consciência de classe que possuíam os músicos, ao contrário dos demais
trabalhadores manuais.
c) indicar que os músicos se encontravam na mesma situação que os demais membros do 3º
Estado.
d) distinguir, dentro do 3º Estado, as condições em que viviam os "criados de libré" e os
camponeses.
e) comprovar a existência, no interior da corte, de uma luta de classes entre os trabalhadores
manuais.
(Enem 2019)
TEXTO I
A centralização econômica, o protecionismo e a expansão ultramarina engrandeceram o
Estado, embora beneficias sem a burguesia incipiente.
ANDERSON, P. In: DEYON, P. O mercantilismo. Lisboa: Gradiva, 1989 (adaptado).
TEXTO II

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As interferências da legislação e das práticas exclusivistas restringem a operação benéfica da


lei natural na esfera das relações econômicas.
SMITH, A. A riqueza das Nações. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (adaptado).
Entre os séculos XVI e XIX, diferentes concepções sobre as relações entre Estado e economia
foram formuladas. Tais concepções, associadas a cada um dos textos, confrontam-se,
respectivamente, na oposição entre as práticas de
a) valorização do pacto colonial — combate à livre-iniciativa.
b) defesa dos monopólios régios — apoio à livre concorrência.
c) formação do sistema metropolitano — crítica à livre navegação.
d) abandono da acumulação metalista — estímulo ao livre-comércio.
e) eliminação das tarifas alfandegárias — incentivo ao livre-cambismo.
(Enem 2015)
No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média – no Ocidente – nasceu com elas. Foi
com o desenvolvimento urbano ligado às funções comercial e industrial – digamos
modestamente artesanal – que ele apareceu, como um desses homens de ofício que se
instalavam nas cidades nas quais se impôs a divisão do trabalho. Um homem cujo ofício é
escrever ou ensinar, e de preferência as duas coisas a um só tempo, um homem que,
profissionalmente, tem uma atividade de professor e erudito, em resumo, um intelectual –
esse homem só aparecerá com as cidades.
LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010

O surgimento da categoria mencionada no período em destaque no texto evidencia o(a)


a) apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato.
b) relação entre desenvolvimento urbano e divisão de trabalho.
c) importância organizacional das corporações de ofício.
d) progressiva expansão da educação escolar.
e) acúmulo de trabalho dos professores e eruditos.
(Enem 2011)
Acompanhando a intenção da burguesia renascentista de ampliar seu domínio sobre a
natureza e sobre o espaço geográfico, através da pesquisa científica e da invenção tecnológica,
os cientistas também iriam se atirar nessa aventura, tentando conquistar a forma, o
movimento, o espaço, a luz, a cor e mesmo a expressão e o sentimento.
SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas: Unicamp, 1984.
O texto apresenta um espírito de época que afetou também a produção artística, marcada pela
constante relação entre
a) fé e misticismo.

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b) ciência e arte.
c) cultura e comércio.
d) política e economia.
e) astronomia e religião.
(Enem 2001)
O franciscano Roger Bacon foi condenado, entre 1277 e 1279, por dirigir ataques aos teólogos,
por uma suposta crença na alquimia, na astrologia e no método experimental, e também por
introduzir, no ensino, as ideias de Aristóteles. Em 1260, Roger Bacon escreveu: "Pode ser que
se fabriquem máquinas graças às quais os maiores navios, dirigidos por um único homem, se
desloquem mais depressa do que se fossem cheios de remadores; que se construam carros
que avancem a uma velocidade incrível sem a ajuda de animais; que se fabriquem máquinas
voadoras nas quais um homem (...) bata o ar com asas como um pássaro. Máquinas que
permitam ir ao fundo dos mares e dos rios"
(apud. BRAUDEL, Fernand. Civilização material, economia e capitalismo: séculos XV-XVIII.
São Paulo: Martins Fontes, 1996, vol. 3).
Considerando a dinâmica do processo histórico, pode-se afirmar que as ideias de Roger Bacon
a) inseriam-se plenamente no espírito da Idade Média ao privilegiarem a crença em Deus como
o principal meio para antecipar as descobertas da humanidade.
b) estavam em atraso com relação ao seu tempo ao desconsiderarem os instrumentos
intelectuais oferecidos pela Igreja para o avanço científico da humanidade.
c) opunham-se ao desencadeamento da Primeira Revolução Industrial, ao rejeitarem a
aplicação da matemática e do método experimental nas invenções industriais.
d) eram fundamentalmente voltadas para o passado, pois não apenas seguiam Aristóteles,
como também baseavam-se na tradição e na teologia.
e) inseriam-se num movimento que convergiria mais tarde para o Renascimento, ao
contemplarem a possibilidade de o ser humano controlar a natureza por meio das invenções.
(Enem 2001)
O texto foi extraído da peça "Tróilo e Créssida" de William Shakespeare, escrita provavelmente,
em 1601.
"Os próprios céus, os planetas, e este centro
reconhecem graus, prioridade, classe,
constância, marcha, distância, estação, forma,
função e regularidade, sempre iguais;
eis porque o glorioso astro Sol
está em nobre eminência entronizado
e centralizado no meio dos outros,
e o seu olhar benfazejo corrige
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os maus aspectos dos planetas malfazejos,


e, qual rei que comanda, ordena
sem entraves aos bons e aos maus."
(personagem Ulysses, Ato I, cena III).
SHAKESPEARE, W. Tróilo e Créssida. Porto: Lello & Irmão, 1948.

A descrição feita pelo dramaturgo renascentista inglês se aproxima da teoria


a) geocêntrica do grego Claudius Ptolomeu.
b) da reflexão da luz do árabe Alhazen.
c) heliocêntrica do polonês Nicolau Copérnico.
d) da rotação terrestre do italiano Galileu Galilei.
e) da gravitação universal do inglês Isaac Newton.
(FUVEST 2018)
Tanto no desenvolvimento político como no científico, o sentimento de funcionamento
defeituoso, que pode levar à crise, é um pré-requisito para a revolução.
(T. S. Kuhn. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1989)
Analise as quatro afirmações seguintes, acerca das revoluções políticas e científicas da Época
Moderna.
I. A concepção heliocêntrica de Nicolau Copérnico, sustentada na obra Das revoluções das
esferas celestes, de 1543, reforçava a doutrina católica contra os postulados protestantes.
II. A Lei da Gravitação Universal, proposta por Isaac Newton no século XVII, reforçava as radicais
perspectivas ateístas que haviam pautado as ações dos grupos revolucionários na Inglaterra à
época da Revolução Puritana.
III. Às experiências com eletricidade realizadas por Benjamin Franklin no século XVIII, somou-
se sua atuação no processo de emancipação política dos Estados Unidos da América.
IV. Os estudos sobre o oxigênio e sobre a conservação da matéria, feitos por Antoine Lavoisier
ao final do século XVIII, estavam em consonância com a racionalização do conhecimento,
característica da Ilustração.
Estão corretas apenas as afirmações
a) I, II e III.
b) II, III e IV.
c) I, III e IV.
d) I e II.
e) III e IV
(FUVEST 2000)

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Em 1748, Benjamin Franklin escreveu os seguintes conselhos a jovens homens de negócios:


"Lembra-te que o tempo é dinheiro... Lembra-te que o crédito é dinheiro... Lembra-te que o
dinheiro é produtivo e se multiplica... Lembra-te que, segundo o provérbio, um bom pagador
é senhor de todas as bolsas... A par da sobriedade e do trabalho, nada é mais útil a um moço
que pretende progredir no mundo que a pontualidade e a retidão em todos os negócios".
Tendo em vista a rigorosa educação religiosa do autor, esses princípios econômicos foram
usados para exemplificar a ligação entre:
a) protestantismo e permissão da usura.
b) anglicanismo e industrialização.
c) ética protestante e capitalismo.
d) catolicismo e mercantilismo.
e) ética puritana e monetarismo.
(FUVEST 2011)
O olho é o senhor da astronomia, autor da cosmografia, conselheiro e corretor de todas as
artes humanas (...). É o príncipe das matemáticas; suas disciplinas são intimamente certas;
determinou as altitudes e dimensões das estrelas; descobriu os elementos e seus níveis;
permitiu o anúncio de acontecimentos futuros, graças ao curso dos astros; engendrou a
arquitetura, a perspectiva, a divina pintura (...). O engenho humano lhe deve a descoberta do
fogo, que oferece ao olhar o que as trevas haviam roubado.
(Leonardo da Vinci, Tratado da pintura).
Considere as afirmações abaixo:
I- O excerto de Leonardo da Vinci é um exemplo do humanismo renascentista que valoriza
o racionalismo como instrumento de investigação dos fenômenos naturais e a aplicação
da perspectiva em suas representações pictóricas.
II- Num olho humano com visão perfeita, o cristalino focaliza exatamente sobre a retina
um feixe de luz vindo de um objeto. Quando o cristalino está em sua forma mais
alongada, é possível focalizar o feixe de luz vindo de um objeto distante. Quando o
cristalino se encontra em sua forma mais arredondada, é possível a focalização de
objetos cada vez mais próximos do olho, até uma distância mínima.
III- Um dos problemas de visão humana é a miopia. No olho míope, a imagem de um objeto
distante forma-se depois da retina. Para corrigir tal defeito, utiliza-se uma lente
divergente.
Está correto o que se afirma em :
a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
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(FUVEST 2004)
"No campo científico e matemático, o processo da investigação racional percorreu um longo
caminho. Os Elementos de Euclides, a descoberta de Arquimedes sobre a gravidade, o cálculo
por Eratóstenes do diâmetro da terra com um erro de apenas algumas centenas de quilômetros
do número exato, todos esses feitos não seriam igualados na Europa durante 1500 anos."
Moses I. Finley. Os gregos antigos
O período a que se refere o historiador Finley, para a retomada do desenvolvimento científico,
corresponde
a) ao Helenismo, que facilitou a incorporação das ciências persa e hindu às de origem grega.
b) à criação das universidades nas cidades da Idade Média, onde se desenvolveram as teorias
escolásticas.
c) ao apogeu do Império Bizantino, quando se incentivou a condensação da produção dos
autores gregos.
d) à expansão marítimo-comercial e ao Renascimento, quando se lançaram as bases da ciência
moderna.
e) ao desenvolvimento da Revolução Industrial na Inglaterra, que conseguiu separar a técnica
da ciência.
(FUVEST 1999)
Já se observou que, enquanto a arquitetura medieval prega a humildade cristã, a arquitetura
clássica e a do Renascimento proclamam a dignidade do homem. Sobre esse contraste pode-
se afirmar que
a) corresponde, em termos de visão de mundo, ao que se conhece como teocentrismo e
antropocentrismo;
b) aparece no conjunto das artes plásticas, mas não nas demais atividades culturais e religiosas
decorrentes do humanismo;
c) surge também em todas as demais atividades artísticas, exprimindo as mudanças culturais
promovidas pela escolástica;
d) corresponde a uma mudança de estilo na arquitetura, sem que a arte medieval como um
todo tenha sido abandonada no Renascimento;
e) foi insuficiente para quebrar a continuidade existente entre a arquitetura medieval e a
renascentista.
(FUVEST 1996)
Com relação à arte medieval, o Renascimento destaca-se pelas seguintes características:
a) a perspectiva geométrica e a pintura a óleo.
b) as vidas de santos e o afresco.
c) a representação do nu e as iluminuras.
d) as alegorias mitológicas e o mosaico.

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e) o retrato e o estilo romântico na arquitetura.


(FUVEST 1995)
Com relação às artes e às letras de seu tempo, os humanistas dos séculos XV e XVI afirmavam:
a) que a literatura e as artes plásticas passavam por um período de florescimento, dando
continuidade ao período medieval.
b) que a literatura e as artes plásticas, em profunda decadência no período anterior, renasciam
com o esplendor da Antiguidade.
c) que as letras continuavam as tradições medievais, enquanto a arquitetura, a pintura e a
escultura rompiam com os velhos estilos.
d) que as artes plásticas continuavam as tradições medievais, enquanto a literatura criava
novos estilos.
e) que o alto nível das artes e das letras do período nada tinha a ver com a Antiguidade nem
com o período medieval.
(FUVEST 2002)
No fim da Idade Média e início da Idade Moderna, o rompimento dos monopólios que os
letrados mantinham sobre a cultura escrita e os clérigos sobre a religião criou uma situação
nova, potencialmente explosiva. Esse duplo rompimento deveu-se
a) aos descobrimentos e invenções científicas.
b) à invenção da imprensa e à Reforma.
c) ao Renascimento e ao Estado absolutista.
d) ao aparecimento do alfabeto e das heresias.
e) ao humanismo e à Inquisição.
(FUVEST 1989)
Um dos principais aspectos do complexo quadro histórico que permitiu as Reformas Religiosas
do século XVI foi
a) o Cisma do Ocidente, que Lutero se propunha a superar.
b) a crise econômica, que a teologia de Calvino poderia solucionar.
c) o autoritarismo da Igreja combatido por Inácio de Loyola
d) a rica espiritualidade, não satisfeita pelo formalismo da Igreja.
e) o nacionalismo religioso, defendido principalmente por Filipe II.
(FUVEST 1995)
"Após ter conseguido retirar da nobreza o poder político que ela detinha enquanto ordem, os
soberanos a atraíram para a corte e lhe atribuíram funções políticas e diplomáticas".
Esta frase, extraída da obra de Max Weber, "POLÍTICA COMO VOCAÇÃO", refere-se ao processo
que, no Ocidente:

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a) destruiu a dominação social da nobreza, na passagem da Idade Moderna para a


Contemporânea.
b) estabeleceu a dominação social da nobreza, na passagem da Antiguidade para a Idade
Média.
c) fez da nobreza uma ordem privilegiada, na passagem da Alta Idade Média para a Baixa Idade
Média.
d) conservou os privilégios políticos da nobreza, na passagem do Antigo Regime para a
Restauração.
e) permitiu ao Estado dominar politicamente a nobreza, na passagem da Idade Média para a
Moderna.
(FUVEST 1988)
O Estado Moderno Absolutista atingiu seu maior poder de atuação no século XVII. Na arte e na
economia suas expressões foram respectivamente:
a) rococó e liberalismo.
b) renascentismo e capitalismo.
c) barroco e mercantilismo.
d) maneirismo e colonialismo.
e) classicismo e economicismo
(FUVEST 2002)
... cabanas ou pequenas moradias espalhadas em grande número, nas quais residem os
trabalhadores empregados, cujas mulheres e filhos estão sempre ocupados, cardando, fiando
etc., de forma que, não havendo desempregados, todos podem ganhar seu pão, desde o mais
novo ao mais velho. "
Daniel Defoe, Viagem por toda a ilha da Grã-Bretanha, 1724.
Essa passagem descreve o sistema de trabalho:
a) manufatureiro, no qual um empregador reúne num único local dezenas de trabalhadores.
b) da corporação de oficio, no qual os trabalhadores têm o controle dos meios de produção.
c) fabril, no qual o empresário explora o trabalha do exército industrial de reserva.
d) em domicilio, no qual todos os membros de uma família trabalham em casa e por tarefa.
e) de co-gestão, na qual todos os trabalhadores dirigem a produção.

(FUVEST 2008)
Nos séculos XIV e XV, a Itália foi a região mais rica e influente da Europa. Isso ocorreu devido
à
a) iniciativa pioneira na busca do caminho marítimo para as Índias.
b) centralização precoce do poder monárquico nessa região.
c) ausência completa de relações feudais em todo o seu território.
d) neutralidade da península itálica frente à guerra generalizada na Europa.
e) combinação de desenvolvimento comercial com pujança artística.
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(FUVEST 1989)
"Esta palavra já não pode ter o sentido original. No âmbito de uma História total, significa (e
não pode significar outra coisa) a promoção do Ocidente numa época em que a civilização da
Europa ultrapassou, de modo decisivo, as civilizações que lhe eram paralelas. No tempo das
primeiras Cruzadas, a técnica e a cultura de árabes e chineses igualavam, e suplantavam até, a
técnica e a cultura dos ocidentais. Em 1600 já não era assim." (Jean Delumeau)
A palavra a que se refere o autor e que designa um importante fenômeno histórico é
a) Descobrimentos.
b) Capitalismo.
c) Renascimento.
d) Iluminismo.
e) Absolutismo.
(FUVEST 1988)
O período 1450-1550, de transição da Medievalidade para a Modernidade, conheceu dentre
outras características:
a) decadência econômica e racionalização da vida religiosa.
b) revalorização do aristotelismo e consolidação do Estado Absolutista.
c) forte efervescência religiosa e intensa expansão comercial.
d) avanço do liberalismo burguês e recuo do feudalismo.
e) hegemonia europeia francesa e despontar da arte gótica.
(FUVEST 2002)
Segundo Marx e Engels, há períodos históricos em que as classes sociais em luta se
encontram em tal equilíbrio de força que o poder político adquire um acentuado grau de
independência em relação a elas. Foi o que aconteceu com:

a) a Monarquia absolutista, em equilíbrio entre nobreza e burguesia.


b) a Monarquia feudal, em equilíbrio entre guerreiros e camponeses.
c) o Império romano, em equilíbrio entre patrícios e plebeus.
d) o Estado soviético, em equilíbrio entre capitalistas e proletários.
e) o Estado germânico, em equilíbrio entre sacerdotes e pastores.
(Mackenzie 2017)
A guerra foi igualmente provocada pelas ambições da França e da Inglaterra sobre Flandres,
região economicamente rica pelo seu comércio e por sua produção de tecidos. Extremamente
devastadora, agravou a situação de miséria e exploração das classes camponesas, mas também
contribuiu para revelar o sentimento nacional.
A afirmação acima refere-se à:
a) Guerra do Bouvines.

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b) Guerra dos Cem Anos.


c) Guerra das Duas Rosas.
d) Guerra dos Três Henriques.
e) Guerra dos Trinta Anos.
(UEL 2011)
No processo de formação das monarquias nacionais europeias, o desenvolvimento do
comércio e das cidades
a) criou a necessidade de centralização do poder para unificar os tributos, as moedas, os pesos
e medidas, as leis e mesmo a língua.
b) ocorreu sob uma luta de interesses que aliou a burguesia, a Igreja, os artesãos e os servos
contra o rei e a nobreza.
c) contribuiu para que a nobreza e a burguesia impusessem uma autoridade de cunho
particularista no controle das cidades.
d) criou condições para que a autoridade do rei, no Estado Moderno, fosse limitada pelo
parlamento.
e) promoveu a subordinação do poder real aos duques e condes, que possuíam grandes
exércitos.
(Albert Einstein 2018)
No dia 31 de Outubro de 1517, o monge e doutor em teologia Martinho Lutero publicou em
Wittemberg as suas 95 teses sobre questões a serem debatidas com outros teólogos católicos.
Entre as posições defendidas, e que acabaram por levar ao rompimento de Lutero com a Igreja
Católica, estavam
a) a afirmação de que todo cristão batizado poderia ser o seu próprio sacerdote, o
questionamento do dogma da infalibilidade papal e o princípio da salvação pela fé.
b) o reconhecimento apenas do batismo, da eucaristia, do casamento e da extrema unção
como sacramentos cristãos válidos.
c) a reafirmação do culto aos santos locais e da Virgem, e a validação do casamento de qualquer
membro da Igreja.
d) o uso da Inquisição e do Index como instrumentos de combate aos desvios doutrinais e o
reconhecimento da infalibilidade papal na orientação teológica da cristandade.
(UDESC 2017)
Na obra O queijo e os vermes, o historiador Carlo Ginzburg conta a história de Domenico
Scandella, vulgo Menocchio, um moleiro do norte da Itália que, no século XVI, foi considerado
herege pela Igreja por afirmar que a origem do mundo estava na putrefação. Ao analisar o
processo inquisitorial que trata do caso, Ginzburg chama a atenção para as peculiares opiniões
de Menocchio sobre os dogmas da igreja e para suas críticas ao seu poder excessivo: a igreja
chegou a controlar um terço das terras cultiváveis da Europa. Para o autor, dois grandes

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eventos históricos tornaram possível um caso como o de Menocchio: a invenção da imprensa


e a Reforma.
Com base nas informações e nos estudos sobre a Idade Moderna europeia, analise as
proposições.
I. A Reforma Protestante contribuiu para a uniformização das práticas e dos significados
religiosos no século XVI.
II. O desenvolvimento da imprensa contribuiu para que pessoas comuns tivessem acesso a
informações antes controladas pela Igreja Católica.
III. A venda de indulgências pela Igreja Católica foi um dos motivos que levou o monge Martinho
Lutero a escrever suas 95 teses, criticando vários pontos da doutrina católica.
IV. Uma das medidas da Contrarreforma foi o retorno da Inquisição, que tinha como objetivo
reprimir aqueles que não estavam seguindo a doutrina católica.
V. A censura exercida pela Igreja Católica Apostólica Romana foi determinante para a expansão
do protestantismo na Itália e na Península Ibérica.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
c) Somente a afirmativa IV é verdadeira.
d) Somente a afirmativa I é verdadeira.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.
(UEPB 2013)
O olhar que os europeus tinham sobre o mundo medieval mudou com o advento do chamado
mundo moderno, devido à inserção de novos elementos, tais como:
a) A presença dos cavaleiros, a economia autossuficiente, a força dos artesãos e o
teocentrismo.
b) A presença dos cavaleiros, o pensamento humanista; a contrarreforma católica e a
descentralização do poder político.
c) O teocentrismo, a presença do Estado Moderno e as reformas religiosas, e o tribunal de
Inquisição.
d) A imprensa como espaço de divulgação do pensamento teocêntrico, a descentralização do
poder político e a Guerra dos Cem Anos.
e) A descoberta do Novo Mundo, a presença de novos atores sociais como a burguesia e a
utilização da bússola, da pólvora e da imprensa.
(IFSP 2017)
Entre os séculos XIV e XVI, ricas cidades dedicavam-se ao comércio internacional
(principalmente de especiarias).Exemplos disso são as cidades europeias de Florença e Roma

História Moderna 1 59
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(sede do Papado),que atraíram dezenas de artistas e homens cultos em busca da antiguidade


clássica como fonte de inspiração. Trata-se do período do Renascimento Cultural.
Assinale a alternativa que contém os elementos por meio dos quais podemos identificar o
Renascimento:
a) Antropocentrismo- Otimismo- Razão-Espírito investigativo- Leonardo da Vinci.
b) Teocentrismo – Igreja- Hedonismo- Pessimismo- Michelângelo.
c) Mecenato-Fé-Inquisição-Antropocentrismo- Aristóteles.
d) Medievalismo- Vassalos-Racionalismo-Espírito dedutivo-Camões.
e) Classicismo- Mecenas- Teologia- Espírito científico- Galileu.
(UNESP 2007)
"Galileu, talvez mais que qualquer outra pessoa, foi o responsável pelo surgimento da ciência
moderna. O famoso conflito com a Igreja católica se demonstrou fundamental para sua
filosofia; é dele a argumentação pioneira de que o homem pode ter expectativas de
compreensão do funcionamento do universo e que pode atingi-la através da observação do
mundo real." (Stephen Hawking, "Uma breve história do tempo")
O "famoso conflito com a Igreja católica" a que se refere o autor corresponde
a) à decisão de Galileu de seguir as ideias da Reforma Protestante, favoráveis ao
desenvolvimento das ciências modernas.
b) ao julgamento de Galileu pela Inquisição, obrigando-o a renunciar publicamente às ideias de
Copérnico.
c) à opção de Galileu de combater a autoridade política do Papa e a venda de indulgências pela
Igreja.
d) à crítica de Galileu à livre interpretação da Bíblia, ao racionalismo moderno e à observação
da natureza.
e) à defesa da superioridade da cultura grega da antiguidade, feita por Galileu, sobre os
(PUC/RS - Adaptada para FUVEST)
O Concílio de Trento (1545-1563), ao lado da ação dos jesuítas e do restabelecimento da
Inquisição, foi de grande importância para o sucesso da Contra-Reforma ou Reforma Católica.
Assinale, sobre o mesmo, a alternativa INCORRETA:
a) Estabeleceu o Index ou lista de obras que não deviam ser lidas pelos católicos.
b) Declarou que as boas obras são tão necessárias à salvação quanto a fé.
c) Condenou a crença no purgatório, concordando nesse ponto com os protestantes.
d) Manteve o celibato clerical.
e) Manteve a supremacia papal sobre todos os sacerdotes e prelados, sugerindo que a
autoridade daquele transcendia a do próprio concílio da Igreja.
(Adaptada para FUVEST)

História Moderna 1 60
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A partir do início da Idade Moderna o Protestantismo se expandiu por toda a Europa. Vários
países como a Inglaterra e a Suíça se desligaram da Igreja Católica, que perdeu boa parte de
seus bens. Numa tentativa de conter a expansão do Protestantismo, alguns papas tentaram
promover uma reformulação moral, política e econômica na Igreja Católica. É nesse contexto
que são realizados o Concílio de Trento, a fundação da Companhia de Jesus e o Tribunal da
Santa Inquisição.
O texto anterior se refere ao processo conhecido como:
a) Reforma Luterana.
b) Reforma Protestante.
c) Reforma Calvinista.
d) Reforma Absolutista.
e) Contra-Reforma.

6.1. GABARITO

17- D
1- E 18- E
2- E 19- C
3- C 20- D
4- B 21- E
5- B 22- C
6- B 23- C
7- E 24- A
8- B 25- B
9- E 26- A
10- C 27- A
11- B 28- A
12- D 29- E
13- A 30- A
14- A 31- B
15- B 32- C
16- B 33- E

7. QUESTÕES COMENTADAS

(Enem 2012)

História Moderna 1 61
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Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem fabricada por um conjunto de estratégias que
visavam sedimentar uma determinada noção de soberania. Neste sentido, a charge
apresentada demonstra
a) a humanidade do rei, pois retrata um homem comum, sem os adornos próprios à vestimenta
real.
b) a unidade entre o público e o privado, pois a figura do rei com a vestimenta real representa
o público e sem a vestimenta real, o privado.
c) o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao conhecimento do público a figura de um rei
despretencioso e distante do poder político.
d) o gosto estético refinado do rei, pois evidencia a elegância dos trajes reais em relação aos
de outros membros da corte.
e) a importância da vestimenta para a constituição simbólica do rei, pois o corpo político
adornado esconde os defeitos do corpo pessoal.
Comentário:
O assunto da questão é o absolutismo, no entanto, para respondê-la era necessário interpretar a
imagem. Vamos por partes:
Os Estados Modernos Absolutistas se formaram entre os séculos XIV e XVI e tinham como principal
característica o poder político centralizado no Rei. A estrutura social do absolutismo é o antigo
regime, aquele em que existem 3 estamentos: clero, nobreza e camponeses.
Na imagem, temos o Rei Luís XIV representado de duas maneiras distintas: uma com roupas simples
e outra com toda a pompa da realeza. Para que o poder se mantivesse concentrado no rei, era
necessário que ele se mostrasse superior e capacitado. Assim, essa vestimenta extravagante o
diferenciava dos governados e construía a imagem de um governante soberano.
Com isso, vamos olhar as alternativas:
a) Incorreta. A charge demonstra que o rei precisava das vestimentas reais para construir uma
imagem soberana.
b) Incorreta. A charge demonstra que era necessário substituir a imagem do privado pelo público
para construir um governante forte. Isto é, substituir o rei sem vestimentas pelo rei com vestimentas
reais.

História Moderna I 62
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c) Incorreta. A imagem demonstra justamente o contrário: a monarquia é diferente do povo, não


por uma questão natural, mas porque foi fabricada essa ideia.
d) Incorreta. Apesar de retratar toda a pompa das roupas reais, a charge não demonstra que o rei
possuía um gosto mais refinado que os outros membros da corte.
e) Correta, conforme discutimos na introdução e nas alternativas anteriores
GABARITO: E

(Enem 2010)
O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito é
manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente
do que outros que, por muita piedade, permitem os distúrbios que levem ao assassínio e ao
roubo.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe, São Paulo: Martin Claret, 2009.

No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão sobre a Monarquia e a função do


governante.
A manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na
a) inércia do julgamento de crimes polêmicos.
b) bondade em relação ao comportamento dos mercenários.
c) compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.
d) neutralidade diante da condenação dos servos.
e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe.
Comentário:
Maquiável foi o primeiro intelectual a teorizar e defender o absolutismo. Para ele, moral e política
andam separadas. Dessa forma, um governante não deve ter dúvidas morais ao tomar decisões
políticas. Independente de ser amado ou odiado, ele deve ser capaz de exercer suas funções:
governar e manter a ordem social. A máxima de sua teoria é “Os fins justificam os meios”, assim,
até utilizar-se da tirania era válido para o governante atingir seus propósitos.
Tendo em mente que para esse autor a ordem social seria mantida por meio de um governo forte,
podemos excluir quase todas as alternativas: inércia e neutralidade não se encaixam nessa
concepção; bondade e paixão tem um fundo moral e para ele, política e moral não caminham juntas.
Assim, a alternativa correta é letra e).
Gabarito: E

(Enem 2006)
O que chamamos de corte principesca era, essencialmente, o palácio do príncipe. Os músicos
eram tão indispensáveis nesses grandes palácios quanto os pasteleiros, os cozinheiros e os
criados. Eles eram o que se chamava, um tanto pejorativamente, de criados de libré. A maior
parte dos músicos ficava satisfeita quando tinha garantida a subsistência, como acontecia com

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as outras pessoas de "classe média" na corte; entre os que não se satisfaziam, estava o pai de
Mozart. Mas ele também se curvou às circunstâncias a que não podia escapar.
Norbert Elias. Mozart: sociologia de um gênio. Ed. Jorge Zahar, 1995, p. 18 (com adaptações).
Considerando-se que a sociedade do Antigo Regime dividia-se tradicionalmente em
estamentos: nobreza, clero e 3º Estado, é correto afirmar que o autor do texto, ao fazer
referência a "classe média", descreve a sociedade utilizando a noção posterior de classe social
a fim de
a) aproximar da nobreza cortesã a condição de classe dos músicos, que pertenciam ao 3º
Estado.
b) destacar a consciência de classe que possuíam os músicos, ao contrário dos demais
trabalhadores manuais.
c) indicar que os músicos se encontravam na mesma situação que os demais membros do 3º
Estado.
d) distinguir, dentro do 3º Estado, as condições em que viviam os "criados de libré" e os
camponeses.
e) comprovar a existência, no interior da corte, de uma luta de classes entre os trabalhadores
manuais.
Comentário:
O Antigo Regime dividia-se em 3 estamentos: clero, nobreza e 3º Estado que era composto por todo
o resto da população. O texto mostra que o 3º Estado vai ser sempre o 3º Estado, isto é,
independentemente de sua importância, ele não é parte da nobreza e nunca vai ter os privilégios e
prestígio que ela possui. Além disso e tão importante quanto: o terceiro estado estava subordinado
a nobreza e, no caso dos músicos, a condição de trabalho que ela oferecia.
Sabendo disso, vamos para as alternativas:
a) Incorreta. A finalidade do uso de “classe média” é justamente o contrário: distanciar a nobreza
desses músicos.
b) Incorreta. O texto cita apenas o pai de Mozart tinha essa consciência – apesar de submeter as
mesmas circunstâncias – os outros músicos não.
c) Correta, conforme discutimos anteriormente.
d) Incorreta. O texto mostra que os "criados de libré" e os camponeses viviam nas mesmas
condições.
e) Incorreta. Em nenhum momento o texto cita uma luta de classes.
GABARITO: C

(Enem 2019)
TEXTO I
A centralização econômica, o protecionismo e a expansão ultramarina engrandeceram o
Estado, embora beneficias sem a burguesia incipiente.

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ANDERSON, P. In: DEYON, P. O mercantilismo. Lisboa: Gradiva, 1989 (adaptado).


TEXTO II
As interferências da legislação e das práticas exclusivistas restringem a operação benéfica da
lei natural na esfera das relações econômicas.
SMITH, A. A riqueza das Nações. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (adaptado).
Entre os séculos XVI e XIX, diferentes concepções sobre as relações entre Estado e economia
foram formuladas. Tais concepções, associadas a cada um dos textos, confrontam-se,
respectivamente, na oposição entre as práticas de
a) valorização do pacto colonial — combate à livre-iniciativa.
b) defesa dos monopólios régios — apoio à livre concorrência.
c) formação do sistema metropolitano — crítica à livre navegação.
d) abandono da acumulação metalista — estímulo ao livre-comércio.
e) eliminação das tarifas alfandegárias — incentivo ao livre-cambismo.
Comentário:
A questão traz dois textos que apresentam visões distintas acerca da relação entre economia e
Estado. O primeiro texto defende a interferência estatal na economia e o segundo se mostra
contrário a essa prática. Para responder à questão, era necessário associar cada ideia a um conjunto
específico de práticas econômicas.
No texto I identificamos características do Mercantilismo já que uma de suas características
principais é a proteção estatal do mercado interno visando alcançar superávit na balança comercial.
O texto II faz alusão ao liberalismo econômico, sistema defensor da livre concorrência já que o
mercado se autorregula a partir da Lei de Oferta e Procura.
Sabendo disso, vamos analisar as alternativas:
a) Incorreta. De fato, o pacto colonial configura uma intervenção do Estado na economia, mas o
segundo texto não defende práticas de combate à livre-iniciativa.
b) Correta. Os monopólios régios são uma forma de interferência estatal nas relações econômicas e
a livre-concorrência corresponde a uma prática do liberalismo.
c) Incorreta. A concepção do segundo texto é favorável a livre-navegação.
d) Incorreta. Uma das características do mercantilismo é justamente a acumulação de metais.
e) Incorreta. As tarifas alfandegárias constituem uma forma de protecionismo.
GABARITO: B

(Enem 2015)
No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média – no Ocidente – nasceu com elas. Foi
com o desenvolvimento urbano ligado às funções comercial e industrial – digamos
modestamente artesanal – que ele apareceu, como um desses homens de ofício que se
instalavam nas cidades nas quais se impôs a divisão do trabalho. Um homem cujo ofício é

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escrever ou ensinar, e de preferência as duas coisas a um só tempo, um homem que,


profissionalmente, tem uma atividade de professor e erudito, em resumo, um intelectual –
esse homem só aparecerá com as cidades.
LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010

O surgimento da categoria mencionada no período em destaque no texto evidencia o(a)


a) apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato.
b) relação entre desenvolvimento urbano e divisão de trabalho.
c) importância organizacional das corporações de ofício.
d) progressiva expansão da educação escolar.
e) acúmulo de trabalho dos professores e eruditos.
Comentário:
A questão trata do desenvolvimento urbano na baixa Idade Média. Como vimos na aula, junto com
esse movimento surgiu o renascimento cultural, momento em que uma tendência intelectual
cientificista e de retomada dos valores da Antiguidade Clássica aparece na Europa. Todas essas
transformações promoveram o aparecimento de novas profissões urbanas e, consequentemente,
de uma nova divisão do trabalho. Mais que isso, o texto evidencia que surge um novo modelo de
indivíduo, que tem sua existência ligada às cidades.
Sabendo disso, vamos para as alternativas:

a) Incorreta. O renascimento cultural choca-se com os dogmas da Igreja, sendo assim, não recebe
seu apoio. Além disso, o texto não trata de um ofício abstrato, mas sim de uma nova divisão do
trabalho.
b) Correta, conforme discutimos na introdução.
c) Incorreta. As corporações de ofício surgiram na Idade Média a partir do século XII para
regulamentar as profissões. O texto trata justamente das novas formas e organizações de
trabalho, que não cabem nesses moldes anteriores.
d) Incorreta. O movimento intelectual evidenciado no texto não está ligado nesse a expansão da
educação escolar nesse momento.
e) Incorreta. O texto descreve as novas profissões e não o acúmulo de trabalho nas já existentes.
GABARITO: B

(Enem 2011)
Acompanhando a intenção da burguesia renascentista de ampliar seu domínio sobre a
natureza e sobre o espaço geográfico, através da pesquisa científica e da invenção tecnológica,
os cientistas também iriam se atirar nessa aventura, tentando conquistar a forma, o
movimento, o espaço, a luz, a cor e mesmo a expressão e o sentimento.
SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas: Unicamp, 1984.

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O texto apresenta um espírito de época que afetou também a produção artística, marcada pela
constante relação entre
a) fé e misticismo.
b) ciência e arte.
c) cultura e comércio.
d) política e economia.
e) astronomia e religião.
Comentário:
O tema dessa questão é o renascimento cultural e sua expressão artística. Como vimos, o
renascimento foi um movimento entre intelectuais que buscavam o conhecimento científico e a
retomada de valores da Antiguidade Clássica. Ele surgiu na transição da Idade Média para a Idade
Moderna, em contraposição ao mundo medieval. Quando pensamos em renascimento, a palavra de
ordem é ciência. Assim, a produção artística desse período foi marcada pela representação fidedigna
da realidade, principalmente quando se trata de corpos humanos. Além disso, surgem novas
técnicas de pintura.
Com isso, a única alternativa coerente é letra b).
Gabarito: B

(Enem 2001)
O franciscano Roger Bacon foi condenado, entre 1277 e 1279, por dirigir ataques aos teólogos,
por uma suposta crença na alquimia, na astrologia e no método experimental, e também por
introduzir, no ensino, as ideias de Aristóteles. Em 1260, Roger Bacon escreveu: "Pode ser que
se fabriquem máquinas graças às quais os maiores navios, dirigidos por um único homem, se
desloquem mais depressa do que se fossem cheios de remadores; que se construam carros
que avancem a uma velocidade incrível sem a ajuda de animais; que se fabriquem máquinas
voadoras nas quais um homem (...) bata o ar com asas como um pássaro. Máquinas que
permitam ir ao fundo dos mares e dos rios"
(apud. BRAUDEL, Fernand. Civilização material, economia e capitalismo: séculos XV-
XVIII. São Paulo: Martins Fontes, 1996, vol. 3).

Considerando a dinâmica do processo histórico, pode-se afirmar que as ideias de Roger Bacon
a) inseriam-se plenamente no espírito da Idade Média ao privilegiarem a crença em Deus como
o principal meio para antecipar as descobertas da humanidade.
b) estavam em atraso com relação ao seu tempo ao desconsiderarem os instrumentos
intelectuais oferecidos pela Igreja para o avanço científico da humanidade.
c) opunham-se ao desencadeamento da Primeira Revolução Industrial, ao rejeitarem a
aplicação da matemática e do método experimental nas invenções industriais.
d) eram fundamentalmente voltadas para o passado, pois não apenas seguiam Aristóteles,
como também baseavam-se na tradição e na teologia.

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e) inseriam-se num movimento que convergiria mais tarde para o Renascimento, ao


contemplarem a possibilidade de o ser humano controlar a natureza por meio das invenções.
Comentário:
Roger Bacon viveu na Baixa Idade Média e suas ideias se chocavam com o teocentrismo proposto
pela Igreja. Isso porque ele acreditava no poder de criação do homem por meio da ciência e não
apenas em Deus como criador de tudo. Pode-se falar que ele foi um precursor do Renascimento
Cultural que ocorreu na transição da Idade Média para a Moderna.
Tendo isso em mente, vamos olhar as alternativas:
a) Incorreta. As ideias de Roger Bacon iam contra a ideia de Deus como único criador.
b) Incorreta. Como discutimos, Roger Bacon estava à frente de seu tempo.
c) Incorreta. A Revolução Industrial ocorreu apenas no século XVIII, muito posterior ao autor.
d) Incorreta. As ideias de Roger Bacon não se baseavam na tradição e na teologia, mas sim no
antropocentrismo.
e) Correta, conforme discutido anteriormente.
GABARITO: E

(Enem 2001)
O texto foi extraído da peça "Tróilo e Créssida" de William Shakespeare, escrita provavelmente,
em 1601.
"Os próprios céus, os planetas, e este centro
reconhecem graus, prioridade, classe,
constância, marcha, distância, estação, forma,
função e regularidade, sempre iguais;
eis porque o glorioso astro Sol
está em nobre eminência entronizado
e centralizado no meio dos outros,
e o seu olhar benfazejo corrige
os maus aspectos dos planetas malfazejos,
e, qual rei que comanda, ordena
sem entraves aos bons e aos maus."
(personagem Ulysses, Ato I, cena III).
SHAKESPEARE, W. Tróilo e Créssida. Porto: Lello & Irmão, 1948.

A descrição feita pelo dramaturgo renascentista inglês se aproxima da teoria


a) geocêntrica do grego Claudius Ptolomeu.
b) da reflexão da luz do árabe Alhazen.

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c) heliocêntrica do polonês Nicolau Copérnico.


d) da rotação terrestre do italiano Galileu Galilei.
e) da gravitação universal do inglês Isaac Newton.
Comentário:
A questão é baseada no texto de William Shakespeare, autor da época do Renascimento Cultural
que foi influenciado pelas descobertas científicas desse período. Nas alternativas, temos algumas
dessas descobertas e outras teorias desenvolvidas na Idade Média. A seguinte passagem do texto
mostra a importância e a posição que o Sol ocupa diante dos outros astros:
“eis porque o glorioso astro Sol
está em nobre eminência entronizado
e centralizado no meio dos outros”
Assim, entendemos que para ele o Sol está no centro do universo. Essa ideia corresponde a teoria
do heliocentrismo, defendida por Nicolau Copérnico.
Tendo isso em mente, a alternativa correta é letra b).
Gabarito: B

(FUVEST 2018)
Tanto no desenvolvimento político como no científico, o sentimento de funcionamento
defeituoso, que pode levar à crise, é um pré-requisito para a revolução.
(T. S. Kuhn. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1989)
Analise as quatro afirmações seguintes, acerca das revoluções políticas e científicas da Época
Moderna.
I. A concepção heliocêntrica de Nicolau Copérnico, sustentada na obra Das revoluções das
esferas celestes, de 1543, reforçava a doutrina católica contra os postulados protestantes.
II. A Lei da Gravitação Universal, proposta por Isaac Newton no século XVII, reforçava as
radicais perspectivas ateístas que haviam pautado as ações dos grupos revolucionários na
Inglaterra à época da Revolução Puritana.
III. Às experiências com eletricidade realizadas por Benjamin Franklin no século XVIII, somou-
se sua atuação no processo de emancipação política dos Estados Unidos da América.
IV. Os estudos sobre o oxigênio e sobre a conservação da matéria, feitos por Antoine Lavoisier
ao final do século XVIII, estavam em consonância com a racionalização do conhecimento,
característica da Ilustração.
Estão corretas apenas as afirmações
a) I, II e III.
b) II, III e IV.
c) I, III e IV.
d) I e II.
e) III e IV
Comentário

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A afirmativa I remete a um debate atual: a Terra é redonda ou é plana? Nos últimos meses tem sido
noticiado na grande imprensa que algumas correntes de pensamento sustentam, em pleno século
XXI, que a Terra é plana. A História nos demonstra que os experimentos científicos, desde Copérnico
e Galileu, provaram duas questões: a Terra é redonda e ela gira em torno do Sol. A Igreja Católica
defendia a teoria geocêntrica de organização do universo, isto é, tudo giraria em torno da Terra.
Hoje, sabemos que a Igreja já reviu sua posição e se aproximou da Ciência. De toda forma, na
transição da Idade Média para o Renascimento, a Igreja combatia as ideias de Copérnico para o qual
a Terra giraria em torno do Sol. Portanto, afirmativa I está incorreta, pois as ideias de Copérnico não
batiam com as do cristianismo, pelo menos nesse aspecto.
A afirmativa II exagera ao afirmar que Newton e demais grupos ingleses eram ateus. Vimos que,
desde a formação do pensamento escolástico, muitos pensadores tentaram complementar Ciência
e Religião. Newton foi um deles. Além disso, a Lei da Gravitação Universal é posterior à Revolução
Puritana. Dessa forma, a afirmação está incorreta.
Na esteira de Newton, o que muito pensadores pretenderam no período da ilustração das ideias foi
a racionalização do conhecimento por meio de experimentos e de elaboração de teorias. Assim
procedeu Antoine Lavoisier com a Lei da Conservação da Massa, por exemplo: Na Natureza, nada
se perde e nada se cria, tudo se transforma. Caso você não saiba, Lavoisier, assim como muitos
pensadores que revolucionaram o período do Iluminismo, morreu guilhotinado em praça pública
durante a Revolução Francesa. Além de seus experimentos científicos, o químico se envolveu com a
o debate sobre os impostos. Conclusão, item IV, correto.
O item III também está correto, pois apresenta uma afirmação verdadeira sobre Benjamin Franklin.
Gabarito: E

(FUVEST 2000)
Em 1748, Benjamin Franklin escreveu os seguintes conselhos a jovens homens de negócios:
"Lembra-te que o tempo é dinheiro... Lembra-te que o crédito é dinheiro... Lembra-te que o
dinheiro é produtivo e se multiplica... Lembra-te que, segundo o provérbio, um bom pagador
é senhor de todas as bolsas... A par da sobriedade e do trabalho, nada é mais útil a um moço
que pretende progredir no mundo que a pontualidade e a retidão em todos os negócios".
Tendo em vista a rigorosa educação religiosa do autor, esses princípios econômicos foram
usados para exemplificar a ligação entre:
a) protestantismo e permissão da usura.
b) anglicanismo e industrialização.
c) ética protestante e capitalismo.
d) catolicismo e mercantilismo.
e) ética puritana e monetarismo.
Comentário
Veja, se você não soubesse nada desse assunto, com alguma interpretação você responderia poderia
inferir que se trata da relação entre um princípio econômico e uma conduta religiosa. Bem, mas
todos os itens correlacionam esses dois elementos. Então, você deve mobilizar seu conhecimento e

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os dados do texto da questão. Benjamin Franklin, no século XVIII, nos EUA: protestantismo. Tempo
é dinheiro, dinheiro é produtivo e se multiplica (isso é o conceito de capital. Capital é dinheiro que
se transforma em dinheiro), ou seja, capitalismo. Além disso, vamos lembrar da aula, a ética
protestante é o modo de vida ascético: trabalho duro, poupar, abrir mão do luxo e do prazer a fim
de encontrar o sinal da salvação. Assim, a resposta correta esta no item que relaciona
protestantismo e capitalismo.
Gabarito: C

(FUVEST 2011)
O olho é o senhor da astronomia, autor da cosmografia, conselheiro e corretor de todas as
artes humanas (...). É o príncipe das matemáticas; suas disciplinas são intimamente certas;
determinou as altitudes e dimensões das estrelas; descobriu os elementos e seus níveis;
permitiu o anúncio de acontecimentos futuros, graças ao curso dos astros; engendrou a
arquitetura, a perspectiva, a divina pintura (...). O engenho humano lhe deve a descoberta do
fogo, que oferece ao olhar o que as trevas haviam roubado.
(Leonardo da Vinci, Tratado da pintura).
Considere as afirmações abaixo:
IV- O excerto de Leonardo da Vinci é um exemplo do humanismo renascentista que valoriza
o racionalismo como instrumento de investigação dos fenômenos naturais e a aplicação
da perspectiva em suas representações pictóricas.
V- Num olho humano com visão perfeita, o cristalino focaliza exatamente sobre a retina
um feixe de luz vindo de um objeto. Quando o cristalino está em sua forma mais
alongada, é possível focalizar o feixe de luz vindo de um objeto distante. Quando o
cristalino se encontra em sua forma mais arredondada, é possível a focalização de
objetos cada vez mais próximos do olho, até uma distância mínima.
VI- Um dos problemas de visão humana é a miopia. No olho míope, a imagem de um objeto
distante forma-se depois da retina. Para corrigir tal defeito, utiliza-se uma lente
divergente.
Está correto o que se afirma em :
a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
Comentário
Bixo, questão interdisciplinar. O item I é história, mas os itens II e III é física – óptica da visão.
A afirmação I está correta. De fato, o homem renascentista vive um momento em que o crivo
racional e a observação empírica do mundo suplantam a espiritualidade arraigada e o perfil
dogmático do período medieval. Leonardo Da Vinci fez uso da perspectiva e das medidas
perfeitas em seus trabalhos com a pintura, e seus desenhos e esboços revelam, nitidamente,

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a preocupação com o ideal de proporção, de que é exemplar o Homem Vitruviano. Além disso,
ao analisarmos o projeto das viagens marítimas, é possível perceber o desenvolvimento e a
criação de instrumentos de orientação voltados ao domínio do homem sobre a natureza.
A afirmação II também está correta, porque a imagem de um objeto formada pelo sistema
óptico do olho, que inclui o cristalino, é formada sobre a retina. À medida que o objeto é
aproximado, o cristalino vai ficando mais arredondado, aumentando a vergência dos sistemas
óptico, fenômeno chamado de acomodação do cristalino.
Já a afirmação III está incorreta, pois, no olho míope, o sistema óptico é excessivamente
convergente. Assim, a imagem de um objeto distante forma-se antes da retina (entre o
cristalino e a retina). Por isso, as pessoas míopes têm que usar a lente divergente para corrigir.
Já ouviu aquela piadinha: “Por que os míopes não vão ao zoológico? Porque usam tente di ver
gente, rsrsrsrsr!” 😊
Gabarito: B

(FUVEST 2004)
"No campo científico e matemático, o processo da investigação racional percorreu um longo
caminho. Os Elementos de Euclides, a descoberta de Arquimedes sobre a gravidade, o cálculo
por Eratóstenes do diâmetro da terra com um erro de apenas algumas centenas de
quilômetros do número exato, todos esses feitos não seriam igualados na Europa durante 1500
anos."
Moses I. Finley. Os gregos antigos
O período a que se refere o historiador Finley, para a retomada do desenvolvimento científico,
corresponde
a) ao Helenismo, que facilitou a incorporação das ciências persa e hindu às de origem grega.
b) à criação das universidades nas cidades da Idade Média, onde se desenvolveram as teorias
escolásticas.
c) ao apogeu do Império Bizantino, quando se incentivou a condensação da produção dos
autores gregos.
d) à expansão marítimo-comercial e ao Renascimento, quando se lançaram as bases da ciência
moderna.
e) ao desenvolvimento da Revolução Industrial na Inglaterra, que conseguiu separar a técnica
da ciência.
Comentário
Euclides, Arquimedes e Eratóstenes são intelectuais matemáticos da Antiguidade Clássica, mais
precisamente, do período grego antes de Cristo. Assim, 1500 anos depois qual o contexto? Século
XV e XVI é o período da Modernidade, do renascimento e, portanto, da retomada da cultura clássica
greco-romana. As consequências são o desenvolvimento da ciência moderna e a expansão marítimo
comercial.
Quero lembrar duas coisas:

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1- Toda questão de história coloca você em um tempo e em um lugar. Isso resolve mais da
metade da questão. É por isso que estou desde a aula 00 dizendo que contexto, datas e
eventos são importantes.
2- Cuidado com a afirmativa do texto. Ele fala que depois dos gregos os europeus não
produziram nada até o ano de 1500. Mas, nesse tempo todo quem garantiu a continuidade e
a memória dos estudos clássicos foram os árabes. Por exemplo, a primeira tradução do
Elementos, de Euclides, foi feita para o árabe no século XV.
Gabarito: D

(FUVEST 1999)
Já se observou que, enquanto a arquitetura medieval prega a humildade cristã, a arquitetura
clássica e a do Renascimento proclamam a dignidade do homem. Sobre esse contraste pode-
se afirmar que
a) corresponde, em termos de visão de mundo, ao que se conhece como teocentrismo e
antropocentrismo;
b) aparece no conjunto das artes plásticas, mas não nas demais atividades culturais e religiosas
decorrentes do humanismo;
c) surge também em todas as demais atividades artísticas, exprimindo as mudanças culturais
promovidas pela escolástica;
d) corresponde a uma mudança de estilo na arquitetura, sem que a arte medieval como um
todo tenha sido abandonada no Renascimento;
e) foi insuficiente para quebrar a continuidade existente entre a arquitetura medieval e a
renascentista.
Comentário
Questão tranquila. A arquitetura é uma arte. E você nem precisaria fazer análise de obra, se gótica,
românica ou qualquer outra coisa. Para esse vestibular, você precisa saber o significado histórico e
social da arte. Atente-se! Assim, ela pode ser interpretada segundo os sentimentos, as angústias e
a visão de um contexto histórico. Nesse sentido, pensemos: como a Idade Média vê o homem: como
um ser submetido pela vontade de Deus, cuja lei determina sua posição desde seu nascimento.
Portanto, a visão de mundo era teocêntrica.
Já na modernidade, o renascimento recolocou o homem no centro de suas preocupações e
explicações. Por isso, o individualismo e o antropocentrismo.
Além disso, quero ressaltar que quando falamos em arquitetura renascentista estamos tratando
sobre a cidade e a razão, ou seja, a busca de se construir a cidade ideal, como propôs o arquiteto
italiano Piero dela Francesca (1420-1492). Essa tendência de pensar a cidade deu origem ao
Movimento Utopista com representantes como Thomas Morus (Utopia, 1516), Tommaso
Campanella (Cidade do Sol, 1623) e Francis Bacon (Nova Atlântida). Leia o que o historiador Nicolau
Sevcenko diz sobre as três obras:
As três obras tratam do mesmo tema: concebem uma comunidade ideal, puramente imaginária, onde os homens vivem e
trabalham felizes, com fartura, paz e mantendo relações fraternais. [...] Essas utopias refletem modelos basicamente
urbanos, dispostos numa arquitetura geométrica em que cada detalhe obedece a um rigor matemático absoluto. Nessas
comunidades-modelo, a harmonia social deve ser uma derivação da perfeição geométrica do espaço público.” (idem, p. 24)

Nesse sentido, o gabarito dessa questão somente pode ser a letra A.

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Gabarito: A

(FUVEST 1996)
Com relação à arte medieval, o Renascimento destaca-se pelas seguintes características:
a) a perspectiva geométrica e a pintura a óleo.
b) as vidas de santos e o afresco.
c) a representação do nu e as iluminuras.
d) as alegorias mitológicas e o mosaico.
e) o retrato e o estilo romântico na arquitetura.
Comentário
A questão é antiga, mas ótima para memorização de algumas características centrais do
renascimento. Vejamos cada item:
Item A – correta. Como vimos nas 2 questões anteriores, a matemática é elemento central até
mesmo da noção de paz social. A pintura à óleo sobre tela é uma das características mais conhecidas
pelos inúmeros pintores renascentistas, como Rafael e Michelangelo.
O item B – a vida de santos não era um tema recorrente na arte renascentista, mas sim o homem.
Antropocentrismo!! Item erradíssimo.
O item C – As iluminuras são uma arte característica do período medieval, elaborada com grande
precisão nos pergaminhos medievais, especialmente nos Mosteiros e Abadias. Era um ofício muito
refinado e importante. Logo, o item está incorreto também.
O item D trata das alegorias e dos mosaicos. A primeira é uma característica de arte clássica e a
segundo uma marca da cultura bizantina. Item errado.
Por fim, o item E fala do estilo romântico. Na aula de literatura você aprenderá que esse estilo
ocorreu no século XIX.
Gabarito: A

(FUVEST 1995)
Com relação às artes e às letras de seu tempo, os humanistas dos séculos XV e XVI afirmavam:
a) que a literatura e as artes plásticas passavam por um período de florescimento, dando
continuidade ao período medieval.
b) que a literatura e as artes plásticas, em profunda decadência no período anterior, renasciam
com o esplendor da Antiguidade.
c) que as letras continuavam as tradições medievais, enquanto a arquitetura, a pintura e a
escultura rompiam com os velhos estilos.
d) que as artes plásticas continuavam as tradições medievais, enquanto a literatura criava
novos estilos.
e) que o alto nível das artes e das letras do período nada tinha a ver com a Antiguidade nem
com o período medieval.
Comentário

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Mais uma questão sobre renascimento e, dessa vez, literatura. Veja que boa sistematização da ideia
sobre a retomada da cultura greco-romana, por isso, renascimento (oposto do item E). Não há
continuidade (como afirmada no item A, C e D)
Questão para sistematizar o conhecimento.
Gabarito: B

(FUVEST 2002)
No fim da Idade Média e início da Idade Moderna, o rompimento dos monopólios que os
letrados mantinham sobre a cultura escrita e os clérigos sobre a religião criou uma situação
nova, potencialmente explosiva. Esse duplo rompimento deveu-se
a) aos descobrimentos e invenções científicas.
b) à invenção da imprensa e à Reforma.
c) ao Renascimento e ao Estado absolutista.
d) ao aparecimento do alfabeto e das heresias.
e) ao humanismo e à Inquisição.
Comentário
Essa questão é bem interessante porque combina dois movimentos de ruptura muito importantes
para este contexto: a ruptura com a cultura letrada medieval e a ruptura com o monopólio da
doutrina religiosa católica. Portanto, falamos do renascimento cultural e da reforma religiosa. Nesse
sentido, o item que melhor se encaixa nessa perspectiva é o B. Lembrando que a invenção da
imprensa é um dos elementos mais importantes para a difusão do pensamento renascentista.
Gabarito: B

(FUVEST 1989)
Um dos principais aspectos do complexo quadro histórico que permitiu as Reformas Religiosas
do século XVI foi
a) o Cisma do Ocidente, que Lutero se propunha a superar.
b) a crise econômica, que a teologia de Calvino poderia solucionar.
c) o autoritarismo da Igreja combatido por Inácio de Loyola
d) a rica espiritualidade, não satisfeita pelo formalismo da Igreja.
e) o nacionalismo religioso, defendido principalmente por Filipe II.
Comentário
Pergunta simples e muito interessante para resumirmos alguns aspectos relacionados à Reforma
Religiosa. O sentido da questão se dá pela pergunta: qual a causa da reforma religiosa? Vamos
analisar item por item:
a- Lutero não se propunha resolver o Cisma do Ocidente, mas a fundar uma nova religião.
b- A teoria de Calvino não pretendia resolver uma crise econômica, apesar de propor uma ética
ascética baseada no trabalho duro, na poupança e na ausência de ostentação.

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c- Inácio de Loyola não combateu a violência da Igreja Católica, ao contrário, propôs a formação
da Companhia de Jesus – uma ordem religiosa organizada segundo modelo e características
militares. Não nos esqueçamos que Loyola foi um soldado espanhol antes de se tornar clérigo.
d- O item D está correto. Lembra-se que na aula falamos que a Igreja Católica não respondia às
angústias das pessoas naquele contexto de insegurança e crises do século XIV e XV? O
misticismo era enorme, mas a igreja era muito formal, cheia de rituais burocráticos que não
amenizava o mal estar social. Assim, as críticas à Igreja se avolumaram e se transformaram
em rupturas e criação de novas religiões.
e- O “nacionalismo religioso” foi uma consequência da reforma religiosa que consistia na
imposição da religião do rei aos seus súditos., ou seja, não existia tolerância e liberdade
religiosa.
Gabarito: D

(FUVEST 1995)
"Após ter conseguido retirar da nobreza o poder político que ela detinha enquanto ordem, os
soberanos a atraíram para a corte e lhe atribuíram funções políticas e diplomáticas".
Esta frase, extraída da obra de Max Weber, "POLÍTICA COMO VOCAÇÃO", refere-se ao
processo que, no Ocidente:
a) destruiu a dominação social da nobreza, na passagem da Idade Moderna para a
Contemporânea.
b) estabeleceu a dominação social da nobreza, na passagem da Antiguidade para a Idade
Média.
c) fez da nobreza uma ordem privilegiada, na passagem da Alta Idade Média para a Baixa Idade
Média.
d) conservou os privilégios políticos da nobreza, na passagem do Antigo Regime para a
Restauração.
e) permitiu ao Estado dominar politicamente a nobreza, na passagem da Idade Média para a
Moderna.
Comentário
Olha o Max Weber que belezinha explicando para gente como o rei mantém os privilégios da
nobreza: criando uma casta de funcionários da corte, ou, como ele mesmo diz: a burocracia
palaciana!
Cuidado com a casca de banana!! O item C fala que a nobreza passou a ser
uma classe privilegiada na passagem da Alta Idade Média para a Baixa
Idade Média. O que está errado aqui? O tempo histórico, minha gente!
Então, o aluno apressadinho vai logo marcando a C porque ele não chega
até o final da frase e perde o foco entre o item C e o item E. pronto, perdeu a questão. Não pode
não, Bixo!
Leia o item E: O estado dominou a nobreza. O texto do Weber diz que os soberanos retiraram o
poder da nobreza. Olha isso: encaixou como se fosse lego. Bola na bola! Além disso, o item E

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posiciona o fenômeno no tempo histórico correto: transição do medievo para modernidade.


Pronto! Gabarito letra E.
Gabarito: E

(FUVEST 1988)
O Estado Moderno Absolutista atingiu seu maior poder de atuação no século XVII. Na arte e na
economia suas expressões foram respectivamente:
a) rococó e liberalismo.
b) renascentismo e capitalismo.
c) barroco e mercantilismo.
d) maneirismo e colonialismo.
e) classicismo e economicismo
Comentário
Questão antiguíssima, mas uma “delicinha” para sintetizarmos o quadro político, econômico e
cultural do Antigo Regime:

Antigo
Regime

Absolutismo Mercantilismo Renascimento

Gabarito: C

(FUVEST 2002)
... cabanas ou pequenas moradias espalhadas em grande número, nas quais residem os
trabalhadores empregados, cujas mulheres e filhos estão sempre ocupados, cardando, fiando
etc., de forma que, não havendo desempregados, todos podem ganhar seu pão, desde o mais
novo ao mais velho. "
Daniel Defoe, Viagem por toda a ilha da Grã-Bretanha, 1724.
Essa passagem descreve o sistema de trabalho:
a) manufatureiro, no qual um empregador reúne num único local dezenas de trabalhadores.
b) da corporação de oficio, no qual os trabalhadores têm o controle dos meios de produção.
c) fabril, no qual o empresário explora o trabalha do exército industrial de reserva.
d) em domicilio, no qual todos os membros de uma família trabalham em casa e por tarefa.
e) de co-gestão, na qual todos os trabalhadores dirigem a produção.
Comentário

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Olha que questão bacana, querido aluno e aluna, ela se referee a produção artesanal, doméstica,
onde o artesão trabalha com a ajuda de familiares, mas ao mesmo tempo pode recorrer ao
trabalho de outros profissionais como ajudantes ou jornaleiros. Esse sistema foi predominante
na Baixa Idade Média e coexistiu com as manufaturas da Idade Moderna.
Porque ela é tão interessante? Porque ela nos apresenta uma pergunta de contexto. Nós
sabemos de cor e salteado que a economia predominante da Idade Moderna é o mercantilismo.
Mas era só isso que rolava? Não, evidentemente. Esse tipo de pergunta tem sido cada vez mais
usada pela FUVEST. Assim, ela quer saber se o candidato conhece os pormenores do contexto, as
particulares que fogem ao esquema dos grandes sistemas dominantes. Guarde isso, porque essa
“tática” da FUVEST pode ser usada em qualquer assunto.
Assim, no que se refere aos sistemas econômicos, sempre existe aquela economia local, familiar,
cotidiana que ajuda os pequenos grupos e aqueles à margem dos grandes negócios a
sobreviverem. É o caso do trabalho familiar muito utilizado na Baixa Idade Média – como já vimos
– e que permanece nas estruturas da Modernidade.
Gabarito: D

(FUVEST 2008)
Nos séculos XIV e XV, a Itália foi a região mais rica e influente da Europa. Isso ocorreu devido
à
a) iniciativa pioneira na busca do caminho marítimo para as Índias.
b) centralização precoce do poder monárquico nessa região.
c) ausência completa de relações feudais em todo o seu território.
d) neutralidade da península itálica frente à guerra generalizada na Europa.
e) combinação de desenvolvimento comercial com pujança artística.
Comentário
Desde o período das cruzadas, em especial desde o século XII, as cidades italianas promoveram a
expansão marítima comercial pelo Mediterrâneo, mantendo interação com cada vez maior com
mercadores árabes e bizantinos e, assim, trazendo para a Europa as especiarias do Oriente. Esse
comércio foi responsável pelo enriquecimento das camadas mercantis urbanas e propiciou o
desenvolvimento cultural e científico, na medida em que estimulou o desenvolvimento do
mecenato, como vimos na aula. O período descrito na questão corresponde ao florescimento e
apogeu do Renascimento Cultural italiano (séculos XIV e XV).
Não poderia ser os demais itens porque a Itália não buscou uma rota de comércio alternativo
para as índias, como sugere o item A. Isso foi feito por Portugal. Nessa região também não
ocorreu centralização política precoce, como indicado no item B. Isso aconteceu em Portugal. Os
principados e condados Italianos só se unificam politicamente no século XIX, por isso, sua
unificação é considerada tardia. O item C fala em ausência de feudalismo. Pára tudo e desce do
trem se você não morreu de rir desse item. O item D está na mesma “vibe louca” do item C. Como
assim neutralidade diante de uma guerra generalizada na Modernidade? Que guerra é essa? O O
examinador sofreu de anacronismo, porque a Itália se manteve neutra diante da guerra
generalizada que ocorreu no século XX, qual mesmo? Primeira Guerra Mundial!!!
Por fim, o item corretíssimo associa o esplendor econômico e cultural. Bingo!

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Gabarito: E

(FUVEST 1989)
"Esta palavra já não pode ter o sentido original. No âmbito de uma História total, significa (e
não pode significar outra coisa) a promoção do Ocidente numa época em que a civilização da
Europa ultrapassou, de modo decisivo, as civilizações que lhe eram paralelas. No tempo das
primeiras Cruzadas, a técnica e a cultura de árabes e chineses igualavam, e suplantavam até a
técnica e a cultura dos ocidentais. Em 1600 já não era assim." (Jean Delumeau)
A palavra a que se refere o autor e que designa um importante fenômeno histórico é
a) Descobrimentos.
b) Capitalismo.
c) Renascimento.
d) Iluminismo.
e) Absolutismo.
Comentário
Queridos, eu trouxe essa questão para relembrá-los da tese da “europa periférica” que, após o
fenômeno das Grandes Navegações e a conquista da América e de partes da África e Ásia tornou-se
“construtora de periferias”. Nesse contexto, a resposta correta é renascimento.
Gabarito: C

(FUVEST 1988)
O período 1450-1550, de transição da Medievalidade para a Modernidade, conheceu dentre
outras características:
a) decadência econômica e racionalização da vida religiosa.
b) revalorização do aristotelismo e consolidação do Estado Absolutista.
c) forte efervescência religiosa e intensa expansão comercial.
d) avanço do liberalismo burguês e recuo do feudalismo.
e) hegemonia europeia francesa e despontar da arte gótica.
Comentário
Questão antiga, mas nos ajuda a lembrar do contexto transicional. O item correto é C, pois traz dois
fenômenos certeiros desse processo: a efervescência religiosa com a Reforma Protestante e a
Contrarreforma Católica e a expansão comercial com a busca de novas rotas comerciais.
Os demais itens contêm elementos estranhos ao período Vejamos: não havia decadência
econômica, negava-se o aristotelismo, o liberalismo ainda não existia como ideia sistematizada e os
reinos ibéricos eram hegemônicos devido à conquista da América.
Gabarito: C

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(FUVEST 2002)
Segundo Marx e Engels, há períodos históricos em que as classes sociais em luta se
encontram em tal equilíbrio de força que o poder político adquire um acentuado grau de
independência em relação a elas. Foi o que aconteceu com:

a) a Monarquia absolutista, em equilíbrio entre nobreza e burguesia.


b) a Monarquia feudal, em equilíbrio entre guerreiros e camponeses.
c) o Império romano, em equilíbrio entre patrícios e plebeus.
d) o Estado soviético, em equilíbrio entre capitalistas e proletários.
e) o Estado germânico, em equilíbrio entre sacerdotes e pastores.
Comentário
O absolutismo foi a característica política das principais nações europeias durante a Idade Moderna.
O poder do rei advinha do apoio que recebia da Burguesia, a quem concedia privilégios econômicos,
da Nobreza, a quem garantia privilégios políticos e sociais e mesmo da Igreja, que procurava
justificar o poder real e impedia que outras religiões se desenvolvessem no país.
Apesar de alguns historiadores apresentarem essa ideia de “equilíbrio” vista logo acima,
Perry Anderson discorda dessa elaboração.
Segundo esse historiador,

“o Estado absolutista nunca foi um árbitro entre aristocracia e a burguesia, e menos ainda um
instrumento da burguesia nascente contra a aristocracia: ele era a nova carapaça política de uma
nobreza atemorizada”22.

Nesses termos, a monarquia absolutista da época moderna teria sido uma monarquia feudal
diferente das monarquias medievais, mas a classe dominante (a nobreza), por ter predominado,
impôs uma nova forma de poder da própria nobreza. Para o historiador inglês,

os “Estados monárquicos da Renascença forma em primeiro lugar e acima de tudo instrumentos


modernizados para a manutenção do domínio da nobreza sobre as massas rurais” 23.

Gabarito: A

(Mackenzie 2017)
A guerra foi igualmente provocada pelas ambições da França e da Inglaterra sobre Flandres,
região economicamente rica pelo seu comércio e por sua produção de tecidos. Extremamente
devastadora, agravou a situação de miséria e exploração das classes camponesas, mas também
contribuiu para revelar o sentimento nacional.

22
ANDERSON, Perry. Linhas do Estado Absolutista. São Paulo: Editora Brasiliense. 1985, p. 18.
23
Idem, p. 20.

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A afirmação acima refere-se à:


a) Guerra do Bouvines.
b) Guerra dos Cem Anos.
c) Guerra das Duas Rosas.
d) Guerra dos Três Henriques.
e) Guerra dos Trinta Anos.
Comentário
A Guerra dos Cem Anos (1337-1453) marcou a formação das Monarquias francesa e inglesa.
Além da necessidade de formação de exércitos para os confrontos, a constituição de impostos para
custear a guerra estimulou o desenvolvimento da estrutura administrativa do Estado. Nesses
termos, na França, foram criados impostos que recaíram sobre os camponeses (a Talha) e outros,
sobre a burguesia. De acordo com o historiador Perry Anderson, essa guerra foi determinante para
um novo modelo fiscal na França, superior ao construído no período medieval. Além disso, com a
crescente centralização do poder, os reis franceses se depararam com o desafio de administrar um
território de vasta extensão. Assim, se a Guerra dos Cem Anos viabilizou a criação de um exército e
impostos permanentes, pouco contribuiu para aprimorar a administração do território francês.
Gabarito: B

(UEL 2011)
No processo de formação das monarquias nacionais europeias, o desenvolvimento do
comércio e das cidades
a) criou a necessidade de centralização do poder para unificar os tributos, as moedas, os pesos
e medidas, as leis e mesmo a língua.
b) ocorreu sob uma luta de interesses que aliou a burguesia, a Igreja, os artesãos e os servos
contra o rei e a nobreza.
c) contribuiu para que a nobreza e a burguesia impusessem uma autoridade de cunho
particularista no controle das cidades.
d) criou condições para que a autoridade do rei, no Estado Moderno, fosse limitada pelo
parlamento.
e) promoveu a subordinação do poder real aos duques e condes, que possuíam grandes
exércitos.
Comentário
Abordagem clássica. Relação entre o desenvolvimento político, econômico e, até mesmo, cultural.
Renascimento comercial e urbano se destaca pela centralização do poder político de modo a
formar as monarquias absolutistas. Do ponto de vista econômico houve o desenvolvimento do
mercantilismo.
Nesse sentido, como falamos a monarquia fazia mediação entre os interesses das classes sociais,
assim, burguesia não se aliou a outras classes contra a nobreza, conforme sugere o item B.
Também não houve aliança da burguesia com a nobreza para formar um governo particularista. O

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tipo de governo desse momento histórico foi a Monarquia Absolutista, e não limitada pelo
parlamento ou ela nobreza, como sugerem os itens C, D e E.
Gabarito: A

(Albert Einstein 2018)


No dia 31 de Outubro de 1517, o monge e doutor em teologia Martinho Lutero publicou em
Wittemberg as suas 95 teses sobre questões a serem debatidas com outros teólogos católicos.
Entre as posições defendidas, e que acabaram por levar ao rompimento de Lutero com a Igreja
Católica, estavam
a) a afirmação de que todo cristão batizado poderia ser o seu próprio sacerdote, o
questionamento do dogma da infalibilidade papal e o princípio da salvação pela fé.
b) o reconhecimento apenas do batismo, da eucaristia, do casamento e da extrema unção
como sacramentos cristãos válidos.
c) a reafirmação do culto aos santos locais e da Virgem, e a validação do casamento de
qualquer membro da Igreja.
d) o uso da Inquisição e do Index como instrumentos de combate aos desvios doutrinais e o
reconhecimento da infalibilidade papal na orientação teológica da cristandade.
Comentário
Martinho Lutero, em 1517, escreveu as 95 teses criticando a Igreja católica, fato que contribuiu para
a ruptura com o catolicismo e o surgimento da “Reforma Protestante”. O Luteranismo foi a primeira
religião protestante estabelecendo a salvação pela fé, a livre interpretação da bíblia, a rejeição da
hierarquia religiosa e do celibato clerical, supressão das imagens, entre outras medidas. Vamos
lembrar os três pontos centrais da crítica de Lutero, assinalar o item A e correr para o abraço!

Gabarito: A

(UDESC 2017)
Na obra O queijo e os vermes, o historiador Carlo Ginzburg conta a história de Domenico
Scandella, vulgo Menocchio, um moleiro do norte da Itália que, no século XVI, foi considerado
herege pela Igreja por afirmar que a origem do mundo estava na putrefação. Ao analisar o
processo inquisitorial que trata do caso, Ginzburg chama a atenção para as peculiares opiniões
de Menocchio sobre os dogmas da igreja e para suas críticas ao seu poder excessivo: a igreja
chegou a controlar um terço das terras cultiváveis da Europa. Para o autor, dois grandes

História Moderna I 82
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eventos históricos tornaram possível um caso como o de Menocchio: a invenção da imprensa


e a Reforma.
Com base nas informações e nos estudos sobre a Idade Moderna europeia, analise as
proposições.
I. A Reforma Protestante contribuiu para a uniformização das práticas e dos significados
religiosos no século XVI.
II. O desenvolvimento da imprensa contribuiu para que pessoas comuns tivessem acesso a
informações antes controladas pela Igreja Católica.
III. A venda de indulgências pela Igreja Católica foi um dos motivos que levou o monge
Martinho Lutero a escrever suas 95 teses, criticando vários pontos da doutrina católica.
IV. Uma das medidas da Contrarreforma foi o retorno da Inquisição, que tinha como objetivo
reprimir aqueles que não estavam seguindo a doutrina católica.
V. A censura exercida pela Igreja Católica Apostólica Romana foi determinante para a expansão
do protestantismo na Itália e na Península Ibérica.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
c) Somente a afirmativa IV é verdadeira.
d) Somente a afirmativa I é verdadeira.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.
Comentário
Vamos analisar item a item
I- Errado, pois, a Reforma Protestante ajudou a dividir a cristandade e não a uniformizar.
II- Certo, já que a criação da prensa de imprimir foi fundamental para difusão das ideias
humanistas e reformistas.
III- Corretíssimo. A venda de indulgência era a grande hipocrisia da época, pois era o
desvirtuamento do sentido das boas obras para a salvação da alma.
IV- Com o surgimento das religiões protestantes e a perda de quase 40 % de seus fiéis, na Europa,
a Igreja Católica instituiu uma série de medidas para impedir o avanço do protestantismo, entre
essas medidas estava a reativação do violento tribunal da Santa Inquisição.
Gabarito: A

(UEPB 2013)
O olhar que os europeus tinham sobre o mundo medieval mudou com o advento do chamado
mundo moderno, devido à inserção de novos elementos, tais como:
a) A presença dos cavaleiros, a economia autossuficiente, a força dos artesãos e o
teocentrismo.

História Moderna I 83
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b) A presença dos cavaleiros, o pensamento humanista; a contrarreforma católica e a


descentralização do poder político.
c) O teocentrismo, a presença do Estado Moderno e as reformas religiosas, e o tribunal de
Inquisição.
d) A imprensa como espaço de divulgação do pensamento teocêntrico, a descentralização do
poder político e a Guerra dos Cem Anos.
e) A descoberta do Novo Mundo, a presença de novos atores sociais como a burguesia e a
utilização da bússola, da pólvora e da imprensa.
Comentário
A questão quer averiguar se você saberia diferenciar elementos medievais dos elementos
modernos.
O que temos no Moderno?

pensamento
humanista,
antropocentrico e
renascentista

Poder
centralizado na Invenção de
monarquia Imprensa
absolutista

Modernidade
Busca de novas
Reformas e
rotas comerciais
contrarreformas
e descoberta de
religiosas
novos mundos

Burguesia Nobreza classe


Mercantil dominante

Se você mobiliza seu conhecimento é só ir excluindo o que faz parte da Idade Média: teocentrismo,
cavalaria, descentralização política, economia autossuficiente. Logo a resposta só pode ser item E.
Gabarito: E

(IFSP 2017)
Entre os séculos XIV e XVI, ricas cidades dedicavam-se ao comércio internacional
(principalmente de especiarias).Exemplos disso são as cidades europeias de Florença e Roma

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(sede do Papado),que atraíram dezenas de artistas e homens cultos em busca da antiguidade


clássica como fonte de inspiração. Trata-se do período do Renascimento Cultural.
Assinale a alternativa que contém os elementos por meio dos quais podemos identificar o
Renascimento:
a) Antropocentrismo- Otimismo- Razão-Espírito investigativo- Leonardo da Vinci.
b) Teocentrismo – Igreja- Hedonismo- Pessimismo- Michelângelo.
c) Mecenato-Fé-Inquisição-Antropocentrismo- Aristóteles.
d) Medievalismo- Vassalos-Racionalismo-Espírito dedutivo-Camões.
e) Classicismo- Mecenas- Teologia- Espírito científico- Galileu.
Comentário
É necessário conhecer as características básicas do Renascimento Cultural e alguns de seus
maiores expoentes. Retomando a cultura clássica Greco romana, o renascimento valorizou o
Homem, o antropocentrismo, o racionalismo, o individualismo, o otimismo e o hedonismo,
negando e se contrapondo as características da cultura medieval, julgando a Idade Média, como a
“Idade das Trevas”. Portanto, todos os elementos vinculados à cultura religiosa são descartados,
como a Inquisição, a Fé ou a teologia. Isso não significa que os renascentistas eram ateus ou que
negavam a religião. Nesse sentido, o item A é o único que não contém nenhum item ligada ao
pensamento medieval.
Gabarito: A

(UNESP 2007)
"Galileu, talvez mais que qualquer outra pessoa, foi o responsável pelo surgimento da ciência
moderna. O famoso conflito com a Igreja católica se demonstrou fundamental para sua
filosofia; é dele a argumentação pioneira de que o homem pode ter expectativas de
compreensão do funcionamento do universo e que pode atingi-la através da observação do
mundo real." (Stephen Hawking, "Uma breve história do tempo")
O "famoso conflito com a Igreja católica" a que se refere o autor corresponde
a) à decisão de Galileu de seguir as ideias da Reforma Protestante, favoráveis ao
desenvolvimento das ciências modernas.
b) ao julgamento de Galileu pela Inquisição, obrigando-o a renunciar publicamente às ideias
de Copérnico.
c) à opção de Galileu de combater a autoridade política do Papa e a venda de indulgências pela
Igreja.
d) à crítica de Galileu à livre interpretação da Bíblia, ao racionalismo moderno e à observação
da natureza.
e) à defesa da superioridade da cultura grega da antiguidade, feita por Galileu, sobre os
princípios das ciências naturais.
Comentário

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A transição para a mentalidade renascentista, racionalista, empirista e cientificista não foi um


processo sem resistência, consensual e tranquilo, afinal, as bases dessa nova forma de ver, sentir
e viver questionavam os alicerces sobre os quais estavam assentados os velhos padrões de
pensamento medieval ligados ao catolicismo.
A Igreja Católica se tornou conservadora (no sentido de aversão à mudanças e inovações) e, em
conjunto com um setor da nobreza medieval, inicialmente lutou dura e violentamente contra as
transformações em curso. Mais adiante veremos que a Igreja precisou se adaptar ao novo
momento histórico e precisou passar por mudanças.
Diante do “perigo” das ideias inovadoras, o papado reativou o Tribunal da Santa Inquisição e
perseguiu vários pioneiros da ciência moderna, como, por exemplo: Nicolau Copérnico (1473-
1543), católico e responsável pela elaboração da teoria heliocêntrica, considerado o “Pai da
Astronomia”, foi condenado à morte pela Inquisição; Giordano Bruno (1548-1600), seguidor da
teoria heliocêntrica, defendia que o universo era infinito e ele estava inacabado, também foi
condenado pela Inquisição e queimado vivo em praça pública; Galileu Galilei (1564-1642),
aprofundou-se em estudos sobre movimento dos corpos, considerado Pai da Física Matemática
forneceu base para as ideias posteriores de Isaac Newton, foi condenado à prisão perpétua.. O
vento abrasador da intolerância religiosa ficou marcado na história pelo uso de inúmeros
instrumentos de sevícia e tortura.
Gabarito: B

(PUC/RS - Adaptada para FUVEST)


O Concílio de Trento (1545-1563), ao lado da ação dos jesuítas e do restabelecimento da
Inquisição, foi de grande importância para o sucesso da Contra-Reforma ou Reforma Católica.
Assinale, sobre o mesmo, a alternativa INCORRETA:
a) Estabeleceu o Index ou lista de obras que não deviam ser lidas pelos católicos.
b) Declarou que as boas obras são tão necessárias à salvação quanto a fé.
c) Condenou a crença no purgatório, concordando nesse ponto com os protestantes.
d) Manteve o celibato clerical.
e) Manteve a supremacia papal sobre todos os sacerdotes e prelados, sugerindo que a
autoridade daquele transcendia a do próprio concílio da Igreja.
Comentário
Questão que pede para assinalar o que está INCORRETO. Quando for assim, circula no seu
caderno de prova a palavra incorreto, pois você estará ligado no automático e pode perder a
questão, ou perder muito tempo até lembrar que tem que assinar o erro e não o que está correto.
Feita essa consideração, vamos relembrar as ações da contrarreforma:
As principais medidas adotadas pelas lideranças religiosas foram:
➢ 1534 - Fundação da Companhia de Jesus: proposta pelo ex-soldado espanhol Inácio de
Loyola, a ordem era inspirada em uma estrutura militar cuja missão era impedir o avanço
do protestantismo e converter indivíduos ao catolicismo por meio da contemplação (na

História Moderna I 86
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maioria das vezes, forçada). A principal estratégia era criar escolas religiosas e
implementar o estudo da catequese.
➢ 1545/1563 – Concílio de Trento: reunião de bispos, conduzida pelo Papa, para discutir as
questões relacionadas à doutrina da Igreja. Nesses anos reafirmou-se os pontos básicos e
essenciais do catolicismo:
- Sete sacramentos – batismo, crisma, eucaristia, matrimônio, penitência, ordem e
unção dos enfermos)
- Tese da infalibilidade do papa
- Monopólio do clero para interpretação da Bíblia
- Reafirmação de indulgência por meio de boas práticas de caridade
- Salvação humana por meio da fé e das boas obras
- A Bíblia é a fonte da fé
- A missa é o encontro com Cristo
- Manutenção do celibato sacerdotal
- Criação de seminários para formação aprofundada de padres e demais clérigos
➢ Criação de uma lista de livros proibidos: o Index librorum prohibitorum.
➢ Reativação e reformulação do Tribunal da Santa Inquisição
Assim, o único item que está errado entre os itens é C) Condenou a crença no purgatório,
concordando nesse ponto com os protestantes.
Gabarito: C

(Adaptada para FUVEST)


A partir do início da Idade Moderna o Protestantismo se expandiu por toda a Europa. Vários
países como a Inglaterra e a Suíça se desligaram da Igreja Católica, que perdeu boa parte de
seus bens. Numa tentativa de conter a expansão do Protestantismo, alguns papas tentaram
promover uma reformulação moral, política e econômica na Igreja Católica. É nesse contexto
que são realizados o Concílio de Trento, a fundação da Companhia de Jesus e o Tribunal da
Santa Inquisição.
O texto anterior se refere ao processo conhecido como:
a) Reforma Luterana.
b) Reforma Protestante.
c) Reforma Calvinista.
d) Reforma Absolutista.
e) Contra-Reforma.
Comentário
Para impedir a continuidade do avanço do protestantismo a Igreja Católica organizou uma
série de medidas, que conhecemos por Contrarreforma.

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Profe Alê Lopes
Curso de História para ENEM 2020

Muitos clérigos que andavam incomodados com os abusos, aproveitaram para realizar uma
verdadeira reforma interna na Instituição. Porém, doutrinariamente, houve uma reafirmação dos
princípios católicos. Foi um longo processo que se estendeu por 4 papados:

Gabarito: E

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nessa aula, vimos a formação do mundo moderno e os principais elementos filosóficos,
culturais, político e econômicos.
Na próxima aula trataremos da continuidade desse momento: as principais consequências da
expansão econômica e as crises políticas que serão motivos para a desagregação do Antigo regime.
Fique de olho e não perca!!
Espero que vocês estejam indo bem. Não esqueçam que todo seu esforço vale à pena. Cada dia, cada
hora, cada minuto que você se envolve com a tarefa de adquirir mais conhecimento, gravar mais uma
informação, colar mais um post it é uma riqueza infinita. Ninguém tira de você aquilo que está
acumulado no seu capital cultural. 😊 S2
Não esqueça do mantra: Não existe solução mágica, mas existem estratégias que, se
utilizadas com afinco e dedicação, podem realizar sonhos. Nós estamos JUNTOS nesse caminho!!!
Conte comigo, meus querida aluno e minha querida aluna.
Utilize o Fórum de Dúvidas. Eu responderei suas perguntas rapidinho! E não se esqueça
de que não existe dúvida boba. Quanto mais você pergunta, mais conversamos e mais
você sintetiza o conteúdo, certo!
Também me procure nas redes sociais. Lá tem dicas preciosas para te ajudar na sua
preparação.
Um grande abraço estratégico,
Alê

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