Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
vender casa
ÍNDICE GERAL
A ÍNDICE REMISSIVO
Revisão técnica e atualização: Ernesto Pinto, Filipe Campos, Mónica Dias, Nuno Rico,
Sandra Justino e Sofia Lima
Projeto gráfico, paginação e capa: Alexandra Lemos
Formato digital: Isabel Espírito Santo e Paula Sofia Silva
Fotografia da capa: iStock
Coordenação editorial e redação: Paula Sofia Silva
Impressão: AGIR
Rua Particular, Edifício Agir
Quinta de Santa Rosa
2680-458 CAMARATE
deco.proteste.pt/guiaspraticos
Comprar e
vender casa
Ao longo dos anos, temos vindo a acumular uma vasta experiência nesta
área, através dos estudos realizados e publicados nas revistas proteste e
dinheiro & direitos e na nossa página na internet (www.deco.proteste.pt),
mas também pelo contacto diário com os consumidores, através do nosso
Serviço de Informações. Comprar e Vender Casa é um guia prático que, utili-
zando uma linguagem acessível, aborda as vertentes económicas e jurídicas
das diferentes etapas da compra de casa, procurando chamar a atenção do
consumidor para os diversos cuidados a ter em cada etapa e para as vantagens
e inconvenientes das opções que lhe são apresentadas.
Índice
Empreitadas 155
Denúncia dos defeitos 155 Índice remissivo 185
A
Introdução
A Comprar e vender casa
Comprar ou construir?
Se o seu objetivo for tornar-se proprietário de uma moradia, é possível que
hesite entre comprar e construir. E, de facto, ambas as possibilidades têm
vantagens e inconvenientes. Embora seja mais difícil encontrar a casa dos
seus sonhos, no local que mais lhe convém e a um preço compatível com o
orçamento disponível, o processo de compra é muito mais rápido do que
adquirir um terreno, mandar fazer um projeto e esperar pelo termo da cons-
trução. No entanto, terá de optar por uma solução de compromisso entre
aquilo que pretendia e o que encontrar disponível para venda.
10
A Introdução
Quando arrendar?
Algumas pessoas preferem arrendar, dado que o processo é muito mais simples
e terão menos responsabilidades a vários níveis (na manutenção do edifício,
por exemplo). Por vezes, a única alternativa é mesmo o arrendamento. Será
o caso de quem ainda não tem poupanças suficientes para efetuar a aquisição
pretendida ou prevê que a sua permanência em determinada zona será de
curta duração (1 ano, por exemplo). Também será a opção mais segura para
quem tiver um emprego precário ou uma situação laboral indefinida. Porém,
salvaguardando estas exceções, é sempre de ponderar a hipótese de comprar
casa. Em última análise, tudo poderá depender das ofertas disponíveis para
cada opção.
11
A Comprar e vender casa
VAI COMPRAR?
Consulte os anúncios Se tudo estiver em ordem,
publicados e as páginas das avance para o contrato-
imobiliárias na internet. -promessa. Peça uma cópia
Dê alguns passeios nas zonas antecipadamente para o ler
que mais lhe interessam, com atenção e, se for caso
em busca de indicações de disso, esclarecer alguma
venda ou de prédios que dúvida com um advogado,
estejam em obras ou em Visite as casas que lhe por exemplo. Garanta
construção. Contacte diversas interessam e verifique as ainda que o prazo até ao
mediadoras e explique aquilo condições de conservação contrato de compra e venda
que procura. As cooperativas da fração e do prédio, é suficiente para tratar de
ou a habitação social poderão a zona onde está inserido, todo o processo.
ser uma possibilidade. o tipo de vizinhança, etc.
VEJA O CAPÍTULO 4
VEJA O CAPÍTULO 1 VEJA O CAPÍTULO 2
VEJA O CAPÍTULO 4
VEJA OS CAPÍTULOS 3 E 5
12
A Introdução
Ao longo deste livro, cada uma das partes interessadas encontrará explicações
mais detalhadas sobre o que fazer em cada fase. Mas, para que possa confir-
mar rapidamente se está a cumprir as várias etapas e quais os capítulos que
lhe interessam em cada uma delas, deixamos-lhe uma síntese dos principais
aspetos no esquema que se segue.
VEJA OS CAPÍTULOS 4 E 5
13
A Comprar e vender casa
VAI VENDER?
VEJA O CAPÍTULO 1
VEJA O CAPÍTULO 2
VEJA O CAPÍTULO 4
VEJA O CAPÍTULO 4
14
A
Capítulo 1
Os primeiros
passos
A Comprar e vender casa
16
A Os primeiros passos
17
A Comprar e vender casa
Trata o próprio
Caso pretenda vender a casa sem recorrer a uma mediadora imobiliária, tenha
em consideração alguns aspetos importantes. Comece por pesquisar os preços
dos imóveis com características idênticas (tipologia e estado de conservação,
18
A Os primeiros passos
Uma vez estipulado o preço, publicite a venda pelas várias vias que temos
vindo a referir. E não se esqueça de preparar a casa para a tornar mais ape-
lativa aos olhos dos potenciais compradores. No mínimo, mantenha-a limpa
e, se necessário, efetue algumas reparações.
Certificado energético
Não se esqueça de que, ao publicitar a venda, além das restantes caracterís-
ticas deve indicar a eficácia energética do imóvel. É o certificado energético
que comprova esta eficácia, numa escala que vai de A+ (muito eficiente) a F
(pouco eficiente). Trata-se de um documento obrigatório para casas que estão
à venda, quer se trate de um edifício novo ou antigo, e permite ao potencial
comprador saber o que pode fazer para reduzir o consumo de energia e
melhorar o conforto. Para solicitar este documento, se ainda não o tiver, terá
de contratar um perito qualificado: verifique a lista disponibilizada e outras
informações na página do Sistema de Certificação Energética dos Edifícios
Verifique os contactos dos profissionais que poderão tratar do certificado energético no concelho onde
se localiza o imóvel em www.sce.pt > pesquisa de técnicos.
19
A Comprar e vender casa
Mediadoras imobiliárias
Na maioria das vezes, as mediadoras imobiliárias são uma forma prática de
potenciar as possibilidades de negócio, sem grandes perdas de tempo nem
preocupações de maior. Todavia, convém ainda assim ter alguns cuidados
mínimos antes de recorrer a uma mediadora. Antes de mais, é fundamental
verificar se a mediadora tem licença para exercer a atividade, a qual é emitida
pelo IMPIC — Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção.
20
A Os primeiros passos
Por outro lado, o IMPIC emite cartões de identificação para uso dos responsáveis
legais da empresa licenciada, e estes deverão exibi-los em todos os atos em
que intervenham. Finalmente, os colaboradores das mediadoras (técnicos de
mediação imobiliária e angariadores, por exemplo) devem estar identificados
com cartões da empresa que mostrem o seu nome e uma fotografia atualizada.
Antes de assinar o contrato com uma mediadora imobiliária, certifique-se de que está legalizada junto
do IMPIC (www.impic.pt/impic/pt-pt/consultar/empresas-titulares-de-licenca-de-mediacao-imobiliaria).
Poderá até começar por procurar as mediadoras legalizadas no concelho que lhe interessa.
Vantagens e inconvenientes
Contratar uma mediadora imobiliária poderá poupar-lhe tempo e preo-
cupações, mas representa também um acréscimo significativo nos custos.
21
A Comprar e vender casa
22
A Os primeiros passos
23
A Comprar e vender casa
A atividade principal
Uma mediadora imobiliária tem como principal tarefa angariar potenciais
interessados na compra, venda, arrendamento, permuta e trespasse de bens
imóveis. Para o efeito, a agência deverá promover os imóveis e recolher infor-
mações sobre as suas características e sobre os negócios pretendidos. Pode,
também, realizar leilões.
Contrato de mediação
O contrato de mediação imobiliária tem de ser feito por escrito. Este docu-
mento está sujeito a requisitos obrigatórios e tem de especificar, entre outras
informações, a identificação e características do imóvel e as condições de
remuneração da empresa. As empresas de mediação mobiliária estão obrigadas
a submeter as minutas dos seus contratos à aprovação do IMPIC, antes de as
utilizarem, exceto se optarem pelo modelo publicado em portaria (poderá
consultá-lo na página 167).
Elementos obrigatórios
Além da identificação das partes (mediadora e cliente), o contrato de mediação
tem de identificar, entre outros elementos:
—— as características do imóvel e todos os ónus e encargos (hipotecas, por
exemplo) que sobre ele recaiam;
—— o tipo de negócio visado pelo exercício de mediação (venda, compra,
permuta, trespasse, ...);
24
A Os primeiros passos
Regime de exclusividade
Como referido no título anterior, se a empresa de mediação for contratada neste
regime, tal constará, obrigatoriamente, do contrato. Nesse caso, enquanto o
contrato vigorar, o direito de promover o negócio cabe apenas à mediadora. No
entanto, em princípio, o cliente tem todo o interesse em efetuar contratos com
várias mediadoras, de forma a aumentar as possibilidades de concretizar um bom
negócio. Aliás, com ou sem exclusividade, nada invalida que, apesar de contratar
com as imobiliárias, continue a tentar vender a casa pelos seus próprios meios.
Se conseguir fazê-lo sem a intervenção da mediadora, e sem que tenha sido esta a
apresentar-lhe o potencial interessado, não terá de pagar nada. O que não poderá
fazer é, apesar de ter exclusividade, contratar também outras imobiliárias ou, mesmo
não a tendo, negociar diretamente com um cliente angariado pela imobiliária.
Contrato nulo?
O contrato será considerado nulo, ou seja, o comprador ou vendedor particular
poderá desobrigar-se do negócio com a imobiliária sem qualquer penalização,
se não tiver sido efetuado por escrito ou não incluir algumas das informações
indicadas no título Elementos obrigatórios, na página anterior.
25
A Comprar e vender casa
26
A Os primeiros passos
outra de quem compra (se, por exemplo, o comprador tiver mandatado a media-
dora para lhe encontrar uma casa com as características definidas no contrato).
Na prática, a imobiliária será remunerada por quem primeiro celebrou o acordo.
27
A Comprar e vender casa
Livro de reclamações
As mediadoras estão obrigadas a disponibilizar um livro de reclamações em
cada local de atendimento, para que os utentes possam registar as suas recla-
mações (feito o registo, não se esqueça de guardar o duplicado). Se pedir o
livro de reclamações e este lhe for recusado, pode chamar a polícia. Se, ainda
assim, a situação não se resolver, a autoridade policial toma conta da ocor-
rência e envia uma cópia do auto ao IMPIC.
Se algo correr mal na prestação de serviços, não hesite em reclamar (veja a caixa
Redigir uma reclamação, na página seguinte). Esse gesto poderá evitar que a situação
28
A Os primeiros passos
29
A Comprar e vender casa
facto que possa pôr em causa a concretização do negócio, até, em casos extremos
(fraude, por exemplo), à interdição do exercício da atividade, encerramento do
estabelecimento ou privação do direito de participar em feiras ou mercados.
Técnicos e angariadores
Há dois tipos de colaboradores das empresas de mediação imobiliária: os téc-
nicos e os angariadores. Os primeiros exercem a mediação em nome das
empresas, sendo auxiliados pelos segundos na execução das tarefas necessárias
à preparação e ao cumprimento dos contratos celebrados. Uns e outros devem
estar devidamente identificados com cartões da empresa que contenham o
seu nome e fotografia atualizada.
A promoção imobiliária
Muitos construtores procuram vender as habitações pelos seus próprios meios.
À semelhança do que acontece com as mediadoras, a lei também fixou um
conjunto de obrigações para os promotores imobiliários, que visam reforçar
a transparência dos negócios que levam a cabo.
30
A Os primeiros passos
OS PRINCÍPIOS DA PUBLICIDADE
Além dos aspetos específicos que tem de respeitar, a promoção imobiliária rege-se pelos
princípios-base da publicidade, que a seguir enunciamos.
Licitude
É proibida a publicidade que ofenda valores, princípios e instituições fundamentais. Desig-
nadamente, e entre outras limitações, não poderá:
– recorrer, de forma depreciativa, a instituições nacionais ou religiosas;
– estimular ou fazer apelo à violência ou a qualquer atividade ilegal;
– atentar contra a dignidade da pessoa humana;
– conter qualquer discriminação em relação à raça, língua, religião ou sexo;
– utilizar linguagem obscena.
Identificabilidade
A publicidade tem de ser inequivocamente identificada como tal, qualquer que seja o meio
utilizado. Na rádio e na televisão, por exemplo, deverão existir separadores no início e no
fim do espaço publicitário (na rádio, o separador consiste em sinais acústicos).
Veracidade
A publicidade deve respeitar a verdade, não deformando os factos. As afirmações rela-
tivas à natureza, composição, propriedades e condições de aquisição dos bens ou servi-
ços publicitados devem ser suscetíveis de prova, a todo o momento, perante as instâncias
competentes. É proibida a publicidade que, por qualquer forma, induza em erro os seus
destinatários.
31
A Comprar e vender casa
As cooperativas de habitação
As cooperativas de habitação surgiram com o objetivo de construir casas a
custos reduzidos, embora, por vezes, com uma qualidade mais modesta.
Apesar de, atualmente, esta tendência ainda se manter, algumas cooperativas
também constroem empreendimentos de luxo que fogem aos parâmetros da
construção a custos controlados.
A opção pela compra de casa através da adesão a uma cooperativa tem como
principal aliciante o preço, mas é necessário avaliar também os inconve-
nientes: um longo período de espera (largos meses ou mesmo anos), menor
possibilidade de escolher a casa e a sua localização, uma qualidade, normal-
mente, inferior e, por último, diversas limitações numa posterior venda da
32
A Os primeiros passos
O QUE É A CASES?
A “Cooperativa António Sérgio para a Economia Social – Cooperativa de Interesse Público
de Responsabilidade Limitada”, abreviadamente designada por CASES, supervisiona e fis-
caliza a constituição e o funcionamento das cooperativas. Para o efeito, estas têm de enviar
à CASES uma cópia de diversos documentos:
—— atos de constituição e de alteração dos estatutos, até 30 dias após o seu registo;
—— relatórios anuais de gestão e, com a mesma periodicidade, os documentos de presta-
ção de contas, até 30 dias após a sua aprovação pela assembleia geral;
—— cópia do balanço social, se a isso estiverem obrigadas, até 30 dias após a sua elaboração.
Compete à CASES emitir, anualmente, uma credencial comprovativa da legal constituição e
regular funcionamento das cooperativas. A credenciação é fundamental para as cooperati-
vas, visto que dela depende o apoio técnico e financeiro por parte das entidades públicas.
33
A Comprar e vender casa
Por norma, as adesões são efetuadas muito antes do início das obras de cons-
trução. Para reduzir ao mínimo o risco de surpresas desagradáveis, não assuma
AS REGRAS INTERNAS
Os estatutos da cooperativa
• Os estatutos identificam a cooperativa e incluem as suas regras de funcionamento. Antes de
aderir, não deixe de consultar este documento. Os estatutos devem obrigatoriamente conter:
—— a denominação da cooperativa e a localização da sede;
—— o ramo do setor cooperativo a que pertence (cooperativa de habitação ou de constru-
ção, neste caso), assim como o objeto da sua atividade;
—— o tempo de duração da cooperativa, quando não for por tempo indeterminado. Este
elemento é relevante, pois pode tratar-se de uma cooperativa criada apenas para um
empreendimento e que, após a sua conclusão, será extinta;
—— a identificação dos órgãos da cooperativa, que são a assembleia geral, a administração
e o conselho fiscal;
—— as condições de atribuição de voto plural, desde que esta forma de voto, ou seja,
a possibilidade de uma única pessoa acumular vários votos, esteja prevista nos estatu-
tos da cooperativa;
—— o capital social inicial, o montante da joia (se esta for obrigatória), o valor dos títulos de
capital e o capital mínimo a subscrever por cada cooperador;
—— as condições e os limites de acesso dos membros investidores, se os houver.
34
A Os primeiros passos
qualquer compromisso nem pague o que quer que seja sem confirmar se a
cooperativa está em situação legal. Em seguida, não dispense a consulta dos
estatutos e regulamentos da cooperativa. Além dos aspetos gerais, preste
atenção aos valores a pagar no ato da inscrição e mensalmente.
assembleia de delegados;
—— as normas de distribuição dos excedentes, de criação de reservas e de restituição das
entradas aos membros que deixarem de o ser;
—— o modo de proceder à liquidação e partilha dos bens da cooperativa, em caso de dissolução.
Se estas informações facultativas não constarem do documento, solicite que lhe sejam
comunicadas por escrito. Normalmente, estas questões são descritas num regulamento
específico. Leia-as atentamente, pois é fundamental conhecer as regras do jogo.
Os órgãos da cooperativa
• A assembleia geral, constituída por todos os membros da cooperativa, é o órgão principal.
Desde que respeitem a lei e os estatutos, as suas deliberações possuem um caráter vincu-
lativo para os outros órgãos da cooperativa e para os seus membros.
• O conselho de administração é o órgão que representa a cooperativa. É composto por um
presidente e dois vogais, se a cooperativa tiver mais de 20 membros, mas, se tiver menos,
poderá sê-lo apenas por um administrador. Entre outras funções, compete-lhe elaborar
anualmente o relatório de gestão, os documentos de prestação de contas, o plano de ativi-
dades e o orçamento para o ano seguinte. Todos estes documentos são depois submetidos
ao parecer dos órgãos de fiscalização e à apreciação e aprovação da assembleia geral.
• É ao conselho fiscal que cabe fiscalizar a administração da cooperativa e verificar, entre
outros, o cumprimento da lei e dos estatutos.
Os estatutos podem ainda prever a existência de outros órgãos, bem como dar poderes
à assembleia geral ou ao órgão de administração para constituírem comissões especiais,
de duração limitada, destinadas ao desempenho de tarefas determinadas.
35
A Comprar e vender casa
dúvidas sobre este aspeto, uma vez que os procedimentos podem variar de
cooperativa para cooperativa.
Títulos de investimento
Em algumas cooperativas, os participantes podem ainda subscrever títulos
de investimento. A sua emissão e respetivas condições, incluindo a taxa de
juro, são determinadas pela assembleia geral, que também fixa o objetivo e
os requisitos para a utilização deste produto pelo órgão de administração.
36
A Os primeiros passos
A subscrição destes títulos deve ser levada a cabo com algum cuidado. Três
questões, pelo menos, devem ter uma resposta positiva. A saber:
—— os títulos poderão ser utilizados para pagar a casa?
—— se precisar do dinheiro, poderá reavê-lo com facilidade? Ou seja, a coope-
rativa reembolsa-o, nem que para isso tenha de perder parte dos juros?
Ou irá ter de arranjar um comprador?
—— estará o seu dinheiro a ser bem remunerado?
Reservas obrigatórias
As cooperativas têm de constituir uma reserva legal, destinada a cobrir eventuais
prejuízos financeiros, e uma reserva para educação e formação de cooperativas,
destinada à formação cultural e técnica dos cooperadores e trabalhadores.
A compra de casa
A cooperativa entra em contacto com os seus membros quando já possui ter-
reno ou licença para construção. Embora os procedimentos variem, as listas
de espera deverão ser respeitadas. Algumas cooperativas realizam de imediato
um contrato-promessa de compra e venda, mas outras deixam esta formali-
dade para mais tarde.
37
A Comprar e vender casa
Para saber se os custos são ou não alterados, o comprador deve assistir a todas
as reuniões. Em alternativa, pode ler a ata da reunião em que as contas foram
aprovadas. Caso as alterações sejam demasiadas, o cooperador pode desistir
ou, se a cooperativa o autorizar, ceder a sua posição a alguém.
Documentação e financiamento
Após a conclusão das obras, segue-se a fase da escritura, tal como em
qualquer outro processo de compra de casa. As cooperativas poderão
ajudar os seus membros na marcação da escritura ou até marcá-la dire-
tamente, para tentarem realizar várias no mesmo dia. A maioria auxilia
também na preparação do pedido de crédito. Algumas efetuam acordos
com bancos, para conseguirem condições de crédito mais vantajosas. Os
cooperadores não são obrigados a optar por estas instituições bancárias,
mas, se o fizerem, poderão usufruir de algumas vantagens, como isenção
de alguns custos iniciais ou taxas de crédito mais reduzidas. Em qualquer
situação, os empréstimos para compra de casa através de uma cooperativa
só abrangem até 80% do valor de aquisição e beneficiam de uma bonificação
a suportar pelo Estado.
38
A Os primeiros passos
E depois da compra?
Vendido o imóvel, a cooperativa prossegue com outros projetos de construção
ou extingue-se. Quem compra casa através de uma cooperativa está sujeito a
uma limitação: as habitações construídas para habitação própria e permanente
só podem ser vendidas 5 anos após a sua aquisição. Se o fizer antes de decor-
rido esse período, o proprietário deve restituir os valores correspondentes à
bonificação suportada pelo Estado.
COOPERATIVA NA HORA
Constituir uma cooperativa pode ser um processo demorado e obrigar a várias desloca-
ções. Mas, desde 2017, já é possível fazê-lo num único dia, através do procedimento ime-
diato Cooperativa na Hora. Através deste regime especial deixa de ser necessário obter o
certificado de admissibilidade de denominação, redigir a constituição ou proceder ao res-
petivo registo. Mas terá de utilizar o modelo aprovado pelo Instituto dos Registos e Notari-
ado para o ato constitutivo e escolher a denominação de entre as disponibilizadas no posto
de atendimento. Os interessados apenas terão de:
—— formular o pedido junto do serviço competente;
—— optar pela denominação e pelo modelo de ato constitutivo;
—— apresentar a documentação necessária para se identificarem e provarem a capacidade
e os poderes de representação dos interessados (por exemplo, através de procuração);
—— declarar que será efetuado o depósito das entradas que irão constituir o capital social,
num mínimo de 10%, no prazo de 5 dias úteis.
39
A Comprar e vender casa
40
A Os primeiros passos
T1 T2
52-65 m2 72-85 m2
T3 T4
91-105 m2 105-114 m2
41
A Comprar e vender casa
alvará adequado à natureza da obra que se propõem realizar, ter uma sólida
estrutura financeira, comprovar que não são devedoras às Finanças ou à Segu-
rança Social, demonstrar a viabilidade de comercialização das habitações, etc.
Para obterem o financiamento necessário, terão de celebrar os chamados con-
tratos de desenvolvimento para habitação (C.D.H.). Os contratos são celebrados
entre as empresas privadas de construção civil e as instituições financiadoras,
como o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) ou uma instituição
de crédito legalmente autorizada para o efeito, com vista ao financiamento
da construção de habitação a custos controlados, por norma em colaboração
com as câmaras municipais.
42
A
Capítulo 2
Escolher a casa
A Comprar e vender casa
44
A Escolher a casa
uma habitação que reúna todas as condições por si idealizadas. Por vezes,
terá mesmo de estabelecer prioridades e fazer algumas concessões.
Perguntas prévias
Quando contactar a mediadora ou o proprietário de uma casa que tenha des-
pertado a sua atenção, procure obter desde logo o máximo de informações.
Para não se esquecer de nada, elabore um pequeno questionário e preencha-o
enquanto fala com o seu interlocutor. Desta forma, poderá evitar deslocações
e perdas de tempo, caso chegue à conclusão de que a casa não cumpre os
requisitos que são importantes para si. Se, obtidas as respostas, mantiver o
seu interesse, poderá então marcar a visita.
Os imóveis que não correspondam aos critérios que considera mais importan-
tes (a área e o preço, por exemplo) poderão, logo à partida, ser eliminados,
o que irá reduzir as visitas e, claro, facilitar a escolha. Contudo, é provável
que nem sempre consiga obter todas as informações por telefone ou por cor-
reio eletrónico, pois o objetivo é levarem-no a visitar o imóvel. Nesta etapa,
o mais importante é que não se deixe entusiasmar com a conversa do seu
interlocutor. Lembre-se de que o principal interesse de quem está do outro
lado é vender e que, por isso, irá tentar centrar a sua atenção apenas nos
aspetos positivos da casa.
45
A Comprar e vender casa
As visitas
Como é óbvio, nunca deve comprar um imóvel sem o visitar. É claro que,
se ainda estiver em fase de construção, ou mesmo em planta (veja a caixa
Compra de casa em planta, na página seguinte), esta regra não se aplica.
É comum o proprietário fazer uma pintura geral antes de pôr a casa à venda,
melhorando o seu aspeto. Mas pode acontecer que a pintura se destine, pre-
cisamente, a esconder problemas de humidade ou outros defeitos graves.
Trata-se de uma situação da qual dificilmente poderá aperceber-se. Aquando
da visita, faça-se acompanhar, sempre que possível, por outra pessoa. Desta
forma, a probabilidade de os diversos aspetos que influenciam o preço e a
escolha da casa não passarem despercebidos aumenta (veja também o título
Os critérios de escolha). Se já tiver feito a sua opção, ou estiver próximo de
a fazer, combine uma última visita à casa e leve consigo alguém da sua con-
fiança e que perceba de construção (um construtor ou um engenheiro civil,
por exemplo), para o ajudar a identificar possíveis defeitos e dar uma opinião
fundamentada. Caso não conheça ninguém que trabalhe nestes ramos, poderá,
também, contratar os serviços de um avaliador imobiliário. Não se esqueça
de que, antes de assinar qualquer documento, convém ter alguns cuidados
legais (veja o capítulo 4).
Os critérios de escolha
Indicar, pormenorizadamente, o que determina a escolha de uma habita-
ção é uma tarefa difícil. Os fatores que a influenciam são inúmeros e existe
uma forte componente de subjetividade por parte de quem escolhe. Tal não
significa que a opção seja aleatória, mas cada fator tem uma importância e
um peso diferentes de pessoa para pessoa. O facto de duas famílias terem
dimensões e capacidades financeiras idênticas (podendo, portanto, comprar
uma casa pelo mesmo valor) não quer dizer que escolham uma casa igual.
Por exemplo, uma das famílias pode dar particular importância ao repouso,
nomeadamente aos fins de semana, e, em conformidade com isso, escolher
uma habitação fora da cidade onde trabalha. Já a outra família pode não estar
disposta a perder tempo em deslocações e preferir um apartamento mais
pequeno, a um preço semelhante ou mesmo mais caro, mas que lhe permita
chegar ao emprego em apenas 10 minutos.
46
A Escolher a casa
47
A Comprar e vender casa
35% [(1250 euros × 14 meses) ÷ 12 prestações] = 510,42 euros
Convém ainda analisar a sua situação, até que a compra se concretize, e con-
tabilizar outras despesas que possa vir a ter. Se tiver um contrato de arrenda-
mento, por exemplo, verifique o prazo de pré-aviso que tem de dar ao senhorio.
48
A Escolher a casa
A tipologia é indicada pela letra “T”, no caso dos apartamentos, e por “V”,
nas vivendas, seguida do número de quartos. Assim, um T0 é um apartamento
sem quartos (também designado por estúdio), enquanto um T3, por exemplo,
tem 3 quartos. Outra forma de identificar o número de divisões é utilizar
como referência as assoalhadas. Um T4 corresponde a 5 assoalhadas, já que,
aos quartos, se adiciona a sala.
Através do Regulamento
Geral das Edificações Urbanas ÁREA MÍNIMA POR TIPOLOGIA
(RGEU), a lei estabelece as áreas Tipologia Área bruta (m2) Área útil (m2)
mínimas, consoante a tipologia T0 35 n.a.
(veja o quadro). Podem, no T1 52 30,5
entanto, surgir exceções, e é T2 72 43,5
o que acontece, por exemplo,
T3 91 54,5
com o Regime Excecional para
T4 105 61
a Reabilitação Urbana (RERU).
T5 122 74
Além disso, a tendência é para
que as habitações sejam cada T6 134 82,5
vez mais amplas. n.a. não se aplica.
49
A Comprar e vender casa
Ficha técnica e outras informações sobre o imóvel, na página 20). Não sendo o
caso, peça a planta da casa ou efetue as medições.
O proprietário deverá fazer o mesmo, já que terá de fornecer estes dados
à imobiliária ou a eventuais compradores. Aliás, como veremos no título
O preço, na página 56, a área é fundamental para calcular o custo por metro
quadrado, uma das referências mais utilizadas para comparar os preços de
venda dos imóveis, em função da zona.
A localização da habitação
A localização é um aspeto fundamental. Mas nem sempre é possível morar nas
zonas preferidas, até porque o preço é outro fator que poderá intervir nesta
opção. Nas grandes cidades, os valores médios por metro quadrado são signi-
ficativamente superiores aos praticados nos arredores ou no interior do país.
Uma determinada área pode ser muito agradável para viver, mas não dispor
de uma rede eficiente de transportes públicos, enquanto outra, apesar dos
bons acessos, não oferece nenhum atrativo ou é, por exemplo, demasiado
ruidosa ou poluída. Estará disposto a mudar-se para uma das zonas nobres
50
A Escolher a casa
Se tiver filhos, a existência de escolas perto da sua habitação pode ser uma
mais-valia. Por isso, tente saber se existem e até que grau de ensino ministram.
A possibilidade de acesso fácil a parques infantis, jardins e outros espaços de
lazer é um fator que contribui para uma maior qualidade de vida. Por isso,
não deixe de explorar também este aspeto.
51
A Comprar e vender casa
O exterior da habitação
A orientação do edifício, o grau de conservação das partes comuns e a aparên-
cia da fachada são, entre outros, aspetos que não deverá deixar de analisar.
Orientação
O ideal é que a habitação esteja orientada no sentido de nascente e/ou poente.
Se estiver virada a norte não recebe a luz direta do sol, ficando mais fria no
inverno. Uma casa virada a sul tem sol durante todo o dia e torna-se muito
quente no verão.
52
A Escolher a casa
Fachada do prédio
Este aspeto tem particular importância nas habitações em segunda mão, já que
pode dar algumas indicações sobre o estado de conservação e a necessidade
de obras a curto prazo. Nas paredes exteriores, a existência de sinais de
humidade, envelhecimento ou escamação da pintura são alguns dos fatores
a que deverá estar atento. Verifique também se existem rachas, fendas ou
manchas causadas pelo escoamento das águas pluviais.
Telhado do prédio
Convém sempre informar-se sobre o estado de conservação do telhado, quer
esteja interessado num apartamento ou numa vivenda. Aceder ao telhado
de um prédio não é fácil, mas pode valer a pena. Na verdade, os problemas
devidos a infiltrações de água pelos telhados são frequentes e provocam
grandes prejuízos. Através de uma simples visita ao sótão, se este existir,
poderá detetar eventuais manchas de água nas telhas ou nas paredes. Será
também possível observar a cobertura e ver se existem danos, rachas, telhas
partidas, etc. Se o prédio for novo, informe-se com o construtor sobre como
foi efetuado o telhado e o isolamento.
53
A Comprar e vender casa
Partes comuns
Caso existam elevadores, procure saber qual é o seu estado de conservação,
se existe contrato de manutenção (algo a que o proprietário ou o vendedor
poderão responder) e se o seu funcionamento provoca muito ruído.
Este último fator será particularmente importante se o apartamento que tem
em vista estiver junto à casa das máquinas (por norma, esta fica no último piso)
ou se os quartos estiverem do lado do elevador. Verifique, também, o estado
geral e a iluminação dos patamares e dos corredores, nos vários andares,
e das escadas, garagens, pátios e jardins anexos ao prédio. Tente percorrer
todas as zonas comuns do prédio para avaliar o seu grau de manutenção.
Ainda que esteja, por exemplo, interessado num primeiro andar, suba até ao
último piso pelo elevador e desça pelas escadas, espreitando todos os pata-
mares. A existência de uma grande concentração de lixos e sujidades num
dos pisos poderá significar que existem vizinhos problemáticos. De qualquer
maneira, tente saber todos os pormenores sobre o estado de conservação do
edifício e, a existirem problemas graves, quais os motivos que os explicam
e as possibilidades de resolução. Procure o administrador do condomínio e
inteire-se sobre eventuais problemas e o valor das quotas que terá de pagar
se avançar com a aquisição.
O interior da habitação
É ao interior do imóvel que se referem os vendedores quando apregoam os
“acabamentos de luxo” e outras características, como os “revestimentos de
primeira”, as “madeiras exóticas importadas”, etc. Cabe ao comprador, ou ao
especialista que o acompanhará na visita à casa, distinguir o essencial do
acessório. O preço final que aceitar pagar será também influenciado por esta
avaliação. Visite todas as divisões da habitação. Pode acontecer que encontre
pormenores claramente insólitos, como colunas de suporte do edifício no
meio de um quarto, que limitam, ou impedem, a colocação de uma cama
ou do mobiliário habitual. Uma vez que, na maioria das casas novas, ainda
não existe eletricidade (exceto no andar modelo), é conveniente levar uma
lanterna para observar as divisões que não possuam luz natural.
Paredes
Quanto a este aspeto, é essencial inteirar-se sobre o material de que são
feitas (pedra, betão, tijolo, etc.) e se são simples ou duplas. Estas últimas
são preferíveis, porque isolam melhor e, por isso, ajudam na prevenção da
54
A Escolher a casa
humidade. Através da espessura das ombreiras das portas e das janelas poderá
tirar as suas conclusões. O estado de conservação (fendas, rachas, qualidade
do acabamento, manchas de humidade, etc.) também deve ser verificado,
de preferência por um especialista. Por exemplo, se o prédio for antigo, pode
não existir uma placa de cimento a dividir os andares. Tal poderá ser uma fonte
de problemas no futuro (ruídos, impossibilidade de aplicar pavimento, etc.).
Janelas
Abrindo e fechando as janelas ficará a saber se estão empenadas ou se, pelo
contrário, deslizam bem. Qual o estado e funcionamento dos fechos? Verifi-
que, ainda, se existem fendas na caixilharia, vidros rachados ou pontos de
ferrugem ou, eventualmente, infiltrações de humidade na parede envolvente.
Lembre-se que as janelas estão bastante expostas à humidade, sendo este um
dos problemas mais comuns e de mais difícil resolução em qualquer casa.
Pavimento
Primeiro, há que saber de que tipo de revestimento se trata (madeira, alca-
tifa, mosaico, etc.). Depois, se existem fissuras, vestígios de humidade e/ou
desníveis acentuados. Caso o chão seja de madeira, e em especial se a casa
for muito antiga, verifique se as tábuas rangem e se os rodapés estão empe-
nados ou rachados.
Instalação elétrica
A idade da instalação elétrica é um bom indicador do seu bom ou mau funciona-
mento. A existência de disjuntores, em vez de fusíveis, confere alguma segurança
à instalação. Verifique, ainda, se as tomadas têm ligação à terra e se o quadro
55
A Comprar e vender casa
Ventilação e aquecimento
Verifique se as portas e janelas estão bem vedadas ou se existem passagens de
ar (e chuva!). Caso existam casas de banho interiores, terão de estar equipadas
com um sistema de ventilação adequado.
Finalmente, a presença de zonas escurecidas ou de manchas nas condutas
de exaustão (do fogão, do esquentador ou da lareira) são um sinal de que a
extração é deficiente.
O preço
Para a maioria das pessoas, o preço de venda das casas é um fator bastante
limitativo. No entanto, por regra, há sempre uma margem de negociação. Não
existem fórmulas mágicas… mas tentar não custa. Como em qualquer outro
negócio, é importante não se mostrar ansioso em relação à compra. E não
esqueça que, quanto mais elevada for a entrada que der, maior será a sua
capacidade de negociação, tanto para baixar o preço como para ficar com a
casa em alturas de maior procura e até para fechar o negócio mais depressa.
56
A Escolher a casa
Finalmente, se a casa tiver alguns problemas, mas, mesmo assim, estiver inte-
ressado em comprá-la, também será mais fácil obter uma redução no preço.
Para negociar o preço, é conveniente ter uma ideia concreta dos valores
habitualmente praticados. Tenha em conta o valor por metro quadrado.
Além de visitar outras casas na mesma zona e de analisar os preços publica-
dos nos anúncios para casas com características idênticas, poderá consultar
os valores de referência por metro quadrado publicados em alguns jornais
e revistas especializadas. O Instituto Nacional de Estatística (INE) publica
regularmente valores atualizados da avaliação bancária por metro quadrado
(veja a imagem e respetiva legenda, na página seguinte). A informação não
é muito detalhada, do ponto de vista da localização do imóvel, mas é mais
uma referência. Tenha ainda em conta que os valores de avaliação bancária
são, normalmente, mais baixos do que os valores de mercado. Qualquer que
seja a fonte de informação, não se esqueça de que são valores indicativos,
57
A Comprar e vender casa
Para obter os valores da avaliação bancária por região, entre em www.ine.pt > Informação Estatística >
Destaques, selecione o tema Construção e habitação e, na pesquisa por palavra, coloque “avaliação”.
58
A
Capítulo 3
Financiar a casa
A Comprar e vender casa
A casa é uma das aquisições que mais pesa no orçamento das famílias portu-
guesas. Devido ao elevado montante em jogo, convém ir preparando a compra
com alguma antecedência e começando, logo que possível, a fazer algumas
poupanças. Mesmo assim, na esmagadora maioria das vezes é necessário
recorrer a um empréstimo e, de entre as várias possibilidades, o recurso ao
crédito bancário é a mais habitual. No entanto, pode ainda recorrer a um
empréstimo particular ou ao leasing imobiliário.
Contas poupança-habitação
Estas contas bancárias foram criadas com o objetivo de captar as poupanças
destinadas à aquisição de casa própria. Inicialmente, o Estado concedeu
benefícios fiscais aos seus titulares. No entanto, terminados esses benefícios,
em 2005, e atendendo às baixas taxas de juro que remuneram estas aplicações
e à ausência de outros benefícios, a principal vantagem das contas poupança-
-habitação consiste no desconto em atos notariais relacionados com a compra
e venda e nos serviços do Casa Pronta (veja o capítulo 5).
60
A Financiar a casa
Movimentação
As contas poupança-habitação são depósitos com um prazo mínimo de
1 ano, renováveis por iguais períodos de tempo. É possível a movimenta-
ção, total ou parcial, a qualquer momento. Contudo, para não incorrer
em perda total dos juros terá que esperar 1 ano e utilizar os fundos para
os fins previstos:
—— aquisição, construção, recuperação, beneficiação ou ampliação de
uma moradia ou de frações para habitação própria e permanente ou
arrendamento;
—— entregas de dinheiro a cooperativas de habitação, aquisição de terrenos
destinados a construção ou de fogos para habitação própria e permanente;
—— amortizar empréstimos à habitação para as finalidades atrás referidas.
Transferir a conta
De acordo com a lei, só poderá fazer a transferência, sem qualquer pena-
lização, para o banco onde vai pedir o empréstimo (para aquisição, obras,
etc.). No entanto, tendo em conta que não há penalização por resgate dos
montantes e a obrigatoriedade de permanência mínima de 1 ano, os titulares
poderão sempre levantá-los e constituir uma nova conta noutra instituição
que ofereça melhores condições. Tenha em conta o prazo de contagem de
juros, de forma a evitar uma eventual perda dos mesmos.
61
A Comprar e vender casa
O crédito à habitação
Se, como vimos no capítulo anterior, escolher uma casa que satisfaça todas
as suas necessidades e desejos já não é fácil, optar entre as várias possibili-
dades de crédito e escolher o banco que lhe proporciona as condições mais
favoráveis pode transformar-se num autêntico quebra-cabeças.
O preço do empréstimo
Ao recorrer ao crédito bancário irá rapidamente perceber que, no final, a casa
vai sair-lhe muito mais cara do que o preço que lhe pediram por ela. De facto,
os bancos aplicam ao montante do empréstimo uma taxa de juro que pode
mais do que duplicar o custo da casa. Se quiser ter uma ideia de quanto
lhe custa o crédito, some as prestações a pagar durante todo o período do
empréstimo e compare o resultado com o valor da aquisição.
62
A Financiar a casa
Para saber, exatamente, de quanto será a sua prestação mensal, comece por
verificar se pode beneficiar de algum apoio estatal à compra de casa (veja
Crédito para Deficientes, na página 70). E, independentemente de se enqua-
drar no regime geral ou noutro, peça ao banco diversas simulações. Esta
operação é essencial e cruza, principalmente, três variáveis: a quantia que
irá pedir emprestada, a duração do empréstimo e as taxas de juro aplicadas.
Assim, se considerar que a prestação é muito elevada tendo em conta os seus
rendimentos (dando alguma margem para um eventual aumento das taxas de
juro, por exemplo), poderá pedir nova simulação com um prazo de emprés-
timo mais alargado, até ao máximo definido, o que irá reduzir a prestação
mensal. No entanto, convém não esquecer que, quanto maior for a duração
do empréstimo, mais juros terá de pagar. Muitas vezes, a única solução será
mesmo procurar uma casa mais barata.
Por fim, não se esqueça de confirmar quais são os custos do processo (despe-
sas de avaliação, comissão de abertura, gestão de dossiê, etc.), assim como
as condições existentes para reembolso antecipado da dívida (montante
mínimo, limites para isenção de penalização, etc.). Pondere todos os custos
e calcule a sua taxa de esforço (veja Os três pontos de partida, na página 48).
Vejamos, então, quais são os diversos regimes das taxas de juro e de que forma
condicionam o seu empréstimo (veja também o quadro Crédito à habitação:
taxa de juro fixa ou variável?, na página 68).
63
A Comprar e vender casa
Taxas fixas
Neste regime, no período estabelecido entre o cliente e a instituição finan-
ceira, que, nalguns bancos, pode ter a duração total do empréstimo, a taxa
de juro permanece inalterável. Se tiver acordado com o banco uma taxa fixa
de 3 anos, a sua prestação mensal não se modificará, mesmo que as taxas
de juro na zona euro sofram variações. Contudo, a vantagem de saber exa-
tamente quanto irá pagar num determinado período pode transformar-se
numa desvantagem com algum custo. E porquê? Porque, no contexto atual,
as taxas oscilam bastante. Se, por exemplo, optar por uma taxa de 5%, mas,
passado algum tempo, a taxa de juro descer, a prestação passará a estar desa-
justada da realidade. O consumidor ficará prejudicado, pois estará a suportar
uma prestação superior àquela que as taxas de juro variáveis indexadas lhe
poderiam proporcionar.
Taxas variáveis
As taxas de juro variáveis são, de longe, as preferidas pelos consumidores
portugueses. Dentro deste tipo de taxas, a maioria é indexada, isto é, a sua
variação depende da evolução de um determinado indicador. Por vezes,
podem ser introduzidos no contrato limites à sua variação, como veremos
mais adiante (veja o título Taxa variável, mas com limites, na página 69).
64
A Financiar a casa
500
400
300
200
100
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Anos
Euros
100 000
80 000
60 000
40 000
20 000
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Anos
65
A Comprar e vender casa
Assim, a Euribor reflete a média diária das taxas de juro a que os principais
bancos do espaço euro realizam empréstimos interbancários (ou seja, entre si).
66
A Financiar a casa
O spread
Nas taxas variáveis indexadas, uma das maneiras de reduzir a fatura mensal
é negociar o spread, ou seja, a margem de lucro do banco no crédito, que se
traduz numa percentagem que acresce ao indexante (a Euribor). Trata-se de
um fator comparativo importante no momento de escolher o banco, embora
o principal seja a TAEG (Taxa Anual de Encargos Efetiva Global). Os bancos
fazem variar o spread em função do montante do empréstimo, da relação entre
este e o valor da avaliação (também designado por rácio de financiamento)
e, nalguns casos, com o prazo do crédito. Mas a domiciliação do ordenado
e de alguns pagamentos, a existência de cartão de crédito, de uma carteira
de ações ou de um plano poupança-reforma e a manutenção de uma conta
à ordem acima de determinados valores são alguns dos fatores que podem
persuadir o banco a baixar a margem de lucro no crédito para manter o
cliente. Negociar este valor é fundamental, já que as diferenças de spreads
podem ser significativas: entre 0,1% e 3%.
Euribor: 1,185%
Spread: 1%
Os arredondamentos
No primeiro período de vigência da indexação, a taxa de juro anual nominal
encontra-se já definida: resulta dos cálculos efetuados pelos bancos ou é
uma taxa promocional (e, portanto, normalmente inferior ao que será após
o referido prazo).
67
A Comprar e vender casa
Variação da taxa
Ao analisar as condições do empréstimo a contratar, tenha em conta o impacto
que a variação da taxa de juro poderá ter nas prestações. Para evitar que a
prestação seja um encargo demasiado pesado no seu orçamento, a norma é
que represente, no máximo, 35% do rendimento líquido do agregado.
68
A Financiar a casa
resultava num valor abaixo de zero. Mas só desde julho de 2017 é que a
legislação obriga os bancos a refletir na totalidade os valores negativos da
Euribor nas prestações. A lei determinou assim que, nestes casos, o banco
pode descontar os juros negativos no capital em dívida ou constituir um
crédito, a favor do cliente, que será descontado quando voltarem a existir
juros a pagar por parte deste.
69
A Comprar e vender casa
clientes a definição de uma taxa de juro máxima e/ou mínima. Caso lhe seja
proposta uma solução deste tipo, certifique-se de que tanto os limites mínimos
como os limites máximos são razoáveis. Com a descida histórica das taxas
Euribor para valores negativos, muitas instituições começaram a propor,
nos novos contratos, que a taxa de juro não poderia descer para valores
negativos. Contudo, não propunham, em contrapartida, um valor máximo
para evolução da taxa...
Prestação fixa
Trata-se de uma modalidade do crédito à habitação com taxa de juro variável
indexada. Ao contrário do que normalmente acontece nas taxas indexadas,
a prestação mantém-se igual, mesmo que as taxas oscilem. Para que tal seja
possível, basta modificar a duração do empréstimo: o aumento da taxa reflete-
-se num aumento do prazo do empréstimo e, pelo contrário, a descida da taxa
acarreta uma redução do prazo. Mas existem alguns limites. Assim, o prazo
inicial não pode ser superior a 20 anos e, com os ajustamentos necessários ao
longo do período do empréstimo, não pode ultrapassar 30 anos. Além disso,
em alguns destes produtos, quem contrai o empréstimo não poderá ter mais
de 65 anos aquando do pagamento da última prestação. Se se previr que tal
virá a acontecer, a prestação aumenta.
70
A Financiar a casa
Taxa de juro
A taxa de juro é variável e significativamente mais baixa do que a aplicada
no regime geral. A taxa aplicada aos contratos abrangidos por este regime de
crédito é 65% da taxa de referência do Banco Central Europeu para operações
de refinanciamento. No início de 2018 era de 0%, tal como a taxa definida
pelo BCE (0,65 � 0%).
Restantes características
O montante máximo do financiamento foi fixado em 190 mil euros, em 2015,
estando prevista a possibilidade de ser atualizado com base no índice de
preços no consumidor. Por outro lado, não pode ultrapassar 90% do valor de
avaliação da habitação pela instituição de crédito, tratando-se da aquisição
de imóvel pronto a habitar, ou do custo das obras de conservação ordiná-
ria, extraordinária ou de beneficiação, se as necessidades de financiamento
forem para este efeito. Uma vez que as condições diferem de instituição para
instituição, o melhor é consultar várias. Os empréstimos abrangidos por este
regime têm um prazo máximo de 50 anos.
71
A Comprar e vender casa
Outros créditos
Crédito para segunda habitação
Enquadrável nas características do regime geral, o crédito para a aquisição,
construção ou obras de uma segunda habitação pode considerar-se um crédito
normal. Ou seja, desde que tenha recursos suficientes e boa argumentação
para negociar, conseguirá as mesmas condições que para uma habitação
própria e permanente. Tal como descrevemos no capítulo 5, as diferenças
são, sobretudo, de âmbito fiscal. Tratando-se de uma habitação secundária,
mesmo que tenha conta poupança-habitação também não beneficia da redução
nos emolumentos notariais, registos e serviço Casa Pronta.
Crédito intercalar
O crédito intercalar é uma espécie de crédito provisório que pode servir para
financiar o sinal ou, quando necessário, para começar a pagar a casa nova
antes de vender a anterior. Passado o período intermédio entre o sinal e a
escritura, inicia-se o empréstimo principal, desaparecendo o crédito interca-
lar. O crédito intercalar só será concedido se o conjunto da operação (crédito
intercalar e crédito principal) for aprovado.
72
A Financiar a casa
Que garantias?
Hipotecada ao banco, a própria casa é a garantia habitual do pagamento do
crédito à habitação. Uma vez que, na altura em que o sinal é pago, a hipoteca
ainda não foi registada, as instituições exigem a assinatura de uma livrança
em branco (título de reconhecimento de dívida). Se o pagamento não for
realizado, o banco pode preencher a livrança com o valor da dívida, acres-
cido de juros de mora, e apresentá-la ao cliente. Este é obrigado a pagá-la
imediatamente. Se tal não acontecer, a responsabilidade poderá recair sobre
um eventual avalista. Se ninguém pagar a dívida, o assunto será resolvido na
barra do tribunal, eventualmente com o recurso a uma penhora dos bens do
comprador ou, na falta ou insuficiência destes, do avalista.
Principais características
Por norma, os empréstimos intercalares para pagamento do sinal não ultrapas-
sam um prazo de 2 anos, sendo a duração definida à partida. De uma forma
geral, as taxas de juro destes empréstimos são superiores às dos empréstimos
principais. Logo, para diminuir o montante de juros a pagar, deve reduzir-se
a duração do empréstimo ao mínimo indispensável. Os créditos intercalares
só terminam quando se concretiza a aquisição do imóvel, através do contrato
de compra e venda.
73
A Comprar e vender casa
74
A Financiar a casa
Aspetos gerais
Independentemente do regime de crédito a que ficar associado, existem
alguns aspetos incontornáveis. A saber: a taxa anual de encargos efetiva glo-
bal (TAEG), as garantias, os custos associados à contratação do crédito e a
escolha do prazo.
Garantias
Os empréstimos são garantidos por hipoteca da casa adquirida, constru-
ída ou objeto das obras financiadas, incluindo o terreno, ou por um fiador.
No regime geral, esta garantia pode ser substituída, parcial ou totalmente,
75
A Comprar e vender casa
por uma hipoteca de outro prédio ou por uma penhora de títulos cotados em
bolsa e, em casos excecionais, por outras garantias consideradas adequadas
ao risco em causa.
Escolher o prazo
Depois de determinada a modalidade de crédito e, no caso das taxas indexa-
das, de escolher o prazo (3, 6 ou 12 meses), há que ponderar sobre a duração
do empréstimo. Neste aspeto, a ideia orientadora deve ser: tão longo quanto
necessário e tão curto quanto possível. O que interessa é quanto poderá
pagar, não só agora, mas também no futuro. Por isso, avalie a sua capacidade
financeira de forma realista e verifique qual o montante que conseguirá pagar
todos os meses, durante um largo número de anos.
563,90
483,89
431,65
Embora a prestação mensal de um empréstimo a 30 anos seja mais suave, nem sempre
compensa optar por essa modalidade. Isto porque a diferença, por exemplo, em relação a um
prazo de 25 anos, pode não ser significativa. Ou seja, apesar de a prestação ser inferior, isso
não compensa o que globalmente irá pagar a mais pelo imóvel.
76
A Financiar a casa
peso dos juros na respetiva prestação. Daí que a amortização do capital seja
muito mais lenta.
Por outro lado, aumentar o prazo também é uma forma de obter o financia-
mento pretendido. Suponhamos que consegue suportar uma mensalidade
de 632,65 euros para pagar um empréstimo de 100 mil euros em 20 anos.
Porém, como este montante não é suficiente para comprar o apartamento que
deseja, pode solicitar ao banco que simule, para uma prestação do mesmo
valor, um prazo maior. Por exemplo, a simulação para o prazo de 30 anos
permitiria um financiamento de cerca de 125 mil euros. Contudo, esta situação
não está livre de riscos. E porquê? Porque se o financiamento ficar sujeito a
um regime de taxa variável, qualquer subida da mesma irá obrigá-lo a um
esforço adicional para cumprir as suas obrigações. Para saber, aproximada-
mente, qual é a sua taxa de esforço, faça algumas contas simples. Se dividir
a prestação que irá pagar pelo seu rendimento líquido mensal, saberá qual
a percentagem do seu salário que terá de canalizar para o empréstimo. Tal
percentagem não deverá ser superior a 35% (para mais pormenores, consulte
Os três pontos de partida, na página 48).
Reembolso antecipado
Como vimos, o consumidor tem todo o interesse em, assim que os seus meios
financeiros o permitam, amortizar o máximo possível do empréstimo, de forma
a reduzir os juros a pagar. Por outro lado, caso entretanto decida mudar o
crédito para outro banco que lhe ofereça condições mais favoráveis ou vender
a casa, terá de amortizar o empréstimo existente na sua totalidade.
77
A Comprar e vender casa
78
A Financiar a casa
Empréstimo particular
Os empréstimos entre particulares são igualmente uma forma de conse-
guir parte ou a totalidade do dinheiro de que necessita. Estes empréstimos
têm como base a confiança entre os intervenientes. Contudo, são muitos
os casos em que as relações “azedam”, o que pode provocar problemas a
quem emprestou (por ter dificuldade em provar que efetuou o empréstimo,
por exemplo) e a quem pediu (por lhe ser exigido o pagamento de juros
não acordados, etc.). Para evitar que isso aconteça, recomendamos que,
independentemente do tipo de relação familiar ou de amizade existente,
haja sempre um contrato escrito.
79
A Comprar e vender casa
Leasing imobiliário
Embora, em Portugal, seja menos utilizado do que o crédito do regime geral
para a compra de habitação própria e permanente, o leasing é uma forma
possível de o fazer. Neste caso, o leasing funciona de forma semelhante ao
dos automóveis: através do pagamento de uma renda à entidade financiadora
que adquiriu o imóvel. Para ser proprietário, basta formalizar a compra (por
exemplo, através de escritura) no fim do contrato de leasing.
Por norma, esta forma de aquisição é mais cara, com taxas de juro superiores
às do crédito à habitação. Não obstante, esta forma de financiamento possui
alguns aspetos positivos. É de destacar a possibilidade de financiamento a
100%, o que inclui, além do valor do imóvel, as despesas associadas à cele-
bração do contrato de compra e venda.
Por outro lado, caso queira ceder a sua posição (uma vez que não é o propri-
etário, pois paga renda à locadora), o comprador (o “novo” interessado na
casa) tem, se for aceite, financiamento assegurado.
80
A
Capítulo 4
Os cuidados a ter
A Comprar e vender casa
Quando encontra uma casa que lhe interessa, o potencial comprador é, muitas
vezes, pressionado para dar uma resposta imediata e pagar, desde logo, uma
reserva ou um sinal (veja a caixa A reserva e o sinal, na página 93). No entanto,
nesta fase todos os cuidados são poucos. Se é verdade que seria uma pena
perder a oportunidade de fazer um negócio interessante, os riscos de comprar
“gato por lebre” ou de sofrer alguns prejuízos também não são menosprezá-
veis. Por isso, reserve alguns dias para reunir as garantias que lhe permitam
avançar com alguma segurança. Antes de pagar o que quer que seja, certifi-
que-se de que está tudo em ordem. Se necessitar de recorrer ao crédito, vá ao
banco para saber se conseguirá obtê-lo. Além deste, é fundamental consultar,
pelo menos, três organismos: a conservatória do registo predial, o serviço
de finanças e a câmara municipal da localidade onde se situa o imóvel que
pretende comprar. As conservatórias do registo predial e os notários dispo-
nibilizam serviços que permitem agilizar o processo e poupar o comprador a
algumas deslocações. Trata-se do Casa Pronta e do Casa Simples Casa Segura,
que abordaremos ainda neste capítulo. Se o imóvel estiver a ser vendido por
uma imobiliária legalmente estabelecida, também terá menos com que se
preocupar, visto que compete a esta assegurar a maioria dos procedimentos.
Neste caso, contudo, deverá consultar o IMPIC e confirmar se a empresa se
encontra devidamente licenciada (veja Mediadoras imobiliárias, na página 20).
82
A Os cuidados a ter
Vendedor = proprietário?
Infelizmente, não é raro encontrar alguém a tentar vender o que não lhe
pertence. Por isso, verifique se a identidade do proprietário coincide com
a da pessoa que está a vender-lhe a casa. Se não for o caso, ou se o imóvel
pertencer a uma empresa ou a outra entidade, confirme se o seu interlocutor
no negócio está habilitado a fazer a transação. Tratando-se de um procurador,
deverá apresentar uma procuração com poderes adequados para celebrar
este tipo de negócio. Se for uma imobiliária, deverá existir um contrato de
mediação celebrado com o vendedor. Neste caso, a imobiliária está obrigada
a confirmar previamente que o vendedor tem capacidade e legitimidade para
vender o imóvel.
Está hipotecada?
Através da certidão do registo predial conseguirá saber, em princípio, se existe
algum encargo pendente sobre a casa (uma hipoteca não cancelada, por
exemplo), que, em certos casos, pode tornar a compra desaconselhável. Sem-
pre que se recorre a um empréstimo, é normal que o banco se salvaguarde
83
A Comprar e vender casa
A certidão de registo
predial é uma espécie de
“bilhete de identidade”
de terrenos e casas.
84
A Os cuidados a ter
85
A Comprar e vender casa
negócio, uma vez que podem surgir vários problemas. Porém, a consulta
da certidão do registo predial permitirá, em princípio, esclarecer todas as
dúvidas a este respeito.
E O VENDEDOR?
Para poder responder a eventuais dúvidas dos potenciais compradores, quando estes visi-
tarem a casa convém que o vendedor esteja munido de alguns documentos:
—— certidão de teor de todas as inscrições em vigor ou certidão permanente de registo pre-
dial: através deste documento, o vendedor pode provar ao comprador, por exemplo,
que é o legítimo proprietário;
—— licença de habitação: certamente que o comprador lhe irá perguntar por esta licença.
Por regra, nos prédios já concluídos, não é possível realizar a escritura sem ela;
—— caderneta predial;
—— título constitutivo: apenas quando se tratar de um imóvel em propriedade horizontal;
—— cópia da planta da fração: pode ser muito útil ao eventual comprador, permitindo-lhe
tirar algumas anotações que mais tarde lhe servirão para tomar uma decisão definitiva
sobre a compra;
—— ficha técnica da habitação, se existir (veja a página 20);
—— certificado energético (veja a página 19).
Serviço de finanças
Aqui poderá consultar a caderneta predial do imóvel. Se o registo predial é
uma espécie de bilhete de identidade de casas e terrenos, a caderneta predial
é o seu número de contribuinte. Nela se inscreve, por exemplo, o valor da
casa ou terreno para efeitos de impostos. Para obter ou consultar a caderneta
predial junto do serviço de finanças irá necessitar de algumas informações
sobre o imóvel (por exemplo, o artigo matricial).
86
A Os cuidados a ter
Existem dívidas?
O serviço de finanças é também o local apropriado para verificar se existem
dívidas ao Estado resultantes da falta de pagamento do IMI. Estas informações
não constam da caderneta predial. Para as obter, terá de efetuar um requeri-
mento, que é gratuito, dirigido ao chefe do serviço de finanças, justificando
o seu interesse por esta informação (basta escrever que pretende comprar a
casa em questão). Embora seja uma situação menos vulgar, poderá igualmente
obter estes dados solicitando ao vendedor os comprovativos de pagamento
ou de isenção.
87
A Comprar e vender casa
Na câmara municipal
Na câmara municipal da área onde se situa a casa, consulte, pelo menos,
dois documentos: o Plano Diretor Municipal (ou, na falta deste, o Plano de
Atividades da Autarquia) e a licença ou a autorização de utilização (respetiva-
mente, para imóveis vistoriados antes e depois de fevereiro de 2008). Através
deles, poderá ter acesso a informações importantes sobre a casa que pretende
adquirir e sobre o local onde a mesma foi construída.
Licença ou autorização?
Se a casa ainda se encontrar em fase de construção, peça a respetiva licença.
Se esta não existir ou, por qualquer razão, não conseguir ter acesso a ela,
é totalmente desaconselhável assinar o contrato-promessa. Aliás, o próprio
notário ou a entidade que fizer o reconhecimento das assinaturas exigirá este
documento, que é obrigatório por lei. Ainda assim, poderá vir a ter problemas.
88
A Os cuidados a ter
De facto, mesmo que a licença tenha sido concedida, a câmara poderá recusar
a autorização de utilização, no caso, por exemplo, de o construtor não respei-
tar os parâmetros aprovados no projeto de construção. Se a casa já estiver
construída, peça uma certidão da licença ou autorização de utilização para
se certificar de que se destina a habitação. Irá também necessitar dela para
o contrato-promessa e o contrato de compra e venda.
Direito de preferência
O proprietário poderá ter de apresentar alguns documentos suplementares
antes da concretização do contrato de compra e venda. Se, por exemplo,
o imóvel estiver localizado numa zona histórica ou fizer parte de um edifício
classificado ou em vias de classificação, terá de consultar a Direção-Geral do
Património Cultural (DGPC) e a câmara municipal para se certificar de que
não irão exercer o direito de preferência. Para o efeito, terá de requerer a
respetiva certidão. Em certos casos, o Estado pode ter interesse em assumir
a propriedade dos imóveis e, por essa razão, está disponível para substituir
um eventual comprador, satisfazendo as condições do negócio acordado. Tal
raramente se verifica, mas, em todo o caso, é mais um custo a ter em conta.
Para poupar tempo e deslocações, peça a certidão por via eletrónica: anuncie
os elementos essenciais do negócio de compra e venda através da página
www.casapronta.pt/CasaPronta. As entidades públicas com direito legal de
preferência manifestarão também desta forma a intenção de exercer esse
direito. E os interessados ficam dispensados de obter certidões negativas do
exercício de direito de preferência junto dessas entidades antes de celebrar o
negócio (se tais entidades nada disserem, isso significa que não estão interes-
sadas). Através deste endereço, é possível consultar os anúncios submetidos
e verificar se alguma entidade pública manifestou a intenção de exercer o
direito legal de preferência.
No condomínio
Se a casa que pretende comprar, seja nova ou em segunda mão, estiver incluída
num prédio de apartamentos ou num empreendimento sujeito às regras da
propriedade horizontal, convém fazer algumas verificações suplementares.
89
A Comprar e vender casa
90
A Os cuidados a ter
O contrato-promessa
A assinatura do contrato-promessa de compra e venda coincide, normalmente,
com a entrega do sinal. Mas não confunda este contrato com a promessa
unilateral de compra, que, por vezes, é proposta aos compradores no ato da
reserva (veja a ilustração da página seguinte). Como o próprio nome indica,
aqui só existe uma promessa de compra, o que significa que a venda pode
levar bastante tempo a concretizar-se (ou mesmo nunca chegar a realizar-se).
Nestas circunstâncias, não há nenhuma garantia de que lhe vendam a casa
pretendida. Pelo contrário, o contrato-promessa obriga ambas as partes e
prevê penalizações caso uma delas não o respeite. Ainda assim, a realização
deste contrato não é indispensável. Ou seja, em vez de fazer um contrato-
-promessa, e se o negócio for entre dois particulares, pode combinar logo
a realização do contrato definitivo, embora tal não seja uma prática muito
habitual.
91
A Comprar e vender casa
Ao assinar e pagar a reserva, o potencial comprador está a assumir um compromisso sem, com isso,
obter alguma garantia adicional. Cláusulas como a incluída neste recibo devem funcionar como um
claro incentivo a que o comprador nada pague antes da assinatura do contrato-promessa.
92
A Os cuidados a ter
A RESERVA E O SINAL
Desde há alguns anos, tornou-se prática comum o vendedor pedir uma reserva, ainda
antes de existir qualquer contrato que obrigue ambas as partes a prosseguir com o negó-
cio. Geralmente, o valor da reserva é baixo (500 ou 1000 euros) em relação ao total envol-
vido na transação. Esta quantia funciona como garantia de que o comprador está de facto
interessado em adquirir a casa e, se o negócio vier a concretizar-se, é considerada como
parte do pagamento e do sinal.
Sinal, só no contrato-promessa
O sinal é o adiantamento de parte do montante acordado para a transação. É uma prática
generalizada, mas não é obrigatória por lei. Embora seja comum ir até aos 10% deste valor
(incluindo também o montante da reserva, se existir), está dependente de uma negocia-
ção entre as duas partes envolvidas. Regra geral, a entrega do sinal ao vendedor é simul-
tânea à assinatura do contrato-promessa de compra e venda. Para sinalizar a compra da
casa, e se precisar de um empréstimo bancário para a desejada aquisição, convém já ter a
certeza de que o banco irá emprestar-lhe o dinheiro necessário.
Pagamentos assegurados
Se está a comprar, tenha alguns cuidados antes de adiantar qualquer quantia. Assim:
—— não efetue adiantamentos antes da assinatura do contrato-promessa;
—— identifique devidamente as pessoas a quem está a dar o dinheiro. Pague por cheque,
mas sem o passar ao portador, e registe o número, a data e o valor, ficando, de prefe-
rência, com uma cópia do mesmo;
—— para que as entregas efetuadas fiquem provadas, exija um recibo. Caso a transação
acabe por não se realizar, será mais fácil obter a devolução destes montantes. No caso
do sinal, o contrato-promessa serve, normalmente, de recibo.
O vendedor, por seu lado, deve solicitar o pagamento do sinal (e de eventuais reforços)
através de cheques visados. Tal significa que o banco garante o pagamento dos mesmos,
evitando surpresas desagradáveis com cheques sem cobertura.
93
A Comprar e vender casa
94
A Os cuidados a ter
Se o vendedor tiver encontrado outro comprador que lhe ofereça mais dinheiro
pela casa e, por isso, não lha quiser vender, o promitente-comprador pode,
se lhe for mais favorável, decidir abdicar do sinal, mas exigir ao promitente-
-vendedor que lhe devolva a diferença entre o preço combinado e aquele
pelo qual acabou por vender o bem a outra pessoa. Por exemplo, se o preço
combinado para o negócio foi de 100 mil euros, mas o vendedor acabou por
o alienar a outrem por 120 mil euros, poderá ter de compensar o primeiro
95
A Comprar e vender casa
interessado em 20 mil euros. Assim, se este tiver dado um sinal de 5 mil euros,
do qual abdica, ficará com uma indemnização real de 15 mil euros.
Por último, refira-se que as partes podem fixar outro tipo de penalizações para
quem não cumprir o contrato, dentro de determinados limites. Por exem-
plo, é possível definir que o incumprimento do contrato-promessa implica o
pagamento de uma quantia predefinida, independentemente de ter havido
sinal. Por regra esta cláusula substitui a legalmente definida, mas também
pode ser cumulativa.
Validar as assinaturas
As assinaturas dos compradores e dos vendedores devem ser reconhecidas
presencialmente por entidade com competência para esse efeito (notário
ou advogado, por exemplo). Caso contrário, se surgirem problemas com o
cumprimento do contrato, poderá ser mais difícil resolvê-los. Por isso, não
é recomendável prescindir desta etapa. O promitente-vendedor só poderá
invocar a omissão deste requisito se demonstrar que a mesma foi culposamente
causada pela outra parte (porque apesar de convocada não compareceu no
notário, por exemplo).
96
A Os cuidados a ter
Centralizar a burocracia
A compra de casa foi bastante simplificada com a criação de dois serviços que
centralizam a formalização do negócio na conservatória ou no notário. Trata-
-se, respetivamente, do procedimento especial para a transmissão, oneração
e registo de imóveis, também designado de Casa Pronta, e do Casa Simples
Casa Segura. Em ambos os casos, a ideia é concentrar numa única entidade
muitas das operações necessárias à aquisição de um imóvel. Havendo recurso
ao crédito bancário, normalmente é o banco do comprador que encaminha
o processo de acordo com o que mais lhe convém. Noutros casos será a imo-
biliária ou as partes a optar pela via a seguir.
Casa Pronta
Neste balcão pode realizar, com uma única deslocação, diversas operações
relacionadas com a compra e venda de prédios urbanos, rústicos e mistos,
incluindo a celebração do contrato e os registos prediais, bem como o
pagamento de impostos (ou o pedido de isenção, se for o caso) e a alte-
ração de domicílio fiscal. Compete à conservatória elaborar os contratos,
efetuar os registos e liquidar e cobrar o IMT e o imposto de selo. Mas não
só. Também será o sítio a ir para outros atos relacionados com o imóvel,
como a constituição ou alteração de propriedade horizontal, a doação, a
permuta ou a dação em pagamento e outras questões relacionadas com
a hipoteca.
97
A Comprar e vender casa
O que fazer?
A marcação do Casa Pronta é efetuada pelo comprador ou, caso tenha recorrido
ao crédito bancário, pelo seu banco. Mas é necessário assegurar que todas as
partes interessadas estarão disponíveis. Caso o comprador, o vendedor ou
algum dos fiadores não possam ir, deverão comparecer os respetivos procu-
radores, munidos de procuração. Outros documentos a levar são a caderneta
predial e a certidão permanente com código de acesso (na sua ausência,
é cobrado um valor sobre a consulta), a licença de utilização (se não estiver
averbada ao registo), o certificado energético e a ficha técnica de habitação
ou documento equivalente.
Também é possível recorrer ao Casa Pronta sem marcação prévia, desde que
o procedimento seja realizado no balcão da área geográfica do imóvel e seja
utilizado um dos modelos de contrato pré-aprovados.
Os requisitos de acesso
Para recorrer ao serviço Casa Pronta é necessário que:
—— seja utilizado um dos modelos de contrato existentes;
—— o imóvel esteja descrito no registo predial e não existam dúvidas sobre a
sua identidade;
—— a titularidade do imóvel por parte de quem se apresenta como vendedor
esteja devidamente registada na conservatória do registo predial. A veri-
ficação da identidade, da capacidade e dos poderes de representação dos
interessados na compra e venda é essencial para que se possa avançar
com o procedimento;
—— devem ainda ser comprovadas a situação matricial do prédio; a existência
ou dispensa de licença de utilização ou licença de construção; a existência
de ficha técnica do prédio, quando exigível (veja o título Ficha técnica e
outras informações sobre o imóvel, na página 20); a inexistência de inten-
ção de exercer o direito de preferência legal por parte do Estado ou dos
municípios, por exemplo.
98
A Os cuidados a ter
99
A Comprar e vender casa
Documento particular
Embora o Casa Pronta seja muito utilizado na compra e venda de habitação,
também é possível recorrer ao documento particular autenticado. A forma deste
documento deve respeitar os modelos estabelecidos na lei, nomeadamente
100
A Os cuidados a ter
Também neste caso o documento particular não pode ser autenticado enquanto
não tiver sido pago o IMT e o imposto de selo. O valor pago e a data de liqui-
dação devem ser mencionados no termo de autenticação.
101
A
Capítulo 5
Impostos
e outras despesas
A Comprar e vender casa
Por seu lado, o vendedor também terá de fazer face a alguns encargos, como
o cancelamento de uma eventual hipoteca, e preocupar-se com as mais-valias
(ou seja, os ganhos que poderá obter com a venda), pois terá de declará-las
no IRS. Para não pagar imposto, deverá reinvestir o produto da venda noutra
habitação própria e permanente.
104
A Impostos e outras despesas
REGISTAR A HIPOTECA
Tal como o próprio nome indica, o registo de hipoteca é uma garantia de segurança para a
instituição credora, já que consiste numa inscrição realizada em seu favor. Quando a hipo-
teca estiver constituída, para vender a casa, por exemplo, o proprietário precisa do consen-
timento do banco. Além disso, se deixar de pagar o empréstimo, o banco levará por diante
a hipoteca, ou seja, fica com o imóvel. Este registo tem um custo fixo, independentemente
do valor da hipoteca a constituir com a operação de crédito. Após o contrato de compra e
venda, qualquer hipoteca referente a empréstimo contraído pelo anterior proprietário será
cancelada, sendo este, em princípio, a suportar os custos que daí advêm.
105
A Comprar e vender casa
Documento particular
Trata-se de um contrato realizado por alguns bancos, em condições claramente
definidas por lei (veja também o título Documento particular, na página 100).
Informe-se sobre esta possibilidade junto do banco que lhe concedeu o crédito
e, também, sobre o respetivo custo. Este irá depender, sobretudo, do tarifário
aplicado pelo banco. Assim, dependendo do caso concreto, poderá revelar-se
mais barato ou mais caro do que as restantes alternativas (por exemplo, o
Casa Pronta). Não deixe de pedir uma simulação ao banco antes de fazer a
sua opção.
Finanças e impostos
Comprar casa implica, também, pagar impostos: o imposto de selo, como parte
do custo de formalização da compra e pago no ato da escritura, e o Imposto
Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT), a liquidar antes da
106
A Impostos e outras despesas
Além dos impostos a pagar pela aquisição, há ainda outras questões ligadas à
fiscalidade a que convém dar atenção: se tiver recorrido ao crédito bancário
antes de 2011, o comprador ainda pode deduzir parte dos juros pagos no IRS.
Já o vendedor terá de preocupar-se em indicar o valor pelo qual vendeu a
casa, e também quanto pagou quando a comprou, para que o Fisco calcule
as mais-valias obtidas com a venda. À mais-valia poderá deduzir as despesas
associadas à transação, como, por exemplo, as relativas à eventual contratação
de uma mediadora imobiliária, aos registos ou até mesmo ao IMT.
Ao longo do presente texto, o termo prédio deve ser entendido como sinónimo
de imóvel e não de edifício. Daí que, por exemplo, se encontrem expressões
como “prédio urbano” ou “prédio rústico”, quando nos referimos, respeti-
vamente, a casas e terrenos para construção ou terrenos para fins agrícolas.
Imposto de Selo
O imposto de selo é sempre devido na compra de casa, à taxa de 0,8% sobre
o valor de aquisição. Entre outros, incide sobre todos os atos e contratos
relacionados com o direito de propriedade sobre imóveis, não só a compra
e venda, mas também o usufruto e o uso e habitação. O recurso ao financi-
amento bancário implica o pagamento de uma taxa de 0,6% sobre o valor
financiado, ou de 0,5%, caso o empréstimo tenha uma duração até 5 anos.
Também é devido imposto de selo, à taxa de 4%, nas comissões iniciais (por
exemplo, de abertura de dossiê), e, por último, é pago imposto de selo no
seguro multirriscos-habitação, a uma taxa de 9% sobre o prémio. O imposto
é pago por quem adquire a casa ou contrai o empréstimo.
107
A Comprar e vender casa
108
A Impostos e outras despesas
Isenções do IMT
Algumas entidades estão isentas do pagamento do IMT. É o caso, por exemplo,
do Estado, das Regiões Autónomas, autarquias locais, associações e federações
de municípios de direito público, etc. No entanto, para o cidadão comum,
interessa especificamente uma: estão isentas as transmissões de imóveis
destinados a habitação própria e permanente do proprietário. Mas apenas
se o seu valor não ultrapassar os 92 407 euros, em Portugal Continental,
e os 115 508,75, nas Regiões Autónomas (valores para 2018). Já as habitações
secundárias (casas de férias, por exemplo) pagam sempre IMT, independen-
temente do seu valor.
Estão ainda isentas de IMT as aquisições de imóveis com mais de 30 anos des-
tinados a reabilitação urbana ou localizados em áreas de reabilitação urbana,
desde que o comprador inicie as obras no prazo de 3 anos a contar da data
de aquisição. Além disso, terão de estar reunidas as seguintes condições:
—— o imóvel é objeto de intervenção de reabilitação de edifícios promovida
de acordo com o Regime Jurídico de Reabilitação Urbana;
—— na sequência dessa intervenção, o estado de conservação fica dois níveis
acima daquele que anteriormente lhe era atribuído e o imóvel tem,
no mínimo, um nível bom, de acordo com os critérios definidos no decreto-
-lei n.º 266-B/2012, relativo ao nível de conservação dos prédios urbanos;
—— são cumpridos os requisitos de eficiência energética e de qualidade térmica.
O valor tributável
O IMT incide sobre o valor indicado no ato ou contrato (o que consta no
contrato de compra e venda, por exemplo) ou sobre o valor patrimonial
109
A Comprar e vender casa
Compropriedade
Existindo compropriedade, quando qualquer um dos comproprietários
vender o seu direito, o imposto é liquidado pela parte do valor patrimonial
tributário que lhe corresponder (atendendo à percentagem que detiver no
imóvel) ou incide sobre o valor constante do ato ou contrato, consoante o
que for mais elevado.
Permutas
Nas permutas de bens imóveis, a base de liquidação será a diferença declarada
de valores ou a diferença entre os valores patrimoniais tributários, consoante
o que for mais elevado.
Como são feitas as contas numa permuta? Imagine que é proprietário de uma
casa, onde reside, com um valor tributável de 100 mil euros. E que a casa
para onde vai mudar-se, através de permuta com o respetivo proprietário,
vale 150 mil euros. Por receber a casa de maior valor, cabe-lhe pagar o IMT
sobre a diferença (50 mil euros). No entanto, como este montante está isento
(não é pago IMT para valores tributáveis até 92 407 euros ou 115 508,75 euros,
como poderá ver nos quadros da página 113), nada terá a pagar.
110
A Impostos e outras despesas
o que for superior (veja a caixa Propriedade vs. Usufruto, já a seguir). O mesmo
será válido em caso de renúncia destes direitos, circunstância em que a pro-
priedade volta a ser plena, e, por conseguinte, é valorizada.
Exemplo:
Valor da propriedade: 100 000 euros USUFRUTO E PROPRIEDADE
Idade do usufrutuário: 52 anos Idade Percentagem
Percentagem aplicável: 45% do usufrutuário a deduzir
< 20 80
Valor tributável: 55 000 euros
< 25 75
(100 000 − 45 000)
< 30 70
Se o usufruto, uso ou habitação forem tem- < 35 65
porários, deduzem-se ao valor da propriedade < 40 60
plena 10% por cada período indivisível e com-
< 45 55
pleto de 5 anos, conforme a duração prevista
para esses direitos. Porém, a dedução não < 50 50
poderá exceder a que se aplicaria se, em vez < 55 45
de temporário, o direito fosse vitalício. < 60 40
< 65 35
Exemplo:
Valor da propriedade: 100 000 euros < 70 30
Duração restante do contrato: 11 anos < 75 25
Percentagem a aplicar: 20% < 80 20
< 85 15
Valor tributável: 80 000 euros
(100 000 − 20 000) 85+ 10
Por seu turno, o valor atual do usufruto obtém-se descontando o valor da propriedade ao
da propriedade plena. Recorrendo aos exemplos anteriores, o valor tributável do usufruto
seria de 45 000 euros e 20 000 euros, respetivamente.
111
A Comprar e vender casa
Leasing
Tratando-se de locação financeira em que ocorra a compra do imóvel no fim do
contrato, nas condições nele estabelecidas, o valor do bem corresponderá ao
valor residual (o montante a pagar no final). O mesmo princípio é válido para
a constituição do direito de superfície através deste mecanismo financeiro.
Cedência de posição
Nos contratos-promessa de compra e venda de imóveis em que seja estipulado
(no contrato ou posteriormente) que o promitente-comprador pode ceder
a sua posição a terceiro ou na cedência da posição contratual em função de
direito conferido por contrato-promessa, o imposto incide apenas sobre a
parte do preço paga pelo promitente-comprador ao promitente-vendedor,
no momento do contrato-promessa, ou por quem beneficiou da cedência
do direito.
112
A Impostos e outras despesas
113
A Comprar e vender casa
pode ceder a sua posição a terceiro, a taxa a aplicar aos montantes sujeitos a
tributação (apenas a parte do preço paga) será a correspondente à totalidade
do preço acordado no contrato. O mesmo se aplica na cedência da posição
contratual em função de direito conferido por contrato-promessa.
Pagar o IMT
Quem estiver obrigado ao pagamento do IMT deverá apresentar, em qual-
quer serviço de finanças ou por meios eletrónicos, a declaração modelo 1,
devidamente preenchida. Note-se que o pagamento do IMT é devido antes
de ocorrer a transmissão do imóvel: para assinar a escritura de compra e
venda (ou o documento particular) é fundamental que o imposto já esteja
pago. Nessa altura será exigido o comprovativo do pagamento, exceto se
houver lugar a isenção. Quando o novo proprietário recorre ao crédito, é
habitual o documento ser fornecido à instituição bancária uns dias antes
da escritura.
114
A Impostos e outras despesas
115
A Comprar e vender casa
Vt = Vc � A � Ca � Cl � Cq � Cv
Coeficiente de afetação
O coeficiente de afetação depende do tipo de utilização dos imóveis (comércio,
serviços, etc.). No caso da habitação o coeficiente é normalmente de 1, embora
no caso da habitação social sujeita a regimes legais de custos controlados e
em prédios não licenciados, em condições muito deficientes de habitabilidade
seja, respetivamente, de 0,70 e 0,45.
116
A Impostos e outras despesas
Coeficiente de localização
O coeficiente de localização (Cl) varia entre 0,4 e 3,5, podendo, em situações
de habitação dispersa em meio rural, descer para 0,35. Os coeficientes ainda
podem variar na mesma zona, consoante se apliquem a edifícios destinados
a habitação, comércio, indústria ou serviços.
117
A Comprar e vender casa
edificado, podendo ser majorado até 1,7 e minorado até 0,5. Obtém-se adi-
cionando à unidade os coeficientes majorativos e subtraindo os minorativos
que constam do quadro abaixo.
118
A Impostos e outras despesas
Coeficiente de vetustez
O coeficiente de vetustez é aplicado
em função da idade do imóvel, ou COEFICIENTE DE VETUSTEZ
seja, depende do número de anos Idade do imóvel
Coeficientes
decorridos desde a data da licença de (em anos completos)
utilização, quando exista, ou da de MENOS DE 2 ANOS 1
conclusão das obras de construção. 2A8 0,90
Assim, o coeficiente diminui à medida 9 A 15 0,85
que a idade do imóvel aumenta (veja o 16 A 25 0,80
quadro). Como as Finanças não atuali- 26 A 40 0,75
zam este fator automaticamente, se o
41 A 50 0,65
contribuinte nada fizer, o coeficiente
51 A 60 0,55
considerado pelas Finanças não é o
atual, mas o do ano da avaliação (veja MAIS DE 60 0,40
o título Pedir a atualização do valor do
imóvel, na página 121).
Taxas
A taxa a aplicar ao valor patrimonial tributário, para efeitos de IMI, é definida
pelo município onde se localiza o imóvel, mas, tratando-se de um imóvel
urbano, como as casas para habitação e os terrenos para construção, não
pode ser inferior a 0,3% nem superior a 0,45%. Mais de 200 municípios dão
desconto em função do número de filhos: 20 euros para um filho, 40 euros
para 2 e 70 euros se forem 3 ou mais (veja, na imagem da página seguinte,
onde poderá confirmar esta informação na internet).
Isenções
O direito à isenção pode resultar do valor patrimonial do imóvel e/ou do
rendimento do agregado familiar. Num caso como noutro, basta que o pro-
prietário tenha o domicílio fiscal em território nacional para que as Finanças
atribuam, automaticamente, a isenção de imposto, em função dos elementos
de que dispõem sobre estes fatores.
Os arrumos e as garagens podem estar isentos de IMI, desde que façam parte
da habitação própria e permanente. Mesmo que sejam frações autónomas,
mantém-se a possibilidade de isenção se estiverem integrados no edifício
ou urbanização onde está localizada a habitação própria e permanente, e
forem utilizados, exclusivamente, pelo proprietário e respetivo agregado
familiar.
119
A Comprar e vender casa
120
A Impostos e outras despesas
Antes de pedir a atualização do valor patrimonial do seu imóvel, faça uma simulação no Portal das
Finanças ou em www.paguemenosimi.pt.
121
A Comprar e vender casa
Adicional ao IMI
Se, no total, o valor patrimonial tributário dos imóveis de que é proprietário
ultrapassar os 600 mil euros, o contribuinte pagará um imposto adicional de
0,7% ou de 1% sobre o excedente (veja o quadro). O mesmo acontecerá se a
propriedade dos imóveis for partilhada, desde que a parte que lhe pertence
ultrapasse este valor. Excluídos destas contas ficam os imóveis isentos de IMI,
os que estão afetos à atividade industrial e os que se destinem a atividades
turísticas.
ADICIONAL AO IMI
Valor patrimonial Taxa aplicada
por contribuinte (euros) (%)
600 001 A 1 000 000 EUROS 0,7
MAIS DE 1 000 000 1
122
A Impostos e outras despesas
Feitas as contas, a Maria iria pagar 7430 euros de IMI (3630 + 2800 + 1000).
Mais-valias
Como em qualquer outra transação, pode ganhar-se ou perder-se com a venda
de um imóvel. Se de uma venda resultarem ganhos, a administração fiscal
vai tributar parte dos rendimentos (as mais-valias, ou seja, o lucro obtido).
Se, pelo contrário, o montante obtido com a venda não proporcionar quais-
quer lucros, não é considerado rendimento e, como tal, não é sujeito ao paga-
mento de imposto. Mas existem exceções ao pagamento, nomeadamente, por
exemplo, quando o resultado da venda for reinvestido noutra habitação. Por
isso, antes de começar a fazer contas, verifique primeiro se está isento. Não
havendo direito a isenção, o Fisco irá tributar metade da mais-valia obtida,
englobando-a nos restantes rendimentos do contribuinte.
123
A Comprar e vender casa
Pode também acontecer que contribuinte compre a casa nova sem ter, ainda,
vendido a antiga. Neste caso, considera-se que houve reinvestimento e poderá
beneficiar da isenção de imposto sobre as mais-valias se essa venda ocorrer
até 2 anos depois de ter comprado a casa nova. A transação só é declarada
no IRS quando vender a casa antiga.
Reinvestimento total
Sempre que reinvista o produto total da venda na compra de uma nova habi-
tação, respeitando os prazos e as condições indicadas, o contribuinte não
paga qualquer imposto sobre os ganhos. Vejamos o exemplo do Francisco,
que vendeu uma casa em junho de 2018, por 175 mil euros, depois de a ter
comprado por 120 mil euros, em 2009. Com a venda, obteve uma mais-valia
de 55 mil euros. Em setembro de 2018, comprou outro imóvel para habitação
124
A Impostos e outras despesas
própria e permanente no valor de 200 mil euros. Uma vez que reinvestiu a
totalidade do valor da venda na nova habitação, no prazo de 3 anos, a mais-
-valia não será tributada pelo Fisco. Ainda assim, terá de indicar estes valores
na declaração de rendimentos.
Reinvestimento parcial
O contribuinte pode reinvestir apenas parte do montante, sendo a tributação
proporcional ao reinvestimento não realizado. Vejamos então o caso da Rosa
que, em março de 2018, vendeu por 125 mil euros um apartamento que tinha
comprado, em junho de 2009, por 100 mil euros. Em setembro de 2018, com-
prou uma casa nova que lhe custou 110 mil euros. Ou seja, reinvestiu apenas
uma parte do dinheiro que obteve na venda. Neste caso, a mais-valia é de
16 mil euros, mas apenas será considerada a parte não reinvestida, ou seja
1920 euros. Ora vejamos:
A Rosa irá pagar imposto sobre metade da mais-valia não reinvestida, ou seja,
960 euros, que são englobados aos restantes rendimentos.
Outras isenções
As vendas de imóveis adquiridos antes de 1989, data da entrada em vigor do
Código do IRS, estão isentas de imposto sobre as mais-valias. Ainda assim,
é necessário discriminar a venda na declaração de IRS (anexo G1). No entanto,
os terrenos para construção não beneficiam desta isenção.
Mais ou menos-valia?
Cabe ao Fisco determinar a mais-valia, com base nos valores indicados pelo
contribuinte na declaração de IRS. Mas, se quiser ir fazendo contas à vida,
pode aplicar a fórmula que se segue. Sempre que tenham decorrido mais de
24 meses desde que adquiriu a casa que está a vender, é aplicado o coeficiente
125
A Comprar e vender casa
126
A Impostos e outras despesas
Ou seja:
Dedução de despesas
As possibilidades de dedução variam para vendedores e compradores, mas
também com a existência (ou não) de financiamento anterior a 31 de dezem-
bro de 2011.
127
A Comprar e vender casa
Leasing
Se adquirir a casa através deste sistema, também poderá beneficiar de dedu-
ções fiscais. Neste caso, 15% das rendas de contratos de locação financeira
de imóveis destinados a habitação permanente, na parte que não constituir
amortização de capital. Em 2018, o limite é de 296 euros.
Despesas de condomínio
As quotas de condomínio destinam-se a cobrir as despesas relativas aos espa-
ços comuns a diversas frações autónomas. Estas despesas terão de ser orça-
mentadas, de modo a que possam ser repartidas pelos vários condóminos.
É preciso, por exemplo, saber quanto se vai gastar com a manutenção dos
elevadores, a empregada ou a empresa de limpeza, o porteiro ou o segurança,
a eletricidade das partes comuns, etc.
No caso de estar a pensar em comprar uma casa em segunda mão, não deixe
de perguntar ao atual proprietário ou, se necessário, ao administrador do
prédio, quanto é que ele paga de quotas. Claro que o vendedor também pode
fornecer essa informação, mas é natural que desvalorize a questão ou que
subavalie a despesa.
128
A
Capítulo 6
Seguros
A Comprar e vender casa
Este capítulo destina-se, portanto, a quem vai comprar casa. Se estiver a vender
o seu imóvel, lembre-se apenas de que eventuais seguros que tenha contratado
terão de vigorar até ao dia em que formalizar a venda, por exemplo através de
escritura. Assim, envie uma carta registada à seguradora com, pelo menos,
1 mês de antecedência, a requerer o cancelamento do seguro nessa data.
Seguro de incêndio
Obrigatório por lei para as frações de um edifício em propriedade horizontal,
este seguro, tal como a própria designação indica, é acionado quando se
verificam danos devido a um incêndio. Mas o seguro multirriscos-habitação,
que custa pouco mais e é muito mais abrangente, foi, progressivamente, subs-
tituindo a contratação isolada do seguro de incêndio. Na verdade, mais vale
contratar um multirriscos-habitação em vez de um mero seguro de incêndio.
Multirriscos-habitação
A denominação multirriscos pode sugerir tratar-se de um seguro que abrange
todos os riscos inerentes ao imóvel. Mas não é bem assim. Tudo depende,
em grande parte, das coberturas contratadas e das informações prestadas pelo
cliente na proposta de seguro. O preenchimento correto deste formulário pode
ser determinante para que, em caso de sinistro, o segurado seja devidamente
130
A Seguros
Se é proprietário e reside na sua habitação ou, pelo menos, pensa vir a residir
a curto prazo, deve contratar o seguro multirriscos-habitação para o edifício
(paredes) e para o recheio (conteúdo). No entanto, enquanto o local de risco
estiver vazio, sem móveis ou quaisquer outros objetos, a cobertura para o
recheio será desnecessária.
131
A Comprar e vender casa
Edifício
Em caso de sinistro com destruição total da casa, interessa-lhe receber a quantia
necessária para a sua reconstrução. O valor de aquisição inclui as margens de
lucro dos intermediários (promotores, mediadores, etc.) e o valor do terreno.
Já o montante do empréstimo (se existir), que pode corresponder à totalidade
ou apenas a parte do valor de aquisição, depende exclusivamente das suas
necessidades. Portanto, o valor a considerar para segurar o edifício não é o
de compra, nem o do empréstimo, mas sim o de reconstrução, que tem em
conta, sobretudo, o preço dos materiais e da mão-de-obra.
Para calcular o capital mínimo a segurar, peça ajuda à sua seguradora. A maioria
das seguradoras utiliza como referência os valores divulgados pela Associação
Portuguesa dos Peritos Avaliadores de Engenharia (APAE) e que pode consultar
no quadro Valores de reconstrução por m2, na página seguinte.
Em seguida, multiplique o valor correspondente ao seu concelho pela área
útil da casa (veja a caixa De que área está a falar?, na página 50). Por exemplo,
caso possua uma moradia na Covilhã com 100 metros quadrados, o preço de
referência será de 699,19 euros. Assim, terá de fazer a seguinte conta:
100 × 699,19 euros = 69 919 euros
Ou seja:
132
A Seguros
Recheio
Para calcular o valor a segurar para o recheio, interessa-lhe saber de quanto
irá precisar para substituir mobílias, eletrodomésticos e restantes objetos.
Ou seja, o capital seguro deve ser equivalente ao valor de substituição em
133
A Comprar e vender casa
novo. Existem apenas duas exceções a esta regra: peças de arte e antiguidades.
Nestes casos, é necessário informar-se sobre os valores praticados no mercado
da especialidade e segurar os objetos pelo seu valor real.
A regra proporcional
No seguro multirriscos-habitação, é extremamente importante que o imóvel
e/ou os bens sejam avaliados de forma correta. E isto porque, em caso de
sinistro, as seguradoras podem aplicar a chamada regra proporcional, ou seja,
só pagam os prejuízos na proporção entre o capital seguro e o valor real dos
bens. Se o capital seguro não tiver sido bem definido, independentemente de
os bens estarem seguros por um valor superior ou inferior ao real, o cliente
ficará sempre a perder.
134
A Seguros
135
A Comprar e vender casa
Coberturas-base e complementares
Cada apólice abrange um pacote de coberturas-base, que o tomador do seguro
terá de contratar, na totalidade, ainda que algumas possam não lhe interes-
sar. Os riscos de incêndio, explosão e queda de raios, danos por água, furto
ou roubo, fenómenos naturais e aluimento de terras estão entre os mais
importantes e, por regra, fazem parte deste pacote. No entanto, como a
definição do conteúdo das apólices é totalmente livre, a cobertura-base varia
de seguradora para seguradora. Aliás, além do preço, este é um dos critérios
mais importantes para a escolha da apólice. Quanto mais abrangente for o
pacote de base, melhor. No entanto, não limite a sua análise ao número de
coberturas. É que muitos dos riscos incluídos na base são pouco úteis para a
maioria das pessoas. Por exemplo, qual o interesse de cobrir o risco de quebra
ou queda de painéis solares se nem sequer existirem painéis deste tipo nas
proximidades da sua casa?
136
A Seguros
137
A Comprar e vender casa
(1) Valores
com uma franquia de 5% sobre o capital e sem co-seguro. Vejamos um exemplo: para calcular o prémio
da cobertura de fenómenos sísmicos, imaginemos um apartamento situado na zona B, construído em 1990 e com
um capital seguro de 60 mil euros. O prémio para o edifício seria de 30,48 euros (60 000 x 0,508‰). Se o recheio
tivesse um valor de 25 mil euros, ainda haveria a pagar mais 6,35 euros (25 000 x 0,254‰). O prémio total anual
seria de 36,83 euros.
Prémios
O montante a pagar pelas coberturas previstas na apólice será tanto mais ele-
vado quanto maior for o capital seguro para o edifício e/ou o recheio. Nos anos
posteriores à contratação, o prémio irá aumentar em função da atualização do
capital seguro e de eventuais alterações das tarifas das próprias seguradoras.
138
A Seguros
Franquias
Ainda que estejam previstos nas coberturas que integram a apólice, alguns
sinistros não serão indemnizados, ou sê-lo-ão apenas parcialmente, devido
à existência de franquias, ou seja, uma parte do prejuízo que fica a cargo do
segurado. Se, num sinistro de 2500 euros, a franquia prevista para a cober-
tura acionada for de 500 euros, tal significa que a seguradora pagará apenas
aquilo que exceder este valor, ou seja, 2 mil euros. Se os danos provocados
pelo sinistro forem inferiores a 500 euros, não paga nada.
Algumas franquias são obrigatórias, outras são facultativas. Neste último caso,
o cliente pode contratá-las como contrapartida de uma redução do prémio do
seguro. Através deste sistema, e quando ocorrer um sinistro, cabe ao cliente
pagar a franquia, que pode ser um montante fixo ou uma percentagem dos
prejuízos ou do capital seguro. Quanto mais elevadas forem as franquias facul-
tativas, mais baixos serão os prémios. Mas, por outro lado, mais o segurado
terá de pagar em caso de sinistro.
Fracionamentos
O prémio é anual e deverá ser pago no início da anuidade. No entanto, também
existe a possibilidade de o fracionar em pagamentos mensais, trimestrais ou
semestrais, sempre de forma antecipada ao período que se pretende segurar.
Em especial quando o seguro é contratado junto dos bancos, o prémio é pago
com a mesma periodicidade da prestação do empréstimo, isto é, mensalmente,
por débito direto e sem quaisquer custos de fracionamento. Se o seu seguro
não tiver sido contratado por esta via ou tiver dúvidas quanto a este aspeto,
some as várias frações e compare o resultado com o pagamento anual. A ver-
dade é que o prémio pago mensalmente é, muitas vezes, agravado. Por isso,
se lhe der jeito pagar o prémio em frações mais reduzidas, em vez de pagar
tudo de uma só vez, não deixe de verificar se essa opção tem custos e, se for
o caso, informe-se sobre as alternativas.
139
A Comprar e vender casa
Furto ou roubo
Indemniza o segurado por perdas ou danos na sequência de apropriação de bens não
autorizada, sem recurso à violência (furto), ou apropriação de bens com recurso à vio-
lência ou ameaça física (roubo). Estão excluídos, por exemplo, objetos deixados ao ar
livre. Regra geral, o reembolso de dinheiro furtado não está garantido ou, então, tem
um limite muito reduzido (por exemplo, até 125 euros ou até uma percentagem do capi-
tal seguro).
O limite máximo das indemnizações corresponde ao capital seguro para o recheio.
No entanto, algumas companhias estipulam um capital específico para os danos provo-
cados no imóvel (quebra de vidros ou arrombamento de porta para entrar na habitação).
Ao escolher a apólice, dê prioridade a companhias que não imponham franquias ou que
apliquem franquias reduzidas.
Tempestades
Só estão cobertos os danos provocados por tempestades com um caráter atípico,
ou seja, que ultrapassem determinados limites. Por exemplo, o vento terá de atin-
140
A Seguros
gir 100 km por hora e/ou provocar estragos em edifícios sólidos num raio de 5 km.
Portanto, sinistros provocados por ventos que não tenham estas características serão
excluídos. Em caso de dúvida, poderá ser necessário solicitar um comprovativo ao
Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Todas as companhias indemni-
zam até ao valor do capital seguro, mas as franquias variam de seguradora para
seguradora.
Inundações
Para que os danos provocados por inundações sejam indemnizados, a intensidade da
chuva deverá ter sido igual ou superior a 10 milímetros em 10 minutos. Estão igualmente
abrangidas as inundações provocadas por rebentamento de diques e barragens e pelo
transbordo de cursos de água. Encontram-se excluídos, entre outros, os danos causados
pela ação do mar, assim como prejuízos ocorridos em dispositivos de proteção (como per-
sianas ou vedações). Tal como no caso anterior, as franquias variam com as seguradoras e,
em caso de dúvida, poderá recorrer ao IPMA.
Aluimento de terras
Cobre os danos causados por aluimento e derrocada de terrenos. Nem todas as situações
estão cobertas, nomeadamente quando o prédio apresenta defeitos de construção ou
danos prévios nas paredes, telhados ou fundações.
Responsabilidade civil
Cobre as indemnizações por danos involuntariamente causados a terceiros, pelo segu-
rado, na sua qualidade de proprietário ou inquilino da habitação segura. Exclui os danos
sofridos pelo segurado e pelo seu agregado familiar, bem como as situações decorrentes
de atividade profissional exercida no imóvel. De fora ficam também os danos causados
pelo inquilino aos bens do proprietário, na medida em que entre estes existe uma rela-
ção contratual.
141
A Comprar e vender casa
Multirriscos-condomínio
Para quem é proprietário de uma fração de um prédio em propriedade hori-
zontal, existe ainda outra alternativa para segurar o imóvel: aderir, em conjunto
com os vizinhos, a uma apólice multirriscos-condomínio.
As vantagens
O seguro multirriscos-condomínio tem coberturas semelhantes ao multir-
riscos-habitação, mas integra numa única apólice todas as frações de um
edifício, ou de um conjunto de edifícios, e as respetivas zonas comuns. Qual
a utilidade de contratar um seguro destes se, na prática, as partes comuns
também estão incluídas no multirriscos-habitação? O multirriscos-condomínio
dispensa a contratação de múltiplas apólices individuais e, além disso, possui
duas vantagens: uma redução do preço e, em princípio, uma maior facilidade
na resolução dos sinistros.
As dificuldades
Convencer todos os vizinhos a aderir a uma apólice conjunta nem sempre
é fácil. Basta que um deles, por questões profissionais ou através dos seus
próprios conhecimentos, consiga um prémio mais barato noutra seguradora.
Contudo, tal não impede que, mesmo sem esse condómino, se avance para
uma apólice multirriscos-condomínio. Basta cumprir os mínimos exigidos
pela seguradora quanto ao número de frações e/ou ao montante de capi-
tal seguro. A assembleia de condóminos é inteiramente responsável pelo
apuramento do capital seguro, embora possa pedir ajuda às companhias a
142
A Seguros
Como este seguro apenas cobre o edifício, cada condómino deverá contratar
um seguro individual para o recheio, de preferência na mesma companhia.
Como se processa?
Munido da ata da reunião de condóminos em que a contratação do seguro
tiver sido aprovada, o administrador do condomínio contrata a apólice para
as frações dos condóminos interessados. Em princípio, os que já possuem
um seguro individual só serão incluídos no multirriscos-condomínio uma vez
terminada a anuidade do respetivo seguro. Para o efeito, 1 mês antes do venci-
mento, e de preferência por carta registada e com aviso de receção, deverão
avisar a seguradora de que não pretendem renovar a sua apólice. Caso tenham
contratado o seguro individual junto de um banco, no seguimento de um
pedido de empréstimo, também deverão avisá-lo. Em alternativa, basta não
pagar o prémio até à data-limite e o contrato é automaticamente anulado, sem
possibilidade de ser reposto em vigor. Na altura em que contratarem o seguro
de grupo, pagarão somente a parte do prémio correspondente à sua fração
e ao tempo que falta até ao final da anuidade do multirriscos-condomínio.
O processo pode tornar-se mais complicado para quem pediu ou vai pedir
um empréstimo bancário. Como vimos anteriormente, os bancos exigem
a contratação de um seguro multirriscos-habitação. Embora não possam
obrigar o cliente a optar pelos seguros que comercializam, os bancos irão
avaliar a apólice que lhes é apresentada e decidir se a mesma reúne ou não
as coberturas suficientes.
143
A Comprar e vender casa
Cuidados a ter
O capital seguro deverá corresponder, no mínimo, ao valor do empréstimo.
Em caso de morte, por doença ou acidente, a seguradora entregará o capital
seguro ao beneficiário, que é o banco, pagando o montante do empréstimo
em dívida. Se ainda restar capital, será entregue a outros beneficiários ou aos
herdeiros do falecido. No que respeita à invalidez, convém ter alguns cuidados,
tanto ao comparar as várias apólices como ao preencher a proposta. Apesar
144
A Seguros
das designações poderem levar a crer que se trata da mesma coisa, existem
duas coberturas distintas:
—— Invalidez Total e Permanente, devido a doença ou a acidente: para que
seja acionada, é necessário que o grau de incapacidade, constatado pelos
médicos, seja igual ou superior ao definido na apólice (entre 60% e 65%) e
que impossibilite o segurado de exercer a sua profissão habitual ou outra
compatível com as suas habilitações;
—— Invalidez Absoluta e Definitiva, devido a doença ou a acidente: é uma cober-
tura mais restritiva, já que só poderá ser acionada se o segurado necessitar
da assistência de outra pessoa para efetuar os atos normais da vida diária.
Os produtos com esta cobertura tendem a ser mais baratos, mas, como são
menos abrangentes, é preferível optar por uma apólice com a cobertura
de morte e de invalidez total e permanente.
O QUESTIONÁRIO MÉDICO
A proposta do seguro de vida vem sempre acompanhada de um questionário médico,
de preenchimento obrigatório. Com este documento, a seguradora procura avaliar o risco
de morte da pessoa segura e conhecer a existência de algum tipo de doença ou invalidez.
Se a companhia considerar que as informações fornecidas pelo questionário não são sufi-
cientes, ou se o seguro envolver montantes elevados, pode ainda exigir a realização de
exames médicos (assumindo, geralmente, os respetivos encargos).
Cada seguradora estabelece a idade e o limite de capital a partir dos quais os exames
são necessários. Regra geral, as pessoas com mais de 40 anos não poderão contratar um
capital superior a 100 mil euros sem se submeterem a estes exames. À medida que a idade
vai avançando, os limites vão-se tornando mais restritos. E as respostas a este questionário
influenciam, mesmo para níveis etários mais baixos, a aceitação ou não do seguro por
parte da seguradora. Se a resposta for negativa, terá de tentar noutra seguradora. E se
não encontrar nenhuma que o faça, tente negociar uma alternativa com o banco (por
exemplo, a apresentação de fiadores).
Um ou dois segurados?
Se o empréstimo for solicitado por uma só pessoa, o capital seguro corres-
ponderá sempre ao montante em dívida no início da anuidade a que se refere
o cálculo do prémio.
145
A Comprar e vender casa
Prémios do seguro
O montante do prémio depende, sobretudo, do capital seguro, do tarifário
praticado pela instituição onde a apólice é contratada e do tipo de seguro em
causa. Em geral, o capital seguro corresponde ao capital em dívida.
Dedução fiscal
Os prémios do seguro de vida só podem ser deduzidos ao IRS em duas situações:
—— o contribuinte ou algum membro do agregado familiar tem um grau de
incapacidade igual ou superior a 60%. Neste caso, é possível deduzir 25%
146
A Seguros
SIM NÃO
NÃO SIM
SIM NÃO
147
A
Capítulo 7
Depois da compra
A Comprar e vender casa
Por outro lado, se decidir fazer obras na sua casa e adjudicar o trabalho a
um empreiteiro, também terá uma garantia de 5 anos. Antes de avançar com
quaisquer obras, terá de verificar se é necessário pedir uma licença à câmara.
Tratando-se de um imóvel integrado num condomínio, ainda poderá ter de
contar com a aprovação da assembleia de condóminos.
150
A Depois da compra
casos o processo poderá ser mais complicado. Por exemplo, terá de conseguir
provar em tribunal que o vendedor e/ou o proprietário tinham conhecimento
dos defeitos.
Com garantia ou sem ela, para poder exigir a reparação é necessário que o
defeito não fosse visível no momento da compra nem fosse do conhecimento
do comprador. Caso contrário, pode partir-se do princípio de que o defeito
151
A Comprar e vender casa
152
A Depois da compra
Vistoria da câmara
Para reforçar a sua reclamação, pode igualmente solicitar uma vistoria à
câmara municipal. Deste pedido, dirigido ao presidente da câmara munici-
pal onde se localiza o imóvel, deverá constar a identificação do requerente,
a qualidade (proprietário, arrendatário, etc.) em que solicita a vistoria e as
razões que o levam a requerê-la.
Relatório e orçamentos
Poderá também recorrer a um engenheiro civil, para que este elabore um
relatório onde avalie a causa dos problemas e avance com propostas para
a sua resolução. Por último, para a reparação dos danos, será conveniente
solicitar um orçamento a dois ou três empreiteiros.
Julgados de paz
Os julgados de paz são uma opção a considerar na resolução de problemas
relacionados com garantias. Na prática, são tribunais com um funcionamento
mais simples, informal, rápido e barato. O julgado de paz competente é o da
área em que se localize o imóvel. Apesar de não existirem em todo o país,
já estão presentes em muitas localidades (veja www.conselhodosjulgadosdepaz.
com.pt/contatos.asp) e funcionam em horários alargados (podem abranger
o fim de semana). Porém, apresentam uma limitação: o valor da causa não
poderá exceder os 15 mil euros. Por isso, em certas circunstâncias, poderá
ser necessário pedir um orçamento para a reparação antes de recorrer ao
julgado de paz.
153
A Comprar e vender casa
Ação judicial
Todos os elementos que referimos no título Como acionar a garantia? (as
cartas, o resultado da vistoria da câmara, o relatório do engenheiro e os
orçamentos) serão determinantes para uma eventual ação judicial, nomea-
damente para a quantificação da indemnização e para a determinação da
forma de reparação do dano. Nesta fase, a ajuda de um advogado será
imprescindível.
154
A Depois da compra
Empreitadas
Uma empreitada é um contrato onde se acorda, mediante um preço, a rea-
lização de uma determinada obra: a edificação ou reparação de um prédio,
a execução de obras parciais, a construção de um anexo ou a remodelação de
um apartamento. Assim, conhecer as regras de uma empreitada é útil tanto
para quem pretende fazer (ou fez) obras para vender o imóvel em melhores
condições, como para quem queira efetuar obras na casa adquirida.
Uma vez denunciados os defeitos e caso possam ser suprimidos, quem solicitou
a execução da obra tem o direito de exigir a sua eliminação. Pode também
reclamar nova empreitada, se os defeitos não puderem ser removidos. Tal só
será mais difícil de levar por diante se os custos inerentes não compensarem
o proveito que daí poderá resultar. Mas determinar tais despesas é uma tarefa
que, provavelmente, caberá a um tribunal. Em última instância, a redução do
preço da obra ou até mesmo a resolução do contrato são opções a considerar.
Aceitação da obra
O momento da aceitação da obra é, salvo disposição em contrário, a altura
em que deve pagar. Contudo, em contratos desta natureza, é comum que
os pagamentos sejam faseados. Ou seja, o dinheiro é entregue em tranches,
cuja periodicidade é determinada em função do andamento da obra. Mas,
além disso, o aspeto mais importante na aceitação de uma obra relaciona-se
155
A Comprar e vender casa
Antes de aceitar
Antes de aceitar a empreitada, o proprietário deve verificar se o imóvel se
encontra nas condições acordadas com o empreiteiro e sem defeitos. Para
tal, pode valer-se de peritos e comunicar os resultados desta verificação ao
empreiteiro. Se encontrar algum tipo de problema, é recomendável que redija
um documento, devidamente fundamentado, no qual indique também os pra-
zos para a reparação dos defeitos. Pode solicitar ao empreiteiro que carimbe
e/ou assine uma cópia do documento.
… ou sem reserva
Se não fizer as verificações acima mencionadas e nada comunicar ao emprei-
teiro, a aceitação da obra, por parte do proprietário, fica implícita. Se os defeitos
forem visíveis e facilmente detetáveis, mas não os reclamou, em princípio o
empreiteiro não terá de os corrigir. Por isso, é muito importante que verifique
com cautela as obras que foram realizadas.
156
A Depois da compra
DEFEITOS EM EMPREITADAS
Defeitos ocultos ou
Defeitos aparentes
inexistentes na altura da
aquisição
Tem um prazo de
Refira no contrato,
reclamação de 5 anos.
ou em documento
Após a descoberta do Em princípio, não tem
complementar a este,
defeito, tem 30 dias direito
quais os defeitos e o
para o denunciar ao à reparação.
prazo em que devem ser
empreiteiro e 1 ano para
reparados.
o fazer ao tribunal.
As obras
Antes de avançar com quaisquer obras, terá de apurar a sua viabilidade.
Na prática, isto traduz-se, por exemplo, no pedido de uma licença ou comu-
nicação prévia junto da câmara municipal da área onde se localiza o edifício.
Porém, certas intervenções no imóvel não precisam do consentimento da
autarquia. Assim, distinguem-se as obras isentas de controlo prévio e as que
a ele estão sujeitas, seja na forma de pedido de licença ou na de comunicação
prévia. Em caso de dúvida sobre o enquadramento das obras que pretende
fazer, informe-se junto dos serviços municipais.
157
A Comprar e vender casa
158
A Depois da compra
159
A Comprar e vender casa
160
A Depois da compra
O condomínio e as obras
Na propriedade horizontal, a responsabilidade pela realização das obras nas
partes comuns compete ao conjunto dos condóminos (que são proprietários
exclusivos das suas frações e coproprietários das partes comuns que integram
o edifício). Há, portanto, um dever conjunto de preservação do local onde,
de forma permanente ou ocasional, se habita.
Assim, todas as decisões relacionadas com obras que afetem as partes comuns
do prédio serão aprovadas pela assembleia de condóminos. Se, por exemplo,
quiser instalar uma antena parabólica no exterior da sua fração ou fechar a
sua varanda colocando uma marquise, para além das eventuais autorizações
camarárias, deverá pedir autorização à assembleia. Caso contrário, poderá
ter de voltar atrás e demolir ou retirar tudo o que tiver colocado.
161
A Comprar e vender casa
Existem, ainda, algumas obras cujo custo deverá ser suportado apenas
por certos condóminos. Nessa situação encontram-se, nomeadamente,
as obras relativas a lances de escadas ou a partes comuns do edifício que
sirvam, exclusivamente, esses condóminos, e as relativas aos elevadores,
que competem apenas aos condóminos cujas frações possam, por eles,
ser servidas.
Refira-se que este tipo de obras não depende de nenhuma licença camará-
ria, desde que não ponham em causa, por exemplo, a linha arquitetónica
do edifício.
162
A Depois da compra
Obras de inovação
Para se concretizarem, as obras de inovação terão de ser aprovadas por uma
maioria dos condóminos correspondente a dois terços do valor do prédio.
Ainda assim, esta aprovação não é suficiente para impor a realização de obras
que prejudiquem os direitos de algum dos moradores.
163
A Comprar e vender casa
Quase todas as obras que tenham implicações no exterior das frações autó-
nomas, ou numa parte comum visível, podem modificar o aspeto do edi-
fício. Assim, toda e qualquer alteração nas fachadas — por acrescento ou
supressão — pode ser enquadrável no que se entende por alteração da linha
arquitetónica ou estética do edifício.
164
A
Apêndices
A Anexos
ENTRE
ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo, com sede social na oooooooooooooooooo,
com o capital social de oooooooooooo euros, e com o NIPC oooooooooooo, matriculada na
Conservatória do Registo Comercial de ooooooooo, sob o n.º oooooo, detentora da licença AMI
n.º ooooooooo, emitida pelo Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção I. P.
(IMPIC, I. P.), adiante designada como Mediadora,
E
oooooooooooooooooooooooooooooooooooo (nome do cliente pessoa singular ou coletiva),
(estado civil) ooooooooooooooo, sob o regime de bens oooooooooooo, com (cônjuge)
oooooooooooooooooooooooooooooooooooo, residente(s) na oooooooooooooooooooooooo,
em oooooooooooo, portador(es) do(s) CC/BI n.os oooooooooooo e oooooooooooo, e
contribuinte(s) fiscal(is) n.os ___ e ___, aqui representada pelo seu sócio gerente/administrador/
/procurador/gestor de negócios com poderes para o ato, com domicílio profissional na sede
da sua representada, adiante designado(s) como Segundo(s) Contratante(s) na qualidade de
oooooooooooo (Proprietário; Senhorio; Trespassante; Outro), é celebrado o presente Contrato de
Mediação Imobiliária que se rege pelas seguintes cláusulas:
Cláusula 1.ª
Identificação do Imóvel
O Segundo Contratante é proprietário e legítimo possuidor da fração autónoma/prédio
(rústico/urbano)/estabelecimento comercial, destinado(a) a oooooooooooo, sendo constituído
por oooo divisões assoalhadas, com área total de oooooo m2, sito na (Rua, Avenida)
oooooooooooooooooooooooo, em oooooooooooo, (freguesia) oooooooooooo, (concelho)
oooooooooooo, descrito na Conservatória do Registo Predial de ooooooooo, sob a ficha
n.º ooooooooo, com licença de construção/utilização n.º ooooooooo, emitida pela Câmara
Municipal de oooooooooooo, em ooo/ooo/ooov e inscrito na matriz predial (urbana/rústica)
com o artigo n.º ooooooooo da freguesia de oooooooooooo.
Cláusula 2.ª
Identificação do Negócio
1. A Mediadora obriga-se a diligenciar no sentido de conseguir interessado na ooo
Compra ooo Trespasse ooo Arrendamento ooo, pelo preço de oooooooooooo euros
(ooooooooooooooooooooooooooooooooo), desenvolvendo para o efeito ações de promoção e
recolha de informações sobre os negócios pretendidos e características dos respetivos imóveis.
2. Qualquer alteração ao preço fixado no número anterior deverá ser comunicada de imediato e
por escrito à Mediadora.
167
A Comprar e vender casa
Cláusula 3.ª
Ónus e Encargos
O imóvel encontra-se livre de quaisquer ónus ou encargos.
OU
O Segundo Contratante declara que sobre o imóvel descrito na cláusula 1.ª recaem os seguintes
ónus e encargos (hipotecas e penhoras) oooooooooooo, pelo valor de oooooooooooo euros.
Cláusula 4.ª
Regime de Contratação
1. O Segundo Contratante contrata a Mediadora em regime de ooo não exclusividade/
ooo exclusividade.
2. O regime de exclusividade previsto no presente contrato implica que só a Mediadora
contratada tem o direito de promover o negócio objeto do contrato de mediação imobiliária
durante o respetivo período de vigência.
Cláusula 5.ª
Remuneração
1. A remuneração só será devida se a Mediadora conseguir interessado que concretize o negócio
visado pelo presente contrato, nos termos e com as exceções previstas no artigo 19.º da Lei
n.º 15/2013, de 8 de fevereiro.
2. O Segundo Contratante obriga-se a pagar à Mediadora a título de remuneração:
ooo A quantia de ooo% calculada sobre o preço pelo qual o negócio é efetivamente concretizado,
acrescida de IVA à taxa legal de ooo%.
OU
ooo A quantia de ooooooooo euros (oooooooooooooooooooooooo), acrescida do IVA à taxa
legal de oooooo%.
3. O pagamento da remuneração apenas será efetuado nas seguintes condições:
ooo O total da remuneração aquando da celebração da escritura ou conclusão do negócio
visado.
OU
ooo % após a celebração do contrato-promessa e o remanescente ooo% na celebração da
escritura ou conclusão do negócio.
OU
ooo O total da remuneração aquando da celebração do contrato-promessa.
Cláusula 6.ª
Obtenção de Documentos
1. No âmbito do presente contrato, a Mediadora, na qualidade de mandatária sem
representação, obriga-se a prestar os serviços conducentes à obtenção da documentação
necessária à concretização do(s) negócio(s) visado(s) pela mediação.
2. Pela prestação de serviços previstos no número anterior:
168
A Anexos
Cláusula 7.ª
Garantias da Atividade de Mediação
Para garantia da responsabilidade emergente da sua atividade profissional, a Mediadora
celebrou um contrato de seguro obrigatório de responsabilidade civil no valor de ooooooooo
euros, apólice n.º ooooooooo, através da seguradora ooooooooooooooo.
Cláusula 8.ª
Prazo de Duração do Contrato
O presente contrato tem uma validade de oooooo (dias/meses) contados a partir da data da sua
celebração renovando-se automaticamente por iguais e sucessivos períodos de tempo, caso não
seja denunciado por qualquer das partes contratantes através de carta registada com aviso de
receção ou outro meio equivalente, com a antecedência mínima de 10 dias em relação ao seu
termo.
Cláusula 9.ª
Dever de Colaboração e Obrigações do Segundo Contratante
1. O Segundo Contratante colaborará com a Mediadora na entrega de todos os elementos
julgados necessários e úteis no prazo de oooooo dias, a contar da data de assinatura do presente
contrato.
2. O Segundo Contratante declara e garante que, no âmbito das disposições legais aplicáveis de
natureza preventiva e repressiva de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento
do terrorismo, e em relação a todos os atos e operações abrangidas pelo presente contrato,
se obriga a cooperar na disponibilização de informação relevante à Mediadora, designadamente
sobre a identidade das partes contratantes, do objeto do negócio imobiliário e dos meios de
pagamento das transações imobiliárias.
3. O Segundo Contratante obriga-se ainda a cumprir todas as disposições legais e
regulamentares decorrentes do Sistema de Certificação Energética, designadamente a obrigação
de providenciar, nos termos e prazos devidos, pela emissão do respetivo Certificado Energético
em relação ao imóvel objeto do presente contrato (se aplicável).
4. O Segundo Contratante obriga-se, também, a dar cumprimento às regras referentes à Ficha
Técnica da Habitação, nos termos do disposto no Decreto-Lei n.º 68/2004, de 25 de março, nos
termos e prazos devidos (se aplicável).
169
A Comprar e vender casa
Cláusula 10.ª
Angariador Imobiliário
Na preparação do presente contrato de mediação imobiliária colaborou o angariador imobiliário
(nome) ooooooooooooooooooooo, portador do Cartão de Cidadão/Bilhete de Identidade
n.º ooooooooooooooo e/ou Contribuinte Fiscal n.º oooooooooooooooooo.
Cláusula 11.ª
Foro Competente
Para dirimir quaisquer litígios emergentes da execução do presente contrato, as partes acordam
entre si estabelecer como competente o Foro da Comarca de ooooooooooooooooooooo, com a
expressa renúncia a qualquer outro.
(Esta cláusula é facultativa e só deverá ser preenchida se as partes assim o pretenderem e
acordarem.)
Cláusula 12.ª
Resolução Alternativa de Litígios
1. Nos termos do disposto no artigo 18.º da Lei n.º 144/2015, de 8 de setembro, na redação atual,
em caso de litígio ou insatisfação com o serviço prestado poderá o Segundo Contratante recorrer
ao Centro de resolução alternativa de litígios de consumo oooooooooooooooooo com o sítio
eletrónico na Internet ooooooooooooooo, de que a Mediadora é aderente.
2. O disposto no número anterior não priva o consumidor do direito que lhe assiste de submeter
o litígio a apreciação e decisão de um tribunal judicial.
(Esta cláusula só deverá ser preenchida se a empresa de mediação imobiliária for aderente de
alguma entidade de resolução alternativa de litígios de consumo, ao abrigo do disposto na Lei
n.º 144/2015, de 8 de setembro, na redação atual.)
Cláusula 13.ª
Limites aos pagamentos em numerário
Os intervenientes no presente contrato abstêm-se de celebrar ou de algum modo participar
em quaisquer negócios de que, no âmbito da sua atividade profissional, resulte a violação dos
limites à utilização de numerário, previstos no artigo 63.º-E da Lei Geral Tributária, aprovada
pelo Decreto-Lei n.º 398/98, de 17 de dezembro, aditado pela Lei n.º 92/2017, de 22 de agosto, e
de acordo com o artigo 10.º da Lei n.º 83/2017, de 18 de agosto.
Cláusula 14.ª
Proteção de Dados Pessoais
1. Em cumprimento do disposto no Regulamento (EU) 2016/679 do Parlamento Europeu
e do Conselho, de 27 de abril (RGPD), e demais legislação aplicável, no que diz respeito ao
tratamento de dados pessoais e à livre circulação desses dados, o Segundo Contratante
ooo autoriza/ooo não autoriza que os seus dados pessoais recolhidos, transmitidos ou
processados informaticamente pela Mediadora sejam incorporados na sua base de dados. Estes
dados destinam-se a processamentos administrativos, estatísticos e de apresentação/divulgação
de produtos e serviços comercializados.
170
A Anexos
171
A Comprar e vender casa
Local e data
Exmos. Senhores,
Tendo em consideração os spreads praticados por outros bancos, onde, na pior das hipóteses,
me seria aplicado um spread de ooooo%, valor inferior ao estipulado no contrato que mantenho
convosco, venho pela presente solicitar a revisão da taxa de juro associada ao contrato de mútuo
para compra de habitação n.º oooooooooooooooooooooooo, do qual sou titular.
(Assinatura do titular)
oooooooooooooooooooooooo
(1) Oconsumidor poderá ter interesse em anexar a simulação de outra instituição. Nesse caso, será conveniente
referir-se ao documento.
172
A Anexos
173
A Comprar e vender casa
174
A Anexos
175
A Comprar e vender casa
176
A Anexos
177
A Comprar e vender casa
178
A Anexos
Espelhos Mesas de
cabeceira
Diversos
Roupeiros
Sala de jantar ou copa Cómoda ou
toucador
Mesa e cadeiras
Cadeiras
Aparador e armários
Tapetes e
Tapete e cortinados cortinados
Quadros Espelhos
Candeeiros Relógios
Espelhos Quadros
Baixela Objetos de
Cristais decoração
Faqueiros Candeeiros
Jogos de toalhas e guardanapos Aquecedores
Outros Roupa de
cama
Sala Colchas,
Móveis (estantes, mesas) edredões
Sofás Estantes
Quadros Escritório
Objetos de decoração e estatuetas Computador
Livros Impressora
Discos Telefone
Aparelhagem Discos óticos (CD e DVD)
Televisão Livros
Relógio de sala Material profissional
179
A Comprar e vender casa
Outros Garagem
Bicicletas
Cozinha
Materiais de manutenção e de
Móveis
jardinagem
Fogão Ferramentas
Forno Outros
Exaustor
Frigorífico
Objetos especiais
Coleções (selos, moedas, minerais)
Arca frigorífica
Pratas
Máquina de lavar roupa
Joias
Máquina de lavar louça
Máquinas fotográficas e acessórios
Secador para a roupa
Material desportivo (esquis,
Micro-ondas
aparelhos de ginástica)
Esquentador Outros objetos não referidos acima
Pequenos eletrodomésticos
Aspirador
Trem de cozinha TOTAL
Instrumentos de uso doméstico
(facas, tábuas, panelas de pressão,
etc.)
Iluminação
Relógio
Diversos
Casa de banho
Espelhos
Armários
Toalheiros e acessórios
Iluminação
Aquecedores
Diversos
180
A
Legislação
em vigor
A Comprar e vender casa
A legislação que regula as várias áreas abrangidas neste livro é vasta. Desde
a fiscalidade às normas jurídicas que intervêm na elaboração dos contratos
ou são aplicadas na sua ausência, são muitos os diplomas legais que consul-
támos para lhe dar uma perspetiva o mais ampla possível dos vários fatores
que convém conhecer e ter em conta. Para os mais curiosos, deixamos aqui
a indicação da legislação mais relevante para cada capítulo.
CAPÍTULO 1
Os primeiros passos
Atividade de mediação imobiliária
—— Lei n.º 15/2013, de 8 de fevereiro, com a redação do Decreto-Lei n.º 102/2017,
de 23 de agosto;
—— Portaria n.º 228/2018, de 13 de agosto.
Cooperativas
—— Cooperativa na Hora – Decreto-Lei n.º 54/2017, de 2 de junho;
—— Lei n.º 119/2015, de 31 de agosto com a redação da Lei n.º 66/2017,
de 9 de agosto.
Livro de reclamações
—— Decreto-Lei n.º 156/2005, de 15 de setembro, com a redação do Decreto-Lei
n.º 74/2017, de 21 de junho.
CAPÍTULO 2
Escolher a casa
Ficha Técnica da Habitação
—— Decreto-Lei 68/2004 de 23 de março;
—— Portaria 817/2004 de 16 de julho.
CAPÍTULO 3
Financiar a casa
Crédito à habitação
—— Decreto-Lei 220/94 de 23 de agosto;
—— Decreto-Lei 349/98 de 11 de novembro;
—— Decreto-Lei 137-B/99 de 22 de abril;
—— Decreto-Lei 320/2000 de 15 de dezembro;
182
A Legislação em vigor
CAPÍTULO 4
Os cuidados a ter
Contrato-promessa e de compra e venda
—— Código Civil.
Notários e Conservatórias
—— Decreto-Lei n.º 194/2003 de 23 de agosto;
—— Portaria 794-B/2007 de 23 de julho;
—— Decreto-Lei n.º 116/2008, de 04 de julho, com a redação do Decreto-Lei
n.º 99/2010, de 02 de setembro;
—— Decreto-Lei n.º 263-A/2007 de 23 de julho; com a redação do Decreto-Lei
n.º 125/2013, de 30 de agosto;
—— Decreto-Lei n.º 322-A/2001, de 14 de dezembro; com a redação da Lei
n.º 110/2017, de 15 de dezembro.
CAPÍTULO 5
Impostos e outras despesas
Regulamento Emolumentar dos Registos e Notariado
—— Decreto-Lei 322 – A/2001, de 14 de dezembro, com a redação da pela Lei
n.º 110/2017, de 15 de dezembro.
183
A Comprar e vender casa
CAPÍTULO 6
Seguros
Obrigatoriedade do Seguro de Incêndio
—— Código Civil, Artigo 1429.º
CAPÍTULO 7
Depois da compra
Garantias
—— Decreto-Lei n.º 67/2003 de 8 de abril, com a redação do Decreto-Lei
n.º 84/2008, de 21 de maio;
—— Lei n.º 24/96 de 31 de julho; com a redação da Lei n.º 47/2014, de 28 de julho.
Obras
—— Código civil;
—— Decreto-Lei 555/99 de 16 de dezembro; com a redação da Lei 79/2017,
de 18 de agosto.
184
Índice remissivo
Comprar e vender casa
A de compra e venda���������������������������������� 89
Aluimento de terras ������������������������������������141 de mediação imobiliária���������24-27, 167-171
Amortização antecipada�������������������������������77 de mútuo������������������������������������������������� 101
Anunciar a venda �������������������������������������17-19 de desenvolvimento para habitação�������� 42
Área Cooperativa
bruta��������������������������������������������������49, 50 António Sérgio para
habitável�������������������������������������������������� 50 a Economia Social (CASES)���������������������33
útil������������������������������������������������������49, 50 na hora���������������������������������������������������� 39
Áreas mínimas��������������������������������������������� 49 Cooperativas de habitação������������� 32-40, 127
Arrendamento�������������������������������������� 108, 111 Crédito bancário�����������������������48, 62-78, 101,
Autorização de utilização ����������������������88, 89 104, 107, 133, 144-147
Avaliação dos prédios urbanos������������������� 115 Custos de construção controlados ���������������33
C D
Caderneta predial���������������������������������������� 86 Danos por água�������������������������������������������140
Câmara municipal���������������������������������������� 88 Defeitos da casa ���������������������������������� 150-154
Casa Direito de
arrendada������������������������������������������85, 86 preferência������������������������������������������������ 89
em tribunal���������������������������������������������� 85 propriedade���������������������������������������������108
hipotecada ���������������������������������������������� 83 superfície������������������������������������������ 86, 108
penhorada������������������������������������������������ 85 Documento particular�������������������������100, 106
Pronta������������������������������������������������97-100
Simples Casa Segura�������������������������97, 100 E
Cedência de posição��������������������������� 108, 112 Elevadores���������������������������������������������������� 54
Centro de arbitragem da Associação Empreitadas ���������������������������������150, 155-157
dos Industriais da Construção Civil Empréstimo particular ���������������������������������79
e Obras Públicas (AICCOPN)�������������������154 Ester���������������������������������������������������������������67
Certidão do registo predial������������������ 82, 105 Euribor����������������������������������������������������64, 68
Certificado energético����������������������������������� 19 Execução específica������������������������������� 95, 151
Coeficiente de
afetação��������������������������������������������������� 116 F
desvalorização da moeda��������������� 125, 126 Fachada do prédio �������������������������������������� 53
localização������������������������������������������������117 Fenómenos sísmicos���������������������������� 137, 173
qualidade e conforto�������������������������117, 118 Ficha técnica da habitação�������������������������� 20
vetustez�������������������������������������������� 116, 119 Financiamento �������������������������������������� 60-80
Compra em planta �������������������������������� 46, 47 Franquias����������������������������������������������������� 139
Compropriedade����������������������������������������� 110 Furto�����������������������������������������������������������140
Condomínio������������������������89-91, 161-164, 128
Conservatória do registo predial�����82-86, 105 G
Contas poupança-habitação������������������������ 60 Garagens������������������������������������������������������ 53
Contrato Garantias
-promessa de compra e venda�����89, 91-97, da empreitada���������������������������150, 155-157
106, 151 do imóvel������������������������������������������ 150-154
186
Índice remissivo
H Penhora��������������������������������������������������85, 94
Habitação social������������������������������� 16, 40-42 Permuta de imóveis ��������������������������� 108, 110
Hipoteca�����������������������������������������������83, 105 Plano Diretor Municipal (PDM)�������������������� 88
Prazo do empréstimo�����������������������������������76
I Preço do
Imposto empréstimo����������������������������������������� 62-70
adicional ao IMI��������������������������������������� 122 imóvel������������������������������18, 22, 48, 56, 94
de selo��������������������������������������������� 106, 107 Prédio
Municipal sobre Imóveis (IMI)����107, 115-122 rústico������������������������������������������������������ 86
Municipal sobre as Transmissões urbano������������������������������������������������������ 86
Onerosas de Imóveis (IMT)�������106, 108-115 Prestação fixa���������������������������������������� 68, 70
sobre o Rendimento das Pessoas Privação temporária do uso
Singulares (IRS)�������������������������������� 123-128 da habitação segura��������������������������������141
Incêndio�����������������������������������������������130, 140 Promessa unilateral de compra�������������91, 93
Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário Promoção imobiliária����������������������������� 30-32
e da Construção (IMPIC)���������������20, 21, 27 Propriedade horizontal�������������������������������� 90
Inundações��������������������������������������������������141
R
J Reconhecimento presencial
Julgados de paz������������������������������������������� 153 das assinaturas�������������������������������� 96, 106
Redução automática de capital ����������������� 135
L Registo de hipoteca�������������������������������������105
Leasing imobiliário ����������������������� 80, 112, 128 Regra proporcional������������������������������������� 134
Legislação�������������������������������������������� 182-184 Regulamento do condomínio����������������������� 91
Licença de utilização������������������������������������ 88 Reserva do imóvel���������������������������� 91, 92, 93
Lista de avaliação do recheio��������������������� 179 Resolução alternativa de litígios�����������������154
Localização do imóvel���������������������������� 50, 52 Roubo ���������������������������������������������������������140
Lugares de garagem������������������������������������ 53
S
M Seguro
Mais-valias�������������������������������������������� 123-128 de incêndio�������������������������������������130, 140
Matriz predial �����������������������������������������������87 de vida e invalidez�����������������������������144-147
Mediadoras imobiliárias�������������������������20-30 multirriscos-habitação����������������107, 130-141
multirriscos-condomínio������������������ 142-144
N Serviço de Finanças�������������������������������������� 86
Nua-propriedade����������������������������������������� 110 Sinal�������������������������������������������������� 91, 93, 95
Spread����������������������������������������������������67, 172
O
Objetos especiais����������������������������������������� 134 T
Obras���������������������������������������������150, 157-164 Taxa de esforço��������������������������������������48, 68
Telhado�������������������������������������������������������� 53
P Tempestades�����������������������������������������������140
Partes comuns do prédio ���������������������������� 54 Tipologia�������������������������������������������������18, 49
187
Comprar e vender casa
U
Uso e habitação ��������������������85, 107, 108, 110
Usufruto�������������������� 85, 86, 107, 108, 110, 111
V
Valor
de construção����������������������������������������� 116
de substituição em novo������������������������� 133
de reconstrução������������������������������� 132, 133
patrimonial����������������������� 110, 115, 120, 121
188
Um livro indispensável para quem vive, ou vai viver,
num prédio com condomínio organizado.
Também em versão digital.