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INSTITUTO DE LINGUAGENS
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
Interatividade é um termo muito recorrente nos dias atuais, seja na internet (ela
interativa em sua concepção), seja em campanhas publicitárias ou em programas
televisivos. No caso da televisão, o surgimento das tecnologias de TV digital abriu
caminho para uma interatividade muito mais próxima do verdadeiro significado da
palavra do que o uso que muitos programas fazem do termo. Este movimento, que é
chamado por Valdecir Becker de convergência tecnológica, traz muitas novas
possibilidades tanto na integração da internet com a televisão – com transferência de
dados, quanto na criação de novas relações entre produtores de conteúdo e
telespectadores. Isto não implica necessariamente no desaparecimento da tecnologia
analógica, a televisão como temos hoje continuará existindo, mas novos caminhos serão
abertos pelas tecnologias da comunicação “para suprir todas as necessidades pessoais de
lazer, entretenimento, educação, cultura, informação e comunicação”.
Toda essa convergência parte do princípio de que informações e dados podem ser
transformados em códigos, e dessa forma podem convergir num mesmo suporte, dando
amplas possibilidades de interação. Soma-se a isso a pulverização dos meios de emissão
e recepção de mensagem (computadores pessoais, televisões digitais, etc.), e então
temos um quadro que aponta para uma maior participação do receptor na criação da
própria mensagem.
O suporte tecnológico no qual a televisão digital opera é muito mais eficiente do que o
suporte analógico utilizado até então. Se antes em uma faixa de 6Mhz as emissores
tinha a possibilidade de transmitir somente um quadro de programação, com a
digitalização da TV existe a possibilidade deste número aumentar, no mínimo, para
quatro. O padrão MPEG2 codifica o sinal a 4 Mbps, por exemplo, fazendo com que
caibam quatro canais simultâneos. Isto implica em maior produção de conteúdo
audiovisual para ocupar todo este espaço, e/ou criação de serviços interativos utilizando
canais vagos. O conceito de televisão passa de um meio de comunicação de via única
para um meio essencialmente interativo, desde a escolha – pelo receptor – de qual faixa
assistir, de qual programa escolher, até se quer ou não participar de determinada enquete
em tempo real, ou comprar o produto que fez merchandising no programa. Televisão
digital é tudo aqui, tudo agora, tudo em tempo real. E essa dinâmica assusta.
As redes televisivas talvez não se sintam muito a vontade para implementar toda esta
interatividade em sua transmissão. Vemos já há algum tempo que a televisão digital de
alta definição já é uma realidade, porém os concessionários de redes públicas
pressionaram para que a parte interativa fosse aplicada somente em um segundo plano –
para elas, a boa notícia (de imediato, ao menos) era somente o aumento da qualidade da
transmissão com o sinal digital. A causa disto veremos a seguir.