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O documento discute as diferenças entre ciências naturais e sociais, sendo que as últimas lidam com fenômenos complexos que dependem do contexto cultural e social. Apresenta também os três campos da Antropologia: biológica, arqueológica e cultural. Por fim, descreve três planos de consciência antropológica relacionados a cada campo.
O documento discute as diferenças entre ciências naturais e sociais, sendo que as últimas lidam com fenômenos complexos que dependem do contexto cultural e social. Apresenta também os três campos da Antropologia: biológica, arqueológica e cultural. Por fim, descreve três planos de consciência antropológica relacionados a cada campo.
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O documento discute as diferenças entre ciências naturais e sociais, sendo que as últimas lidam com fenômenos complexos que dependem do contexto cultural e social. Apresenta também os três campos da Antropologia: biológica, arqueológica e cultural. Por fim, descreve três planos de consciência antropológica relacionados a cada campo.
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Fichamento de “Relativizando – Uma Introdução à Antropologia” de Roberto Damatta
Na primeira parte do livro Damatta busca explicar a Antropologia como uma
Ciência. Ele inicia sua argumentação estabelecendo a diferença entre “ciências naturais” e “ciências sociais”, o que segundo ele é importante na contextualização de um dos campos da Antropologia, a Antropologia Social ou Cultural. As ciências naturais se dedicam ao estudo de fatos simples, que possuem suas causas facilmente identificadas e isoladas, podem ser vistos e reproduzidos em laboratórios. A partir da observação, a teoria originada pode ser testada por diferentes observadores, independentemente dos locais em que estes se encontrem. Isso confere a essa área de estudos caráter objetivo. Apesar de serem facilmente observados, classificados e explicados, os fenômenos das ciências naturais, geralmente, encontram problemas na sua aplicação: “...Nada mais simples e bem-vindo do que o isolamento de um vírus e nada mais complexo do que esse próprio isolamento permitindo a realização de guerras bacteriológicas e de contaminação.” (Damatta, pág. 20). As ciências sociais, por sua vez, trabalham com fenômenos complexos, com causa e determinação complicadas. Na maioria das vezes não é possível criar uma teoria que proponha uma única causa para o fenômeno, os mesmos eventos quando ocorrem em locais diferentes podem ter significados distintos. Tais eventos não podem ser reproduzidos, e por isso, as ciências sociais estudam fatos que não estão mais ocorrendo. Os resultados desses estudos não costumam se transformar em tecnologia ou em ideologias fortemente aceitas pela população, assim sendo, não agem diretamente sobre o mundo. As ciências sociais não possuem a objetividade fornecida por uma experiência, suas reconstruções não são completas e dependem de documentos, observações e são sujeitas a subjetividade do observador, sua educação, preconceitos, sua experiência de vida e seus interesses. Além das diferenças já citadas entre os dois tipos de ciências, o autor destaca o fato de que nas ciências naturais existe um distanciamento entre o sujeito que observa e o objeto observado. Esse distanciamento impede que o observado conteste o observador e que mude seu comportamento por causa das teorias criadas a seu respeito. Já nas ciências sociais, como disse Lévi-Strauss, o observador e o observado estão no mesmo patamar, ambos fazem parte do universo das experiências humanas. A partir da observação de uma cultura diferente é possível perceber, tomar ciência, da própria cultura. Através da comparação feita, é possível relativizar o sistema ao qual pertencemos. Outro aspecto essencial é o de que nas ciências sociais os fenômenos são avaliados pelo investigador sob sua própria ótica e sob a ótica da sociedade estudada, com o próprio nativo. Este exprime seu ponto de vista e, muitas vezes, questiona a teoria apresentada, podendo invalidá-la. A Antropologia possui três campos distintos: a Antropologia Biológica, vendo o homem como um ser biológico, enfatizando seu físico, sua carga genética, seu percurso evolutivo e sua interação com outros seres vivos; a Arqueologia, que se encarrega do estudo das sociedades do passado, valendo-se de pistas deixadas por elas, como artefatos de cerâmica, cemitérios e escritos, para remontar o sistema em que viviam; e a Antropologia Cultural ou Social, que defende a idéia de que a cultura e a sociedade formadas por um povo não foram originadas apenas através de uma superação de obstáculos impostos pelo ambiente ou por outros grupos, mas também a partir da reflexão e criação feitas pelo Homem. A Antropologia Social identifica a dimensão da cultura e da sociedade através de dois planos: instrumental e cultural/social. No primeiro as respostas dadas pelos indivíduos diante de um desafio são diretas, não havendo uma reflexão sobre a ação. No segundo plano, o homem interage com o ambiente, responde a suas adversidades de forma consciente, pensada e não por impulso. Por último, o autor aborda os três planos de Consciência Antropológica. O primeiro é a consciência física, que faz parte da Antropologia Biológica, aborda as mudanças do corpo humano e suas evoluções, comparando-o com outros animais. Os acontecimentos considerados estão num passado muito distante (“história fria”) e acontecem de forma lenta. O segundo plano é o da consciência arqueológica, nele a escala de tempo está em milhares de anos e os acontecimentos são importantes porque permitem a diferenciação das civilizações, dos sistemas produtivos e dos regimes políticos. Também se refere a uma “história fria” e lenta. A terceira consciência pertence à Antropologia Cultural ou Social, o tempo a que se refere é o da história atual e os fatos e as sociedades passam a serem vistos de uma forma complexa e racional.