Sie sind auf Seite 1von 4

Módulo 10.

Hermenêutica Jurídica Contemporânea II

Unidade 04. Teoria de Ronald Dworkin: Direito como integridade

07.08

1. Direito como integridade

A concepção do direito como integridade se estrutura sobre uma conexão racional


hermenêutica-crítica entre o direito e a moral. Não joga para fora do sistema questões
relativas ao dever-ser e a maneira como os juízes deveriam julgar, e julgam, as
questões que lhes são colocadas. As proposições jurídicas não são, em essência,
meramente descritivas, mas interpretativas.

O seu poder de justificação do uso da força constitui a força do direito, cujo estudo é
geralmente legado aos filósofos do direito os fundamentos do direito, isso porque há
uma concordância acerca da força do direito, isto é, de que o direito deve ser
obedecido e cumprido.

Dworkin deixa claro que o raciocínio jurídico é um exercício de interpretação


construtiva de que nosso direito constitui a melhor justificativa do conjunto de nossas
práticas jurídicas, e de que ele é a narrativa que faz dessas práticas as melhores
possíveis.

Segundo esse ponto de vista, a estrutura e as restrições que caracterizam o argumento


jurídico só se manifestam quando identificamos e distinguimos as diversas dimensões,
frequentemente conflitantes, do valor político; os diferentes fios intratecidos do
complexo juízo, segundo o qual, em termos gerais, e após exames de todos os
aspectos, uma interpretação torna a história do direito a melhor de todas.

Na tese de integridade no Direito o autor desenvolve a concepção do direito como


integridade no qual nega-se a concepção do direito meramente factual ou
convencionalista, ou seja, o direito como integridade nega as manifestações do direito
como relatos factuais do convencionalismo voltados para o passado ou programas do
pragmatismo jurídico voltados para o futuro.

Para o convencionalismo a prática jurídica é uma questão meramente de respeitar e


aplicar convenções, não apresenta um direito a ser aplicado, uma vez que o direito
completo não existe por convenção, uma vez que novos problemas surgirão.

Para esta teoria, na falta do direito a ser aplicado no caso concreto, a decisão que o
juiz deve tomar é discricionária. Depreendendo-se de que os juízes devem respeitar as
convenções jurídicas em vigor em sua comunidade, a não ser em raras circunstâncias
de que ele não existe direito à não aquele extraído das decisões técnicas advindas da
convenções.
O pragmatismo jurídico é para Dworkin uma concepção cética do direito. Nega que
uma comunidade assegure alguma vantagem real ao exigir que as decisões de um juiz
sejam verificadas por qualquer suposto direito dos litigantes à coerência com outras
decisões políticas tomadas no passado. Isto é, o pragmatismo afirma que as pessoas
nunca têm direito a nada, a não ser à decisão judicial que se revela a melhor para a
comunidade, afastando-se de qualquer decisão política do passado. A negativa dos
direitos consiste de que as pessoas nunca terão direito àquilo que seria pior para a
comunidade apenas porque há uma legislação que assim estabelece.

O princípio da integridade política requer que, até onde seja possível, nossos juízes
devem tratar nosso sistema atual de normas públicas como expressão em respeito de
um conjunto coerente de princípios e, a partir dai, interpretem as normas públicas de
modo a descobrir normas implícitas e normas explicitas. Tal postura implica em instruir
os juízes a identificar direitos e deveres legais, coadunado ao pressuposto de uma
comunidade personificada, em que se tem a concepção coerente de justiça e
equidade.

O direito como integridade supera o convencionalismo e pragmatismo jurídico. O


autor entende que tanto o convencionalismo, quando o pragmatismo, não são
programas de interpretação, pois não requerem dos juízes que façam um novo exame
interpretativo da doutrina jurídica para a resolução dos casos difíceis; isto porque o
convencionalismo se contenta com o mero estudo do repertório jurídico e dos
registros parlamentares para o processo decisório, enquanto o pragmatismo apenas
exige que os juízes decisão instrumentalmente conforme a melhor regra para o futuro.

Em contrapartida, o direito como integridade é a fusão da interpretação abrangente da


prática jurídica, bem como sua fonte de inspiração: os juízes continuam no processo de
interpretação das práticas jurídicas. É nessa postura que a integridade e a história
institucional se unem, onde direito começa no presente e só se volta para o passado
na medida em que a contemporaneidade reclama. Neste sentido Dworkin afirma que a
história é importante, porque esse sistema de princípios deve justificar tanto o status,
quanto o conteúdo dessas decisões anteriores.

Dessa forma, o direito como integridade não tem por objetivo aplicar no presente os
ideais ou objetivos daqueles que o criaram primeiro, pelo contrário, ele se preocupa
com o presente e somente se voltará para o passado de houver necessidade.

Para Dworkin os juízes são ao mesmo tempo autores e críticos do direito. São autores
na medida em que introduzem algo na tradição que interpretam; e críticos quando
futuros juízes se deparam com a tradição construída por seus antecessores.

Para compreender o direito como integridade, Dworkin traz à tona a metáfora do


Romance em Cadeia, consistente na elaboração de um romance por um grupo de
escritores, em que é feito um romance em série. Trata-se de um romance em que cada
romancista da cadeia interpreta os capítulos que recebeu para escrever um novo
capítulo, que é então acrescentado ao que recebe o romancista seguinte, e assim por
diante. Espera-se que cada autor dê continuidade ao capítulo anterior e que o
resultado dessa tarefa seja o melhor romance possível.

Cada autor deverá fazer uma avaliação geral da sua parte, de forma que a
interpretação adotada possa ser aprovada pelo “teste” da adequação, ou seja, o
romancista em cadeia terá de encontrar uma interpretação que apreenda a maior
parte do texto, admitindo que este não é plenamente bem-sucedido.

Dworkin afirma que a interação entre adequação e justificação é uma seara de grande
complexidade, uma vez que implica no equilíbrio entre distintas convicções políticas e
para uma possível superação, ou minimização desta complexidade.

A figura fictícia do juiz de Hércules é novamente abarcada. O juiz deve conhecer as


decisões que juízes anteriores deram em casos semelhantes e considerá-las como
integrantes de uma história a que ele deve interpretar e continuar da melhor forma
possível e conforme seu entendimento.

O direito como integridade é apresentado a partir de dois pressupostos que toda


interpretação deve assumir: a ideia de adequação e a ideia de justificação. A
interpretação exigiria um complicado balanceamento entre ambos estes aspectos, que
poderiam ser chamados de formais e substantivos, respectivamente. Formalmente, o
juiz deve ser indagar como a interpretação por ele produzida se adequa à história
institucional da prática jurídica em questão e, em termos substantivos, o juiz deve
procurar a intepretação que pode fazer desta prática a melhor possível. O objetivo da
busca de tal adequação é sempre modificado e afetado pelo papel da justificação: a
intepretação coloca o que está sendo interpretado dentro de um contexto, ou gênero,
ou prática da qual o objeto faz parte e seu objetivo é o de fazer destes o melhor que
eles podem ser.

Aplicando o processo de produção de romance em cadeia ao processo decisório,


verificamos que para o juiz chegar ao veredicto deverá realizar uma interpretação que
se adapte aos fatos anteriores e, ao mesmo tempo, os justifique, na medida do
possível. Assim, da mesma forma que no romance, o juiz deve conhecer as decisões
que os juízes anteriores deram em casos semelhantes, e as considerar como parte
integrante de uma história a que ele deve interpretar e continuar da melhor forma
possível, bem como em conformidade com seu entendimento.

O direito como integridade pressupõe que juízes deverão decidir atrelados a um


conjunto de princípios sobre a justiça, a equidade e o devido processo legal. A
integridade é crucial quando se trata de decisão consubstanciada em princípios e não
em argumentos políticos.

Os argumentos de política são, de um modo geral, utilitaristas, com observância às


prioridades políticas de cada período.

Os juízes deverão, na dimensão da adequação, encontrar uma intepretação que


enuncie o melhor aspecto da moral política, e tal tarefa dependerá das convicções
sobre justiça e equidade, que são virtudes que constituem a moral política, ou melhor,
de qual princípio do direito deve ser seguido.

Dessa forma, podemos concluir que o direito como integridade é um conceito


interpretativo que terá o melhor direito a ser aplicado, se abarcar as decisões políticas
tomadas no passado e a levando em considerando a perspectiva interna do caso
concreto. No direito como integridade o processo de interpretação é convalidado por
todos os participantes, assim como é na intepretação do romance em cadeia.

Das könnte Ihnen auch gefallen