Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
Escola de Engenharia
UNIVERSIDADE DO MINHO Guimarães, 7Departamento
de Abril de 2010
de Engenharia Mecânica
Especialização II
ii
Abstract .................................................................................................................................... ii
Classificação..........................................................................................................................2
Formabilidade.........................................................................................................................11
Maquinabilidade .....................................................................................................................15
Fabricação ..............................................................................................................................23
Aplicações...............................................................................................................................24
Conclusão ...............................................................................................................................27
Anexo I .....................................................................................................................................a
Anexo II ....................................................................................................................................b
iii
iv
vi
ASTM American Society for Testing and Materials Sociedade americana para o
ensaio de materiais
BHN Brinell Hardness Number Número de dureza brinell
Classificação
Os aços inoxidáveis Duplex são ligas constituídos por uma estrutura dupla CCC (cúbica de
corpo centrado) ferrítica e CFC (cúbica de faces centradas) austenítica, sendo a quantidade de
cada fase em função da composição e do tratamento térmico.
Para esta família os elementos de liga principais são o Cr e Ni com teores da ordem dos 22 a
27,5% e 3,7 a 7% respectivamente.
Como estes aços têm uma microestrutura que consiste em austenite e ferrite, este
“mix”permite uma resistência à corrosão própria dos aços inoxidáveis austeníticos com uma
resistência a tensões própria dos ferríticos Esta família de aços inoxidáveis permitem a
soldadura, embora necessite de ser realizada com cuidado para que se mantenha o correcto
balanço entre a austenite e ferrite.
Quanto à sua expansão térmica, esta situa-se entre valores registados para ligas austeníticas e
ferríticas, enquanto outras propriedades térmicas são similares ao aço carbono. Quanto à sua
resposta à formabilidade, este material responde de forma razoável.
Porque os ferríticos?
Nos últimos aos, tem-se verificado uma instabilidade do custo de várias matérias-primas
associadas aos aços inoxidáveis como é caso do cobre, zinco e principalmente o Ni. Esta
variação diária presente no mercado tem afectado os fabricantes e utilizadores do aço
inoxidável. No
Gráfico 2 seguinte pode-se visualizar o preço do Ni, nos últimos 6 meses.
Este é um elemento de liga comummente usado nos aços inoxidáveis austeníticos da série 300.
No gráfico observa-se um aumento gradual do valor da matéria-prima durante os últimos 6
meses, sendo que a variação diária e falta de controlo sobre este fenómeno, também afecta os
produtores, levando a um inevitável aumento e destabilização do custo dos seus aços.
Perante esta situação tem-se verificado que alguns utilizadores têm procurado soluções que
estejam mais em conta, e que não estejam tão dependentes do Ni, como acontece nos
austeníticos (que contêm muito Ni na sua constituição), substituindo estes por materiais que
tenham características similares para os seus produtos ou aplicações.
Os aços inoxidáveis ferríticos são materiais com um preço baixo, que responde bem às
necessidades dos projectos de características de alta qualidade, sendo assim uma excelente
alternativa a aplicações supostamente de exclusividade austenítica. Estes são, materiais mais
baratos quando comparados aos austeníticos, devido essencialmente ao custo mais baixo por
parte do Cr quando comparado com o Ni como se pode visualizar o Gráfico 3.
Desta comparação entre custos expostos nestes dois últimos gráficos, observando-se um valor 5
muito superior para o metal Ni relativamente ao Cr, que é utilizado em elevadas percentagens
no inoxidável ferrítico em vez do Ni empregue no inoxidável austenítico.
6
Figura 1 – Estrutura granular do aço inoxidável ferrítico
De forma a perceber melhor as características dos vários grupos acima referenciados e várias
ligas, de seguida serão abordados alguns elementos constituintes de forma a perceber de que
forma influenciam o material final.
Carbono (C) - Este elementos providencia um aumento da resistência, podendo no entanto ter
um efeito adverso no que à resistência à corrosão diz respeito pela formação de carbonetos de
Cr. O carbono também é um estabilizador da austenite.
Cromo (Cr) – Considerado o elemento mais importante na produção das ligas de aço inox. Este
elemento tem como função a formação de um filme de superfície passivo, de forma a proteger
o aço da oxidação, descamação, desgaste e à tracção. Para que o óxido de protecção se forma
de forma confiável, é requerido um mínimo de 10,5% deste elemento químico.
Titânio (Ti) – Utilizado como um elemento estabilizador, este elemento é importante de forma
a controlar, ou não, conforme o desejável o nível do carbono. Outros elementos podem ser
utilizados como estabilizadores, sendo exemplo o nióbio (Nb) e o zircónio (Zr). Como estes
9
elementos têm maior afinidade ao carbono do que o Cr, formam-se carbonetos de carbono em
vez de carbonetos de Cr prevenindo o empobrecimento localizado do Cr.
Propriedades físicas
No refere ao aço inoxidável ferrítico, pode-se dizer que após análise das tabelas de
propriedades físicas referenciadas no Anexo I este material tem características similares em
vários pontos comparativamente ao aço inoxidável austenítico, como a densidade que é de
cerca 8 kg/m3 e módulo de Young que é aproximadamente de 200 MPa. No entanto existem
certas propriedades chave que são também diferentes, como a capacidade de magnetizarem.
Outras propriedades dos ferríticos podem ser realçadas, comparativamente com os
austeníticos, como a condutividade térmica, de algumas séries como a 409/410, 430 e 439
entre outros que é superior quando comparados com os austeníticos. Esta característica
significa que o material tem uma difusão de calor mais eficaz, tornando este adequado para
várias aplicações onde se necessite de trocas de calor.
O coeficiente de expansão térmica dos aços inoxidáveis ferríticos é similar ao do aço carbono e
muito mais baixo que o do aço inoxidável austenítico. Consequentemente, os ferríticos
deformam-se menos quando aquecidos o que implica uma menor distorção de peças quando
soldadas comparativamente com os inoxidáveis austeníticos.
Propriedades Mecânicas
De forma a compreender o comportamento do material para uma possível selecção e
aplicação deste é primordial conhecer as suas características mecânicas, de forma a comparar
com outros materiais. Relativamente ao comportamento mecânico do aço inoxidável ferrítico,
pode-se referir que após análise das tabelas de características mecânicas referenciadas no 10
Anexo II, estes apresentam nomeadamente para ligas da série 405 e 409, tensões de limite de
elasticidade similares aos seus concorrentes austeníticos, tendo no entanto menores valores
Formabilidade
A formabilidade retrata a capacidade do material ser modificado plasticamente. Esta
propriedade intrínseca de um material varia consoante as características mecânicas, como a
tensão de limite de elasticidade, a tensão máxima à tracção e ductilidade. Através destas
características é possível definir os mínimos esforços necessários de forma a deformar
plasticamente um material.
11
Quanto ao aço inoxidável, este é conformado através de processos mecânicos semelhantes ao
aço carbono, havendo no entanto normais diferenças no que diz respeito aos parâmetros do
equipamento em causa.
Relativamente à comparação entre os aços inox, o austenítico apresenta uma capacidade para
a deformação antes de falha superior.
De forma a auxiliar de guia à deformação máxima antes de falha no Gráfico 6 seguinte são
definidas para repuxo e processos de estiramento, as curvas de limite de conformação para os
principais aços inoxidáveis.
12
Por estas curvas é possível definir as deformações locais, durante e depois da deformação,
longitudinal e transversal, combinando os efeitos. Sendo que para este Gráfico 6 quanto mais
elevada se encontrar a curva, maior conformabilidade apresenta o metal.
No que se refere à conformação a frio, é importante denotar o também diferente
comportamento ao encruamento. Para os aços inoxidáveis os esforços necessários são
consideravelmente maiores quando comparado ao aço carbono como realçado no Gráfico 7
seguinte.
13
Nesta Tabela 6 pode-se então realçar a maior capacidade à formabilidade do aço inoxidável
ferrítico, sendo que para as suas séries de diferentes aços, quase todos demonstram um
comportamento excelente (A) ou bom (B)
14
No entanto, no que refere à classificação dos vários materiais à maquinabilidade, não existe
um consenso pleno por parte da comunidade científica, existindo vários tipos de testes
diferentes para classificação como:
Vida útil da ferramenta de corte
Acabamento superficial
Força de corte
Temperatura de corte
Potência de consumo
Taxa de penetração da ferramenta a pressão constante
15
Produtibilidade (Simulação de produção)
Como a maquinabilidade depende de várias variáveis intrínsecas ao processo de maquinagem
e há vários critérios de maquinabilidade, um possível ranking da maquinabilidade deve ser
É importante também referir que o Gráfico 8 toma como material referência o aço inoxidável
martensítico 416, tendo este uma cotação normal de 100%.
Os elementos de liga mais importante no que ao aumento da maquinabilidade dos metais diz
respeito são aqueles que formam inclusões no material. Tais aditivos incluem, enxofre, selénio,
telúrio, chumbo, bismuto e certos óxidos. 16
Um dos elementos com o desígnio de aumentar a aceitação à maquinagem por parte dos aços
inoxidáveis é o enxofre. O uso deste elemento para estes fins deu-se a partir dos inícios dos
Pelo Gráfico 9 pode-se observar que para um mesmo teor de por exemplo 0.2% de selénio e
enxofre, o comportamento à maquinagem é diferente, sendo o processo de mais fácil
execução para uma liga com enxofre em vez de selénio, obtendo-se uma poupança de tempo
da ordem dos 2 segundos neste caso.
Resistência à corrosão
Todos os aços são susceptíveis de perder as suas características mecânicas face às
agressividades do meio ambiente. No entanto os aços inoxidáveis notabilizaram-se pela sua
elevada capacidade de resistência a estas agressividades, mantendo as suas propriedades
mecânicas e aspecto “saudável” por muito mais tempo. 17
Como já referido no capítulo que retrata a Constituição química dos aços inoxidáveis ferríticos
o Cr é tido como o principal agente que promove a resistência à corrosão, sendo esta
18
No gráfico anterior, pode-se observar, que o grupo 4 dos aços inoxidáveis ferríticos com a
tonalidade de verde é o que melhor responde à série de referência 304. O grupo 4 é
constituído por séries de ligas que apresentam na sua constituição química um teor de Mo
superior. Este é o elemento de liga que diferencia este grupo relativamente aos restantes, que
nos outros grupos de inoxidáveis ferríticos ou não existe, ou quando é utilizado, é em teores
escassos. Assim, e como já referido anteriormente, conclui-se que o molibdénio é um
elemento que aumenta a resistência à corrosão essencialmente a do tipo localizada.
No Gráfico 11 faz-se ainda referência ao factor PRE (Pitting Resistence Equivalent). Através
deste factor é possível criar uma escala que visa a comparação dos vários materiais face ao
tipo de corrosão por pites. Este tipo de corrosão caracteriza-se por atacar materiais que
apresentam a formação de películas protectoras como os aços inoxidáveis. Como resultado da
corrosão geram-se pequenos pontos onde se dá o rompimento da camada passiva.
O PRE é baseado numa fórmula para ferríticos que leva em conta as quantidades de Cr e
Mo, como se demonstrado na Equação 1.
Nesta equação pode-se verificar que o Mo é tido como sendo 3.3 vezes mais eficiente do que o
Cr no que à resistência à corrosão por pites diz respeito, embora o Cr seja visto como essencial,
de forma a promover a protecção básica.
Através do valor de PRE é então possível comparar vários materiais à resistência à corrosão
para fins de selecção, de uma forma simples sem se necessitar de fazer experiências no 19
terreno. No Gráfico 12 faz-se esta comparação do factor PRE para várias ligas ferríticas e austeníticas,
segundo diferentes ambientes de concentrações de cloreto
É assim mais uma vez perceptível a boa resposta por parte dos inoxidáveis ferríticos face a à
resistência à corrosão para ambientes hostis como é o marítimo, podendo-se observar a
mesma resistência ou índice de PRE, por parte de várias ligas de aços inoxidáveis ferríticas
relativamente às austeníticas.
Na seguinte Figura 3 é possível observar um teste à corrosão em ambiente marítimo e
industrial que foi realizado por um período de exposição de 12 meses.
Mais uma vez e de acordo com o Gráfico 12 é possível observar na Figura 3 anterior uma
resposta positiva, ou seja, um registo de corrosão por parte do aço inoxidável ferrítico da série
430 relativamente ao da série 304 austenítico muito similar.
Do Gráfico 12 pode-se ainda realçar que diferentes ligas, deverão ser escolhidas mediante o
ambiente a que estas estarão sujeitas. Assim o Gráfico 13 surge de forma a auxiliar a selecção
de uma liga de aço inoxidável ferrítica mediante a sua aplicação e grau de resistência à
corrosão atmosférica.
20
De notar que este último parâmetro também deverá ser levado em conta, pois para certas
aplicações poderá ser aceite uma determinada corrosão localizada, em favor de uma política
de economia de custos, derivado da selecção de uma liga mais em conta economicamente,
não perdendo o material as suas propriedades fundamentais para que foi seleccionado.
Qualidade superficial
As superfícies dos componentes têm de ser adequadas ao tipo de aplicação para que o
material foi seleccionado. Por este motivo, é importante seleccionar o tipo de qualidade para
acabamento superficial de forma corresponder à exigência pedida. No que refere à selecção da
rugosidade final, esta poderá ter que corresponder a várias considerações como:
Aparência
Performance
Especificações de produto
Estas considerações enunciadas dizem respeito a determinadas especificações que são
solicitadas pela demanda levando à aplicação de processos específicos. No entanto a aplicação
pode não ter especificações rigorosas imperando destra forma o processo de produção mais
económico possível.
De forma a dar uma perspectiva da rugosidade final esperada para um determinado processo
de maquinagem em aço inoxidável ferrítico, na Tabela 8 pode-se visualizar vários processos de
produção de peças e respectivos limites de rugosidade média aritmética Ra.
21
Por esta tabela anterior, pode-se concluir que para valores mais estritos de Ra, são necessários
processos mais caros de maquinagem. É também interessante de visualizar, que os intervalos
de Ra possíveis de executar para diferentes processos varia, havendo tecnologias capazes de
executar uma vasta gama de qualidades superficiais.
Selecção de Materiais
A escolha do aço inox deverá ser realizadas segundo alguns factores da selecção como a
resistência à corrosão, características de fabrico, viabilidade, propriedades mecânicas a
temperaturas específicas da aplicação e custos. No entanto a resistência à corrosão e as
propriedades mecânicas são usualmente os únicos factores que são levados em conta no
momento da selecção do aço inox.
As características a ser consideradas no momento da selecção do tipo de inoxidável apropriado
para uma dada aplicação inclui: 22
Resistência à corrosão
Resistência à oxidação e sulfidação
Fabricação
Uma das principais vantagens do aço inox, é a sua capacidade de ser fabricadas por todas as
técnicas de fabricação padrão, utilizadas para os aços carbono. Os aços ferríticos comuns
podem ser dobrados, curvados e profundamente elaborados. Devido à resistência dos
materiais de alta e muito alta taxa de endurecimento de trabalho todas essas operações
exigem mais força do que para os aços carbono, assim é normal que se necessite de uma
máquina com capacidade de aplicar maiores esforços. Os aços inoxidáveis apresentam uma
ductilidade muito elevada, sendo susceptíveis de ser fortemente trabalhados a frio. Poucos
outros metais são capazes de alcançar este grau de deformação, sem falhas.
Para a produção de chapa de aço inoxidável é apresentado de seguida a Figura 4 com a
intenção de realçar as várias técnicas do processo de fabrico de uma chapa.
23
Aplicações
Os aço inoxidáveis ferríticos sã normalmente aplicados devido a quatro factores de maior
tendência que conjugados os diferencia dos aços ao carbono, estes são a:
Resistência à corrosão
Resistência à oxidação
Resistência mecânica
Aparência
No entanto outros factores são importantes, quando se refere aos inoxidáveis ferríticos, como
a capacidade de serem magnéticos que em algumas aplicações oferecem uma série de
vantagens técnicas.
No entanto uma característica que já foi abordada e que muitas vezes não é levada a sério, é a 24
sua boa aparência. Esta é brilhante e atraente, sendo a sua manutenção no que refere a este
item de fácil limpeza e muito simples quando comparada com outros materiais. A sua
25
Figura 9 – Corrimão Figura 10 – Poste de iluminação
(aço inoxidável tipo 430) (aço inoxidável tipo 439)
26
27