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Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica Especialização II

Escola de Engenharia
UNIVERSIDADE DO MINHO Guimarães, 7Departamento
de Abril de 2010
de Engenharia Mecânica

Especialização II

Trabalhabilidade do Aço Inoxidável Ferrítico


Eng. Mecânica

Sérgio Filipe Martins Gonçalves


Número mecanográfico 47003

Guimarães, 7 de Abril de 2010


Resumo
No âmbito da unidade curricular Especialização II, este relatório técnico foi realizado com o
intuito de estudar o aço inoxidável ferrítico no que diz respeito à sua trabalhabilidade, que por
outras palavras se pode definir como uma análise às capacidade deste material ser preparado
e aplicado a uma função.
Seguido isto, neste trabalho foi primeiramente abordado o material aço inoxidável como um
todo. Com isto se pretende fazer uma abordagem generalista sobre as propriedades
transversais a este tipo de aço, avançando de seguida para uma convergência ao aço
inoxidável ferrítico (que é o material de estudo) que passa primeiramente por uma forma de
distinção ou classificação dos de aços inoxidáveis, analisando-se também no decorrer desse
capítulo as propriedades e características de outros tipos de inoxidáveis. Finalmente entra-se
no domínio dos ferríticos fazendo-se uma apresentação das suas características mais
“apetecíveis” por parte da indústria.
Este trabalho segue então, uma jornada de dissecação do aço inoxidável ferrítico,
apresentando várias características, desde físicas, mecânicas, dando-se também uma
importância especial a aspectos que influenciam a produção e transformação do material, bem
como manutenção tentando-se aplicar comparações aos principais concorrentes á aplicação
deste material específico que são os outros tipos de aços inoxidáveis e aço carbono.

Sérgio Gonçalves | Trabalhabilidade do Aço Inoxidável Ferrítico


Abstract
Under Specialization II academic unit, this technical report was done in order to study the
ferritic stainless steel with respect to its workability, in other words that may be defined as the
ability to analyze this material, be prepared and applied to a function.
Following this, in this work was first approached the stainless steel material as a whole, doing a
general approach on the transverse properties of this type of steel, moving then to a
convergence to the ferritic stainless steel (which is the study material) that is primarily a form
of distinction or classification of stainless steel. This chapter analyzes the properties and
characteristics of other types of steel. Finally it enters the field of ferritic making a
presentation of its most "desirable" properties by the industry.
This paper follows then, a journey of dissection of ferritic stainless steel, with various
characteristics, from physical, mechanical, giving also a special importance to aspects that
influence the production and processing equipment, as well as maintenance. This work also
tries to make comparisons with the main competitors of this specific material. These are other
types of stainless steel and carbon steel.

ii

Sérgio Gonçalves | Trabalhabilidade do Aço Inoxidável Ferrítico


Índice
Resumo .....................................................................................................................................i

Abstract .................................................................................................................................... ii

Lista de abreviaturas e simbologia ............................................................................................1

Introdução aos aços inoxidáveis ................................................................................................2

Classificação..........................................................................................................................2

Porque os ferríticos? .............................................................................................................4

Microestrutura dos ferríticos ....................................................................................................6

Constituição química dos aços inoxidáveis ferríticos .................................................................7

Propriedades físicas ................................................................................................................10

Propriedades Mecânicas .........................................................................................................10

Formabilidade.........................................................................................................................11

Maquinabilidade .....................................................................................................................15

Efeitos dos elementos de liga na maquinabilidade aços inox ...............................................16

Resistência à corrosão ............................................................................................................17

Qualidade superficial ..............................................................................................................21

Selecção de Materiais .............................................................................................................22

Fabricação ..............................................................................................................................23

Aplicações...............................................................................................................................24

Conclusão ...............................................................................................................................27

Bibliografia e Web grafia .........................................................................................................28

Anexo I .....................................................................................................................................a

Anexo II ....................................................................................................................................b

iii

Sérgio Gonçalves | Trabalhabilidade do Aço Inoxidável Ferrítico


Índice de figuras
Figura 1 – Estrutura granular do aço inoxidável ferrítico 6
Figura 2 – Classificação segundo os elementos de liga 7
Figura 3 – Comparação de resistência à corrosão marítima 20
industrial
Figura 4 – Fluxograma de Produção do aço inoxidável 24
Figura 5 – Colector de escape 25
Figura 6 – Filtro de partículas diesel 25
Figura 7 – Queimador 25
Figura 8 – Caldeira 25
Figura 9 – Corrimão 25
Figura 10 – Poste de iluminação 25
Figura 11 – Telhado 26
Figura 12 – Placas de absorção de ruído em viaduto 26
Figura 13 – Forno micro-ondas 26
Figura 14 – Batedeira 26

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Sérgio Gonçalves | Trabalhabilidade do Aço Inoxidável Ferrítico


Índice de tabelas
Tabela 1 – Constituição química dos aços do 8
grupo 1
Tabela 2 – Constituição química dos aços do 8
grupo 2
Tabela 3 – Constituição química dos aços do 8
grupo 3
Tabela 4 – Constituição química dos aços do 9
grupo 4
Tabela 5 – Constituição química dos aços do 9
grupo 5
Tabela 6 – Formabilidade dos vários tipos de 14
aços inoxidáveis
Tabela 7 – Ranking de maquinabilidade do 15
aço inoxidável ferrítico
Tabela 8 – Rugosidades esperadas para a 22
maquinagem em aços inox

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Índice de gráficos
Gráfico 1 – Diagrama de relação composição-microestrutura 3
Gráfico 2 – Custo histórico do Ni para 6 meses 5
Gráfico 3 - Custo histórico do Cr para 6 meses 5
Gráfico 4 – Gráfico tensão-deformação 11
Gráfico 5 – Comparação de tensões específicas 12
Gráfico 6 – Linhas de deformação máxima para vários aços 13
inoxidáveis
Gráfico 7 - Comparação ao encruamento para aços carbono 13
e inox
Gráfico 8 – Comparação da maquinabilidade entre vários 16
materiais
Gráfico 9 – Comparação do efeito do selénio e enxofre na furação 17
Gráfico 10 - Efeito do teor crescente de Cr na resistência à 18
corrosão de ligas Fe-Cr
Gráfico 11 – Resistência à corrosão localizada dos 19
inoxidáveis ferríticos e austeníticos
Gráfico 12 – Comparação entre PRE dos ferríticos e 20
austeníticos
Gráfico 13 – Selecção de ligas de ferríticas para a resistência 21
à corrosão atmosférica

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Lista de abreviaturas e simbologia
AISI American Iron and Steel Institute Organismo internacional, para a
promoção do aço.
AOD Argon Oxigen Decarburization Descarborizador Argon Oxigénio

ASTM American Society for Testing and Materials Sociedade americana para o
ensaio de materiais
BHN Brinell Hardness Number Número de dureza brinell

EI Deformation Deformação específica

En European Norm Norma Europeia

JIS Japanese Industrial Standards Norma Japonesa

MR Machinability Rating Classificação de maquinabilidade

PRE Pitting Resistence Equivalent Factor de resistência à corrosão


tipo pite
Ra Arithmetic average Rugosidade media aritmética

UNS Unified Numbering System Sistema de numeração unificada

UTS Ultimate Tensile Strenght Resistência máxima à tracção

YS Yield Strengh Limite de elasticidade

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Introdução aos aços inoxidáveis
Desenvolvidos no início do século XX na Alemanha e Inglaterra, o aço inoxidável ganhou
importância sob o desígnio de ter elevada resistência à corrosão ao contrário da maioria dos
metais utilizados em engenharia até então.
As ligas de aço inoxidável são baseadas em ferro (Fe) contendo um mínimo de cromo (Cr), de
aproximadamente 10,5%. Este é o elemento mais importante encontrado nestas materiais,
sendo o responsável pela designação de “inoxidável”, na medida que, para o mínimo teor de
10,5% ajuda a elevar a resistência à corrosão. Como o Cr é um elemento que reage com
bastante facilidade, para quantidades percentuais acima do mencionado, este elemento
conjuga-se com o oxigénio e humidade do ambiente formando uma película de óxido
protector aderente que envolve toda a superfície do material com cerca de 2 a 3 µm. Esta
camada de óxido tem um comportamento diferenciador, de auto regeneração, quando
danificado. Aumentando-se o teor de Cr para além dos 10,5% confere ainda uma maior
resistência à corrosão.

Classificação

De forma a clarificar e ordenar a vasta gama de ligas de aço inoxidável disponíveis no


mercado, foi considerada uma divisão em essencialmente 4 famílias baseadas nas suas
características micro estruturais:
 Ferríticos
 Austeníticos
 Martensíticos
 Duplex
Assim de forma a diferenciar as diferentes famílias dos aços inoxidáveis, o Gráfico 1 surge
como um guia, de forma a facilitar a selecção. Neste gráfico aparecem segundo os eixos dos
XX’s e YY’s diferentes teores de Cr e Níquel respectivamente, onde se pode seleccionar a
família de aço inoxidável.

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Gráfico 1 – Diagrama de relação composição-microestrutura

Através deste gráfico é possível também relacionar a composição e microestrutura.


Os aços inoxidáveis ferríticos apresentam uma estrutura cristalográfica CCC (cúbica de corpo
centrado), sendo constituídos à base de Fe com teores de Cr entre os 10,5 a 30%, sendo que
tipicamente são constituídos por 12,5 ou 17%. Este limite do teor de Cr é um indicador
utilizado para tabelar todas as ligas comercialmente produzidas. Para além do Cr, outros
elementos de liga são adicionados, alterando a microestrutura e/ou propriedades.
Embora conhecidos acerca de 90 anos, este grupo de aços não é tão comummente
seleccionado, susceptibilidade para fragilização a temperaturas muito elevadas, sensibilidade
ao entalhe e baixa soldabilidade quando comparado com os austeníticos e martensíticos. Esta
diferenciação prende-se com certas propriedades do material que mais adiante vão ser
exploradas em pormenor.

Os aços austeníticos pertencentes à serie 300, consistem em Cr de 16 a 28%, níquel de 2 a 34%


e Fe, dispondo de uma estrutura cristalográfica CFC (cúbica de faces centradas). Outros
elementos de liga como molibdénio podem também aparecer de acordo com as propriedades
específicas do material. Assim este elemento de liga, ou outros elementos como o C, podem
ser ajustados segundo a performance de resistência à corrosão apresentando este tipo de aço
inoxidável uma resistência à oxidação superior à de qualquer outra categoria de aço inox. Este
material não apresenta características magnéticas quando submetido a um tratamento
térmico de recozimento, podendo ser endurecido apenas pela conformação a frio. 3

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Os aços inoxidáveis Martensíticos consistem essencialmente em C com teores de 0,1 a 0,5% ou
mesmo 1% em certos casos, Cr de 10,5 a 17% e Fe tendo uma estrutura TCC (tetragonal de
corpo centrado) em estado endurecido. Este material é ferro magnético podendo ser tratado
termicamente da maneira convencional como os aços carbono normais, de forma a
providenciar uma gama de propriedades mecânicas parecidas, mas as durezas e temperaturas
de processos terão de ser distintas. Quanto à resistência à corrosão, esta pode ser descrita
como moderada.
Outra propriedade como a expansão térmica é similar à dos aços convencionais. Esta é uma
família de ligas que podem ser soldadas embora com cuidado.

Os aços inoxidáveis Duplex são ligas constituídos por uma estrutura dupla CCC (cúbica de
corpo centrado) ferrítica e CFC (cúbica de faces centradas) austenítica, sendo a quantidade de
cada fase em função da composição e do tratamento térmico.
Para esta família os elementos de liga principais são o Cr e Ni com teores da ordem dos 22 a
27,5% e 3,7 a 7% respectivamente.
Como estes aços têm uma microestrutura que consiste em austenite e ferrite, este
“mix”permite uma resistência à corrosão própria dos aços inoxidáveis austeníticos com uma
resistência a tensões própria dos ferríticos Esta família de aços inoxidáveis permitem a
soldadura, embora necessite de ser realizada com cuidado para que se mantenha o correcto
balanço entre a austenite e ferrite.
Quanto à sua expansão térmica, esta situa-se entre valores registados para ligas austeníticas e
ferríticas, enquanto outras propriedades térmicas são similares ao aço carbono. Quanto à sua
resposta à formabilidade, este material responde de forma razoável.

Porque os ferríticos?
Nos últimos aos, tem-se verificado uma instabilidade do custo de várias matérias-primas
associadas aos aços inoxidáveis como é caso do cobre, zinco e principalmente o Ni. Esta
variação diária presente no mercado tem afectado os fabricantes e utilizadores do aço
inoxidável. No
Gráfico 2 seguinte pode-se visualizar o preço do Ni, nos últimos 6 meses.

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Gráfico 2 – Custo histórico do Ni para 6 meses

Este é um elemento de liga comummente usado nos aços inoxidáveis austeníticos da série 300.
No gráfico observa-se um aumento gradual do valor da matéria-prima durante os últimos 6
meses, sendo que a variação diária e falta de controlo sobre este fenómeno, também afecta os
produtores, levando a um inevitável aumento e destabilização do custo dos seus aços.
Perante esta situação tem-se verificado que alguns utilizadores têm procurado soluções que
estejam mais em conta, e que não estejam tão dependentes do Ni, como acontece nos
austeníticos (que contêm muito Ni na sua constituição), substituindo estes por materiais que
tenham características similares para os seus produtos ou aplicações.
Os aços inoxidáveis ferríticos são materiais com um preço baixo, que responde bem às
necessidades dos projectos de características de alta qualidade, sendo assim uma excelente
alternativa a aplicações supostamente de exclusividade austenítica. Estes são, materiais mais
baratos quando comparados aos austeníticos, devido essencialmente ao custo mais baixo por
parte do Cr quando comparado com o Ni como se pode visualizar o Gráfico 3.

Gráfico 3 - Custo histórico do Cr para 6 meses

Desta comparação entre custos expostos nestes dois últimos gráficos, observando-se um valor 5
muito superior para o metal Ni relativamente ao Cr, que é utilizado em elevadas percentagens
no inoxidável ferrítico em vez do Ni empregue no inoxidável austenítico.

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Relativamente à constituição química dos inoxidáveis ferríticos, são poucas as séries que
contêm Ni na sua composição, em vez desse, a sua base é de Fe e Cr como já anteriormente
referenciado. Quanto ao Cr, este elemento de liga é essencial às características dos ferríticos,
sendo responsável pela resistência à corrosão. Outras ligas dos ferríticos contêm ainda
elementos de liga adicionais, como o molibdénio de forma a incrementar certas propriedades
específicas.
O aço inoxidável ferrítico apresenta ao nível das suas propriedades mecânicas e de resistência
à corrosão uma resposta positiva comparativamente às outras famílias de aços, ultrapassando
mesmo estas em algumas características como mais adiante se poderá constatar.

Microestrutura dos ferríticos


O aço inoxidável ferrítico é essencialmente uma liga de Ferro-cromo (Fe-Cr), contendo as
quantidades de Cr e elementos de liga suficientes para estabilizar a ferrite segundo uma
configuração cúbica de corpo centrado (CCC). No entanto outros elementos como o carbono e
nitrogénio devem ser minimizados. Como a microestrutura destas ligas consiste em ferrite
conjugada com pequenas quantidades de carbonetos de cromo M23C6, podem-se formar
outras fases quando se dá uma exposição a temperaturas muito elevadas. Assim estas ligas são
utilizadas basicamente nas condições de recozimento, não podendo ser endurecidas
termicamente, devido a problemas de fragilização, que também podem resultar de aplicações
que requerem muito elevadas temperaturas de serviço. Na Figura 1 seguinte pode-se visualizar
a estrutura granular típica para os aços inoxidáveis ferríticos.

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Figura 1 – Estrutura granular do aço inoxidável ferrítico

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Após um arrefecimento rápido, a partir de temperaturas elevadas do recozido, a estrutura
resultante para este tipo de aços inox, adquire características que aumentam a tenacidade
mostrando-se também macia e altamente homogénea, sendo este material conhecido como
ferrítico devido a estas propriedades

Constituição química dos aços inoxidáveis ferríticos


Na elaboração deste relatório foram já enumerados alguns elementos de liga que são
utilizados na composição do inoxidável ferrítico. De forma a aprofundar este assunto, neste
capítulo será abordada a composição química dos vários aços ferríticos, e o efeito dos
elementos de liga no material. Antes disso, e de forma a simplificar a análise das tabelas
químicas é normal dividir a família dos aços inoxidáveis ferríticos em 5 grupos como
visualizável na Figura 2. Esta classificação baseia-se na quantidade de Cr e Mo presentes nas
ligas de aço.

Figura 2 – Classificação segundo os elementos de liga


Assim de seguida são introduzidas as 5 tabelas, desde a Tabela 1 à Tabela 5 correspondentes
aos 5 grupos do aço inoxidável ferrítico.

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Tabela 1 – Constituição química dos aços do grupo 1

Tabela 2 – Constituição química dos aços do grupo 2

Tabela 3 – Constituição química dos aços do grupo 3

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Tabela 4 – Constituição química dos aços do grupo 4

Tabela 5 – Constituição química dos aços do grupo 5

De forma a perceber melhor as características dos vários grupos acima referenciados e várias
ligas, de seguida serão abordados alguns elementos constituintes de forma a perceber de que
forma influenciam o material final.
Carbono (C) - Este elementos providencia um aumento da resistência, podendo no entanto ter
um efeito adverso no que à resistência à corrosão diz respeito pela formação de carbonetos de
Cr. O carbono também é um estabilizador da austenite.
Cromo (Cr) – Considerado o elemento mais importante na produção das ligas de aço inox. Este
elemento tem como função a formação de um filme de superfície passivo, de forma a proteger
o aço da oxidação, descamação, desgaste e à tracção. Para que o óxido de protecção se forma
de forma confiável, é requerido um mínimo de 10,5% deste elemento químico.
Titânio (Ti) – Utilizado como um elemento estabilizador, este elemento é importante de forma
a controlar, ou não, conforme o desejável o nível do carbono. Outros elementos podem ser
utilizados como estabilizadores, sendo exemplo o nióbio (Nb) e o zircónio (Zr). Como estes
9
elementos têm maior afinidade ao carbono do que o Cr, formam-se carbonetos de carbono em
vez de carbonetos de Cr prevenindo o empobrecimento localizado do Cr.

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Molibdénio (Mo) – Este elemento é utilizado de forma a aumentar a resistência à corrosão
localizada. No entanto este elemento de liga tem outras funções, nomeadamente de
estabilizador de ferrite e de aumentar as resistências a temperaturas altas, sendo que para
esta função é utilizado principalmente em ligas de aço inoxidável martensíticas. O tungsténio
(Tg) também pode ser utilizado em conjunto como o molibdénio para as mesmas funções
descritas.
Níquel (Ni) – Elemento de liga utilizado de forma a aumentar a resistência à corrosão, boa
soldabilidade e levar à formação de austenite estabilizada. Este elemento é utilizado em alguns
nos aços inoxidáveis ferríticos num teor máximo de 6%, sendo que para quantidades
superiores, incrementam uma estrutura austenítica.

Propriedades físicas
No refere ao aço inoxidável ferrítico, pode-se dizer que após análise das tabelas de
propriedades físicas referenciadas no Anexo I este material tem características similares em
vários pontos comparativamente ao aço inoxidável austenítico, como a densidade que é de
cerca 8 kg/m3 e módulo de Young que é aproximadamente de 200 MPa. No entanto existem
certas propriedades chave que são também diferentes, como a capacidade de magnetizarem.
Outras propriedades dos ferríticos podem ser realçadas, comparativamente com os
austeníticos, como a condutividade térmica, de algumas séries como a 409/410, 430 e 439
entre outros que é superior quando comparados com os austeníticos. Esta característica
significa que o material tem uma difusão de calor mais eficaz, tornando este adequado para
várias aplicações onde se necessite de trocas de calor.
O coeficiente de expansão térmica dos aços inoxidáveis ferríticos é similar ao do aço carbono e
muito mais baixo que o do aço inoxidável austenítico. Consequentemente, os ferríticos
deformam-se menos quando aquecidos o que implica uma menor distorção de peças quando
soldadas comparativamente com os inoxidáveis austeníticos.

Propriedades Mecânicas
De forma a compreender o comportamento do material para uma possível selecção e
aplicação deste é primordial conhecer as suas características mecânicas, de forma a comparar
com outros materiais. Relativamente ao comportamento mecânico do aço inoxidável ferrítico,
pode-se referir que após análise das tabelas de características mecânicas referenciadas no 10

Anexo II, estes apresentam nomeadamente para ligas da série 405 e 409, tensões de limite de
elasticidade similares aos seus concorrentes austeníticos, tendo no entanto menores valores

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para a tensão máxima de resistência à tracção, ductilidade e tenacidade. Entretanto, quando
comparado com outras ligas como o alumínio, aços carbono e bronze, o inoxidável ferrítico
demonstra excelentes características. No Gráfico 4 de tensão-deformação referentes ao
inoxidável ferríticos e austeníticos da série 430,304/316 e aços carbono comuns.

Gráfico 4 – Gráfico tensão-deformação

Como já referido anteriormente, e visualizável no Gráfico 4, o inoxidável ferrítico,


nomeadamente para esta série analisada, apresenta um bom desempenho mecânico dentro
dos seus limites, sendo comparável com as propriedades dos austeníticos, ultrapassando-os
mesmo em alguns aspectos.
De forma a ser possível comparar as propriedades mecânicas de outros inoxidáveis ferríticos, é
visualizável no anexo II os valores característicos, onde aqui os materiais sofreram um
tratamento térmico prévio de recozimento para alívio de tensões.

Formabilidade
A formabilidade retrata a capacidade do material ser modificado plasticamente. Esta
propriedade intrínseca de um material varia consoante as características mecânicas, como a
tensão de limite de elasticidade, a tensão máxima à tracção e ductilidade. Através destas
características é possível definir os mínimos esforços necessários de forma a deformar
plasticamente um material.
11
Quanto ao aço inoxidável, este é conformado através de processos mecânicos semelhantes ao
aço carbono, havendo no entanto normais diferenças no que diz respeito aos parâmetros do
equipamento em causa.

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Comparativamente ao aço carbono, o inoxidável é mais deformável. Isto quer dizer, que este
material suporta deformações maiores sem ocorrer falhas nos componentes. Como se pode
visualizar pelo Gráfico 5 pelas linhas da tensão-deformação características a tesão de limite de
elasticidade do aço carbono representado, neste caso do tipo 1080, é ligeiramente superior
comparativamente com o inoxidável ferrítico (430) e outro austenítico (304). Relativamente a
este facto, compreende-se que para o aço carbono, é necessário um menor esforço para
entrar no domínio permanente ou plástico. Porém, os aços inoxidáveis têm uma tensão limite
de tracção superior, residindo aqui a diferença básica que influencia o processo de
conformação, sendo que a deformação, para os aços inoxidáveis é muito maior.

Gráfico 5 – Comparação de tensões específicas

Relativamente à comparação entre os aços inox, o austenítico apresenta uma capacidade para
a deformação antes de falha superior.
De forma a auxiliar de guia à deformação máxima antes de falha no Gráfico 6 seguinte são
definidas para repuxo e processos de estiramento, as curvas de limite de conformação para os
principais aços inoxidáveis.

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Gráfico 6 – Linhas de deformação máxima para vários aços inoxidáveis

Por estas curvas é possível definir as deformações locais, durante e depois da deformação,
longitudinal e transversal, combinando os efeitos. Sendo que para este Gráfico 6 quanto mais
elevada se encontrar a curva, maior conformabilidade apresenta o metal.
No que se refere à conformação a frio, é importante denotar o também diferente
comportamento ao encruamento. Para os aços inoxidáveis os esforços necessários são
consideravelmente maiores quando comparado ao aço carbono como realçado no Gráfico 7
seguinte.

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Gráfico 7 - Comparação ao encruamento para aços carbono e inox

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Como forma de conclusão deste capítulo, na Tabela 6 seguinte é visualizável uma comparação
entre os vários tipos de aços inoxidáveis sujeitos à formabilidade através de diferentes
processos. Como forma de classificação e comparação, é atribuída uma avaliação alfabética
onde as letras A,B,C,e D correspondem às classificações excelente, bom, razoável e geralmente
não recomendado.

Tabela 6 – Formabilidade dos vários tipos de aços inoxidáveis

Nesta Tabela 6 pode-se então realçar a maior capacidade à formabilidade do aço inoxidável
ferrítico, sendo que para as suas séries de diferentes aços, quase todos demonstram um
comportamento excelente (A) ou bom (B)

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Maquinabilidade
De forma a analisar a maquinabilidade do material em estudo, há a necessidade em primeiro
lugar de compreender o conceito de maquinabilidade. Maquinabilidade é uma propriedade
dos materiais que permite comparar a facilidade destes serem maquinados quando
comparados com um aço AISI B1112 recozido de dureza HB 160. Este material a fim de ser
testado e comparado, foi maquinado por torneamento a uma velocidade linear superficial de
180 pés/min, sensivelmente 0,91 m/s em unidades métricas. Através deste teste de
comparação, é possível criar um ranking, onde o material padrão atrás definido corresponde a
uma pontuação de 1 ou 100%. Assim, e segundo este ranking, materiais com maior propensão
a ser maquinados, têm uma classificação superior a 1 ou 100%, acontecendo o inverso para
materiais mais difíceis de maquinar. Na Tabela 7 seguinte estão expostos alguns aços
inoxidáveis ferríticos, sendo constatável que estes materiais apresentam uma maior
dificuldade para ser maquinados comparativamente ao aço AISI B1112.

Tabela 7 – Ranking de maquinabilidade do aço inoxidável ferrítico


Material Dureza HB MR
405 145 0.6
418 160 0,4
430F 147 0,65

No entanto, no que refere à classificação dos vários materiais à maquinabilidade, não existe
um consenso pleno por parte da comunidade científica, existindo vários tipos de testes
diferentes para classificação como:
 Vida útil da ferramenta de corte
 Acabamento superficial
 Força de corte
 Temperatura de corte
 Potência de consumo
 Taxa de penetração da ferramenta a pressão constante
15
 Produtibilidade (Simulação de produção)
Como a maquinabilidade depende de várias variáveis intrínsecas ao processo de maquinagem
e há vários critérios de maquinabilidade, um possível ranking da maquinabilidade deve ser

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observado com cuidado. Algumas das variáveis que poderão afectar a avaliação da
maquinabilidade são:
 Rigidez da ferramenta
 Material e geometria da ferramenta
 Tipo do fluido de corte
 Tipo de operação de maquinagem
Geralmente, quanto mais duro for o material mais difícil será o seu processo de maquinagem.
No entanto, a maquinabilidade é mais directamente influenciada pela microestrutura do
material.
Com o fim de fazer a comparação entre a maquinabilidade do aço inoxidável ferrítico com
outros materiais comummente utilizados, no Gráfico 8 é visualizável que os ferríticos têm uma
disponibilidade para a maquinagem similar aos inoxidáveis austeníticos, e menor que os
martensíticos, sendo que estes últimos são os mais fáceis de maquinar

Gráfico 8 – Comparação da maquinabilidade entre vários materiais

É importante também referir que o Gráfico 8 toma como material referência o aço inoxidável
martensítico 416, tendo este uma cotação normal de 100%.

Efeitos dos elementos de liga na maquinabilidade aços inox

Os elementos de liga mais importante no que ao aumento da maquinabilidade dos metais diz
respeito são aqueles que formam inclusões no material. Tais aditivos incluem, enxofre, selénio,
telúrio, chumbo, bismuto e certos óxidos. 16
Um dos elementos com o desígnio de aumentar a aceitação à maquinagem por parte dos aços
inoxidáveis é o enxofre. O uso deste elemento para estes fins deu-se a partir dos inícios dos

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aos 30 do século passado, e desde estão tornou-se no elemento primário a ser utilizado para
este tipo de ligas de forma a aumentar a maquinabilidade, embora este elemento diminua a
resistência à corrosão.
O selénio é o segundo elemento de liga mais adicionado neste tipo de materiais com o
objectivo de aumentar a maquinabilidade. A razão pela qual o selénio ser menos utilizado,
prende-se com a menor capacidade de potencializar as características da maquinagem, como
se pode visualizar no Gráfico 9, para uma operação de maquinagem de furação.

Gráfico 9 – Comparação do efeito do selénio e enxofre na furação

Pelo Gráfico 9 pode-se observar que para um mesmo teor de por exemplo 0.2% de selénio e
enxofre, o comportamento à maquinagem é diferente, sendo o processo de mais fácil
execução para uma liga com enxofre em vez de selénio, obtendo-se uma poupança de tempo
da ordem dos 2 segundos neste caso.

Resistência à corrosão
Todos os aços são susceptíveis de perder as suas características mecânicas face às
agressividades do meio ambiente. No entanto os aços inoxidáveis notabilizaram-se pela sua
elevada capacidade de resistência a estas agressividades, mantendo as suas propriedades
mecânicas e aspecto “saudável” por muito mais tempo. 17

Como já referido no capítulo que retrata a Constituição química dos aços inoxidáveis ferríticos
o Cr é tido como o principal agente que promove a resistência à corrosão, sendo esta

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capacidade deste elemento para aumentar a resistência sustentada pelo Gráfico 10 seguinte.
O aumento do teor de Cr resulta numa menor oxidação da superfície. Para valores de
aproximadamente entre os 10 e 12% de Cr, as ligas de Fe-Cr são resistentes à corrosão
atmosférica.

Gráfico 10 - Efeito do teor crescente de Cr na resistência à corrosão de ligas Fe-Cr

Quando este elemento é submetido ao oxigénio a partir de determinados valores gera-se um


filme de óxido de Cr sobre a superfície do aço, gerando-se assim uma superfície impermeável e
insolúvel aos meios corrosivos usuais.
No que diz respeito ao inoxidável ferrítico estes tem geralmente uma resistência à corrosão
superior quando comparado aos martensíticos, mas mais baixa quando comparado com os
austeníticos.
No entanto quando se faz um exercício de comparação entre um inoxidável austenítico que é
muito utilizado como o aço da série 304 com a família dos ferríticos, denota-se uma certa
igualdade entre alguns grupos de inoxidáveis ferríticos como é visível no Gráfico 11.

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Gráfico 11 – Resistência à corrosão localizada dos inoxidáveis ferríticos e austeníticos

No gráfico anterior, pode-se observar, que o grupo 4 dos aços inoxidáveis ferríticos com a
tonalidade de verde é o que melhor responde à série de referência 304. O grupo 4 é
constituído por séries de ligas que apresentam na sua constituição química um teor de Mo
superior. Este é o elemento de liga que diferencia este grupo relativamente aos restantes, que
nos outros grupos de inoxidáveis ferríticos ou não existe, ou quando é utilizado, é em teores
escassos. Assim, e como já referido anteriormente, conclui-se que o molibdénio é um
elemento que aumenta a resistência à corrosão essencialmente a do tipo localizada.
No Gráfico 11 faz-se ainda referência ao factor PRE (Pitting Resistence Equivalent). Através
deste factor é possível criar uma escala que visa a comparação dos vários materiais face ao
tipo de corrosão por pites. Este tipo de corrosão caracteriza-se por atacar materiais que
apresentam a formação de películas protectoras como os aços inoxidáveis. Como resultado da
corrosão geram-se pequenos pontos onde se dá o rompimento da camada passiva.
O PRE é baseado numa fórmula para ferríticos que leva em conta as quantidades de Cr e
Mo, como se demonstrado na Equação 1.

𝑃𝑅𝐸 = %𝐶𝑟 + 3.3 ∗ %𝑀𝑜 Equação 1 – Pitting Resistence Equivalent

Nesta equação pode-se verificar que o Mo é tido como sendo 3.3 vezes mais eficiente do que o
Cr no que à resistência à corrosão por pites diz respeito, embora o Cr seja visto como essencial,
de forma a promover a protecção básica.
Através do valor de PRE é então possível comparar vários materiais à resistência à corrosão
para fins de selecção, de uma forma simples sem se necessitar de fazer experiências no 19
terreno. No Gráfico 12 faz-se esta comparação do factor PRE para várias ligas ferríticas e austeníticas,
segundo diferentes ambientes de concentrações de cloreto

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Gráfico 12 – Comparação entre PRE dos ferríticos e austeníticos

É assim mais uma vez perceptível a boa resposta por parte dos inoxidáveis ferríticos face a à
resistência à corrosão para ambientes hostis como é o marítimo, podendo-se observar a
mesma resistência ou índice de PRE, por parte de várias ligas de aços inoxidáveis ferríticas
relativamente às austeníticas.
Na seguinte Figura 3 é possível observar um teste à corrosão em ambiente marítimo e
industrial que foi realizado por um período de exposição de 12 meses.

Figura 3 – Comparação de resistência à corrosão marítima industrial

Mais uma vez e de acordo com o Gráfico 12 é possível observar na Figura 3 anterior uma
resposta positiva, ou seja, um registo de corrosão por parte do aço inoxidável ferrítico da série
430 relativamente ao da série 304 austenítico muito similar.
Do Gráfico 12 pode-se ainda realçar que diferentes ligas, deverão ser escolhidas mediante o
ambiente a que estas estarão sujeitas. Assim o Gráfico 13 surge de forma a auxiliar a selecção
de uma liga de aço inoxidável ferrítica mediante a sua aplicação e grau de resistência à
corrosão atmosférica.

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Gráfico 13 – Selecção de ligas de ferríticas para a resistência à corrosão atmosférica

De notar que este último parâmetro também deverá ser levado em conta, pois para certas
aplicações poderá ser aceite uma determinada corrosão localizada, em favor de uma política
de economia de custos, derivado da selecção de uma liga mais em conta economicamente,
não perdendo o material as suas propriedades fundamentais para que foi seleccionado.

Qualidade superficial
As superfícies dos componentes têm de ser adequadas ao tipo de aplicação para que o
material foi seleccionado. Por este motivo, é importante seleccionar o tipo de qualidade para
acabamento superficial de forma corresponder à exigência pedida. No que refere à selecção da
rugosidade final, esta poderá ter que corresponder a várias considerações como:
 Aparência
 Performance
 Especificações de produto
Estas considerações enunciadas dizem respeito a determinadas especificações que são
solicitadas pela demanda levando à aplicação de processos específicos. No entanto a aplicação
pode não ter especificações rigorosas imperando destra forma o processo de produção mais
económico possível.
De forma a dar uma perspectiva da rugosidade final esperada para um determinado processo
de maquinagem em aço inoxidável ferrítico, na Tabela 8 pode-se visualizar vários processos de
produção de peças e respectivos limites de rugosidade média aritmética Ra.
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Tabela 8 – Rugosidades esperadas para a maquinagem em aços inox

Por esta tabela anterior, pode-se concluir que para valores mais estritos de Ra, são necessários
processos mais caros de maquinagem. É também interessante de visualizar, que os intervalos
de Ra possíveis de executar para diferentes processos varia, havendo tecnologias capazes de
executar uma vasta gama de qualidades superficiais.

Selecção de Materiais
A escolha do aço inox deverá ser realizadas segundo alguns factores da selecção como a
resistência à corrosão, características de fabrico, viabilidade, propriedades mecânicas a
temperaturas específicas da aplicação e custos. No entanto a resistência à corrosão e as
propriedades mecânicas são usualmente os únicos factores que são levados em conta no
momento da selecção do aço inox.
As características a ser consideradas no momento da selecção do tipo de inoxidável apropriado
para uma dada aplicação inclui: 22
 Resistência à corrosão
 Resistência à oxidação e sulfidação

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 Tensões e ductilidade de serviço
 Capacidade de fabricabilidade por uma determinada técnica
 Capacidade do material ser limpo
 Estabilidade das propriedades em serviço
 Tenacidade
 Resistência à abrasão
 Acabamentos superficiais
 Características físicas, como capacidade magnética, condutividade térmicas, etc.
 Rigidez
Ao longo deste relatório foram abordados alguns factores e características dos materiais
importantes de forma a fazer uma selecção do tipo de aço inoxidável mais conveniente.
No entanto outros factores são também importantes, devendo-se salientar os que dizem
respeito às condições de manutenção do material, de forma a prolongar a vida deste e suas
funções, que não foram abordadas neste relatório técnico.

Fabricação
Uma das principais vantagens do aço inox, é a sua capacidade de ser fabricadas por todas as
técnicas de fabricação padrão, utilizadas para os aços carbono. Os aços ferríticos comuns
podem ser dobrados, curvados e profundamente elaborados. Devido à resistência dos
materiais de alta e muito alta taxa de endurecimento de trabalho todas essas operações
exigem mais força do que para os aços carbono, assim é normal que se necessite de uma
máquina com capacidade de aplicar maiores esforços. Os aços inoxidáveis apresentam uma
ductilidade muito elevada, sendo susceptíveis de ser fortemente trabalhados a frio. Poucos
outros metais são capazes de alcançar este grau de deformação, sem falhas.
Para a produção de chapa de aço inoxidável é apresentado de seguida a Figura 4 com a
intenção de realçar as várias técnicas do processo de fabrico de uma chapa.

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Figura 4 – Fluxograma de Produção do aço inoxidável

1 Forno eléctrico 8 Linha de preparação das bobines


2 Conversor AOD 9 Linha de recozimento e decapagem
3 Lingotamento contínuo 10 Linha de esmerilhamento de bobinas
4 Esmerilhamento de Chapas 11 Laminador a frio Sendzimir
5 Forno de chapas 12 Laminador de encruamento
6 Laminador de desbaste 13 Linha de tesoura longitudinal
7 Laminador Steckel 14 Linha de tesoura transversal

Aplicações
Os aço inoxidáveis ferríticos sã normalmente aplicados devido a quatro factores de maior
tendência que conjugados os diferencia dos aços ao carbono, estes são a:
 Resistência à corrosão
 Resistência à oxidação
 Resistência mecânica
 Aparência
No entanto outros factores são importantes, quando se refere aos inoxidáveis ferríticos, como
a capacidade de serem magnéticos que em algumas aplicações oferecem uma série de
vantagens técnicas.
No entanto uma característica que já foi abordada e que muitas vezes não é levada a sério, é a 24
sua boa aparência. Esta é brilhante e atraente, sendo a sua manutenção no que refere a este
item de fácil limpeza e muito simples quando comparada com outros materiais. A sua

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resistência mecânica, torna este material adequado à sua utilização na construção
arquitectónica, na fabricação de móveis e objectos de uso doméstico, demonstrando
resultados a longo prazo melhores que o aço carbono.
A sua elevada formabilidade, ductilidade e condutividade térmica associada com algumas
características atrás referidas como a resistência à corrosão, tornam este material muito
funcional para algumas indústrias como a automóvel, onde aqui se aplicam para a fabricação
de sistemas de exaustão, catalisadores ou tampas de radiadores entre outros. Os aços
ferríticos para estas aplicações são laminados a frio não podendo no entanto ser endurecidos.
Nas figuras seguintes demonstram-se algumas aplicações para o aço inoxidável ferrítico,
demonstrando a sua transversalidade na indústria.

Figura 5 – Colector de escape Figura 6 – Filtro de partículas diesel


(aço inoxidável tipo 441) (aço inoxidável tipo 304 & 441)

Figura 7 – Queimador Figura 8 – Caldeira


(aço inoxidável tipo 441) (aço inoxidável tipo 444)

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Figura 9 – Corrimão Figura 10 – Poste de iluminação
(aço inoxidável tipo 430) (aço inoxidável tipo 439)

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Figura 11 – Telhado Figura 12 – Placas de absorção de ruído em viaduto
(aço inoxidável tipo SUS445J2) (aço inoxidável tipo 436)

Figura 13 – Forno micro-ondas Figura 14 – Batedeira


(aço inoxidável tipo SUS430J1) (aço inoxidável tipo 430)

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Conclusão
Realizado este relatório técnico, constatou-se que o material aço inoxidável ferrítico é provido
de uma boa trabalhabilidade quando seleccionado para aplicações que realcem as suas
propriedades. Como principais propriedades deste tipo de material, para além das normais
vantagens dos inoxidáveis pode-se realçar a sua elevada apetência para a formabilidade,
conseguindo-se geometrias complexas sem que ocorram falhas nos componentes.
Hoje em dia, uma das principais indústrias “consumidoras” deste material é a auto-motiva
sendo que este material é muito utilizado para sistemas de exaustão, onde a geometria é
muito complexa.
Relativamente ao seu custo, o aço inoxidável ferrítico é composto por um teor nulo ou residual
de níquel, tendo passado ao lado da elevada volatilidade deste elemento de liga, e se
demonstrado como um material muito interessante para a indústria do aço inox, embora este
represente somente 26% da produção nos dias de hoje. Deste dado pode-se concluir que este
tipo de inox tem ainda boa margem para expandir a sua utilização, ganhando mercados e
aplicações que até agora são áreas de outros materiais.
Relativamente a esta possível expansão do aço inoxidável ferrítico, esta está intimamente
relacionada com a sua inferior soldabilidade e propriedades mecânicas da solda
comparativamente com outros materiais. No entanto como resultado de trabalhos de
investigações recentes, este material poderá ver a sua soldabilidade aumentada, tornando-se
este material mais competitivo o que aumentará a sua procura.

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Bibliografia e Web grafia

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Anexos
Anexo I

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Anexo II

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